O documento discute:
1) Os preços do café arábica recuaram no final de janeiro, mas a média mensal ficou superior à de dezembro devido às fortes valorizações nas primeiras semanas do mês.
2) Há expectativa de redução na produção de café arábica e robusta na safra 2015/2016 devido à seca do ano passado, o que pode manter ou aumentar os preços.
3) Os preços do café robusta avançaram em janeiro impulsionados pela piora das condições climá
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CLIPPING – 23/02/2015
Acesse: www.cncafe.com.br
Café: indicador do arábica recua no mês, mas média é maior que dez/14
Cepea/Esalq USP
23/02/2015
Os preços do arábica recuaram no final de janeiro, mas a média mensal ainda ficou
superior à de dezembro, impulsionada pelas fortes valorizações nos primeiros vinte
dias do mês. Até então, a falta de chuvas e o forte calor no Brasil traziam
preocupações quanto à produção. No restante do mês, com a melhora do clima,
houve pressão sobre os valores.
O Indicador
CEPEA/ESALQ do arábica
tipo 6 bebida dura para
melhor, posto em São
Paulo, teve média de R$
465,92/saca de 60 kg em
janeiro, avanço de 2,36%
em relação ao mês
anterior. Em 30 de janeiro,
o Indicador fechou a R$
445,45/sc, queda de
1,92% no mês. Em
relação ao mercado
externo, a média de
janeiro de todos os
contratos na Bolsa de
Nova York (ICE Futures)
foi de 169,32 centavos de
dólar por libra-peso,
considerável recuo de
4,12% em relação a
dezembro de 2014. O
dólar teve média de R$
2,635 no mês, elevação
de 0,23% na comparação
com o mês anterior.
Com possível quebra de
safra em 15/16, arábica
deve seguir valorizado
A produção 2015/16 ainda
deve ter impactos da seca
que atingiu a região
Centro-Sul brasileira ao longo de quase todo ano de 2014 e início de 2015. Agentes consultados pelo
Cepea acreditam em redução na quantidade de café arábica e também no robusta do Espirito Santo.
Como consequência, os preços podem se manter nos níveis atuais ou mesmo ter novos avanços.
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A abertura de flores nas principais regiões produtoras ocorreu com atraso devido à falta de chuva,
mas boa parte dos produtores intensificou os tratos culturais, principalmente a adubação, visando a
diminuir as perdas.
Estas adubações foram prejudicadas em dezembro/14 e janeiro/15 mas voltaram a acontecer nos
últimos dias. Mesmo assim, o tamanho dos grãos e, consequentemente, a produtividade das lavouras
pode ficar abaixo do potencial em 2015/16.
Com base nesses fundamentos, o setor cafeeiro está otimista para 2015, principalmente em relação
aos preços dos grãos de melhor qualidade. Além da possível redução da oferta, há expectativa de
maior demanda por cafés mais finos.
Arábica já tem 75% da safra 2014/15 comercializada
Mesmo com o a baixa liquidez nos negócios durante a maior parte do mês, o volume comercializado
da safra 2014/15 em janeiro ficou entre 10 e 15 pontos percentuais acima do verificado no mesmo
período da temporada 2013/14, chegando em média a 75% do total, segundo dados coletados pelo
Cepea. Isso porque a quantidade produzida na safra atual é menor que a da anterior e os preços
vigentes estão melhores.
Regionalmente, no Cerrado Mineiro, principal região produtora da variedade, as negociações da
temporada 2014/15 corresponderam a aproximadamente 65% de todo o volume disponível, em média
10 p.p a mais que o mesmo período do ano passado, de acordo com levantamento do Cepea.
No Sul de Minas, importante praça para o arábica, as negociações chegam a 80%, já que os preços
altos no início de janeiro estimularam produtores a negociar. Agentes locais acreditam que, se
ocorrerem novas altas, produtores voltarão ao mercado com maiores volumes.
Cepea: clima é desfavorável e preços do robusta avançam em janeiro
Cepea/Esalq USP
23/02/2015
Nos cafezais de robusta do Espírito Santo, as condições climáticas foram favoráveis
em 2014, favorecendo a produção da variedade. Além disso, colaboradores relatam
que ainda existe robusta em estoque das temporadas anteriores, o que começou a
levantar receios de que essa maior oferta pressionasse as cotações da variedade.
