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Prezado leitor, este texto é um rascunho do que seria um projeto para um curso de tradução que não
consegui concluir. Está incompleto, contudo acredito que possa ser de interesse para algum
estudante de letras. Como vivemos em tempos de democracia virtual, resolvi publicá-lo. Não foi
revisado, pois não disponho de tempo, mesmo assim, creio ser útil.
Introdução
Ao poeta e dramaturgo inglês William Shakespeare (1564–1616), é atribuída a autoria de
154 sonetos e 37 peças teatrais.
Shakespeare é sinônimo de genialidade e também de controvérsias. Neste artigo, cujo
interesse é a tradução do soneto 18 por Geraldo Carneiro, não nos ateremos a questionamentos de
ordem pessoal ou histórica. Interessa-nos a análise do texto traduzido.
É consenso entre os estudiosos que os sonetos de Shakespeare foram publicados, pela
primeira vez, em 1609, por Thomas Thorpe. São divididos em dois grupos: os sonetos de 1 a 126
são considerados como dirigidos a um jovem (fair youth); os de número 127 a 154, como dirigidos
a uma mulher (dark lady).
O soneto XVIII é considerado um dos mais belos da língua inglesa. Alguns o classificam
como parte do grupo dos sonetos da procriação – onde o escritor incentiva o jovem a casar e assim
assegurar sua imortalidade através dos filhos.
A edição de 1609 é objeto de inúmeras interpretações, cuja dedicatória poderia ser traduzida
deste modo, segundo Nunes (1956) “ao único gerador dos subsequentes sonetos. Mr. W. H. toda a
felicidade. E a eternidade prometida por nosso sempre vivo poeta. Almeja o bem intencionado.
Aventureiro. Ao lançar a edição. T.T.”
Se a dedicatória do soneto 18 foi elaborada pelo editor – que publicou a obra sem o
consentimento de Shakespeare, como discutem vários exegetas, não nos compete inferir. Se o
soneto é dirigido a um amigo, amante, a um protetor - como muitos especulam e pesquisam,
continuará em aberto; ninguém até agora conseguiu provar nada. Sabemos ser comum na era
Elisabetana a dedicatória de obras aos nobres protetores, como no caso de Vênus e Adônis, de
Shakespeare, dedicado ao Conde de Southampton.
Parece-nos que tais questões tornam-se insignificantes diante da grandeza do texto. O texto
sobreviveu - o autor o eternizou através da palavra. Isto é o que interessa para o presente estudo.
Mais ainda, importa investigar o papel do tradutor que, através de inúmeras versões, torna-se agente
dessa ‘eternização’ do texto em incontáveis leituras e contextos. Se o escritor é capaz de eternizar
seu sentimento através da criação original, por outro lado, somente o tradutor pode perpetuar sua
obra através dos tempos e culturas diversas. A mão que transporta a eternidade não poderia também
ser chamada de coautora?
Em tempos de linguagem líquida, Shakespeare continua a ser um fenômeno, fenômeno
transportado por mãos de tradutores.
Carneiro (2012) afirma que “o motivo da permanência de Shakespeare não é apenas a força de
suas histórias... Mas o poder de suas palavras...”. Percebe-se nos textos do referido autor a
supremacia da linguagem. Ele ama o poder criativo e criador das palavras, elas funcionam como
esqueletos que sustentam emoções sedimentadas em profundas reflexões filosóficas. Parece-nos
que ele ama mais a força que o signo linguístico tem de eternizar emoções que seu próprio objeto
amado. O soneto 18 celebra a vitória da fragilidade humana sobre a morte através de uma única e
poderosa arma: a palavra.
O Soneto Shakespeariano x Soneto Petrarquiano
Alguns críticos de língua portuguesa não consideram o soneto shakespeariano ou soneto
inglês como ‘soneto’, talvez por não obedecer aos padrões do modelo petrarquiano ou ser pouco
utilizado em língua portuguesa. Mas não está no escopo do presente artigo, aprofundar tais
questões.
Segundo Lima (1987, p.176): “Shakespeare adotou a invenção de Thomas Wyatt (1503–
1542), Spenser ou Henry Howard, Conde de Surrey (1517-1547)” contemporâneos de Shakespeare,
cujos sonetos eram muito apreciados naquela época. Vale ressaltar que os sonetos Shakespeareanos
foram chamados de “açucarados”.
Escrito em pentâmetro jâmbico, o soneto XVIII segue o esquema de rimas
“ababcdcdefefgg”. Shakespeare usa esquema estrófico próprio, composto por quatorze versos, em
formato monostrófico (uma única estrofe), com um dístico final ou couplet em inglês, destacado dos
demais versos, resumindo a ideia central do poema.
O sistema de versificação em inglês x sistema de versificação em português
O pentâmetro jâmbico (cinco pés de duas sílabas), é o verso formado por uma sílaba
átona + tônica. Em inglês, diferentemente do português, o pé pode conter mais de uma sílaba, onde
apenas uma é acentuada. Em português a sílaba, ao contrário do pé, pode ser acentuada ou não.
A língua inglesa é muito sintética, por isso, muitos tradutores usam o decassílabo ao
traduzir os versos de Shakespeare, para manter a equivalência formal, o que, por outro lado, os
obriga a um enxugamento semântico. Outros, porém, escolhem o verso alexandrino, que é mais
longo (12 sílabas).
