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MMee DDêê MMoottiivvooss ppaarraa AApprreennddeerr HHiissttóórriiaa
1
CCaappaa::
Iluminura do século XV que mostra uma cena de aula na Universidade de Bolonha (Itália).
[Domínio público]. Disponível em:
http://professorsamuka.blogspot.com.br/2010/06/igreja-medieval-cultura-e-poder.html
CCoonnttrraa ccaappaa::
Iluminura medieval de uma reunião de médicos da Universidade de Paris. A partir de um
manuscrito medieval de "Chants royaux". Bibliothèque Nationale, Paris. [Domínio público].
Disponível em:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Meeting_of_doctors_at_the_university_of_Paris.jpg
Ficha Catalográfica Elaborada pelo.
Centro de Estudos e Biblioteca Escolar Prof. Américo de Oliveira Costa
Secretaria de Estado da Educação e da Cultura do Rio Grande do Norte
Bibliotecária: Maria do Socorro Silva Félix – CRB-15ª/410
A663m Araújo, Maxuel Batista de.
Me Dê Motivos para Aprender História / Maxuel Batista
de Araújo. Natal, Edição do Autor, 2012.
14cm. 92 p.
1. Motivação-aprendizagem. 2. Motivação-professor/
aluno 3. Psicopedagogia-motivação. 4. História-
motivação-aprendizagem Escolar. I. Título
RN/SEEC-CEBE CDU 37.015
PPrrooiibbiiddaa aa rreepprroodduuççããoo ttoottaall oouu ppaarrcciiaall ddeessttaa oobbrraa,, sseemm aa ppeerrmmiissssããoo eexxpprreessssaa ddoo AAuuttoorr
((LLeeii nnºº 99..661100,, ddee 1199//0022//11999988))
© MMXII Maxuel Batista de Araujo
ISBN: 978856262848-1
MMee DDêê MMoottiivvooss ppaarraa AApprreennddeerr HHiissttóórriiaa
2
.Maxuel Batista de Araujo
Turismólogo, Historiador, Bacharel em Direito,
Especialista em História Do Rio Grande do Norte,
Psicopedagogo e Mestre em Ciências Sociais
MMEE DDÊÊ MMOOTTIIVVOOSS PPAARRAA
AAPPRREENNDDEERR HHIISSTTÓÓRRIIAA
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3
SUMÁRIO
Introdução ............................................................................... 4
1. Posicionamentos teóricos .................................................. 7
2. Me Dê Motivos ................................................................... 31
2.1 – A motivação .............................................................. 33
2.2 – A aprendizagem......................................................... 37
2.3 – O Ensino da História ................................................. 61
3. O Papel Auxiliar do Psicopedagogo na relação
professor-aluno .................................................................. 72
Considerações Finais ............................................................... 80
Referências .............................................................................. 88
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4
INTRODUÇÃO
“Se o Mestre for verdadeiramente sábio,
não convidará o aluno a entrar na mansão
de seu saber, e sim, estimulará o aluno a
encontrar o limiar da própria mente”.
(Khalil Gibran)
No Brasil há muito tempo discute-se sobre os males da
Educação, dos problemas crônicos, da falta de investimos, dos baixos
salários de seus profissionais, das más condições das Escolas dentre
outros, porém muito se discutiu nos gabinetes oficiais cujos resultados
foram programas, resoluções normativas, Leis, acordos,
compromissos, propagandas governamentais, etc., observa-se que
sempre de forma linear (de cima para baixo), acreditando em soluções
finais e certas para a melhoria da educação no País.
Evidencia-se que não se trata de menosprezar as Leis e
regulamentos do nosso sistema educacional e sim buscar uma reflexão
sobre o que é dito nas Leis e o seu efetivo cumprimento, pois é
necessário que a preocupação com a educação e em especial o ensino
da História e demais componentes regionais deva sair dos gabinetes
oficiais e, junto com a família, a escola, os professores e demais
profissionais da educação encontrem uma maneira (didática,
pedagógica, motivacional, financeira, etc.) que realmente promova o
aluno e o faça novamente se encantar com a Escola e o conteúdo
histórico, cultural e econômico regional e, contribua para que a escola
não seja apenas mais um espaço para conversas, brincadeiras,
namoros, alimentação, etc. e, sim um lugar de sociabilização e
aprendizagem maior.
O aprendizado educacional é hoje formado como um fator de
mudança, renovação e progresso. A educação é um investimento
indispensável à globalização, passa-se nas últimas décadas, a merecer
maior atenção do governo, legisladores e educadores. Tendo,
amparado em uma legislação pertinente, está sendo desencadeado
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5
processo de aceleração, principalmente no que diz respeito à
expansão e melhoria da rede escolar e preparação de recursos
humanos. Entretanto, o aluno, o principal interessado, muitas vezes
fica alheio a essas mudanças que, normalmente produzidas nos
gabinetes oficiais.
Diante desse modelo educacional implantado no Brasil, onde a
crença nas Leis e projetos é que vão desenvolver plenamente a
educação e que os alunos realmente terão um eficaz aprendizado nos
leva a refletir sobre o porquê da falta de motivação e interesse pelos
estudos nas disciplinas escolares em especial, aqui neste estudo,
representado pela disciplina História, portanto, a temática de estudo
aqui é escolha sobre o processo motivacional do ensino-
aprendizagem da disciplina História na educação básica.
Refletindo sobre a prática docente pessoal na Escola Estadual
Imperial Marinheiro (Zona Oeste de Natal/RN) entre os anos de 2006 a
2008 e na Escola Municipal Irmã Arcângela (Zona Norte de Natal/RN)
entre 2009 e 2010 no nível fundamental II - 6ºs
anos (antiga 5ª série),
pode-se observar por indagações orais e desempenho nas avaliações a
“falta de motivação” em aprender os conteúdos transmitidos pelos
alunos.
Diante dessa constatação, surgiu a seguinte hipótese: Que os
conteúdos da História, nesse momento, não interessam e/ou quase
não faz falta a maioria dos alunos neste nível de ensino (fundamental
– 6º ano) e o que se aprende desses conteúdos é mais devido ao
“sistema de compensação baseado em notas”, ou seja, na verdade os
alunos só veem a disciplina História porque são obrigados e precisam
de uma nota para ter progressão nos estudos. Motivos estes que
levaram a elaborar e apresentar inicialmente como Trabalho de
Conclusão de Curso da Pós Graduação em Psicopedagogia Institucional
da Universidade Gama Filho, entre 2009 a 2010, a presente obra.
MMee DDêê MMoottiivvooss ppaarraa AApprreennddeerr HHiissttóórriiaa
6
Objetivou-se com este estudo a reflexão maior, por parte dos
docentes (principalmente), alunos e demais membros da escola, bem
como correlacionar o papel do Psicopedagogo, como profissional
auxiliar na motivação dos mesmos, criando mecanismos que
despertem principalmente o gosto e interesse pela disciplina História.
Especificamente visa mostrar os elementos do processo motivacional
na escola; Revelar a breve trajetória do ensino da História no Brasil;
Demonstrar os recursos pedagógicos auxiliares como fonte de
motivação no aprendizado; Discutir o papel do Docente e do
Psicopedagogo como grandes motivadores para o aprendizado em
geral e especificamente da disciplina História.
Pautou-se em procedimentos metodológicos como: leitura de
textos de orientação teórico-metodológica; fontes secundárias foram a
observação e avaliação de vídeos e documentários relacionados à
Motivação, Ensino e Aprendizagem e dessa forma partindo de eixos
centrais como Aprendizagem e Motivação correlacionados a relação
professor-aluno no espaço escolar, procura fazer um dialogo com
autores como Pedro MORALES; Jésus Alonso TAPIA & Enrique Caturla
FITA; Abrahan MASLOW; Lev VYGOSTSKY; Jean PIAGET; Luiz MARINS;
Evely BORUCHOVITCH, Angela Munhoz MALUF; Maria Aparecida
CÓRIA-SABINI, ressaltando que ao desenvolver da monografia outros
autores poderão fazer parte do embasamento teórico.
Os conceitos essenciais são a Motivação e o aprendizado da
disciplina História, assim o dialogo entre os autores que tratam da
motivação nos campos da Psicologia com os estudos do ensino da
História, dessa forma a perceber o papel do professor de História no
processo motivacional dos alunos do Sexto Ano do ensino
fundamental (alunos com a faixa etária entre 10 e 11 anos).
Quanto ao título desta obra, antes que um colega que leciona
a Língua Portuguesa me corrija quanto ao uso da “ênclise”, esclareço
que foi usado aqui propositalmente de forma a não obedecer a Língua
Padrão, “numa espécie de liberdade poética”, assim MMee ddêê mmoottiivvooss...
como na antiga música do Tim Maia.
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7
Capítulo I
DDOOSS PPOOSSIICCIIOONNAAMMEENNTTOOSS TTEEÓÓRRIICCOOSS
"Aqui, a educação é entendida como um processo
sequenciado de ajuda recíproca para o
crescimento pessoal dos indivíduos, para que, a
partir de uma abordagem crítica, sejam pessoas
que amadureçam sua capacidade integral e que
possam, assim, ser úteis para uma sociedade em
contínua mudança". (Sequeiros)
Pode-se dizer que o homem adquire conhecimentos através
da cultura, de técnicas necessárias à sua sobrevivência física e social,
podendo dominar e controlar, na medida do possível, o seu meio
ambiente. A maneira de viver das pessoas implica normas de
comportamento, muita delas estabelecidas há tempos atrás. Mas o
que realmente determina muito do futuro comportamento e das
reações que o homem haverá de ter frente as mais diversas situações
é a forma como ele será ensinado a viver, a forma como ele aprenderá
todos os requisitos básicos para a sua boa sobrevivência.
A aprendizagem é fruto da criação do indivíduo e da
sociedade numa integração recíproca. Não há indivíduo humano
desprovido de cultura, seja ela qual for todos os seres humanos
possuem sua própria cultura e seu modo de viver.
O ser humano nasce com determinadas possibilidades e
potencialidades. Logo percebemos nossa fragilidade e indigência
biológica que será, em parte, suprida pela ação lenta e socializadora
da cultura.
A personalidade do homem, o que ele vai ser quando crescer,
qual sua profissão, sua reação frente às dificuldades da vida, com que
tipo de pessoa irá se relacionar, o local onde escolherá morar, todos
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8
esses são fatores que serão determinados, direta ou indiretamente,
pela educação, cultura e o processo de aprendizagem pelo qual o
homem deverá passar.
Este processo de aprendizagem acima citado não deve ser
entendido como sendo um processo rápido e de tempo limitado, deve
sim, ser contínuo e pacientemente cultivado, mesmo diante de
fracassos e derrotas, o homem deve manter-se sempre com a mente
voltada para aprendizagem, pois nunca se encerra o processo de busca
do saber.