Porém, em janeiro o clima piorou no Espírito Santo e as cotações do robusta no mercado brasileiro
seguiram avançando. Ainda assim, segundo colaboradores do Cepea a falta de chuvas na região
produtora tem deixado produtores retraídos, aguardando novas valorizações.
O Indicador CEPEA/ESALQ do tipo 6 peneira 13 acima teve média de R$ 283,28/saca de 60 kg em
jan, alta de 2,84% em relação ao mês anterior. No dia 30 de jan, a média foi de R$ 288,97/sc,
elevação de 6% no mês. Para o robusta tipo 7/8 bica corrida, a média mensal também teve avanço
de 2,8% e, ao longo de jan, de 6,31% – ambos a retirar no Espírito Santo.
No mercado internacional, o contrato de robusta negociado na Bolsa de Londres (Euronext Liffe) com
vencimento em março fechou a US$ 1.925/tonelada em 30 de janeiro, alta de 0,47% na comparação
com 31 de dezembro.
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Volume comercializado é alto, mas falta de chuva preocupa
Caso o clima
adverso perdure, há
expectativa de
queda de safra da
variedade. Segundo
colaboradores do
Cepea, em alguns
municípios do
Espírito Santo a
irrigação está
limitada em razão
das baixas reservas
hídricas, e as plantas
já começaram a
sentir os efeitos do
calor.
Em quase todas as
regiões produtoras o
volume de chuvas
ficou abaixo da
média histórica para
do período em
janeiro. Somente a
volta das
precipitações a partir
de fevereiro podem
garantir a granação
e o enchimento dos
grãos de café de
forma satisfatória.
Mesmo assim, o
volume
comercializado tem
sido expressivo nas
praças produtoras de
robusta (Espírito
Santo e Rondônia),
para a safra
2014/15. Em
Rondônia, o total comercializado da safra 2014/15 já é de 95%, com produtores aproveitando os
picos de preços e negociando grande parte da produção nesses períodos.
Na região capixaba, o volume comercializado chega 60%, com destaque para as exportações.
Segundo o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (CeCafé), o volume exportado na safra
2014/15 da variedade até dezembro/14 foi de 2,25 milhões de sacas de 60 kg e faturamento de US$
271 milhões, três vezes superior ao valor recebido no mesmo periodo da temporada 2013/14.
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Pesquisador do IEA aponta mudança de patamar na curva futura do café
IEA - Assessoria de Imprensa
23/02/2015
Nara Guimarães
A majoração da taxa de juros básicos da economia para o patamar de 12,25% deslocou para cima as
médias semanais dos contratos de juros futuros na BM&F-Bovespa. A expectativa dos agentes de
mercado é que ocorram outras altas na taxa ainda nesse ano, com pico nos contratos futuros para
outubro de 2014.
Tendência de baixa para os contratos deverá ocorrer somente após o início do próximo ano, afirma
Celso Vegro, pesquisador do Instituto de Economia Agrícola (IEA/Apta) da Secretaria de Agricultura e
Abastecimento do Estado de São Paulo.
“A alavancagem da taxa SELIC implica na redução do nível de atividade da economia (expectativas
atuais são de PIB nulo). A frenagem dos negócios pode significar encolhimento generalizado da
demanda de produtos e serviços. Todavia, em razão da conhecida inelasticidade do café, pode-se
desenhar cenário para a expansão de seu consumo no mercado interno”, ressalta Vegro.
Em janeiro de 2015, no mercado de contratos futuros de arábica da Bolsa de Nova York (ICE),
observaram-se dois momentos distintos. Enquanto nas duas primeiras semanas o mercado atuou em
alta para a média das cotações em aberto, nas duas últimas houve reversão com queda no valor dos
contratos.
Assim, na média da quarta semana do mês, os contratos foram negociados a US$¢177,22/lbp,
enquanto na média da primeira semana os mesmos contratos estavam cotados a US$¢185,02/lbp,
representando declínio de 4,22% no período.
A cotação do café na Bolsa de Nova York, em janeiro de 2015, para o vencimento em julho de 2015,
teve uma média de R$716,60/sc., em valores trazidos para São Paulo, descontado o deságio de
qualidade do produto brasileiro.