Contudo, ao abordamos o assunto do ritmo nos textos de Shakespeare, devemos lembrar
o que diz Smith (2007, p.84, minha tradução), a respeito da sonoridade da linguagem de
Shakespeare: “A escansão não é uma ciência: está aberta a interpretações, a diferentes inflecções
em momentos diferentes na história da pronúncia e a diferentes atores”.
Shakespeare escreveu textos para serem representados, portanto a fala é fundamental para
a correta interpretação da obra Shakespeariana. O público para o qual Shakespeare escreveu suas
peças não era um público de elite, portanto podemos afirmar que seus textos tinham um apelo
popular. Os sonetos, no entanto, eram lidos, muitas vezes, em ambientes restritos, para amigos
íntimos. Só mais tarde, tornaram-se populares. Mesmo assim, vemos uma linguagem bela, mas não
rebuscada. Bem construída, com uma tessitura semântica que conduz o leitor à catarse.
A pronúncia original de Shakespeare
O texto original foi escrito em “Early Modern English”. O “Iambic Pentameter” ou o
ritmo (da-Dum) seria mais fácil para os atores decorarem e se adapta fácil à língua inglesa.
De acordo com Ben Cristal (2011) o (da-Dum) é o ritmo da vida e do coração. O ritmo
natural de um falante da língua inglesa.
Segundo Cristal (2011) “A pronúncia original ou OP é um pouco mais acelerada -
cerca de dez minutos da pronúncia atual. Há algumas rimas que funcionavam naquela época, mas
não funcionam hoje.” Além do mais, o texto original é muito menos formal que muitas traduções
existentes.
Shakespeare controlava o ritmo através da síncope, com o uso do apóstrofo como em
“dimm´d” ou em “ow´st”.
Segue o soneto XVIII com uma paráfrase para o inglês de hoje
SONNET 18 PARAPHRASE
Shall I compare thee to a summer's day? Shall I compare you to a summer's day?
Thou art more lovely and more temperate: You are more lovely and more constant:
Rough winds do shake the darling buds of May, Rough winds shake the beloved buds of May
And summer's lease hath all too short a date: And summer is far too short:
Sometime too hot the eye of heaven shines, At times the sun is too hot,
And often is his gold complexion dimm'd; Or often goes behind the clouds;
And every fair from fair sometime declines, And everything beautiful sometime will lose its
beauty,
By chance, or nature's changing course, untrimm'd; By misfortune or by nature's planned out course.
But thy eternal summer shall not fade But your youth shall not fade,
Nor lose possession of that fair thou ow'st; Nor will you lose the beauty that you possess;
Nor shall Death brag thou wander'st in his shade, Nor will death claim you for his own,
When in eternal lines to time thou grow'st; Because in my eternal verse you will live forever.
So long as men can breathe or eyes can see, So long as there are people on this earth,
So long lives this and this gives life to thee. So long will this poem live on, making you immortal.
http://www.shakespeare-online.com/
Traduções do Soneto XVIII em língua portuguesa
As primeiras traduções brasileiras dos sonetos Shakesperianos datam do início da
década de 50, feitas por Samuel Mac-Dowell Filho e Péricles Eugênio da Silva Ramos.
Vejamos as traduções de Ivo Barroso, Jerônimo de Aquino, Péricles Eugênio, Jorge
Wanderley e Geraldo Carneiro, sendo a última sobre a qual teceremos nossos comentários.
Tradução de Ivo Barroso (1981)
Devo igualar-te a um dia de verão?
Mais afável e belo é teu semblante:
O vento esfolha Maio inda em botão,
Dura o termo estival um breve instante.
Muitas vezes a luz do céu calcina,
Mas o áureo tom também perde a clareza:
De seu belo a beleza enfim declina,
Ao léu ou pelas leis da Natureza,
Só teu verão eterno não se acaba
Nem a posse de tua formosura;
De impor-te a sombra a Morte não se gaba
Pois que esta estrofe eterna ao Tempo dura.
Enquanto houver viventes nesta lida,
Há de viver meu verso e te dar vida.
Tradução de Jerônimo de Aquino (1956)
Poderei comparar-te, acaso, a um dia estivo?
Mais agradável és, porque és mais moderado.
Caem os lindos botões de maio, ao vento esquivo,
E o tempo de verão é muito limitado.
Alguma vez, o olhar do céu mui quente brilha;
Outras, o resplendor dourado se lhe embaça;
E, casualmente, ou por mudar a vária trilha,
A natureza perde a sua imensa graça.
Mas não murchará nunca o teu verão eterno,
Nem perderá jamais os encantos ingentes,
Nem morrerá, tampouco, o teu garbo superno,
Se afrontares a morte em meus versos veementes.
Enquanto existir mundo ou o olhar puder ver,
Meus versos viverão e hás de neles viver.
Ivo Barroso usa o verso decassílabo.
Observa-se uma escolha lexical mais formal
como:
“Termo estival”, “calcina”, “declina”,
“léu”.
Uma tradução enxuta que mantém o estilo
original de frases concisas.
Jerônimo de Aquino usou o verso
dodecassílabo.