Como o homem nasce e vive em uma sociedade. O ambiente
humano em que ele nasce, e garante-lhe a subsistência nos períodos
iniciais da vida, pode causar um impacto forte e permanente em todo
o percurso de vida que ele terá.
É ainda esse ambiente humano, o responsável pelo
desenvolvimento, nos indivíduos, de características essenciais, através
da aprendizagem de padrões, valores, sentimento e modos de
expressão. A essa internalização de modelos do comportamento, que
se dá através da associação e interação colocando o novo ser em
contato com as características humanas, que denominamos
socialização.
A escola possui papel fundamental no que diz respeito à
ambientação dos seres humanos, pois não somente indica o caminho
do saber didático, mas influencia nos comportamentos na medida em
que na grande maioria das vezes as crianças passam na escola, boa
parte do seu tempo, senão quando passam o dia inteiro.
No que diz respeito à aprendizagem escolar vimos que a
questão do aprender não pode ser visto como mera acumulação de
conhecimentos ou aquisições, mas como uma construção ativa e uma
transformação das ideias, uma modificabilidade cognitiva estrutural,
um processamento de informação mais diversificado, transcendente e
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plástico, consubstanciado a função de facilitação e de mediatização
intencional do professor e do aluno.
Quando o ser humano não está bem afetivamente, sua ação
como ser social fica comprometida, sem expressão e sem força em
qualquer idade ou sexo. Por isso, ao receber uma criança na sala de
aula deve-se ter a convicção de que ela traz todas as impressões
vivenciadas durante a vida. Assim pais e professores tem o papel de
preparar a criança para a vida, mas isso só se consegue com limites e
afetividade acima de tudo.
Diante do crescente aumento das dificuldades de
aprendizagem por parte dos educadores vem se observando que o
comportamento das crianças é influenciado pela afetividade e esta
pode contribuir para que a criança aprenda ou não. Um ambiente
harmonioso favorece a aprendizagem. Assim, também, as ações
partilhadas e mediadas pela linguagem e pela instrução são
reconhecidas como estimuladoras da aprendizagem. A interação
entre adultos e crianças e entre os grupos de iguais, portanto, é
fundamental na aprendizagem.
O ser humano adquire conhecimentos através da cultura, da
interação e sociabilização do individuo com o seu meio circundante,
bem como de técnicas necessárias à sua sobrevivência física e social,
podendo dominar e controlar, na medida do possível, o espaço em
que está inserido. A maneira de viver das pessoas implica normas de
comportamento, muita delas já pré-estabelecidas pela sociedade. Mas
o que realmente determina muito do futuro comportamento e das
reações que o homem haverá de ter frente as mais diversas situações
é a forma como ele será ensinado a viver, a forma como ele aprenderá
todos os requisitos básicos para a sua boa sobrevivência.
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A aprendizagem é fruto da criação do indivíduo e da sociedade
numa integração mútua. Não há indivíduo humano desprovido de
cultura, seja ela qual for, todos os seres humanos possuem sua própria
cultura e seu modo de viver. O homem nasce com determinadas
possibilidades e potencialidades, mas logo se percebe sua fragilidade e
indigência biológica que será, em parte, suprida pela ação lenta e
socializadora da cultura.
O processo de aprendizagem não deve ser entendido como
sendo um processo rápido e de tempo limitado, deve sim, ser contínuo
e pacientemente cultivado, mesmo diante de fracassos e derrotas,
deve-se manter a mente voltada para aprendizagem, pois nunca se
encerra o processo de busca do saber.
A escola possui papel fundamental no que diz respeito à
ambientação dos seres humanos, pois não somente indica o caminho
do saber didático, mas influencia nos comportamentos à medida que
na grande maioria das vezes as crianças passam na escola, boa parte
do seu tempo, senão quando passam o dia inteiro.
Ao compreender o modo como os indivíduos aprendem e em
que circunstancias e condições ocorre à aprendizagem, além de
identificar o papel de um professor no ensino fundamental das séries
finais, por exemplo, pode possibilitar a seus educandos um interesse,
um gosto e uma motivação maior para o real aprendizado de uma
disciplina, como a História, onde as atitudes e habilidades desse
docente podem contribuir ou não pela motivação da disciplina em
tela.
As teorias de aprendizagem buscam reconhecer a dinâmica
envolvida nos atos de ensinar e aprender, partindo do
reconhecimento da evolução cognitiva do homem, e tentam explicar a
relação entre o conhecimento pré-existente e o novo conhecimento. A
aprendizagem não seria apenas inteligência e construção de
conhecimento, mas, basicamente, identificação pessoal e relação
através da interação entre as pessoas.
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Não se pode negar que o século XXI trouxe uma nova dinâmica
para o sistema educacional e o ensino passou a exigir do educador
uma reflexão maior sobre seu papel, sua participação aos novos
paradigmas impostos pela sociedade, decorrentes principalmente pelo
avanço científico e tecnológico. Portanto, hoje o espaço escolar é visto
como um centralizador sistemático dos processos educacionais
integrados na comunidade da qual faz parte, ressalta-se que ainda
cabe à escola oferecer situações que possam oferecer meios e
maneiras que permitam aos alunos desenvolver suas potencialidades
de acordo com a fase evolutiva em que se situam e com os interesses
que os impelem à ação.
O discurso educacional atual prega que a escola prepare
“pessoas de mentalidade flexível e adaptável para enfrentar as rápidas
transformações do mundo, pessoas que aprendem a aprender e,
consequentemente, estejam aptas a continuar aprendendo sempre”.
Pois bem, percebe-se que as equipes docente e pedagógica das
escolas estão se esforçando na formação contínua, onde a
participação de Psicopedagogos em muitos estabelecimentos
educacionais tem dado ótimos resultados para uma educação de
qualidade.
Por outro lado, a diferenciação de funções da escola pode se
dar sem que exista uma correlativa diferenciação de unidades
concretas que as realizem, em suma a escola é um sistema social que
deve persistir, é indispensável que nela se cumpram funções e estas se
cumprirão segundo as estruturas existentes no sistema. Dessa forma,
vista a escola como um sistema social, deve analisar agora a mudança.
Todo sistema social está sujeito a mutações, dado que existe no tempo
e é integrado por homens.
A escola, isoladamente e como sistema é uma instituição
essencialmente social, pertence à sociedade que deu a ela origem e
mantêm com sua estrutura global relações de mútua influência e,
constantemente se tem discutido o papel do sistema
educacional como agente de mudança social. Uma posição
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excessivamente otimista a respeito, que deve ser olhada com reservas,
pois supõe por parte da escola um grau de independência em relação
à sociedade maior do que aquele que na realidade tem, e implica uma
confiança provavelmente excessiva em suas possibilidades de ação.
A transcendência social do papel da escola se vê limitada por
fatores existentes no contexto da sociedade em geral. Em sociedades
estáveis, onde a mudanças são lentas, não se percebem tão
agudamente as exigências sociais e as limitações que estas impõem ao
sistema escolar. Porém, onde as mudanças são rápidas, crescem as
exigências da sociedade para com a escola e, por sua vez, entram em
crise as limitações de origem social com que se depara a escola ao
cumprir sua tarefa.
Não se pode deixar de observar que dentro do espaço escolar
se inter-relacionam uma pluralidade de agentes como diretor,
professores, alunos, secretário etc. As relações que mantêm entre si
estão sujeitas a normas ou regras que permitem prever a conduta da
cada pessoa dentro de certos limites. Tais regras definem o
comportamento adequado para cada um dos papéis em cada situação,
onde em cada situação, as regras são observadas, pois seu
cumprimento ou violação está sujeita a sanções.
Dos posicionamentos teóricos, inicialmente, faz necessário
destacar as observações do teórico motivacional, Abrahan MASLOW
(1908-1970), norte americano, doutor em psicologia, que entre as
décadas de 1930 a 1960 desenvolveu seus trabalhos sobre a
motivação humana, onde produziu diversos artigos sobre este tema
que culminaram com a sua mais conhecida obra: a Teoria a respeito da
Hierarquia das Necessidades Humanas, elaborada entre 1943-54.
Para MASLOW (1987), as motivações constituem uma das
classes determinantes do comportamento, que é motivado e
influenciado biológica e culturalmente. Ele afirmou que o homem é
movido pelas necessidades de deficiência e crescimento. As
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13
necessidades mais básicas dizem respeito à deficiência, enquanto que
as de desenvolvimento remetem ao crescimento, a valores do ser.
O autor coloca que o ser humano é "um todo integrado,
organizado (...)" é na pessoa completa que se opera a motivação.
Maslow propôs um sistema de categorização de necessidades,
começando com aquelas que geram comportamentos mais simples e
imaturos e terminando com as geradoras de comportamentos mais
amadurecidos e realizadores. É constatado aqui que é inerente à
condição humana, o desejo de saber e compreender, sendo este o
impulsionador do desenvolvimento da personalidade no sentido de sua
auto-atualização ou desenvolvimento maduro. Um mínimo de
satisfação é necessário em cada uma das etapas, antes que se passe
para a outra em termos de necessidades, que são fontes de
motivação. Este processo é dinâmico e integrativo, porém permanece
a ideia de que se a satisfação de uma determinada necessidade está
bloqueada ou é indevidamente retardada, o indivíduo não se tornará
plenamente consciente das outras, mais altas na hierarquia.
Ir transpondo os níveis de carências parece o caminho mais
seguido, porém, se a privação for muito longa ou traumática, o sujeito
pode continuar fixado naquele ponto, pois pelo menos em sua
percepção (aspectos cognitivos) nunca esteve completamente
satisfeita, dessa forma pode se dar uma frustração e/ou iniciar outro
processo para saciar as necessidades.
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A figura mostrada revela que na base da pirâmide estão
aquelas necessidades que refletem interesses fisiológicos e de
segurança, como conforto físico, abrigo, vestuário, alimento, etc.
Mesmo quando o sujeito tem garantido a satisfação básica destas
necessidades (o que em nossa sociedade está longe de ser atingido
pela maioria das pessoas).
Vendo a Pirâmide de Maslow e, transpondo para o ambiente
escolar como se processariam essas necessidades no ambiente
escolar? Como pré-adolescentes absorveriam essa pirâmide de
necessidades? Tais indagações é o ponto de partida para a reflexão
sobre aquilo que desperta interesse no aluno para determinado
comportamento que leve a um aprendizado de uma disciplina, como a
História.