Considerando-se que o preço médio à vista do café em Marília (SP) em janeiro de 2015 foi de
R$460,90/SC, tem-se valor positivo de R$256,13/sc para aquele que faz o hedge do café em Nova
York e do dólar na BM&F para o vencimento em julho de 2015.
Permanecem as incertezas quanto ao tamanho da safra brasileira 2015/16, tanto nas variadas
consultorias, quanto nas entidades governamentais. A escassez de precipitações, associada às
elevadas temperaturas médias incidentes nos cinturões da Zona da Mata e Montanhas Capixabas,
poderá trazer prejuízos, similares aos observado na safra passada, em ambas as regiões na atual
temporada.
Ademais, é substancial o percentual de talhões submetidos ao manejo agronômico de podas,
estimando-se que, na Alta Mogiana de Franca, cerca de 25% das lavouras foram esqueletadas.
Para ler a íntegra e ver tabelas, acesse: http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=13597.
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O café que dá tchan ao blend
Revista Globo Rural
23/02/2015
Por Viviane Taguchi, de Carmo de Minas (MG) e Amsterdã (HOLANDA)*
Matéria originalmente publicada na edição de fevereiro de 2015 de GLOBO RURAL
O relógio batia na casa de 4 da tarde e os
termômetros nos 5 graus. Em alguns
minutos mais e graus a menos, as ruas de
Amsterdã, a capital mais inquieta da Europa,
ficaria empanturrada de gente. Turistas e
nativos começavam a lotar o centro da
cidade procurando diversão, cultura, boa
comida e, claro, um café, bebida que, faça
sol, chuva ou neve, não passa despercebida
no Velho Continente. Só que, para agradar o
gosto desse exigente freguês, a bebida
precisa ser especial, e isso não quer dizer que basta ter qualidade, característica sempre exigida por
eles. Na hora de comprar café, o consumidor quer mais e não se importa em pagar 7 euros (R$ 21)
por um espresso ou 20 euros, em torno de R$ 62, por 250 gramas de grãos que tenham sido
produzidos de forma sustentável em algum canto do mundo (Foto: Editora Globo / Marcelo Min).
Quando percebeu que o consumidor tinha essas ideias na cabeça e não estava só olhando para a
qualidade, o comerciante Tiago Gawlinski, gaúcho que emigrou para a Holanda em 1991, aproveitou
a deixa para faturar. Faz seis anos que ele abriu em Amsterdã uma cafeteria especializada em cafés
brasileiros, a Casa Brazuca. “Antes disso, era garçom e os clientes me perguntavam sobre a origem
do café e como era produzido. Queriam saber se tinha agrotóxicos”, contou Gawlinski, ao receber a
equipe de GLOBO RURAL numa de suas duas lojas. “Tem clientes que vêm de outros bairros para
comprar café que não lhes ofereça risco à saúde.”
O brasileiro diz que 90% dos frequentadores da loja têm essa preocupação. “Pedem café orgânico,
certificado, livre de agrotóxicos.” Às vezes, diz ele, a exigência do cliente é tanta que eles mudam o
jeito de consumir. “Começaram a pedir que eu vendesse grãos torrados e moídos para fazerem café
em casa.” Gawlinski tem numa das lojas uma minitorrefatora com capacidade para 2 quilos de café.
Em abril de 2014, investiu em outra empresa. “Abri uma torrefatora maior para atender à demanda.”
Com o investimento, ele passou a beneficiar 35 quilos de café por dia e já pensa em expandir o
negócio. Na Casa Brazuca, o pacote de 250 gramas mais barato sai por 6 euros (R$ 18), ou 22 euros
o quilo (R$ 66), e o mais caro (e mais vendido, em embalagens de 250 gramas) por 19,50 euros (R$
60). Um espresso custa 3,40 euros (R$ 10).
