O documento descreve um projeto de melhoria da qualidade para prevenção da infecção do local cirúrgico em uma unidade de cirurgia ambulatorial. O projeto propõe implementar um feixe de intervenções multimodal baseado em evidências, com foco na formação dos profissionais, monitorização de indicadores e envolvimento dos pacientes. O objetivo é aumentar a adesão aos protocolos de prevenção e reduzir a taxa de infecção do local cirúrgico.
Aula Processo de Enfermagem na atenção primária a saúde
Dia do Enf Perioperatório.pptx
1. PREVENÇÃO DA INFECÇÃO DO LOCAL CIRÚRGICO:
Projeto de melhoria continua da qualidade
Enf. Salomé Silva
15 fevereiro 2023
2. Cuidar da Pessoa no período perioperatório em Cirurgia de Ambulatório (CA)
Consulta pré
cirúrgica
• Presencial
• Não presencial
Pré –operatório Intraoperatório Pós-operatório
Consulta pós
cirúrgica
• Não presencial
• Consulta dia seguinte
• Presencial
3. Os Enfermeiros:
- Sentem necessidade de mais informação, formação e espaço para discussão no domínio da Prevenção e
Controle de Infeção e Resistência aos Antimicrobianos (PCIRA);
- Evidenciam fragilidades e necessidade de particular atenção pelos gestores do BO e outros responsáveis
organizacionais, nomeadamente:
◦ Grupos de coordenação local do PCIRA (Despacho nº 15422/2013)
◦ Enfermeiros gestores perioperatórios.
Mota (2021)
GESTÃO DA PREVENÇÃO DA INFECÇÃO DO LOCAL CIRÚRGICO
4. GESTÃO DA PREVENÇÃO DA INFECÇÃO DO LOCAL CIRÚRGICO
OMS
Estratégia de implementação multimodal
Parte integrante de programas eficazes da
prevenção e controlo de infeção a utilizar pelas
unidades de prestação de cuidados.
Cinco diretrizes
Implementadas de maneira a reduzir as
Infeções Associadas aos Cuidados de Saúde (IACS).
Uso de abordagens múltiplas, de forma
combinada, de maneira a influenciar/modificar
o comportamento do público-alvo
Melhorias necessárias para causar um impacto positivo na
pessoa cuidada e contribuir para uma
mudança na cultura institucional
5. Cinco diretrizes para reduzir as IACS (OMS, s.d.)
GESTÃO DA PREVENÇÃO DA INFECÇÃO DO LOCAL CIRÚRGICO
Formação/
educação
Monitorização
e Feedback
Lembretes e
Comunicações
Cultura de
Segurança
Mudança
de sistema
6. GESTÃO DA PREVENÇÃO DA INFECÇÃO DO LOCAL CIRÚRGICO
Pré-requisitos
fundamentais para a
prestação de
cuidados, seguros e
centrados nos
doentes
(WHO, 2019b)
Liderança
eficaz
Sistemas de
notificação
Formação
Aprendizagem
com o erro
Treino dos
profissionais
Uso da
tecnologia
Cultura de
Segurança do
Doente
Envolvimento
/capacitação dos
doentes e família
7. A melhoria da qualidade no contexto de ação pressupõe o
questionamento e a reflexão dos modelos em uso, de modo a
que estes se aproximem dos modelos expostos…
Machado (2013)
GESTÃO DA PREVENÇÃO DA INFECÇÃO DO LOCAL CIRÚRGICO
8. - Todos conhecem?
-Todos documentam?
-São efetuadas auditorias?
- Quais os resultados?
- Qual o plano de ação…
Feixe intervenções para prevenção ILC
9. INFEÇÃO DO LOCAL CIRÚRGICO
PROJETO DE MELHORIA DA QUALIDADE
MENDES, C., MOREIRA , M., RIO, N., SILVA , S., NUNES, S. (2021)
10.
11. 1. O doente tem indicação para
profilaxia antibiótica?
2. A profilaxia antibiótica foi
administrada nos 60 minutos
anterior ao início da cirurgia ou
120 minutos em caso de perfusão
vancomicina ou ciprofloxacina?
3. A preparação da pele do local da
incisão foi realizada com um
antissético de base alcoólica?
4. Foi monitorizada a temperatura
no intraoperatório?
5. Foram implementadas medidas
de prevenção da hipotermia
perioperatória?
6. Foi efetuada a monitorização da
glicemia no pré-operatório?