Percebe-se claramente o alongamento dos
versos, perdendo um pouco o ritmo original
e sua concisão. Metaplasmos, síncopes e
metáteses deslocam o acento e o ritmo.
A escolha lexical é bastante formal, o que
contrasta com o original. Vejamos:
“estivo”, “esquivo”, “ingentes”,
“garbo superno”.
Tradução de Péricles Eugênio ( 1953)
A um dia de verão, como hei de comparar-te?
Vencendo-o em equilíbrio, és sempre mais amável:
Em maio o vendaval ternos botões disparte,
E o estio se consome em prazo não durável;
As vezes, muito quente, o olho do céu fulgura,
Outras vezes se ofusca a sua tez dourada;
Decai a formosura, é certo, a formosura,
Pelo tempo ou acaso enfim desadomada:
Mas teu verão é eterno, e não desmaiará,
Nem hás de a possessão perder as tuas galas;
Vagando em sua sombra o fim não te verá,
Pois neste verso eterno ao tempo tu te igualas:
Enquanto o homem respire, e os olhos possam ver
Meu canto existirá e nele hás de viver.
Tradução de Jorge Wanderley
Comparar-te a um dia de verão?
Tens mais doçura e mais amenidade
Flores de maio, ao vento rude vão
Como o estio se vai, com brevidade
O sol às vezes em calor se exalta
Ou tem a essência de ouro sem firmeza
E o que é formoso, à formosura falta
Por sorte ou mudar-se a natureza
Mas teu verão eterno brilha a ver-te
Guardando o belo que em ti permanece
Nem a morte rirá de ensombrecer-te,
Quando em verso imortal, no tempo cresces.
Enquanto o homem respire, o olhar aqueça,
Viva o meu verso e vida de ofereça.
Traduzido em hexâmetro Jâmbico,
é talvez, dentre as traduções aqui
apresentadas, a que mais se
distancia do texto original.
O texto alongou-se muito, perde-se
muito ritmo e imagens quando
comparado com o texto de partida.
A expressão “vencendo-o em
equilíbrio” subtrai muito da
sinestesia sugerida no texto
original. A imagem construída não
é de competição entre o homem e a
morte, mas a fragilidade humana
diante da morte e o poder da
palavra em versos para vencer o
esquecimento trazido pela morte.
Traduzido em decassílabo.
É uma tradução mais leve, com um ritmo
mais próximo do que seria o proposto no
texto original.
Tradução de Geraldo Carneiro
Te comparar com um dia de verão?
Tu és mais temperada e adorável.
Vento balança em maio a flor-botão
E o império do verão não é durável.
O sol às vezes brilha com rigor.
Ou sua tez dourada é mais escura;
Toda beleza enfim perde o esplendor,
Por acaso ou descaso da natura;
Mas teu verão nunca se apagará,
Perdendo a posse da beleza tua,
Nem a morte rirá por te ofuscar,
Se em versos imortais te perpetuas.
Enquanto alguém respire e veja e viva
Viva este poema e nele sobrevivas.
Ao compararmos várias traduções através das décadas, não há como não
incorrermos nos conceitos de diacronia e sincronia propostos pelo Estruturalismo.
Aderbal Freire Filho (2015), diretor de teatro que adaptou Hamlet, ao
entrevistar Geraldo Carneiro declara: “os tradutores brasileiros quando traduzem Shakespeare
tendem a se aproximar dos tradutores portugueses do século 19; eles miram mais os portugueses do
século 19 do que o próprio Shakespeare.”
A língua se desenvolve no tempo e a fala no espaço. O que isso significa para o
trabalho tradutório? O texto a ser traduzido foi produzido em um determinado tempo/cultura, logo é
sincrônico, entretanto os tradutores vivem a diacronia de sua época. Estabelecer qual tradução
melhor aproxima ou distancia-se do texto original depende do contexto e suporte de sua produção.
Em semiótica a rema é um signo de expressão de possibilidade. A rema abre o leque
de possibilidades que o signo representa e pode ser. A rema neste soneto é o ‘dia de verão”.
A linguagem do soneto 18 é sublime, porém com uma carga sinestésica que remete à simplicidade e
leveza de um dia de verão. Dias de verão evocam despojamento.
Não queremos com isso emitir um juízo de valor sobre as traduções existentes, estamos
apenas pontuando questões estilísticas de escolha do tradutor. Mais adiante estudaremos em detalhe
essa questão.
Em nota introdutória do Discurso do Amor Rasgado (2012), onde se encontra a tradução
do soneto 18, Carneiro escreve “Conto também com a indulgência cara leitora e leitor, para que
estas palavras cheguem a seus olhos e ouvidos com certo frescor, como se algum poeta popular
tivesse acabado de cantá-las no balcão de uma Julieta pós-moderna.”
Carneiro usou o verso
decassílabo heroico: ( dez sílabas
poéticas, com acentuação obrigatória
na 6ª. e 10ª. Sílabas poéticas.)
O tradutor coloca-se como produto do seu tempo – a pós-modernidade. Há a intenção
de domesticação da linguagem, que deve ser “fresca” e “pós-moderna.” Mas o que seria essa
“Julieta pós-moderna”? Mais adiante falaremos sobre isso.
Domesticar ou Estrangeirizar? Eis a questão ...
