SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 10
Baixar para ler offline
Relatório de formação externa – Curso de Reprocessamento de Endoscópios Digestivos e Acessórios | Noémia Costa Leite
1
OUTUBRO 2016
CURSO DE
REPROCESSAMENTO DE
ENDOSCÓPIOS DIGESTIVOS
E ACESSÓRIOS
Relatório de formação externa – Curso de Reprocessamento de Endoscópios Digestivos e Acessórios | Noémia Costa Leite
2
Nota Introdutória
A descontaminação apropriada de material e equipamentos utilizados em endoscopia digestiva é uma componente
essencial dos programas de Segurança do Doente e Qualidade das Instituições de Saúde.
Na atualidade, a endoscopia digestiva tem vindo a tornar-se um procedimento progressivamente mais complexo e
mais generalizado sendo realizado em todo país, em hospitais, clínicas e consultórios médicos.
Assim, este Curso de Reprocessamento de Endoscópios Digestivos e Acessórios teve como objetivo primordial
uniformizar a prática baseada na evidência seguindo as orientações estabelecidas a nível europeu.
O reprocessamento adequado dos endoscópios flexíveis e dos respetivos acessórios é parte essencial do programa
de segurança e de garantia da qualidade em endoscopia digestiva. O material endoscópico tem algumas
particularidades que dificultam a sua descontaminação, nomeadamente fatores relacionados com a presença de
ângulos agudos, juntas, superfícies fechadas inacessíveis e mecanismos diversos, o número e tipo de canais, o seu
comprimento e flexibilidade, a composição com materiais de várias características, e a termo sensibilidade.
Organização e Gestão
As Unidades de Endoscopia Digestiva (UED), na promoção de boas práticas para a melhoria contínua da qualidade e
da segurança nos cuidados, devem seguir as seguintes recomendações:
Desenvolver um procedimento escrito e datado que estabeleça as diretrizes para o reprocessamento de
material endoscópico. O procedimento deve ser revisto a cada três anos.
Nomear um profissional como responsável pelo reprocessamento de material endoscópico, com definição
das suas funções e responsabilidades, as quais devem incluir a autonomia para intervir sempre que se
identifiquem falhas nas práticas de reprocessamento.
Nas UED integradas em unidades de saúde, onde é obrigatória a existência de Comissões de Controlo de
Infeção estas devem participar na definição e monitorização das diretrizes para o reprocessamento. Nas
outras UED esta função será atribuída ao Responsável técnico.
Efetuar uma avaliação de riscos anualmente ou sempre que as circunstâncias se alterem.
Promover reuniões regulares de equipa para a análise e discussão das diretrizes e outras questões
relacionadas com o reprocessamento.
Registar e analisar os incidentes relacionados com falhas no reprocessamento na UE, com notificação para
o sistema de reporte de eventos adversos da instituição.
Registar evidências de que foram tomadas as medidas apropriadas mediante os incidentes reportados.
Realizar auditorias internas aos procedimentos de reprocessamento (devem ser constituídas por um
elemento da comissão de infeção e por um elemento externo ao serviço que seja perito na área).
 Os relatórios das auditorias devem ser analisados e discutidos com o responsável e com a equipa.
Relatório de formação externa – Curso de Reprocessamento de Endoscópios Digestivos e Acessórios | Noémia Costa Leite
3
 Os relatórios das auditorias com as propostas de melhoria devem ser enviados ao Conselho de
Administração/Responsável Técnico.
Disponibilizar as Fichas Técnicas e Fichas de Dados de Segurança dos detergentes, desinfetantes, e do
material endoscópico de forma a garantir a sua utilização de acordo com as recomendações do fabricante.
Definir um plano de integração para os profissionais que trabalham na área do reprocessamento, com
registos comprovativos de formação no manuseamento dos vários tipos de material endoscópico e de
reprocessamento existentes na UED.
Segurança e Saúde dos Profissionais
Nas UED deve existir um procedimento escrito e datado para a eliminação segura dos resíduos líquidos com risco
biológico ou químico de acordo com as Fichas de Dados de Segurança dos detergentes e desinfetantes utilizados e
a legislação em vigor. O procedimento deve ser revisto a cada três anos.
QUEM PODE REALIZAR
AUDITORIAS
MINISTÉRIO
DA SAÚDE
DGS
ERS
Ordem dos
médicos
Ordem dos
enfermeiros
Relatório de formação externa – Curso de Reprocessamento de Endoscópios Digestivos e Acessórios | Noémia Costa Leite
4
Formação
Todos os profissionais que realizam o reprocessamento devem ser qualificados e ter formação e treino no
manuseamento do material endoscópico e no cumprimento das precauções básicas para a prevenção e
controlo de infeção.
É essencial que haja prática regular e formação contínua a fim de os profissionais se manterem atualizados.
Mesmo sendo recomendável o uso de RAE, os profissionais devem ser treinados em métodos manuais a
fim de garantir o reprocessamento nas pequenas UED assim como em caso de falha mecânica, de forma a
não colocar em causa a eficácia do processo e a segurança do utente e dos profissionais.
Deve ser realizada formação interna obrigatória bienal e sempre que se verifiquem alterações significativas
na área do reprocessamento, para todos os profissionais intervenientes no processo.
Toda a formação deve ser registada.
As instruções de todo o material endoscópico, as políticas e procedimentos, assim como as Fichas de Dados
de Segurança dos produtos devem estar acessíveis aos profissionais.
Detergentes e Desinfetantes
Os produtos químicos utilizados no reprocessamento de material endoscópico devem ser concebidos e fabricados
de acordo com a Diretiva dos Dispositivos Médicos.
Os detergentes são classificados como produtos para DM de classe I sendo identificados pela marcação CE
no rótulo.
Os desinfetantes são produtos para DM de classe II devendo ostentar, para além da marcação CE um código
de 4 dígitos para identificar o organismo responsável.
Os produtos químicos selecionados devem ser compatíveis com o material endoscópico e os RAE. Esta
compatibilidade deve ser confirmada pelos fabricantes.
Os ingredientes dos detergentes devem ser compatíveis com o desinfetante e não alterar a sua atividade no caso de
ficarem resíduos após o enxaguamento. Para garantir a compatibilidade a ESGENA recomenda que sejam utilizados
detergentes e desinfetantes do mesmo fabricante.
Embora os desinfetantes existam em formulações líquidas e em pó, devem ser preferidas as formulações líquidas
(as formulações em pó apresentam o risco de poder reter grãos nas tubagens com possível entupimento).
Relatório de formação externa – Curso de Reprocessamento de Endoscópios Digestivos e Acessórios | Noémia Costa Leite
5
Os seguintes fatores podem influenciar a escolha do desinfetante:
Processo de diluição
Estabilidade da solução
Número de reutilizações possíveis
Avaliação da concentração
Custo direto
Custos indiretos (p.ex. RAE apropriado, espaço de armazenamento, condições de uso, medidas de proteção
dos profissionais
Recomendações do fabricante de material endoscópico
Relatório de formação externa – Curso de Reprocessamento de Endoscópios Digestivos e Acessórios | Noémia Costa Leite
6
O desinfetante mais preconizado neste momento é o Ácido Peracético, pois tem uma ação mais rápida,
é de alto nível e com atividade esporicida e por último não permite a fixação de proteínas, contribuindo
assim para a redução dos biofilmes.
Na nossa UED usamos o ortaftalaldeído, pelo que seria pertinente reavaliar o seu uso e se a nossa
máquina de ERA é compatível com o uso do ácido peracético.
