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pONTA gROSSA - PARANÁ
2009
Almir Nabozny
Joseli Maria Silva
Marcio José Ornat
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Licenciatura em
GeografiaGeografiaCARTOGRAFIA 1
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA
Núcleo de Tecnologia e Educação Aberta e a Distância - NUTEAD
Av. Gal. Carlos Cavalcanti, 4748 - CEP 84030-900 - Ponta Grossa - PR
Tel.: (42) 3220-3163
www.nutead.uepg.br
2009
Todos os direitos reservados ao Ministério da Educação
Sistema Universidade Aberta do Brasil
Ficha catalográfica elaborada pelo Setor de Processos Técnicos BICEN/UEPG.
Pró-Reitoria de Assuntos Administrativos
Ariangelo Hauer Dias - Pró-Reitor
Pró-Reitoria de Graduação
Graciete Tozetto Góes - Pró-Reitor
Divisão de Educação a Distância e de Programas Especiais
Maria Etelvina Madalozzo Ramos - Chefe
Núcleo de Tecnologia e Educação Aberta e a Distância
Leide Mara Schmidt - Coordenadora Geral
Cleide Aparecida Faria Rodrigues - Coordenadora Pedagógica
Sistema Universidade Aberta do Brasil
Hermínia Regina Bugeste Marinho - Coordenadora Geral
Cleide Aparecida Faria Rodrigues - Coordenadora Adjunta
Edu Silvestre de Albuquerque - Coordenador de Curso
Colaborador Financeiro
Luiz Antonio Martins Wosiak
Colaboradora de Planejamento
Silviane Buss Tupich
Colaboradores em EAD
Dênia Falcão de Bittencourt
Jucimara Roesler
Colaboradores de Informática
Carlos Alberto Volpi
Carmen Silvia Simão Carneiro
Adilson de Oliveira Pimenta Júnior
Juscelino Izidoro de Oliveira Júnior
Osvaldo Reis Júnior
Kin Henrique Kurek
Thiago Luiz Dimbarre
Thiago Nobuaki Sugahara
Colaboradores de Publicação
Denise Galdino de Oliveira - Revisão
Janete Aparecida Luft - Revisão
Luan Dione Rein - Diagramação
Anselmo Rodrigues de Andrade Júnior - Diagramação
Paulo Henrique de Ramos - Ilustração
Colaboradores Operacionais
Edson Luis Marchinski
Joanice Kuster de Azevedo
João Márcio Duran Inglêz
Maria Clareth Siqueira
Mariná Holzmann Ribas
CRÉDITOS
João Carlos Gomes
Reitor
Carlos Luciano Sant’ana Vargas
Vice-Reitor
N117c	 Nabozny, Almir
Cartografia I por Almir Nabozny e outros. Ponta Grossa :
Ed. UEPG, 2009.
88p. il.
Licenciatura em Geografia - Educação a Distância.
1. Cartografia - história. 2. Cartografia teórica.
3. Representação cartográfica - formas. Topografia.
I. Nabozny, Almir. II. Ornat, Marcio José. III. Silva, Joseli
Maria. V.T
CDD : 526
APRESENTAÇÃO INSTITUCIONAL
Prezado estudante
Inicialmente queremos dar-lhe as boas-vindas à nossa instituição e ao curso que
escolheu.
Agora, você é um acadêmico da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG),
uma renomada instituição de ensino superior que tem mais de cinqüenta anos de história
no Estado do Paraná, e participa de um amplo sistema de formação superior criado pelo
Ministério da Educação (MEC) em 2005, denominado Universidade Aberta do Brasil
(UAB).
O Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB) não propõe a criação de uma
nova instituição de ensino superior, mas sim, a articulação das instituições
públicas já existentes, possibilitando levar ensino superior público de qualidade
aos municípios brasileiros que não possuem cursos de formação superior ou
cujos cursos ofertados não são suficientes para atender a todos os cidadãos.
Sensível à necessidade de democratizar, com qualidade, os cursos superiores em
nosso país, a Universidade Estadual de Ponta Grossa participou do Edital de Seleção UAB
nº 01/2006-SEED/MEC/2006/2007 e foi contemplada para desenvolver seis cursos de
graduação e quatro cursos de pós-graduação na modalidade a distância.
Isso se tornou possível graças à parceria estabelecida entre o MEC, a CAPES e
as universidades brasileiras, bem como porque a UEPG, ao longo de sua trajetória, vem
acumulando uma rica tradição de ensino, pesquisa e extensão e se destacando também
na educação a distância.
A UEPG é credenciada pelo MEC, conforme Portaria nº 652, de 16 de março
de 2004, para ministrar cursos superiores (de graduação, seqüenciais, extensão e pós-
graduação lato sensu) na modalidade a distância.
Os nossos programas e cursos de EaD, apresentam elevado padrão de qualidade e
têm contribuído, efetivamente, para a democratização do saber universitário, destacando-
se o trabalho que desenvolvemos na formação inicial e continuada de professores. Este
curso não será diferente dos demais, pois a qualidade é um compromisso da Instituição
em todas as suas iniciativas.
Os cursos que ofertamos, no Sistema UAB, utilizam metodologias, materiais e
mídias próprios da educação a distância que, além de facilitarem o aprendizado, permitirão
constante interação entre alunos, tutores, professores e coordenação.
Este curso foi elaborado pensando na formação de um professor competente, no
seu saber, no seu saber fazer e no seu fazer saber. Também foram contemplados aspectos
éticos e políticos essenciais à formação dos profissionais da educação.
Esperamos que você aproveite todos os recursos que oferecemos para facilitar o
seu processo de aprendizagem e que tenha muito sucesso na trajetória que ora inicia.
Mas, lembre-se: você não está sozinho nessa jornada, pois fará parte de uma
ampla rede colaborativa e poderá interagir conosco sempre que desejar, acessando
nossa Plataforma Virtual de Aprendizagem (MOODLE) ou utilizando as demais mídias
disponíveis para nossos alunos e professores.
Nossa equipe terá o maior prazer em atendê-lo, pois a sua aprendizagem é o nosso
principal objetivo.
	
EQUIPE DA UAB/UEPG
SUMÁRIO
PALAVRAS DOS PROFESSO■■ RES 7
OBJETIVOS E ement■■ a 9
A História da Cartografia 11
seção■■ 1- GEOGRAFIA, CARTOGRAFIA E A HISTÓRIA DOS MAPAS 12
seção■■ 2- DAS ANTIGAS REPRESENTAÇÕES CARTOGRÁFICAS À CARTOGRAFIA GREGA 15
seção■■ 3- DA CARTOGRAFIA GREGA AOS MAPAS PORTULANOS 19
seção■■ 4- DO DECLÍNIO DAS CARTAS PORTULANAS À REFORMA DA CARTOGRAFIA 20
A Cartografia Teórica 27
seção■■ 1- A GÊNESE DA CARTOGRAFIA TEÓRICA 28
seção■■ 2- TEORIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO CARTOGRÁFICA  29
seção■■ 3- TEORIA DA MODELIZAÇÃO  31
seção■■ 4- TEORIA DA SEMIOLOGIA GRÁFICA  33
seção■■ 5- TEORIA DA COGNIÇÃO 36
Formas de representação cartográfica 41
seção■■ 1- CARTOGRAFIA E REPRESENTAÇÃO GRÁFICA 42
seção■■ 2- O GLOBO 43
seção■■ 3- O MAPA 44
seção■■ 4- A CARTA 45
seção■■ 5- AS REPRESENTAÇÕES POR IMAGEM 46
Formas de representação do Planeta Terra 51
seção■■ 1- FORMA DA TERRA 52
seção■■ 2- SISTEMAS DE COORDENADAS 54
seção■■ 3- PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS 57
Noções de topografia 67
seção■■ 1- DEFINIÇÕES INICIAIS 68
seção■■ 2- ALTIMETRIA E LEITURA DO TERRENO 72
SEÇAO ESPECIA■■ L 81
PALAVRAS FINAI■■ S 83
REFERÊNCIAS■■  85
NOTAS SOBRE OS AUTO■■ RES 87
PALAVRAS DOS PROFESSORES
Para a sua futura atividade como professor de geografia, a disciplina de
Cartografia tem fundamental importância, pois este conhecimento particular é
uma ferramenta de grande valor na atividade de leitura da ação humana na
superfície da Terra. O geógrafo francês Yves Lacoste (1989) trata a cartografia
como um conhecimento estratégico por excelência. Segundo esse autor,
na história da humanidade, os mapas e as informações estatísticas sempre
estiveram reservados aos pequenos grupos, relacionados ao Estado ou a grupos
de proprietários da força de trabalho.
	 Fugindo desta relação determinista, consideramos que a organização
desse material inclui esse pressuposto. É por meio dele que buscamos inserir
você, futuro(a) professor(a), nas discussões envolvendo a cartografia, não apenas
a nascida entre os séculos XVI e XVIII, mas em uma forma de conhecimento que
sempre esteve relacionada à manutenção da vida dos grupos sociais, afirmando
que, desde que o homem existe, existe o conhecimento geográfico, e algum
tipo de representação deste conhecimento, como pinturas rupestres, mapas
em placas de argila, mapas com fibras de árvores, etc. Assim, você começa sua
caminhada por um caminho que se mistura com o próprio desenvolvimento da
humanidade.
Bem-vindo ao estudo da Cartografia!
OBJETIVOS e ementa
O principal objetivo da disciplina de Cartografia I é fazer com que o
estudante reconheça a importância da cartografia para o ensino e o estudo
de Geografia. Dessa forma, apropriando-se desse material, o aluno adquire
competência para utilizar os conhecimentos técnicos e teóricos da Cartografia
nos estudos e no ensino da Ciência Geográfica.
Objetivos
Reconhecer a importância da Cartografia para o estudo e o ensino da Ciência■■
Geográfica
Apreender os conhecimentos técnicos e teóricos da Cartografia■■
Aplicar os conhecimentos técnicos e teóricos da Cartografia aos estudos e ao■■
ensino da Ciência Geográfica;
Ementa
História da Cartografia. Teoria e método da Cartografia. Principais ramos da■■
Cartografia. Fundamentos de Astronomia. Elementos de Geodésia. Sistemas de
Projeção. Planimetria e Altimetria. Noções de Topografia.
A História da
Cartografia
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Compreender a relação entre Geografia e Cartografia■■
Apreender todos os momentos do desenvolvimento da Cartografia■■
ROTEIRO DE ESTUDOS
SEÇÃO 1 - Geografia, cartografia e a história dos mapas■■
SEÇÃO 2 - Das antigas representações cartográficas à cartografia grega■■
SEÇÃO 3 - Da cartografia grega aos mapas portulanos■■
SEÇÃO 4 - Do declínio das cartas portulanas à reforma da cartografia■■
UNIDADEI
Almir Nabozny
Joseli Maria Silva
Marcio Jose Ornat
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PARA INÍCIO DE CONVERSA
Nossa motivação na construção deste material é percorrer um
caminho que demonstre a importância da cartografia para o ensino da
Ciência Geográfica. Para isso, estruturamos o conteúdo da Unidade
I de tal forma, que você, futuro(a) professor(a), apreenda o conteúdo
como nossas sugestões de trabalho. Esta caminhada se inicia desde os
primórdios da cartografia e da humanidade, passando pela Grécia, pela
Idade Média, pelo Renascimento, chegando depois desta jornada, na
atualidade da Cartografia.
seção 1
GEOGRAFIA, CARTOGRAFIA E A HISTÓRIA DOS MAPAS
A palavra cartografia tem origem na língua portuguesa. De acordo
com Silva (1999, p.69), o termo foi cunhado pelo historiador português
Visconde de Santarém, em carta de 08 de dezembro de 1839, escrita em
Paris (França) e dirigida ao historiador brasileiro Adolfo de Varnhagen.
Anterior a divulgação do termo, o vocábulo usual era “cosmografia”.
Atualmente, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, a
cartografia é compreendida “como a representação geométrica plana,
simplificada e convencional, do todo ou de parte da superfície terrestre,
apresentada através de mapas, cartas ou plantas” (IBGE, 2004, p. 12).
	 Acrescentaríamos a elaboração de croquis, cartogramas, bem
como, outros projetos empreendidos a partir da observação direta ou
indireta com auxílio de instrumentos e produtos de geotecnologias, como,
por exemplo, imagens de satélites e fotografias aéreas (veja através da
Plataforma Moodle os Link’s Imagens Cbers e Fotografias Aéreas).
	 Os elementos que devem ser fixados (com) em seus futuros alunos
é o fato de que a cartografia é um conjunto de técnicas, mas que tem um
objetivo tão antigo quando a história do homem: o de representar a vida
do homem na superfície da Terra e os elementos do planeta. Assim, este
conhecimento se coloca como uma importante ferramenta que auxilia o
professor e o aluno de geografia na prática escolar.
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O conhecimento nomeado como Geografia teve por objetivo, desde
a antigüidade, descrever e criar uma imagem do mundo. Este dever
buscou, como descrito pelo professor Paulo Cesar da Costa Gomes,
através da Revolução Científica, transformar-se em um discurso científico
verdadeiro, como uma única versão interpretativa da realidade, fato
ocorrido a partir dos séculos XVI e XVIII (GOMES, 1996). Todavia, o
caráter da utilização de informações com localização específica e a
elaboração de cartas referenciadas no cruzamento de tais informações
não foi um acontecimento específico deste período.
Como salienta Erwin Raisz (1969), a relação entre Cartografia
e Conhecimento Geográfico não surgiu com a Revolução Científica,
mas tem, provavelmente, existência anterior a 2.500 anos a.C. (Mapas
Babilônicos). Todos os povos, como afirma Cêurio de Oliveira (1988), de
uma forma ou de outra, legaram à humanidade diversos mapas. Veja as
figuras abaixo (aprofunde seus conhecimentos através da Plataforma
Moodle, no Link “Gráfico Temporal da Cartografia Antiga”).
Figura 1 a: Plano da Cidade de Catal Hyük (6.200 a.C.)¹
1
Fonte: http://www.henry-davis.com/MAPS/Ancient%20Web%20Pages/AncientL.html
(Consulta em 6 de jan. de 2009).
Seus (futuros) alunos podem ter acesso a diversas tecnologias associadas ao
conhecimento geográfico, sem sair de sua casa ou da escola. E, o que é melhor, sem
custos! Convide seus alunos para acessar, no laboratório de informática da escola,
ou em casa, o site do instituto nacional de pesquisas espaciais (INPE) (veja o site
através da plataforma moodle). As informações contidas neste site podem auxiliar
imensamente na sua prática escolar.
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Figura 1 b:
Turin Papyrus, 1.300 a.C ²
Em sua obra “Cartografia Geral”, Erwin Raisz afirma que a
confecção de mapas precede a escrita, pois os homens primitivos,
vivendo como caçadores e coletores, deveriam mover-se continuamente,
e o conhecimento de direções e distâncias era uma questão de vida ou
de morte (RAISZ, 1969). Assim, a busca pela representação gráfica das
informações pode ser visível nos mais remotos grupos culturais, como os
Astecas, Babilônios, Camônios, Chineses, Egípcios, Esquimós, Gregos,
e os nativos das Ilhas Marshall. Temos em relação a cada grupo cultural
uma forma de construção cartográfica.
Sugerimos a você, quando for trabalhar com esse momento do
material, junto aos seus alunos, saliente que esse desenvolvimento da
cartografia não é fragmentado como o texto sugere, mas contínuo. O que
buscamos fazer, foi demonstrar as distinções existentes em cada período de
desenvolvimento da cartografia. Este agrupamento está colocado em três
momentos: das demonstrações mais antigas de representação cartográfica
à produção cartográfica grega; da cartografia grega aos mapas portulanos
e do declínio das cartas portulanas à reforma da cartografia.
2
Fonte: http://www.henry-davis.com/MAPS/Ancient%20Web%20Pages/AncientL.html
(Consulta em 6 de jan. de 2009).
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seção 2
DAS ANTIGAS REPRESENTAÇÕES CARTOGRÁFICAS À
CARTOGRAFIA GREGA
Mesmo tendo pouca semelhança com os mapas ocidentais atuais,
devemos considerar a produção de representações gráficas, realizadas
por antigas culturas, como mapas. Esta afirmação parte de Ângela Katuta
(2003), defendendo a idéia de que, quando as antigas culturas buscavam
representar o lugar ou o não-lugar, facilitavam o entendimento de
processos e eventos no mundo humano, como visto nas figuras 1 acima.
As diferentes visões e narrativas de mundo produziram diferentes
representações de mundo. Estas formas de expressão são visíveis desde o
Paleolítico Superior, entre 40 e 12 mil anos a.C.. Prova dessas afirmações
são as descobertas arqueológicas, em alguns penhascos no norte da Itália,
deinúmerasfigurasrupestres,comfiguraçõestopográficas,representando
uma rica organização social camponesa (ver figura 2).
Figura 2 - Mapa Rupestre (Petroglifo) de Bedolina - (OLIVEIRA, 1988, p. 17)
•	Outras produções de muito valor foram as realizadas pelos nativos
das Ilhas Marshall, pelos esquimós, babilônios, egípcios e chineses.
•	Os nativos das Ilhas Marshall confeccionaram mapas feitos de
fibras de palma e conchas, demonstrando direções das ondas e localização
de ilhas.
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•	Os esquimós fizeram construções gráficas com considerável
fidedignidade de suas áreas de vivência.
•	Os astecas representavam em mapas, acontecimentos históricos
de seu grupo cultural.
•	Nos mapas Babilônicos as representações mais antigas
correspondem a placas de argila contendo a demonstração de duas
cadeias de montanhas e um rio (Eufrates), tendo idade aproximada de
2.500 a.C. Os babilônios, também contribuíram à cartografia, com sua
divisão da circunferência em 360°, o grau em 60’ e o minuto em 60”.
•	Para os egípcios, a cartografia foi um importante instrumento para
a arrecadação de impostos, referente à produção agrícola no vale do rio
Nilo.
•	E OS CHINESES? Eles fizeram um completo levantamento de
suas terras e águas, culminando tais levantamentos na construção de
diversos mapas. Devido a isto, antes mesmo dos ocidentais chegarem ao
oriente, a China já havia sido mapeada em detalhes, como visto por Raisz
(1969).
Os chineses contribuíram significativamente para o conhecimento
cartográfico! Suas principais contribuições foram:
•	utilização de um quadriculado retilíneo, como os paralelos e
meridianos utilizados atualmente; e
•a orientação dos mapas.
	 Os gregos também cooperaram:
O momento de maior desenvolvimento foi o da cartografia grega.
Foi tão desenvolvida que, até o século XVI, não havia sido igualada por
nenhuma outra cultura.
Admitiram a existência de um Planeta Terra esférico, possuindo
Pólos, Trópicos e Equador. Conceberam de forma aprimorada um sistema
de coordenadas geográficas, construindo as primeiras representações do
planeta, chegando até a calcular o seu tamanho.
Inicialmente, os gregos concebiam a Terra como sendo um disco,
(ver Plataforma Moodle no link “Disco”) onde ao seu redor giravam
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as águas oceânicas. Tais representações buscavam descrever as terras
conhecidas até então, uma área que se estendia desde o atual Paquistão
ao Oceano Atlântico.
A FORMA PERFEITA
No princípio do século IV a.C. introduziu-se a idéia de que o Planeta
Terra não era um disco, mas sim uma esfera. Essas afirmações não estavam
relacionadas à realização de observações da iluminação solar no planeta,
mas surgiram a partir de considerações filosóficas, pois se a Terra era obra
dos deuses, sendo estes perfeitos, o Planeta Terra deveria ser esférico, a
mais perfeita de todas as formas (RAISZ, 1969).
Todavia, a principal proposição assenta-se sobre o resultado da
medição da circunferência máxima do Planeta Terra, feita por Eratóstenes.
Segundo o conhecimento da época, havia um poço em Siena (atual
Assuan – Egito), onde as luzes do Sol chegavam ao seu fundo apenas
entre os dias de 20 a 22 de junho. Tal informação aponta que o local ficava
próximo do Trópico de Câncer.
Outro dado importante para
a realização da medição
foi a existência de registros
da distância entre Siena e
Alexandria (5.000 estádias –
aproximadamente 925 km).
Supondo que Alexandria
estava exatamente ao norte de
Siena, bastava apenas medir
o ângulo do Sol ao meio-dia
em Alexandria entre o mesmo
período (ver figura 3).
Figura 3 - Experimento de Eratóstenes.
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Eratóstenes, realizando tal tarefa, obteve a leitura do ângulo da
sombra do Sol em Alexandria com o valor de 1/50 de uma circunferência
(7° 12’). Tal raciocínio apontou que um meridiano deveria medir 50 x
esta distância, de aproximadamente 46.250 km. O erro de Eratóstenes,
com relação à medida aceita atualmente de 40.009 km, foi de 15%,
ressaltando-se que esse erro se anula quando consideramos que Siena
não está no Trópico de Câncer, mas ao norte, e Alexandria não está no
mesmo meridiano, mas a oeste.
Um século mais tarde, Possidônio (135-50 a.C) realizou a mesma
medição, porém tendo como referência outras cidades. A circunferência
máxima da Terra foi calculada em aproximadamente 29.000 km. Enquanto
para Erastóstenes, 1° na direção leste-oeste equivalia a 128 km, para
Possidônio esse mesmo intervalo era de 80 km. Esta última medida,
quase 30% menor, foi difundida por Ptolomeu (87-50 a.C.). Desta forma,
tínhamos próximo ao advento das grandes navegações e das grandes
descobertas próximas do final do século XV, um planeta menor.
O apogeu da cartografia, nesse período, está relacionado à obra
de Ptolomeu. Sua famosa obra Geografia é formada de oito volumes,
tratando desde a construção de globos à técnica de projeção de mapas.
Descreveu mais de 8.000 lugares com coordenadas geográficas. O volume
mais importante trata dos princípios da Cartografia, da Geografia, da
Matemática, das projeções e dos métodos de observação astronômica.
Decorrente da importância da obra de Ptolomeu e de sua adoção da
medida possidônica do Planeta Terra, foi essa a que prevaleceu no fazer
dos geógrafos até o século XV.
Embora a Geografia como ciência sistematizada tenha seus preceitos no século
XIX, utilizamos a palavra geógrafo em convergência com Gonçalves: “A palavra
geógrafo aparece em 1537 para designar a atividade do ‘funcionário do Rei fazer
mapa’, ou seja, aquele especialista em representar o espaço, em delimitar as
fronteiras para o Estado Territorial nascente”. (GONÇALVES, 2002. p. 228).
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seção 3
DA CARTOGRAFIA GREGA AOS MAPAS PORTULANOS
A Idade Média marcou um momento de recuo de todo o progresso
atingido até a produção grega. Mesmo os romanos sendo seguidores
do conhecimento grego, foram indiferentes à Cartografia matemática,
preocupando-se com mapas práticos para fins militares e administrativos.
Desprezaram as projeções, retornando aos mapas em forma de disco.
Dentro deste disco os geógrafos situaram toda a Terra, tendo como
centro a Península Italiana. As demais regiões foram reduzidas a porções
periféricas.
Dessa forma, sobretudo entre os anos 300 e 500 d.C. no ocidente,
quanto à concepção cartográfica, houve “uma regressão lamentável a todo
o progresso anterior, em que os gregos haviam pontificado” (OLIVEIRA,
1988, p.19). O cartógrafo medieval não se dedicou a representar o
planeta de forma matemática, mas concentrou-se em expressá-lo de forma
simbólica e artística. O mapa-múndi romano, em forma de disco, perdeu
sua exatidão geográfica, passando a fazer parte do discurso teológico da
época (ver através da Plataforma Moodle o Link Orbis Terrarum).
Vocêfuturoprofessor(a)podefazerumaanalogiaao“mapaconstruído
pelos alunos do trajeto de casa à escola”. Isso mostra que desconsideramos
intencionalmente outros elementos que não nos são importantes no ato da
construção da representação.
Enquanto o ocidente tratava os mapas como mero recurso decorativo
detextos teológicos,omundomuçulmanorecolheuedesenvolveuatradição
da antigüidade clássica. O islamismo e a necessidade de visitar Meca pelo
menos uma vez na vida, foi o motor propulsor do desenvolvimento das
habilidades cartográficas e geográficas. Calcularam o comprimento de um
grau, aproximando-se das medidas gregas, construíram esferas celestes e
estudaram as projeções. Os mapas eram utilizados no ensino de Geografia
de suas escolas, entretanto a representação da Terra continuava a ser o
disco.