Normalmente, os comportamentos que vão adicionados por
essas necessidades e que servem para satisfazê-los são menos
amadurecidos e construtivos do que muita ação voltada para o
trabalho propriamente dita, e que envolvem outros motivos. Assim
num ambiente da escolar o aluno espera oportunidades de satisfação,
como obtenção de boas notas e progresso, mas também se frustra
quando não as encontra. Portanto, observar se o aluno tem suas
satisfações realizadas e uma vez que já tenha sido alcançado algum
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lugar de aceitação e conforto no grupo, aparece o desejo de destacar-
se, obter reconhecimento sobre aquilo que se produz (seja tangível ou
intangível) que impele os sujeitos a comportamentos que demonstrem
competência, na esperança de recompensas.
Em resumo, esses motivos nos levam a contribuir da melhor
maneira para a organização, em troca de reconhecimento. Se ele não
vem, há frustração e a possível regressão a pontos anteriores na
hierarquia, todavia, apenas a Pirâmide de Necessidades de Maslow
não explica a falta de motivação do alunado com a aprendizagem, uma
vez que há fatores externos a simples satisfação das necessidades
individuais dos mesmos que interferem nesse processo, dessa forma e
dependendo de fatores externos e subjetivos se fazem necessários
para se conjugarem de modo mais consistente e duradouro e a
tendência é desejar satisfação pessoal, amadurecimento, aprendizado
e crescimento.
Para a Psicopedagoga Angela Cristina M. MALUF (2006) traz a
ideia de conhecer bem as crianças e jovens se pode oferecer uma
educação melhor, fato muitas vezes ignorado nos planejamentos, nos
projetos políticos pedagógicos e até mesmo na pratica docente.
Conforme diz:
Na verdade, de crianças e jovens conhecemos muito pouco. [...]
Crianças e jovens não entendem nossa fala. E, pelo que me
parece, os adultos não querem aprender a linguagem deles.
Nossa primeira preocupação é alfabetizar, é fazer com que a
criança deixe de ser criança o quanto antes. (MALUF, 2006, p. 9)
A autora se debruça em sua obra a preocupação em
compreender primeiro o universo da criança, do adolescente, antes de
impor valores imperativos de aprendizagem, tendo a devida atenção e
preocupação com as particularidades e individualidades dos mesmos,
onde suas características peculiares, aptidões, dificuldades dentre
outros fatores torne o trabalho do educador mais fácil e faça com que
se desenvolva um bom trabalho educativo e proporciono ao aluno o
desenvolvimento de suas potencialidades.
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16
A mesma ainda traz a preocupação sobre o ambiente e a
maneira dos pais e educadores desenvolve e estimulam o educando
ao aprendizado, considerando “instrumentos fundamentais nesse
processo”, assim se faz necessário que haja consciência do papel e da
responsabilidade de cada um, a as funções da educação (social e
psicológica) se interajam e se complementem.
Atualmente, na dinâmica da sociedade moderna e problemas
em instituições como Família e Escola, revela a baixa qualidade nos
índices educacionais, uma estagnação generalizada e os valores
morais, os bons costumes, os princípios éticos estão a cada dia mais
distante da realidade dessas duas instituições e assim provocando o
desestímulo na relação professor-aluno.
Por outro lado começa o desafio de muitos educadores e
profissionais como o Psicopedagogo em quere dar sua contribuição na
melhoria e solução desses problemas que prejudicam a educação e
assim ao considerar nosso próprio potencial e experimentar o desejo
de testar nossas capacidades em transformar essa realidade. Dessa
forma experiências de um trabalho mais criativo, no qual se possa
obter um sentido de realização pessoal permite que haja motivação,
entusiasmo e êxito no aprendizado.
Conforme atesta ainda Angela Maluf:
O que mais falta na criança e no jovem hoje é a vontade de
obedecer tanto aos pais quanto aos educadores. A vontade deles é
sempre indecisa, fraca, atrapalhada pela fragilidade do organismo,
pela instabilidade do pensamento. [...] não existe um método
educativo que se possa chamar de modelo. [...] contudo, indo mais
intensamente ao assunto, cada criança e jovem devem ser
educados segundo suas tendências pessoais e naturais. É
necessário que pais e educadores observem o desabrochar de sua
inteligência fazendo com que devagar eles percam as más
tendências e desenvolvam as mais adequadas. [...] nunca devemos
exigir obediência, sem antes fazê-los ver as razões.
(MALUF, 2006, p. 29).
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17
Já o norteamento das atividades na sala é algo inerente e
diferente de professor para professor, assim não existe formulas
prontas e eficazes uniformemente para todos, mas se pode classificar
que, o educador em sala, pode ser visto como “tradicional” ou
“moderno”. Por outro, lado observa-se que na prática, a maioria dos
docentes age num “meio termo”, ou seja, dependendo da situação são
exigentes, noutras são mais flexíveis e práticos.
Não se pode deixar de falar sobre a forma, o “estilo de ensino”
de cada docente, que é muito mais uma característica peculiar de cada
um, embora técnicas de didática e metodologia auxiliem sua postura,
mas de maneira em geral, o professor impõe sua personalidade e por
isso determina e “imprime sua marca” na condução da classe.
Os estudos dos autores Evely BORUCHOVITCH & José Aloyseo
BZUNECK reunidos na obra: Motivação do Aluno, editora vozes, 2001
nos traz, neste atual momento do estágio da educação brasileira, a
análise sobre este problema do baixo rendimento de vários alunos,
por causa principalmente de sua baixa motivação pelos estudos.
Na pratica docente e com a convivência com outros colegas de
profissão percebeu-se a constante reclamação generalizada da falta de
interesse dos alunos para com os conteúdos escolares, gerando uma
frustração no exercício da profissão, por outro lado, há também uma
certa acomodação e sentimento de impotência em lidar com tal
situação das equipes docente, pedagógica e gestora. Diante dessa
situação, o mais agravante é o desconhecer desses agentes em
concentrar maiores esforços e estudos na área da motivação no
espaço da escola, uma vez que:
Tornou-se um problema de ponta em educação, pela simples
constatação de que, em paridade de outras condições, sua
ausência representa queda de investimento pessoal de
qualidade nas tarefas de aprendizagem. Alunos desmotivados
estudam muito pouco ou nada e, consequentemente,
aprendem muito pouco. Em última instância, ai se configura
uma situação educacional que impede a formação de
indivíduos mais competentes para exercerem a cidadania e
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realizarem-se como pessoas, além de se capacitarem a
aprender pela vida afora.
(BORUCHOVITCH; BZUNECK, 2009, p.13).
Conforme a afirmação feita pelos professores José Aloyseo
Bzuneck e Evely Boruchovitch, nos mostra que, apesar de a motivação
estar no aluno, as condições ambientais interferem muito também
nesse processo, portanto, é equivocado inferir que a motivação ou os
problemas decorrentes são apenas do estudante. Daí a importância
dos professores em conhecer os possíveis fatores externos que estão
interferindo na motivação dos alunos. É importante ver em suas
palavras que o fenômeno da desmotivação dos alunos precisa de
destaque maior e assim nos revela, abordando esse problema sob dois
aspectos o quantitativo (intensidade) e o qualitativo (tipos) e assim
desmitifica algumas concepções erradas sobre a forma de pensar que
um aluno “é desmotivado” ou que ainda a crença de que quanto mais
uma “pessoa estiver motivada melhor será o desempenho em tarefas
complexas, como as aprendizagens escolares”.
Embora, o tema sobre a motivação e aprendizado ser algo já
discutido alguns anos no meio acadêmico, mas ainda, se ver que é algo
meio secundário ou é tratado por muitos educadores como “é natural
à desmotivação dos alunos”, assim o autor José Aloyseo Bzuneck
apresenta uma visão de teorias e pesquisas em motivação que possam
auxiliar e nortear o trabalho docente. Uma vez que se faz também
necessário ficar atentos que mesmo os componentes afetivos
envolvidos na relação motivo-aprendizado entre professor e aluno é
importante focar os componentes cognitivos, crenças, atribuições e
percepções dos envolvidos neste processo.
Contudo, ainda persiste a ideia tão comumente encontrada de
que os professores podem fazer muito pouco pela motivação, porque
as condições contextuais são adversas e depende apenas do aluno
querer aprender alertando, todavia que:
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19
A motivação do aluno esbarra na “motivação do próprio
professor e que esta depende do nível de sua crença de auto-
eficácia, ou seja, na crença de que pode exercer ações destinadas
a produzirem certos resultados” (BZUNECK, 2009, p.29).
É preciso ainda distinguir duas funções distintas e
complementares a serem cumpridas pelo professor, sendo a primeira
de caráter remediador, que consiste em recuperar os alunos com
problemas de motivação, e a segunda é mais preventiva e de caráter
permanente que seria a implementação e a manutenção otimizada
motivação para aprender pelos alunos da classe.
Não se pode deixar de lado que o papel do professor e da
escola na motivação dos alunos, deve abordar aspectos gerais e
estratégias de ensino que visam favorecer a motivação dos alunos,
meios esses que devem ser aprofundados e de amplo conhecimento
dos fatores que interferem no aprendizado dos alunos.
Para o pesquisador Jean PIAGET (1896-1980), sua
preocupação central foi o desenvolvimento humano cujo tema central
dos seus estudos concentrava no pensamento lógico-matemático, seus
construtos teóricos científicos procura explicar o princípio do
conhecimento são a base de uma teoria denominada Psicogênese.
Ele defendia que o homem constrói o conhecimento pela
interação entre o mundo material e o exercício da razão, processo este
denominado de interacionismo, onde a adaptação à realidade externa
depende basicamente do conhecimento.
Embora Piaget não fosse um educador e não tinha
preocupações pedagógicas, é estudado na pedagogia porque falava
sobre crianças. O termo construtivismo (se refere a como a criança
elabora formas de conhecimento mais eficazes para dar conta da
realidade) foi elaborado por Piaget, mas ele não propôs um método
construtivista. Tanto na Europa, quanto nos Estados Unidos e no Brasil
surgiram práticas pedagógicas com “inspiração” construtivista que
possuem tanto críticos quanto adeptos e defensores.
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20
As contribuições do Construtivismo1
inspirou o “método
construtivista” baseados em fatores como: possibilita a valorização do
indivíduo, faz a criança romper seus limites (desequilibrar), valoriza-se
o esforço da criança na construção do conhecimento, tornando-a ativa
no processo de conhecimento no qual há necessidade de reflexão e de
elaboração pessoal na teoria da Psicogênese Piaget enfocou seu olhar
sempre na questão da inteligência como o “motor” do
desenvolvimento humano. Já as questões como a linguagem,
afetividade, desenvolvimento do juízo moral e a aplicação da sua
teoria à educação foram discutidos por ele, porém não foram seus
temas centrais de preocupação.