Segundo Venuti(2001) a tradução domesticadora neuturaliza o discurso, deslocando o
autor em direção ao leitor, e a estrangeirizadora dificulta a legibilidade do texto, como estratégia de
visibilidade, deslocando o leitor em direção ao autor.
Ao falar em “frescor” e “Julieta pós-moderna” Carneiro apresenta seu trabalho com
autonomia, afinal, tempos pós-modernos são aqueles em que mitos, regras, instituições e dogmas
foram derrubados. O tradutor é fascinado por Shakespeare, mas impregna seu texto do seu tempo
presente, não da linguagem renascentista. A linguagem se fixa no instante presente. A forma
renascentista do soneto continua, mas o fundo agora é pós-moderno. O leitor pós-moderno para
quem Carneiro traduziu não conhece expressões como “termo estival”, “calcina”, mas se identifica
com “natura”, forma um tanto quanto popular demais, mas que cabe em um soneto pós-moderno -
em linguagem é rápida e sintética.
O termo “sociedade líquida” foi usado por Bauman (2001) referindo-se ao Manifesto
Comunista, onde os autores falavam em “derreter” os sólidos da sociedade que estava estagnada. “O
espírito moderno deveria se emancipar da “ mão morta” de sua própria história e isso só poderia
acontecer derretendo os sólidos... [...] pelo repúdio e destronamento do passado e antes e acima de
tudo, da “tradição”.”
Podemos inferir que as primeiras traduções dos sonetos são expressão de um tempo
onde a linguagem está atrelada a tradições. É a linguagem de uma elite cultural. Em tempos
líquidos, no entanto, a linguagem tende a ser popular, é a linguagem “mass media” de usuários de
apps, facebook e whatsapp. Linguagem domesticada, acessível, popular.
Será possível a estrangeirização em tempos líquidos? Esse é um conceito que se
encaixa na atual conjuntura sócio-política? Não seria esse um assunto para futuros artigos?
Referências Bibliográficas
ARISTÓTELES. Arte Retórica e Arte Poética. Introdução de Goffredo Telles Júnior, Tradução de
Antônio Pinto de Carvalho. Rio de Janeiro: Ediouro, Tecnoprint, 1979.
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BLOOM, Harold. How to Read and Why. New York: Scribner, 2000.
______.______ Shakespeare the Invention of the Human. N.Y.: Riverhead Books, 1998.
CAMARA Jr., Joaquim Mattoso. História da Linguística; tradução de Maria do Amparo Barbosa
de Azevedo. 4 ed. Petrópolis: Vozes, 1986.
CAMPOS, Haroldo de (org.). Ideograma – Lógica, Poesia, Linguagem. Textos traduzidos por
Heloysa de Lima Dantas. 2ed. São Paulo, Cultrix, 1986.
COULTARD, Malcolm. ; COULTARD, C. R. Carmen.(org.). Tradução: Teoria e Prática.
Universidade Federal de Santa Catarina, 1991.
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Paes. 24 ed. São Paulo: Pensamento Cultrix, 2007.
LARANJEIRA, Mário. Poética da Tradução: Do Sentido à Significância. São Paulo: Editora da
Universidade de São Paulo, 2003.
LIMA, Vasco de Castro. O Mundo Maravilhoso do Soneto. Rio de Janeiro: Livraria Freitas Bastos,
1987.
LÍNGUA PORTUGUESA. São Paulo, ano 5, n.60, outubro, 2010.
NUNES, C. Alberto de. Prefácio. In: AQUINO, Jerônimo de. Obras Completas de Shakespeare -
Sonetos. São Paulo: Melhoramentos, 1956. Pág.7-329.
ORLANDI, Eni Pulcirelli. O que é Linguística. São Paulo: Brasiliense, 2007.
SAUSSURE, Ferdinand de. Curso de Linguística Geral. 24. Ed. São Paulo: Cultrix, 2002.
SHAKESPEARE, William. O Discurso do Amor Rasgado. Poemas, Cenas e Fragmentos de
William Shakespeare, tradução de Geraldo Carneiro. Ed.1. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2012.
SMITH, Emma. The Cambridge Introduction to Shakespeare. Cambridge CB2 8RU, UK:
Cambridge University Press, 2007.
VENUTI, L. Escândalos da Tradução. S. Paulo: EDUSC, 2002.
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4:2,230-247, DOI: 10.1080/14781700.2011.560021. Published online: 11 April, 2011.
VINCE, Michael. Advanced Language Practice. Heinemann Publishers (Oxford) Ltd. G. Britain,
1994.
VIZIOLI, Paulo. “A Tradução de Poesia em Língua Inglesa: Problemas e Sugestões”, Tradução &
Comunicação, no. 2, 109-128, mar. 1983.
ZIGMUNT, Bauman. Modernidade Líquida. Tradução de Plínio Dentzien. Rio de Janeiro: Zahar,
2001.
Shakespeare Original pronunciation /
David and Ben Cristal
Publicado em 17.10.2011
http://www.open.edu/openlearn/history-the-arts/culture/english-language/speaking-shakespeare-
how-was-shakespeare-pronounced-when-he-was-writing. acessado em 04.01.16
David and Ben Cristal – Shakepeare Original pronunciation.