No início do século XIV foi retomada a obra de Ptolomeu, orientando
à confecção das Cartas Portulanas (veja o link na Plataforma Moodle),
direcionadas aos navegadores. Tais cartas eram utilizadas para navegação
e confeccionadas com medições feitas a bússolas. As regiões representadas
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eram o Mar Mediterrâneo, o Mar Negro e o Oceano Atlântico até a Irlanda.
Suas toponímias (nome dos lugares) reduziam-se aos nomes dos portos.
Seu auge foi através do Atlas Catalão, no final do século XIV, apresentando
a Ásia Oriental, a Índia e o Oceano Índico. Os séculos XV e XVI foram
a época da decadência dos Mapas Portulanos, pois com as grandes
navegações foi necessário desenvolver um novo modelo de representação
da superfície terrestre.
seção 4
DO DECLÍNIO DAS CARTAS PORTULANAS À REFORMA DA
CARTOGRAFIA
A partir do declínio dos Mapas Portulanos, temos um reavivamento
cartográfico propiciado pela nova tradução da Geografia de Ptolomeu
para o latim em 1405, e a invenção da imprensa por Gutemberg em
1436, o que propiciou a ampliação e a disseminação de documentos
cartográficos. Porém, o principal impulso à renovação da cartografia
partiu do empreendimento da Escola de Sagres, conforme aponta Cêurio
de Oliveira (1988), pois esta escola formava, além do piloto, o cosmógrafo,
denominado de cartógrafo. Este profissional ficava responsável pela
segurança da navegação.
A cartografia, a partir de então, foi orientada para a navegação,
sendo estimulada pelo mercantilismo. Diversas escolas foram formadas,
objetivando o desenvolvimento da cartografia. Estas se relacionavam às
escolas italiana, espanhola, holandesa, francesa e inglesa.
Com as grandes navegações nasce a demanda de instituir uma
reforma da cartografia, devido à circunstância de que o mundo que era de
fato conhecido até 1492 não existia mais. Tais ações estavam ancoradas
na busca de uma cartografia mais precisa, que representasse a superfície
A toponímia refere-se à lingüística, relacionada aos nomes dos lugares. O estudo
da toponímia propicia o conhecimento da mentalidade do denominador, não apenas
como elemento isolado, mas também como projeção espacial de seu grupo social,
pois, segundo Greimas (1985), os topônimos são designações dos espaços por
meio de nomes próprios, que permitem uma ancoragem histórica que constrói um
simulacro de um referente externo, para produzir o efeito de sentido ‘realidade’.
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do Planeta Terra com a maior aproximação possível, utilizando-se, por
exemplo, do método de triangulação e da projeção de Mercator.
A reforma da cartografia iniciou-se com as determinações de
longitude efetuadas pela escola francesa de cartografia, no final do século
XVII, mediante observações simultâneas, em vários lugares do mundo,
dos satélites de Júpiter. Tal trabalho resultou em um novo mapa-múndi
em 1682. Ao lado da França, a escola inglesa produziu diversos mapas,
haja vista sua posição no comércio internacional.
Para a consolidação de cada Estado foi necessário, durante o
séc. XVIII, que fossem feitos levantamentos precisos para atender
demandas político-militares. A partir de 1750, os países empreenderam
levantamentos detalhados, na maioria das vezes, a cargo do exército. O
principal passo para tais levantamentos era, inicialmente, a determinação
da posição geográfica de um gride de pontos com coordenadas conhecidas
para, em seguida, realizar a determinação da distância de uma linha que
seria a base para a triangulação do terreno. O primeiro levantamento
feito desta forma ocorreu na França. De 1784 a 1787, os observatórios
de Londres (Inglaterra) e Paris (França) foram ligados por triangulação,
aumentando a precisão dos levantamentos tanto em um, quanto em outro
país. No início do século XX já se tinha quase toda a superfície do planeta
mapeada, porém a partir de metodologias e referenciais distintos. Uma
solução para tal problema seria homogeneizar a produção cartográfica
mundial.(RAISZ, 1969)
Desta forma, como você pode ver na figura 4 a seguir, o plano de
um mapeamento mundial foi proposto por Albrecht Penck , no Congresso
Internacional de Londres, ocorrido em 1909. Esta proposta estabeleceu
padrões para confecção de folhas na escala 1: 1.000.000. O objetivo
da padronização do CIM (Carta Internacional ao Milionésimo) foi
fornecer uma carta de uso geral, permitindo a confecção de outras séries
cartográficas.
Suas principais características são:
Cada folha cobre uma área de 4º de latitude e 6º de longitude;•	
A divisão dos fusos compreende-se de 6° em 6° a partir do anti-•	
meridiano de Greenwich, para Oeste, totalizando 60 fusos;
Por exemplo, o Brasil é coberto por 46 cartas na escala•	
1:1.000.000.
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Figura 4 - Fusos UTM / Cartas ao Milionésimo.
Você deve estar notando que desde os primórdios da cartografia, até
aproximadamente o início do Século XX, este conhecimento produzido
pela humanidade não serviu, como falado por Yves Lacoste (1988), apenas
à tarefa da realização das guerras, mas também, e por que não dizer,
acima de tudo, à organização dos territórios, não apenas relacionado às
previsões de batalhas, e ao controle de mulheres e homens que habitavam
tais territórios.
DICA PARA O(A) FUTURO(A) PROFESSOR(A):
Um elemento importante que deve ser salientado em sala de aula
é o fato de que a Geografia e a Cartografia são, desde o início, saberes
estratégicos, ligados a práticas políticas e militares. Outro fato que deve ser
enfatizado junto aos seus futuros alunos é que toda forma de conhecimento
é estratégico. Assim, a Geografia não é a vilã desta história.
No caso da geografia, em hipótese nenhuma este conhecimento
se colocou como um saber resultante da busca do saber pelo saber (um
conhecimento pseudoneutro). Desse modo a carta é uma das formas de
representaçãogeográficaporexcelência,constituindo-secomoferramenta
na concepção de táticas e estratégias.
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unidade 1
Assim, como em diversos momentos da história do homem, o século
XX foi o período de grandes transformações na relação do homem com a
superfície da Terra, estando a Geografia incumbida, desde os primórdios,
da descrição e criação de uma imagem do mundo, cabia a este ramo do
conhecimento, a partir de sua ferramenta por excelência, a cartografia,
buscar novas formas de representação, não se preocupando apenas com
a construção dos documentos cartográficos, mas também com a sua
utilização. Este coloca-se como o assunto da próxima Unidade.
Leituras complementares:
1) GIRARDI, G. Leitura de Mitos em Mapas: Um caminho para pensar as relações entre Geografia e
cartografia. In: Geografares – Revista do Dep. de Geografia da UFES. Vitória, V. 01, nº 01, Jun. 2000.
p. 41-50.
2) KATUTA, Â.; SOUZA, J. G. de. Geografia e conhecimentos cartográficos. São Paulo: Editora UNESP,
2001. 146 p.
3) RAIZ, E. Cartografia Geral. Rio de Janeiro: Científica, 1969, p. 7 – 46.
4) Consulte a instigante obra de ficção “Eram os deuses astronautas?” e observe nos anexos do texto um
rico material com antigas representações cartográficas. Por exemplo, os mapas registrados nos livros
do almirante turco Pire Reis (século XVI). Referência: DÄNIKEN, E.V. Eram os deuses astronautas? 49
ed. São Paulo: Companhia Melhoramentos, 2000.180 p. (Tenha mais informações a partir da Plataforma
Moodle, no Link “Erich von Däniken”.
Caro futuro professor (a), nossa trajetória percorreu os caminhos da História da Cartografia. Você
acompanhou que o desenvolvimento da Cartografia não foi linear, composto por avanços e retrocessos.
Porém, analisando esta história a partir de um tempo longo, grandes avanços ocorreram desde a
produção cartográfica realizada pelos Nativos da Ilhas Marshall, ao mapeamento sistemático proposto
por Albrecht Penck em 1909. Percebemos que a Cartografia sempre foi de fato uma ferramenta, que
além de ser utilizada para e pela guerra, tinha e tem por finalidade a organização dos territórios e
de suas populações. Nunca se colocou como um saber neutro, mas um conhecimento utilizado na
estruturação de táticas e estratégias.
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1) Faça uma experiência parecida com a de Erastóstenes. Instale, no prumo, uma haste de madeira no
solo com a mesma altura em dois locais diferentes, um ao norte e outro ao sul de sua casa. Registre o
tamanho da sombra (da haste) de preferência ao meio dia em um dos dois locais. No mesmo horário
peça a um colega fazer o mesmo registro no outro ponto. Você não conseguira medir a partir desta
experiência o tamanho do Planeta Terra, assim como fez Erastóstenes, mas poderá demonstrar a sua
curvatura local.
2) A partir da Plataforma Moodle, acesse o site do IBGE e busque os Manuais de Geociências.
Faça uma leitura das páginas 10 a 12 de “Noções Básicas de Cartografia”.
3) Responda em três linhas. Qual é a relação entre Cartografia e Geografia?
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A Cartografia
Teórica
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Identificar as principais correntes da Cartografia Teórica■■
ROTEIRO DE ESTUDOS
SEÇÃO 1 - A gênese da cartografia teórica■■
SEÇÃO 2 - Teoria da informação e comunicação cartográfica■■
SEÇÃO 3 - Teoria da modelização■■
SEÇÃO 4 - Teoria da semiologia gráfica■■
SEÇÃO 5 - Teoria da cognição■■
UNIDADEII
Almir Nabozny
Joseli Maria Silva
Marcio Jose Ornat
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unidade 2
PARA INÍCIO DE CONVERSA
Nestaunidadeconvidamosvocêfuturoprofessor(a)aumacaminhada
pela chamada “Cartografia Teórica”. Nesse percurso passaremos por
diferentes momentos de discussões teóricas em torno da Cartografia.
São diferentes as preocupações dos autores, entre elas a identificação
do documento cartográfico à uma mensagem, pressupondo, portanto,
uma relação informativa entre um emissor e diferentes interlocutores,
inclusive nós professores!
seção 1
A GÊNESE DA CARTOGRAFIA TEÓRICA
A cartografia buscava se afirmar como um ramo independente do
conhecimento, estabelecendo como foco, a partir de 1930, a produção e
a reflexão voltadas para a Cartografia Temática, disciplina a qual você
cursará na seqüência do curso. Como visto por Rosely e Edison Archela
(2002), a cartografia teórica começou a desenvolver-se, ainda, sob o
domínio da geografia acadêmica, datada do século XIX, orientando seus
objetivos a uma cartografia técnica. Os geógrafos, que se ocupavam
da confecção de mapas, direcionavam sua atenção para as projeções
cartográficas e as cores de mapas, as formas de representação do relevo
e a elaboração de Atlas.
Archela  Archela (2002) em suas reflexões sobre as “Correntes
da Cartografia Teórica e seus Reflexos na Pesquisa”, apontam que os
geógrafos que tinham ligação com as pesquisas regionais (lembrar-se
das disciplinas de Conhecimento Geográfico I e II), possuindo interesse
em mapas, os reconheceram como campo de estudo, tendência esta que
ocorreu na Alemanha com Penk, Koppen, e Hetter.
Nos EUA, o cartógrafo Erwin Raisz (1969) enfatizou os aspectos
científicos e artísticos dos mapas e, após o término da 2ª Guerra Mundial,
o núcleo de discussão da cartografia passa da Alemanha para os EUA
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29
unidade 2
e para a Inglaterra. Após este momento, a cartografia desenvolve-se de
forma acentuada.
As associações cartográficas de todo o mundo reúnem-se em 1959,
na Associação Cartográfica Internacional (ACI) (veja o link “International
Cartographic Association” através da Plataforma Moodle), constituindo-
se como um foro de trocas teórico-técnicas. A partir de 1966, a ACI definiu
a cartografia como sendo:
O conjunto de estudos e operações científicas,
artísticas e técnicas que intervém a partir de
resultados de observação direta ou da exploração
de uma documentação existente, tendo em vista
a elaboração e a preparação de plantas, mapas
e outras formas de expressão, assim como sua
utilização. (ARCHELA  ARCHELA, 2002, p.
162)
Toda esta movimentação constituiu a década de 70 como o marco
na discussão dos modelos de comunicação cartográfica, buscando o
estabelecimento de uma cartografia teórica. A partir disto, diversos
modeloscartográficosforamdesenvolvidoscomo,aTeoriadaComunicação
Cartográfica, a Teoria da Modelização, a Teoria da Semiologia e a Teoria
da Cognição. Esses tópicos (em itálico) serão desenvolvidos na seqüência
desta disciplina.
seção 2
TEORIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO
CARTOGRÁFICA
Quando comparamos um mapa com uma fotografia aérea ou
mesmo com uma imagem de satélite e nos questionamos sobre qual dos
documentos traria mais informações, a primeira impressão é que devido
ao fato de ser um recorte da vida cotidiana, a imagem de satélite ou a
fotografia aérea traria mais informações. Não é mesmo? Está impressão é
equivocada, e isso deve ser muito lembrado por você em sala de aula, pois
estes equívocos são muito corriqueiros. Isso se dá devido ao fato de uma
fotografia aérea ou imagem de satélite nunca trazer mais informações
que um mapa.
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30
unidade 2
O mapa é resultado de uma construção arbitrária e seletiva, podendo
as informações serem ou não salientadas. Com o mapa, também podemos
trabalhar com uma infinidade de escalas, servindo aos mais diversos
propósitos e objetivos. Independente da forma em que a informação é
adquirida, o construtor do mapa tem o objetivo de construir a distribuição
espacial dos fenômenos. Portanto, o mapa é um veículo de informação.
Perceba que as informações não estão desconectadas de sistemas
de sinais ou meios/veículos aptos a transmitir tais sinais e comunicar-
lhes. Portanto, podemos dizer que a teoria da informação inclui a teoria
da comunicação.
A teoria da informação surge na década de 40 como uma teoria
estatística e matemática, originada na área da telegrafia e telefonia,
consolidando-se como disciplina científica, com a função de apresentar
fatos numa ordenação lógica, visando a síntese e desenvolvendo uma
metodologia de valor operacional, aplicável a vários setores e às ciências
humanas (ARCHELA  ARCHELA, 2002).
A teoria da comunicação nasceu para solucionar problemas técnicos
de comunicação. E está reflexão auxiliou na criação de uma nova
abordagem na cartografia, abriu espaço para um caminho de pesquisa
em cartografia chamado de “Comunicação Cartográfica”. A mesma
teoria contribui para a proposta realizada por Kolacny, o qual definiu a
“cartografia como teoria, técnica e prática de duas áreas de interesse: a
criação e o uso dos mapas” (KOLACNY apud QUEIROZ, 2007, p. 140).
Para Kolacny é de fundamental importância que o documento
cartográfico satisfaça as necessidades do usuário em relação à necessidade
do mapa, ao interesse e à tarefa. O propósito do mapa deve estar refletido
em sua estruturação
geométrica (ortogonal e
escalonada) e simbólica.
Acompanhe na figura 5 o
processo de comunicação
cartográfica.
Figura 5 - Modelo do
Processo de Comunicação
Cartográfica - (KOLACNY
apud CASTRO, 2004)
Cartografia1
31
unidade 2
Observe que o modelo de comunicação ou processo de comunicação
proposto por Kolacny é composto por uma dinâmica de alimentação e
retroalimentação, é estruturado em duas fases: a primeira fase, (de 1 a 4)
caracteriza-se pela criação do mapa e a segunda fase (de 5 a 7) relaciona-
se ao consumo do mapa. Portanto, o processo de construção do documento
cartográfico não exclui a Realidade, formada pela percepção de mundo,
tanto do cartógrafo como do usuário da carta/mapa. Ambas compõem o
documento cartográfico.
seção 3
TEORIA DA MODELIZAÇÃO
A Teoria da Modelização foi introduzida no Brasil na década de
1970. Como visto por Rosely e Edison Archela (2002), esta introdução se
fez a partir dos trabalhos realizados no Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE), na UNESP de Rio Claro e na UFRJ. O principal
apoio do seu desenvolvimento é a informática. Esta corrente de reflexão
da cartografia tem por referência a afirmação de que o mapa é um modelo
do real, resultado de métodos científicos de investigação.
Um dos primeiros teóricos a apresentar o mapa como um modelo do
real foi Board, em seu trabalho denominado “Ciclo do Modelo Mapa”. Essa
apreensão era subsidiada na necessidade da aceitação de que os mapas
enquanto modelos, são conceituais e generalizações da realidade.
Outro autor, citado por Queiroz (2007) como construtor da Teoria da
Modelização foi Aslanikashvili. Ele concebeu a modelização cartográfica
como um método científico de investigação, e fez uso do mapa para
descrição, análise e cognição científica dos fenômenos naturais ou sociais
(QUEIROZ, 2007).
E partindo do método cientifico de investigação André Libault (1971)
propôs um roteiro com base essencialmente cartográfica, estruturado em
quatro itens:
O compilatório, o correlativo, o semântico e o normativo
Nessa estrutura, o trabalho cartográfico apresenta em um primeiro
momento a compilação, ou seja, o momento em que ocorre o levantamento
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32
unidade 2
dos dados a serem utilizados nesta representação gráfica, tanto dados
primários (que o pesquisador levanta em campo) como secundários
(informações coletadas em instituições de pesquisa, órgãos de Estado,
etc.).
Osegundomomentodotrabalhoestánonívelcorrelatório,naanálise
dos dados segundo aspectos de homogeneidade e comparabilidade,
constituindo uma ordenação espaço-temporal das informações, buscando
estruturar condições que caracterizassem um fenômeno geográfico.
Para Libault (1971) estas correlações devem ser estabelecidas entre
manifestações de um mesmo fenômeno em diversos locais de ocorrência,
segundo as variáveis características e a valoração destas atividades. O
próximo passo é estabelecer um coeficiente de correlação.
O terceiro momento é o semântico, localizando os elementos parciais
dentro de um problema global, estabelecendo uma síntese do fenômeno.
O último momento é o normativo, estruturado a partir da formulação
de um modelo resultante da seleção e correlação das variáveis estudadas,
envolvendo a tradução do resultado em um conjunto de normas
aproveitáveis.
No Brasil, Simielli (1979) aplicou a proposta da teoria da
Modelização na cidade de Jundiaí, a partir da correlação das cartas de
hipsometria, declividade, isotermas anuais, solos, geologia, formas de
processos de erosão e uso do solo. O resultado atingido por Simielli foi a
construção de uma carta de capacidade de uso da terra. Demonstrando a
partir da localização das variáveis estudadas, quais eram os tipos de uso
permitidos ou não permitidos.
Hoje o reflexo mais moderno da teoria da modelização está na
introdução e utilização do SIG, ampliando a capacidade de análise
automatizada das informações espaciais.
Os principais resultados desta orientação teórica encontram-se nos seguintes
modelos: Estado Isolado de Von Thuner; Lugares Centrais de Christaller; Localização
Industrial de Weber; Centro e Periferia de Freedman; Pólos de Crescimento de
Perroux. (ARCHELA  ARCHELA, 2002)
Cartografia1
33
unidade 2
DICA PARA O(A) FUTURO(A) PROFESSOR(A):
Acesse o ambiente “Território Livre”, através da Plataforma Moodle
e conheça o SIG KOSMO-BR, faça download, leia o tutorial em português,
etc.
seção 4
TEORIA DA SEMIOLOGIA GRÁFICA
A Semiologia Gráfica é uma das correntes da Cartografia Teórica
que se desenvolveu no Brasil a partir da década de 1980. Esta corrente
se desenvolveu em resposta às dificuldades encontradas principalmente
quanto à representação gráfica. A Semiologia Gráfica “tem suas raízes no
estruturalismo de Ferdinand de Saussure, que criou a Semiologia Geral
como ciência que estuda os signos” (QUEIROZ, 2007, p. 140). Contudo,
seu desenvolvimento teve início na década de 1960 na França, no ano
de 1954, quando Jacques Bertin cria o Laboratoire de Cartographic da
École Pratique des Hautes Études. Entre os anos de 1960 a 1967, período
de experimentação e reflexão, Bertin sistematiza suas análises, definindo
as variáveis visuais, estruturando as primeiras regras de construção da
imagem gráfica, no livro Semiologie Graphique, em 1967.
OsegundomomentodaSemiologiaGráficapodeserdelimitadoentre
os anos de 1967 a 1985, momento este de divulgação e desenvolvimento
dos tratamentos gráficos. Os quais para Bertin (1986) são o tratamento
dos dados a partir de algumas metodologias como a Matriz Ordenável, o
Fichário Imagem, a Coleção de Mapas e a Tabela Ordenada, constituindo-
secomoalternativasàestruturaçãodasconstruçõesgráficas.Internamente
O Sistema de Informação Geográfica (SIG) é um importante domínio para
investigação e intervenção espacial. Embora suas raízes sejam antigas, refere-se,
de forma simplificada, ao tratamento computacional de dados georreferenciados,
entendendo estes como as informações que contêm um componente espacial, um
atributo geométrico ou gráfico, descrevendo um local ou a distribuição espacial de
fenômenos geográficos. (Veja na Plataforma Moodle o link “ Servidor de mapas do
Núcleo Curucutu – SP”.
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34
unidade 2
a este período, Bertin reedita a obra Semiologie Graphique em 1973 e
lança La Graphique et le traitement graphique de l’information em 1977
(ARCHELA, 2001).
O período de 1967 a 1985 foi o mais produtivo, em que as pesquisas
interdisciplinares, foram divulgadas em diversos países, entre eles o Brasil.
Para Archela (2001) o desenvolvimento da Semiologia Gráfica no Brasil
aconteceu em três momentos:
1°•	 momento entre os anos de 1980 a 1985, período da introdução deste
enfoque em periódicos de circulação nacional;
2°•	 momento, de 1985 a 1989, constituído por um grande volume de
produção científica, aproximadamente 50 % das publicações;
3°•	 momento, entre 1989 a 1995, período da apresentação de um grande
número de dissertações de Mestrado baseadas na Semiologia Gráfica no
ensino da Geografia.
Os resultados totais da Semiologia Gráfica à Cartografia Brasileira foram
que dos 100% dos trabalhos, 60% relacionavam-se ao ensino, 30% discutindo a
própria Semiologia Gráfica, e os outros 10% referindo-se a outras aplicações desta
orientação.
Como linguagem cartográfica, a Semiologia Gráfica está fundamentada
na Semiótica, que tem por objeto de investigação todas as formas de linguagem,
em especial a dos signos, componentes lingüísticos, do sistema de informações
cartográficas. Desta forma a Semiologia Gráfica pode ser compreendida como um
conjunto de diretrizes que orientam a elaboração de mapas temáticos com o uso
de símbolos caracterizadores das informações. (BERTIN, 1986; ARCHELA, 1999,
2001).
A Teoria da Informação demonstra que, quando, a quantidade de informações
fornecida em uma superfície não é muito grande, a imagem da informação é
percebida num instante. Caso contrário, a visão é levada a explorar a imagem,
fixar-se em um certo número de pontos, memorizá-los e realizar a integração. Este
processo é estruturado nas três variáveis sensíveis de percepção visual: a Variação
de Sinais e duas Dimensões no Espaço Plano, ou seja, a localização do fenômeno
com suas coordenadas. Esta forma de apreensão das informações não é natural nem
espontânea, requerendo aprendizagem. Portanto, temos a linguagem gráfica como
um sistema de significado e significante.
Os Significados são as relações entre as informações a serem apresentadas, que
podem ser de diversidade, ordem e proporcionalidade, ou seja, as informações podem
Cartografia1
35
unidade 2
ser diversas, podem estar em ordem ou podem ser proporcionais. Os significantes são
as variáveis visuais que representam graficamente estas relações. Vejamos a figura
6 a seguir:
Os significantes podem ser descritos da seguinte forma:
Tamanho1.	 : Variação entre pequeno – médio – grande.
Valor2.	 : Variação de tonalidade do branco ao preto.
Granulação3.	 : Variação de repartição do preto no branco onde
deve-se manter a mesma proporção de preto e de branco.
Cor4.	 : Variação das cores do arco-íris, sem variação de
tonalidade, tendo as cores a mesma intensidade. Usar
Figura 6 - Significantes e Significados de Bertin ³
3
Elaborado por Castro, 2004.