Não se discute aqui o mérito da contribuição deste autor a
compreensão da aprendizagem e de fatores condicionantes e
motivacionais, uma vez, que as pretensões iniciais de Piaget não
estavam diretamente ligadas a educação e sim ao comportamento
(mais do ponto de vista da Psicologia do que da Pedagogia). Uma vez
que suas preocupações nesses estudos, era perceber e compreender
melhor como as crianças, principalmente, aprendiam e assimilavam o
aprendizado, conforme diz:
“as situações nas quais a criança age são engendradas pelo contexto
social (...) A criança não assimila objetos puros, definidos por seus
parâmetros empíricos. Ela assimila situações nas quais os objetos
cumprem certas funções e não outras”. (Piaget & Garcia, 1983, p.274).
Dos inúmeros problemas enfrentados pela educação no
Brasil, um problema constante que interfere na relação
professor/aluno é falta de motivação nesse processo. Quando se ver
alunos desmotivados, alheio a escola, ao aprendizado e muitos
contaminados pela indisciplina e assim surge um sentimento de
frustração, não há um avanço educacional e assim se depara numa
melancolia e conformismo e pensar que não há solução que reverta
esse quadro de desmotivação.
1
Termo que se refere a como a criança elabora formas de conhecimento mais
eficazes para dar conta da realidade, proposto inicialmente por Jean Piaget.
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21
Na obra A motivação em sala de aula, o que é e como se faz
(Loyola, 2009) traz os professores Jésus Alonso TAPIA & Enrique
Caturla FITA a preocupação de compreender melhor sobre esse
problema e refletir sobre soluções possíveis e não apenas o
apontamento do problema.
Alonso TAPIA (2009) mostra que o interesse escolar, o desejo
de aprender não depende de um e único exclusivo fator (seja pessoal
ou contextual), uma vez que a motivação está ligada à interação
dinâmica entre os fatores pessoais e os contextos que se processam e
desenvolvem as tarefas escolares.
Caturla FITA (2009) centraliza suas preocupações no papel do
professor como agente motivador dos alunos, ressaltando que saber
motivar alguém para aprendizagem no âmbito escolar não é tarefa
fácil, tampouco, receitas prontas ou sucessos individuais de motivação
possam ser generalizados para todas as escolar, pois a chave aqui é
conhecer bem a realidade, os envolvidos, o que interfere e, portanto,
criar mecanismos próprios que levem a reflexão e tragam soluções
viáveis. Uma vez que “o aluno motivado a aprender tende a perceber
as tarefas a realizar com um convite a conseguir algo, como um
desafio” (TAPIA & FITA, 2009, p.31).
Dentro desse pensamento, o educador pode, no inicio de suas
aulas, estimular seus alunos, motivando-os, despertando o interesse,
mantendo atenção, a curiosidade a novidade, ao desejo de alcançar
objetivos e metas, onde o aluno possa perceber também o poder da
realização de sua tarefa.
É necessário conhecer logo no início, as variáveis pessoais que
influem na motivação com que os alunos enfrentam as tarefas
escolares e nas mudanças que se produzem à medida que uma
atividade transcorre, e como as diferentes formas de atuação que os
professores podem adotar interagem com tais características,
contribuindo para a motivação ou desmotivação dos alunos.
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22
Lev VYGOTSKY (1896-1934) desenvolveu a teoria socio-
cultural do desenvolvimento cognitivo. A sua teoria tem raízes na
teoria marxista do materialismo dialético2
, onde bordou o
desenvolvimento cognitivo por um processo de orientação. Em vez de
olhar para o final do processo de desenvolvimento, ele debruçou-se
sobre o processo em si e analisou a participação do sujeito nas
atividades sociais. Ele propôs que o desenvolvimento não precede a
socialização. Ao invés, as estruturas sociais e as relações sociais levam
ao desenvolvimento das funções mentais.
Ao contrário da imagem de Piaget em que o indivíduo constrói
a compreensão do mundo, o conhecimento sozinho, Vygostky via o
desenvolvimento cognitivo como dependendo mais das interações
com as pessoas e com os instrumentos do mundo da criança.
O processo básico pelo qual isto ocorre é a mediação (a
ligação entre duas estruturas, uma social e uma pessoalmente
construída, através de instrumentos ou sinais). Quando os signos
culturais vão sendo internalizados pelo sujeito é quando os humanos
adquirem a capacidade de uma ordem de pensamento mais elevada.
“Os gregos diziam que a filosofia nasce da surpresa. Em termos
psicológicos isso é verdadeiro se aplicado a qualquer
conhecimento no sentido de que todo conhecimento deve ser
antecedido de uma sensação de sede. O momento da emoção e do
interesse deve necessariamente servir de ponto de partida a
qualquer trabalho educativo.”
(VIGOTSKI, Psicologia Pedagógica, p.145)
O uso desses sentimentos e ações são necessárias para
consolidação dessas interações, bem como associa-las as da
motivação. Assim sendo, é preciso entender quais são as
características fundamentais dos processos motivacionais e como elas
se relacionam visando tanto a elaboração de atividades e modos de
desenvolvê-las em sala de aula, quanto o desencadeamento de
2
Termo referente às mudanças históricas na sociedade e a vida material produzem
mudanças na natureza humana.
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23
interações sociais que possam ser realmente significativas para a
aprendizagem dos alunos, pois eles não só devem pensar e assimilar,
mas devem sentir a aprendizagem.
Em suma, se pode dizer que a obra de Vigotski se fundamenta
na precedência da cultura sobre o desenvolvimento cognitivo de uma
pessoa. A idéia de que a instrução, entendida como interação de
crianças ou aprendizes com adultos ou parceiros mais capazes, é
necessária para o desenvolvimento cognitivo, é consequência dessa
fundamentação. Para tanto se faz necessário também uma
compreensão e extensão maior do conceito de zona de
desenvolvimento proximal, proposto por ele, mas poucos têm
enfatizado o papel das emoções nas interações sociais voltadas à
aprendizagem.
O Processo motivacional não depende só de uma parte, é
necessário o interesse mútuo, o professor e o aluno precisam acreditar
naquilo que estão construindo é importante compreender o papel de
cada um no processo motivacional para que surta o aprendizado na
escola, especificamente na disciplina História, que exige uma leitura de
mundo maior, da compreensão de textos, de transpor-se para o
passado e fazer a ponto com o conhecimento histórico, processá-lo e
construir um significado para o presente/futuro.
O Antropólogo Luiz Almeida Marins Filho, célebre palestrante
no meio empresarial, onde há mais de duas décadas fala sobre
motivação e sucesso, amplamente propagado no ramo da
Administração de Empresas principalmente, entretanto, entende-se
também aqui que a Escola é uma organização, quer seja pública ou
privada, a mesma segue (mesmo implicitamente) mecanismos de
empresas, como planejamento, administração, controle, supervisão,
além de oferecer o produto que é o ensino, o aprendizado e o
cliente/publico alvo é os alunos, então, por que não ver este espaço
escolar como uma empresa?
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24
Portanto, as palavras do Prof. Marins também se encaixam
aqui, principalmente quando fala de motivação, onde diz:
O que é motivação? Há dois tipos de motivação: Emocional e
Cognitiva : A emocional usa a emoção por meio de depoimentos,
de casos e situações. já a Cognitiva discute as razões de ordem
lógica, racional e cartesiana. Uma pessoa desmotivada é Uma
pessoa sem objetivos próprios. Para se ter sucesso e vencer as
barreiras impostas neste mundo globalizado em que vivemos é
preciso conhecer a realidade e reconhecer seus próprios limites
para poder ultrapassá-los. (MARINS, 1994, p. 24)
Não se pode esquecer que o ambiente escolar é dinâmico, as
mudanças ocorrem e transforma esse espaço a cada ano letivo que se
inicia, cada dia mais se precisa de mais outros profissionais como
administradores, psicólogos, assistentes sócias e psicopedagogos e
juntos promovam com os tradicionais agentes escolares (Professores,
Gestores, Equipe Técnica, Pedagógica e de Apoio) uma revolução na
melhoria da qualidade do ensino.
Um dos mais fortes argumentos a favor da educação em casa
é que ela provê uma educação individualizada e que a criança pode
aprender de acordo com seu próprio ritmo de aprendizagem em vez
de ter que aprender no ritmo de uma "maioria" da classe. Outro
argumento – dos mais fortes – é o de que com a educação doméstica
os pais podem passar a seus filhos os valores que realmente desejam
que seus filhos tenham e não deixar que eles fiquem à mercê dos
valores de professores com formação duvidosa. Enfim, eles acreditam
que uma educação doméstica é, simplesmente, melhor que uma
educação pública.
O Professor Marins mais uma vez nos alerta, quando:
Os dias atuais, de extrema mudança e competitividade, exigem que
nossos objetivos pessoais e profissionais estejam bastantes claros e
em total envolvimento e comprometimento com as coisas e com as
causas da empresa em que trabalhamos. Há pessoas que não se
envolvem e não se comprometem. Elas tem a idéia falsa e errônea
de que não se envolvendo e não se comprometendo ficam isentas
dos problemas. Nada mais falso! Pessoas que preferem? Morrer
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25
sentadas? com medo de participar ficam à margem do
caminho,nunca são promovidas e são vistas como não-
comprometidas. (MARINS, 2008, p.42)
É preciso refletir a escola, o aprendizado de forma sistêmica,
se faz necessário intervir, participar, transformar, deixar a “zona de
conforto”, culpar o outro pela baixa qualidade educacional em nosso
país, por que:
As pessoas de sucesso são aquelas que não têm medo de se
comprometer e compreendem que o sucesso exige de nós a
coragem para correr riscos, assumir compromissos e lutar por nossos
objetivos. A diferença fundamental entre ganhadores e perdedores
está na medida do comprometimento, do envolvimento, da
participação e da capacidade de fazer e de empreender. (MARINS,
2008, p.49).
Não se pode deixar de ressaltar a importância de sempre
transformar nossa realidade, os agentes educacionais precisam rever
conceitos, mudar posturas, aprender novos paradigmas, além de
oferecer mecanismos que reconheçam atitudes e ações positivas.
Para tanto o Marins (2010) ainda nos faz refletir que não basta a
motivação é preciso também entusiasmo pelas coisas, onde nos fala:
Permita-me apenas fazer uma observação aqui: Platão dizia que
educar é ensinar o indivíduo a querer fazer o que ele deve fazer.