7. Foi efetuada a monitorização da
glicemia no intraoperatório?
8. Foi efetuada a monitorização da
glicemia no pós-operatório
(UCPA)?
9. Foram implementadas medidas
terapêuticas de controlo em caso
de glicemia capilar >180mg/dl?
14. Matriz de priorização
Critérios
Problemas
Impacto no Doente
Impacto na organização do
serviço
Impacto nos profissionais
Resultados a curto prazo/longo
prazo
Pontuação
Elevado número de tricotomias realizadas
no domicílio 4 4 3 3 14
Administração de Antibioterapia (não
cumprindo timing da bundle) 4 4 3 4 15
Ausência de evidência da manutenção de
normotermia durante toda a intervenção
cirúrgica 3 3 2 3 11
Inadequação do protocolo de manutenção
da normoglicemia 3 3 2 3 11
Ausência de banho com solução antissética 5 5 4 4 18
Executar o penso cirúrgico sem técnica
asséptica
5 5 3 4 17
Ausência da antissepsia da pele do doente,
no intra-operatório, com solução antissética
de base alcoólica
4 5 4 4 17
15. Fatores de
execução
Causas
Ganhos Ações Sujeito Quando Como Onde Avaliação
Inadequada
higienização das
mãos
Aumentar a
adesão a
higienização das
mãos
1. Formação teórico-
prática, baseada na
evidência científica,
sobre a higienização
das mãos
2. Afixação de cartazes
de orientação prática
da lavagem das mãos,
junto aos lavatórios
3. Supervisionar a
higienização das mãos
4. Reforço informal do
ensino
Enfermeiros
Cirurgiões
Assistentes
Operacionais
Antes da cirurgia
Antes do
contacto com o
doente
Após o contato
com o doente
1. Monitorizaç
ão da
higienização
das mãos
em registo
papel -
Auditoria
1. Cumprir os
protocolos e
normas
hospitalares
para a
higienização
Recobro
Tardio
UCPA
Bloco
Operatóri
o
Observação
direta da
higienização das
mãos
16. Fatores de
execução
Causas
Ganhos Ações Sujeito Quando Como Onde Avaliação
Ausência de
Administração de
Antibioterapia
(não cumprindo
timing da
bundle)
Administrar ATB
nos casos
aplicáveis
Reduzir a taxa
de infeção do
local cirúrgico
1.Formação baseada em
evidencia científica
2.Afixação de informação
no local visível a equipa
cirúrgica
3.Formação e Reforço do
ensino junto dos
profissionais da
importância do “time
out” de verificação de
segurança cirurgia
Enfermeiros
Cirurgiões
Até 60 min antes
da cirurgia
Auditoria
clínica
Bloco
Operatório
Monitorização
da administração
de ATB no
Sclinico
17. Fatores de
execução
Causas
Ganhos Ações Sujeito Quando Como Onde Avaliação
Falhas na
manutenção da
normotermia
Manter a
normotermia
1.Formação teórico-
prática, baseada na
evidência científica
2. Formação teórica com
base nos protocolos e
normas existente no
serviço
3. Disponibilizar
termómetros e
equipamento de
aquecimento como
mantas de aquecimento
adequadas ao tipo de
cirurgia, em todas as fases
do perioperatório.