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36
unidade 2
vermelho, verde e azul é usar a variável cor. Quando a variável
é azul-claro, azul-médio, azul-escuro, a variável é valor.
Orientação5.	 : São as variáveis de posição entre vertical, oblíqua
e horizontal.
Forma6.	 : Agrupa todas a variáveis, geométricas ou não.
Assim, você deve perceber que a cartografia é compreendida como
uma forma de linguagem visual, estruturada a partir de leis de percepção
das imagens. Dessa forma, ela deve ser muito utilizada no ensino
geográfico, comunicando informações e possibilitando a apreensão da
realidade, do resultado da relação do homem na superfície da Terra.
seção 5
TEORIA DA cognição
O mapa para a Teoria da Cognição Cartográfica é avaliado como uma
fonte variável de informação, fonte esta que depende das características
do usuário (GIRARDI, 2000). Esta teoria como método cartográfico
envolve operações mentais como a comparação, a abstração, a análise,
a generalização, a síntese e a modelização cartográfica. Sua Base é a
Psicologia, tendo a Cartografia a preocupação com o processo de leitura
do mapa, demonstrando grande influência da Semiologia Gráfica.
Evidenciando o caráter cognitivo de produtor e usuário/leitor de
mapas, orientados ao processo de comunicação cartográfica, Queiroz
(2007) aponta os principais trabalhos a serem citados, desenvolvidos
por Robinson e Petchenik (1976), Petchenik (1977; 1985), Olson (1979),
Guelke (1979), Gilmartin (1981), Lloyd (1988; 2000) e Montello (2002).
Para a autora, todos os trabalhos tinham por meta desenvolver reflexões
relacionadas aos processos cognitivos pelos quais os usuários de mapas
concebem e compreendem o espaço e suas representações. Consideram,
não apenas os elementos próprios dos mapas, mas principalmente, os
mecanismos que levam os usuários a entendê-los (QUEIROZ, 2007, p.
141).
As principais contribuições da Teoria da Cognição são a construção
de mapas mentais e a alfabetização cartográfica. Assim, o primeiro
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37
unidade 2
trabalho desenvolvido no Brasil sob esta corrente foi o desenvolvido por
Lívia de Oliveira (1978), baseado em Piaget.
Como visto por Gisele Girardi (2000), a partir dos anos 60, momento
em que a cartografia busca estabelecer-se como campo do conhecimento,
têm-sedoisencaminhamentosàdiscussãocartográfica,aproduçãotécnica
do mapa e a teoria. Nos anos 80 e 90 as várias teorias são reorganizadas
em três linhas de pesquisa atuais (ver figura 7): a linguagem cartográfica,
os sistemas de informação geográfica e a alfabetização geográfica.
Figura 7 - Caminhos da Pesquisa em Cartografia Teórica – (GIRARDI, 2000).
O desenvolvimento de toda a Cartografia Teórica aponta para
a existência de uma grande divergência pautada por oposições de
encaminhamentos. Um dos exemplos de divergência teórica pode ser
colocadoentreaSemiologiaGráficaeaTeoriadaInformação/Comunicação
Cartográfica. Para a segunda, o processo de comunicação é pautado
na relação linear Emissor – Código – Receptor. Diferentemente desta
concepção, para Bertin (1986) o processo de comunicação cartográfica é
monossêmico,poisredatoreusuáriododocumentocartográficoparticipam
do mesmo processo, colocando-se na mesma situação perceptiva,
buscando ambos descobrir a informação contida implicitamente nos
dados em relação à diversidade, à ordem e à proporcionalidade.
Outra ponderação realizada por Bertin (1986) refere-se a idéia de
que a construção dos mapas assenta-se sobre o fato de que estes não
UniversidadeAbertadoBrasil
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unidade 2
devem apenas responder à pergunta: Onde fica? Necessitam responder a
outras questões como Por quê? Quando? Por quem? Para que finalidade?
Para quem? pois as pessoas que fazem mapas não devem desconsiderar o
contexto em que a informação cartográfica é usada, pois a cartografia não
é neutra. Contudo, todas as teorias apresentam elementos comuns, como
realidade – criador de mapas – usuário de mapas – imagem da realidade,
contribuindo tal fato para o desenvolvimento da cartografia, ganhando o
mapa status efetivo de meio de transmissão de informação e ferramenta
de compreensão da realidade.
Assim, como no exercício proposto em relação à Teoria da Informação
e Comunicação Cartográfica, realize outras atividades de construção de
Representações junto aos seus futuros alunos. Isso contribui imensamente
na fixação e compreensão dos conteúdos tratados, pois é a partir desta
prática que você futuro professor(a), junto com seus alunos, torna-se
construtor do conhecimento.
A Cartografia Teórica não está desconectada do desenvolvimento da cartografia na sua
acepção mais ampla. Ela abre-se como uma nova frente de reflexão, buscando representar os mais
variados fenômenos, tanto sociais como naturais. Sua discussão não se coloca apenas na produção
dos documentos cartográficos, mas também relaciona-se a sua utilização.
Várias correntes colocam-se na posição de reflexão, vendo o mapa de diferentes e até de
formas divergentes. Assim, o mapa é visto:
Na Teoria da Informação / Comunicação Cartográfica como um veículo de informação;•	
Na Teoria da Modelização o mapa é visto como um modelo de real;•	
Na Teoria da Semiologia Gráfica o mapa é visto como um conjunto de signos;•	
Na Teoria da Cognição o mapa tido como uma fonte variável de informações, dependendo•	
das características do usuário.
Mesmo existindo divergências entre as diversas correntes, alguns elementos comuns são
preservados na reflexão, como realidade – criador de mapas – usuário de mapas – imagem da
realidade.
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unidade 2
1) Construa uma representação de alguma espacialidade de seu cotidiano (croqui). Estabeleça alguns
símbolos padrões, crie legendas. Posteriormente, apresente a representação gráfica a um colega.
Se esse conseguir ler a representação construída, o objetivo foi atingido. Caso contrário, ela deve
ser repensada. Isso pode ser de grande auxílio para você no entendimento (construção) dos signos
cartográficos, o que facilitaria sua leitura de documentos prontos. Uma vez que essa é uma linguagem-
comunicação.
2) Através da Plataforma Moodle, acesse os sites do “INPE” e “Scielo”. Faça uma busca de artigos ou
textos tendo como chave de pesquisa a expressão “cartografia”. Depois elabore um resumo, relativo ao
um artigo de sua escolha.
DICA: Uma atividade possível de realizar com seus futuros alunos é a realização de “croquis mentais”.
Dividem-se os alunos em grupos, cada qual com uma prancheta e um lápis, os mesmos deverão sair ao
pátio da escola, por exemplo, e fazerem algumas representações desse espaço escolar. Pôr legendas
nas figuras representadas sem, entretanto, escrever o que está sendo representado. Depois os grupos
deverão trocar os desenhos e escrever nas legendas dos colegas o que cada símbolo representa, de
modo que os alunos percebam que a cartografia é uma linguagem, a qual para o seu aprendizado
perpassa pelo entendimento da construção de seus signos. Tal como quem aprende as letras, para
saber ler um texto.
Leituras Complementares
1) GOMES, M. do C. A. Velhos mapas, novas leituras: revisitando a história da cartografia. In: GEOUSP
– Espaço e Tempo, São Paulo, n° 16, p. 67 – 79, 2004.
2) SEEMANN, J. Mapas, mapeamento e a cartografia da realidade. In: Geografares, Vitória, n° 4, p.
49 – 60, junho de 2003.
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unidade 2
Cartografia1
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unidade 3
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
ROTEIRO DE ESTUDOS
UNIDADEIII
Formas de
representação
cartográfica
Apropriar-se das formas de representação cartográfica.■■
SEÇÃO 1 - Cartografia e representação gráfica■■
SEÇÃO 2 - O Globo■■
SEÇÃO 3 - O Mapa■■
SEÇÃO 4 - A Carta■■
SEÇÃO 5 - As Representações Por Imagem■■
Almir Nabozny
Joseli Maria Silva
Marcio Jose Ornat
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unidade 3
PARA INÍCIO DE CONVERSA
Muitas vezes no nosso cotidiano, e até mesmo em sala de aula,
utilizamos a palavra “mapa” de forma indiscriminada para se referir a
todos os documentos cartográficos. Na unidade III discutiremos, junto com
você, futuro professor (a), as formas de representação e sua nomenclatura
específica.
As formas de representação por traço e por imagem. Os elementos
que diferenciam um do outro demonstram que, no afinco de representar
a realidade, o cartógrafo busca, a partir dos objetivos traçados, dos
resultados esperados na utilização do documento cartográfico e da
infra-estrutura à disposição na construção da representação, realizar a
construção de um documento cartográfico o mais adequado. Mas, tal
distinção, se faz também na utilização dos documentos cartográficos no
ensino geográfico.
Sendo o documento cartográfico a ferramenta por excelência
da Geografia, a sua utilização deve estar respaldada no conteúdo a
ser trabalhado na sala de aula, referente à amplitude geográfica dos
fenômenos. Assim, cada forma de representação não é excludente às
demais, podendo ser utilizada de forma simultânea, cabendo ao professor
a escolha da mais adequada representação ou do conjunto.
seção 1
CARTOGRAFIA E REPRESENTAÇÃO GRÁFICA
Em nosso dia a dia, costumeiramente chamamos um objeto onde
fazemos nossas refeições de mesa, e o objeto onde sentamos de cadeira.
Por mais que tenhamos isso como natural, isso não passa de uma
convenção produzida por determinada cultura, convenção esta que é
feita por grupos de pessoas que buscam nomear objetos. Isso também
acontece nos conhecimentos técnicos e científicos.
Em 1966 a Associação Cartográfica Internacional definiu
convencionalmente a Cartografia como sendo o conjunto das operações
Cartografia1
43
unidade 3
científicas-técnicas que intervêm na realidade, trabalhando com dados
primários ou secundários. Seu objetivo principal é a construção de
material gráfico, para representação da superfície da Terra.
Contudo, esta representação da superfície terrestre pode ser feita
de duas formas: por traço e por imagem. Nesta seção, trataremos com
você destas duas formas gerais de representação:
O Globo, o Mapa e a Planta, representações por traço;•	
O Mosaico, a Fotocarta, a Ortofotocarta, o Ortofotomapa, o•	
Fotoíndice e a Carta Imagem, representações por imagem.
seção 2
O GLOBO
O primeiro a representar o planeta Terra como um globo, segundo
Cêurio de Oliveira (1988), foi o cosmógrafo e navegador alemão Matinho
Behain, em 1491. Utilizou para sua representação gráfica o planisfério de
Henrique Martello, atualizado pela viagem portuguesa à África.
A partir desta construção, os globos terrestres passaram a ser
construídos com freqüência, não apenas globos geográficos, mas celestes.
Mercator, em 1541, construiu um globo para aplicação náutica. No
entanto, o mais conhecido fabricante de globos foi o cosmógrafo oficial
de Veneza, Vincenzo Corenalli, medindo a maioria de seus globos 1,5
m de diâmetro (veja na Plataforma Moodle o link “ Globo de Vincenzo
Corenalli”).
Podemos definir o globo como uma das melhores formas de
representação da superfície da Terra, devido à similaridade do real com
o reproduzido. Todavia, possui algumas desvantagens, relacionadas à
escala4
pequena em que é concebido. Na maioria das vezes, é produzido
sem apresentar detalhes topográficos, os quais são visíveis, por exemplo,
em representações de maior escala, como as cartas topográficas.
A utilização inadequada do globo resulta na seguinte frase: o norte
fica para cima, não é professor (?)!
4
Maiores detalhes referentes à questão da Escala Cartográfica serão abordados na disci-
plina de Cartografia II. Todavia, ao cursar essa próxima disciplina lembre-se de compa-
rar a Escala Cartográfica com a discussão de Escala Geográfica, presente na disciplina
de Conhecimento Geográfico II.
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44
unidade 3
Devemos lembrar que não existe acima ou abaixo no universo.
Da mesma forma, isso não pode ser verdade em relação ao planeta. A
melhor utilização do globo é orientando o norte desta representação em
relação ao norte geográfico da escola. Isso desconstrói um conjunto de
mal entendidos que trazemos para a escola. Essa é a melhor forma para
que você, futuro professor(a), trabalhe o globo em sala de aula.
seção 3
O MAPA
A representação denominada Mapa, segundo o Manual Técnico em
Geociências do IBGE (1999), relaciona-se a uma representação plana e em
escala pequena, representando uma área delimitada por características
físicas ou político-administrativas.
NoDicionárioCartográfico,deCêuriodeOliveira,omapaéconcebido
como “uma representação gráfica, geralmente em uma superfície plana e
em determinada escala, das características naturais e artificiais, terrestres
ou subterrâneas, ou ainda de outro planeta” (OLIVEIRA 1987, p. 322).
Para o autor, as feições geográficas são localizadas o mais próximo das
suas áreas de ocorrência, sendo fundamental a existência de uma relação
entre as informações e uma malha de coordenadas.
Segundo o tipo de usuário do mapa e o objetivo da sua construção,
podemos classificar os mapas em: Mapas Gerais, Mapas Específicos e
Mapas Temáticos.
O mapa geral é aquele que atende a uma plêiade de possibilidades
de utilização e de usuários. Um exemplo deste tipo de representação pode
ser o mapa do Território Nacional na escala 1: 5.000.000. O qual contém
além do limite político-administrativo, as principais informações sócio-
naturais.
Porém, se as informações são gerais, elas são insuficientes a
diversas atividades como, por exemplo, a medição entre duas cidades.
Essa leitura de distâncias pode ser realizada, todavia, com resultados
sempre aproximados.
Jáosmapasespecíficossãofeitosobjetivandoatenderaumaclientela
Cartografia1
45
unidade 3
específica, como por exemplo, um mapa náutico, um mapa magnético,
etc. Como notado, estas formas de representação são destinadas à
demonstração de fenômenos específicos, fixados aos assuntos e atividades
aos quais estão ligadas na atividade de sala de aula, por exemplo.
Em relação aos mapas temáticos, esta representação ocorre sobre
um fundo geográfico básico, que busca representar fenômenos os
mais variados possíveis, como fenômenos geológicos, populacionais,
econômicos, etc.
Assim, devemos utilizar em sala de aula mapas adequados aos
nossos objetivos de ensino, não como um objeto ornamental de sala de
aula.
seção 4
A CARTA
A Carta é uma representação plana, com escala média a grande, cujos limites
são constituídos por coordenadas, relacionadas a séries cartográficas. Segundo
Cêurio de Oliveira (1987), a carta busca representar os aspectos naturais e artificiais
do planeta Terra, que permitem a quantificação precisa de distâncias, direções e
localizações.
A principal distinção do mapa em relação à carta é que esta é produzida em
folhas, de forma sistemática, que obedecem a um plano nacional ou internacional.
Um exemplo típico seriam as cartas ao milionésimo, do mapeamento sistemático
internacional que produziu cartas na escala 1: 1.000.000, já tratada em tópicos
acima.
As cartas, assim como os mapas, podem ser agrupadas ou classificadas, agora
não pelo objetivo a ser alcançado, mas em relação à escala em que foi produzida.
Podemos, desta forma, agrupar as cartas em três categorias: cartas em grande,
pequena e média escala.
Uma carta em escala grande, detalhada ao extremo e com grande precisão
métrica, pode ser denominada de Carta Cadastral. É um tipo de representação
consagrada ao cadastro urbano, mas também orientada à implantação de obras de
engenharia. Oliveira (1988) aponta que se incluem entre as cartas em grande escala
as cartas com escala 1: 500, 1: 1.000, 1: 2.000 e 1: 5.000.
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unidade 3
Outro elemento que deve ser levado em consideração é o fato de que,
quando temos uma carta em escala grande, significa que o nível de detalhamento
é maior em relação a outra carta com escala menor. Onde consequentemente o
nível de detalhamento é menor. Isso deve ser muito bem trabalhado junto aos seus
futuros alunos, para que quando você for trabalhar com Escala, não se produzam
inconvenientesfuturos,notocanteaestarelaçãoentredistânciagráfica(nodocumento
cartográfico) e a real (medida encontrada em campo).
Depois desta atenção, podemos considerar as cartas em escala média os
documentos que possuem as cartas com escala de 1: 25.000, 1: 50.000, 1: 100.000
e 1: 250.000. Estas também podem ser denominadas de cartas topográficas. O
documento que tem esta denominação carrega consigo tanto informações de caráter
natural como social, permitindo determinações tanto altimétricas como planimétricas.
Da mesma forma que a variação das cartas topográficas é considerável, sua utilização
também o é.
Ascartasquepossuemescalade1:500.000oumenorespodemserdenominadas
de cartas em escala pequena ou cartas geográficas. De acordo com o Dicionário
da Associação Cartográfica Internacional, visto por Oliveira (1988), denomina-se
carta geográfica a carta elaborada em uma escala muito pequena que permite uma
apresentação geral dos dados de uma região, regiões ou continente. A representação
de localidades ou do relevo é sempre aproximada, buscando sempre dar uma noção
das diferenças de nível contidas neste recorte espacial.
seção 5
AS REPRESENTAÇÕES POR IMAGEM
Referente às formas de representação por Imagem, a relação
entre o produto e as suas características podem ser diferenciadas em
representações por Mosaico, Fotocarta, Ortofotocarta, Ortofotomapa,
Fotoíndice e a Carta Imagem.
A representação por Mosaico entende-se como um conjunto de fotos
aéreas de determinada área, montada de forma a dar a impressão de que
Sempre quando falamos que uma carta ou um mapa está em escala grande,
primeiramente temos de levar em consideração de que este grande ou pequena é
sempre em relação a outra carta com escala distinta.
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unidade 3
todo o conjunto é uma única foto. Podem ser classificadas como:
“Mosaico controlado”, quando as fotografias são montadas a•	
partir de correção, utilizando-se de coordenadas geográficas;
“Mosaico não-controlado”, quando é preparado apenas a partir•	
do ajuste das fotografias;
“Mosaico semi-controlado”, quando usa um controle de terreno•	
com fotos não corrigidas, ou fotos corrigidas, mas sem pontos de
controle.
A forma de representação por Fotocarta é um mosaico resultante de
um tratamento cartográfico planimétrico.
Já a Ortofotocarta é a transformação de uma fotografia, com
projeção central do terreno, para um documento com projeção ortogonal,
já contendo elementos de um mapa.
O Ortofotomapa é um conjunto de várias ortofocartas de uma
determinada região.
O Fotoíndice é uma montagem por sobreposição de fotografias
formando um índice cartográfico.
Por fim a Carta Imagem é uma imagem georreferenciada, contendo
as características de um mapa-carta.
Como você pode notar nessa unidade, a Cartografia, a partir de seu conjunto de operações
científicas e técnicas, intervém na realidade buscando construir uma representação da realidade. 	
Podemos escolher a forma de representação adequada, dependendo dos objetivos traçados, dos
resultados esperados na utilização do documento cartográfico e da infra-estrutura disponível. Portanto,
cada tipo de representação refere-se a propósitos específicos. Isso deve ser levado em consideração
na sua utilização em sala de aula.
Assim, a utilização de cada tipo de representação Cartográfica na atividade docente liga-se aos
objetivos esperados da utilização de cada artefato específico, referente a mensuração geográfica de
cada fenômeno. Tais formas de representação não são excludentes, podendo ser utilizadas de forma
simultânea, como por exemplo, na utilização do mapa do Brasil, com o mapa do Paraná, com uma carta
específica do local em questão, em conjunto com Cartas Imagem e Fotocartas.
O que cabe a você futuro (a) professor (a) de geografia é escolher a representação, ou o
conjunto de representações mais adequadas, maximizando o processo de ensino -aprendizagem do
conhecimento geográfico.
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1)EmrelaçãoàsformasderepresentaçãoporImagem,arelaçãoentreoprodutoeassuascaracterísticas
pode ser descrita da seguinte forma (COMPLETE A IDÉIA):
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Formas de
representação do
Planeta Terra
Apreender as formas de representação do Planeta Terra.■■
Compreender as Projeções Cartográficas.■■
SEÇÃO 1 - Forma da Terra■■
SEÇÃO 2 - Sistema de coordenadas■■
SEÇÃO 3 - Projeções cartográficas■■
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
ROTEIRO DE ESTUDOS
UNIDADEIV
Almir Nabozny
Joseli Maria Silva
Marcio Jose Ornat
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PARA INÍCIO DE CONVERSA
Nosso objetivo com a elaboração desta unidade é trazer a você uma
leitura que demonstra a busca humana que data de mais de 2.000 anos,
a procura pela melhor forma de representação da superfície do Planeta
Terra. Um caminho que passa pela necessidade de estabelecimento da
forma da Terra. Pelas projeções utilizadas na transformação de uma
superfície curva, no caso o Planeta Terra, a uma superfície plana, no caso
o documento cartográfico, envolvendo noções de Topografia, Altimetria e
Planimetria.
seção 1
FORMA DA TERRA
A forma de nosso planeta é um tema que há muito tempo vem sendo
objeto de pesquisa e reflexão, pois fazendo um apanhado na história,
desde a Grécia, este é tema de discussão. Devido ao fato de a forma da
Terra não ser estática, mas resultado dinâmico de processos internos e
externos, ela não serve como referencial sistemático para estabelecimento
de coordenadas relacionadas ao planeta Terra. No modelo real, inexistem
definições matemáticas para sua representação. Assim, devemos buscar
modelos que representem o Planeta Terra da forma mais aproximada
possível.
Considerando toda a história da Cartografia, o primeiro modelo
a representar a Terra era o disco. Mas, a partir dos experimentos de
Eratóstenes e Possidônio, o sólido adotado foi uma superfície matemática
simples, a Esfera. Mas o modelo esférico é o mais distante da realidade,
devido ao achatamento dos pólos.
Uma segunda proposta foi o Geóide. Segundo o matemático alemão
Carl Gauss (1777-1855), a forma do planeta é o Geóide, correspondendo
à superfície do nível médio dos oceanos, supostamente homogêneo. Este
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unidade 4
seria derivado da força de atração da gravidade e da força centrífuga de
rotação da Terra. Devido ao fato de os diversos materiais que compõem
o planeta não serem homogêneos, estes se comportariam de diversas
formas frente à força gravitacional. As águas oceânicas buscariam um
equilíbrio, procurando ajustar-se a estas forças de gravidade e rotação.
Contudo, este modelo se mostrou muito complexo, nascendo à busca
de um modelo mais simples para a representação da Terra. Buscando
resolver o problema, lança-se mão de uma figura, a Elipse, que girando
sobre seu eixo produziria um sólido, um Elipsóide de Revolução (ver
figura 8 ).
Figura 8 - Elipsóide
Desta forma, o elipsóide é a superfície de referência utilizada nos
cálculos que fornecem subsídios para a elaboração de representações
cartográficas. O modelo Elipsoidal é o mais usual de todos os modelos.
No Brasil, é utilizado o Elipsóide de Referência Internacional – 1967
(SAD-69). O qual apresenta a vantagem de ser uma figura conhecida da
matemática, cujos elementos são perfeitamente dedutíveis.
Cada país adotou um elipsóide de referência para trabalhos
geodésicos e topográficos, aproximando-se do geóide da região
considerada. As características do Elipsóide (tamanho, características),
e sua posição relativa ao Geóide, definem um SISTEMA GEODÉSICO
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(Datum Geodésico).
Como podemos
ver na figura 9,
três superfícies
devem ser levadas
em consideração
na construção de
representações da
superfície da Terra: o
Elipsóide, o Geóide
e a Superfície
Topográfica.
No Brasil adota-se o SAD – 69 (Sistema Geodésico Sul Americano),
com suas características:
Elipsóide de referência – UGGI 67 (União Geodésica e Geofísica•	
Internacional (Semi-eixo maior 6.378.160 m; semi-eixo menor
6.356.774,72 m));
Origem das Coordenadas – Vértice Chuá (MG) Latitude –•	
19°45’41,6527”S e Longitude – 48°06’04,0639”W. Altura Geoidal
= 0 m.
seção 2
SISTEMA DE COORDENADAS
A construção de uma representação cartográfica exige o
estabelecimento de um método onde cada ponto da superfície da Terra
corresponderá a um ponto na representação cartográfica e vice-versa.
O Sistema de Coordenadas é de fundamental importância para
expressarmos a localização dos pontos sobre uma esfera, elipsóide
ou plano. É com base no Sistema de Coordenadas que descrevemos
geometricamente a superfície terrestre. Todavia, existem especificidades
em relação ao emprego dos Sistemas de Coordenadas.