Isso é motivar. Já “entusiasmar” é diferente. O termo vem de
theos (em grego), que significa “deus”. Como os gregos eram
panteístas e politeístas, usavam a palavra enthousiasmos ( ), que
significa “ter um deus dentro de si”, para dizer que o indivíduo
estava arrebatado pelos deuses. Eles iam então a Delfos para que,
entusiasmados pela vidente, fossem capazes de fazer a colheita,
apesar das adversidades do tempo, ou para que a batalha fosse
vencida, apesar das forças inimigas. Ou seja, o entusiasmado
acredita menos nas forças externas – nas notícias, nas opiniões
alheias – e mais em si próprio, isto é, na sua capacidade de
transformar a realidade. também distinto de otimismo. O otimista
é reativo: “Ouvi o discurso do presidente ontem e fiquei otimista; li
o jornal hoje e fiquei pessimista”. Portanto, a motivação exige
entusiasmo, mas não otimismo, que é apenas uma reação a um
estímulo externo. (MARINS, 2010, p. 9-10)
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26
O século XXI já trouxe da segunda metade do século XX no
Brasil um forte desgaste e falta de clareza nos rumos da educação
brasileira, onde a escola publica é vista totalmente desacreditada pela
sociedade, onde muitos alunos perderam o “brilho no olhar” para o
aprendizado, já os professores por outro lado convivem com os baixos
salários e as péssimas condições de trabalho. E aí? Entregar os
pontos? Desistir? Ou viver uma farsa de fingir ensinar e aprender?
Neste momento é preciso parar, pensar, planejar e voltar a acreditar
na educação e recorrer a ajuda, ajuda por exemplo do Psicopedagogo
e juntos encontrar novos motivos para não desistir da luta, pois a viva
é recomeçar todos os dias e que as dificuldades como desmotivação
de alunos e docentes, a indisciplina e a violência no espaço escolar
sejam levadas a sério e encontrar meios que as superem.
Assim o prof. Marins nos lembra:
Motivação significa encontrar os motivos, isto é, as razões para
que eu faça mais e melhor aquilo que é esperado de mim.
Viver motivado significa viver sabendo e desejando os motivos
que me façam vencer os desafios do mundo. Equipes
desmotivadas pelo constante reconhecimento são capazes de
realizar feitos incríveis. (MARINS, 1994, p.9).
Já a professora Maria Aparecida CÓRIA-SABINI faz seu
trabalho, Iniciando seus estudos a partir da evolução histórica da
Psicologia do Desenvolvimento, numa ótica de concentra-se nos
aspectos do desenvolvimento cognitivo, emocional e social, com
referência de que a personalidade do indivíduo é consequência da
interação desses três fatores.
A investigação sobre o desenvolvimento humano iniciou-se
pelo estudo da infância. Estimulados pelas ideias de Darwin
(1809-1882) sobre a evolução das espécies e do
comportamento, os pensadores passaram a ver a criança como
fonte rica de informação potencial sobre a natureza humana.
(CÓRIA-SABINI, 1997, p.22)
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27
Ela traz a discussão que a Escola é um ambiente social ativo,
onde direitos e deveres devem ser observados e alvo de reflexão
quando há choques de interesses, principalmente entre as crianças a
partir dos sete anos que ingressam em escolas do ensino fundamental,
suas expectativas e sua socialização.
Assim:
Frequentar a escola de ensino fundamental representa a
oportunidade de descobrir todas as coisas conhecidas pelas
crianças mais velhas e pelos adultos. Aprender a ler, a escrever,
a fazer contas ampliar o aparecimento de novos campos de
interesse. [...] é preciso enfatizar que neste período a criança
já possui grande parte das habilidades dos adultos, algumas
das quais bastante especializadas. No entanto, seu
desenvolvimento, de maneira geral, é mais lento e uniforme
[...]. (CÓRIA-SABINI, 1997, p.75)
Segue-se a historiografia da evolução dos pensamentos a
cerca da Psicologia do Desenvolvimento numa interação como o
aprendizado nos estudos de CÓRIA-SABINI (1997), marcada pela
divisão de “idades psicobiológicas” didaticamente divididas em
infância, adolescência, fase adulta e velhice. Onde a mesma afirma:
No processo de desenvolvimento não há revoluções ou
tempestades. As mudanças no modo pelo qual o indivíduo
percebe o mundo que o cerca e a ele responde são resultantes
de contínuas adaptações aos eventos físicos e sociais. [...] O
desenvolvimento de um sistema de valores, que envolve o
respeito aos outros e a si mesmo, é essencial para a formação do
ser humano, pois não existe uma única resposta correta para as
diversas situações da vida em sociedade. As escolhas são
múltiplas, assim como as infinitas situações sobre as quais se
deve agir, considerando as diversas possibilidades de respostas
em função das diferentes instituições.
(CÓRIA-SABINI, 1997, p.91-100)
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A autora ainda defende que o desenvolvimento e por tabela o
aprendizado é algo sempre retroalimentado, não apenas da criança ao
adolescente, pois o “adulto [...] na sua mente, presente e passado
constituem uma realidade psicológica, que é organizada a partir de
diferentes sistemas de valores” (CÓRIA-SABINI, 1997,p.113). Daí a
importância dos docentes sempre terem a preocupação com sua
formação contínua e fazendo do seu labor, sempre uma forma de
evoluir e aprender.
Por fim, outro autor priorizado nesta revisão teórica é o
doutor em pedagogia, Prof. Pedro MORALES VALLEJO, onde traz
apontamentos sobre a relação professor-aluno (Edições Loyola, 2009).
Logo chama atenção para a dimensão que envolve esse tipo de
relação, tanto pessoal como profissional, passando também pela
eficácia desse relacionamento.
Na prática educativa, professor e aluno devem estar dispostos
ao diálogo, não cabe mais ao educador uma postura inflexível,
“detentor perpétuo do saber”, ele agora deve estar pautado ao
dialogo, ao novo, as novas experiências é preciso ter a humildade para
sempre estar aprendendo, com os mais e menos sábios do que ele,
uma vez que se estar inserido no circulo do aprendizado, que é
continuo e sempre retroalimentado, observando que este círculo de
relacionamento exige uma relação de respeito e igualdade, como
atesta o Morales:
Provavelmente estamos de acordo a respeito de que os efeitos
desejáveis (e indesejáveis...) nos alunos, sobretudo aqueles que
vão além do mero aprendizado dos conhecimentos, dependem
(ao menos em boa parte) de nossa relação com eles.
(MORALES, 2009 p.29).
Conforme ainda Morales (2004, p.54), “podemos ser bons
professores e ao mesmo tempo diferentes, embora haja um perfil
claro do bom professor, não se tratam de um perfil rígido, os próprios
alunos reconhecem que seus bons professores não são todos iguais”.
É preciso estabelecer uma relação no mínimo cordial e respeitadora,
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29
onde os docentes e os discentes respeitem seus limites. Bem como se
faz necessária a devida limpeza nos canais de comunicação, para que o
dialogo seja perfeitamente compreendido e apreendido.
Este relacionamento no tocante a comunicação entre o
emissor e receptor e vice-versa tem dimensões diferentes para este
autor, que a entende e a subdividem duas partes:
A relação-comunicação pessoal: reconhecer êxitos, reforçar a
autoconfiança dos alunos, manterem sempre uma atitude de
cordialidade e de respeito. A orientação apropriada para o estudo
e o aprendizado: criar comunicar uma estrutura que facilite o
aprendizado. (MORALES, 2009, p.50)
Observa-se que a pratica docente na primeira década do
século XXI, houve grandes avanços, o aluno não é mais visto como
uma “folha em branco”, as relações autoritárias e imperativas se
modificaram, mas por outro lado, muitos docentes confundem e
extrapolam uma relação de afetividade e que o profissional é
considerado excelente quando ele é “bonzinho”, amável e trata bem
os alunos. Nesse sentido, segundo ainda MORALES (2009), após
pesquisa realizada com alunos:
Emergem duas grandes categorias de traços ou condutas:
alguns dizem respeito à competência do professor para
ensinar, controlar a classe, outros, ao seu relacionamento com
os alunos (por exemplo: é compreensivo, paciente, está
disponível para ajudar etc.). (MORALES, 2009, p.31)
Como se pode melhorar essa relação, que funcione de forma
equilibrada? Percebe-se que realmente se trata de medidas corretas e
pontuais, uma vez que cada situação envolve um determinado tipo de
comportamento e assim a prudência e o bom senso entre educadores
e educandos fazendo da sala de aula um dos lugares por excelência de
uma relação humana enriquecedora para os atores nela envolvidos.
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30
É interessante notar que a relação professor-aluno se torna
mais sólida no momento que um percebe a importância do outro e
constroem uma ponte de respeito, confiança e consideração mútua,
dessa forma problemas podem ser superados deste que haja
disposição e interesse de ambas as partes, mas nada impede que se
possa recorrer a outros canais de ajuda, como a intervenção de um
pedagogo, por exemplo.
MORALES (2009) ressalta que relacionamos com outros “a
partir da maneira que os percebemos”, ou seja, age-se com os alunos
buscando formalidade e respeito, por achar que eles nos veem de
maneira espontânea e informal. Mas, o docente é um formador de
opinião, busca através do ensino criar uma atmosfera onde as ideias
possam fluir de forma natural e que se crie condições favoráveis para
que haja realmente mudanças na sociedade. E, sendo a conduta do
professor, sem sombra de dúvidas, fonte de inspiração e motivação
dos alunos, seu papel, sua didática, sua carisma podem despertar o
entusiasmo e a motivação na classe discente, uma vez que os alunos
precisam de “motivos para aprender”.
A aula não pode ser vista apenas como uma simples
“transmissão de palavras ao vento”, assim como uma empresa procura
ouvir seus potencias clientes, a escola, o professor deve também se
preocupar com seu público-alvo, o aluno, observar seus anseios,
desejos, medos e dificuldade, contribuindo de forma que surta o efeito
da aprendizagem.
No processo de motivação, há empatia e a afetividade, se as
mesmas forem conjugadas em sintonia, o aprendizado e a relação
docente/discente fluirá de forma melhor e mais rentável, onde
LIBÂNEO nos lembra também que o professor não transmitem apenas
informações ou faz perguntas, ele também deve ouvir os alunos:
Não estamos falando da afetividade do professor para com
determinados alunos, nem de amor pelas crianças. A relação
maternal ou paternal deve ser evitada, porque a escola não é um
lar. Os alunos não são nossos sobrinhos e muito menos filhos. Na
sala de aula, o professor se relaciona com o grupo de alunos. Ainda
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31
que o professor necessite atender um aluno especial ou que os
alunos trabalhem individualmente, a interação deve estar voltada
para a atividade de todos os alunos em torno dos objetivos e do
conteúdo da aula. (LIBÂNEO, 1994, p. 251)
Além do mais, a educação sofre com professores e
funcionários desmotivados, gestões desastrosas, recursos financeiros
mal investidos ou desviados e assim, verifica-se que a escola foi
banalizada e esvaziada de sentidos, de significação.