Tomar café é ritual
Enquanto o Brasil vive a febre das máquinas de café domésticas, na Europa (que já passou por essa
tendência), a tradição de fazer café em casa está em alta. Paula Koelemij, gerente de uma das
torrefatoras mais antigas da Europa, a Simon Lévelt, acredita que a mudança no hábito de consumo
está ligada à conscientização da população europeia em relação à saúde e à preservação do meio
ambiente. “Eles não querem tomar café nos escritórios e empresas (os cafés de máquina) porque são
muito fortes. No trabalho, tomam chá e deixam para tomar café em casa”, conta. “Um café com a
garantia de ter sido produzido de forma saudável.” Paula diz ainda que, apesar de serem exigentes,
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os clientes ainda não diferenciam, ao pé da letra, o que é orgânico de sustentável. “Não precisa ser
orgânico, mas deve ter sido produzido de forma sustentável.”
Segundo ela, que já elaborou enquetes entre os clientes e concluiu que, quanto maior o grau de
escolaridade, maior a exigência, a preocupação com a saúde vem em primeiro lugar na hora da
compra, mas a conscientização em relação à preservação da natureza nos países produtores cresce.
“Você vê as pessoas na loja colocando os smartphones sobre o QR Code (código que permite
rastrear a cadeia produtiva do item) para saber a história dos grãos”, afirma. “A demanda está
impulsionando o mercado de cafés sustentáveis no mundo.”
Na loja da companhia, que fica em Amstellven, nos arredores da capital, há inúmeros silos com cafés
de várias partes do mundo. O vendedor Raymond Broesen diz que os clientes vão à loja fazer o
próprio blend e também há aqueles que levam café para casa. “Eles fazem do ato de tomar café um
ritual”, diz. Segundo Broesen, os consumidores não chiam na hora de pagar 20 euros por 100 gramas
porque já contabilizam o preço da sustentabilidade no bolso. “Estão dispostos a pagar por produtos
especiais.”
A Simon Lévelt investe na compra de cafés
certificados desde os anos 2000. Hoje, 99% do
portfólio da companhia tem selos de certificações
como UTZ, RainForest ou FairTrade.
“Especialmente no Brasil, trabalhamos com
fazendas que têm iniciativas sustentáveis, pois o
café brasileiro, para qualquer blend que se faça, é o
que dá aquele ‘tchan’, o equilíbrio entre aroma e
sabor.”
A primeira empresa holandesa a investir nesse
nicho foi a Ahold Coffee Company (ACC), maior
torrefatora do país, com capacidade para 20 milhões
de quilos de café por ano. Jeroen de Jager, CEO da
companhia, afirma que hoje 100% dos negócios
fechados lá são baseados em sustentabilidade. “A transparência entre a indústria e o cliente tem de
ser cada vez maior. O consumidor final quer essa aproximação, ele exige saber o que está
comprando”, afirma.
A ACC é o braço industrial do setor cafeeiro da Ahold Company, que controla 3.074 supermercados,
o popular Albert Hejn, na Holanda. É nesta rede varejista que eles distribuem 180 diferentes produtos,
feitos a partir de 35 tipos de cafés, que vão do mais comum aos mais requintados.
“O consumidor tem opções de comprar qualquer tipo de café, e todos são certificados”, emenda
Martijn Duin, gerente de compras de grãos da ACC. “Mesmo que a maioria dos consumidores não
saibam exatamente o que significa a certificação, eles sabem que é uma garantia de ter sido
produzido com responsabilidade. A rastreabilidade prova isso.”
Para atender à demanda do freguês, Duin compra cafés com certificação do mundo todo, mas
principalmente do Brasil, que representa 35% dos cafés produzidos pela ACC. Os demais grãos vêm
do Vietnã (15%), América Central (24%), África (11%), Indonésia (9%) e Índia (4%); e 97% dos cafés
da ACC têm a certificação UTZ e 3% a FairTrade.
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Sustentabilidade tem preço
Em Amstelveen também fica a sede do Grupo Douqué, empresa familiar que compra grãos de café
verde mundo afora desde 1895 para vender à Europa. Gert-Jan Kos, especialista em compra e venda
da Douqué, diz que a cada ano aumentam os pedidos das torrefatoras europeias por grãos
certificados. “É crescente a demanda por grãos com certificação porque ela, por si só, prova ao
consumidor final que aquele grão de café é um produto saudável e que foi produzido de forma
responsável no Brasil ou em outro país”, diz ele. “O consumidor final confia nas empresas
certificadoras, que fazem um trabalho intenso na cadeia produtiva.”