Para o Elipsóide ou Esferóide empregamos um sistema de
Figura 9 – Relação entre as três superfícies
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coordenadasCartesianoeCurvilíneo,compostoporparalelosemeridianos
como por exemplo um Globo.
Para o Plano, no caso relacionado ao Mapa ou à Carta, empregamos
um Sistema de Coordenadas Cartesiano, composto pelas variáveis x e y.
Para podermos, de certa forma, amarrar os pontos a serem representados,
necessitamos de uma terceira coordenada, denominada de altitude.
Observação:
Quando relacionada•	
ao Geóide de altitude
ortométrica,
Quando relacionada ao•	
Elipsóide de altitude
geométrica, como pode
ser visto na figura 10:
Figura 10 – Altitude Geométrica e
Ortométrica – MAPGEO 2004 – IBGE
Independente do fato da utilização de um esferóide, de um elipsóide
ou de uma superfície plana, qualquer coordenada é constituída pela
junção ou cruzamento de duas informações: Latitude e Longitude.
	
Quando temos a
Esfera como referência,
temos latitude e longitude
geográfica, as quais você
pode observar na figura 11.
Figura 11 – Sistema de
Coordenadas Geográficas
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A latitude geográfica é entendida pelo arco contado sobre o
meridiano do lugar e que vai do Equador até o lugar considerado;
A longitude geográfica é compreendida pelo arco cortado sobre o
Equador, que vai do Meridiano Greenwich até o Meridiano do referido
lugar.
Mas quando temos, ao invés de um Esferóide, um Elipsóide, os
elementos são alterados. Vejamos a figura 12.
Figura 12 – Sistema de Coordenadas Geodésico
Quando temos o Elipsóide como referência, temos latitude e
longitude geodésica:
A latitude geodésica é o ângulo formado pela normal (fio de prumo),
ao elipsóide de um determinado ponto e o plano do Equador;
A longitude geodésica é o ângulo formado pelo plano meridiano
do lugar e o plano meridiano tomado como origem, no caso Greenwich,
como visto na figura 12.
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Figura 13 – Sistema de Coordenadas
Planas
Quando temos o Plano
como referência, temos a
latitude relacionada ao eixo das
ordenadas (y), e a longitude
relacionada ao eixo das
abscissas (x), como você pode
averiguar na figura 13.
seção 3
PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS
O principal problema da construção de documentos cartográficos
que busquem a melhor aproximação das feições da superfície da Terra
assenta-se sobre o fato de que é matematicamente impossível transformar
uma superfície curva irregular, no caso a superfície do planeta, em uma
superfície plana regular, no caso o documento cartográfico.
Para que esta empreitada tenha êxito, devemos utilizar uma superfície
de referência. Como visto anteriormente a superfície utilizada atualmente
para tais transformações é o Elipsóide.
Mesmo sendo possível tal transformação, não existe uma solução
perfeita para o problema, não existindo nenhuma projeção livre de
deformações, pois a única forma de obtenção de uma representação mais
próxima do real, seria a construção de um Globo ou a construção de uma
representação em bloco de 3 dimensões (veja na Plataforma Moodle o link
“Modelo Digital de Terreno”).
Assim, todas as formas de representação de superfícies curvas em
superfícies planas envolvem extensões ou contrações que resultam em
distensões ou rasgos. Portanto, seria ideal produzir uma representação que
reunisse todas as características da Terra, possuindo as propriedades de:
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Conformidade de formas•	
Equivalência de áreas•	
Equidistância de pontos•	
Uma vez que, a proposta acima citada não tem possibilidade de
existência, o processo de representação de uma superfície curva em uma
superfície plana é compreendido pelas seguintes etapas:
1° - Adotar um modelo matemático da Terra: Esfera ou Elipsóide de
Revolução.
2° - Projetar os elementos da superfície da Terra sobre o modelo
escolhido.
3° - Relacionar os pontos do modelo matemático da Terra ao plano
de representação (carta).
Dessa forma todos os mapas são representações aproximadas
da superfície terrestre, porque a Terra, esférica, é desenhada em uma
superfície plana. Não podemos transformar uma superfície irregular
numa representação plana a não ser por meio de uma anamorfose de
acordo com André Libault (1975).
A elaboração de um mapa consiste em um método, segundo o qual
se faz corresponder a cada ponto da Terra, em coordenadas geográficas ou
geodésicas, um ponto no mapa, em coordenadas planas, estando sujeitos
a limitações e distorções.
De acordo com Nadal (1997) a física utiliza-se para tal transformação
de um sistema óptico de lentes reproduzindo em detalhes uma área
esférica sobre uma tela e, por esse motivo, em quase todos os idiomas foi
adotada a palavra projeção, o que torna esta palavra pouco precisa, pois,
na maioria das vezes, o que se tem é uma correspondência matemática e
não física. 	
As representações cartográficas podem ressaltar ou omitir
determinadas informações, de acordo com o objetivo de quem as propõe.
Para se obter essas correspondências, utilizam-se os sistemas de projeções
cartográficas, que em linhas gerais são:
“Uma correspondência matemática entre coordenadas plano-
retangulares da carta e as coordenadas esféricas da Terra” (LIBAULT,
1975, p.105).
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Trabalhamos sempre com aproximações, não existindo soluções perfeitas para tais
transformações. Ainda que estejamos incorrendo numa simplificação, tomemos de
empréstimo o exemplo proposto em “Noções Básicas de Cartografia” (IBGE, 1999)
em que é sugerido tentar coincidir a casca de uma laranja com a superfície plana
de uma mesa. Façamos isso e poderemos ter uma noção das distorções a que
submeteríamos a casca. Ela expressa a impossibilidade de uma solução perfeita –
livre de deformações. A superfície da Terra é uma superfície curva irregular, porém
aproxima-se de um elipsóide.
Pode-se transformar o elipsóide em uma esfera com a mesma
superfície: constrói-se um globo terrestre. Entretanto, um mapa plano é
de fácil manuseio e extremamente útil para uma série de finalidades em
sala de aula.
Nesse sentido o que se advoga é a escolha de representações que
sejam mais favoráveis aos nossos propósitos, seja quando da construção
de uma carta, ou quando da escolha de um documento cartográfico pronto
para utilização em uma sala de aula, por exemplo.
Existem diferentes projeções cartográficas, uma vez que há uma
variedade de modos de projetar sobre um plano os objetos geográficos
que caracterizam a superfície terrestre.
Como a superfície da Terra é curva e irregular, é impossível fazer
uma cópia plana desta superfície sem desfigurá-la ou alterá-la. Nesse
processo, poucas grandezas podem ser mantidas. 	
Por isso, deve-se escolher entre uma possível conservação dos
ângulos, uma proporcionalidade das superfícies ou um outro método que
reduza os efeitos da deformação, levando-se em conta o que pretende
analisar no mapa. Conceitua-se então grau de deformação.
Conseqüentemente, torna-se necessário classificá-las sob seus
diversos aspectos, a fim de melhor estudá-las.
Classificação das Projeções Cartográficas
Analisam-se os sistemas de projeções cartográficas pelo método
adotado, tipo de superfície, grau de deformação e quanto ao tipo de
contato entre as superfícies de projeção e referenciais:
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1) Quanto Ao Método
a) Geométrica
b) Analítica
2) Quanto à Superfície de Contato
a) Planas (Azimutais)
b) Cônicas
c) Cilíndricas
d) Poli-superficiais
3) ) Quanto às Propriedades
a) Eqüidistantes
b) Conformes ou isogonais
c) Equivalentes ou isométricas
d) Afiláticas
4) Quanto ao tipo de tontato
entre as Superfícies de Projeção e
Referências
a)Tangentes
b)Secantes
1) Quanto ao Método
a) Geométricas: como o próprio nome sugere, baseiam-se em
princípios geométricos projetivos, existindo uma significação física para
a projeção. Partindo de um centro o feixe de retas passa por pontos de
uma superfície de referência, sendo obtida pela intersecção dessas retas
na superfície de projeção.
b) Analíticas: baseiam-se em leis matemáticas, para atender a um
objetivo prévio. É o caso da maioria das projeções existentes.
2 ) Superfície de Projeção
a) Planas (Azimutais): podem assumir três posições básicas em
relação à superfície de referência: polar, transversal (equatorial) e oblíqua
(horizontal).
b) Cônicas: podem ser desenvolvidas em um plano sem que
haja distorções. Sua posição pode ser: normal, transversa e oblíqua
(horizontal).
c) Cilíndricas: podem ser desenvolvidas em um plano. Suas posições
em relação à superfície a ser projetada podem ser: equatorial, transversa
e oblíqua (horizontal).
d) Poli-superficiais: quando é utilizada mais de uma projeção
(mesma projeção) o que aumenta a superfície de contato, diminuindo as
deformações.
Vejamos abaixo o quadro que demonstra toda a classificação
sugerida a seguir:
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	 Figura 14 – Superfícies de Projeção (IBGE, 1999)
3) Propriedade
a) Equidistantes: não apresentam distorções lineares para algumas linhas
em especial. Os comprimentos são representados em escala uniforme. Conservam
a proporção entre as distâncias, em determinadas direções, na superfície
representada.
b) Conformes ou isogonais: os ângulos apresentam-se sem deformação.
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Não deformam pequenas regiões mantendo fidelidade aos ângulos observados na
superfície de referência da Terra, o que significa que as formas de pequenas feições
são mantidas. Isto, porém, causa distorções nas áreas dos objetos representados no
mapa.
c) Equivalentes ou isométricas: não alteram áreas. Conservam a relação
constante com a superfície da Terra (relações de superfície) , em qualquer porção do
mapa representada.
d) Afiláticas: não possuem nenhuma propriedade das demais projeções em
específico.
4) Tipos de contato
a) Tangentes: a superfície de projeção é tangente à referência. No
plano é um ponto, no cone ou cilindro uma linha.
b) Secantes: a superfície de projeção secciona a de referência. No
plano é uma linha, no cone duas linhas desiguais, no cilindro duas linhas
iguais. Vejamos a figura 15.
Figura 15 – Tipos de Contato Secante
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1) De que formas podem ser classificadas as Projeções Cartográficas? Quais são as projeções mais
utilizadas hodiernamente?
2) De quais formas a humanidade, através da sua história, representou a forma do planeta Terra?
Leituras Complementares
1)Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Noções Básicas de Cartografia / Departamento de
Cartografia – Rio de Janeiro: IBGE, 1999, 130 p. (Plataforma Moodle).
2)OLIVEIRA, C. de. Dicionário Cartográfico. 3 Ed. Rio de Janeiro: IBGE, 1987, 645 p.
Vejamos a seguir o quadro retirado do tutorial do Sistema para
Processamento de Informações Georeferenciadas – SPRING (Software
desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE)
(Veja na Plataforma Moodle)
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Projeção Classificação Aplicações Características
Albers Cônica Equivalente
Mapeamentos temáticos. Serve
para mapear áreas com extensão
predominante leste-oeste.
Preserva áreas.
Substitui com vantagens todas
as outras cônicas equivalentes.
Bipolar Cônica Conforme
Indicada para base cartográfica
confiável dos continentes americanos.
Preserva ângulos.
É uma adaptação da Cônica de
Lambert.
Cilíndrica
Equidistante
Cilíndrica
Equidistante
Mapas Mundi.
Mapas em escalas pequenas.
Trabalhos computacionais.
Altera áreas.
Altera ângulos.
Gauss
Cilíndrica
Conforme
Cartas topográficas antigas.
Mapeamento básico em escala média
e grande.
Altera áreas (mas as distorções
não ultrapassam 0,5%).
Preserva ângulos.
Similar à UTM com defasagem
de 3 de longitude entre os
meridianos centrais.
Estereográfica
Polar
Plana Conforme
Mapeamento das regiões polares.
Mapeamento da Lua, Marte e
Mercúrio.
Preserva ângulos.
Oferece distorções de escala.
Lambert Cônica Conforme
Cartas gerais e geográficas.
Cartas militares.
Cartas aeronáuticas do mundo.
Preserva ângulos.
Lambert Million Cônica Conforme Cartas ao milionésimo. Preserva ângulos.
Mercator
Cilíndrica
Conforme
Cartas náuticas.
Cartas geológicas e magnéticas.
Mapas Mundi.
Preserva ângulos.
Miller Cilíndrica
Mapas Mundi.
Mapas em escalas pequenas.
Altera ângulos.
Altera áreas.
No_Projection Plana
Armazenamento de dados que não
se encontram vinculados a qualquer
sistema de projeção convencional
(desenhos, plantas, imagens brutas ou
não georeferenciadas, etc.).
Sistema local de coordenadas
planas.
Policônica Cônica
Mapeamento temático em escalas
pequenas.
Altera áreas e ângulos.
Substituída pela Cônica
Conforme de Lambert nos mapas
mais atuais.
Latlong -
Aramazenamento de dados matriciais
com resolução espacial definida em
graus decimais.
Geometria idêntica a da projeção
cilíndrica equidistante.
Sinusoidal
Pseudo-cilíndrica
Equivalente
Mapeamentos temáticos em escalas
intermediárias e pequenas.
Preserva áreas.
UTM
Cilíndrica
Conforme
Mapeamento básico em escalas
médias e grandes.
Cartas topográficas.
Preserva ângulos.
Altera áreas (mas as distorções
não ultrapassam 0,5%).
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Noções de
topografia
Apropriar-se das noções de Topografia na leitura do terreno.■■
SEÇÃO 1 - Definições iniciais■■
SEÇÃO 2 - Altimetria e leitura do terreno■■
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
ROTEIRO DE ESTUDOS
UNIDADEV
Almir Nabozny
Joseli Maria Silva
Marcio Jose Ornat
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PARA INÍCIO DE CONVERSA
A Topografia é a ciência que estuda uma área de terra limitada, com
pequenas porções da superfície terrestre, sem levar em conta a curvatura
da Terra, utilizada para demarcações de áreas, cadastramentos técnicos,
etc.Trata-sedeumconhecimentoespecializado. Contudo,importantepara
estudarmos as questões de relevo, por exemplo, em que, aqui, nos cabe
entendermos alguns aspectos de suas representações com a utilização
das noções de topografia para o ensino geográfico.
seção 1
DEFINIÇÕES INICIAIS
Segundo o Dicionário Cartográfico editado pelo IBGE, de autoria
de Cêurio de Oliveira (1987), a palavra Topografia está relacionada a três
acepções.
Uma primeira diz respeito a uma configuração específica da•	
superfície de determinado planeta, não sendo apenas reservada
à Terra. Tal configuração inclui o relevo, as posições de cursos
d’água, estradas, aglomerações populacionais, etc. Como visto
nas palavras do autor, Topografia se entende por
O conjunto de características naturais e físicas da
Terra. Um acidente simples, como uma montanha
ouumvale,édenominadodeacidentetopográfico.
A topografia é subdividida em hipsografia (os
aspectos do relevo), em hidrografia (a água e os
aspectos relativos à drenagem), em cultura (a
obra do homem) e em vegetação. (OLIVEIRA,
1987, p. 538)
Uma outra conotação referente à palavra relaciona-se aos•	
aspectos da oceanografia, referentes a extensões submarinas.
Todavia, a concepção que nos cabe discutir é a que consideramos•	
de maior relevância tanto no ensino da geografia como na
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prática como professor(a), relacionada a um ramo específico
do conhecimento, entendendo topografia como “a ciência da
representação dos aspectos naturais e artificiais de um lugar ou
de uma região, especialmente no modo de apresentar as suas
posições e altitudes” (OLIVEIRA, 1987, p. 538). Este termo
inclui, segundo o autor, outros ramos do conhecimento, como
a Geodésia, a Geografia, a Geofísica, a Fotogrametria, as Artes
Gráficas, tendo em seu conjunto o objetivo de construir uma
forma de informação geográfica.
Para Domingues (1979) a palavra topografia é derivada das palavras
gregas topos (lugar) e graphen (descrever), significando a descrição exata
e minuciosa de um lugar. Segundo o autor, este ramo do conhecimento
tem por objetivo a determinação do contorno, da dimensão e da posição
de uma porção determinada da superfície do Planeta Terra, fundo de
mares e interior de minas, além da locação de projetos de Engenharia.
Suas áreas de atuação relacionam-se a:
a) Engenharia Civil:
Edificação: levantamento plani-altimétrico do terreno para•	
execução de projeto; locação de projeto.
Estradas (rodovias e ferrovias): reconhecimento do terreno;•	
levantamento plani-altimétrico; locação da linha básica;
terraplenagem (volume de corte ou aterro); controle e execução
e pavimentação; implantação de sinalização horizontal.
Barragem: levantamento plani-altimétrico; determinação das•	
áreas submersas; controle e execução de prumadas, níveis e
alinhamentos.
b)EngenhariaMecânica:locaçãodebasedemáquinasenasmontagens
mecânicas de alta precisão.
c) Engenharia Eletrotécnica: utilizada nas hidrelétricas, subestações e
linhas de transmissão.
d) Engenharia de Minas: levantamentos de galerias de mineração.
e) Agricultura: definição das curvas de nível e desnível para as
plantações e irrigações.
Para que os levantamentos topográficos sejam mais próximos do
real, faz-se necessária a utilização de processos de medidas referenciadas
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unidade 5
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unidade 5
na geometria aplicada. Os elementos geométricos referentes a ângulos
e distâncias são obtidos por instrumentos topográficos, como Teodolitos,
Níveis Óticos, etc. Assim, podemos observar na figura 16.
Figura 16 – Levantamento Planimétrico do Perímetro Urbano do Município de
Ponta Grossa – Paraná OpenJUMP – Vivid Solutions Inc.
Contudo, para uma representação fidedigna da superfície da Terra,
faz-se necessário, além da utilização das medidas correspondentes a x e y,
o levantamento da medida referente ao z, dizendo respeito às diferenças
de altitude ou altura do terreno.
As informações relacionadas a x e y referem-se à Planimetria,
estruturada na obtenção de ângulos e distâncias horizontais servindo
na projeção dos pontos encontrados no terreno à sua representação
cartográfica no plano, como visto na figura 16.
Já a Altimetria, a qual pode ser percebida na figura 17, refere-se aos
métodos e instrumentos empregados no levantamento e representação do
relevo da superfície do planeta.
Cartografia1
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unidade 5
Cartografia1
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unidade 5
Além dos métodos acima descritos, uma das formas de levantamento
de informação sobre a superfície do planeta relaciona-se a utilização de
fotografias aéreas, atividade denominada de Fotogrametria.
Esta atividade entende-se pelo levantamento de informações por
meio de fotografias tomadas de pontos da superfície terrestre, a partir
de equipamentos como câmeras fotográficas apropriadas, instaladas em
aeronaves.
Os levantamentos topográficos possuem limitações em relação ao
tamanho das áreas a serem levantadas. O limite de tais levantamentos,
segundo o Manual Técnico do IBGE (1999), é de 10 km de raio5
,
denominado de horizonte topográfico. Esta medida está relacionada
ao fato de que acima deste limite, a curvatura da Terra produzirá erros
que não poderão ser evitados nem pelo operador, nem pela precisão dos
aparelhos.
No levantamento de campo, propriamente dito, sempre teremos de
ter três informações, ou duas distâncias e uma elevação (x,y,z), ou uma
distância, uma elevação e uma direção (distância, cota, azimute/rumo).
Normalmente, em campo são utilizados o levantamento de distâncias,
Figura 17 – Levantamento Altimétrico do Perímetro Urbano do Município de Ponta Grossa
– Paraná Bloco 3 Dimensões - OpenJUMP – Vivid Solutions Inc.
5
Ou uma área correspondente a 400 km².
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unidade 5
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direçõeseelevações.Paraarealização
de medições angulares é utilizado
o teodolito, e para verificação de
diferenças altimétricas o nível.
Desta forma, devemos considerar
a utilização de rumos ou azimute,
compreendendo a distinção entre
ambos, vistos na figura 18.
RUMO•	 : é o ângulo formado pela direção norte-sul. Pode partir
tanto do norte como do sul, podendo ser medido tanto no
sentido horário como anti-horário. Varia de 0° a 90° obedecendo
o quadrante localizado.
AZIMUTE•	 : é o ângulo formado pela direção norte e a direção
a ser seguida no campo. Mede-se sempre a partir do norte em
sentido horário (0°-360°).	
seção 2
ALTIMETRIA E LEITURA DO TERRENO
O mapeamento das feições do relevo sempre constituiu um sério
problema, ao contrário da facilidade do delineamento de detalhes
horizontais do terreno. Diversas estratégias são utilizadas na produção
de uma representação em duas dimensões, de informações em três
dimensões. As formas de representação são:
Curvas de Nível;•	
Perfis Topográficos;•	
Relevo Sombreado;•	
Cores Hipsométricas.•	
1 Hectare = 10.000 m²•	
1 Alqueire (mineiro) = 48.400 m²•	
1 Alqueire (paulista) = 24.200 m²•	
1 Alqueire (norte do Brasil) = 27.255 m²•	
Figura 18 – Configuração
de Rumo e Azimute
Cartografia1
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Cartografia1
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unidade 5
Cores Hipsométricas
	 É o método por excelência para representar o relevo, permitindo ao
usuário a leitura do valor aproximado da altitude do terreno em qualquer
local da carta. Constitui-se de uma linha imaginária no terreno, onde
todos os pontos desta linha possuem a mesma altitude, geralmente em
relação ao nível do mar, como veremos na figura 19.
Figura 19 – Modelo Hipsométrico
A eqüidistância das curvas não significa a distância de uma em
relação a outra, mas a eqüidistância altimétrica entre elas. Assim, esta
eqüidistância varia conforme a escala da carta, recomendando-se:
Escala Eqüidistância Escala Eqüidistância
1:500 0,5 m 1:100000 50,0 m
1:1000 1,0 m 1:200000 100,0 m
1:2000 2,0 m 1:250000 100,0 m
1:10000 10,0 m 1:500000 200,0 m
1:25000 10,0 m 1:1000000 200,0 m
1:50000 25,0 m 1:10000000 500,0 m
Fonte: Domingues (1979).
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unidade 5
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Características das Curvas
As curvas de nível são classificadas em Mestras (Múltiplas de 5 – 10
metros), Intermediárias e de Meia-Equidistância. Portanto, como se pode
ver na figura 20 na seqüência, as curvas mestras são representadas por
traços mais espessos e são todas cotadas.
Figura 20 – Curvas Mestras e Intermediárias
É a partir da leitura das curvas de nível contidas em uma carta
topográfica que podemos inferir as características do terreno que foi
representado. Desta forma, quanto mais afastadas as curvas, mais plano o
terreno. Assim, quanto mais próximas, maior declividade possui o terreno,
conforme a figura 21.
Figura 21 – Relação entre características do relevo e das curas de nível
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unidade 5
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Outros elementos são de fundamental importância: duas linhas ou
curvas de nível jamais se cruzam; duas linhas jamais convergem para
formar apenas uma; uma linha não pode surgir ou desaparecer no nada;
e uma curva de nível sempre se fecha em si mesma.
Tendo posse destas informações, podemos realizar a leitura de uma
carta topográfica, inferindo as feições do relevo representado. Quando
temos a situação de curvas de nível com cotas maiores envolvendo curvas
de nível com cotas menores, temos no relevo a situação de uma depressão,
visto à direita na figura 22. Quando temos a situação inversa, temos uma
elevação, visto à esquerda na mesma figura.
Figura 22 – Situação de Elevação e Depressão
representada em Curvas de Nível
Uma outra situação é quando
temos curvas de nível alongadas com
cotas menores, envolvendo curvas de
nível com as mesmas características,
com cotas maiores, representando
uma formação chamada de espigão,
formação que se constitui como um
divisor de águas, a qual podemos olhar
na figura 23.