Desinfeção dos Endoscópios
O sistema de classificação de Spaulding define os Dispositivos Médicos (DM) de acordo com o risco de infeção, aplica-
se também aos endoscópios: os endoscópios gastrintestinais são classificados como semicríticos.
Recomenda-se o uso de reprocessamento automático, porque permite um ciclo de reprocessamento padronizado e
validado, permitindo ainda um registo de todos os passos do processo e, minimizando a exposição a químico e à
contaminação ambiental, facilita o trabalho dos profissionais e reduz o risco de dano dos endoscópios.
O reprocessamento manual produz resultados fiáveis, desde que todos os passos do procedimento sejam cumpridos
rigorosamente. Contudo, não é possível validar o processo, havendo ainda a exposição dos profissionais a químicos
e a material infecioso.
Caso seja necessário efetuar reprocessamento manual, em casos de avaria do ERA, tem que existir obrigatoriamente
um registo que identifique o profissional, o detergente e desinfetante utilizados, os tempos de limpeza e de
desinfeção, este registo pode ser feito em sistema informático e anexo ao processo do utente.
Relatório de formação externa – Curso de Reprocessamento de Endoscópios Digestivos e Acessórios | Noémia Costa Leite
7
Rastreabilidade
Deve existir um sistema (manual ou eletrónico) para a rastreabilidade do ciclo de reprocessamento que identifique
o profissional, tipo e fase de reprocessamento e o doente associados a cada endoscópio reprocessado/utilizado e
que possibilite a monitorização e auditoria. Cada endoscópio deve possuir um código único de identificação, e deve
ser implementado um sistema específico para endoscópios vindos do exterior.
O sistema de rastreabilidade deve ser avaliado regularmente (pelo menos uma vez por ano) para se assegurar da
sua efetividade.
Acessórios
O sistema de classificação de Spaulding define os Dispositivos Médicos (DM) de acordo com o risco de infeção, aplica-
se também aos acessórios de endoscopia: os acessórios endoscópios gastrintestinais são classificados críticos.
O material (escovas, escovilhões, etc.) utilizado para a limpeza deve ser preferencialmente de uso único.
Caso contrário, deve ser descontaminado após cada utilização de acordo com as indicações do fabricante.
A limpeza ultra-sónica dos acessórios endoscópicos reutilizáveis e componentes dos endoscópios, com uma
frequência superior a 30 kHz, deve ser utilizada para remover sujidade e material orgânico de áreas de difícil
limpeza de acordo com as indicações dos fabricantes.
As pinças de biopsia e outros acessórios que têm a indicação para uso único devem ser descartados após a
utilização.
As pinças de biopsia e outros acessórios reutilizáveis que violam a barreira mucosa devem ser submetidos
a uma limpeza mecânica com detergente enzimático e esterilizados (a desinfeção de nível elevado não é
suficiente).
Os frascos de água e os tubos conectores, devem ser esterilizados ou submetidos a desinfeção de nível
elevado de acordo com as indicações do fabricante. Os frascos de água devem ser esterilizados após cada
sessão de endoscopia. A água utilizada nos frascos deve ser estéril ou destilada.
A utilização de acessórios reutilizáveis, implica sempre o uso de uma tina ultra-sónica e posteriormente
uma esterilização. O método de limpeza ultra-sónica não possibilita a monitorização da carga orgânica,
mesmo quando sujeitos às boas práticas. (Os acessórios reutilizáveis são mais caros, não está garantida
a sua monitorização da carga orgânica e implica a aquisição de uma tina ultra-sónica e sua manutenção).
Por indicação da DGS dverão utilizar-se preferencialmente acessórios de uso único.
Relatório de formação externa – Curso de Reprocessamento de Endoscópios Digestivos e Acessórios | Noémia Costa Leite
8
Manutenção
Deve existir um registo da manutenção preventiva e das reparações dos endoscópios de acordo com as
instruções do fabricante.
Deve existir um registo da manutenção preventiva e reparações do RAE de acordo com as instruções do
fabricante.
O RAE deve ter um plano de manutenção.
Deve existir um registo específico do plano de manutenção e desinfeção de qualquer sistema de purificação
de água do RAE.
Deve existir um registo da manutenção preventiva e reparações da tina ultra-sónica de acordo com as
instruções do fabricante.
Deve existir um registo de higienização periódica do sistema do RAE.
(Estes registos devem estar na UED acessíveis à equipa)
Aquisição do Equipamento
A compra de material endoscópico e equipamento de reprocessamento, deve envolver sempre que
aplicável, uma equipa multidisciplinar (os utilizadores e a Comissão de Controlo da Infeção e o Serviço de
Saúde Ocupacional, Serviço de Instalações e Equipamento).
Deve haver um plano com critérios para substituição e manutenção dos endoscópios e do equipamento de
reprocessamento dos endoscópios (a Rede de Referenciação Hospitalar de Gastrenterologia).
Os endoscópios têm uma vida útil média de 3 anos, segundo os peritos. Um endoscópio digestivo
alto quando sujeito a manutenção preventiva regular e boas práticas realizará cerca de 4500
exames, enquanto que um endoscópio digestivo baixo realizará cerca de 2500 a 3000 exames.
(Após análise do nº de exames e do tipo de exames, por vezes é preferível investir numa máquina
de RAE com um ciclo mais curto e adquirir menos aparelhos – deve-se ponderar a relação
custo/benefício).
Critérios para escolha da máquina de RAE: custo ciclo de desinfeção, tempo de reprocessamento
e custo da manutenção preventiva.
Relatório de formação externa – Curso de Reprocessamento de Endoscópios Digestivos e Acessórios | Noémia Costa Leite
9
Normas Europeias Aplicáveis
 International Organization for Standarization. EN 14885. Chemical disinfectants and antiseptics –
Application of European Standards for chemical disinfectants and antiseptics (2006) Section 3.3.1
 International Organization for Standarization. ISO 11137. Sterilization of Healthcare Products
(2006)
 International Organization for Standarization EN ISO 15883. Washer-disinfectors – Part 1: General
Requirements, terms and definitions and tests, 2006;
 International Organization for Standarization EN ISO 15883. Washer-disinfectors – Part 4:
Requirements and tests for washer-disinfectors employing chemical disinfection for thermolabile
endoscopes. 2008
 International Organization for Standarization EN ISO 15883. Washer-disinfectors – Part 5: Test
soils and methods for demonstrating cleaning efficacy, 2005.
 European Medical Device Directory. Council Directive 93/42/EEC of 14 June 1993 concerning
medical devices (OJ Nº L 169/1 of 1993-07-12)
 Decreto Lei nº 441/91 de 14 de novembro que estabelece os princípios que visam promover a
segurança, higiene e saúde no trabalho nos termos dispostos nos artigos 59º e 64º da Constituição
 Dec Lei 145/2009 de 17 de junho que transpõe para a ordem jurídica interna as seguintes Diretivas
Comunitárias:
 2007/47/CE
 90/385/CEE – DM implantáveis ativos
 93/42(CEE – relativa aos DM
 98/8/CE – relativa à colocação de produtos biocidas no mercado
 CENTC102WG8N36. draft. Controlled environment storage cabinet for disinfected
thermolabile endoscopes
Relatório de formação externa – Curso de Reprocessamento de Endoscópios Digestivos e Acessórios | Noémia Costa Leite
10
ANEXOS
Instrumento de auditoria
Este Instrumento está disponível em formato EXCELL, para facilitar a implementação da auditoria e a análise
dos dados.
REPROCESSAMENTO DE ENDOSCÓPIOS E MATERIAIS REUTILIZÁVEIS. Lisboa, 13 de Novembro de 2014 ...
segundo a DGS (Orientação nº 008/2012 de 4/6/2012)