( https://www.youtube.com/watch?v=gPlpphT7n9s)
https://www.youtube.com/channel/UCXsH4hSV_kEdAOsupMMm4Qw . Acessado 04. 01.16

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A eternização da obra de Shakespeare através da tradução do Soneto 18

  • 1. Prezado leitor, este texto é um rascunho do que seria um projeto para um curso de tradução que não consegui concluir. Está incompleto, contudo acredito que possa ser de interesse para algum estudante de letras. Como vivemos em tempos de democracia virtual, resolvi publicá-lo. Não foi revisado, pois não disponho de tempo, mesmo assim, creio ser útil. Introdução Ao poeta e dramaturgo inglês William Shakespeare (1564–1616), é atribuída a autoria de 154 sonetos e 37 peças teatrais. Shakespeare é sinônimo de genialidade e também de controvérsias. Neste artigo, cujo interesse é a tradução do soneto 18 por Geraldo Carneiro, não nos ateremos a questionamentos de ordem pessoal ou histórica. Interessa-nos a análise do texto traduzido. É consenso entre os estudiosos que os sonetos de Shakespeare foram publicados, pela primeira vez, em 1609, por Thomas Thorpe. São divididos em dois grupos: os sonetos de 1 a 126 são considerados como dirigidos a um jovem (fair youth); os de número 127 a 154, como dirigidos a uma mulher (dark lady). O soneto XVIII é considerado um dos mais belos da língua inglesa. Alguns o classificam como parte do grupo dos sonetos da procriação – onde o escritor incentiva o jovem a casar e assim assegurar sua imortalidade através dos filhos. A edição de 1609 é objeto de inúmeras interpretações, cuja dedicatória poderia ser traduzida deste modo, segundo Nunes (1956) “ao único gerador dos subsequentes sonetos. Mr. W. H. toda a felicidade. E a eternidade prometida por nosso sempre vivo poeta. Almeja o bem intencionado. Aventureiro. Ao lançar a edição. T.T.” Se a dedicatória do soneto 18 foi elaborada pelo editor – que publicou a obra sem o consentimento de Shakespeare, como discutem vários exegetas, não nos compete inferir. Se o soneto é dirigido a um amigo, amante, a um protetor - como muitos especulam e pesquisam, continuará em aberto; ninguém até agora conseguiu provar nada. Sabemos ser comum na era Elisabetana a dedicatória de obras aos nobres protetores, como no caso de Vênus e Adônis, de Shakespeare, dedicado ao Conde de Southampton. Parece-nos que tais questões tornam-se insignificantes diante da grandeza do texto. O texto sobreviveu - o autor o eternizou através da palavra. Isto é o que interessa para o presente estudo. Mais ainda, importa investigar o papel do tradutor que, através de inúmeras versões, torna-se agente dessa ‘eternização’ do texto em incontáveis leituras e contextos. Se o escritor é capaz de eternizar seu sentimento através da criação original, por outro lado, somente o tradutor pode perpetuar sua obra através dos tempos e culturas diversas. A mão que transporta a eternidade não poderia também ser chamada de coautora?
  • 2. Em tempos de linguagem líquida, Shakespeare continua a ser um fenômeno, fenômeno transportado por mãos de tradutores. Carneiro (2012) afirma que “o motivo da permanência de Shakespeare não é apenas a força de suas histórias... Mas o poder de suas palavras...”. Percebe-se nos textos do referido autor a supremacia da linguagem. Ele ama o poder criativo e criador das palavras, elas funcionam como esqueletos que sustentam emoções sedimentadas em profundas reflexões filosóficas. Parece-nos que ele ama mais a força que o signo linguístico tem de eternizar emoções que seu próprio objeto amado. O soneto 18 celebra a vitória da fragilidade humana sobre a morte através de uma única e poderosa arma: a palavra. O Soneto Shakespeariano x Soneto Petrarquiano Alguns críticos de língua portuguesa não consideram o soneto shakespeariano ou soneto inglês como ‘soneto’, talvez por não obedecer aos padrões do modelo petrarquiano ou ser pouco utilizado em língua portuguesa. Mas não está no escopo do presente artigo, aprofundar tais questões. Segundo Lima (1987, p.176): “Shakespeare adotou a invenção de Thomas Wyatt (1503– 1542), Spenser ou Henry Howard, Conde de Surrey (1517-1547)” contemporâneos de Shakespeare, cujos sonetos eram muito apreciados naquela época. Vale ressaltar que os sonetos Shakespeareanos foram chamados de “açucarados”. Escrito em pentâmetro jâmbico, o soneto XVIII segue o esquema de rimas “ababcdcdefefgg”. Shakespeare usa esquema estrófico próprio, composto por quatorze versos, em formato monostrófico (uma única estrofe), com um dístico final ou couplet em inglês, destacado dos demais versos, resumindo a ideia central do poema. O sistema de versificação em inglês x sistema de versificação em português O pentâmetro jâmbico (cinco pés de duas sílabas), é o verso formado por uma sílaba átona + tônica. Em inglês, diferentemente do português, o pé pode conter mais de uma sílaba, onde apenas uma é acentuada. Em português a sílaba, ao contrário do pé, pode ser acentuada ou não. A língua inglesa é muito sintética, por isso, muitos tradutores usam o decassílabo ao traduzir os versos de Shakespeare, para manter a equivalência formal, o que, por outro lado, os obriga a um enxugamento semântico. Outros, porém, escolhem o verso alexandrino, que é mais longo (12 sílabas). Contudo, ao abordamos o assunto do ritmo nos textos de Shakespeare, devemos lembrar o que diz Smith (2007, p.84, minha tradução), a respeito da sonoridade da linguagem de Shakespeare: “A escansão não é uma ciência: está aberta a interpretações, a diferentes inflecções em momentos diferentes na história da pronúncia e a diferentes atores”.