Capitulo II
MMEE DDÊÊ MMOOTTIIVVOOSS......
O espaço escolar é palco para que se estabeleça as relações
de motivação mútua entre o educador e o educando, dessa forma se
faz necessário conhecer antes e revelar qual a situação que se
encontra essa relação, procurar ver no público-alvo (o aluno) que
potencialidades podem ser despertadas, utilizando as devidas
estratégias e meios.
Não é tarefa fácil “transmitir conhecimentos” uma vez que
implica em determinar a aprendizagem uma devida direção de classe
que está interligada a situação de ensino. Assim administrar o
aprendizado e a motivação são fatores hiperimportantes que leva
corpo discente a formar, sistematizar e trazer para si determinados
conhecimentos.
Contudo, persiste ainda várias falácias que o “aluno aprende o
que quer e na hora que estiver disposto”, devido ter que se levar em
considerações as individualidades de cada aluno, pois bem, se não há
uma direção, objetivos a serem alcançados, metas, para que serve a
Escola? O professor? O aprendizado? Portanto, conduzir e mediar o
aprendizado não significa intransigência ou ditadura do saber, alunos e
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32
professores tem obrigações e papeis a desempenhar e assim cada um
respeitando seu espaço e colaborando reciprocidade.
Sobre as posições teóricas mencionadas anteriormente sobre
motivação, pode-se concluir que: se todo motivo, veio de uma
necessidade e essa necessidade gera um comportamento no
individuo, logo “todo comportamento é motivado”, todavia, mesmo
que não haja consenso na universalidade da ideia, fato é que não se
pode negar, de que os motivos formam o aspecto propulsor no
processo educacional e revela um dos pré-requisitos mais importantes
no processo de aprendizagem no âmbito escolar.
O Aluno, em sala de aula, muitas vezes, se depara em
situações que se questiona: Me dê motivos.... para ficar nesta aula, a
tolerar este professor, esta escola, estes colegas de sala que só
bagunçam..., por outro lado, quase nunca ninguém socorre este aluno
neste momento de tédio, pelo contrário, muitas vezes de forma
arbitraria há é uma cobrança em cima desse alunos por resultados, por
notas, por um bom comportamento.
Das políticas publicas ao planejamento escolar, quase nunca
se levou em conta o papel da motivação humana no espaço escolar,
onde se possa melhorar a convivência e torne a aprendizagem e o
ensino de forma mais prazerosa e divertida. É importante destacar
que o professor exerce o papel de mediador, ao orientar os alunos nas
atividades, entre o que espera alcançar e o que se alcançar. Além do
papel de mediador, o mestre é também uma agente socializador,
formador de opiniões, induz novos comportamentos e posturas e
aquele que dar motivos para que os alunos possam ter uma vida
melhor.
Não se pode negar que parte das dificuldades da escola tem
sua origem nos problemas da motivação, isto é, na tarefa de
diagnosticar os interesses e necessidades dos alunos; na consideração
das diferenças individuais, nesse aspecto; na organização das
atividades extracurriculares; no atendimento dos casos de
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33
desajustados, pela descoberta dos motivos determinantes, e, afinal,
nos problemas de aprendizagem, propriamente ditos.
Para tanto é essencial o uso e compreensão de técnicas
motivadoras que despertem a concentração e atenção dos alunos a
fim que se torne eficiente o aprendizado em classe. No entanto, a
falta de motivação conduzirá a aumento de tensão emocional,
problemas disciplinares, aborrecimento, fadiga e aprendizagem pouco
eficiente da classe. Sabendo-se que para aprender é necessário agir e,
por outro lado, que a atividade se inicia graças à atuação de um ou
vários motivos, conclui-se que a educação não pode prescindir da
motivação.
2.1 – A MOTIVAÇÃO
A palavra motivação pode ter vários significados, mas até hoje
não se tem um significado correto para esta palavra. Ela vem do latim
movere e significa deslocar-se; o mover-se faz parte da semântica da
expressão. Pode-se dizer também que ela descreve a força, o impulso
que nos move e impele a um dado comportamento que buscará a
satisfação de uma necessidade. É um processo interno, que vem de
dentro para fora, e tem a ver, numa primeira análise, com interesse,
vontade, desejo.
Quando fala em motivação podemos pensar em vários lugares
onde ela possa estar presente, como por exemplo: motivação para
viajar, sair de férias, estudar, trabalhar, jogar bola, sair com os amigos,
ir para uma entrevista numa empresa onde sempre quis trabalhar e
etc. Pensando nesses assuntos que estão presente no nosso dia a dia,
posso dizer que a motivação é um impulso que leva os indivíduos a
agirem de forma específica.
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34
O Ser humano na sua trajetória está sempre buscando e
desejando muitas coisas, desde algo tangível, como bens materiais até
algo intangível como sentimentos. A estrutura neurofisiológica dos
seres humanos, as influências vividas, as relações e as percepções do
mundo circundante influenciam seu comportamento e por
consequente a motivação. Todavia, a simples excitação motivacional
externa não é suficiente para levar a uma atitude ou ação do
individuo, se faz necessária a vontade interna do sujeito.
Nota-se que as necessidades ou motivos humanos não são
estáticos, ao contrário, são forças dinâmicas e persistentes que
provocam comportamentos. Se o comportamento for eficaz, o
indivíduo encontrará a satisfação da necessidade e descarregará a
tensão que ela provoca, livrando-o do desconfortável desequilíbrio.
O termo motivação tem cativado ao longo dos tempos a
atenção de muitos estudiosos, que tentam entender os
comportamentos e as atitudes dos empregados nas organizações, para
que seja possível prever e controlar os seus desempenhos. Assim,
surgiram um certo número de ideias, dando origem a diferentes
teorias e perspectivas de encarar a motivação no trabalho.
De acordo com LASHEY E LEE-ROSS (2003, p. 93) essas
“teorias podem ser separadas em dois grupos dependendo se focam a
satisfação das necessidades dos indivíduos ou o processo cognitivo
envolvido quando da criação de prioridades com as suas necessidades
motivacionais”.
As teorias procuram explicar o processo de motivação
partindo do princípio de que existe uma necessidade (motivo) que
desencadeia uma ação, dando-lhe direção para alcançar um objetivo.
Sendo assim, o motivo pode ser considerado um constructo criado para
explicar a origem dos comportamentos dirigidos para algum objetivo
(WINTERSTEIN, 1992).
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NÉRICI (1993) ainda diferencia motivação de incentivo,
definindo incentivo como: o estímulo exterior que visa despertar no
indivíduo vontade ou interesse para algo. Logo, a definição de
motivação voltada para a educação pode incluir também o conceito de
incentivo, sendo entendida como: o processo de incentivo destinado a
predispor os alunos ao aprendizado e à realização de esforços para
alcançarem certos objetivos. E assim, motivação seria:
O processo que se desenvolve no interior do indivíduo e o
impulsiona a agir, mental ou fisicamente, em função de algo. O
indivíduo motivado encontra-se disposto a despender esforços
para alcançar seus objetivos. (NÉRICI, 1993, p. 75).
Segundo, AQUINO (1970, p.239), “a motivação é a gasolina
interior para enfrentarmos os desafios. A motivação é a paixão que o
indivíduo exerce uma missão, alcançando satisfação quando os
objetivos são alcançados”.
Partindo deste pressuposto, a motivação é a força, o impulso
que nos move e direciona ao comportamento que busca a satisfação
de uma determinada necessidade, por isso não podemos considerá-la
como um simples impulso para as nossas ações, pois são as influências
internas e externas geradas pelo consciente ou inconsciente que irão
dizer isso.
Motivação deriva originalmente da palavra latina movere, que
significa mover. Essa origem da palavra encerra a noção de
dinâmica ou de ação que é a principal tônica dessa função
particular da vida psíquica. O caráter motivacional do psiquismo
humano abrange, portanto os diferentes aspectos que são
inerentes ao processo, por meio do qual o comportamento das
pessoas pode ser ativado. (BERGAMINI, 1997, p.. 31).
De acordo com FELIPPE (1999) a motivação ainda é um grande
desafio para as instituições, inclusive as de ensino e cada vez mais
deve ser fator de preocupação, pois é o “combustível” que nos faz
funcionar. Por meio da motivação há melhoria nos processos internos,
melhoria dos produtos, envolvimento e comprometimento.
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36
Quando qualquer instituição realiza pesquisas de satisfação, é
visível que os resultados aumentam na medida em que os envolvidos
no processo são motivados de forma particular por meio do
desenvolvimento de suas capacidades, do reconhecimento dos
objetivos, das tarefas e de seu valor, tanto por parte da chefia como
do grupo a que pertencem.
LUTHANS (1998, p.161) define-a como sendo “um processo
que começa com uma deficiência, necessidade física ou psicológica,
que ativa um comportamento que estará direcionado para um
objetivo ou incentivo”.
ROLLINSON et al. (1998, p. 148) interpretam-na como o
“estado que surge nos processos internos e externos aos indivíduos,
no qual cada um destes percebe que é apropriado seguir um certo
percurso de ação, direcionado para alcançar um resultado específico
no qual a pessoa decide perseguir aquele resultado com um
determinado grau de vigor e persistência”.
A motivação é então, sem sombra de dúvida, responsável pela
dinamização e canalização dos comportamentos humanos com o
objetivo de atingir uma determinada meta e que neste contexto os
estímulos servem de impulsionadores da ação humana. Assim a
motivação terá um papel determinante na forma e intensidade que
será empregue por um indivíduo para a realização de uma
determinada tarefa.
Assim sendo é de suma importância do motivar para as
atividades de ensino e aprendizagem, onde tem sido reforçada por
psicopedagogos, pedagogos e psicólogos, bem como o estudo sobre a
importância do educador nesse processo, levando em conta também,
sempre que necessário, respeitar as características individuais dos
alunos.
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22..22 –– AA AAPPRREENNDDIIZZAAGGEEMM
Inicialmente, escolheu-se o conceito da Professora Amélia
Hanze Castro, onde diz: Aprendizagem é um processo de mudança de
comportamento obtido através da experiência construída por fatores
emocionais, neurológicos, relacionais e ambientais. Aprender é o
resultado da interação entre estruturas mentais e o meio ambiente.
Dessa forma, uma nova abordagem na educação deve focar o
professor como corresponsável do processo de aprendizagem dos
alunos e assim os conhecimentos e aprendizados são constituídos e
reconstituídos mutuamente e permanente.