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Poluição Ambiental - Tema Lixo Hospitalar
Poluição  Ambiental - Tema Lixo HospitalarPoluição  Ambiental - Tema Lixo Hospitalar
Poluição Ambiental - Tema Lixo HospitalarLukas Lima
 
Cartilha de visa
Cartilha de visaCartilha de visa
Cartilha de visaEveraldo
 
Aula Cirurgia Segura Hospital Alemão Oswaldo Cruz
Aula Cirurgia Segura Hospital Alemão Oswaldo CruzAula Cirurgia Segura Hospital Alemão Oswaldo Cruz
Aula Cirurgia Segura Hospital Alemão Oswaldo CruzProqualis
 
Provas tecnico enfermagem
Provas tecnico enfermagemProvas tecnico enfermagem
Provas tecnico enfermagemeliane_leite
 
PGRSS HNSC Apresentação
PGRSS HNSC ApresentaçãoPGRSS HNSC Apresentação
PGRSS HNSC ApresentaçãoEverton Ianiak
 
Checklist cirurgia segura
Checklist cirurgia seguraChecklist cirurgia segura
Checklist cirurgia seguraAnestesiador
 
Centro cirurgico
Centro cirurgicoCentro cirurgico
Centro cirurgicoshaxa
 
Um Enfoque sobre Visita Domiciliar ao Idoso
Um Enfoque sobre Visita Domiciliar ao IdosoUm Enfoque sobre Visita Domiciliar ao Idoso
Um Enfoque sobre Visita Domiciliar ao IdosoKatia Dos Santos Barbosa
 
Apostila de clínica cirúrgica
Apostila de clínica cirúrgicaApostila de clínica cirúrgica
Apostila de clínica cirúrgicaAndré Fidelis
 
Apresentação 2 limpeza de materiais e arrumação de caixa.
Apresentação 2 limpeza de materiais e arrumação de caixa.Apresentação 2 limpeza de materiais e arrumação de caixa.
Apresentação 2 limpeza de materiais e arrumação de caixa.Eliete Santos
 
Gerenciamento dos Resíduos de Serviços de Saúde e Incinerador Hospitalar
Gerenciamento dos Resíduos de Serviços de Saúde e Incinerador HospitalarGerenciamento dos Resíduos de Serviços de Saúde e Incinerador Hospitalar
Gerenciamento dos Resíduos de Serviços de Saúde e Incinerador HospitalarFernanda Cabral
 
Slide saude da mulher (1).pptx
Slide saude da mulher (1).pptxSlide saude da mulher (1).pptx
Slide saude da mulher (1).pptxMicaelMota2
 
Tcc_slide_ACIDENTES COM PERFUROCORTANTES E MEDIDAS PREVENTIVAS
Tcc_slide_ACIDENTES COM PERFUROCORTANTES  E MEDIDAS PREVENTIVASTcc_slide_ACIDENTES COM PERFUROCORTANTES  E MEDIDAS PREVENTIVAS
Tcc_slide_ACIDENTES COM PERFUROCORTANTES E MEDIDAS PREVENTIVASacajado
 

Mais procurados (20)

Poluição Ambiental - Tema Lixo Hospitalar
Poluição  Ambiental - Tema Lixo HospitalarPoluição  Ambiental - Tema Lixo Hospitalar
Poluição Ambiental - Tema Lixo Hospitalar
 
Cartilha de visa
Cartilha de visaCartilha de visa
Cartilha de visa
 
Edson Araújo – Desafios para a sustentabilidade do SUS
Edson Araújo  – Desafios para a sustentabilidade do SUSEdson Araújo  – Desafios para a sustentabilidade do SUS
Edson Araújo – Desafios para a sustentabilidade do SUS
 
PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO
PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃOPROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO
PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO
 
Endometriose
EndometrioseEndometriose
Endometriose
 
Aula Cirurgia Segura Hospital Alemão Oswaldo Cruz
Aula Cirurgia Segura Hospital Alemão Oswaldo CruzAula Cirurgia Segura Hospital Alemão Oswaldo Cruz
Aula Cirurgia Segura Hospital Alemão Oswaldo Cruz
 
Provas tecnico enfermagem
Provas tecnico enfermagemProvas tecnico enfermagem
Provas tecnico enfermagem
 