  • 3. Shakespeare escreveu textos para serem representados, portanto a fala é fundamental para a correta interpretação da obra Shakespeariana. O público para o qual Shakespeare escreveu suas peças não era um público de elite, portanto podemos afirmar que seus textos tinham um apelo popular. Os sonetos, no entanto, eram lidos, muitas vezes, em ambientes restritos, para amigos íntimos. Só mais tarde, tornaram-se populares. Mesmo assim, vemos uma linguagem bela, mas não rebuscada. Bem construída, com uma tessitura semântica que conduz o leitor à catarse. A pronúncia original de Shakespeare O texto original foi escrito em “Early Modern English”. O “Iambic Pentameter” ou o ritmo (da-Dum) seria mais fácil para os atores decorarem e se adapta fácil à língua inglesa. De acordo com Ben Cristal (2011) o (da-Dum) é o ritmo da vida e do coração. O ritmo natural de um falante da língua inglesa. Segundo Cristal (2011) “A pronúncia original ou OP é um pouco mais acelerada - cerca de dez minutos da pronúncia atual. Há algumas rimas que funcionavam naquela época, mas não funcionam hoje.” Além do mais, o texto original é muito menos formal que muitas traduções existentes. Shakespeare controlava o ritmo através da síncope, com o uso do apóstrofo como em “dimm´d” ou em “ow´st”. Segue o soneto XVIII com uma paráfrase para o inglês de hoje SONNET 18 PARAPHRASE Shall I compare thee to a summer's day? Shall I compare you to a summer's day? Thou art more lovely and more temperate: You are more lovely and more constant: Rough winds do shake the darling buds of May, Rough winds shake the beloved buds of May And summer's lease hath all too short a date: And summer is far too short: Sometime too hot the eye of heaven shines, At times the sun is too hot, And often is his gold complexion dimm'd; Or often goes behind the clouds; And every fair from fair sometime declines, And everything beautiful sometime will lose its beauty, By chance, or nature's changing course, untrimm'd; By misfortune or by nature's planned out course. But thy eternal summer shall not fade But your youth shall not fade, Nor lose possession of that fair thou ow'st; Nor will you lose the beauty that you possess; Nor shall Death brag thou wander'st in his shade, Nor will death claim you for his own, When in eternal lines to time thou grow'st; Because in my eternal verse you will live forever. So long as men can breathe or eyes can see, So long as there are people on this earth, So long lives this and this gives life to thee. So long will this poem live on, making you immortal. http://www.shakespeare-online.com/
  • 4. Traduções do Soneto XVIII em língua portuguesa As primeiras traduções brasileiras dos sonetos Shakesperianos datam do início da década de 50, feitas por Samuel Mac-Dowell Filho e Péricles Eugênio da Silva Ramos. Vejamos as traduções de Ivo Barroso, Jerônimo de Aquino, Péricles Eugênio, Jorge Wanderley e Geraldo Carneiro, sendo a última sobre a qual teceremos nossos comentários. Tradução de Ivo Barroso (1981) Devo igualar-te a um dia de verão? Mais afável e belo é teu semblante: O vento esfolha Maio inda em botão, Dura o termo estival um breve instante. Muitas vezes a luz do céu calcina, Mas o áureo tom também perde a clareza: De seu belo a beleza enfim declina, Ao léu ou pelas leis da Natureza, Só teu verão eterno não se acaba Nem a posse de tua formosura; De impor-te a sombra a Morte não se gaba Pois que esta estrofe eterna ao Tempo dura. Enquanto houver viventes nesta lida, Há de viver meu verso e te dar vida. Tradução de Jerônimo de Aquino (1956) Poderei comparar-te, acaso, a um dia estivo? Mais agradável és, porque és mais moderado. Caem os lindos botões de maio, ao vento esquivo, E o tempo de verão é muito limitado. Alguma vez, o olhar do céu mui quente brilha; Outras, o resplendor dourado se lhe embaça; E, casualmente, ou por mudar a vária trilha, A natureza perde a sua imensa graça. Mas não murchará nunca o teu verão eterno, Nem perderá jamais os encantos ingentes, Nem morrerá, tampouco, o teu garbo superno, Se afrontares a morte em meus versos veementes. Enquanto existir mundo ou o olhar puder ver, Meus versos viverão e hás de neles viver. Ivo Barroso usa o verso decassílabo. Observa-se uma escolha lexical mais formal como: “Termo estival”, “calcina”, “declina”, “léu”. Uma tradução enxuta que mantém o estilo original de frases concisas. Jerônimo de Aquino usou o verso dodecassílabo. Percebe-se claramente o alongamento dos versos, perdendo um pouco o ritmo original e sua concisão. Metaplasmos, síncopes e metáteses deslocam o acento e o ritmo. A escolha lexical é bastante formal, o que contrasta com o original. Vejamos: “estivo”, “esquivo”, “ingentes”, “garbo superno”.