Annette Douqué, sobrinha-neta do fundador da empresa, conta que, como o principal negócio é a
compra e venda de grãos arábica verde, o grupo mantém escritórios na Colômbia e no Brasil (em
Santos, no litoral paulista) para facilitar as negociações. Annette tem 24 anos, está se especializando
em marketing e reforça que os fornecedores de cafés certificados se tornam fiéis e parte essencial do
negócio. “É uma via de mão dupla que beneficia o fornecedor, que terá adicionais no preço, e para
nós, que entregaremos o grão demandado pela indústria”, diz.
Han de Groot, diretor executivo global da UTZ Certified, diz que não existe prêmio fixo, porque isso
depende de fazenda para fazenda. “A certificação foca a qualidade, gestão e rentabilidade das
culturas (a UTZ também certifica cacau e chá). Cada frente implementada tem métricas de
mensuração e avaliação. Para uma fazenda obter o selo, há protocolos com mais de 150 pontos de
controle”, diz Groot.
Os controles vão desde o manejo do solo, água, podas, fertilização e treinamento de pessoas até
diferenciação de custos por talhão. “O prêmio pago pela sustentabilidade pode variar de R$ 5 a R$ 25
por saca, mas há casos de acréscimos de R$ 100 ou mais.” Annette emenda: “É uma negociação
mais vantajosa”.
A UTZ Certified, criada em 1999 pelo guatemalco Nick Bocklandt, atua em 64 países e em torno de
120.000 hectares. De acordo com Groot, nos últimos quatro anos, 82 mil fazendas aderiram ao
programa e o mais curioso é que 81% dessas propriedades têm área menor que 2 hectares.
Eduardo Sampaio, representante da UTZ no Brasil, estima que aqui sejam produzidos cerca de 4
milhões de sacas de café com o selo, e pelo menos 1,5 milhão de sacas são exportadas para Europa,
América do Norte e Ásia – e esse número deve aumentar nos próximos anos.
Sampaio aposta no aumento do número de fazendas certificadas não só no Brasil, mas em todos os
países produtores de café, por vários motivos. “Porque é uma forma de os pequenos agricultores,
principalmente, agregarem valor ao produto, para compensar os custos de produção, pois o
ambiente, por si só, exige manejos mais adequados que protejam os cultivos e porque o mercado
comprador lá fora quer. E paga”, diz.
"Antes, era na galega"
Uma das ações da UTZ no Brasil foi firmar parceria com multinacionais para angariar mais adeptos
ao selo, sobretudo pequenos produtores de café de alta qualidade. Com a Syngenta, em 2013, criou
o programa Caminho Sustentia, que certifica coletivamente fazendas que fazem parte do Nucoffee,
programa de exportações da multinacional que existe desde 2011. Por ora, o programa só funciona
no Brasil.
Segundo Juan Gimenes, gerente de novos negócios da Syngenta Nucoffee, em 2014, 143 unidades
produtivas aderiram ao Caminho Sustentia (120 produtores e oito cooperativas), somando uma área
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próxima de 4.000 hectares e 100 mil sacas, mas a meta é chegar a 10 mil produtores certificados até
2020 e dobrar a produção de café de alta qualidade, cumprindo o The Good Growth Plan, meta da
multinacional que visa incrementar em 1,4% por ano por fazenda o volume de alimentos produzidos.
“O valor do café não está apenas na xícara, está na origem”, defende Gimenes. “Buscar mais valor
na cadeia produtiva mexe com a vida do produtor. Para melhor.”
José Wagner Ribeiro Junqueira, de 75 anos, é um
dos associados da Cooperativa Regional de
Cafeicultores do Vale do Rio Verde (Cocarive), em
Carmo de Minas (MG). Sua família produz café
nessas terras faz 201 anos e, em 2013, quando
colheu 1.500 sacas, ele aderiu ao Caminho
Sustentia. “Nessa atividade, eu já vi e já vivi tudo.
Os bons momentos e os ruins. Acho que este é
um bom momento de novo”, diz o produtor. “Juro,
estava quase desistindo.”