Palestra+biosegurança
Palestra+biosegurançaPalestra+biosegurança
Palestra+biosegurança
 
Esterilizar
EsterilizarEsterilizar
Esterilizar
 
PGRSS HNSC Apresentação
PGRSS HNSC ApresentaçãoPGRSS HNSC Apresentação
PGRSS HNSC Apresentação
 
Checklist cirurgia segura
Checklist cirurgia seguraChecklist cirurgia segura
Checklist cirurgia segura
 
Centro cirurgico
Centro cirurgicoCentro cirurgico
Centro cirurgico
 
Gerenciamento de resíduos
Gerenciamento de resíduosGerenciamento de resíduos
Gerenciamento de resíduos
 
Um Enfoque sobre Visita Domiciliar ao Idoso
Um Enfoque sobre Visita Domiciliar ao IdosoUm Enfoque sobre Visita Domiciliar ao Idoso
Um Enfoque sobre Visita Domiciliar ao Idoso
 
PROGRAMA DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUO DE SERVIÇOS DE SAÚDE
PROGRAMA  DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUO DE SERVIÇOS DE SAÚDEPROGRAMA  DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUO DE SERVIÇOS DE SAÚDE
PROGRAMA DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUO DE SERVIÇOS DE SAÚDE
 
Apostila de clínica cirúrgica
Apostila de clínica cirúrgicaApostila de clínica cirúrgica
Apostila de clínica cirúrgica
 
Apresentação 2 limpeza de materiais e arrumação de caixa.
Apresentação 2 limpeza de materiais e arrumação de caixa.Apresentação 2 limpeza de materiais e arrumação de caixa.
Apresentação 2 limpeza de materiais e arrumação de caixa.
 
Gerenciamento dos Resíduos de Serviços de Saúde e Incinerador Hospitalar
Gerenciamento dos Resíduos de Serviços de Saúde e Incinerador HospitalarGerenciamento dos Resíduos de Serviços de Saúde e Incinerador Hospitalar
Gerenciamento dos Resíduos de Serviços de Saúde e Incinerador Hospitalar
 
Slide saude da mulher (1).pptx
Slide saude da mulher (1).pptxSlide saude da mulher (1).pptx
Slide saude da mulher (1).pptx
 
Tcc_slide_ACIDENTES COM PERFUROCORTANTES E MEDIDAS PREVENTIVAS
Tcc_slide_ACIDENTES COM PERFUROCORTANTES  E MEDIDAS PREVENTIVASTcc_slide_ACIDENTES COM PERFUROCORTANTES  E MEDIDAS PREVENTIVAS
Tcc_slide_ACIDENTES COM PERFUROCORTANTES E MEDIDAS PREVENTIVAS
 

Semelhante a Curso Reprocessamento Endoscópios

Manual biosseguranca
Manual biossegurancaManual biosseguranca
Manual biossegurancaojcn
 
APPCC-ANÁLISE DE PERIGOS E PONTOS CRÍTICOS
APPCC-ANÁLISE DE PERIGOS E PONTOS CRÍTICOSAPPCC-ANÁLISE DE PERIGOS E PONTOS CRÍTICOS
APPCC-ANÁLISE DE PERIGOS E PONTOS CRÍTICOSRegiane Rodrigues
 
Manual de boas_praticas_e_procedimentos_operacionais_padronizados
Manual de boas_praticas_e_procedimentos_operacionais_padronizadosManual de boas_praticas_e_procedimentos_operacionais_padronizados
Manual de boas_praticas_e_procedimentos_operacionais_padronizadosFernando Rufus
 
Manual de higienização hospitalar
Manual de higienização hospitalarManual de higienização hospitalar
Manual de higienização hospitalarHigiclear
 
Aula de Artigos críticos, semi críticos e não críticos
Aula de Artigos críticos, semi críticos e não críticosAula de Artigos críticos, semi críticos e não críticos
Aula de Artigos críticos, semi críticos e não críticosSMS - Petrópolis
 
Manual de Higienização Hospitalar Versão 2015
Manual de Higienização Hospitalar Versão 2015Manual de Higienização Hospitalar Versão 2015
Manual de Higienização Hospitalar Versão 2015General Clean
 
Norma regulamentadora 32
Norma regulamentadora 32Norma regulamentadora 32
Norma regulamentadora 32SonynhaRegis
 
Folder Sistema DuPont de Gestão em Q&SA
Folder Sistema DuPont de Gestão em Q&SAFolder Sistema DuPont de Gestão em Q&SA
Folder Sistema DuPont de Gestão em Q&SANelio Bento
 
BOAS PRATICAS DE FABRICAÇÃO E POP'S
BOAS PRATICAS DE FABRICAÇÃO E POP'SBOAS PRATICAS DE FABRICAÇÃO E POP'S
BOAS PRATICAS DE FABRICAÇÃO E POP'SCelina Martins
 
Implantacao do-appcc-em-um-laticinio-para-implantacao-da-iso-22000-11014219
Implantacao do-appcc-em-um-laticinio-para-implantacao-da-iso-22000-11014219Implantacao do-appcc-em-um-laticinio-para-implantacao-da-iso-22000-11014219
Implantacao do-appcc-em-um-laticinio-para-implantacao-da-iso-22000-11014219Cooperrita
 
Apresentação Toxilab Laboratório de Análises
Apresentação Toxilab Laboratório de AnálisesApresentação Toxilab Laboratório de Análises
Apresentação Toxilab Laboratório de Análisesadribender
 
Procedimentos_Operacionais_Padronizados(3).pdf
Procedimentos_Operacionais_Padronizados(3).pdfProcedimentos_Operacionais_Padronizados(3).pdf
Procedimentos_Operacionais_Padronizados(3).pdfMargareteArioza1
 
Procedimentos_Operacionais_Padronizados(1).pdf
Procedimentos_Operacionais_Padronizados(1).pdfProcedimentos_Operacionais_Padronizados(1).pdf
Procedimentos_Operacionais_Padronizados(1).pdfMargareteArioza1
 
saude do trabalho
saude do trabalhosaude do trabalho
saude do trabalhoLeon Brazyl
 
Manual Higiene e Desinfecção Hospitalar
Manual Higiene e Desinfecção HospitalarManual Higiene e Desinfecção Hospitalar
Manual Higiene e Desinfecção HospitalarGeneral Clean
 
Pop procedimentos operacionais padrão
Pop   procedimentos operacionais padrãoPop   procedimentos operacionais padrão
Pop procedimentos operacionais padrãoRafael Correia
 