Muito já se tem escrito sobre os processos de aquisição de
conhecimento, seja propondo definições do conceito de aprender, seja
traçando o perfil do aprendiz à luz de algum viés teórico. No presente
estudo, toma-se como referencial a definição de aprendizagem como a
possibilidade de se internalizar conhecimentos e de expressá-los na
prática, sob a forma de competências.
Este processo é basicamente relacional, na medida em que o
conhecimento nos é viabilizado pelo outro, construído na e pela
relação com nosso(s) interlocutor(es), ficando na dependência de que
possamos dar-lhe significado através da reflexão, agregando valor às
novas experiências.
Dar significado é algo mais que atribuir uma definição, é a
definição somada ao componente pessoal de quem define. Existe uma
incorporação do social no individual de forma complementar e
interdependente. Ao se falar em aprendizagem pensa-se logo em
alunos, escola e conteúdos sistematizados. Entretanto, a
aprendizagem é bem mais ampla que a aquisição de conceitos
escolares e está presente na vida de todos os seres humanos, o tempo
todo, até o último suspiro. Aprende-se a ser filho(a), irmão(ã), pai,
mãe, vizinho, amigo, empregado, patrão, profissional, sem falar nas
competências específicas, como andar de bicicleta, nadar, cantar,
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tocar um instrumento. Aprende-se adaptação e aprende-se a
aprender.
É comum associar a aquisição de conhecimentos intelectuais, como
é o caso de conteúdos acadêmicos, somente a competências de
ordem cognitiva. Entretanto, afeto e cognição são duas faces da
mesma moeda e toda e qualquer aprendizagem necessita de
ambos para se efetivar como competência, sobretudo quando se
trata de aprendizagem não sistematizada. (PIAGET, 1975: 113)
A grande diferença existente entre os animais e o homem é a
capacidade de aprender, sendo esta a aptidão mais importante que o
homem possui. Nos animais essa aptidão é limitada e restrita porque
não transpõe as barreiras do instinto.
A capacidade de aprender do ser humano, sua educabilidade,
resulta, em grande parte, dessa independência relativa da inteligência
e da vontade dos fatores hereditários. Entretanto este processo ainda
é motivo para muitas discussões entre educadores e pensadores que
tentam compreender e explicar como este processo de aprendizagem
se efetua. Menciona HILGARD:
...a aprendizagem é um processo pelo qual uma atividade tem
origem ou é modificada pela reação a uma situação encontrada,
desde que as características de mudanças da atividade não possam
ser explicadas por tendências inatas de resposta, maturação ou
estados temporários do organismo. (HILGARD, 1973, p.3)
Entender o processo de aprendizagem, o que ele compreende
e como se manifesta na vida de um criança e até de um adulto, é
relevante destacar que o processo de aprendizagem não é um fato
consumado nem um processo de uma única etapa e sim um fato que
acompanha a crinça em toda a sua vida, desde a mais tenra idade até
o momento de sua morte.
Desta forma o ser humano é caracterizado como um ser em
desenvolvimento constante cujas situações vivenciadas servem de
alicerce para a sua formação. Assim sendo é desde os primeiros dias
da vida da criança, que acontecimentos refletem com aspectos
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positivos ou negativos do mesmo. À medida que a criança desenvolve
habilidades vai ficando notória onde é que a aprendizagem e o
desenvolvimento estão deixando falhas.
É preciso definir também, que aprendizagem é uma tarefa
pedagógica que exige um espaço de tempo para que possa
concretizar-se, ou seja, todo objeto em estudo precisa ser manipulado
e compreendido em seus pormenores. Somente assim, na relação
sujeito-objeto, teoria e prática será possível caracterizar o processo de
aprendizagem.
Como salienta VASCONCELLOS (1994, p. 63), “O aluno vai
construir o conhecimento a partir do seu contato, de sua interação
com a realidade....O aluno não aprende só na escola...”
Segundo FREIRE (1999, p.77), “Aprender para nós é construir,
reconstruir, constatar para mudar, o que não se faz sem abertura ao
risco e à aventura do espírito.”
Com estas declarações iniciamos dizendo que o processo de
aprendizagem é como uma construção, contínua e mutável, onde
requer de nós constantes adaptações para que possamos retirar deste
processo o melhor e aproveitar todas as suas etapas. Conforme afirma
SEVERINO:
...tudo é constituído de múltiplas partes que se relacionam entre
si, a unidade é sempre resultado e resultante de uma interação e
de equilíbrio das partes que interagem entre si. Ela nunca é uma
massa uniforme, monolítica e homogênea de uma identidade
pura. (SEVERINO, 2000, p. 85).
A aprendizagem em si é um processo composto de variadas
partes e etapas, a família colabora, a escola influencia e nós damos
continuidade no processo no momento em que nos dispomos a
continuar aprendendo. Segundo JOSÉ & COELHO (1995, p.11),
“aprendizagem é o resultado da estimulação do ambiente sobre o
indivíduo já maduro que se expressa diante de uma situação-
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problema, sob a forma de mudanças de comportamento em função de
experiências”.
Já GAGNÉ (1974, p.03) define a aprendizagem como “...uma
modificação na disposição ou na capacidade do homem, modificação
essa que pode ser retida e que não pode ser simplesmente atribuída
ao processo de crescimento”.
Diante de tais abordagens a aprendizagem é considerada uma
mudança na forma de comportamento, sendo esta decorrente do
estágio de maturação de cada indivíduo. Mas é preciso mencionar que
a aprendizagem deve ser entendida como comportamento no sentido
mais amplo que esta palavra possa ter.
O termo não se aplica somente às ditas aprendizagens
escolares, que o estudante deve, através de uma prova, demonstrar
que adquiriu. Aprendizagem é fenômeno do dia-a-dia, que ocorre
desde o início da vida.
Não é qualquer mudança comportamental, no entanto, que
será considerada aprendizagem. Reserva-se termo aprendizagem
àquelas mudanças provenientes de algum tipo de treinamento, como
o que ocorre nas aprendizagens escolares. Treinamento supõe
repetições, exercícios, prática. Em certos casos, porém, uma única
ocorrência parece ser suficiente para modificar o comportamento do
indivíduo.
O processo de aprendizagem, desta forma, vai tornando-se
cada vez mais amplo, considerando que existe uma diversidade
enorme de oportunidades que nos induzem para a apropriação do
saber. Na escola, por exemplo, o que acontece é a sistematização dos
conteúdos com o propósito de promover a aprendizagem pelo
educando.
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A aprendizagem é algo interativo que ocorre através da
pesquisa, da mobilização para o conhecimento e por meio da
construção do saber através das oportunidades práticas que são
desencadeadas. Sem dúvidas, a aprendizagem é resultante do esforço
humano aplicado para atribuir significados nas suas relações com o
mundo, o que determinará a organização destes em estruturas
cognitivas.
Por si a organização dos significados sofre modificações
contínuas tendendo sempre para formas mais complexas e amplas,
constituindo os aspectos estruturais da inteligência e caracterizando
os diferentes estágios de desenvolvimento.
Durante a ação da criança torna-se essencial a interação da
mesma com outras crianças, permitindo a ação coletiva e dando início
a formação das atitudes de cooperação e socialização, um modo
prático de aprendizagem.
No momento em que se fala de aprendizagem logo essa
palavra se une a palavra educação, onde se vê o processo de
aprendizagem sendo executado através da educação.
A educação familiar, social ou educacional, estar sempre
ligada a aprendizagem. E tanto o processo de educação como o
processo de aprendizagem executam-se no decorrer da vida,
continuamente, e no decorrer das ações que praticamos no nosso dia
a dia. Desta forma se pode dizer que falar de educação é falar do
cotidiano. É através dela que o ser humano se torna capaz de criar e
recriar as invenções de uma cultura em uma sociedade e é a partir
dela que aprende a interagir socialmente. Todavia cada povo, cada
cultura apresenta um tipo de educação de acordo com o grau de
desenvolvimento de um país. Por ela se formam e se transformam
indivíduos.
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De modo geral, se pode ater a educação sendo mencionada
ao nível de educação escolar ou aprendizagem educacional, processo
no qual torna-se fundamental uma motivação tanto de familiares,
amigos, professores e principalmente dos governantes do nosso país.
A educação requer mais cuidado e atenção, necessita de
incentivos e de preparo para ser aplicada nas nossas crianças. Esse
preparo e incentivo deve ser mantido através de particulares e
principalmente do governo.
O ponto básico reflete na condição de que a educação deveria
ser prioridade para qualquer governo, no entanto a sua prática não
condiz com o discurso, pois ela atravessa graves problemas e em
especial os recursos a ela destinados que além de serem insuficientes,
são mal aplicados e distribuídos, deixando muito a desejar.
O Sistema Educacional Brasileiro ainda nas primeiras décadas
do século XXI carrega em si inúmeros problemas, entretanto, o que
chama mais atenção é o mal gerenciamento dos recursos públicos por
inúmeros prefeitos e governadores que, embora recebam recursos
financeiros da União, através do Ministério da Educação, não
cumprem também o seu dever constitucional de repassar parte dos
recursos próprios do Estado e/ou Município para compor o orçamento
da Educação, causando enormes transtornos de desmotivação de pais
e alunos em frequentarem uma escola pública.
O ensino básico que deveria ser prioridade cada vez mais, pois
como o próprio nome já diz é à base de toda a educação escolar e por
vezes até da educação existencial, vem perdendo seu espaço para o
ensino médio e outros setores da educação. Fato este, revelador da
gravidade e da fragilidade do sistema, pois é no ensino fundamental
que se constrói a base para toda a vida escolar do educando. (DAMKE,
1996, p.32).
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As mudanças que a educação está necessitando devem partir
da ação coletiva, de todos que consideram a educação uma das
prioridades sociais. Faz-se necessário traçar metas e objetivos,
elaborar planos, criar leis e acima de tudo cumpri-las. Deve-se ainda
envolver a sociedade num grande projeto social, que venha atender
ainda questões básicas como saúde, habitação e educação. É preciso
priorizar a educação para assegurar a continuidade do progresso e
desenvolvimento da nação, uma vez que educar é uma das tarefas
mais complexas que atormenta toda uma sociedade que se diz crítica
e preocupada com a formação do homem cidadão.
Não se pode deixar de comentar o processo ensino-
aprendizagem, pois o aprender não esta desassociada do ensino,
assim, para FERNÁNDEZ (1998), as reflexões sobre o estado atual do
processo ensino-aprendizagem permite identificar um movimento de
ideias de diferentes correntes teóricas sobre a profundidade do
binômio ensino e aprendizagem.
Entre os fatores que estão provocando esse movimento se
aponta as contribuições da Psicologia atual em relação à
aprendizagem, que nos leva a repensar nossa prática educativa,
buscando uma conceituação do processo ensino-aprendizagem.