Junqueira teme que 2015 seja um ano difícil para
o café, devido à seca que atingiu a região no ano
passado, mas suas lavouras estão em ótimas condições agronômicas, graças à adoção das boas
práticas agrícolas, uma das regras para a UTZ. Kléber de Castro Junqueira, filho de José Wagner, diz
que a mudança no manejo e treinamento de pessoal já proporcionou a eles uma economia de 50% só
com o uso racional de defensivos químicos. “Uma das coisas que aprendemos foi administrar melhor.
Todo fazendeiro tem condições de fazer uma gestão facilitada e com isso cuidar melhor da
propriedade, ter mais lucros”, diz.
Na Fazenda Serra das Três Barras, dos Junqueira, as variedades produzidas são bourbon amarelo,
catucaí e catuaí. “Conseguimos comercializar essas variedades com valor agregado. Foi a saída para
driblarmos os altos custos de produção”, afirma. O irmão de Kléber, Ralph, presidente da Cocarive,
lembra que a adesão coletiva à UTZ está fazendo diferença no bolso dos produtores neste começo
de 2015. Em 2013, os 661 associados da cooperativa (com média de 10 hectares) produziram 230
mil sacas de variedades arábicas do grão. “Em 2014, o volume caiu para 80 mil sacas”, lamenta. No
ano passado, em Carmo de Minas, alguns produtores conseguiram comercializar sacas por até R$
1.600.
Para incentivar os associados a aderir à sustentabilidade, a Cocarive criou um concurso de
qualidade. Em 2014, Maria do Carmo Neiva Junqueira, proprietária do Café do Cedro, teve seu
produto valorizado pela primeira vez. “Levamos um tempo para nos adaptar e o início foi muito difícil.
Hoje, não vemos como trabalhar de outra forma”, diz ela, se referindo ao modelo de gestão da UTZ.
“A meta agora é certificar as quatro fazendas.” A família possui na região seis fazendas e duas são
certificadas. Em 2013, foram produzidas 1.300 sacas e muitas foram comercializadas por R$ 1.090.
Roberson Carneiro, gerente da fazenda, conta que em dois anos tudo mudou por lá. “Foi uma
revolução. A rotina do trabalho, que era tão complicada, ficou simples. Os gastos eram grandes e
agora a economia é maior, porque há controle”, conta o funcionário. Entre as melhorias listadas estão
produtividades mais altas, melhores preços, gestão facilitada e aumento na qualidade de vida dos
colaboradores. “Antes, era tudo na ‘galega’. Agora, temos direção e vontade de continuar”, afirma
Breno Neiva Junqueira, sócio do grupo. “E eu, que achava que sabia tudo sobre café...”
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Armadilha caseira para broca do café
Estado de Minas – Impresso
23/02/2015
A broca é um das principais pragas da cafeicultura. Ataca
os frutos ainda na fase de chumbinho e causa perda de
peso e qualidade dos grãos, reduzindo os ganhos do
cafeicultor.
A colheita bem feita e o controle químico são duas técnicas
que têm o objetivo de diminuir o ataque da broca. Porém,
existe uma alternativa viável para o cafeicultor e que não
prejudica o meio ambiente: a utilização de frascos-
armadilhas na lavoura (foto: arquivo CaféPoint).
Receita – As armadilhas são construídas com o aproveitamento de garrafas plásticas PET de 2 litros
transparentes. Veja como fazer:
- Faça um corte de cerca de 10 centímetros de comprimento por 5 centímetros de largura na lateral
da garrafa PET.
- Coloque preso à parte superior da garrafa um frasco de vidro de 10 mililitros, com um furo de 2
mililitros na tampa de borracha do frasco, contendo uma mistura de pó de café e álcool.
- No fundo da garrafa PET, coloque cerca de 200ml de água misturada com sabão. O objetivo é reter
as brocas que entrarem na armadilha.
- Distribua cerca de 25 garrafas por hectare, lembrando que devem ser privilegiados os talhões com
histórico do ataque da broca, segundo as práticas do manejo integrado de pragas.
Conclusão – O objetivo da armadilha não é eliminar a população da broca da lavoura, mas reduzir
sua infestação a níveis que não causem danos econômicos.
Fonte: Willem Araújo, engenheiro-agrônomo, coordenador técnico de Culturas da Emater-MG. Mais
informações podem ser obtidas no Plantão Técnico: (31) 3349-8120 ou pelo e-mail:
atende@emater.mg.gov.br.