Figura 23 – Espigão
Temos outros tipos de formação, representados através de curvas
de nível. Abrangemos um corredor quando temos faixas de terreno entre
duas elevações de grande extensão; incluímos um talvegue quando
encontramos linha de encontro entre duas vertentes opostas onde as
águas tendem a se acumular e formar cursos d’água; e um vale, formado
pela união de duas vertentes, podendo ser, como visto na figura 24 a
seguir, côncavo, chato e de ravina:
A História da Cartografia
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A História da Cartografia

  • 1. pONTA gROSSA - PARANÁ 2009 Almir Nabozny Joseli Maria Silva Marcio José Ornat EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Licenciatura em GeografiaGeografiaCARTOGRAFIA 1
  • 2. UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA Núcleo de Tecnologia e Educação Aberta e a Distância - NUTEAD Av. Gal. Carlos Cavalcanti, 4748 - CEP 84030-900 - Ponta Grossa - PR Tel.: (42) 3220-3163 www.nutead.uepg.br 2009 Todos os direitos reservados ao Ministério da Educação Sistema Universidade Aberta do Brasil Ficha catalográfica elaborada pelo Setor de Processos Técnicos BICEN/UEPG. Pró-Reitoria de Assuntos Administrativos Ariangelo Hauer Dias - Pró-Reitor Pró-Reitoria de Graduação Graciete Tozetto Góes - Pró-Reitor Divisão de Educação a Distância e de Programas Especiais Maria Etelvina Madalozzo Ramos - Chefe Núcleo de Tecnologia e Educação Aberta e a Distância Leide Mara Schmidt - Coordenadora Geral Cleide Aparecida Faria Rodrigues - Coordenadora Pedagógica Sistema Universidade Aberta do Brasil Hermínia Regina Bugeste Marinho - Coordenadora Geral Cleide Aparecida Faria Rodrigues - Coordenadora Adjunta Edu Silvestre de Albuquerque - Coordenador de Curso Colaborador Financeiro Luiz Antonio Martins Wosiak Colaboradora de Planejamento Silviane Buss Tupich Colaboradores em EAD Dênia Falcão de Bittencourt Jucimara Roesler Colaboradores de Informática Carlos Alberto Volpi Carmen Silvia Simão Carneiro Adilson de Oliveira Pimenta Júnior Juscelino Izidoro de Oliveira Júnior Osvaldo Reis Júnior Kin Henrique Kurek Thiago Luiz Dimbarre Thiago Nobuaki Sugahara Colaboradores de Publicação Denise Galdino de Oliveira - Revisão Janete Aparecida Luft - Revisão Luan Dione Rein - Diagramação Anselmo Rodrigues de Andrade Júnior - Diagramação Paulo Henrique de Ramos - Ilustração Colaboradores Operacionais Edson Luis Marchinski Joanice Kuster de Azevedo João Márcio Duran Inglêz Maria Clareth Siqueira Mariná Holzmann Ribas CRÉDITOS João Carlos Gomes Reitor Carlos Luciano Sant’ana Vargas Vice-Reitor N117c Nabozny, Almir Cartografia I por Almir Nabozny e outros. Ponta Grossa : Ed. UEPG, 2009. 88p. il. Licenciatura em Geografia - Educação a Distância. 1. Cartografia - história. 2. Cartografia teórica. 3. Representação cartográfica - formas. Topografia. I. Nabozny, Almir. II. Ornat, Marcio José. III. Silva, Joseli Maria. V.T CDD : 526
  • 3. APRESENTAÇÃO INSTITUCIONAL Prezado estudante Inicialmente queremos dar-lhe as boas-vindas à nossa instituição e ao curso que escolheu. Agora, você é um acadêmico da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), uma renomada instituição de ensino superior que tem mais de cinqüenta anos de história no Estado do Paraná, e participa de um amplo sistema de formação superior criado pelo Ministério da Educação (MEC) em 2005, denominado Universidade Aberta do Brasil (UAB). O Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB) não propõe a criação de uma nova instituição de ensino superior, mas sim, a articulação das instituições públicas já existentes, possibilitando levar ensino superior público de qualidade aos municípios brasileiros que não possuem cursos de formação superior ou cujos cursos ofertados não são suficientes para atender a todos os cidadãos. Sensível à necessidade de democratizar, com qualidade, os cursos superiores em nosso país, a Universidade Estadual de Ponta Grossa participou do Edital de Seleção UAB nº 01/2006-SEED/MEC/2006/2007 e foi contemplada para desenvolver seis cursos de graduação e quatro cursos de pós-graduação na modalidade a distância. Isso se tornou possível graças à parceria estabelecida entre o MEC, a CAPES e as universidades brasileiras, bem como porque a UEPG, ao longo de sua trajetória, vem acumulando uma rica tradição de ensino, pesquisa e extensão e se destacando também na educação a distância. A UEPG é credenciada pelo MEC, conforme Portaria nº 652, de 16 de março de 2004, para ministrar cursos superiores (de graduação, seqüenciais, extensão e pós- graduação lato sensu) na modalidade a distância. Os nossos programas e cursos de EaD, apresentam elevado padrão de qualidade e têm contribuído, efetivamente, para a democratização do saber universitário, destacando- se o trabalho que desenvolvemos na formação inicial e continuada de professores. Este curso não será diferente dos demais, pois a qualidade é um compromisso da Instituição em todas as suas iniciativas. Os cursos que ofertamos, no Sistema UAB, utilizam metodologias, materiais e mídias próprios da educação a distância que, além de facilitarem o aprendizado, permitirão constante interação entre alunos, tutores, professores e coordenação. Este curso foi elaborado pensando na formação de um professor competente, no seu saber, no seu saber fazer e no seu fazer saber. Também foram contemplados aspectos éticos e políticos essenciais à formação dos profissionais da educação. Esperamos que você aproveite todos os recursos que oferecemos para facilitar o seu processo de aprendizagem e que tenha muito sucesso na trajetória que ora inicia. Mas, lembre-se: você não está sozinho nessa jornada, pois fará parte de uma ampla rede colaborativa e poderá interagir conosco sempre que desejar, acessando nossa Plataforma Virtual de Aprendizagem (MOODLE) ou utilizando as demais mídias disponíveis para nossos alunos e professores. Nossa equipe terá o maior prazer em atendê-lo, pois a sua aprendizagem é o nosso principal objetivo. EQUIPE DA UAB/UEPG
  • 4.
  • 5. SUMÁRIO PALAVRAS DOS PROFESSO■■ RES 7 OBJETIVOS E ement■■ a 9 A História da Cartografia 11 seção■■ 1- GEOGRAFIA, CARTOGRAFIA E A HISTÓRIA DOS MAPAS 12 seção■■ 2- DAS ANTIGAS REPRESENTAÇÕES CARTOGRÁFICAS À CARTOGRAFIA GREGA 15 seção■■ 3- DA CARTOGRAFIA GREGA AOS MAPAS PORTULANOS 19 seção■■ 4- DO DECLÍNIO DAS CARTAS PORTULANAS À REFORMA DA CARTOGRAFIA 20 A Cartografia Teórica 27 seção■■ 1- A GÊNESE DA CARTOGRAFIA TEÓRICA 28 seção■■ 2- TEORIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO CARTOGRÁFICA 29 seção■■ 3- TEORIA DA MODELIZAÇÃO 31 seção■■ 4- TEORIA DA SEMIOLOGIA GRÁFICA 33 seção■■ 5- TEORIA DA COGNIÇÃO 36 Formas de representação cartográfica 41 seção■■ 1- CARTOGRAFIA E REPRESENTAÇÃO GRÁFICA 42 seção■■ 2- O GLOBO 43 seção■■ 3- O MAPA 44 seção■■ 4- A CARTA 45 seção■■ 5- AS REPRESENTAÇÕES POR IMAGEM 46 Formas de representação do Planeta Terra 51 seção■■ 1- FORMA DA TERRA 52 seção■■ 2- SISTEMAS DE COORDENADAS 54 seção■■ 3- PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS 57 Noções de topografia 67 seção■■ 1- DEFINIÇÕES INICIAIS 68 seção■■ 2- ALTIMETRIA E LEITURA DO TERRENO 72 SEÇAO ESPECIA■■ L 81 PALAVRAS FINAI■■ S 83 REFERÊNCIAS■■ 85 NOTAS SOBRE OS AUTO■■ RES 87
  • 6.
  • 7. PALAVRAS DOS PROFESSORES Para a sua futura atividade como professor de geografia, a disciplina de Cartografia tem fundamental importância, pois este conhecimento particular é uma ferramenta de grande valor na atividade de leitura da ação humana na superfície da Terra. O geógrafo francês Yves Lacoste (1989) trata a cartografia como um conhecimento estratégico por excelência. Segundo esse autor, na história da humanidade, os mapas e as informações estatísticas sempre estiveram reservados aos pequenos grupos, relacionados ao Estado ou a grupos de proprietários da força de trabalho. Fugindo desta relação determinista, consideramos que a organização desse material inclui esse pressuposto. É por meio dele que buscamos inserir você, futuro(a) professor(a), nas discussões envolvendo a cartografia, não apenas a nascida entre os séculos XVI e XVIII, mas em uma forma de conhecimento que sempre esteve relacionada à manutenção da vida dos grupos sociais, afirmando que, desde que o homem existe, existe o conhecimento geográfico, e algum tipo de representação deste conhecimento, como pinturas rupestres, mapas em placas de argila, mapas com fibras de árvores, etc. Assim, você começa sua caminhada por um caminho que se mistura com o próprio desenvolvimento da humanidade. Bem-vindo ao estudo da Cartografia!
  • 8.
  • 9. OBJETIVOS e ementa O principal objetivo da disciplina de Cartografia I é fazer com que o estudante reconheça a importância da cartografia para o ensino e o estudo de Geografia. Dessa forma, apropriando-se desse material, o aluno adquire competência para utilizar os conhecimentos técnicos e teóricos da Cartografia nos estudos e no ensino da Ciência Geográfica. Objetivos Reconhecer a importância da Cartografia para o estudo e o ensino da Ciência■■ Geográfica Apreender os conhecimentos técnicos e teóricos da Cartografia■■ Aplicar os conhecimentos técnicos e teóricos da Cartografia aos estudos e ao■■ ensino da Ciência Geográfica; Ementa História da Cartografia. Teoria e método da Cartografia. Principais ramos da■■ Cartografia. Fundamentos de Astronomia. Elementos de Geodésia. Sistemas de Projeção. Planimetria e Altimetria. Noções de Topografia.
  • 10.
  • 11. A História da Cartografia OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Compreender a relação entre Geografia e Cartografia■■ Apreender todos os momentos do desenvolvimento da Cartografia■■ ROTEIRO DE ESTUDOS SEÇÃO 1 - Geografia, cartografia e a história dos mapas■■ SEÇÃO 2 - Das antigas representações cartográficas à cartografia grega■■ SEÇÃO 3 - Da cartografia grega aos mapas portulanos■■ SEÇÃO 4 - Do declínio das cartas portulanas à reforma da cartografia■■ UNIDADEI Almir Nabozny Joseli Maria Silva Marcio Jose Ornat
  • 12. UniversidadeAbertadoBrasil 12 unidade 1 UniversidadeAbertadoBrasil 12 unidade 1 PARA INÍCIO DE CONVERSA Nossa motivação na construção deste material é percorrer um caminho que demonstre a importância da cartografia para o ensino da Ciência Geográfica. Para isso, estruturamos o conteúdo da Unidade I de tal forma, que você, futuro(a) professor(a), apreenda o conteúdo como nossas sugestões de trabalho. Esta caminhada se inicia desde os primórdios da cartografia e da humanidade, passando pela Grécia, pela Idade Média, pelo Renascimento, chegando depois desta jornada, na atualidade da Cartografia. seção 1 GEOGRAFIA, CARTOGRAFIA E A HISTÓRIA DOS MAPAS A palavra cartografia tem origem na língua portuguesa. De acordo com Silva (1999, p.69), o termo foi cunhado pelo historiador português Visconde de Santarém, em carta de 08 de dezembro de 1839, escrita em Paris (França) e dirigida ao historiador brasileiro Adolfo de Varnhagen. Anterior a divulgação do termo, o vocábulo usual era “cosmografia”. Atualmente, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, a cartografia é compreendida “como a representação geométrica plana, simplificada e convencional, do todo ou de parte da superfície terrestre, apresentada através de mapas, cartas ou plantas” (IBGE, 2004, p. 12). Acrescentaríamos a elaboração de croquis, cartogramas, bem como, outros projetos empreendidos a partir da observação direta ou indireta com auxílio de instrumentos e produtos de geotecnologias, como, por exemplo, imagens de satélites e fotografias aéreas (veja através da Plataforma Moodle os Link’s Imagens Cbers e Fotografias Aéreas). Os elementos que devem ser fixados (com) em seus futuros alunos é o fato de que a cartografia é um conjunto de técnicas, mas que tem um objetivo tão antigo quando a história do homem: o de representar a vida do homem na superfície da Terra e os elementos do planeta. Assim, este conhecimento se coloca como uma importante ferramenta que auxilia o professor e o aluno de geografia na prática escolar.
  • 13. Cartografia1 13 unidade 1 Cartografia1 13 unidade 1 O conhecimento nomeado como Geografia teve por objetivo, desde a antigüidade, descrever e criar uma imagem do mundo. Este dever buscou, como descrito pelo professor Paulo Cesar da Costa Gomes, através da Revolução Científica, transformar-se em um discurso científico verdadeiro, como uma única versão interpretativa da realidade, fato ocorrido a partir dos séculos XVI e XVIII (GOMES, 1996). Todavia, o caráter da utilização de informações com localização específica e a elaboração de cartas referenciadas no cruzamento de tais informações não foi um acontecimento específico deste período. Como salienta Erwin Raisz (1969), a relação entre Cartografia e Conhecimento Geográfico não surgiu com a Revolução Científica, mas tem, provavelmente, existência anterior a 2.500 anos a.C. (Mapas Babilônicos). Todos os povos, como afirma Cêurio de Oliveira (1988), de uma forma ou de outra, legaram à humanidade diversos mapas. Veja as figuras abaixo (aprofunde seus conhecimentos através da Plataforma Moodle, no Link “Gráfico Temporal da Cartografia Antiga”). Figura 1 a: Plano da Cidade de Catal Hyük (6.200 a.C.)¹ 1 Fonte: http://www.henry-davis.com/MAPS/Ancient%20Web%20Pages/AncientL.html (Consulta em 6 de jan. de 2009). Seus (futuros) alunos podem ter acesso a diversas tecnologias associadas ao conhecimento geográfico, sem sair de sua casa ou da escola. E, o que é melhor, sem custos! Convide seus alunos para acessar, no laboratório de informática da escola, ou em casa, o site do instituto nacional de pesquisas espaciais (INPE) (veja o site através da plataforma moodle). As informações contidas neste site podem auxiliar imensamente na sua prática escolar.
  • 14. UniversidadeAbertadoBrasil 14 unidade 1 UniversidadeAbertadoBrasil 14 unidade 1 Figura 1 b: Turin Papyrus, 1.300 a.C ² Em sua obra “Cartografia Geral”, Erwin Raisz afirma que a confecção de mapas precede a escrita, pois os homens primitivos, vivendo como caçadores e coletores, deveriam mover-se continuamente, e o conhecimento de direções e distâncias era uma questão de vida ou de morte (RAISZ, 1969). Assim, a busca pela representação gráfica das informações pode ser visível nos mais remotos grupos culturais, como os Astecas, Babilônios, Camônios, Chineses, Egípcios, Esquimós, Gregos, e os nativos das Ilhas Marshall. Temos em relação a cada grupo cultural uma forma de construção cartográfica. Sugerimos a você, quando for trabalhar com esse momento do material, junto aos seus alunos, saliente que esse desenvolvimento da cartografia não é fragmentado como o texto sugere, mas contínuo. O que buscamos fazer, foi demonstrar as distinções existentes em cada período de desenvolvimento da cartografia. Este agrupamento está colocado em três momentos: das demonstrações mais antigas de representação cartográfica à produção cartográfica grega; da cartografia grega aos mapas portulanos e do declínio das cartas portulanas à reforma da cartografia. 2 Fonte: http://www.henry-davis.com/MAPS/Ancient%20Web%20Pages/AncientL.html (Consulta em 6 de jan. de 2009).
  • 15. Cartografia1 15 unidade 1 Cartografia1 15 unidade 1 seção 2 DAS ANTIGAS REPRESENTAÇÕES CARTOGRÁFICAS À CARTOGRAFIA GREGA Mesmo tendo pouca semelhança com os mapas ocidentais atuais, devemos considerar a produção de representações gráficas, realizadas por antigas culturas, como mapas. Esta afirmação parte de Ângela Katuta (2003), defendendo a idéia de que, quando as antigas culturas buscavam representar o lugar ou o não-lugar, facilitavam o entendimento de processos e eventos no mundo humano, como visto nas figuras 1 acima. As diferentes visões e narrativas de mundo produziram diferentes representações de mundo. Estas formas de expressão são visíveis desde o Paleolítico Superior, entre 40 e 12 mil anos a.C.. Prova dessas afirmações são as descobertas arqueológicas, em alguns penhascos no norte da Itália, deinúmerasfigurasrupestres,comfiguraçõestopográficas,representando uma rica organização social camponesa (ver figura 2). Figura 2 - Mapa Rupestre (Petroglifo) de Bedolina - (OLIVEIRA, 1988, p. 17) • Outras produções de muito valor foram as realizadas pelos nativos das Ilhas Marshall, pelos esquimós, babilônios, egípcios e chineses. • Os nativos das Ilhas Marshall confeccionaram mapas feitos de fibras de palma e conchas, demonstrando direções das ondas e localização de ilhas.
  • 16. UniversidadeAbertadoBrasil 16 unidade 1 UniversidadeAbertadoBrasil 16 unidade 1 • Os esquimós fizeram construções gráficas com considerável fidedignidade de suas áreas de vivência. • Os astecas representavam em mapas, acontecimentos históricos de seu grupo cultural. • Nos mapas Babilônicos as representações mais antigas correspondem a placas de argila contendo a demonstração de duas cadeias de montanhas e um rio (Eufrates), tendo idade aproximada de 2.500 a.C. Os babilônios, também contribuíram à cartografia, com sua divisão da circunferência em 360°, o grau em 60’ e o minuto em 60”. • Para os egípcios, a cartografia foi um importante instrumento para a arrecadação de impostos, referente à produção agrícola no vale do rio Nilo. • E OS CHINESES? Eles fizeram um completo levantamento de suas terras e águas, culminando tais levantamentos na construção de diversos mapas. Devido a isto, antes mesmo dos ocidentais chegarem ao oriente, a China já havia sido mapeada em detalhes, como visto por Raisz (1969). Os chineses contribuíram significativamente para o conhecimento cartográfico! Suas principais contribuições foram: • utilização de um quadriculado retilíneo, como os paralelos e meridianos utilizados atualmente; e •a orientação dos mapas. Os gregos também cooperaram: O momento de maior desenvolvimento foi o da cartografia grega. Foi tão desenvolvida que, até o século XVI, não havia sido igualada por nenhuma outra cultura. Admitiram a existência de um Planeta Terra esférico, possuindo Pólos, Trópicos e Equador. Conceberam de forma aprimorada um sistema de coordenadas geográficas, construindo as primeiras representações do planeta, chegando até a calcular o seu tamanho. Inicialmente, os gregos concebiam a Terra como sendo um disco, (ver Plataforma Moodle no link “Disco”) onde ao seu redor giravam
  • 17. Cartografia1 17 unidade 1 Cartografia1 17 unidade 1 as águas oceânicas. Tais representações buscavam descrever as terras conhecidas até então, uma área que se estendia desde o atual Paquistão ao Oceano Atlântico. A FORMA PERFEITA No princípio do século IV a.C. introduziu-se a idéia de que o Planeta Terra não era um disco, mas sim uma esfera. Essas afirmações não estavam relacionadas à realização de observações da iluminação solar no planeta, mas surgiram a partir de considerações filosóficas, pois se a Terra era obra dos deuses, sendo estes perfeitos, o Planeta Terra deveria ser esférico, a mais perfeita de todas as formas (RAISZ, 1969). Todavia, a principal proposição assenta-se sobre o resultado da medição da circunferência máxima do Planeta Terra, feita por Eratóstenes. Segundo o conhecimento da época, havia um poço em Siena (atual Assuan – Egito), onde as luzes do Sol chegavam ao seu fundo apenas entre os dias de 20 a 22 de junho. Tal informação aponta que o local ficava próximo do Trópico de Câncer. Outro dado importante para a realização da medição foi a existência de registros da distância entre Siena e Alexandria (5.000 estádias – aproximadamente 925 km). Supondo que Alexandria estava exatamente ao norte de Siena, bastava apenas medir o ângulo do Sol ao meio-dia em Alexandria entre o mesmo período (ver figura 3). Figura 3 - Experimento de Eratóstenes.
  • 18. UniversidadeAbertadoBrasil 18 unidade 1 UniversidadeAbertadoBrasil 18 unidade 1 Eratóstenes, realizando tal tarefa, obteve a leitura do ângulo da sombra do Sol em Alexandria com o valor de 1/50 de uma circunferência (7° 12’). Tal raciocínio apontou que um meridiano deveria medir 50 x esta distância, de aproximadamente 46.250 km. O erro de Eratóstenes, com relação à medida aceita atualmente de 40.009 km, foi de 15%, ressaltando-se que esse erro se anula quando consideramos que Siena não está no Trópico de Câncer, mas ao norte, e Alexandria não está no mesmo meridiano, mas a oeste. Um século mais tarde, Possidônio (135-50 a.C) realizou a mesma medição, porém tendo como referência outras cidades. A circunferência máxima da Terra foi calculada em aproximadamente 29.000 km. Enquanto para Erastóstenes, 1° na direção leste-oeste equivalia a 128 km, para Possidônio esse mesmo intervalo era de 80 km. Esta última medida, quase 30% menor, foi difundida por Ptolomeu (87-50 a.C.). Desta forma, tínhamos próximo ao advento das grandes navegações e das grandes descobertas próximas do final do século XV, um planeta menor. O apogeu da cartografia, nesse período, está relacionado à obra de Ptolomeu. Sua famosa obra Geografia é formada de oito volumes, tratando desde a construção de globos à técnica de projeção de mapas. Descreveu mais de 8.000 lugares com coordenadas geográficas. O volume mais importante trata dos princípios da Cartografia, da Geografia, da Matemática, das projeções e dos métodos de observação astronômica. Decorrente da importância da obra de Ptolomeu e de sua adoção da medida possidônica do Planeta Terra, foi essa a que prevaleceu no fazer dos geógrafos até o século XV. Embora a Geografia como ciência sistematizada tenha seus preceitos no século XIX, utilizamos a palavra geógrafo em convergência com Gonçalves: “A palavra geógrafo aparece em 1537 para designar a atividade do ‘funcionário do Rei fazer mapa’, ou seja, aquele especialista em representar o espaço, em delimitar as fronteiras para o Estado Territorial nascente”. (GONÇALVES, 2002. p. 228).