Semelhante a Curso Reprocessamento Endoscópios (20)

Programa de treinamento
Programa de treinamentoPrograma de treinamento
Programa de treinamento
 
Manual biosseguranca
Manual biossegurancaManual biosseguranca
Manual biosseguranca
 
APPCC-ANÁLISE DE PERIGOS E PONTOS CRÍTICOS
APPCC-ANÁLISE DE PERIGOS E PONTOS CRÍTICOSAPPCC-ANÁLISE DE PERIGOS E PONTOS CRÍTICOS
APPCC-ANÁLISE DE PERIGOS E PONTOS CRÍTICOS
 
Biossegurança em laboratorios
Biossegurança em laboratoriosBiossegurança em laboratorios
Biossegurança em laboratorios
 
Manual de boas_praticas_e_procedimentos_operacionais_padronizados
Manual de boas_praticas_e_procedimentos_operacionais_padronizadosManual de boas_praticas_e_procedimentos_operacionais_padronizados
Manual de boas_praticas_e_procedimentos_operacionais_padronizados
 
Manual de higienização hospitalar
Manual de higienização hospitalarManual de higienização hospitalar
Manual de higienização hospitalar
 
Aula de Artigos críticos, semi críticos e não críticos
Aula de Artigos críticos, semi críticos e não críticosAula de Artigos críticos, semi críticos e não críticos
Aula de Artigos críticos, semi críticos e não críticos
 
Manual de Higienização Hospitalar Versão 2015
Manual de Higienização Hospitalar Versão 2015Manual de Higienização Hospitalar Versão 2015
Manual de Higienização Hospitalar Versão 2015
 
Norma regulamentadora 32
Norma regulamentadora 32Norma regulamentadora 32
Norma regulamentadora 32
 
Folder Sistema DuPont de Gestão em Q&SA
Folder Sistema DuPont de Gestão em Q&SAFolder Sistema DuPont de Gestão em Q&SA
Folder Sistema DuPont de Gestão em Q&SA
 
FORMULARIO PADRAO-MBF.doc
FORMULARIO PADRAO-MBF.docFORMULARIO PADRAO-MBF.doc
FORMULARIO PADRAO-MBF.doc
 
BOAS PRATICAS DE FABRICAÇÃO E POP'S
BOAS PRATICAS DE FABRICAÇÃO E POP'SBOAS PRATICAS DE FABRICAÇÃO E POP'S
BOAS PRATICAS DE FABRICAÇÃO E POP'S
 
Implantacao do-appcc-em-um-laticinio-para-implantacao-da-iso-22000-11014219
Implantacao do-appcc-em-um-laticinio-para-implantacao-da-iso-22000-11014219Implantacao do-appcc-em-um-laticinio-para-implantacao-da-iso-22000-11014219
Implantacao do-appcc-em-um-laticinio-para-implantacao-da-iso-22000-11014219
 
Apresentação Toxilab Laboratório de Análises
Apresentação Toxilab Laboratório de AnálisesApresentação Toxilab Laboratório de Análises
Apresentação Toxilab Laboratório de Análises
 
Procedimentos_Operacionais_Padronizados(3).pdf
Procedimentos_Operacionais_Padronizados(3).pdfProcedimentos_Operacionais_Padronizados(3).pdf
Procedimentos_Operacionais_Padronizados(3).pdf
 
Procedimentos_Operacionais_Padronizados(1).pdf
Procedimentos_Operacionais_Padronizados(1).pdfProcedimentos_Operacionais_Padronizados(1).pdf
Procedimentos_Operacionais_Padronizados(1).pdf
 
saude do trabalho
saude do trabalhosaude do trabalho
saude do trabalho
 
Manual Higiene e Desinfecção Hospitalar
Manual Higiene e Desinfecção HospitalarManual Higiene e Desinfecção Hospitalar
Manual Higiene e Desinfecção Hospitalar
 
CME E CC.pdf
CME E CC.pdfCME E CC.pdf
CME E CC.pdf
 
Pop procedimentos operacionais padrão
Pop   procedimentos operacionais padrãoPop   procedimentos operacionais padrão
Pop procedimentos operacionais padrão
 

Último

Aula Processo de Enfermagem na atenção primária a saúde
Aula Processo de Enfermagem na atenção primária a saúdeAula Processo de Enfermagem na atenção primária a saúde
Aula Processo de Enfermagem na atenção primária a saúdeLviaResende3
 
Níveis de biosseguranca ,com um resumo completo
Níveis  de biosseguranca ,com um resumo completoNíveis  de biosseguranca ,com um resumo completo
Níveis de biosseguranca ,com um resumo completomiriancarvalho34
 
BIOLOGIA CELULAR-Teoria Celular, Célula, Vírus, Estrutura Celular de Célula...
BIOLOGIA CELULAR-Teoria Celular, Célula, Vírus,   Estrutura Celular de Célula...BIOLOGIA CELULAR-Teoria Celular, Célula, Vírus,   Estrutura Celular de Célula...
BIOLOGIA CELULAR-Teoria Celular, Célula, Vírus, Estrutura Celular de Célula...kassiasilva1571
 
Conceitos de Saúde Coletiva e Saúde Pública.pptx
Conceitos de Saúde Coletiva e Saúde Pública.pptxConceitos de Saúde Coletiva e Saúde Pública.pptx
Conceitos de Saúde Coletiva e Saúde Pública.pptxPedroHPRoriz
 
Processos Psicológicos Básicos - Psicologia
Processos Psicológicos Básicos - PsicologiaProcessos Psicológicos Básicos - Psicologia
Processos Psicológicos Básicos - Psicologiaprofdeniseismarsi
 
Encontro Clínico e Operações - Fotos do Evento
Encontro Clínico e Operações - Fotos do EventoEncontro Clínico e Operações - Fotos do Evento
Encontro Clínico e Operações - Fotos do Eventowisdombrazil
 
Dengue no Brasil 2024 treinamento DDS pptx
Dengue no Brasil 2024 treinamento DDS pptxDengue no Brasil 2024 treinamento DDS pptx
Dengue no Brasil 2024 treinamento DDS pptxrafaelacushman21
 
XABCDE - atendimento ao politraumatizado
XABCDE - atendimento ao politraumatizadoXABCDE - atendimento ao politraumatizado
XABCDE - atendimento ao politraumatizadojosianeavila3
 