Organização Internacional do Café - OIC divulga relatório sobre o mercado de café
Embrapa Café
23/02/2015
Flávia Bessa e Lucas Tadeu Ferreira
A OIC é o principal organismo intergovernamental a serviço do café, do qual o Brasil é membro,
congregando países exportadores e importadores para, mediante cooperação internacional, enfrentar
os desafios com que o café se depara no mundo. Seus membros representam 97% da produção de
café e mais de 80% do consumo mundial. Administra o Acordo Internacional do Café (AIC), um
importante instrumento para a cooperação de questões cafeeiras dos países envolvidos. Sua missão
é fortalecer o setor cafeeiro global e promover sua expansão sustentável num ambiente de mercado,
dando melhores condições a todos os participantes do setor.
10. Conselho Nacional do Café – CNC
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Nesse contexto, a OIC divulga, mensalmente, o Relatório sobre o Mercado de Café. Na edição de
janeiro de 2015, destaca, em relação ao nosso País, que o tempo observado no Brasil foi o principal
indutor dos preços do café, que primeiro subiram, depois caíram outra vez. A estiagem no Brasil, em
princípios de janeiro, empurrou os preços para cima. A previsão de chuvas para fins de janeiro,
porém, interrompeu essa breve recuperação. Entretanto, os níveis pluviométricos no Brasil continuam
abaixo da média, comprometendo a safra de 2015/16, segundo o Relatório.
De acordo também com a OIC, que representa os países produtores e consumidores em nível
mundial, as médias mensais do preço atingiram seus níveis mais baixos desde fevereiro de 2014
(caíram 1,6%) e um sentimento de baixa no mercado continuou a exercer pressões baixistas sobre os
preços. As exportações do ano cafeeiro de 2014/15, por sua vez, se mantiveram fortes. Uma redução
de 5,5% nas exportações dos arábicas (para 5,2 milhões de sacas) foi igualada por um aumento de
9,9% nas exportações dos robustas (para 3,6 milhões). Em 2014, as exportações bateram um
recorde, alcançando 111,7 milhões de sacas, o volume mais alto de que se tem registro. Esse
desempenho resultou principalmente dos embarques do Brasil, que aumentaram de 31,5 milhões de
sacas, em 2013, para 36,3 milhões, em 2014.
O Relatório também demonstra, entre outros dados e informações relevantes da cafeicultura mundial,
que as exportações do Vietnã aumentaram, alcançando 25 milhões de sacas, bem como as da
Colômbia, que passaram de 9,7 milhões de sacas em 2013 para 11 milhões em 2014. Em
contrapartida, as exportações da América Central, na maioria dos casos, sofreram quedas em 2014,
pois o surto de ferrugem continuou a afetar a produção, como também no Peru e no México. E, ainda,
volume e valor das exportações mundiais, total da produção nos países exportadores, estoques e
consumo mundial, entre outras análises e gráficos comparativos pertinentes.
Acesse o site do Consórcio Pesquisa Café - Observatório do Café e veja Relatório sobre o Mercado
da OIC (Jan/2015): http://www.consorciopesquisacafe.com.br/index.php/imprensa/noticias/423-dados-
mundiais.
Observatório do Café – No contexto do Agropensa da Embrapa, tem como objetivos principais
coletar, analisar e disseminar, de forma sistemática, dados estatísticos, informações sobre tendências
de produção e consumo, oportunidades e ameaças dos mercados e possíveis trajetórias do processo
de inovação, além de resultados de pesquisas realizadas pelo Consórcio Pesquisa Café e suas
implicações para a competitividade do agronegócio cafeeiro e ainda subsidiar políticas públicas e a
tomada de decisão pelos diversos protagonistas do setor.
No Observatório do Café estão disponíveis os seguintes documentos e análises: Informe Estatístico
do Café; Valor Bruto da Produção; Relatório Internacional de Tendências do Café; Rede Social do
Café; Clipping do Café do Consórcio; SAC – Consórcio Pesquisa Café; Acompanhamento da Safra
Brasileira; Relatório Final de Levantamento de Estoques Privados de Café; Balanço Semanal do
Café; Evolução do Consumo Interno; Tendências de Consumo de Café no Brasil; Relatório sobre
Mercado de Café, entre outros.