  • 19. Cartografia1 19 unidade 1 Cartografia1 19 unidade 1 seção 3 DA CARTOGRAFIA GREGA AOS MAPAS PORTULANOS A Idade Média marcou um momento de recuo de todo o progresso atingido até a produção grega. Mesmo os romanos sendo seguidores do conhecimento grego, foram indiferentes à Cartografia matemática, preocupando-se com mapas práticos para fins militares e administrativos. Desprezaram as projeções, retornando aos mapas em forma de disco. Dentro deste disco os geógrafos situaram toda a Terra, tendo como centro a Península Italiana. As demais regiões foram reduzidas a porções periféricas. Dessa forma, sobretudo entre os anos 300 e 500 d.C. no ocidente, quanto à concepção cartográfica, houve “uma regressão lamentável a todo o progresso anterior, em que os gregos haviam pontificado” (OLIVEIRA, 1988, p.19). O cartógrafo medieval não se dedicou a representar o planeta de forma matemática, mas concentrou-se em expressá-lo de forma simbólica e artística. O mapa-múndi romano, em forma de disco, perdeu sua exatidão geográfica, passando a fazer parte do discurso teológico da época (ver através da Plataforma Moodle o Link Orbis Terrarum). Vocêfuturoprofessor(a)podefazerumaanalogiaao“mapaconstruído pelos alunos do trajeto de casa à escola”. Isso mostra que desconsideramos intencionalmente outros elementos que não nos são importantes no ato da construção da representação. Enquanto o ocidente tratava os mapas como mero recurso decorativo detextos teológicos,omundomuçulmanorecolheuedesenvolveuatradição da antigüidade clássica. O islamismo e a necessidade de visitar Meca pelo menos uma vez na vida, foi o motor propulsor do desenvolvimento das habilidades cartográficas e geográficas. Calcularam o comprimento de um grau, aproximando-se das medidas gregas, construíram esferas celestes e estudaram as projeções. Os mapas eram utilizados no ensino de Geografia de suas escolas, entretanto a representação da Terra continuava a ser o disco. No início do século XIV foi retomada a obra de Ptolomeu, orientando à confecção das Cartas Portulanas (veja o link na Plataforma Moodle), direcionadas aos navegadores. Tais cartas eram utilizadas para navegação e confeccionadas com medições feitas a bússolas. As regiões representadas
  • 20. UniversidadeAbertadoBrasil 20 unidade 1 UniversidadeAbertadoBrasil 20 unidade 1 eram o Mar Mediterrâneo, o Mar Negro e o Oceano Atlântico até a Irlanda. Suas toponímias (nome dos lugares) reduziam-se aos nomes dos portos. Seu auge foi através do Atlas Catalão, no final do século XIV, apresentando a Ásia Oriental, a Índia e o Oceano Índico. Os séculos XV e XVI foram a época da decadência dos Mapas Portulanos, pois com as grandes navegações foi necessário desenvolver um novo modelo de representação da superfície terrestre. seção 4 DO DECLÍNIO DAS CARTAS PORTULANAS À REFORMA DA CARTOGRAFIA A partir do declínio dos Mapas Portulanos, temos um reavivamento cartográfico propiciado pela nova tradução da Geografia de Ptolomeu para o latim em 1405, e a invenção da imprensa por Gutemberg em 1436, o que propiciou a ampliação e a disseminação de documentos cartográficos. Porém, o principal impulso à renovação da cartografia partiu do empreendimento da Escola de Sagres, conforme aponta Cêurio de Oliveira (1988), pois esta escola formava, além do piloto, o cosmógrafo, denominado de cartógrafo. Este profissional ficava responsável pela segurança da navegação. A cartografia, a partir de então, foi orientada para a navegação, sendo estimulada pelo mercantilismo. Diversas escolas foram formadas, objetivando o desenvolvimento da cartografia. Estas se relacionavam às escolas italiana, espanhola, holandesa, francesa e inglesa. Com as grandes navegações nasce a demanda de instituir uma reforma da cartografia, devido à circunstância de que o mundo que era de fato conhecido até 1492 não existia mais. Tais ações estavam ancoradas na busca de uma cartografia mais precisa, que representasse a superfície A toponímia refere-se à lingüística, relacionada aos nomes dos lugares. O estudo da toponímia propicia o conhecimento da mentalidade do denominador, não apenas como elemento isolado, mas também como projeção espacial de seu grupo social, pois, segundo Greimas (1985), os topônimos são designações dos espaços por meio de nomes próprios, que permitem uma ancoragem histórica que constrói um simulacro de um referente externo, para produzir o efeito de sentido ‘realidade’.
  • 21. Cartografia1 21 unidade 1 Cartografia1 21 unidade 1 do Planeta Terra com a maior aproximação possível, utilizando-se, por exemplo, do método de triangulação e da projeção de Mercator. A reforma da cartografia iniciou-se com as determinações de longitude efetuadas pela escola francesa de cartografia, no final do século XVII, mediante observações simultâneas, em vários lugares do mundo, dos satélites de Júpiter. Tal trabalho resultou em um novo mapa-múndi em 1682. Ao lado da França, a escola inglesa produziu diversos mapas, haja vista sua posição no comércio internacional. Para a consolidação de cada Estado foi necessário, durante o séc. XVIII, que fossem feitos levantamentos precisos para atender demandas político-militares. A partir de 1750, os países empreenderam levantamentos detalhados, na maioria das vezes, a cargo do exército. O principal passo para tais levantamentos era, inicialmente, a determinação da posição geográfica de um gride de pontos com coordenadas conhecidas para, em seguida, realizar a determinação da distância de uma linha que seria a base para a triangulação do terreno. O primeiro levantamento feito desta forma ocorreu na França. De 1784 a 1787, os observatórios de Londres (Inglaterra) e Paris (França) foram ligados por triangulação, aumentando a precisão dos levantamentos tanto em um, quanto em outro país. No início do século XX já se tinha quase toda a superfície do planeta mapeada, porém a partir de metodologias e referenciais distintos. Uma solução para tal problema seria homogeneizar a produção cartográfica mundial.(RAISZ, 1969) Desta forma, como você pode ver na figura 4 a seguir, o plano de um mapeamento mundial foi proposto por Albrecht Penck , no Congresso Internacional de Londres, ocorrido em 1909. Esta proposta estabeleceu padrões para confecção de folhas na escala 1: 1.000.000. O objetivo da padronização do CIM (Carta Internacional ao Milionésimo) foi fornecer uma carta de uso geral, permitindo a confecção de outras séries cartográficas. Suas principais características são: Cada folha cobre uma área de 4º de latitude e 6º de longitude;• A divisão dos fusos compreende-se de 6° em 6° a partir do anti-• meridiano de Greenwich, para Oeste, totalizando 60 fusos; Por exemplo, o Brasil é coberto por 46 cartas na escala• 1:1.000.000.
  • 22. UniversidadeAbertadoBrasil 22 unidade 1 UniversidadeAbertadoBrasil 22 unidade 1 Figura 4 - Fusos UTM / Cartas ao Milionésimo. Você deve estar notando que desde os primórdios da cartografia, até aproximadamente o início do Século XX, este conhecimento produzido pela humanidade não serviu, como falado por Yves Lacoste (1988), apenas à tarefa da realização das guerras, mas também, e por que não dizer, acima de tudo, à organização dos territórios, não apenas relacionado às previsões de batalhas, e ao controle de mulheres e homens que habitavam tais territórios. DICA PARA O(A) FUTURO(A) PROFESSOR(A): Um elemento importante que deve ser salientado em sala de aula é o fato de que a Geografia e a Cartografia são, desde o início, saberes estratégicos, ligados a práticas políticas e militares. Outro fato que deve ser enfatizado junto aos seus futuros alunos é que toda forma de conhecimento é estratégico. Assim, a Geografia não é a vilã desta história. No caso da geografia, em hipótese nenhuma este conhecimento se colocou como um saber resultante da busca do saber pelo saber (um conhecimento pseudoneutro). Desse modo a carta é uma das formas de representaçãogeográficaporexcelência,constituindo-secomoferramenta na concepção de táticas e estratégias.
  • 23. Cartografia1 23 unidade 1 Cartografia1 23 unidade 1 Assim, como em diversos momentos da história do homem, o século XX foi o período de grandes transformações na relação do homem com a superfície da Terra, estando a Geografia incumbida, desde os primórdios, da descrição e criação de uma imagem do mundo, cabia a este ramo do conhecimento, a partir de sua ferramenta por excelência, a cartografia, buscar novas formas de representação, não se preocupando apenas com a construção dos documentos cartográficos, mas também com a sua utilização. Este coloca-se como o assunto da próxima Unidade. Leituras complementares: 1) GIRARDI, G. Leitura de Mitos em Mapas: Um caminho para pensar as relações entre Geografia e cartografia. In: Geografares – Revista do Dep. de Geografia da UFES. Vitória, V. 01, nº 01, Jun. 2000. p. 41-50. 2) KATUTA, Â.; SOUZA, J. G. de. Geografia e conhecimentos cartográficos. São Paulo: Editora UNESP, 2001. 146 p. 3) RAIZ, E. Cartografia Geral. Rio de Janeiro: Científica, 1969, p. 7 – 46. 4) Consulte a instigante obra de ficção “Eram os deuses astronautas?” e observe nos anexos do texto um rico material com antigas representações cartográficas. Por exemplo, os mapas registrados nos livros do almirante turco Pire Reis (século XVI). Referência: DÄNIKEN, E.V. Eram os deuses astronautas? 49 ed. São Paulo: Companhia Melhoramentos, 2000.180 p. (Tenha mais informações a partir da Plataforma Moodle, no Link “Erich von Däniken”. Caro futuro professor (a), nossa trajetória percorreu os caminhos da História da Cartografia. Você acompanhou que o desenvolvimento da Cartografia não foi linear, composto por avanços e retrocessos. Porém, analisando esta história a partir de um tempo longo, grandes avanços ocorreram desde a produção cartográfica realizada pelos Nativos da Ilhas Marshall, ao mapeamento sistemático proposto por Albrecht Penck em 1909. Percebemos que a Cartografia sempre foi de fato uma ferramenta, que além de ser utilizada para e pela guerra, tinha e tem por finalidade a organização dos territórios e de suas populações. Nunca se colocou como um saber neutro, mas um conhecimento utilizado na estruturação de táticas e estratégias.
  • 24. UniversidadeAbertadoBrasil 24 unidade 1 UniversidadeAbertadoBrasil 24 unidade 1 1) Faça uma experiência parecida com a de Erastóstenes. Instale, no prumo, uma haste de madeira no solo com a mesma altura em dois locais diferentes, um ao norte e outro ao sul de sua casa. Registre o tamanho da sombra (da haste) de preferência ao meio dia em um dos dois locais. No mesmo horário peça a um colega fazer o mesmo registro no outro ponto. Você não conseguira medir a partir desta experiência o tamanho do Planeta Terra, assim como fez Erastóstenes, mas poderá demonstrar a sua curvatura local. 2) A partir da Plataforma Moodle, acesse o site do IBGE e busque os Manuais de Geociências. Faça uma leitura das páginas 10 a 12 de “Noções Básicas de Cartografia”. 3) Responda em três linhas. Qual é a relação entre Cartografia e Geografia?
  • 27. Cartografia1 27 unidade 1 Cartografia1 27 unidade 2 A Cartografia Teórica OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM Identificar as principais correntes da Cartografia Teórica■■ ROTEIRO DE ESTUDOS SEÇÃO 1 - A gênese da cartografia teórica■■ SEÇÃO 2 - Teoria da informação e comunicação cartográfica■■ SEÇÃO 3 - Teoria da modelização■■ SEÇÃO 4 - Teoria da semiologia gráfica■■ SEÇÃO 5 - Teoria da cognição■■ UNIDADEII Almir Nabozny Joseli Maria Silva Marcio Jose Ornat
  • 28. UniversidadeAbertadoBrasil 28 unidade 2 PARA INÍCIO DE CONVERSA Nestaunidadeconvidamosvocêfuturoprofessor(a)aumacaminhada pela chamada “Cartografia Teórica”. Nesse percurso passaremos por diferentes momentos de discussões teóricas em torno da Cartografia. São diferentes as preocupações dos autores, entre elas a identificação do documento cartográfico à uma mensagem, pressupondo, portanto, uma relação informativa entre um emissor e diferentes interlocutores, inclusive nós professores! seção 1 A GÊNESE DA CARTOGRAFIA TEÓRICA A cartografia buscava se afirmar como um ramo independente do conhecimento, estabelecendo como foco, a partir de 1930, a produção e a reflexão voltadas para a Cartografia Temática, disciplina a qual você cursará na seqüência do curso. Como visto por Rosely e Edison Archela (2002), a cartografia teórica começou a desenvolver-se, ainda, sob o domínio da geografia acadêmica, datada do século XIX, orientando seus objetivos a uma cartografia técnica. Os geógrafos, que se ocupavam da confecção de mapas, direcionavam sua atenção para as projeções cartográficas e as cores de mapas, as formas de representação do relevo e a elaboração de Atlas. Archela Archela (2002) em suas reflexões sobre as “Correntes da Cartografia Teórica e seus Reflexos na Pesquisa”, apontam que os geógrafos que tinham ligação com as pesquisas regionais (lembrar-se das disciplinas de Conhecimento Geográfico I e II), possuindo interesse em mapas, os reconheceram como campo de estudo, tendência esta que ocorreu na Alemanha com Penk, Koppen, e Hetter. Nos EUA, o cartógrafo Erwin Raisz (1969) enfatizou os aspectos científicos e artísticos dos mapas e, após o término da 2ª Guerra Mundial, o núcleo de discussão da cartografia passa da Alemanha para os EUA
  • 29. Cartografia1 29 unidade 2 e para a Inglaterra. Após este momento, a cartografia desenvolve-se de forma acentuada. As associações cartográficas de todo o mundo reúnem-se em 1959, na Associação Cartográfica Internacional (ACI) (veja o link “International Cartographic Association” através da Plataforma Moodle), constituindo- se como um foro de trocas teórico-técnicas. A partir de 1966, a ACI definiu a cartografia como sendo: O conjunto de estudos e operações científicas, artísticas e técnicas que intervém a partir de resultados de observação direta ou da exploração de uma documentação existente, tendo em vista a elaboração e a preparação de plantas, mapas e outras formas de expressão, assim como sua utilização. (ARCHELA ARCHELA, 2002, p. 162) Toda esta movimentação constituiu a década de 70 como o marco na discussão dos modelos de comunicação cartográfica, buscando o estabelecimento de uma cartografia teórica. A partir disto, diversos modeloscartográficosforamdesenvolvidoscomo,aTeoriadaComunicação Cartográfica, a Teoria da Modelização, a Teoria da Semiologia e a Teoria da Cognição. Esses tópicos (em itálico) serão desenvolvidos na seqüência desta disciplina. seção 2 TEORIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO CARTOGRÁFICA Quando comparamos um mapa com uma fotografia aérea ou mesmo com uma imagem de satélite e nos questionamos sobre qual dos documentos traria mais informações, a primeira impressão é que devido ao fato de ser um recorte da vida cotidiana, a imagem de satélite ou a fotografia aérea traria mais informações. Não é mesmo? Está impressão é equivocada, e isso deve ser muito lembrado por você em sala de aula, pois estes equívocos são muito corriqueiros. Isso se dá devido ao fato de uma fotografia aérea ou imagem de satélite nunca trazer mais informações que um mapa.
  • 30. UniversidadeAbertadoBrasil 30 unidade 2 O mapa é resultado de uma construção arbitrária e seletiva, podendo as informações serem ou não salientadas. Com o mapa, também podemos trabalhar com uma infinidade de escalas, servindo aos mais diversos propósitos e objetivos. Independente da forma em que a informação é adquirida, o construtor do mapa tem o objetivo de construir a distribuição espacial dos fenômenos. Portanto, o mapa é um veículo de informação. Perceba que as informações não estão desconectadas de sistemas de sinais ou meios/veículos aptos a transmitir tais sinais e comunicar- lhes. Portanto, podemos dizer que a teoria da informação inclui a teoria da comunicação. A teoria da informação surge na década de 40 como uma teoria estatística e matemática, originada na área da telegrafia e telefonia, consolidando-se como disciplina científica, com a função de apresentar fatos numa ordenação lógica, visando a síntese e desenvolvendo uma metodologia de valor operacional, aplicável a vários setores e às ciências humanas (ARCHELA ARCHELA, 2002). A teoria da comunicação nasceu para solucionar problemas técnicos de comunicação. E está reflexão auxiliou na criação de uma nova abordagem na cartografia, abriu espaço para um caminho de pesquisa em cartografia chamado de “Comunicação Cartográfica”. A mesma teoria contribui para a proposta realizada por Kolacny, o qual definiu a “cartografia como teoria, técnica e prática de duas áreas de interesse: a criação e o uso dos mapas” (KOLACNY apud QUEIROZ, 2007, p. 140). Para Kolacny é de fundamental importância que o documento cartográfico satisfaça as necessidades do usuário em relação à necessidade do mapa, ao interesse e à tarefa. O propósito do mapa deve estar refletido em sua estruturação geométrica (ortogonal e escalonada) e simbólica. Acompanhe na figura 5 o processo de comunicação cartográfica. Figura 5 - Modelo do Processo de Comunicação Cartográfica - (KOLACNY apud CASTRO, 2004)
  • 31. Cartografia1 31 unidade 2 Observe que o modelo de comunicação ou processo de comunicação proposto por Kolacny é composto por uma dinâmica de alimentação e retroalimentação, é estruturado em duas fases: a primeira fase, (de 1 a 4) caracteriza-se pela criação do mapa e a segunda fase (de 5 a 7) relaciona- se ao consumo do mapa. Portanto, o processo de construção do documento cartográfico não exclui a Realidade, formada pela percepção de mundo, tanto do cartógrafo como do usuário da carta/mapa. Ambas compõem o documento cartográfico. seção 3 TEORIA DA MODELIZAÇÃO A Teoria da Modelização foi introduzida no Brasil na década de 1970. Como visto por Rosely e Edison Archela (2002), esta introdução se fez a partir dos trabalhos realizados no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na UNESP de Rio Claro e na UFRJ. O principal apoio do seu desenvolvimento é a informática. Esta corrente de reflexão da cartografia tem por referência a afirmação de que o mapa é um modelo do real, resultado de métodos científicos de investigação. Um dos primeiros teóricos a apresentar o mapa como um modelo do real foi Board, em seu trabalho denominado “Ciclo do Modelo Mapa”. Essa apreensão era subsidiada na necessidade da aceitação de que os mapas enquanto modelos, são conceituais e generalizações da realidade. Outro autor, citado por Queiroz (2007) como construtor da Teoria da Modelização foi Aslanikashvili. Ele concebeu a modelização cartográfica como um método científico de investigação, e fez uso do mapa para descrição, análise e cognição científica dos fenômenos naturais ou sociais (QUEIROZ, 2007). E partindo do método cientifico de investigação André Libault (1971) propôs um roteiro com base essencialmente cartográfica, estruturado em quatro itens: O compilatório, o correlativo, o semântico e o normativo Nessa estrutura, o trabalho cartográfico apresenta em um primeiro momento a compilação, ou seja, o momento em que ocorre o levantamento
  • 32. UniversidadeAbertadoBrasil 32 unidade 2 dos dados a serem utilizados nesta representação gráfica, tanto dados primários (que o pesquisador levanta em campo) como secundários (informações coletadas em instituições de pesquisa, órgãos de Estado, etc.). Osegundomomentodotrabalhoestánonívelcorrelatório,naanálise dos dados segundo aspectos de homogeneidade e comparabilidade, constituindo uma ordenação espaço-temporal das informações, buscando estruturar condições que caracterizassem um fenômeno geográfico. Para Libault (1971) estas correlações devem ser estabelecidas entre manifestações de um mesmo fenômeno em diversos locais de ocorrência, segundo as variáveis características e a valoração destas atividades. O próximo passo é estabelecer um coeficiente de correlação. O terceiro momento é o semântico, localizando os elementos parciais dentro de um problema global, estabelecendo uma síntese do fenômeno. O último momento é o normativo, estruturado a partir da formulação de um modelo resultante da seleção e correlação das variáveis estudadas, envolvendo a tradução do resultado em um conjunto de normas aproveitáveis. No Brasil, Simielli (1979) aplicou a proposta da teoria da Modelização na cidade de Jundiaí, a partir da correlação das cartas de hipsometria, declividade, isotermas anuais, solos, geologia, formas de processos de erosão e uso do solo. O resultado atingido por Simielli foi a construção de uma carta de capacidade de uso da terra. Demonstrando a partir da localização das variáveis estudadas, quais eram os tipos de uso permitidos ou não permitidos. Hoje o reflexo mais moderno da teoria da modelização está na introdução e utilização do SIG, ampliando a capacidade de análise automatizada das informações espaciais. Os principais resultados desta orientação teórica encontram-se nos seguintes modelos: Estado Isolado de Von Thuner; Lugares Centrais de Christaller; Localização Industrial de Weber; Centro e Periferia de Freedman; Pólos de Crescimento de Perroux. (ARCHELA ARCHELA, 2002)
  • 33. Cartografia1 33 unidade 2 DICA PARA O(A) FUTURO(A) PROFESSOR(A): Acesse o ambiente “Território Livre”, através da Plataforma Moodle e conheça o SIG KOSMO-BR, faça download, leia o tutorial em português, etc. seção 4 TEORIA DA SEMIOLOGIA GRÁFICA A Semiologia Gráfica é uma das correntes da Cartografia Teórica que se desenvolveu no Brasil a partir da década de 1980. Esta corrente se desenvolveu em resposta às dificuldades encontradas principalmente quanto à representação gráfica. A Semiologia Gráfica “tem suas raízes no estruturalismo de Ferdinand de Saussure, que criou a Semiologia Geral como ciência que estuda os signos” (QUEIROZ, 2007, p. 140). Contudo, seu desenvolvimento teve início na década de 1960 na França, no ano de 1954, quando Jacques Bertin cria o Laboratoire de Cartographic da École Pratique des Hautes Études. Entre os anos de 1960 a 1967, período de experimentação e reflexão, Bertin sistematiza suas análises, definindo as variáveis visuais, estruturando as primeiras regras de construção da imagem gráfica, no livro Semiologie Graphique, em 1967. OsegundomomentodaSemiologiaGráficapodeserdelimitadoentre os anos de 1967 a 1985, momento este de divulgação e desenvolvimento dos tratamentos gráficos. Os quais para Bertin (1986) são o tratamento dos dados a partir de algumas metodologias como a Matriz Ordenável, o Fichário Imagem, a Coleção de Mapas e a Tabela Ordenada, constituindo- secomoalternativasàestruturaçãodasconstruçõesgráficas.Internamente O Sistema de Informação Geográfica (SIG) é um importante domínio para investigação e intervenção espacial. Embora suas raízes sejam antigas, refere-se, de forma simplificada, ao tratamento computacional de dados georreferenciados, entendendo estes como as informações que contêm um componente espacial, um atributo geométrico ou gráfico, descrevendo um local ou a distribuição espacial de fenômenos geográficos. (Veja na Plataforma Moodle o link “ Servidor de mapas do Núcleo Curucutu – SP”.
  • 34. UniversidadeAbertadoBrasil 34 unidade 2 a este período, Bertin reedita a obra Semiologie Graphique em 1973 e lança La Graphique et le traitement graphique de l’information em 1977 (ARCHELA, 2001). O período de 1967 a 1985 foi o mais produtivo, em que as pesquisas interdisciplinares, foram divulgadas em diversos países, entre eles o Brasil. Para Archela (2001) o desenvolvimento da Semiologia Gráfica no Brasil aconteceu em três momentos: 1°• momento entre os anos de 1980 a 1985, período da introdução deste enfoque em periódicos de circulação nacional; 2°• momento, de 1985 a 1989, constituído por um grande volume de produção científica, aproximadamente 50 % das publicações; 3°• momento, entre 1989 a 1995, período da apresentação de um grande número de dissertações de Mestrado baseadas na Semiologia Gráfica no ensino da Geografia. Os resultados totais da Semiologia Gráfica à Cartografia Brasileira foram que dos 100% dos trabalhos, 60% relacionavam-se ao ensino, 30% discutindo a própria Semiologia Gráfica, e os outros 10% referindo-se a outras aplicações desta orientação. Como linguagem cartográfica, a Semiologia Gráfica está fundamentada na Semiótica, que tem por objeto de investigação todas as formas de linguagem, em especial a dos signos, componentes lingüísticos, do sistema de informações cartográficas. Desta forma a Semiologia Gráfica pode ser compreendida como um conjunto de diretrizes que orientam a elaboração de mapas temáticos com o uso de símbolos caracterizadores das informações. (BERTIN, 1986; ARCHELA, 1999, 2001). A Teoria da Informação demonstra que, quando, a quantidade de informações fornecida em uma superfície não é muito grande, a imagem da informação é percebida num instante. Caso contrário, a visão é levada a explorar a imagem, fixar-se em um certo número de pontos, memorizá-los e realizar a integração. Este processo é estruturado nas três variáveis sensíveis de percepção visual: a Variação de Sinais e duas Dimensões no Espaço Plano, ou seja, a localização do fenômeno com suas coordenadas. Esta forma de apreensão das informações não é natural nem espontânea, requerendo aprendizagem. Portanto, temos a linguagem gráfica como um sistema de significado e significante. Os Significados são as relações entre as informações a serem apresentadas, que podem ser de diversidade, ordem e proporcionalidade, ou seja, as informações podem
  • 35. Cartografia1 35 unidade 2 ser diversas, podem estar em ordem ou podem ser proporcionais. Os significantes são as variáveis visuais que representam graficamente estas relações. Vejamos a figura 6 a seguir: Os significantes podem ser descritos da seguinte forma: Tamanho1. : Variação entre pequeno – médio – grande. Valor2. : Variação de tonalidade do branco ao preto. Granulação3. : Variação de repartição do preto no branco onde deve-se manter a mesma proporção de preto e de branco. Cor4. : Variação das cores do arco-íris, sem variação de tonalidade, tendo as cores a mesma intensidade. Usar Figura 6 - Significantes e Significados de Bertin ³ 3 Elaborado por Castro, 2004.