Enfermeiros
Pré, Intra e pós-
operatório
Monitorização
do registo da
temperatura
corporal nas
diferentes fases
do
perioperatório -
auditoria
Cumprir os
protocolos e
normas
hospitalares
Recobro
Tardio
UCPA
Bloco
Operatóri
o
Monitorização
dos registos no
SClinico
18. Fatores de
execução
Causas
Ganhos Ações Sujeito Quando Como Onde Avaliação
Inadequação do
protocolo de
manutenção da
normoglicemia
Manter a
normoglicemia
1.Formação teórico-
prática, baseada na
evidência científica
2. Formação teórica
com base nos
protocolos e normas
existente no serviço
3. Disponibilizar
equipamentos em
todas as fases do
perioperatório
4.Criar um protocolo
de avaliação adequado
à cirurgia de
Enfermeiros Pré, Intra e pós-
operatório
Monitorização
do registo da
glicemia
capilar nas
diferentes
fases do
perioperatório
- auditoria
Cumprir os
protocolos e
normas
hospitalares
Recobro
Tardio
UCPA
Bloco
Operatório
Monitorização
dos registos no
SClinico
Plano de Ação
19. Fatores de
execução
Causas
Ganhos Ações Sujeito Quando Como Onde Avaliação
Ausência de banho
pré-operatório com
solução antissética
Aumentar o
número de
doentes que
realizam o
banho pré-
operatório
1.Formação teórico-
prática, baseada na
evidência científica
2. Formação teórica com
base nos protocolos e
normas existente no
serviço
3.Disponibilizar
equipamentos na consulta
de enfermagem pré-
cirúrgica
4.Alargar consulta de
enfermagem pré-cirúrgica
a todos os doentes
Enfermeiros
Doentes
Pré-operatório Cumprir os
protocolos e
normas
hospitalares /
DGS
Consulta
pré-
cirúrgica
Monitorização
dos registos no
SClinico -
auditoria
Plano de Ação
20. Fatores de
execução
Causas
Ganhos Ações Sujeito Quando Como Onde Avaliação
Tricotomia
Aumentar
adesão à não
realização da
tricotomia fora
da sala
operatória
Formação teórico-prática,
baseada na evidência
científica
Disponibilizar equipamento
adequado na sala
operatória
Cirurgiões
Enfermeiros
Doentes Intraoperatório
Seguir as
orientações da
DGS
Cumprir os
protocolos e
normas
hospitalares
Sala
operatória
Observação direta
Monitorização
dos registos no
SClinico -
auditoria
Plano de Ação
21. Fatores de
execução
Causas
Ganhos Ações Sujeito Quando Como Onde Avaliação
Executar o penso
cirúrgico sem
técnica asséptica
Diminuir o risco
de ILC
Formação teórico-prática,
baseada na evidência
científica
Disponibilizar
equipamento e material
esterilizado
Cirurgiões
Enfermeiros Pós-operatório
Cumprir os
protocolos e
normas
hospitalares
Pernoita
Recobro
Tardio
UCPA
Sala de
Tratamento
Observação
direta
Plano de Ação
22. Fatores de
execução
Causas
Ganhos Ações Sujeito Quando Como Onde Avaliação
Ausência da
antissepsia da pele
do doente, no
intraoperatório, com
solução antissética
de base alcoólica
Aumentar a adesão
antissepsia da pele do
doente, no
intraoperatório, com
solução antissética de
base alcoólica nos casos
aplicáveis
Diminuir o risco de ILC
Formação teórico-
prática, baseada na
evidência científica
Disponibilizar os
solutos
Cirurgiões
Enfermeiros Intraoperatório
Seguir as
orientações da
DGS
Cumprir os
protocolos e
normas hospitalar
Sala
operatória
Monitorização
dos registos no
SClinico -
auditoria
Plano de Ação
23. Sistema de Monitorização e Controle
Indicadores Metodologia
Metas
Monitorização Observação
2021 2022 2023
Taxa de adesão à higienização das
mãos
Cálculo do indicador
através consulta de
resultado de auditoria
60% 75% 90% Semestral
Registo em papel
/suporte informático
Administração de
Antibioterapia (não
cumprindo timing da bundle)
Registos
100% de administração de ATB
nos casos aplicáveis
Mensal
Extração de dados do
SClinico
Taxa de adesão ao banho com
solução antissética
Registos 40% 60% 80% Semestral
Extração de dados do
SClinico
Taxa de antissepsia da pele do
doente, no intra-operatório, com
solução antissética alcoólica, nos
casos aplicáveis
Registos 100% dos doentes Mensal
Extração de dados do
SClínico
24. É urgente
◦ Desenvolver projetos direcionados para a prevenção da ILC
◦ envolvimento ativo/participativo de todos os elementos das equipas de trabalho.
Recomendamos
◦ a formação dos profissionais, consciencializando-os para a problemática.
Propomos
◦ a adequação do procedimento da monitorização da glicemia, tornando-o num
instrumento de atuação adequado à realidade do serviço de cirurgia de ambulatório.
PROJETO DE MELHORIA DA QUALIDADE
25. PREVENÇÃO DA INFECÇÃO DO LOCAL CIRÚRGICO
Metodologia multimodal
◦ Aplicação do feixe de intervenções para a
prevenção da ILC,
◦ Melhoria da comunicação e do trabalho em
equipa;
◦ Promoção do envolvimento
◦ do doente e da família (empoderamento)
◦ das lideranças;
◦ Monitorização de indicadores de processo e
resultado
◦ Desafio Gulbenkian STOP Infeção
Hospitalar! (2015)
◦ Resultados
◦ aumento da adesão ao feixe (29% para 62,5%)
◦ redução em mais de 50% das ILC nas cirurgias
prótese da anca e do joelho e colecistectomia
(FCG, 2018).