  • 5. Tradução de Péricles Eugênio ( 1953) A um dia de verão, como hei de comparar-te? Vencendo-o em equilíbrio, és sempre mais amável: Em maio o vendaval ternos botões disparte, E o estio se consome em prazo não durável; As vezes, muito quente, o olho do céu fulgura, Outras vezes se ofusca a sua tez dourada; Decai a formosura, é certo, a formosura, Pelo tempo ou acaso enfim desadomada: Mas teu verão é eterno, e não desmaiará, Nem hás de a possessão perder as tuas galas; Vagando em sua sombra o fim não te verá, Pois neste verso eterno ao tempo tu te igualas: Enquanto o homem respire, e os olhos possam ver Meu canto existirá e nele hás de viver. Tradução de Jorge Wanderley Comparar-te a um dia de verão? Tens mais doçura e mais amenidade Flores de maio, ao vento rude vão Como o estio se vai, com brevidade O sol às vezes em calor se exalta Ou tem a essência de ouro sem firmeza E o que é formoso, à formosura falta Por sorte ou mudar-se a natureza Mas teu verão eterno brilha a ver-te Guardando o belo que em ti permanece Nem a morte rirá de ensombrecer-te, Quando em verso imortal, no tempo cresces. Enquanto o homem respire, o olhar aqueça, Viva o meu verso e vida de ofereça. Traduzido em hexâmetro Jâmbico, é talvez, dentre as traduções aqui apresentadas, a que mais se distancia do texto original. O texto alongou-se muito, perde-se muito ritmo e imagens quando comparado com o texto de partida. A expressão “vencendo-o em equilíbrio” subtrai muito da sinestesia sugerida no texto original. A imagem construída não é de competição entre o homem e a morte, mas a fragilidade humana diante da morte e o poder da palavra em versos para vencer o esquecimento trazido pela morte. Traduzido em decassílabo. É uma tradução mais leve, com um ritmo mais próximo do que seria o proposto no texto original.
  • 6. Tradução de Geraldo Carneiro Te comparar com um dia de verão? Tu és mais temperada e adorável. Vento balança em maio a flor-botão E o império do verão não é durável. O sol às vezes brilha com rigor. Ou sua tez dourada é mais escura; Toda beleza enfim perde o esplendor, Por acaso ou descaso da natura; Mas teu verão nunca se apagará, Perdendo a posse da beleza tua, Nem a morte rirá por te ofuscar, Se em versos imortais te perpetuas. Enquanto alguém respire e veja e viva Viva este poema e nele sobrevivas. Ao compararmos várias traduções através das décadas, não há como não incorrermos nos conceitos de diacronia e sincronia propostos pelo Estruturalismo. Aderbal Freire Filho (2015), diretor de teatro que adaptou Hamlet, ao entrevistar Geraldo Carneiro declara: “os tradutores brasileiros quando traduzem Shakespeare tendem a se aproximar dos tradutores portugueses do século 19; eles miram mais os portugueses do século 19 do que o próprio Shakespeare.” A língua se desenvolve no tempo e a fala no espaço. O que isso significa para o trabalho tradutório? O texto a ser traduzido foi produzido em um determinado tempo/cultura, logo é sincrônico, entretanto os tradutores vivem a diacronia de sua época. Estabelecer qual tradução melhor aproxima ou distancia-se do texto original depende do contexto e suporte de sua produção. Em semiótica a rema é um signo de expressão de possibilidade. A rema abre o leque de possibilidades que o signo representa e pode ser. A rema neste soneto é o ‘dia de verão”. A linguagem do soneto 18 é sublime, porém com uma carga sinestésica que remete à simplicidade e leveza de um dia de verão. Dias de verão evocam despojamento. Não queremos com isso emitir um juízo de valor sobre as traduções existentes, estamos apenas pontuando questões estilísticas de escolha do tradutor. Mais adiante estudaremos em detalhe essa questão. Em nota introdutória do Discurso do Amor Rasgado (2012), onde se encontra a tradução do soneto 18, Carneiro escreve “Conto também com a indulgência cara leitora e leitor, para que estas palavras cheguem a seus olhos e ouvidos com certo frescor, como se algum poeta popular tivesse acabado de cantá-las no balcão de uma Julieta pós-moderna.” Carneiro usou o verso decassílabo heroico: ( dez sílabas poéticas, com acentuação obrigatória na 6ª. e 10ª. Sílabas poéticas.)