  • 36. UniversidadeAbertadoBrasil 36 unidade 2 vermelho, verde e azul é usar a variável cor. Quando a variável é azul-claro, azul-médio, azul-escuro, a variável é valor. Orientação5. : São as variáveis de posição entre vertical, oblíqua e horizontal. Forma6. : Agrupa todas a variáveis, geométricas ou não. Assim, você deve perceber que a cartografia é compreendida como uma forma de linguagem visual, estruturada a partir de leis de percepção das imagens. Dessa forma, ela deve ser muito utilizada no ensino geográfico, comunicando informações e possibilitando a apreensão da realidade, do resultado da relação do homem na superfície da Terra. seção 5 TEORIA DA cognição O mapa para a Teoria da Cognição Cartográfica é avaliado como uma fonte variável de informação, fonte esta que depende das características do usuário (GIRARDI, 2000). Esta teoria como método cartográfico envolve operações mentais como a comparação, a abstração, a análise, a generalização, a síntese e a modelização cartográfica. Sua Base é a Psicologia, tendo a Cartografia a preocupação com o processo de leitura do mapa, demonstrando grande influência da Semiologia Gráfica. Evidenciando o caráter cognitivo de produtor e usuário/leitor de mapas, orientados ao processo de comunicação cartográfica, Queiroz (2007) aponta os principais trabalhos a serem citados, desenvolvidos por Robinson e Petchenik (1976), Petchenik (1977; 1985), Olson (1979), Guelke (1979), Gilmartin (1981), Lloyd (1988; 2000) e Montello (2002). Para a autora, todos os trabalhos tinham por meta desenvolver reflexões relacionadas aos processos cognitivos pelos quais os usuários de mapas concebem e compreendem o espaço e suas representações. Consideram, não apenas os elementos próprios dos mapas, mas principalmente, os mecanismos que levam os usuários a entendê-los (QUEIROZ, 2007, p. 141). As principais contribuições da Teoria da Cognição são a construção de mapas mentais e a alfabetização cartográfica. Assim, o primeiro
  • 37. Cartografia1 37 unidade 2 trabalho desenvolvido no Brasil sob esta corrente foi o desenvolvido por Lívia de Oliveira (1978), baseado em Piaget. Como visto por Gisele Girardi (2000), a partir dos anos 60, momento em que a cartografia busca estabelecer-se como campo do conhecimento, têm-sedoisencaminhamentosàdiscussãocartográfica,aproduçãotécnica do mapa e a teoria. Nos anos 80 e 90 as várias teorias são reorganizadas em três linhas de pesquisa atuais (ver figura 7): a linguagem cartográfica, os sistemas de informação geográfica e a alfabetização geográfica. Figura 7 - Caminhos da Pesquisa em Cartografia Teórica – (GIRARDI, 2000). O desenvolvimento de toda a Cartografia Teórica aponta para a existência de uma grande divergência pautada por oposições de encaminhamentos. Um dos exemplos de divergência teórica pode ser colocadoentreaSemiologiaGráficaeaTeoriadaInformação/Comunicação Cartográfica. Para a segunda, o processo de comunicação é pautado na relação linear Emissor – Código – Receptor. Diferentemente desta concepção, para Bertin (1986) o processo de comunicação cartográfica é monossêmico,poisredatoreusuáriododocumentocartográficoparticipam do mesmo processo, colocando-se na mesma situação perceptiva, buscando ambos descobrir a informação contida implicitamente nos dados em relação à diversidade, à ordem e à proporcionalidade. Outra ponderação realizada por Bertin (1986) refere-se a idéia de que a construção dos mapas assenta-se sobre o fato de que estes não
  • 38. UniversidadeAbertadoBrasil 38 unidade 2 devem apenas responder à pergunta: Onde fica? Necessitam responder a outras questões como Por quê? Quando? Por quem? Para que finalidade? Para quem? pois as pessoas que fazem mapas não devem desconsiderar o contexto em que a informação cartográfica é usada, pois a cartografia não é neutra. Contudo, todas as teorias apresentam elementos comuns, como realidade – criador de mapas – usuário de mapas – imagem da realidade, contribuindo tal fato para o desenvolvimento da cartografia, ganhando o mapa status efetivo de meio de transmissão de informação e ferramenta de compreensão da realidade. Assim, como no exercício proposto em relação à Teoria da Informação e Comunicação Cartográfica, realize outras atividades de construção de Representações junto aos seus futuros alunos. Isso contribui imensamente na fixação e compreensão dos conteúdos tratados, pois é a partir desta prática que você futuro professor(a), junto com seus alunos, torna-se construtor do conhecimento. A Cartografia Teórica não está desconectada do desenvolvimento da cartografia na sua acepção mais ampla. Ela abre-se como uma nova frente de reflexão, buscando representar os mais variados fenômenos, tanto sociais como naturais. Sua discussão não se coloca apenas na produção dos documentos cartográficos, mas também relaciona-se a sua utilização. Várias correntes colocam-se na posição de reflexão, vendo o mapa de diferentes e até de formas divergentes. Assim, o mapa é visto: Na Teoria da Informação / Comunicação Cartográfica como um veículo de informação;• Na Teoria da Modelização o mapa é visto como um modelo de real;• Na Teoria da Semiologia Gráfica o mapa é visto como um conjunto de signos;• Na Teoria da Cognição o mapa tido como uma fonte variável de informações, dependendo• das características do usuário. Mesmo existindo divergências entre as diversas correntes, alguns elementos comuns são preservados na reflexão, como realidade – criador de mapas – usuário de mapas – imagem da realidade.
  • 39. Cartografia1 39 unidade 2 1) Construa uma representação de alguma espacialidade de seu cotidiano (croqui). Estabeleça alguns símbolos padrões, crie legendas. Posteriormente, apresente a representação gráfica a um colega. Se esse conseguir ler a representação construída, o objetivo foi atingido. Caso contrário, ela deve ser repensada. Isso pode ser de grande auxílio para você no entendimento (construção) dos signos cartográficos, o que facilitaria sua leitura de documentos prontos. Uma vez que essa é uma linguagem- comunicação. 2) Através da Plataforma Moodle, acesse os sites do “INPE” e “Scielo”. Faça uma busca de artigos ou textos tendo como chave de pesquisa a expressão “cartografia”. Depois elabore um resumo, relativo ao um artigo de sua escolha. DICA: Uma atividade possível de realizar com seus futuros alunos é a realização de “croquis mentais”. Dividem-se os alunos em grupos, cada qual com uma prancheta e um lápis, os mesmos deverão sair ao pátio da escola, por exemplo, e fazerem algumas representações desse espaço escolar. Pôr legendas nas figuras representadas sem, entretanto, escrever o que está sendo representado. Depois os grupos deverão trocar os desenhos e escrever nas legendas dos colegas o que cada símbolo representa, de modo que os alunos percebam que a cartografia é uma linguagem, a qual para o seu aprendizado perpassa pelo entendimento da construção de seus signos. Tal como quem aprende as letras, para saber ler um texto. Leituras Complementares 1) GOMES, M. do C. A. Velhos mapas, novas leituras: revisitando a história da cartografia. In: GEOUSP – Espaço e Tempo, São Paulo, n° 16, p. 67 – 79, 2004. 2) SEEMANN, J. Mapas, mapeamento e a cartografia da realidade. In: Geografares, Vitória, n° 4, p. 49 – 60, junho de 2003.
  • 41. Cartografia1 41 unidade 3 OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM ROTEIRO DE ESTUDOS UNIDADEIII Formas de representação cartográfica Apropriar-se das formas de representação cartográfica.■■ SEÇÃO 1 - Cartografia e representação gráfica■■ SEÇÃO 2 - O Globo■■ SEÇÃO 3 - O Mapa■■ SEÇÃO 4 - A Carta■■ SEÇÃO 5 - As Representações Por Imagem■■ Almir Nabozny Joseli Maria Silva Marcio Jose Ornat
  • 42. UniversidadeAbertadoBrasil 42 unidade 3 PARA INÍCIO DE CONVERSA Muitas vezes no nosso cotidiano, e até mesmo em sala de aula, utilizamos a palavra “mapa” de forma indiscriminada para se referir a todos os documentos cartográficos. Na unidade III discutiremos, junto com você, futuro professor (a), as formas de representação e sua nomenclatura específica. As formas de representação por traço e por imagem. Os elementos que diferenciam um do outro demonstram que, no afinco de representar a realidade, o cartógrafo busca, a partir dos objetivos traçados, dos resultados esperados na utilização do documento cartográfico e da infra-estrutura à disposição na construção da representação, realizar a construção de um documento cartográfico o mais adequado. Mas, tal distinção, se faz também na utilização dos documentos cartográficos no ensino geográfico. Sendo o documento cartográfico a ferramenta por excelência da Geografia, a sua utilização deve estar respaldada no conteúdo a ser trabalhado na sala de aula, referente à amplitude geográfica dos fenômenos. Assim, cada forma de representação não é excludente às demais, podendo ser utilizada de forma simultânea, cabendo ao professor a escolha da mais adequada representação ou do conjunto. seção 1 CARTOGRAFIA E REPRESENTAÇÃO GRÁFICA Em nosso dia a dia, costumeiramente chamamos um objeto onde fazemos nossas refeições de mesa, e o objeto onde sentamos de cadeira. Por mais que tenhamos isso como natural, isso não passa de uma convenção produzida por determinada cultura, convenção esta que é feita por grupos de pessoas que buscam nomear objetos. Isso também acontece nos conhecimentos técnicos e científicos. Em 1966 a Associação Cartográfica Internacional definiu convencionalmente a Cartografia como sendo o conjunto das operações
  • 43. Cartografia1 43 unidade 3 científicas-técnicas que intervêm na realidade, trabalhando com dados primários ou secundários. Seu objetivo principal é a construção de material gráfico, para representação da superfície da Terra. Contudo, esta representação da superfície terrestre pode ser feita de duas formas: por traço e por imagem. Nesta seção, trataremos com você destas duas formas gerais de representação: O Globo, o Mapa e a Planta, representações por traço;• O Mosaico, a Fotocarta, a Ortofotocarta, o Ortofotomapa, o• Fotoíndice e a Carta Imagem, representações por imagem. seção 2 O GLOBO O primeiro a representar o planeta Terra como um globo, segundo Cêurio de Oliveira (1988), foi o cosmógrafo e navegador alemão Matinho Behain, em 1491. Utilizou para sua representação gráfica o planisfério de Henrique Martello, atualizado pela viagem portuguesa à África. A partir desta construção, os globos terrestres passaram a ser construídos com freqüência, não apenas globos geográficos, mas celestes. Mercator, em 1541, construiu um globo para aplicação náutica. No entanto, o mais conhecido fabricante de globos foi o cosmógrafo oficial de Veneza, Vincenzo Corenalli, medindo a maioria de seus globos 1,5 m de diâmetro (veja na Plataforma Moodle o link “ Globo de Vincenzo Corenalli”). Podemos definir o globo como uma das melhores formas de representação da superfície da Terra, devido à similaridade do real com o reproduzido. Todavia, possui algumas desvantagens, relacionadas à escala4 pequena em que é concebido. Na maioria das vezes, é produzido sem apresentar detalhes topográficos, os quais são visíveis, por exemplo, em representações de maior escala, como as cartas topográficas. A utilização inadequada do globo resulta na seguinte frase: o norte fica para cima, não é professor (?)! 4 Maiores detalhes referentes à questão da Escala Cartográfica serão abordados na disci- plina de Cartografia II. Todavia, ao cursar essa próxima disciplina lembre-se de compa- rar a Escala Cartográfica com a discussão de Escala Geográfica, presente na disciplina de Conhecimento Geográfico II.
  • 44. UniversidadeAbertadoBrasil 44 unidade 3 Devemos lembrar que não existe acima ou abaixo no universo. Da mesma forma, isso não pode ser verdade em relação ao planeta. A melhor utilização do globo é orientando o norte desta representação em relação ao norte geográfico da escola. Isso desconstrói um conjunto de mal entendidos que trazemos para a escola. Essa é a melhor forma para que você, futuro professor(a), trabalhe o globo em sala de aula. seção 3 O MAPA A representação denominada Mapa, segundo o Manual Técnico em Geociências do IBGE (1999), relaciona-se a uma representação plana e em escala pequena, representando uma área delimitada por características físicas ou político-administrativas. NoDicionárioCartográfico,deCêuriodeOliveira,omapaéconcebido como “uma representação gráfica, geralmente em uma superfície plana e em determinada escala, das características naturais e artificiais, terrestres ou subterrâneas, ou ainda de outro planeta” (OLIVEIRA 1987, p. 322). Para o autor, as feições geográficas são localizadas o mais próximo das suas áreas de ocorrência, sendo fundamental a existência de uma relação entre as informações e uma malha de coordenadas. Segundo o tipo de usuário do mapa e o objetivo da sua construção, podemos classificar os mapas em: Mapas Gerais, Mapas Específicos e Mapas Temáticos. O mapa geral é aquele que atende a uma plêiade de possibilidades de utilização e de usuários. Um exemplo deste tipo de representação pode ser o mapa do Território Nacional na escala 1: 5.000.000. O qual contém além do limite político-administrativo, as principais informações sócio- naturais. Porém, se as informações são gerais, elas são insuficientes a diversas atividades como, por exemplo, a medição entre duas cidades. Essa leitura de distâncias pode ser realizada, todavia, com resultados sempre aproximados. Jáosmapasespecíficossãofeitosobjetivandoatenderaumaclientela
  • 45. Cartografia1 45 unidade 3 específica, como por exemplo, um mapa náutico, um mapa magnético, etc. Como notado, estas formas de representação são destinadas à demonstração de fenômenos específicos, fixados aos assuntos e atividades aos quais estão ligadas na atividade de sala de aula, por exemplo. Em relação aos mapas temáticos, esta representação ocorre sobre um fundo geográfico básico, que busca representar fenômenos os mais variados possíveis, como fenômenos geológicos, populacionais, econômicos, etc. Assim, devemos utilizar em sala de aula mapas adequados aos nossos objetivos de ensino, não como um objeto ornamental de sala de aula. seção 4 A CARTA A Carta é uma representação plana, com escala média a grande, cujos limites são constituídos por coordenadas, relacionadas a séries cartográficas. Segundo Cêurio de Oliveira (1987), a carta busca representar os aspectos naturais e artificiais do planeta Terra, que permitem a quantificação precisa de distâncias, direções e localizações. A principal distinção do mapa em relação à carta é que esta é produzida em folhas, de forma sistemática, que obedecem a um plano nacional ou internacional. Um exemplo típico seriam as cartas ao milionésimo, do mapeamento sistemático internacional que produziu cartas na escala 1: 1.000.000, já tratada em tópicos acima. As cartas, assim como os mapas, podem ser agrupadas ou classificadas, agora não pelo objetivo a ser alcançado, mas em relação à escala em que foi produzida. Podemos, desta forma, agrupar as cartas em três categorias: cartas em grande, pequena e média escala. Uma carta em escala grande, detalhada ao extremo e com grande precisão métrica, pode ser denominada de Carta Cadastral. É um tipo de representação consagrada ao cadastro urbano, mas também orientada à implantação de obras de engenharia. Oliveira (1988) aponta que se incluem entre as cartas em grande escala as cartas com escala 1: 500, 1: 1.000, 1: 2.000 e 1: 5.000.
  • 46. UniversidadeAbertadoBrasil 46 unidade 3 Outro elemento que deve ser levado em consideração é o fato de que, quando temos uma carta em escala grande, significa que o nível de detalhamento é maior em relação a outra carta com escala menor. Onde consequentemente o nível de detalhamento é menor. Isso deve ser muito bem trabalhado junto aos seus futuros alunos, para que quando você for trabalhar com Escala, não se produzam inconvenientesfuturos,notocanteaestarelaçãoentredistânciagráfica(nodocumento cartográfico) e a real (medida encontrada em campo). Depois desta atenção, podemos considerar as cartas em escala média os documentos que possuem as cartas com escala de 1: 25.000, 1: 50.000, 1: 100.000 e 1: 250.000. Estas também podem ser denominadas de cartas topográficas. O documento que tem esta denominação carrega consigo tanto informações de caráter natural como social, permitindo determinações tanto altimétricas como planimétricas. Da mesma forma que a variação das cartas topográficas é considerável, sua utilização também o é. Ascartasquepossuemescalade1:500.000oumenorespodemserdenominadas de cartas em escala pequena ou cartas geográficas. De acordo com o Dicionário da Associação Cartográfica Internacional, visto por Oliveira (1988), denomina-se carta geográfica a carta elaborada em uma escala muito pequena que permite uma apresentação geral dos dados de uma região, regiões ou continente. A representação de localidades ou do relevo é sempre aproximada, buscando sempre dar uma noção das diferenças de nível contidas neste recorte espacial. seção 5 AS REPRESENTAÇÕES POR IMAGEM Referente às formas de representação por Imagem, a relação entre o produto e as suas características podem ser diferenciadas em representações por Mosaico, Fotocarta, Ortofotocarta, Ortofotomapa, Fotoíndice e a Carta Imagem. A representação por Mosaico entende-se como um conjunto de fotos aéreas de determinada área, montada de forma a dar a impressão de que Sempre quando falamos que uma carta ou um mapa está em escala grande, primeiramente temos de levar em consideração de que este grande ou pequena é sempre em relação a outra carta com escala distinta.
  • 47. Cartografia1 47 unidade 3 todo o conjunto é uma única foto. Podem ser classificadas como: “Mosaico controlado”, quando as fotografias são montadas a• partir de correção, utilizando-se de coordenadas geográficas; “Mosaico não-controlado”, quando é preparado apenas a partir• do ajuste das fotografias; “Mosaico semi-controlado”, quando usa um controle de terreno• com fotos não corrigidas, ou fotos corrigidas, mas sem pontos de controle. A forma de representação por Fotocarta é um mosaico resultante de um tratamento cartográfico planimétrico. Já a Ortofotocarta é a transformação de uma fotografia, com projeção central do terreno, para um documento com projeção ortogonal, já contendo elementos de um mapa. O Ortofotomapa é um conjunto de várias ortofocartas de uma determinada região. O Fotoíndice é uma montagem por sobreposição de fotografias formando um índice cartográfico. Por fim a Carta Imagem é uma imagem georreferenciada, contendo as características de um mapa-carta. Como você pode notar nessa unidade, a Cartografia, a partir de seu conjunto de operações científicas e técnicas, intervém na realidade buscando construir uma representação da realidade. Podemos escolher a forma de representação adequada, dependendo dos objetivos traçados, dos resultados esperados na utilização do documento cartográfico e da infra-estrutura disponível. Portanto, cada tipo de representação refere-se a propósitos específicos. Isso deve ser levado em consideração na sua utilização em sala de aula. Assim, a utilização de cada tipo de representação Cartográfica na atividade docente liga-se aos objetivos esperados da utilização de cada artefato específico, referente a mensuração geográfica de cada fenômeno. Tais formas de representação não são excludentes, podendo ser utilizadas de forma simultânea, como por exemplo, na utilização do mapa do Brasil, com o mapa do Paraná, com uma carta específica do local em questão, em conjunto com Cartas Imagem e Fotocartas. O que cabe a você futuro (a) professor (a) de geografia é escolher a representação, ou o conjunto de representações mais adequadas, maximizando o processo de ensino -aprendizagem do conhecimento geográfico.
  • 51. Cartografia1 51 unidade 4 Formas de representação do Planeta Terra Apreender as formas de representação do Planeta Terra.■■ Compreender as Projeções Cartográficas.■■ SEÇÃO 1 - Forma da Terra■■ SEÇÃO 2 - Sistema de coordenadas■■ SEÇÃO 3 - Projeções cartográficas■■ OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM ROTEIRO DE ESTUDOS UNIDADEIV Almir Nabozny Joseli Maria Silva Marcio Jose Ornat
  • 52. UniversidadeAbertadoBrasil 52 unidade 4 UniversidadeAbertadoBrasil 52 unidade 4 PARA INÍCIO DE CONVERSA Nosso objetivo com a elaboração desta unidade é trazer a você uma leitura que demonstra a busca humana que data de mais de 2.000 anos, a procura pela melhor forma de representação da superfície do Planeta Terra. Um caminho que passa pela necessidade de estabelecimento da forma da Terra. Pelas projeções utilizadas na transformação de uma superfície curva, no caso o Planeta Terra, a uma superfície plana, no caso o documento cartográfico, envolvendo noções de Topografia, Altimetria e Planimetria. seção 1 FORMA DA TERRA A forma de nosso planeta é um tema que há muito tempo vem sendo objeto de pesquisa e reflexão, pois fazendo um apanhado na história, desde a Grécia, este é tema de discussão. Devido ao fato de a forma da Terra não ser estática, mas resultado dinâmico de processos internos e externos, ela não serve como referencial sistemático para estabelecimento de coordenadas relacionadas ao planeta Terra. No modelo real, inexistem definições matemáticas para sua representação. Assim, devemos buscar modelos que representem o Planeta Terra da forma mais aproximada possível. Considerando toda a história da Cartografia, o primeiro modelo a representar a Terra era o disco. Mas, a partir dos experimentos de Eratóstenes e Possidônio, o sólido adotado foi uma superfície matemática simples, a Esfera. Mas o modelo esférico é o mais distante da realidade, devido ao achatamento dos pólos. Uma segunda proposta foi o Geóide. Segundo o matemático alemão Carl Gauss (1777-1855), a forma do planeta é o Geóide, correspondendo à superfície do nível médio dos oceanos, supostamente homogêneo. Este
  • 53. Cartografia1 53 unidade 4 Cartografia1 53 unidade 4 seria derivado da força de atração da gravidade e da força centrífuga de rotação da Terra. Devido ao fato de os diversos materiais que compõem o planeta não serem homogêneos, estes se comportariam de diversas formas frente à força gravitacional. As águas oceânicas buscariam um equilíbrio, procurando ajustar-se a estas forças de gravidade e rotação. Contudo, este modelo se mostrou muito complexo, nascendo à busca de um modelo mais simples para a representação da Terra. Buscando resolver o problema, lança-se mão de uma figura, a Elipse, que girando sobre seu eixo produziria um sólido, um Elipsóide de Revolução (ver figura 8 ). Figura 8 - Elipsóide Desta forma, o elipsóide é a superfície de referência utilizada nos cálculos que fornecem subsídios para a elaboração de representações cartográficas. O modelo Elipsoidal é o mais usual de todos os modelos. No Brasil, é utilizado o Elipsóide de Referência Internacional – 1967 (SAD-69). O qual apresenta a vantagem de ser uma figura conhecida da matemática, cujos elementos são perfeitamente dedutíveis. Cada país adotou um elipsóide de referência para trabalhos geodésicos e topográficos, aproximando-se do geóide da região considerada. As características do Elipsóide (tamanho, características), e sua posição relativa ao Geóide, definem um SISTEMA GEODÉSICO
  • 54. UniversidadeAbertadoBrasil 54 unidade 4 UniversidadeAbertadoBrasil 54 unidade 4 (Datum Geodésico). Como podemos ver na figura 9, três superfícies devem ser levadas em consideração na construção de representações da superfície da Terra: o Elipsóide, o Geóide e a Superfície Topográfica. No Brasil adota-se o SAD – 69 (Sistema Geodésico Sul Americano), com suas características: Elipsóide de referência – UGGI 67 (União Geodésica e Geofísica• Internacional (Semi-eixo maior 6.378.160 m; semi-eixo menor 6.356.774,72 m)); Origem das Coordenadas – Vértice Chuá (MG) Latitude –• 19°45’41,6527”S e Longitude – 48°06’04,0639”W. Altura Geoidal = 0 m. seção 2 SISTEMA DE COORDENADAS A construção de uma representação cartográfica exige o estabelecimento de um método onde cada ponto da superfície da Terra corresponderá a um ponto na representação cartográfica e vice-versa. O Sistema de Coordenadas é de fundamental importância para expressarmos a localização dos pontos sobre uma esfera, elipsóide ou plano. É com base no Sistema de Coordenadas que descrevemos geometricamente a superfície terrestre. Todavia, existem especificidades em relação ao emprego dos Sistemas de Coordenadas. Para o Elipsóide ou Esferóide empregamos um sistema de Figura 9 – Relação entre as três superfícies
  • 55. Cartografia1 55 unidade 4 Cartografia1 55 unidade 4 coordenadasCartesianoeCurvilíneo,compostoporparalelosemeridianos como por exemplo um Globo. Para o Plano, no caso relacionado ao Mapa ou à Carta, empregamos um Sistema de Coordenadas Cartesiano, composto pelas variáveis x e y. Para podermos, de certa forma, amarrar os pontos a serem representados, necessitamos de uma terceira coordenada, denominada de altitude. Observação: Quando relacionada• ao Geóide de altitude ortométrica, Quando relacionada ao• Elipsóide de altitude geométrica, como pode ser visto na figura 10: Figura 10 – Altitude Geométrica e Ortométrica – MAPGEO 2004 – IBGE Independente do fato da utilização de um esferóide, de um elipsóide ou de uma superfície plana, qualquer coordenada é constituída pela junção ou cruzamento de duas informações: Latitude e Longitude. Quando temos a Esfera como referência, temos latitude e longitude geográfica, as quais você pode observar na figura 11. Figura 11 – Sistema de Coordenadas Geográficas
  • 56. UniversidadeAbertadoBrasil 56 unidade 4 UniversidadeAbertadoBrasil 56 unidade 4 A latitude geográfica é entendida pelo arco contado sobre o meridiano do lugar e que vai do Equador até o lugar considerado; A longitude geográfica é compreendida pelo arco cortado sobre o Equador, que vai do Meridiano Greenwich até o Meridiano do referido lugar. Mas quando temos, ao invés de um Esferóide, um Elipsóide, os elementos são alterados. Vejamos a figura 12. Figura 12 – Sistema de Coordenadas Geodésico Quando temos o Elipsóide como referência, temos latitude e longitude geodésica: A latitude geodésica é o ângulo formado pela normal (fio de prumo), ao elipsóide de um determinado ponto e o plano do Equador; A longitude geodésica é o ângulo formado pelo plano meridiano do lugar e o plano meridiano tomado como origem, no caso Greenwich, como visto na figura 12.