◦ Metodologia a aplicar a outras organizações
hospitalares:
◦ acordo entre a DGS e a FCG
◦ 2021 e 2022
◦ projeto foi replicado em 12 hospitais
portugueses, no período de 24 meses
(FCG, 2021).
26. A Enfermagem tem de ser significativa para as pessoas, e os cuidados de
enfermagem perioperatórios, devem também ser significativos para o
doente que passa por uma experiência cirúrgica.
PREVENÇÃO DA INFECÇÃO DO LOCAL CIRÚRGICO
27. Gomes, J. A. (2020). A Qualidade Assistencial no Bloco Operatório de Hospitais Portugueses. Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, Universidade do Porto. Tese de Doutoramento
Lee, D.J., Ding, J., & Guzzo, T.J. (2019). Improving Operating Room Efficiency. Current Urology Reports, 20(6), 28. https://doi.org/10.1007/s11934-019-0895-3
Machado, N. (2013). Gestão da qualidade dos cuidados de enfermagem: um modelo de melhoria contínua baseado na reflexão-ação. Universidade Católica Portuguesa, Instituto de
Ciências da Saúde. Tese de Doutoramento. http://hdl.handle.net/10400.14/14957
Mota, A. S., Castilho, A. F., & Martins, M. M. (2022). Papéis de liderança em enfermagem preditores da segurança do doente no bloco operatório. Revista Baiana De Enfermagem36 ,. DOI:
10.18471/rbe.v36.46571
Ordem dos Enfermeiros. (2010). Caderno Temático. Modelo de Desenvolvimento Profissional. Fundamentos, processos e instrumentos para a operacionalização do Sistema de
Certificação de Competências. Ordem dos Enfermeiros.
Ordem dos Enfermeiros (2015). Regulamento do Exercício Profissional do Enfermeiro (REPE). Estatuto. Ordem dos Enfermeiros, alterado e republicado pela Lei n.º 156/2015.
Ordem dos Enfermeiros. 2017. Padrões de qualidade dos cuidados especializados em enfermagem médico-cirúrgica. Leiria: Ordem dos Enfermeiros.
World Health Organization [WHO] (s.d. a.). Health care associated infections – Fact Sheet. Acedido a 11 28 de setembro de 2022, em
https://www.who.int/gpsc/country_work/gpsc_ccisc_fact_sheet_en.pdf
World Health Organization (WHO) (2019b). Patient safety Global action on patient safety Report by the Director-General. Seventy –Second World Health Assembly. Provisional agenda
item 12.5.
Bibliografia
Notas do Editor
mudança de sistema, que implica a existência de infraestruturas e equipamentos capazes que permitam a aplicação das PCBI (Precauções Básicas de Controlo de Infeção ), como por exemplo fornecimento contínuo e seguro de água ou fácil acesso às soluções de base alcoólica;
• Formação/educação, que implica a capacitação regular dos profissionais de saúde, acerca das PCBI;
• Monitorização e Feedback, que pressupõe a monitorização da aplicação das PBCI, e das respetivas infraestruturas que possibilitam a sua aplicação, dos conhecimentos e das perceções que os profissionais de saúde têm acerca da temática, havendo também partilha dos resultados obtidos;
• Lembretes e Comunicações, por forma a promover as ações desejadas, no momento certo;
• Cultura de Segurança, facilitadora de um clima organizacional que valorize a intervenção e com um foco em envolver chefias e gestores institucionais (WHO, s.d. b.; WHO, 2009).
Diagrama de Ishikawa para representar a relação entre um “efeito” e as suas possíveis “causas”, de
A identificação destes fatores de risco, serviram de base à construção do plano de ação, para prevenir a ILC, apresentado no próximo capítulo.
quantificar numericamente o impacto dos problemas identificados numa escala quantitativa de 0 a 5, em que 0 equivale a nenhum impacto e 5 a um impacto máximo.
As oportunidades de melhoria da qualidade só podem ser identificadas pela monitorização e avaliação da performance, e esta supõe a existência de indicadores (MEZOMO, 2001) e o envolvimento de todos os intervenientes nesse processo.