Histologia- Tecido muscular e nervoso.pdf
Histologia- Tecido muscular e nervoso.pdfHistologia- Tecido muscular e nervoso.pdf
Histologia- Tecido muscular e nervoso.pdfzsasukehdowna
 
PNAB- POLITICA NACIONAL DE ATENÇAO BASICA
PNAB- POLITICA NACIONAL DE ATENÇAO BASICAPNAB- POLITICA NACIONAL DE ATENÇAO BASICA
PNAB- POLITICA NACIONAL DE ATENÇAO BASICAKaiannyFelix
 
aula de codigo de etica dos profissionais da enfermagem
aula de codigo de etica dos profissionais da  enfermagemaula de codigo de etica dos profissionais da  enfermagem
aula de codigo de etica dos profissionais da enfermagemvaniceandrade1
 
NR32---Treinamento-Perfurocortantes.pptx
NR32---Treinamento-Perfurocortantes.pptxNR32---Treinamento-Perfurocortantes.pptx
NR32---Treinamento-Perfurocortantes.pptxRayaneArruda2
 
medicamentos+periodonti medicamentos+periodontia
medicamentos+periodonti medicamentos+periodontiamedicamentos+periodonti medicamentos+periodontia
medicamentos+periodonti medicamentos+periodontiaGabrieliCapeline
 

Último (13)

Aula Processo de Enfermagem na atenção primária a saúde
Aula Processo de Enfermagem na atenção primária a saúdeAula Processo de Enfermagem na atenção primária a saúde
Aula Processo de Enfermagem na atenção primária a saúde
 
Níveis de biosseguranca ,com um resumo completo
Níveis  de biosseguranca ,com um resumo completoNíveis  de biosseguranca ,com um resumo completo
Níveis de biosseguranca ,com um resumo completo
 
BIOLOGIA CELULAR-Teoria Celular, Célula, Vírus, Estrutura Celular de Célula...
BIOLOGIA CELULAR-Teoria Celular, Célula, Vírus,   Estrutura Celular de Célula...BIOLOGIA CELULAR-Teoria Celular, Célula, Vírus,   Estrutura Celular de Célula...
BIOLOGIA CELULAR-Teoria Celular, Célula, Vírus, Estrutura Celular de Célula...
 
Conceitos de Saúde Coletiva e Saúde Pública.pptx
Conceitos de Saúde Coletiva e Saúde Pública.pptxConceitos de Saúde Coletiva e Saúde Pública.pptx
Conceitos de Saúde Coletiva e Saúde Pública.pptx
 
Processos Psicológicos Básicos - Psicologia
Processos Psicológicos Básicos - PsicologiaProcessos Psicológicos Básicos - Psicologia
Processos Psicológicos Básicos - Psicologia
 
Encontro Clínico e Operações - Fotos do Evento
Encontro Clínico e Operações - Fotos do EventoEncontro Clínico e Operações - Fotos do Evento
Encontro Clínico e Operações - Fotos do Evento
 
Dengue no Brasil 2024 treinamento DDS pptx
Dengue no Brasil 2024 treinamento DDS pptxDengue no Brasil 2024 treinamento DDS pptx
Dengue no Brasil 2024 treinamento DDS pptx
 
XABCDE - atendimento ao politraumatizado
XABCDE - atendimento ao politraumatizadoXABCDE - atendimento ao politraumatizado
XABCDE - atendimento ao politraumatizado
 
Histologia- Tecido muscular e nervoso.pdf
Histologia- Tecido muscular e nervoso.pdfHistologia- Tecido muscular e nervoso.pdf
Histologia- Tecido muscular e nervoso.pdf
 
PNAB- POLITICA NACIONAL DE ATENÇAO BASICA
PNAB- POLITICA NACIONAL DE ATENÇAO BASICAPNAB- POLITICA NACIONAL DE ATENÇAO BASICA
PNAB- POLITICA NACIONAL DE ATENÇAO BASICA
 
aula de codigo de etica dos profissionais da enfermagem
aula de codigo de etica dos profissionais da  enfermagemaula de codigo de etica dos profissionais da  enfermagem
aula de codigo de etica dos profissionais da enfermagem
 
NR32---Treinamento-Perfurocortantes.pptx
NR32---Treinamento-Perfurocortantes.pptxNR32---Treinamento-Perfurocortantes.pptx
NR32---Treinamento-Perfurocortantes.pptx
 
medicamentos+periodonti medicamentos+periodontia
medicamentos+periodonti medicamentos+periodontiamedicamentos+periodonti medicamentos+periodontia
medicamentos+periodonti medicamentos+periodontia
 

Curso Reprocessamento Endoscópios

  • 1. Relatório de formação externa – Curso de Reprocessamento de Endoscópios Digestivos e Acessórios | Noémia Costa Leite 1 OUTUBRO 2016 CURSO DE REPROCESSAMENTO DE ENDOSCÓPIOS DIGESTIVOS E ACESSÓRIOS
  • 2. Relatório de formação externa – Curso de Reprocessamento de Endoscópios Digestivos e Acessórios | Noémia Costa Leite 2 Nota Introdutória A descontaminação apropriada de material e equipamentos utilizados em endoscopia digestiva é uma componente essencial dos programas de Segurança do Doente e Qualidade das Instituições de Saúde. Na atualidade, a endoscopia digestiva tem vindo a tornar-se um procedimento progressivamente mais complexo e mais generalizado sendo realizado em todo país, em hospitais, clínicas e consultórios médicos. Assim, este Curso de Reprocessamento de Endoscópios Digestivos e Acessórios teve como objetivo primordial uniformizar a prática baseada na evidência seguindo as orientações estabelecidas a nível europeu. O reprocessamento adequado dos endoscópios flexíveis e dos respetivos acessórios é parte essencial do programa de segurança e de garantia da qualidade em endoscopia digestiva. O material endoscópico tem algumas particularidades que dificultam a sua descontaminação, nomeadamente fatores relacionados com a presença de ângulos agudos, juntas, superfícies fechadas inacessíveis e mecanismos diversos, o número e tipo de canais, o seu comprimento e flexibilidade, a composição com materiais de várias características, e a termo sensibilidade. Organização e Gestão As Unidades de Endoscopia Digestiva (UED), na promoção de boas práticas para a melhoria contínua da qualidade e da segurança nos cuidados, devem seguir as seguintes recomendações: Desenvolver um procedimento escrito e datado que estabeleça as diretrizes para o reprocessamento de material endoscópico. O procedimento deve ser revisto a cada três anos. Nomear um profissional como responsável pelo reprocessamento de material endoscópico, com definição das suas funções e responsabilidades, as quais devem incluir a autonomia para intervir sempre que se identifiquem falhas nas práticas de reprocessamento. Nas UED integradas em unidades de saúde, onde é obrigatória a existência de Comissões de Controlo de Infeção estas devem participar na definição e monitorização das diretrizes para o reprocessamento. Nas outras UED esta função será atribuída ao Responsável técnico. Efetuar uma avaliação de riscos anualmente ou sempre que as circunstâncias se alterem. Promover reuniões regulares de equipa para a análise e discussão das diretrizes e outras questões relacionadas com o reprocessamento. Registar e analisar os incidentes relacionados com falhas no reprocessamento na UE, com notificação para o sistema de reporte de eventos adversos da instituição. Registar evidências de que foram tomadas as medidas apropriadas mediante os incidentes reportados. Realizar auditorias internas aos procedimentos de reprocessamento (devem ser constituídas por um elemento da comissão de infeção e por um elemento externo ao serviço que seja perito na área).  Os relatórios das auditorias devem ser analisados e discutidos com o responsável e com a equipa.
  • 3. Relatório de formação externa – Curso de Reprocessamento de Endoscópios Digestivos e Acessórios | Noémia Costa Leite 3  Os relatórios das auditorias com as propostas de melhoria devem ser enviados ao Conselho de Administração/Responsável Técnico. Disponibilizar as Fichas Técnicas e Fichas de Dados de Segurança dos detergentes, desinfetantes, e do material endoscópico de forma a garantir a sua utilização de acordo com as recomendações do fabricante. Definir um plano de integração para os profissionais que trabalham na área do reprocessamento, com registos comprovativos de formação no manuseamento dos vários tipos de material endoscópico e de reprocessamento existentes na UED. Segurança e Saúde dos Profissionais Nas UED deve existir um procedimento escrito e datado para a eliminação segura dos resíduos líquidos com risco biológico ou químico de acordo com as Fichas de Dados de Segurança dos detergentes e desinfetantes utilizados e a legislação em vigor. O procedimento deve ser revisto a cada três anos. QUEM PODE REALIZAR AUDITORIAS MINISTÉRIO DA SAÚDE DGS ERS Ordem dos médicos Ordem dos enfermeiros
  • 4. Relatório de formação externa – Curso de Reprocessamento de Endoscópios Digestivos e Acessórios | Noémia Costa Leite 4 Formação Todos os profissionais que realizam o reprocessamento devem ser qualificados e ter formação e treino no manuseamento do material endoscópico e no cumprimento das precauções básicas para a prevenção e controlo de infeção. É essencial que haja prática regular e formação contínua a fim de os profissionais se manterem atualizados. Mesmo sendo recomendável o uso de RAE, os profissionais devem ser treinados em métodos manuais a fim de garantir o reprocessamento nas pequenas UED assim como em caso de falha mecânica, de forma a não colocar em causa a eficácia do processo e a segurança do utente e dos profissionais. Deve ser realizada formação interna obrigatória bienal e sempre que se verifiquem alterações significativas na área do reprocessamento, para todos os profissionais intervenientes no processo. Toda a formação deve ser registada. As instruções de todo o material endoscópico, as políticas e procedimentos, assim como as Fichas de Dados de Segurança dos produtos devem estar acessíveis aos profissionais. Detergentes e Desinfetantes Os produtos químicos utilizados no reprocessamento de material endoscópico devem ser concebidos e fabricados de acordo com a Diretiva dos Dispositivos Médicos. Os detergentes são classificados como produtos para DM de classe I sendo identificados pela marcação CE no rótulo. Os desinfetantes são produtos para DM de classe II devendo ostentar, para além da marcação CE um código de 4 dígitos para identificar o organismo responsável. Os produtos químicos selecionados devem ser compatíveis com o material endoscópico e os RAE. Esta compatibilidade deve ser confirmada pelos fabricantes. Os ingredientes dos detergentes devem ser compatíveis com o desinfetante e não alterar a sua atividade no caso de ficarem resíduos após o enxaguamento. Para garantir a compatibilidade a ESGENA recomenda que sejam utilizados detergentes e desinfetantes do mesmo fabricante. Embora os desinfetantes existam em formulações líquidas e em pó, devem ser preferidas as formulações líquidas (as formulações em pó apresentam o risco de poder reter grãos nas tubagens com possível entupimento).
  • 5. Relatório de formação externa – Curso de Reprocessamento de Endoscópios Digestivos e Acessórios | Noémia Costa Leite 5 Os seguintes fatores podem influenciar a escolha do desinfetante: Processo de diluição Estabilidade da solução Número de reutilizações possíveis Avaliação da concentração Custo direto Custos indiretos (p.ex. RAE apropriado, espaço de armazenamento, condições de uso, medidas de proteção dos profissionais Recomendações do fabricante de material endoscópico
  • 6. Relatório de formação externa – Curso de Reprocessamento de Endoscópios Digestivos e Acessórios | Noémia Costa Leite 6 O desinfetante mais preconizado neste momento é o Ácido Peracético, pois tem uma ação mais rápida, é de alto nível e com atividade esporicida e por último não permite a fixação de proteínas, contribuindo assim para a redução dos biofilmes. Na nossa UED usamos o ortaftalaldeído, pelo que seria pertinente reavaliar o seu uso e se a nossa máquina de ERA é compatível com o uso do ácido peracético. Desinfeção dos Endoscópios O sistema de classificação de Spaulding define os Dispositivos Médicos (DM) de acordo com o risco de infeção, aplica- se também aos endoscópios: os endoscópios gastrintestinais são classificados como semicríticos. Recomenda-se o uso de reprocessamento automático, porque permite um ciclo de reprocessamento padronizado e validado, permitindo ainda um registo de todos os passos do processo e, minimizando a exposição a químico e à contaminação ambiental, facilita o trabalho dos profissionais e reduz o risco de dano dos endoscópios. O reprocessamento manual produz resultados fiáveis, desde que todos os passos do procedimento sejam cumpridos rigorosamente. Contudo, não é possível validar o processo, havendo ainda a exposição dos profissionais a químicos e a material infecioso. Caso seja necessário efetuar reprocessamento manual, em casos de avaria do ERA, tem que existir obrigatoriamente um registo que identifique o profissional, o detergente e desinfetante utilizados, os tempos de limpeza e de desinfeção, este registo pode ser feito em sistema informático e anexo ao processo do utente.
  • 7. Relatório de formação externa – Curso de Reprocessamento de Endoscópios Digestivos e Acessórios | Noémia Costa Leite 7 Rastreabilidade Deve existir um sistema (manual ou eletrónico) para a rastreabilidade do ciclo de reprocessamento que identifique o profissional, tipo e fase de reprocessamento e o doente associados a cada endoscópio reprocessado/utilizado e que possibilite a monitorização e auditoria. Cada endoscópio deve possuir um código único de identificação, e deve ser implementado um sistema específico para endoscópios vindos do exterior. O sistema de rastreabilidade deve ser avaliado regularmente (pelo menos uma vez por ano) para se assegurar da sua efetividade. Acessórios O sistema de classificação de Spaulding define os Dispositivos Médicos (DM) de acordo com o risco de infeção, aplica- se também aos acessórios de endoscopia: os acessórios endoscópios gastrintestinais são classificados críticos. O material (escovas, escovilhões, etc.) utilizado para a limpeza deve ser preferencialmente de uso único. Caso contrário, deve ser descontaminado após cada utilização de acordo com as indicações do fabricante. A limpeza ultra-sónica dos acessórios endoscópicos reutilizáveis e componentes dos endoscópios, com uma frequência superior a 30 kHz, deve ser utilizada para remover sujidade e material orgânico de áreas de difícil limpeza de acordo com as indicações dos fabricantes. As pinças de biopsia e outros acessórios que têm a indicação para uso único devem ser descartados após a utilização. As pinças de biopsia e outros acessórios reutilizáveis que violam a barreira mucosa devem ser submetidos a uma limpeza mecânica com detergente enzimático e esterilizados (a desinfeção de nível elevado não é suficiente). Os frascos de água e os tubos conectores, devem ser esterilizados ou submetidos a desinfeção de nível elevado de acordo com as indicações do fabricante. Os frascos de água devem ser esterilizados após cada sessão de endoscopia. A água utilizada nos frascos deve ser estéril ou destilada. A utilização de acessórios reutilizáveis, implica sempre o uso de uma tina ultra-sónica e posteriormente uma esterilização. O método de limpeza ultra-sónica não possibilita a monitorização da carga orgânica, mesmo quando sujeitos às boas práticas. (Os acessórios reutilizáveis são mais caros, não está garantida a sua monitorização da carga orgânica e implica a aquisição de uma tina ultra-sónica e sua manutenção). Por indicação da DGS dverão utilizar-se preferencialmente acessórios de uso único.
  • 8. Relatório de formação externa – Curso de Reprocessamento de Endoscópios Digestivos e Acessórios | Noémia Costa Leite 8 Manutenção Deve existir um registo da manutenção preventiva e das reparações dos endoscópios de acordo com as instruções do fabricante. Deve existir um registo da manutenção preventiva e reparações do RAE de acordo com as instruções do fabricante. O RAE deve ter um plano de manutenção. Deve existir um registo específico do plano de manutenção e desinfeção de qualquer sistema de purificação de água do RAE. Deve existir um registo da manutenção preventiva e reparações da tina ultra-sónica de acordo com as instruções do fabricante. Deve existir um registo de higienização periódica do sistema do RAE. (Estes registos devem estar na UED acessíveis à equipa) Aquisição do Equipamento A compra de material endoscópico e equipamento de reprocessamento, deve envolver sempre que aplicável, uma equipa multidisciplinar (os utilizadores e a Comissão de Controlo da Infeção e o Serviço de Saúde Ocupacional, Serviço de Instalações e Equipamento). Deve haver um plano com critérios para substituição e manutenção dos endoscópios e do equipamento de reprocessamento dos endoscópios (a Rede de Referenciação Hospitalar de Gastrenterologia). Os endoscópios têm uma vida útil média de 3 anos, segundo os peritos. Um endoscópio digestivo alto quando sujeito a manutenção preventiva regular e boas práticas realizará cerca de 4500 exames, enquanto que um endoscópio digestivo baixo realizará cerca de 2500 a 3000 exames. (Após análise do nº de exames e do tipo de exames, por vezes é preferível investir numa máquina de RAE com um ciclo mais curto e adquirir menos aparelhos – deve-se ponderar a relação custo/benefício). Critérios para escolha da máquina de RAE: custo ciclo de desinfeção, tempo de reprocessamento e custo da manutenção preventiva.
  • 9. Relatório de formação externa – Curso de Reprocessamento de Endoscópios Digestivos e Acessórios | Noémia Costa Leite 9 Normas Europeias Aplicáveis  International Organization for Standarization. EN 14885. Chemical disinfectants and antiseptics – Application of European Standards for chemical disinfectants and antiseptics (2006) Section 3.3.1  International Organization for Standarization. ISO 11137. Sterilization of Healthcare Products (2006)  International Organization for Standarization EN ISO 15883. Washer-disinfectors – Part 1: General Requirements, terms and definitions and tests, 2006;  International Organization for Standarization EN ISO 15883. Washer-disinfectors – Part 4: Requirements and tests for washer-disinfectors employing chemical disinfection for thermolabile endoscopes. 2008  International Organization for Standarization EN ISO 15883. Washer-disinfectors – Part 5: Test soils and methods for demonstrating cleaning efficacy, 2005.  European Medical Device Directory. Council Directive 93/42/EEC of 14 June 1993 concerning medical devices (OJ Nº L 169/1 of 1993-07-12)  Decreto Lei nº 441/91 de 14 de novembro que estabelece os princípios que visam promover a segurança, higiene e saúde no trabalho nos termos dispostos nos artigos 59º e 64º da Constituição  Dec Lei 145/2009 de 17 de junho que transpõe para a ordem jurídica interna as seguintes Diretivas Comunitárias:  2007/47/CE  90/385/CEE – DM implantáveis ativos  93/42(CEE – relativa aos DM  98/8/CE – relativa à colocação de produtos biocidas no mercado  CENTC102WG8N36. draft. Controlled environment storage cabinet for disinfected thermolabile endoscopes
  • 10. Relatório de formação externa – Curso de Reprocessamento de Endoscópios Digestivos e Acessórios | Noémia Costa Leite 10 ANEXOS Instrumento de auditoria Este Instrumento está disponível em formato EXCELL, para facilitar a implementação da auditoria e a análise dos dados. REPROCESSAMENTO DE ENDOSCÓPIOS E MATERIAIS REUTILIZÁVEIS. Lisboa, 13 de Novembro de 2014 ... segundo a DGS (Orientação nº 008/2012 de 4/6/2012)