  • 7. O tradutor coloca-se como produto do seu tempo – a pós-modernidade. Há a intenção de domesticação da linguagem, que deve ser “fresca” e “pós-moderna.” Mas o que seria essa “Julieta pós-moderna”? Mais adiante falaremos sobre isso. Domesticar ou Estrangeirizar? Eis a questão ... Segundo Venuti(2001) a tradução domesticadora neuturaliza o discurso, deslocando o autor em direção ao leitor, e a estrangeirizadora dificulta a legibilidade do texto, como estratégia de visibilidade, deslocando o leitor em direção ao autor. Ao falar em “frescor” e “Julieta pós-moderna” Carneiro apresenta seu trabalho com autonomia, afinal, tempos pós-modernos são aqueles em que mitos, regras, instituições e dogmas foram derrubados. O tradutor é fascinado por Shakespeare, mas impregna seu texto do seu tempo presente, não da linguagem renascentista. A linguagem se fixa no instante presente. A forma renascentista do soneto continua, mas o fundo agora é pós-moderno. O leitor pós-moderno para quem Carneiro traduziu não conhece expressões como “termo estival”, “calcina”, mas se identifica com “natura”, forma um tanto quanto popular demais, mas que cabe em um soneto pós-moderno - em linguagem é rápida e sintética. O termo “sociedade líquida” foi usado por Bauman (2001) referindo-se ao Manifesto Comunista, onde os autores falavam em “derreter” os sólidos da sociedade que estava estagnada. “O espírito moderno deveria se emancipar da “ mão morta” de sua própria história e isso só poderia acontecer derretendo os sólidos... [...] pelo repúdio e destronamento do passado e antes e acima de tudo, da “tradição”.” Podemos inferir que as primeiras traduções dos sonetos são expressão de um tempo onde a linguagem está atrelada a tradições. É a linguagem de uma elite cultural. Em tempos líquidos, no entanto, a linguagem tende a ser popular, é a linguagem “mass media” de usuários de apps, facebook e whatsapp. Linguagem domesticada, acessível, popular. Será possível a estrangeirização em tempos líquidos? Esse é um conceito que se encaixa na atual conjuntura sócio-política? Não seria esse um assunto para futuros artigos?
  • 8. Referências Bibliográficas ARISTÓTELES. Arte Retórica e Arte Poética. Introdução de Goffredo Telles Júnior, Tradução de Antônio Pinto de Carvalho. Rio de Janeiro: Ediouro, Tecnoprint, 1979. ARROJO, Rosemary. Oficina de Tradução – A teoria na prática. São Paulo: Ática, 1992. BLOOM, Harold. How to Read and Why. New York: Scribner, 2000. ______.______ Shakespeare the Invention of the Human. N.Y.: Riverhead Books, 1998. CAMARA Jr., Joaquim Mattoso. História da Linguística; tradução de Maria do Amparo Barbosa de Azevedo. 4 ed. Petrópolis: Vozes, 1986. CAMPOS, Haroldo de (org.). Ideograma – Lógica, Poesia, Linguagem. Textos traduzidos por Heloysa de Lima Dantas. 2ed. São Paulo, Cultrix, 1986. COULTARD, Malcolm. ; COULTARD, C. R. Carmen.(org.). Tradução: Teoria e Prática. Universidade Federal de Santa Catarina, 1991. ECO, Humberto. Quase A Mesma Coisa. Rio de Janeiro: Record, 2014. JAKOBSON, Roman. Linguística e Comunicação. Traduzido por Izidoro Bliksten e José Paulo Paes. 24 ed. São Paulo: Pensamento Cultrix, 2007. LARANJEIRA, Mário. Poética da Tradução: Do Sentido à Significância. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2003. LIMA, Vasco de Castro. O Mundo Maravilhoso do Soneto. Rio de Janeiro: Livraria Freitas Bastos, 1987. LÍNGUA PORTUGUESA. São Paulo, ano 5, n.60, outubro, 2010. NUNES, C. Alberto de. Prefácio. In: AQUINO, Jerônimo de. Obras Completas de Shakespeare - Sonetos. São Paulo: Melhoramentos, 1956. Pág.7-329. ORLANDI, Eni Pulcirelli. O que é Linguística. São Paulo: Brasiliense, 2007. SAUSSURE, Ferdinand de. Curso de Linguística Geral. 24. Ed. São Paulo: Cultrix, 2002. SHAKESPEARE, William. O Discurso do Amor Rasgado. Poemas, Cenas e Fragmentos de William Shakespeare, tradução de Geraldo Carneiro. Ed.1. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2012. SMITH, Emma. The Cambridge Introduction to Shakespeare. Cambridge CB2 8RU, UK: Cambridge University Press, 2007. VENUTI, L. Escândalos da Tradução. S. Paulo: EDUSC, 2002. VENUTI, Lawrence (2011) The Poet´s Version; or An Ethics of Translation, Translation Studdes, 4:2,230-247, DOI: 10.1080/14781700.2011.560021. Published online: 11 April, 2011.
  • 9. VINCE, Michael. Advanced Language Practice. Heinemann Publishers (Oxford) Ltd. G. Britain, 1994. VIZIOLI, Paulo. “A Tradução de Poesia em Língua Inglesa: Problemas e Sugestões”, Tradução & Comunicação, no. 2, 109-128, mar. 1983. ZIGMUNT, Bauman. Modernidade Líquida. Tradução de Plínio Dentzien. Rio de Janeiro: Zahar, 2001. Shakespeare Original pronunciation / David and Ben Cristal Publicado em 17.10.2011 http://www.open.edu/openlearn/history-the-arts/culture/english-language/speaking-shakespeare- how-was-shakespeare-pronounced-when-he-was-writing. acessado em 04.01.16 David and Ben Cristal – Shakepeare Original pronunciation. ( https://www.youtube.com/watch?v=gPlpphT7n9s) https://www.youtube.com/channel/UCXsH4hSV_kEdAOsupMMm4Qw . Acessado 04. 01.16