  • 57. Cartografia1 57 unidade 4 Cartografia1 57 unidade 4 Figura 13 – Sistema de Coordenadas Planas Quando temos o Plano como referência, temos a latitude relacionada ao eixo das ordenadas (y), e a longitude relacionada ao eixo das abscissas (x), como você pode averiguar na figura 13. seção 3 PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS O principal problema da construção de documentos cartográficos que busquem a melhor aproximação das feições da superfície da Terra assenta-se sobre o fato de que é matematicamente impossível transformar uma superfície curva irregular, no caso a superfície do planeta, em uma superfície plana regular, no caso o documento cartográfico. Para que esta empreitada tenha êxito, devemos utilizar uma superfície de referência. Como visto anteriormente a superfície utilizada atualmente para tais transformações é o Elipsóide. Mesmo sendo possível tal transformação, não existe uma solução perfeita para o problema, não existindo nenhuma projeção livre de deformações, pois a única forma de obtenção de uma representação mais próxima do real, seria a construção de um Globo ou a construção de uma representação em bloco de 3 dimensões (veja na Plataforma Moodle o link “Modelo Digital de Terreno”). Assim, todas as formas de representação de superfícies curvas em superfícies planas envolvem extensões ou contrações que resultam em distensões ou rasgos. Portanto, seria ideal produzir uma representação que reunisse todas as características da Terra, possuindo as propriedades de:
  • 58. UniversidadeAbertadoBrasil 58 unidade 4 UniversidadeAbertadoBrasil 58 unidade 4 Conformidade de formas• Equivalência de áreas• Equidistância de pontos• Uma vez que, a proposta acima citada não tem possibilidade de existência, o processo de representação de uma superfície curva em uma superfície plana é compreendido pelas seguintes etapas: 1° - Adotar um modelo matemático da Terra: Esfera ou Elipsóide de Revolução. 2° - Projetar os elementos da superfície da Terra sobre o modelo escolhido. 3° - Relacionar os pontos do modelo matemático da Terra ao plano de representação (carta). Dessa forma todos os mapas são representações aproximadas da superfície terrestre, porque a Terra, esférica, é desenhada em uma superfície plana. Não podemos transformar uma superfície irregular numa representação plana a não ser por meio de uma anamorfose de acordo com André Libault (1975). A elaboração de um mapa consiste em um método, segundo o qual se faz corresponder a cada ponto da Terra, em coordenadas geográficas ou geodésicas, um ponto no mapa, em coordenadas planas, estando sujeitos a limitações e distorções. De acordo com Nadal (1997) a física utiliza-se para tal transformação de um sistema óptico de lentes reproduzindo em detalhes uma área esférica sobre uma tela e, por esse motivo, em quase todos os idiomas foi adotada a palavra projeção, o que torna esta palavra pouco precisa, pois, na maioria das vezes, o que se tem é uma correspondência matemática e não física. As representações cartográficas podem ressaltar ou omitir determinadas informações, de acordo com o objetivo de quem as propõe. Para se obter essas correspondências, utilizam-se os sistemas de projeções cartográficas, que em linhas gerais são: “Uma correspondência matemática entre coordenadas plano- retangulares da carta e as coordenadas esféricas da Terra” (LIBAULT, 1975, p.105).
  • 59. Cartografia1 59 unidade 4 Cartografia1 59 unidade 4 Trabalhamos sempre com aproximações, não existindo soluções perfeitas para tais transformações. Ainda que estejamos incorrendo numa simplificação, tomemos de empréstimo o exemplo proposto em “Noções Básicas de Cartografia” (IBGE, 1999) em que é sugerido tentar coincidir a casca de uma laranja com a superfície plana de uma mesa. Façamos isso e poderemos ter uma noção das distorções a que submeteríamos a casca. Ela expressa a impossibilidade de uma solução perfeita – livre de deformações. A superfície da Terra é uma superfície curva irregular, porém aproxima-se de um elipsóide. Pode-se transformar o elipsóide em uma esfera com a mesma superfície: constrói-se um globo terrestre. Entretanto, um mapa plano é de fácil manuseio e extremamente útil para uma série de finalidades em sala de aula. Nesse sentido o que se advoga é a escolha de representações que sejam mais favoráveis aos nossos propósitos, seja quando da construção de uma carta, ou quando da escolha de um documento cartográfico pronto para utilização em uma sala de aula, por exemplo. Existem diferentes projeções cartográficas, uma vez que há uma variedade de modos de projetar sobre um plano os objetos geográficos que caracterizam a superfície terrestre. Como a superfície da Terra é curva e irregular, é impossível fazer uma cópia plana desta superfície sem desfigurá-la ou alterá-la. Nesse processo, poucas grandezas podem ser mantidas. Por isso, deve-se escolher entre uma possível conservação dos ângulos, uma proporcionalidade das superfícies ou um outro método que reduza os efeitos da deformação, levando-se em conta o que pretende analisar no mapa. Conceitua-se então grau de deformação. Conseqüentemente, torna-se necessário classificá-las sob seus diversos aspectos, a fim de melhor estudá-las. Classificação das Projeções Cartográficas Analisam-se os sistemas de projeções cartográficas pelo método adotado, tipo de superfície, grau de deformação e quanto ao tipo de contato entre as superfícies de projeção e referenciais:
  • 60. UniversidadeAbertadoBrasil 60 unidade 4 UniversidadeAbertadoBrasil 60 unidade 4 1) Quanto Ao Método a) Geométrica b) Analítica 2) Quanto à Superfície de Contato a) Planas (Azimutais) b) Cônicas c) Cilíndricas d) Poli-superficiais 3) ) Quanto às Propriedades a) Eqüidistantes b) Conformes ou isogonais c) Equivalentes ou isométricas d) Afiláticas 4) Quanto ao tipo de tontato entre as Superfícies de Projeção e Referências a)Tangentes b)Secantes 1) Quanto ao Método a) Geométricas: como o próprio nome sugere, baseiam-se em princípios geométricos projetivos, existindo uma significação física para a projeção. Partindo de um centro o feixe de retas passa por pontos de uma superfície de referência, sendo obtida pela intersecção dessas retas na superfície de projeção. b) Analíticas: baseiam-se em leis matemáticas, para atender a um objetivo prévio. É o caso da maioria das projeções existentes. 2 ) Superfície de Projeção a) Planas (Azimutais): podem assumir três posições básicas em relação à superfície de referência: polar, transversal (equatorial) e oblíqua (horizontal). b) Cônicas: podem ser desenvolvidas em um plano sem que haja distorções. Sua posição pode ser: normal, transversa e oblíqua (horizontal). c) Cilíndricas: podem ser desenvolvidas em um plano. Suas posições em relação à superfície a ser projetada podem ser: equatorial, transversa e oblíqua (horizontal). d) Poli-superficiais: quando é utilizada mais de uma projeção (mesma projeção) o que aumenta a superfície de contato, diminuindo as deformações. Vejamos abaixo o quadro que demonstra toda a classificação sugerida a seguir:
  • 61. Cartografia1 61 unidade 4 Cartografia1 61 unidade 4 Figura 14 – Superfícies de Projeção (IBGE, 1999) 3) Propriedade a) Equidistantes: não apresentam distorções lineares para algumas linhas em especial. Os comprimentos são representados em escala uniforme. Conservam a proporção entre as distâncias, em determinadas direções, na superfície representada. b) Conformes ou isogonais: os ângulos apresentam-se sem deformação.
  • 62. UniversidadeAbertadoBrasil 62 unidade 4 UniversidadeAbertadoBrasil 62 unidade 4 Não deformam pequenas regiões mantendo fidelidade aos ângulos observados na superfície de referência da Terra, o que significa que as formas de pequenas feições são mantidas. Isto, porém, causa distorções nas áreas dos objetos representados no mapa. c) Equivalentes ou isométricas: não alteram áreas. Conservam a relação constante com a superfície da Terra (relações de superfície) , em qualquer porção do mapa representada. d) Afiláticas: não possuem nenhuma propriedade das demais projeções em específico. 4) Tipos de contato a) Tangentes: a superfície de projeção é tangente à referência. No plano é um ponto, no cone ou cilindro uma linha. b) Secantes: a superfície de projeção secciona a de referência. No plano é uma linha, no cone duas linhas desiguais, no cilindro duas linhas iguais. Vejamos a figura 15. Figura 15 – Tipos de Contato Secante
  • 63. Cartografia1 63 unidade 4 Cartografia1 63 unidade 4 1) De que formas podem ser classificadas as Projeções Cartográficas? Quais são as projeções mais utilizadas hodiernamente? 2) De quais formas a humanidade, através da sua história, representou a forma do planeta Terra? Leituras Complementares 1)Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Noções Básicas de Cartografia / Departamento de Cartografia – Rio de Janeiro: IBGE, 1999, 130 p. (Plataforma Moodle). 2)OLIVEIRA, C. de. Dicionário Cartográfico. 3 Ed. Rio de Janeiro: IBGE, 1987, 645 p. Vejamos a seguir o quadro retirado do tutorial do Sistema para Processamento de Informações Georeferenciadas – SPRING (Software desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE) (Veja na Plataforma Moodle)
  • 64. UniversidadeAbertadoBrasil 64 unidade 4 UniversidadeAbertadoBrasil 64 unidade 4 Projeção Classificação Aplicações Características Albers Cônica Equivalente Mapeamentos temáticos. Serve para mapear áreas com extensão predominante leste-oeste. Preserva áreas. Substitui com vantagens todas as outras cônicas equivalentes. Bipolar Cônica Conforme Indicada para base cartográfica confiável dos continentes americanos. Preserva ângulos. É uma adaptação da Cônica de Lambert. Cilíndrica Equidistante Cilíndrica Equidistante Mapas Mundi. Mapas em escalas pequenas. Trabalhos computacionais. Altera áreas. Altera ângulos. Gauss Cilíndrica Conforme Cartas topográficas antigas. Mapeamento básico em escala média e grande. Altera áreas (mas as distorções não ultrapassam 0,5%). Preserva ângulos. Similar à UTM com defasagem de 3 de longitude entre os meridianos centrais. Estereográfica Polar Plana Conforme Mapeamento das regiões polares. Mapeamento da Lua, Marte e Mercúrio. Preserva ângulos. Oferece distorções de escala. Lambert Cônica Conforme Cartas gerais e geográficas. Cartas militares. Cartas aeronáuticas do mundo. Preserva ângulos. Lambert Million Cônica Conforme Cartas ao milionésimo. Preserva ângulos. Mercator Cilíndrica Conforme Cartas náuticas. Cartas geológicas e magnéticas. Mapas Mundi. Preserva ângulos. Miller Cilíndrica Mapas Mundi. Mapas em escalas pequenas. Altera ângulos. Altera áreas. No_Projection Plana Armazenamento de dados que não se encontram vinculados a qualquer sistema de projeção convencional (desenhos, plantas, imagens brutas ou não georeferenciadas, etc.). Sistema local de coordenadas planas. Policônica Cônica Mapeamento temático em escalas pequenas. Altera áreas e ângulos. Substituída pela Cônica Conforme de Lambert nos mapas mais atuais. Latlong - Aramazenamento de dados matriciais com resolução espacial definida em graus decimais. Geometria idêntica a da projeção cilíndrica equidistante. Sinusoidal Pseudo-cilíndrica Equivalente Mapeamentos temáticos em escalas intermediárias e pequenas. Preserva áreas. UTM Cilíndrica Conforme Mapeamento básico em escalas médias e grandes. Cartas topográficas. Preserva ângulos. Altera áreas (mas as distorções não ultrapassam 0,5%).
  • 67. Cartografia1 67 unidade 4 Cartografia1 67 unidade 4 Noções de topografia Apropriar-se das noções de Topografia na leitura do terreno.■■ SEÇÃO 1 - Definições iniciais■■ SEÇÃO 2 - Altimetria e leitura do terreno■■ OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM ROTEIRO DE ESTUDOS UNIDADEV Almir Nabozny Joseli Maria Silva Marcio Jose Ornat
  • 68. UniversidadeAbertadoBrasil 68 unidade 5 UniversidadeAbertadoBrasil 68 unidade 5 PARA INÍCIO DE CONVERSA A Topografia é a ciência que estuda uma área de terra limitada, com pequenas porções da superfície terrestre, sem levar em conta a curvatura da Terra, utilizada para demarcações de áreas, cadastramentos técnicos, etc.Trata-sedeumconhecimentoespecializado. Contudo,importantepara estudarmos as questões de relevo, por exemplo, em que, aqui, nos cabe entendermos alguns aspectos de suas representações com a utilização das noções de topografia para o ensino geográfico. seção 1 DEFINIÇÕES INICIAIS Segundo o Dicionário Cartográfico editado pelo IBGE, de autoria de Cêurio de Oliveira (1987), a palavra Topografia está relacionada a três acepções. Uma primeira diz respeito a uma configuração específica da• superfície de determinado planeta, não sendo apenas reservada à Terra. Tal configuração inclui o relevo, as posições de cursos d’água, estradas, aglomerações populacionais, etc. Como visto nas palavras do autor, Topografia se entende por O conjunto de características naturais e físicas da Terra. Um acidente simples, como uma montanha ouumvale,édenominadodeacidentetopográfico. A topografia é subdividida em hipsografia (os aspectos do relevo), em hidrografia (a água e os aspectos relativos à drenagem), em cultura (a obra do homem) e em vegetação. (OLIVEIRA, 1987, p. 538) Uma outra conotação referente à palavra relaciona-se aos• aspectos da oceanografia, referentes a extensões submarinas. Todavia, a concepção que nos cabe discutir é a que consideramos• de maior relevância tanto no ensino da geografia como na
  • 69. Cartografia1 69 unidade 5 Cartografia1 69 unidade 5 prática como professor(a), relacionada a um ramo específico do conhecimento, entendendo topografia como “a ciência da representação dos aspectos naturais e artificiais de um lugar ou de uma região, especialmente no modo de apresentar as suas posições e altitudes” (OLIVEIRA, 1987, p. 538). Este termo inclui, segundo o autor, outros ramos do conhecimento, como a Geodésia, a Geografia, a Geofísica, a Fotogrametria, as Artes Gráficas, tendo em seu conjunto o objetivo de construir uma forma de informação geográfica. Para Domingues (1979) a palavra topografia é derivada das palavras gregas topos (lugar) e graphen (descrever), significando a descrição exata e minuciosa de um lugar. Segundo o autor, este ramo do conhecimento tem por objetivo a determinação do contorno, da dimensão e da posição de uma porção determinada da superfície do Planeta Terra, fundo de mares e interior de minas, além da locação de projetos de Engenharia. Suas áreas de atuação relacionam-se a: a) Engenharia Civil: Edificação: levantamento plani-altimétrico do terreno para• execução de projeto; locação de projeto. Estradas (rodovias e ferrovias): reconhecimento do terreno;• levantamento plani-altimétrico; locação da linha básica; terraplenagem (volume de corte ou aterro); controle e execução e pavimentação; implantação de sinalização horizontal. Barragem: levantamento plani-altimétrico; determinação das• áreas submersas; controle e execução de prumadas, níveis e alinhamentos. b)EngenhariaMecânica:locaçãodebasedemáquinasenasmontagens mecânicas de alta precisão. c) Engenharia Eletrotécnica: utilizada nas hidrelétricas, subestações e linhas de transmissão. d) Engenharia de Minas: levantamentos de galerias de mineração. e) Agricultura: definição das curvas de nível e desnível para as plantações e irrigações. Para que os levantamentos topográficos sejam mais próximos do real, faz-se necessária a utilização de processos de medidas referenciadas
  • 70. UniversidadeAbertadoBrasil 70 unidade 5 UniversidadeAbertadoBrasil 70 unidade 5 na geometria aplicada. Os elementos geométricos referentes a ângulos e distâncias são obtidos por instrumentos topográficos, como Teodolitos, Níveis Óticos, etc. Assim, podemos observar na figura 16. Figura 16 – Levantamento Planimétrico do Perímetro Urbano do Município de Ponta Grossa – Paraná OpenJUMP – Vivid Solutions Inc. Contudo, para uma representação fidedigna da superfície da Terra, faz-se necessário, além da utilização das medidas correspondentes a x e y, o levantamento da medida referente ao z, dizendo respeito às diferenças de altitude ou altura do terreno. As informações relacionadas a x e y referem-se à Planimetria, estruturada na obtenção de ângulos e distâncias horizontais servindo na projeção dos pontos encontrados no terreno à sua representação cartográfica no plano, como visto na figura 16. Já a Altimetria, a qual pode ser percebida na figura 17, refere-se aos métodos e instrumentos empregados no levantamento e representação do relevo da superfície do planeta.
  • 71. Cartografia1 71 unidade 5 Cartografia1 71 unidade 5 Além dos métodos acima descritos, uma das formas de levantamento de informação sobre a superfície do planeta relaciona-se a utilização de fotografias aéreas, atividade denominada de Fotogrametria. Esta atividade entende-se pelo levantamento de informações por meio de fotografias tomadas de pontos da superfície terrestre, a partir de equipamentos como câmeras fotográficas apropriadas, instaladas em aeronaves. Os levantamentos topográficos possuem limitações em relação ao tamanho das áreas a serem levantadas. O limite de tais levantamentos, segundo o Manual Técnico do IBGE (1999), é de 10 km de raio5 , denominado de horizonte topográfico. Esta medida está relacionada ao fato de que acima deste limite, a curvatura da Terra produzirá erros que não poderão ser evitados nem pelo operador, nem pela precisão dos aparelhos. No levantamento de campo, propriamente dito, sempre teremos de ter três informações, ou duas distâncias e uma elevação (x,y,z), ou uma distância, uma elevação e uma direção (distância, cota, azimute/rumo). Normalmente, em campo são utilizados o levantamento de distâncias, Figura 17 – Levantamento Altimétrico do Perímetro Urbano do Município de Ponta Grossa – Paraná Bloco 3 Dimensões - OpenJUMP – Vivid Solutions Inc. 5 Ou uma área correspondente a 400 km².
  • 72. UniversidadeAbertadoBrasil 72 unidade 5 UniversidadeAbertadoBrasil 72 unidade 5 direçõeseelevações.Paraarealização de medições angulares é utilizado o teodolito, e para verificação de diferenças altimétricas o nível. Desta forma, devemos considerar a utilização de rumos ou azimute, compreendendo a distinção entre ambos, vistos na figura 18. RUMO• : é o ângulo formado pela direção norte-sul. Pode partir tanto do norte como do sul, podendo ser medido tanto no sentido horário como anti-horário. Varia de 0° a 90° obedecendo o quadrante localizado. AZIMUTE• : é o ângulo formado pela direção norte e a direção a ser seguida no campo. Mede-se sempre a partir do norte em sentido horário (0°-360°). seção 2 ALTIMETRIA E LEITURA DO TERRENO O mapeamento das feições do relevo sempre constituiu um sério problema, ao contrário da facilidade do delineamento de detalhes horizontais do terreno. Diversas estratégias são utilizadas na produção de uma representação em duas dimensões, de informações em três dimensões. As formas de representação são: Curvas de Nível;• Perfis Topográficos;• Relevo Sombreado;• Cores Hipsométricas.• 1 Hectare = 10.000 m²• 1 Alqueire (mineiro) = 48.400 m²• 1 Alqueire (paulista) = 24.200 m²• 1 Alqueire (norte do Brasil) = 27.255 m²• Figura 18 – Configuração de Rumo e Azimute
  • 73. Cartografia1 73 unidade 5 Cartografia1 73 unidade 5 Cores Hipsométricas É o método por excelência para representar o relevo, permitindo ao usuário a leitura do valor aproximado da altitude do terreno em qualquer local da carta. Constitui-se de uma linha imaginária no terreno, onde todos os pontos desta linha possuem a mesma altitude, geralmente em relação ao nível do mar, como veremos na figura 19. Figura 19 – Modelo Hipsométrico A eqüidistância das curvas não significa a distância de uma em relação a outra, mas a eqüidistância altimétrica entre elas. Assim, esta eqüidistância varia conforme a escala da carta, recomendando-se: Escala Eqüidistância Escala Eqüidistância 1:500 0,5 m 1:100000 50,0 m 1:1000 1,0 m 1:200000 100,0 m 1:2000 2,0 m 1:250000 100,0 m 1:10000 10,0 m 1:500000 200,0 m 1:25000 10,0 m 1:1000000 200,0 m 1:50000 25,0 m 1:10000000 500,0 m Fonte: Domingues (1979).
  • 74. UniversidadeAbertadoBrasil 74 unidade 5 UniversidadeAbertadoBrasil 74 unidade 5 Características das Curvas As curvas de nível são classificadas em Mestras (Múltiplas de 5 – 10 metros), Intermediárias e de Meia-Equidistância. Portanto, como se pode ver na figura 20 na seqüência, as curvas mestras são representadas por traços mais espessos e são todas cotadas. Figura 20 – Curvas Mestras e Intermediárias É a partir da leitura das curvas de nível contidas em uma carta topográfica que podemos inferir as características do terreno que foi representado. Desta forma, quanto mais afastadas as curvas, mais plano o terreno. Assim, quanto mais próximas, maior declividade possui o terreno, conforme a figura 21. Figura 21 – Relação entre características do relevo e das curas de nível
  • 75. Cartografia1 75 unidade 5 Cartografia1 75 unidade 5 Outros elementos são de fundamental importância: duas linhas ou curvas de nível jamais se cruzam; duas linhas jamais convergem para formar apenas uma; uma linha não pode surgir ou desaparecer no nada; e uma curva de nível sempre se fecha em si mesma. Tendo posse destas informações, podemos realizar a leitura de uma carta topográfica, inferindo as feições do relevo representado. Quando temos a situação de curvas de nível com cotas maiores envolvendo curvas de nível com cotas menores, temos no relevo a situação de uma depressão, visto à direita na figura 22. Quando temos a situação inversa, temos uma elevação, visto à esquerda na mesma figura. Figura 22 – Situação de Elevação e Depressão representada em Curvas de Nível Uma outra situação é quando temos curvas de nível alongadas com cotas menores, envolvendo curvas de nível com as mesmas características, com cotas maiores, representando uma formação chamada de espigão, formação que se constitui como um divisor de águas, a qual podemos olhar na figura 23. Figura 23 – Espigão Temos outros tipos de formação, representados através de curvas de nível. Abrangemos um corredor quando temos faixas de terreno entre duas elevações de grande extensão; incluímos um talvegue quando encontramos linha de encontro entre duas vertentes opostas onde as águas tendem a se acumular e formar cursos d’água; e um vale, formado pela união de duas vertentes, podendo ser, como visto na figura 24 a seguir, côncavo, chato e de ravina: