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CENTRO CIRÚRGICO
E CME
Lenita Elisa Favaro
Métodos e validação do
processo de esterilização
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
„
„ Descrever a validação do processo de esterilização.
„
„ Demonstrar os métodos de esterilização.
„
„ Identificar os principais elementos da validação do processo de
esterilização.
Introdução
Neste capítulo, você conhecerá os métodos e a avaliação do processo
de esterilização. Todos os processos realizados na Central de Material e
Esterilização (CME) são obrigatórios para a qualidade e segurança de todos
os estabelecimentos assistenciais de saúde (EAS) que possuam centro
cirúrgico, centro obstétrico e/ou ambulatorial, serviços de hemodinâmica,
de emergência de alta complexidade e urgência.
A CME é responsável por receber, limpar, desinfetar, preparar, esteri-
lizar e distribuir os materiais e equipamentos usados no centro cirúrgico
e nas demais unidades de um hospital ou outros serviços de saúde. A
responsabilidade dos processos de esterilização, bem como a avaliação
da qualidade, é da equipe que realiza esse processamento.
Validação do processo de esterilização
Dentro das definições publicadas pela Resolução RDC nº 15/2012, a qualifi-
cação de operação deverá ser evidenciada e documentada pelo fabricante ou
distribuidor, confirmando que o equipamento, após a qualificação da instalação,
opera dentro dos parâmetros originais de fabricação, apresentando desempenho
consistente por, no mínimo, três ciclos sucessivos do processo e utilizando,
pelo menos, a carga de maior desafio determinada pelo serviço de saúde.
O responsável técnico (RT) é o profissional de nível superior legalmente
habilitado para assumir, perante a vigilância sanitária, a responsabilidade
técnica pelo serviço de saúde ou pela empresa processadora, conforme le-
gislação vigente. Dessa maneira, compete ao profissional responsável pela
CME propor os indicadores de controle de qualidade do processamento dos
produtos sob sua responsabilidade, contribuir com as ações de programas de
prevenção e controle de eventos adversos em serviços de saúde, incluindo o
controle de infecção.
Ainda conforme a Resolução RDC nº 15/2012, o RT da empresa proces-
sadora deve realizar o controle de qualidade do processamento dos produtos
sob sua responsabilidade, por meio de indicadores também definidos por ele,
ficando com o Comitê de Processamento de Produtos para Saúde a atribuição
de analisar e aprová-los.
A Figura 1, a seguir, ilustra os passos do ciclo de vida da descontaminação,
cada um com o mesmo peso de importância no processo.
Figura 1. O ciclo de vida da descontaminação.
Fonte: Organização Mundial da Saúde (2016, documento on-line).
São descritas, a seguir, as três características mais importantes de um
serviço de esterilização: avaliação de risco, garantia de qualidade e limpeza
do ambiente.
Métodos e validação do processo de esterilização
2
Garantia de qualidade
Cada passo do ciclo de abastecimento estéril é crucial para o uso adequado
e seguro de um produto para saúde/instrumento reutilizável estéril durante
uma intervenção cirúrgica, conforme a Organização Mundial da Saúde (2016).
Um erro em qualquer dos estágios do ciclo de descontaminação pode levar a
enormes custos, gerar grave sofrimento e ameaçar as vidas de pacientes e da
equipe profissional. É essencial ter um sistema de garantia/gestão de qualidade
em funcionamento, que forneça uma estrutura para documentação e controle.
A validação de cada etapa do ciclo de reprocessamento é crucial para a garantia
da qualidade. Os registros sobre as etapas geralmente devem ser guardados
por até cinco anos, dependendo dos requisitos de cada país.
Elementos essenciais dos sistemas de gestão de qualidade
Conforme a Organização Mundial da Saúde (2016), todo processo de qualidade
requer documentação e manutenção de informações, e todos os estágios do
ciclo de descontaminação devem incluir os seguintes itens.
„
„ Equipamento de proteção individual (EPI) para os seguintes proce-
dimentos (BRASIL, 2011): limpeza (avental à prova d’água, touca,
protetor facial, calçado fechado, luvas reforçadas), inspeção, montagem,
embalagem/acondicionamento (touca, uniforme limpo que não solte
fiapos), uso de EPI na área de esterilização adequado (uniforme limpo,
touca, luvas resistentes ao calor, calçado fechado), monitoramento da
esterilização (uso de indicadores biológicos e químicos).
„
„ Critérios de liberação de esterilidade do produto: liberação paramétrica
para garantir que o produto para saúde processado atenda aos parâmetros
de processo validados.
„
„ Registro: todas as atividades devem ser documentadas e mantidas pelo
prazo obrigatório (da legislação nacional).
„
„ Rastreabilidade do produto e processo: sistema manual ou computa-
dorizado para o acompanhamento e rastreamento, a fim de permitir
traçar o histórico do paciente até o reprocessador, na eventualidade de
recall de um produto para saúde.
3
Métodos e validação do processo de esterilização
„
„ Armazenamento e transporte.
„
„ Procedimentos, cronograma e contratos de manutenção preventiva.
„
„ Padrões e políticas para mudança de procedimentos ou materiais.
„
„ Prevenção e controle de infecção dentro do serviço de descontamina-
ção: higiene das mãos, EPI, código de vestimenta e higiene pessoal,
descarte seguro de perfurocortantes, incidentes e notificação, gestão
de resíduos, testes de controle da ventilação por meio da detecção de
movimento de ar, limpeza do ambiente, saúde e segurança no trabalho
(políticas e procedimentos).
Dentro do processo de qualidade, a educação e o treinamento deverão ter as seguintes
atenções com a equipe profissional interna e externa.
„
„ Nível adequado de português e matemática e destreza são essenciais para realizar
as tarefas exigidas.
„
„ Programas de treinamento e avaliação eficazes e apropriados devem ser imple-
mentados para auxiliar o desenvolvimento da equipe profissional.
A Organização Mundial da Saúde (2016) ainda orienta que a qualidade deve
pontuar a gestão de risco: garante que não conformidades, incidentes e erros
sejam prontamente identificados, investigados, avaliados e documentados.
O conhecimento dos padrões internacionais tem relevância para sistemas
de gestão de qualidade, como a International Organization for Standardization
(ISSO) 13485:2003, relacionada a produtos para saúde, sistemas de gestão de
qualidade e requisitos regulatórios.
Outro registro a ser realizado e que deve apresentar bons resultados são
as auditorias periódicas nas quais são feitas inspeções de processos, proce-
dimentos e equipe profissional do departamento, que podem ser detalhadas
e realizadas pelo gerente do departamento ou por uma pessoa independente
dentro da instituição de assistência à saúde ou por entidades do governo local.
Métodos e validação do processo de esterilização
4
Os procedimentos que a garantia de qualidade deve cobrir, entre outros
itens, são:
„
„ recursos e treinamentos;
„
„ políticas e procedimentos;
„
„ assistência regular e validação dos equipamentos de esterilização e
descontaminação;
„
„ monitoramento e rastreabilidade dos processos e produtos para saúde,
do processador até o paciente;
„
„ requisitos de boas práticas de fabricação (BPF) (proteção jurídica,
promoção da confiabilidade aos clientes, avaliação contínua, avaliação
de risco, avaliação e tratamento permanente dos riscos);
„
„ compreensão e cooperação;
„
„ processo positivo (os problemas devem ser vistos como desafios, não
como empecilhos, e criar um ambiente de aprendizagem e apoio, não
um clima acusatório).
A validação geralmente se aplica aos equipamentos ou procedimentos usa-
dos para o reprocessamento de produtos para saúde, conforme a Organização
Mundial da Saúde (2016). Cada passo do ciclo de descontaminação exigirá
validação como parte do programa de garantia de qualidade e será abordado
em cada seção relevante. Apesar de compreender que nem todas as CME serão
capazes de atingir padrões tão altos de validação, o objetivo desse documento
é apresentar as melhores práticas.
Validar um processo consiste em, sistematicamente, realizá-lo de um
modo específico, a fim de melhorá-lo por meio de planejamento: estabelecer
programas e checklists temporários, protocolos de validação com critérios de
aceitação/rejeição, necessidades de recursos e análise de risco.
Os padrões da norma europeia (EN) ISO 13485:2016 possibilitam que a
instituição avalie seu sistema e oriente os passos para sua melhoria. No caso
da esterilização, o nível de garantia de esterilização (NGE) 10-6 deve ser
assegurado para que o processo de esterilização gere um produto ou serviço
de acordo com suas especificações predeterminadas já validadas e mantendo
características de qualidade estabelecidas.
Um requisito compartilhado pela ISO 13485:2016, pelos European Central
Manufacturing Standards, pelas BPF e pela Food and Drug Administration
(FDA) é o uso de processos validados como mencionado anteriormente.
5
Métodos e validação do processo de esterilização
O COFEN, preocupado com a qualidade da assistência, tem o Programa Nacional de
Qualidade (PNQ) do Sistema COFEN/Conselhos Regionais de Enfermagem, com uma
criteriosa avaliação da Comissão Nacional de Qualidade, contemplando a excelência na
assistência, para a enfermagem certificada. Para conseguir a certificação, as instituições
são avaliadas em seis dimensões: “ações gerenciais sistêmicas”, “estrutura organizacio-
nal”, “aspectos operacionais”, “infraestrutura”, “gestão de pessoas” e “responsabilidade
social”.
Métodos de esterilização
Conforme o Ministério da Saúde (BRASIL, 2001), considera-se um artigo
estéril quando a probabilidade de sobrevivência dos microrganismos conta-
minantes é menor do que 1:1000.000. A exposição de um artigo a um agente
esterilizante não garante a segurança do processo de esterilização, uma vez
que essa depende de limpeza adequada, enquanto o método de esterilização
depende do tipo de artigo a ser esterilizado e de suas recomendações. Esses
métodos podem ser físicos, químicos ou físico-químicos.
Conforme a Organização Mundial da Saúde (2016), a esterilização é usada
em produtos para saúde críticos e, sempre que possível, em produtos para
saúde semicríticos. O método preferencial para a esterilização de dispositivos
críticos termorresistentes é a esterilização por vapor/calor úmido. A maioria
dos produtos para saúde e cirúrgicos usados em instituições de assistência à
saúde é feita de materiais termoestáveis, que, portanto, podem ser submetidos
à esterilização por calor.
Para dispositivos termossensíveis que não suportam esterilização a vapor,
alguns exemplos de esterilizantes químicos disponíveis são:
a) gás de ETO;
b) gás de peróxido de hidrogênio;
c) gás Plasma peróxido de hidrogênio;
d) gás de formaldeído;
e) ozônio;
f) calor seco.
Métodos e validação do processo de esterilização
6
A escolha correta do processo de esterilização é importante para não
causar dano ao item nem comprometer sua esterilidade. A esterilização e
o fornecimento de dispositivos estéreis para procedimentos com pacientes
dependem de todo o ciclo de descontaminação, incluindo limpeza, embalagem,
esterilização, armazenamento, transporte até o ponto de preparação e uso do
dispositivo no paciente.
Dentro do processo de esterilização, os produtos para saúde que têm contato
com tecidos ou fluidos corporais estéreis são considerados itens críticos, os
quais devem ser higienizados e, então, esterilizados porque a contaminação
microbiana pode resultar na transmissão de doenças.
Para um produto para saúde ser considerado compatível com um método
de esterilização específico, ele deve ser eficazmente esterilizado e, ao mesmo
tempo, continuar funcionando após a esterilização.
Entre outras considerações a serem feitas, a capacidade do sistema de
esterilização de esterilizar de forma eficaz o produto para saúde dependerá
dos materiais constitutivos e do desenho do produto, assim como do nível de
biocarga (limpeza) antes da esterilização.
O termo "funcionalidade" é a capacidade de um produto para saúde suportar
o processo de esterilização e manter suas especificações operacionais (para
procedimentos). O fabricante do produto tem por obrigação testar sua fun-
cionalidade após o processamento de vários ciclos repetidos de esterilização.
Os tipos de esterilização são os seguintes.
„
„ Esterilização a vapor: é o processo que usa vapor saturado sob pressão
como esterilizante, sendo o preferencial para a esterilização de produ-
tos para saúde críticos. A remoção de ar é essencial para garantir um
processo de esterilização eficiente — a esterilização não pode ocorrer
na presença de ar. Os tipos de esterilizadoras a vapor são: pré-vácuo,
vácuo fracionado, gravitacional e a vapor.
„
„ Sistema de esterilização para uso imediato (esterilização “flash”):
é um termo comumente usado para descrever a prática de esterilização
rápida de instrumentos cirúrgicos não porosos e/ou não canulados, de-
sembrulhados, em esterilizadoras de instrumentos por deslocamento de
vapor por gravidade, localizado próximo ao local onde os instrumentos
serão usados imediatamente. No passado, a esterilização flash era o
modo predominante de fornecimento de instrumentos estéreis para
cirurgias. Esterilizadoras especiais de alta velocidade ficam geralmente
localizadas no centro cirúrgico, a fim de processar instrumentos de-
sembrulhados e instrumentos para uso extremamente urgente.
7
Métodos e validação do processo de esterilização
„
„ Esterilizadoras de bancada: é a esterilizadora a vapor mais frequente-
mente usada em clínicas ambulatoriais, odontológicas e rurais, volume
de câmara não excede 56L, gerando seu próprio vapor quando água
destilada ou deionizada é acrescentada pelo usuário.
„
„ Esterilizadoras de bancada com cassete: algumas esterilizadoras a
vapor possuem um cassete reutilizável que é, de fato, a câmara. O cassete
é um recipiente de metal que pode variar em tamanho, dependendo do
tamanho da esterilizadora. Trata-se de uma bandeja com tampa e um
tipo de junta de vedação para lacrar a unidade. Na base do cassete, há
duas aberturas que deixam o vapor e o ar se movimentarem através
dele — uma é a entrada, e a outra é a saída. Sempre garanta que essas
aberturas estejam limpas e livres de obstrução.
„
„ Métodos de esterilização química (baixa temperatura): é usado
para esterilizar produtos para saúde sensíveis ao calor e à umidade.
Deverá ser realizada em câmaras com ciclos automáticos que fornecem
segurança para o usuário e garantem o processo. O usuário deve obter
informações por escrito sobre a compatibilidade funcional do fabricante
do dispositivo e as informações sobre a eficácia da esterilizadora de
seu fabricante. A esterilização em baixa temperatura (gás) pode ser
atingida com vários produtos químicos, incluindo:
■
■ ETO (gás incolor inflamável e explosivo, cujo uso evoluiu quando
havia poucas alternativas para a esterilização de produtos para saúde
sensíveis ao calor e à umidade);
■
■ gás/plasma de peróxido de hidrogênio (considerado um eficaz antimi-
crobiano, incluindo rápida atividade bactericida, fungicida, virucida
e esporicida, seguro para uso com a maioria dos dispositivos e tipos
de material, incluindo componentes elétricos e eletrônicos);
■
■ ozônio (potente antimicrobiano químico, que exige altos níveis de
umidade);
■
■ vapor de formaldeído de baixa temperatura (considerado biodegra-
dável depois de aproximadamente duas horas no ambiente);
■
■ desinfecção química (não recomendada).
Métodos e validação do processo de esterilização
8
Monitoramento do ciclo de esterilização
O monitoramento de cada máquina de esterilização e de todos os ciclos é
essencial para garantir a esterilidade dos produtos para saúde reprocessados.
Os meios de monitoramento disponíveis são os seguintes:
„
„ físicos (cadernos, pôsteres e impressos);
„
„ químicos (indicadores internos e externos);
„
„ biológicos.
Se a esterilizadora não possui uma impressora conjugada, o operador deve
controlar os parâmetros físicos do processo de esterilização. Veja, no Quadro 1,
um exemplo de diário para registro de cada ciclo.
Fonte: Adaptado de Organização Mundial da Saúde (2016).
Data
Nú-
mero
da
auto-
clave
Nú-
mero
da
carga
Início
do
ciclo
Início
do
perío-
do de
esteri-
lização
Final
do
perío-
do de
esteri-
lização
Final
do
ciclo
Assi-
na-
tura
Quadro 1. Controle manual dos parâmetros físicos de esterilização a vapor.
A ISO 11140–1:2014 classifica os indicadores químicos em seis grupos, de
acordo com seu uso pretendido, sendo cada um subdividido por processo de
esterilização para o qual é compatível. A estrutura da classificação é somente
para descrever as características e o uso pretendido de cada tipo de indicador,
não havendo significado hierárquico, conforme Quadro 2, a seguir.
9
Métodos e validação do processo de esterilização
Estágio Motivo Exemplo
Tipo 1
Indicadores
de processo
São usados com
pacotes ou recipientes
para indicar que
foram diretamente
expostos ao processo
de esterilização e para
diferenciar unidades
processadas de não
processadas.
Classe 1 — Indicador de processo
Tipo 2
Indicadores
para uso
em testes
específicos
São usados em
procedimentos de
testes específicos,
como o de Bowie-Dick
para remoção de ar.
Classe 2 — Teste de Bowie & Dick
Tipo 3
Indicadores de
variável única
São elaborados para
reagir a uma das
variáveis críticas de
esterilização, como
tempo ou temperatura,
e indicam a exposição
a uma variável
predeterminada
do processo de
esterilização,
como 134 ºC.
Classe 3 — Indicador
único de parâmetro
Quadro 2. Tipos de indicadores químicos e respectivos exemplos
(Continua)
Métodos e validação do processo de esterilização
10
Fonte: Adaptado de Organização Mundial da Saúde (2016 e CMS Científica (2015).
Quadro 2. Tipos de indicadores químicos e respectivos exemplos
Estágio Motivo Exemplo
Tipo 4
Indicadores
multivariáveis
São elaborados para
reagir a duas ou mais
variáveis críticas
de esterilização,
como tempo e
temperatura, e indicam
exposição a variáveis
predeterminadas
do processo de
esterilização, como
134 ºC e 3 minutos.
Classe 4 — Indicador
multiparâmetro
Tipo 5
Indicadores
integradores
São elaborados
para reagir a todas
as variáveis críticas
do processo de
esterilização, como
tempo, temperatura e
presença de umidade,
e são equivalentes
ou excedem o
desempenho de
requisitos determinados
na série ISO 11138 para
indicadores biológicos.
Classe 5 — Indicadores
integradores
Tipo 6
Indicadores
emulativos
São elaborados
para reagir a todas
as variáveis críticas
do processo de
esterilização, como
tempo, temperatura e
presença de umidade,
e são equivalentes às
variáveis críticas de um
processo específico
de esterilização.
Classe 6 —Indicadores
emuladores
(Continuação)
11
Métodos e validação do processo de esterilização
Principais elementos da validação
Conforme a Organização Mundial da Saúde (2016) e Ministério da Saúde
(BRASIL, 2001), o processo de validação consiste na verificação, de maneira
certificada e claramente documentada, de que um processo atende aos requisitos
para os quais foi feito. No caso da esterilização, a rotulagem de um produto
de saúde com a palavra “estéril” é apenas permitida quando ele passou por
um processo validado de esterilização, que deve consistir de:
„
„ qualificação da instalação (QI);
„
„ qualificação operacional (QO);
„
„ qualificação de desempenho ou performance (QD);
„
„ documentação;
„
„ qualificação do desempenho microbiológico (QDM);
„
„ relatório e certificados de validação.
Assim, o processo de esterilização pode demonstrar de modo documentado
que os parâmetros de temperatura, tempo e pressão atingidos durante o processo
estavam dentro dos validados em por três ciclos bem-sucedidos consecutivos.
„
„ Qualificação da instalação (QI): processo de obtenção e documenta-
ção de evidências de que o equipamento de esterilização foi fornecido
e instalado de acordo com suas especificações, estando seguro para
operar seguindo as especificações do fabricante e os padrões vigentes
em cada país. Os seguintes passos devem ser seguidos:
■
■ verificação da correta instalação de conexões de água, vapor, ele-
tricidade, ar comprimido, ventilação, etc. — esse processo verifica
se diferentes parâmetros atendem às especificações do fabricante e
às regulamentações aplicáveis;
■
■ verificação da correta operação das diferentes funções de segurança
do equipamento, de acordo com padrões;
■
■ confirmação de que a máquina está equipada com a documentação
técnica adequada — plantas de instalação, manual do usuário técnico/
operacional, etc.
„
„ Qualificação operacional (QO): processo de obtenção e documentação
de evidências de que os equipamentos instalados operam dentro dos
limites predeterminados quando usados de acordo com seus procedi-
mentos operacionais. Consiste na verificação de que diferentes medidas
e elementos de controle da esterilizadora funcionam corretamente e
Métodos e validação do processo de esterilização
12
dentro das faixas especificadas pelo fabricante. Além disso, busca
confirmar que a distribuição de temperatura na câmara é uniforme
e está dentro dos parâmetros designados pelos padrões do país. Para
atingir isso, os seguintes passos devem ser seguidos, no caso de uma
autoclave pré-vácuo:
■
■ calibrar elementos de regulação e controle;
■
■ rodar um ciclo com o teste de vácuo;
■
■ rodar um ciclo com o teste Bowie-Dick;
■
■ implementar três testes termométricos em uma câmara vazia, a
fim de obter o perfil de temperatura em todos os pontos da câmara.
„
„ Para o caso de uma autoclave gravitacional:
■
■ calibrar elementos de regulação e controle;
■
■ implementar três testes termométricos em uma câmara vazia, a
fim de obter o perfil de temperatura em todos os pontos da câmara.
Essa é a fase crucial de regulagem do processo, durante a qual suas robustez e con-
fiabilidade devem ser demonstradas diante do pior cenário possível.
„
„ Qualificação de desempenho (QD): processo de obtenção e docu-
mentação de evidências de que o desempenho do equipamento, quando
instalado e operado de acordo com procedimentos operacionais, atende
consistentemente aos critérios predeterminados. Desse modo, garante-se
que o produto atende às suas especificações.
Essa fase final examina a repetibilidade do processo, o treinamento necessário e as
qualificações de seus operadores, incluindo instruções de trabalho que sejam definitivas
e colocadas em prática.
13
Métodos e validação do processo de esterilização
A qualidade do processo é demonstrada por meio da realização de três
testes termométricos para cada tipo de carga validada e da obtenção do perfil
de temperatura em todos os pontos de cada uma delas.
Validação das cargas para esterilizadoras
É importante validar o processo em todos seus pontos (especialmente onde
pode ocorrer contaminação), o que inclui limpeza, inspeção, acondicionamento
e embalagem, carregamento e descarregamento dos produtos para saúde.
Esses parâmetros são validados pela QD, e a documentação dos critérios de
avaliação deve ser verificada pelo usuário.
„
„ Técnica e material: a documentação das evidências contribui para
alto grau de segurança do processo, durante o qual os seguintes aspec-
tos devem ser levados em conta: posição dos artigos dentro da carga;
embalagem da carga; ciclo selecionado; como descarregar; repetição
por três vezes.
Componentes da validação da esterilização
„
„ Auditoria: esse processo tem o objetivo demonstrar, documentar e
confirmar que o equipamento atende às especificações de desempenho
de acordo com seu projeto específico e suas características técnicas
após instalação no local de uso.
„
„ Certificação para operação: esse processo demonstra que a revisão
dos equipamentos confirmou sua capacidade de produzir produtos acei-
táveis quando operados de acordo com as especificações do processo.
Os seguintes itens devem ser demonstrados:
■
■ certificação do equipamento;
■
■ teste da eficácia do equipamento;
■
■ monitoramento da rotina operacional do equipamento;
■
■ validação, caso seja identificada alteração na rotina.
Tipos de esterilizadoras e métodos de validação
Validação do processo de esterilização por calor seco
A validação desse processo visa a garantir que a esterilização por calor seco
é adequada, segura e eficaz. O processo de validação já demonstrou que a
Métodos e validação do processo de esterilização
14
esterilização por calor seco é sempre realizada do mesmo modo e com a
mesma qualidade, com o propósito de garantir os parâmetros preestabelecidos.
Técnica e material
Consiste no atendimento dos estágios e critérios de avaliação mínimos. Há
histórico de um alto grau de segurança desse processo durante o qual os
seguintes aspectos devem ser levados em conta.
„
„ Qualidade do equipamento: as instalações elétricas (voltagem), estru-
tura, dimensões e ventilação devem ser confirmadas (ORGANIZAÇÃO
MUNDIAL DA SAÚDE, 2016).
„
„ QO: conforme já descrito anteriormente.
„
„ QD: conforme já descrito anteriormente.
Validação do processo de esterilização a vapor
A esterilização por calor úmido deve ser validada para garantir a segurança,
adaptação e eficácia do processo realizado, cumprindo os parâmetros prees-
tabelecidos, podendo ser definidas por QI, QO e QD.
Técnica e material
Essa validação deve ser realizada por meio da confirmação da qualidade dos
elementos apresentados a seguir.
„
„ Ambiente: as instalações físicas devem ser verificadas, o que inclui a
estrutura propriamente dita, as dimensões de controle climático e as
redes instaladas de vapor e ar comprimido; com respeito à instalação
hidráulica, deve-se notar a dureza da água; para instalações elétricas, a
voltagem, os dispositivos de proteção e instalação à fonte propriamente
dita devem ser observados, assim como a qualidade do vapor.
„
„ Equipamento: a estrutura para a instalação da autoclave deve ser
confirmada, incluindo adaptação física, integração e ventilação pró-
xima às portas, assim como distâncias mínimas entre as paredes e o
equipamento, a fim de facilitar a manutenção.
„
„ QO: conforme já descrito anteriormente.
„
„ QD: conforme já descrito anteriormente.
15
Métodos e validação do processo de esterilização
Nas autoclaves pré-vácuo, três ciclos devem ser verificados com o teste
Bowie-Dick, seguido por três ciclos completos com controles biológicos e
químicos durante três dias consecutivos e com cargas.
Nas autoclaves gravitacionais, o teste deve ser realizado com a câmara
vazia. Um problema frequente é que a manutenção preventiva não é realizada
nas máquinas, e a atitude mais comum é esperar até que ocorra uma falha no
equipamento para que se tomem providências. Para prevenir falhas do equi-
pamento, recomenda-se manutenção periódica, pelo menos, uma vez ao ano.
Validação da esterilização por óxido de etileno (ETO)
A validação deve ser determinada e fornecida pelo fabricante de autoclaves
a ETO (veja seção acima sobre garantia de qualidade).
Técnica e material
Essa validação deve ser realizada por meio da confirmação da qualidade dos
seguintes elementos: ambiente, equipamento, QO e QD.
Em autoclaves pré-vácuo e gravitacionais, a validação é a mesma do pro-
cesso de esterilização a vapor.
Validação de plasma de peróxido de hidrogênio
Técnica e material
Essa validação deve ser realizada por meio da confirmação da qualidade dos
seguintes elementos: ambiente, equipamento, QPO e QD.
Os parâmetros físicos devem ser confirmados com o pacote de teste, seguido
por três ciclos completos com controles biológicos e químicos, durante três
dias consecutivos e com cargas.
Gestão de risco na descontaminação e esterilização
Conforme a Organização Mundial da Saúde (2016), a gestão de risco serve
para identificar, analisar e avaliar os riscos dos processos da CME, com a
seguinte abordagem:
„
„ definição dos critérios por meio dos quais os riscos são avaliados e
calculados;
Métodos e validação do processo de esterilização
16
„
„ métodos de avaliação de risco;
„
„ responsabilidade por decisões de risco;
„
„ provisão de recursos designados para prevenção de risco;
„
„ comunicaçãointernaeexternarelativaaosriscosidentificados(notificação);
„
„ qualificação da equipe profissional dedicada à gestão de risco.
A gestão de risco é vista como um processo contínuo durante o plane-
jamento, a implementação, o monitoramento e a melhoria contínua (ciclo
“planejar–fazer–verificar–agir”).
Produtos para saúde
Para determinar o nível de descontaminação exigido para um produto para
saúde em particular, conforme a Organização Mundial da Saúde (2016), é
importante entender as diferenças entre limpeza, desinfecção e esterilização,
conforme mostrados no Quadro 3, a seguir.
Fonte: Adaptado de Organização Mundial da Saúde (2016).
Limpeza Remoção física de materiais corporais, poeira ou material
estranho, de contaminação de um item na medida necessária
para mais processamento ou para o uso com intenção. A
limpeza reduz o número de microrganismos, assim como
a sujidade, permitindo melhor contato com a superfície a
ser desinfetada ou esterilizada e reduzindo o risco de que
a sujidade permaneça fixada na superfície. A remoção da
sujidade reduzirá também o risco de inativação de um
desinfetante químico e a multiplicação de microrganismos
Desinfecção Destruição ou remoção de microrganismos a um nível
em que deixa de ser nocivo à saúde e é seguro para
manuseio. Esse processo não inclui necessariamente
a destruição de esporos bacterianos.
Esterilização Destruição ou remoção completa de microrganismos,
incluindo esporos bacterianos.
Esterilidade: estado em que microrganismos
viáveis estão ausentes.
Esterilização: processo validado para eliminar
microrganismos viáveis de um produto.
Quadro 3. Nível de descontaminação
17
Métodos e validação do processo de esterilização
Pode-se aplicar a avaliação de risco para determinar o nível de desconta-
minação — isso é conhecido como “classificação de Spaulding”. Esse sistema
deve ser aplicado para classificar um produto para saúde reutilizável (PPSR),
de acordo com seu uso pretendido e o subsequente nível de reprocessamento
necessário para torná-lo seguro para reutilização.
Os PPSR são classificados como: crítico, semicrítico e não crítico (Quadro 4).
Fonte: Adaptado de Organização Mundial da Saúde (2016).
Categoria de risco
Nível recomendado
de descontaminação
Exemplos de
produtos
para saúde
Alto (crítico) Itens envolvidos na
quebra da barreira da
pele ou membrana
mucosa ou que
adentram uma cavidade
corporal estéril.
Esterilização de
instrumentos cirúrgicos,
implantes/próteses,
endoscópios rígidos,
seringas, agulhas.
Intermediário
(semicrítico)
Itens em contato com
membranas mucosas
ou fluidos corporais
Desinfecção (alto nível). Produtos para
assistência respiratória,
endoscópios flexíveis
não invasivos,
comadres, papagaios.
Baixo (não crítico) Itens em contato
com pele intacta.
Limpeza (visivelmente
limpo), manguito do
esfigmomanômetro,
estetoscópios.
Quadro 4. Política para descontaminação local de PPSR de acordo com a Classificação
de Spaulding
Várias perguntas podem ser feitas para estabelecer o método a ser usado.
Isso dependerá do uso do produto para saúde, da tolerância ao calor do item,
de recursos/instalações e tempo disponíveis para reprocessamento.
Métodos e validação do processo de esterilização
18
Equipamentos ou máquinas de processamento
Todos os equipamentos de processamento devem ter seu desempenho ava-
liado para garantir que os produtos para saúde corretos sejam processados no
equipamento adequado. Isso é essencial para garantir:
„
„ uso adequado e manutenção do equipamento de processamento;
„
„ ciclos apropriados para os produtos para saúde em reprocessamento;
„
„ diretrizes do fabricante seguidas na instalação;
„
„ comissionamento e uso do equipamento de processamento;
„
„ provisão de métodos alternativos de processamento, caso a máquina
apresente falha ou não funcione;
„
„ disponibilidade de manutenção preventiva e assistência periódica já
planejada e adequada.
Além disso, o gestor da CME deve fazer treinamentos para reconhecer
os elementos essenciais de gestão de risco. A equipe local também deve ser
orientada e treinada no reconhecimento de falhas e saber realizar pequenos
consertos sem prejudicar a garantia do fabricante.
„
„ Procedimentos e verificações de controle/testes: o nível de garantia
de esterilização (NGE) é definido como a probabilidade de uma única
unidade estar estéril após ter passado pelo processo de esterilização
(Quadro 5). São realizados testes para determinar se os níveis de este-
rilidade foram atingidos após a esterilização do dispositivo.
„
„ Manutenção: define quando e quais peças devem ser controladas e/
ou trocadas de acordo com o fabricante do equipamento de reproces-
samento. Para efeito de orientação, a cada seis meses, deverá ocorrer o
controle técnico preventivo de todas as máquinas críticas e, anualmente,
o controle técnico amplo seguido por validação. Todas as máquinas
classificadas como críticas, de acordo com a análise de gestão de risco,
exigem um plano estruturado de manutenção e substituição, incluindo
esterilizadoras, geradores a vapor e lavadora desinfetadora.
19
Métodos e validação do processo de esterilização
„
„ Auditoria: o auditor garante que todos os processos de esterilização
estejam implementados de acordo com padrões nacionais e internacio-
nais. Uma parte importante da auditoria é a verificação da conformidade
com os procedimentos locais e padrões de esterilização, para que possa
recomendar melhorias de processo.
Fonte: Adaptado de Organização Mundial da Saúde (2016).
Processo O que é medido e quando?
Limpeza Uma vez ao dia
Uso de detergente
e desinfetante.
Por item
Resultados de
limpeza por controle
visual ou usando um
teste de limpeza.
Desinfecção Uma vez ao dia
Uso de desinfetante,
segundo concentração,
temperatura e pH.
Por carga
Tempo de exposição.
Esterilizante
químico
Por processo
Indicador biológico;
indicadores químicos;
indicador físico.
Por item
Indicadores externos.
Calor úmido
(Esterilizadoras
a vapor)
Uma vez ao dia
Teste Bowie-Dick para
penetração do vapor em
cargas porosas (autoclave
pré-vácuo); teste Helix para
instrumentos com lúmen
oco, se disponível. Limpar
a câmara toda semana.
Por processo
Indicadores químicos;
parâmetros físicos
atingidos por QD.
Por item
Indicadores externos.
Quadro 5. Resumo dos processos de descontaminação e medidas de validação e sua
aplicação
Métodos e validação do processo de esterilização
20
A CME de um hospital é o local responsável pela limpeza
e processamento de artigos e instrumentais médico-
-hospitalares. O serviço realizado nesse setor tem a
responsabilidade de evitar que haja contaminação em
procedimentos cirúrgicos e curativos. Veja, no vídeo, como
o Hospital Pilar mantém a sua CME, que segue as norma-
tivas recomendadas para garantir a completa limpeza e
esterilização de seus produtos, incluindo controles físicos,
químicos e biológicos.
https://qrgo.page.link/RKAUx
BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. ResoluçãoRDCnº
15,de15demarçode2012. Dispõe sobre requisitos de boas práticas para o processamento
de produtos para saúde e dá outras providências. Disponível em: http://bvsms.saude.
gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2012/rdc0015_15_03_2012.html. Acesso em: 20 maio 2019.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria da Assistência à Saúde. Coordenação-Geral
das Unidades Hospitalares Próprias do Rio de Janeiro. Orientaçõesgeraisparacentralde
esterilização. Brasília: MS, 2001. Disponível em: http://www.fiocruz.br/biosseguranca/
Bis/manuais/descontaminacao/Orientacoes%20Gerais%20para%20Central%20de%20
Esterilizacao.pdf. Acesso em: 20 maio 2019.
BRASIL. Ministério do Trabalho. NR 32 — segurança e saúde no trabalho em serviços de
saúde. 2011. Disponível em: http://www.trabalho.gov.br/images/Documentos/SST/
NR/NR32.pdf. Acesso em: 20 maio 2019.
CMS CIENTÍFICA. Indicadores biológicos e químicos no monitoramento da esterilização.
2015. Disponível em: https://cmscientifica.com.br/indicadores-biologicos-e-quimicos-
-no-monitoramento-da-esterilizacao/. Acesso em: 20 maio 2019.
ISO. ISO 11140-1:2014. Sterilization of health care products: chemical indicators. Part 1:
General requirements. Geneva: ISO, 2014, Disponível em: https://www.abntcatalogo.
com.br/norma.aspx?ID=324640. Acesso em: 20 maio 2019.
ISO. ISO 13485:2003. Medical devices: quality management systems: requirements for
regulatory purposes. Geneva: ISO, 2003. Disponível em: https://www.iso.org/stan-
dard/36786.html. Acesso em: 20 maio 2019.
21
Métodos e validação do processo de esterilização
ISO. ISO 13485:2016. Medical devices: quality management systems: requirements for
regulatory purposes. Geneva: ISO, 2016. Disponível em: https://www.iso.org/stan-
dard/59752.html. Acesso em: 20 maio 2019.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Descontaminaçãoereprocessamentodeprodutos
para saúde em instituições de assistência à saúde. [S. l.]: OMS, 2016. Disponível em: ht-
tps://www20.anvisa.gov.br/segurancadopaciente/index.php/legislacao/item/manual-
-descontaminacao-e-reprocessamento-de-produtos-para-saude-em-instituicoes-de-
-assistencia-a-saude. Acesso em: 20 maio 2019.
Leituras recomendadas
ESPÍRITO SANTO. Secretaria da Saúde. Guia de referência para limpeza, desinfecção e
esterilização de artigos em serviços de saúde. 2009. Disponível em: https://www.risco-
biologico.org/lista/20120305_01.pdf. Acesso em: 20 maio 2019.
FUSCO, S. F. B.; SPIRI, W. C. Análise dos indicadores de qualidade de centros de material
e esterilização de hospitais públicos acreditados. Texto&ContextoEnfermagem, Floria-
nópolis, v. 23, n. 2, p. 426–433, abr./jun. 2014. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/
tce/v23n2/pt_0104-0707-tce-23-02-00426.pdf. Acesso em: 20 maio 2019.
NEVES, Z. C. P. ARTIGOS ESTERILIZADOS EM CALOR ÚMIDO: validação do sistema
de guarda. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, v. 57, n. 2, p. 152–156, mar./abr.
2004. Disponível em: https://repositorio.bc.ufg.br/xmlui/bitstream/handle/ri/16186/
Artigo%20-%20Zilah%20C%C3%A2ndida%20Pereira%20das%20Neves%20-%202004.
pdf?sequence=5&isAllowed=y. Acesso em: 20 maio 2019.
SÃO PAULO. Tribunal Regional do Trabalho. NR 7 — programa de controle médico de
saúdeocupacional. 2018. Disponível em: http://www.trtsp.jus.br/geral/tribunal2/LEGIS/
CLT/NRs/NR_7.html. Acesso em: 20 maio 2019.
SOBECC NACIONAL. [Site]. c2015. Disponível em: http://www.sobecc.org.br/index.
Acesso em: 20 maio 2019.
Métodos e validação do processo de esterilização
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  • 2. Métodos e validação do processo de esterilização Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: „ „ Descrever a validação do processo de esterilização. „ „ Demonstrar os métodos de esterilização. „ „ Identificar os principais elementos da validação do processo de esterilização. Introdução Neste capítulo, você conhecerá os métodos e a avaliação do processo de esterilização. Todos os processos realizados na Central de Material e Esterilização (CME) são obrigatórios para a qualidade e segurança de todos os estabelecimentos assistenciais de saúde (EAS) que possuam centro cirúrgico, centro obstétrico e/ou ambulatorial, serviços de hemodinâmica, de emergência de alta complexidade e urgência. A CME é responsável por receber, limpar, desinfetar, preparar, esteri- lizar e distribuir os materiais e equipamentos usados no centro cirúrgico e nas demais unidades de um hospital ou outros serviços de saúde. A responsabilidade dos processos de esterilização, bem como a avaliação da qualidade, é da equipe que realiza esse processamento. Validação do processo de esterilização Dentro das definições publicadas pela Resolução RDC nº 15/2012, a qualifi- cação de operação deverá ser evidenciada e documentada pelo fabricante ou distribuidor, confirmando que o equipamento, após a qualificação da instalação, opera dentro dos parâmetros originais de fabricação, apresentando desempenho consistente por, no mínimo, três ciclos sucessivos do processo e utilizando, pelo menos, a carga de maior desafio determinada pelo serviço de saúde.
  • 3. O responsável técnico (RT) é o profissional de nível superior legalmente habilitado para assumir, perante a vigilância sanitária, a responsabilidade técnica pelo serviço de saúde ou pela empresa processadora, conforme le- gislação vigente. Dessa maneira, compete ao profissional responsável pela CME propor os indicadores de controle de qualidade do processamento dos produtos sob sua responsabilidade, contribuir com as ações de programas de prevenção e controle de eventos adversos em serviços de saúde, incluindo o controle de infecção. Ainda conforme a Resolução RDC nº 15/2012, o RT da empresa proces- sadora deve realizar o controle de qualidade do processamento dos produtos sob sua responsabilidade, por meio de indicadores também definidos por ele, ficando com o Comitê de Processamento de Produtos para Saúde a atribuição de analisar e aprová-los. A Figura 1, a seguir, ilustra os passos do ciclo de vida da descontaminação, cada um com o mesmo peso de importância no processo. Figura 1. O ciclo de vida da descontaminação. Fonte: Organização Mundial da Saúde (2016, documento on-line). São descritas, a seguir, as três características mais importantes de um serviço de esterilização: avaliação de risco, garantia de qualidade e limpeza do ambiente. Métodos e validação do processo de esterilização 2
  • 4. Garantia de qualidade Cada passo do ciclo de abastecimento estéril é crucial para o uso adequado e seguro de um produto para saúde/instrumento reutilizável estéril durante uma intervenção cirúrgica, conforme a Organização Mundial da Saúde (2016). Um erro em qualquer dos estágios do ciclo de descontaminação pode levar a enormes custos, gerar grave sofrimento e ameaçar as vidas de pacientes e da equipe profissional. É essencial ter um sistema de garantia/gestão de qualidade em funcionamento, que forneça uma estrutura para documentação e controle. A validação de cada etapa do ciclo de reprocessamento é crucial para a garantia da qualidade. Os registros sobre as etapas geralmente devem ser guardados por até cinco anos, dependendo dos requisitos de cada país. Elementos essenciais dos sistemas de gestão de qualidade Conforme a Organização Mundial da Saúde (2016), todo processo de qualidade requer documentação e manutenção de informações, e todos os estágios do ciclo de descontaminação devem incluir os seguintes itens. „ „ Equipamento de proteção individual (EPI) para os seguintes proce- dimentos (BRASIL, 2011): limpeza (avental à prova d’água, touca, protetor facial, calçado fechado, luvas reforçadas), inspeção, montagem, embalagem/acondicionamento (touca, uniforme limpo que não solte fiapos), uso de EPI na área de esterilização adequado (uniforme limpo, touca, luvas resistentes ao calor, calçado fechado), monitoramento da esterilização (uso de indicadores biológicos e químicos). „ „ Critérios de liberação de esterilidade do produto: liberação paramétrica para garantir que o produto para saúde processado atenda aos parâmetros de processo validados. „ „ Registro: todas as atividades devem ser documentadas e mantidas pelo prazo obrigatório (da legislação nacional). „ „ Rastreabilidade do produto e processo: sistema manual ou computa- dorizado para o acompanhamento e rastreamento, a fim de permitir traçar o histórico do paciente até o reprocessador, na eventualidade de recall de um produto para saúde. 3 Métodos e validação do processo de esterilização
  • 5. „ „ Armazenamento e transporte. „ „ Procedimentos, cronograma e contratos de manutenção preventiva. „ „ Padrões e políticas para mudança de procedimentos ou materiais. „ „ Prevenção e controle de infecção dentro do serviço de descontamina- ção: higiene das mãos, EPI, código de vestimenta e higiene pessoal, descarte seguro de perfurocortantes, incidentes e notificação, gestão de resíduos, testes de controle da ventilação por meio da detecção de movimento de ar, limpeza do ambiente, saúde e segurança no trabalho (políticas e procedimentos). Dentro do processo de qualidade, a educação e o treinamento deverão ter as seguintes atenções com a equipe profissional interna e externa. „ „ Nível adequado de português e matemática e destreza são essenciais para realizar as tarefas exigidas. „ „ Programas de treinamento e avaliação eficazes e apropriados devem ser imple- mentados para auxiliar o desenvolvimento da equipe profissional. A Organização Mundial da Saúde (2016) ainda orienta que a qualidade deve pontuar a gestão de risco: garante que não conformidades, incidentes e erros sejam prontamente identificados, investigados, avaliados e documentados. O conhecimento dos padrões internacionais tem relevância para sistemas de gestão de qualidade, como a International Organization for Standardization (ISSO) 13485:2003, relacionada a produtos para saúde, sistemas de gestão de qualidade e requisitos regulatórios. Outro registro a ser realizado e que deve apresentar bons resultados são as auditorias periódicas nas quais são feitas inspeções de processos, proce- dimentos e equipe profissional do departamento, que podem ser detalhadas e realizadas pelo gerente do departamento ou por uma pessoa independente dentro da instituição de assistência à saúde ou por entidades do governo local. Métodos e validação do processo de esterilização 4
  • 6. Os procedimentos que a garantia de qualidade deve cobrir, entre outros itens, são: „ „ recursos e treinamentos; „ „ políticas e procedimentos; „ „ assistência regular e validação dos equipamentos de esterilização e descontaminação; „ „ monitoramento e rastreabilidade dos processos e produtos para saúde, do processador até o paciente; „ „ requisitos de boas práticas de fabricação (BPF) (proteção jurídica, promoção da confiabilidade aos clientes, avaliação contínua, avaliação de risco, avaliação e tratamento permanente dos riscos); „ „ compreensão e cooperação; „ „ processo positivo (os problemas devem ser vistos como desafios, não como empecilhos, e criar um ambiente de aprendizagem e apoio, não um clima acusatório). A validação geralmente se aplica aos equipamentos ou procedimentos usa- dos para o reprocessamento de produtos para saúde, conforme a Organização Mundial da Saúde (2016). Cada passo do ciclo de descontaminação exigirá validação como parte do programa de garantia de qualidade e será abordado em cada seção relevante. Apesar de compreender que nem todas as CME serão capazes de atingir padrões tão altos de validação, o objetivo desse documento é apresentar as melhores práticas. Validar um processo consiste em, sistematicamente, realizá-lo de um modo específico, a fim de melhorá-lo por meio de planejamento: estabelecer programas e checklists temporários, protocolos de validação com critérios de aceitação/rejeição, necessidades de recursos e análise de risco. Os padrões da norma europeia (EN) ISO 13485:2016 possibilitam que a instituição avalie seu sistema e oriente os passos para sua melhoria. No caso da esterilização, o nível de garantia de esterilização (NGE) 10-6 deve ser assegurado para que o processo de esterilização gere um produto ou serviço de acordo com suas especificações predeterminadas já validadas e mantendo características de qualidade estabelecidas. Um requisito compartilhado pela ISO 13485:2016, pelos European Central Manufacturing Standards, pelas BPF e pela Food and Drug Administration (FDA) é o uso de processos validados como mencionado anteriormente. 5 Métodos e validação do processo de esterilização
  • 7. O COFEN, preocupado com a qualidade da assistência, tem o Programa Nacional de Qualidade (PNQ) do Sistema COFEN/Conselhos Regionais de Enfermagem, com uma criteriosa avaliação da Comissão Nacional de Qualidade, contemplando a excelência na assistência, para a enfermagem certificada. Para conseguir a certificação, as instituições são avaliadas em seis dimensões: “ações gerenciais sistêmicas”, “estrutura organizacio- nal”, “aspectos operacionais”, “infraestrutura”, “gestão de pessoas” e “responsabilidade social”. Métodos de esterilização Conforme o Ministério da Saúde (BRASIL, 2001), considera-se um artigo estéril quando a probabilidade de sobrevivência dos microrganismos conta- minantes é menor do que 1:1000.000. A exposição de um artigo a um agente esterilizante não garante a segurança do processo de esterilização, uma vez que essa depende de limpeza adequada, enquanto o método de esterilização depende do tipo de artigo a ser esterilizado e de suas recomendações. Esses métodos podem ser físicos, químicos ou físico-químicos. Conforme a Organização Mundial da Saúde (2016), a esterilização é usada em produtos para saúde críticos e, sempre que possível, em produtos para saúde semicríticos. O método preferencial para a esterilização de dispositivos críticos termorresistentes é a esterilização por vapor/calor úmido. A maioria dos produtos para saúde e cirúrgicos usados em instituições de assistência à saúde é feita de materiais termoestáveis, que, portanto, podem ser submetidos à esterilização por calor. Para dispositivos termossensíveis que não suportam esterilização a vapor, alguns exemplos de esterilizantes químicos disponíveis são: a) gás de ETO; b) gás de peróxido de hidrogênio; c) gás Plasma peróxido de hidrogênio; d) gás de formaldeído; e) ozônio; f) calor seco. Métodos e validação do processo de esterilização 6
  • 8. A escolha correta do processo de esterilização é importante para não causar dano ao item nem comprometer sua esterilidade. A esterilização e o fornecimento de dispositivos estéreis para procedimentos com pacientes dependem de todo o ciclo de descontaminação, incluindo limpeza, embalagem, esterilização, armazenamento, transporte até o ponto de preparação e uso do dispositivo no paciente. Dentro do processo de esterilização, os produtos para saúde que têm contato com tecidos ou fluidos corporais estéreis são considerados itens críticos, os quais devem ser higienizados e, então, esterilizados porque a contaminação microbiana pode resultar na transmissão de doenças. Para um produto para saúde ser considerado compatível com um método de esterilização específico, ele deve ser eficazmente esterilizado e, ao mesmo tempo, continuar funcionando após a esterilização. Entre outras considerações a serem feitas, a capacidade do sistema de esterilização de esterilizar de forma eficaz o produto para saúde dependerá dos materiais constitutivos e do desenho do produto, assim como do nível de biocarga (limpeza) antes da esterilização. O termo "funcionalidade" é a capacidade de um produto para saúde suportar o processo de esterilização e manter suas especificações operacionais (para procedimentos). O fabricante do produto tem por obrigação testar sua fun- cionalidade após o processamento de vários ciclos repetidos de esterilização. Os tipos de esterilização são os seguintes. „ „ Esterilização a vapor: é o processo que usa vapor saturado sob pressão como esterilizante, sendo o preferencial para a esterilização de produ- tos para saúde críticos. A remoção de ar é essencial para garantir um processo de esterilização eficiente — a esterilização não pode ocorrer na presença de ar. Os tipos de esterilizadoras a vapor são: pré-vácuo, vácuo fracionado, gravitacional e a vapor. „ „ Sistema de esterilização para uso imediato (esterilização “flash”): é um termo comumente usado para descrever a prática de esterilização rápida de instrumentos cirúrgicos não porosos e/ou não canulados, de- sembrulhados, em esterilizadoras de instrumentos por deslocamento de vapor por gravidade, localizado próximo ao local onde os instrumentos serão usados imediatamente. No passado, a esterilização flash era o modo predominante de fornecimento de instrumentos estéreis para cirurgias. Esterilizadoras especiais de alta velocidade ficam geralmente localizadas no centro cirúrgico, a fim de processar instrumentos de- sembrulhados e instrumentos para uso extremamente urgente. 7 Métodos e validação do processo de esterilização
  • 9. „ „ Esterilizadoras de bancada: é a esterilizadora a vapor mais frequente- mente usada em clínicas ambulatoriais, odontológicas e rurais, volume de câmara não excede 56L, gerando seu próprio vapor quando água destilada ou deionizada é acrescentada pelo usuário. „ „ Esterilizadoras de bancada com cassete: algumas esterilizadoras a vapor possuem um cassete reutilizável que é, de fato, a câmara. O cassete é um recipiente de metal que pode variar em tamanho, dependendo do tamanho da esterilizadora. Trata-se de uma bandeja com tampa e um tipo de junta de vedação para lacrar a unidade. Na base do cassete, há duas aberturas que deixam o vapor e o ar se movimentarem através dele — uma é a entrada, e a outra é a saída. Sempre garanta que essas aberturas estejam limpas e livres de obstrução. „ „ Métodos de esterilização química (baixa temperatura): é usado para esterilizar produtos para saúde sensíveis ao calor e à umidade. Deverá ser realizada em câmaras com ciclos automáticos que fornecem segurança para o usuário e garantem o processo. O usuário deve obter informações por escrito sobre a compatibilidade funcional do fabricante do dispositivo e as informações sobre a eficácia da esterilizadora de seu fabricante. A esterilização em baixa temperatura (gás) pode ser atingida com vários produtos químicos, incluindo: ■ ■ ETO (gás incolor inflamável e explosivo, cujo uso evoluiu quando havia poucas alternativas para a esterilização de produtos para saúde sensíveis ao calor e à umidade); ■ ■ gás/plasma de peróxido de hidrogênio (considerado um eficaz antimi- crobiano, incluindo rápida atividade bactericida, fungicida, virucida e esporicida, seguro para uso com a maioria dos dispositivos e tipos de material, incluindo componentes elétricos e eletrônicos); ■ ■ ozônio (potente antimicrobiano químico, que exige altos níveis de umidade); ■ ■ vapor de formaldeído de baixa temperatura (considerado biodegra- dável depois de aproximadamente duas horas no ambiente); ■ ■ desinfecção química (não recomendada). Métodos e validação do processo de esterilização 8
  • 10. Monitoramento do ciclo de esterilização O monitoramento de cada máquina de esterilização e de todos os ciclos é essencial para garantir a esterilidade dos produtos para saúde reprocessados. Os meios de monitoramento disponíveis são os seguintes: „ „ físicos (cadernos, pôsteres e impressos); „ „ químicos (indicadores internos e externos); „ „ biológicos. Se a esterilizadora não possui uma impressora conjugada, o operador deve controlar os parâmetros físicos do processo de esterilização. Veja, no Quadro 1, um exemplo de diário para registro de cada ciclo. Fonte: Adaptado de Organização Mundial da Saúde (2016). Data Nú- mero da auto- clave Nú- mero da carga Início do ciclo Início do perío- do de esteri- lização Final do perío- do de esteri- lização Final do ciclo Assi- na- tura Quadro 1. Controle manual dos parâmetros físicos de esterilização a vapor. A ISO 11140–1:2014 classifica os indicadores químicos em seis grupos, de acordo com seu uso pretendido, sendo cada um subdividido por processo de esterilização para o qual é compatível. A estrutura da classificação é somente para descrever as características e o uso pretendido de cada tipo de indicador, não havendo significado hierárquico, conforme Quadro 2, a seguir. 9 Métodos e validação do processo de esterilização
  • 11. Estágio Motivo Exemplo Tipo 1 Indicadores de processo São usados com pacotes ou recipientes para indicar que foram diretamente expostos ao processo de esterilização e para diferenciar unidades processadas de não processadas. Classe 1 — Indicador de processo Tipo 2 Indicadores para uso em testes específicos São usados em procedimentos de testes específicos, como o de Bowie-Dick para remoção de ar. Classe 2 — Teste de Bowie & Dick Tipo 3 Indicadores de variável única São elaborados para reagir a uma das variáveis críticas de esterilização, como tempo ou temperatura, e indicam a exposição a uma variável predeterminada do processo de esterilização, como 134 ºC. Classe 3 — Indicador único de parâmetro Quadro 2. Tipos de indicadores químicos e respectivos exemplos (Continua) Métodos e validação do processo de esterilização 10
  • 12. Fonte: Adaptado de Organização Mundial da Saúde (2016 e CMS Científica (2015). Quadro 2. Tipos de indicadores químicos e respectivos exemplos Estágio Motivo Exemplo Tipo 4 Indicadores multivariáveis São elaborados para reagir a duas ou mais variáveis críticas de esterilização, como tempo e temperatura, e indicam exposição a variáveis predeterminadas do processo de esterilização, como 134 ºC e 3 minutos. Classe 4 — Indicador multiparâmetro Tipo 5 Indicadores integradores São elaborados para reagir a todas as variáveis críticas do processo de esterilização, como tempo, temperatura e presença de umidade, e são equivalentes ou excedem o desempenho de requisitos determinados na série ISO 11138 para indicadores biológicos. Classe 5 — Indicadores integradores Tipo 6 Indicadores emulativos São elaborados para reagir a todas as variáveis críticas do processo de esterilização, como tempo, temperatura e presença de umidade, e são equivalentes às variáveis críticas de um processo específico de esterilização. Classe 6 —Indicadores emuladores (Continuação) 11 Métodos e validação do processo de esterilização
  • 13. Principais elementos da validação Conforme a Organização Mundial da Saúde (2016) e Ministério da Saúde (BRASIL, 2001), o processo de validação consiste na verificação, de maneira certificada e claramente documentada, de que um processo atende aos requisitos para os quais foi feito. No caso da esterilização, a rotulagem de um produto de saúde com a palavra “estéril” é apenas permitida quando ele passou por um processo validado de esterilização, que deve consistir de: „ „ qualificação da instalação (QI); „ „ qualificação operacional (QO); „ „ qualificação de desempenho ou performance (QD); „ „ documentação; „ „ qualificação do desempenho microbiológico (QDM); „ „ relatório e certificados de validação. Assim, o processo de esterilização pode demonstrar de modo documentado que os parâmetros de temperatura, tempo e pressão atingidos durante o processo estavam dentro dos validados em por três ciclos bem-sucedidos consecutivos. „ „ Qualificação da instalação (QI): processo de obtenção e documenta- ção de evidências de que o equipamento de esterilização foi fornecido e instalado de acordo com suas especificações, estando seguro para operar seguindo as especificações do fabricante e os padrões vigentes em cada país. Os seguintes passos devem ser seguidos: ■ ■ verificação da correta instalação de conexões de água, vapor, ele- tricidade, ar comprimido, ventilação, etc. — esse processo verifica se diferentes parâmetros atendem às especificações do fabricante e às regulamentações aplicáveis; ■ ■ verificação da correta operação das diferentes funções de segurança do equipamento, de acordo com padrões; ■ ■ confirmação de que a máquina está equipada com a documentação técnica adequada — plantas de instalação, manual do usuário técnico/ operacional, etc. „ „ Qualificação operacional (QO): processo de obtenção e documentação de evidências de que os equipamentos instalados operam dentro dos limites predeterminados quando usados de acordo com seus procedi- mentos operacionais. Consiste na verificação de que diferentes medidas e elementos de controle da esterilizadora funcionam corretamente e Métodos e validação do processo de esterilização 12
  • 14. dentro das faixas especificadas pelo fabricante. Além disso, busca confirmar que a distribuição de temperatura na câmara é uniforme e está dentro dos parâmetros designados pelos padrões do país. Para atingir isso, os seguintes passos devem ser seguidos, no caso de uma autoclave pré-vácuo: ■ ■ calibrar elementos de regulação e controle; ■ ■ rodar um ciclo com o teste de vácuo; ■ ■ rodar um ciclo com o teste Bowie-Dick; ■ ■ implementar três testes termométricos em uma câmara vazia, a fim de obter o perfil de temperatura em todos os pontos da câmara. „ „ Para o caso de uma autoclave gravitacional: ■ ■ calibrar elementos de regulação e controle; ■ ■ implementar três testes termométricos em uma câmara vazia, a fim de obter o perfil de temperatura em todos os pontos da câmara. Essa é a fase crucial de regulagem do processo, durante a qual suas robustez e con- fiabilidade devem ser demonstradas diante do pior cenário possível. „ „ Qualificação de desempenho (QD): processo de obtenção e docu- mentação de evidências de que o desempenho do equipamento, quando instalado e operado de acordo com procedimentos operacionais, atende consistentemente aos critérios predeterminados. Desse modo, garante-se que o produto atende às suas especificações. Essa fase final examina a repetibilidade do processo, o treinamento necessário e as qualificações de seus operadores, incluindo instruções de trabalho que sejam definitivas e colocadas em prática. 13 Métodos e validação do processo de esterilização
  • 15. A qualidade do processo é demonstrada por meio da realização de três testes termométricos para cada tipo de carga validada e da obtenção do perfil de temperatura em todos os pontos de cada uma delas. Validação das cargas para esterilizadoras É importante validar o processo em todos seus pontos (especialmente onde pode ocorrer contaminação), o que inclui limpeza, inspeção, acondicionamento e embalagem, carregamento e descarregamento dos produtos para saúde. Esses parâmetros são validados pela QD, e a documentação dos critérios de avaliação deve ser verificada pelo usuário. „ „ Técnica e material: a documentação das evidências contribui para alto grau de segurança do processo, durante o qual os seguintes aspec- tos devem ser levados em conta: posição dos artigos dentro da carga; embalagem da carga; ciclo selecionado; como descarregar; repetição por três vezes. Componentes da validação da esterilização „ „ Auditoria: esse processo tem o objetivo demonstrar, documentar e confirmar que o equipamento atende às especificações de desempenho de acordo com seu projeto específico e suas características técnicas após instalação no local de uso. „ „ Certificação para operação: esse processo demonstra que a revisão dos equipamentos confirmou sua capacidade de produzir produtos acei- táveis quando operados de acordo com as especificações do processo. Os seguintes itens devem ser demonstrados: ■ ■ certificação do equipamento; ■ ■ teste da eficácia do equipamento; ■ ■ monitoramento da rotina operacional do equipamento; ■ ■ validação, caso seja identificada alteração na rotina. Tipos de esterilizadoras e métodos de validação Validação do processo de esterilização por calor seco A validação desse processo visa a garantir que a esterilização por calor seco é adequada, segura e eficaz. O processo de validação já demonstrou que a Métodos e validação do processo de esterilização 14
  • 16. esterilização por calor seco é sempre realizada do mesmo modo e com a mesma qualidade, com o propósito de garantir os parâmetros preestabelecidos. Técnica e material Consiste no atendimento dos estágios e critérios de avaliação mínimos. Há histórico de um alto grau de segurança desse processo durante o qual os seguintes aspectos devem ser levados em conta. „ „ Qualidade do equipamento: as instalações elétricas (voltagem), estru- tura, dimensões e ventilação devem ser confirmadas (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2016). „ „ QO: conforme já descrito anteriormente. „ „ QD: conforme já descrito anteriormente. Validação do processo de esterilização a vapor A esterilização por calor úmido deve ser validada para garantir a segurança, adaptação e eficácia do processo realizado, cumprindo os parâmetros prees- tabelecidos, podendo ser definidas por QI, QO e QD. Técnica e material Essa validação deve ser realizada por meio da confirmação da qualidade dos elementos apresentados a seguir. „ „ Ambiente: as instalações físicas devem ser verificadas, o que inclui a estrutura propriamente dita, as dimensões de controle climático e as redes instaladas de vapor e ar comprimido; com respeito à instalação hidráulica, deve-se notar a dureza da água; para instalações elétricas, a voltagem, os dispositivos de proteção e instalação à fonte propriamente dita devem ser observados, assim como a qualidade do vapor. „ „ Equipamento: a estrutura para a instalação da autoclave deve ser confirmada, incluindo adaptação física, integração e ventilação pró- xima às portas, assim como distâncias mínimas entre as paredes e o equipamento, a fim de facilitar a manutenção. „ „ QO: conforme já descrito anteriormente. „ „ QD: conforme já descrito anteriormente. 15 Métodos e validação do processo de esterilização
  • 17. Nas autoclaves pré-vácuo, três ciclos devem ser verificados com o teste Bowie-Dick, seguido por três ciclos completos com controles biológicos e químicos durante três dias consecutivos e com cargas. Nas autoclaves gravitacionais, o teste deve ser realizado com a câmara vazia. Um problema frequente é que a manutenção preventiva não é realizada nas máquinas, e a atitude mais comum é esperar até que ocorra uma falha no equipamento para que se tomem providências. Para prevenir falhas do equi- pamento, recomenda-se manutenção periódica, pelo menos, uma vez ao ano. Validação da esterilização por óxido de etileno (ETO) A validação deve ser determinada e fornecida pelo fabricante de autoclaves a ETO (veja seção acima sobre garantia de qualidade). Técnica e material Essa validação deve ser realizada por meio da confirmação da qualidade dos seguintes elementos: ambiente, equipamento, QO e QD. Em autoclaves pré-vácuo e gravitacionais, a validação é a mesma do pro- cesso de esterilização a vapor. Validação de plasma de peróxido de hidrogênio Técnica e material Essa validação deve ser realizada por meio da confirmação da qualidade dos seguintes elementos: ambiente, equipamento, QPO e QD. Os parâmetros físicos devem ser confirmados com o pacote de teste, seguido por três ciclos completos com controles biológicos e químicos, durante três dias consecutivos e com cargas. Gestão de risco na descontaminação e esterilização Conforme a Organização Mundial da Saúde (2016), a gestão de risco serve para identificar, analisar e avaliar os riscos dos processos da CME, com a seguinte abordagem: „ „ definição dos critérios por meio dos quais os riscos são avaliados e calculados; Métodos e validação do processo de esterilização 16
  • 18. „ „ métodos de avaliação de risco; „ „ responsabilidade por decisões de risco; „ „ provisão de recursos designados para prevenção de risco; „ „ comunicaçãointernaeexternarelativaaosriscosidentificados(notificação); „ „ qualificação da equipe profissional dedicada à gestão de risco. A gestão de risco é vista como um processo contínuo durante o plane- jamento, a implementação, o monitoramento e a melhoria contínua (ciclo “planejar–fazer–verificar–agir”). Produtos para saúde Para determinar o nível de descontaminação exigido para um produto para saúde em particular, conforme a Organização Mundial da Saúde (2016), é importante entender as diferenças entre limpeza, desinfecção e esterilização, conforme mostrados no Quadro 3, a seguir. Fonte: Adaptado de Organização Mundial da Saúde (2016). Limpeza Remoção física de materiais corporais, poeira ou material estranho, de contaminação de um item na medida necessária para mais processamento ou para o uso com intenção. A limpeza reduz o número de microrganismos, assim como a sujidade, permitindo melhor contato com a superfície a ser desinfetada ou esterilizada e reduzindo o risco de que a sujidade permaneça fixada na superfície. A remoção da sujidade reduzirá também o risco de inativação de um desinfetante químico e a multiplicação de microrganismos Desinfecção Destruição ou remoção de microrganismos a um nível em que deixa de ser nocivo à saúde e é seguro para manuseio. Esse processo não inclui necessariamente a destruição de esporos bacterianos. Esterilização Destruição ou remoção completa de microrganismos, incluindo esporos bacterianos. Esterilidade: estado em que microrganismos viáveis estão ausentes. Esterilização: processo validado para eliminar microrganismos viáveis de um produto. Quadro 3. Nível de descontaminação 17 Métodos e validação do processo de esterilização
  • 19. Pode-se aplicar a avaliação de risco para determinar o nível de desconta- minação — isso é conhecido como “classificação de Spaulding”. Esse sistema deve ser aplicado para classificar um produto para saúde reutilizável (PPSR), de acordo com seu uso pretendido e o subsequente nível de reprocessamento necessário para torná-lo seguro para reutilização. Os PPSR são classificados como: crítico, semicrítico e não crítico (Quadro 4). Fonte: Adaptado de Organização Mundial da Saúde (2016). Categoria de risco Nível recomendado de descontaminação Exemplos de produtos para saúde Alto (crítico) Itens envolvidos na quebra da barreira da pele ou membrana mucosa ou que adentram uma cavidade corporal estéril. Esterilização de instrumentos cirúrgicos, implantes/próteses, endoscópios rígidos, seringas, agulhas. Intermediário (semicrítico) Itens em contato com membranas mucosas ou fluidos corporais Desinfecção (alto nível). Produtos para assistência respiratória, endoscópios flexíveis não invasivos, comadres, papagaios. Baixo (não crítico) Itens em contato com pele intacta. Limpeza (visivelmente limpo), manguito do esfigmomanômetro, estetoscópios. Quadro 4. Política para descontaminação local de PPSR de acordo com a Classificação de Spaulding Várias perguntas podem ser feitas para estabelecer o método a ser usado. Isso dependerá do uso do produto para saúde, da tolerância ao calor do item, de recursos/instalações e tempo disponíveis para reprocessamento. Métodos e validação do processo de esterilização 18
  • 20. Equipamentos ou máquinas de processamento Todos os equipamentos de processamento devem ter seu desempenho ava- liado para garantir que os produtos para saúde corretos sejam processados no equipamento adequado. Isso é essencial para garantir: „ „ uso adequado e manutenção do equipamento de processamento; „ „ ciclos apropriados para os produtos para saúde em reprocessamento; „ „ diretrizes do fabricante seguidas na instalação; „ „ comissionamento e uso do equipamento de processamento; „ „ provisão de métodos alternativos de processamento, caso a máquina apresente falha ou não funcione; „ „ disponibilidade de manutenção preventiva e assistência periódica já planejada e adequada. Além disso, o gestor da CME deve fazer treinamentos para reconhecer os elementos essenciais de gestão de risco. A equipe local também deve ser orientada e treinada no reconhecimento de falhas e saber realizar pequenos consertos sem prejudicar a garantia do fabricante. „ „ Procedimentos e verificações de controle/testes: o nível de garantia de esterilização (NGE) é definido como a probabilidade de uma única unidade estar estéril após ter passado pelo processo de esterilização (Quadro 5). São realizados testes para determinar se os níveis de este- rilidade foram atingidos após a esterilização do dispositivo. „ „ Manutenção: define quando e quais peças devem ser controladas e/ ou trocadas de acordo com o fabricante do equipamento de reproces- samento. Para efeito de orientação, a cada seis meses, deverá ocorrer o controle técnico preventivo de todas as máquinas críticas e, anualmente, o controle técnico amplo seguido por validação. Todas as máquinas classificadas como críticas, de acordo com a análise de gestão de risco, exigem um plano estruturado de manutenção e substituição, incluindo esterilizadoras, geradores a vapor e lavadora desinfetadora. 19 Métodos e validação do processo de esterilização
  • 21. „ „ Auditoria: o auditor garante que todos os processos de esterilização estejam implementados de acordo com padrões nacionais e internacio- nais. Uma parte importante da auditoria é a verificação da conformidade com os procedimentos locais e padrões de esterilização, para que possa recomendar melhorias de processo. Fonte: Adaptado de Organização Mundial da Saúde (2016). Processo O que é medido e quando? Limpeza Uma vez ao dia Uso de detergente e desinfetante. Por item Resultados de limpeza por controle visual ou usando um teste de limpeza. Desinfecção Uma vez ao dia Uso de desinfetante, segundo concentração, temperatura e pH. Por carga Tempo de exposição. Esterilizante químico Por processo Indicador biológico; indicadores químicos; indicador físico. Por item Indicadores externos. Calor úmido (Esterilizadoras a vapor) Uma vez ao dia Teste Bowie-Dick para penetração do vapor em cargas porosas (autoclave pré-vácuo); teste Helix para instrumentos com lúmen oco, se disponível. Limpar a câmara toda semana. Por processo Indicadores químicos; parâmetros físicos atingidos por QD. Por item Indicadores externos. Quadro 5. Resumo dos processos de descontaminação e medidas de validação e sua aplicação Métodos e validação do processo de esterilização 20
  • 22. A CME de um hospital é o local responsável pela limpeza e processamento de artigos e instrumentais médico- -hospitalares. O serviço realizado nesse setor tem a responsabilidade de evitar que haja contaminação em procedimentos cirúrgicos e curativos. Veja, no vídeo, como o Hospital Pilar mantém a sua CME, que segue as norma- tivas recomendadas para garantir a completa limpeza e esterilização de seus produtos, incluindo controles físicos, químicos e biológicos. https://qrgo.page.link/RKAUx BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. ResoluçãoRDCnº 15,de15demarçode2012. Dispõe sobre requisitos de boas práticas para o processamento de produtos para saúde e dá outras providências. Disponível em: http://bvsms.saude. gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2012/rdc0015_15_03_2012.html. Acesso em: 20 maio 2019. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria da Assistência à Saúde. Coordenação-Geral das Unidades Hospitalares Próprias do Rio de Janeiro. Orientaçõesgeraisparacentralde esterilização. Brasília: MS, 2001. Disponível em: http://www.fiocruz.br/biosseguranca/ Bis/manuais/descontaminacao/Orientacoes%20Gerais%20para%20Central%20de%20 Esterilizacao.pdf. Acesso em: 20 maio 2019. BRASIL. Ministério do Trabalho. NR 32 — segurança e saúde no trabalho em serviços de saúde. 2011. Disponível em: http://www.trabalho.gov.br/images/Documentos/SST/ NR/NR32.pdf. Acesso em: 20 maio 2019. CMS CIENTÍFICA. Indicadores biológicos e químicos no monitoramento da esterilização. 2015. Disponível em: https://cmscientifica.com.br/indicadores-biologicos-e-quimicos- -no-monitoramento-da-esterilizacao/. Acesso em: 20 maio 2019. ISO. ISO 11140-1:2014. Sterilization of health care products: chemical indicators. Part 1: General requirements. Geneva: ISO, 2014, Disponível em: https://www.abntcatalogo. com.br/norma.aspx?ID=324640. Acesso em: 20 maio 2019. ISO. ISO 13485:2003. Medical devices: quality management systems: requirements for regulatory purposes. Geneva: ISO, 2003. Disponível em: https://www.iso.org/stan- dard/36786.html. Acesso em: 20 maio 2019. 21 Métodos e validação do processo de esterilização
  • 23. ISO. ISO 13485:2016. Medical devices: quality management systems: requirements for regulatory purposes. Geneva: ISO, 2016. Disponível em: https://www.iso.org/stan- dard/59752.html. Acesso em: 20 maio 2019. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Descontaminaçãoereprocessamentodeprodutos para saúde em instituições de assistência à saúde. [S. l.]: OMS, 2016. Disponível em: ht- tps://www20.anvisa.gov.br/segurancadopaciente/index.php/legislacao/item/manual- -descontaminacao-e-reprocessamento-de-produtos-para-saude-em-instituicoes-de- -assistencia-a-saude. Acesso em: 20 maio 2019. Leituras recomendadas ESPÍRITO SANTO. Secretaria da Saúde. Guia de referência para limpeza, desinfecção e esterilização de artigos em serviços de saúde. 2009. Disponível em: https://www.risco- biologico.org/lista/20120305_01.pdf. Acesso em: 20 maio 2019. FUSCO, S. F. B.; SPIRI, W. C. Análise dos indicadores de qualidade de centros de material e esterilização de hospitais públicos acreditados. Texto&ContextoEnfermagem, Floria- nópolis, v. 23, n. 2, p. 426–433, abr./jun. 2014. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ tce/v23n2/pt_0104-0707-tce-23-02-00426.pdf. Acesso em: 20 maio 2019. NEVES, Z. C. P. ARTIGOS ESTERILIZADOS EM CALOR ÚMIDO: validação do sistema de guarda. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, v. 57, n. 2, p. 152–156, mar./abr. 2004. Disponível em: https://repositorio.bc.ufg.br/xmlui/bitstream/handle/ri/16186/ Artigo%20-%20Zilah%20C%C3%A2ndida%20Pereira%20das%20Neves%20-%202004. pdf?sequence=5&isAllowed=y. Acesso em: 20 maio 2019. SÃO PAULO. Tribunal Regional do Trabalho. NR 7 — programa de controle médico de saúdeocupacional. 2018. Disponível em: http://www.trtsp.jus.br/geral/tribunal2/LEGIS/ CLT/NRs/NR_7.html. Acesso em: 20 maio 2019. SOBECC NACIONAL. [Site]. c2015. Disponível em: http://www.sobecc.org.br/index. Acesso em: 20 maio 2019. Métodos e validação do processo de esterilização 22