As contribuições da teoria construtivista de Piaget, sobre a
construção do conhecimento e os mecanismos de influência educativa
têm chamado a atenção para os processos individuais, que têm lugar
em um contexto interpessoal e que procuram analisar como os alunos
aprendem, estabelecendo uma estreita relação com os processos de
ensino em que estão conectados. (FERNÁNDEZ, 1998).
“Os mecanismos de influência educativa têm um lugar no
processo de ensino-aprendizagem, como um processo onde não se
centra atenção em um dos aspectos que o compreendem, mas em
todos os envolvidos.” (DALBEN, 1997). Se for feita uma analise sobre a
situação atual da prática educativa nas escolas logo se identifica
problemas como: a grande ênfase dada a memorização, pouca
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preocupação com o desenvolvimento de habilidades para reflexão
crítica e auto-crítica dos conhecimento que aprende; as ações ainda
são centradas nos professores que determinam o quê e como deve ser
aprendido e a separação entre educação e instrução. A solução para
tais problemas está no aprofundamento de como os educandos
aprendem e como o processo de ensinar pode conduzir à
aprendizagem.
O processo de ensino-aprendizagem tem sido historicamente
caracterizado de formas diferentes, que vão desde a ênfase no papel
do professor como transmissor de conhecimento, até as concepções
atuais que concebem o processo de ensino-aprendizagem com um
todo integrado que destaca o papel do educando. Nesse último
enfoque, considera-se a integração do cognitivo e do afetivo, do
instrutivo e do educativo como requisitos psicológicos e pedagógicos
essenciais.
A concepção defendida aqui, é que o processo de ensino-
aprendizagem é uma integração dialética entre o instrutivo e o
educativo que tem como propósito essencial contribuir para a
formação integral da personalidade do aluno. O instrutivo é um
processo de formar homens capazes e inteligentes. Entendendo por
homem inteligente quando, diante de uma situação problema ele seja
capaz de enfrentar e resolver os problemas, de buscar soluções para
resolver as situações. Ele tem que desenvolver sua inteligência e isso
só será possível se ele for formado mediante a utilização de atividades
lógicas. O educativo se logra com a formação de valores, sentimentos
que identificam o homem como ser social, compreendendo o
desenvolvimento de convicções, vontade e outros elementos da esfera
volitiva e afetiva que junto com a cognitiva permitem falar de um
processo de ensino-aprendizagem que tem por fim a formação
multilateral da personalidade do homem.
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A eficácia do processo de ensino-aprendizagem está na
resposta em que este dá à apropriação dos conhecimentos, ao
desenvolvimento intelectual e físico do estudante, à formação de
sentimentos, qualidades e valores, que alcancem os objetivos gerais e
específicos propostos em cada nível de ensino de diferentes
instituições,conduzindo a uma posição transformadora, que promova
as ações coletivas, a solidariedade e o viver em comunidade.
A concepção de que o processo de ensino-aprendizagem é
uma unidade dialética entre a instrução e a educação está associada à
ideia de que igual característica existe entre ensinar e aprender. Esta
relação nos remete a uma concepção de que o processo de ensino-
aprendizagem tem uma estrutura e um funcionamento sistêmico, isto
é, está composto por elementos estreitamente inter-relacionados.
VIGOTSKI (2000) nos diz que todo ato educativo obedece a
determinados fins e propósitos de desenvolvimento social e
econômico e em consequência responde a determinados interesses
sociais, sustentam-se em uma filosofia da educação, adere a
concepções epistemológicas específicas, leva em conta os interesses
institucionais e, depende, em grande parte, das características,
interesses e possibilidades dos sujeitos participantes, alunos,
professores, comunidades escolares e demais fatores do processo.
Todas estas influências exercem sua ação inclusive nos
pequenos atos que ocorrem na sala de aula, ainda que não sejam
conscientes. Ao selecionar algum destes componentes para
aprofundar deve-se levar em conta a unidade, os vínculos e os nexos
com os outros componentes.
O componente é uma propriedade ou atributo de um sistema
que o caracteriza; não é uma parte do sistema e sim uma propriedade
do mesmo, uma propriedade do processo docente-educativo como
um todo. Identificamos como componente do processo de ensino-
aprendizagem:
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Aluno deve responder a pergunta: "quem?
Professor elemento que é determinado a partir da necessidade do
aprendiz.
Objetivo deve responder a pergunta: "Para que ensinar?"
Conteúdo deve responder a pergunta: "O que aprender?"
Métodos deve responder a pergunta: "Como desenvolver o
processo?"
Recursos deve responder a pergunta: "Com o quê? "
Avaliação deve responder a pergunta: “o quê? Para quê?”
Observa-se ainda que, o item Avaliação - é o elemento
regulador, sua realização oferece informação sobre a qualidade do
processo de ensino aprendizagem, sobre a efetividade dos outros
componentes e das necessidades de ajuste, modificações que o
sistema deve usufruir.
Segundo LITTO (1996), duas abordagens da avaliação escolar
vêm se contrapondo com muita freqüência nesta década: uma que
insiste em definir o sucesso ou fracasso do aluno no processo ensino-
aprendizagem e outra que considera que a avaliação incide sobre todo
o processo de ensino-aprendizagem.
A educação formal, predominante na maioria de nossas
escolas tem sido baseada na transmissão de conhecimentos
historicamente acumulados, no ensino baseado em exercícios
repetitivos que levam a um adestramento em técnicas e habilidades,
privilegiando assim a primeira abordagem.
“A adoção de uma nova postura educacional, a busca de um
paradigma da educação tem substituído no processo ensino-
aprendizagem, uma relação obsoleta de causa e efeito para um
modelo que enfatiza o exercício de investigação e construção de
conhecimento.” (LITTO, 1996: 111)
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A nossa prática e estudos relacionados ao processo de
avaliação do processo ensino-aprendizagem tem apontado
contradições nesse processo. A interação do sujeito com o mundo
social acontece de fora para dentro, isto é , o professor é o agente que
exerce sua ação sobre o aluno, orienta sua prática segundo uma
concepção de ensino caracterizado pela transmissão de algo externo,
pela instrução de objetivos e de conteúdos específicos. Esse conteúdo
é o centro do processo educativo. Ele está "sobre" os sujeitos que
ensinam e aprendem.
Os educadores, em nome da apreensão do conhecimento,
exercem uma pressão sobre os alunos. O problema está na relação
descontextualizada dos conteúdos escolares que devem ser
assimilados e admitidos como pronto e acabados, deixando de possuir
a dimensão de um produto histórico e social. Assim, os alunos vão
ficando à margem da história, sem a oportunidade de desenvolver o
seu raciocínio crítico e sua criatividade.
Para D’AMBRÓSIO (1999, p.89), "aprendizagem é a aquisição
de capacidades de explicar, de apreender e compreender, de enfrentar
criticamente, situações novas. Não é o mero domínio de técnicas,
habilidades e muito menos de memorização de algumas explicações."
O grande erro de muitas escolas tem sido de avaliar
habilidades cognitivas fora do contexto cultural, desconhecendo que a
capacidade cognitiva é própria de cada indivíduo.
Cada indivíduo organiza seu processo intelectual ao longo de
sua trajetória de vida. Para se compatibilizar as organizações
intelectuais dos indivíduos com o objetivo de criar comportamentos
socialmente aceitáveis, não é necessário eliminar a autenticidade e a
individualidade de cada um no processo. O grande desafio da
educação é o de ser capaz de interpretar as capacidades e a própria
ação cognitiva na forma linear, estável e contínua que caracterizam as
práticas educacionais atuais. D’AMBRÓSIO (1999), propõe ainda, o
reconhecimento de que o indivíduo é um todo integral e integrado e
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que suas práticas cognitivas e organizativas não são desvinculadas do
contexto histórico no qual o processo se dá, contexto esse em
permanente evolução.
O mesmo conhecimento que está na escola para ser
produzido é ao mesmo tempo tratado como conhecimento objeto,
que faz com que o aluno esqueça que ele é um sujeito histórico,
produtor de cultura e fator fundamental para a estruturação dos
vínculos, sentidos e significados de sua relação no mundo, com a
sociedade da qual faz parte.
Para LITTO (1996), o atual sistema educacional é um espelho
do sistema de produção industrial em massa, no qual as crianças
passam de uma série a outra, numa sequência de matérias
padronizadas como se fosse uma linha de montagem industrial.
Os fatos são despejados em suas cabeças. Crianças com maior
capacidade de absorção de fatos e comportamentos mais submissos
são colocados na trilha mais veloz, enquanto outras são colocadas na
trilha de velocidade mediana. "Produtos defeituosos" são tirados da
linha de montagem e devolvidos para conserto.
A estrutura rígida da escola dificulta essa visão, uma vez que
insiste na organização seriada, determinada por tempos bem definidos
e subdividindo as disciplinas em conteúdos escolares, prestigiando o
caráter cumulativo do processo.
Nesta ótica, o processo avaliativo não está a serviço do
processo ensino-aprendizagem, mas de um fator externo proveniente
das relações existente na sociedade.
A segunda abordagem da avaliação escolar se apoia na
necessidade de estabelecer vínculos significativos entre as
experiências de vida dos alunos, os conteúdos oferecidos pela escola e
as exigências da sociedade, estabelecendo também relações
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necessárias para compreensão da realidade social em que vive e para
mobilização em direção a novas aprendizagens com sentido concreto.
A avaliação como tradicionalmente tem sido usada na escola
mediante testes e exames dizem muito pouco sobre aprendizagem. Na
verdade os alunos passam por testes para os quais são treinados.
A avaliação tem tudo a ver com a filosofia de educação que
orienta a prática educativa. É interessante notar que o fenômeno
aprendizagem é reconhecido em todas as espécies e está relacionado
diretamente à busca da sobrevivência. As três características da
avaliação são:
 QQuuee éé?? É um fato pedagógico;
 PPoorr qquuêê?? Para verificar progresso;
 PPaarraa qquuêê?? Para, se necessário, aplicar métodos
alternativos para atingir progressos.
Ao afirmar que a avaliação é um fato pedagógico, reconhece-
se que ela está ligada a todo um processo que se desenvolve
continuamente, e não pode ser feita com instrumentos externos
dados ao professor, tais como provas e testes.
De acordo ainda D’Ambrósio (1999) não há testes que
respondam "ao que o aluno deve saber nessa idade ou nesta etapa de
escolaridade". Cada aluno é um indivíduo com estilos próprios de
aprendizagem.
Quando se afirma que pela avaliação se verifica
continuamente o progresso da aprendizagem reconhece-se que este
se manifesta na capacidade que o aluno tem de, quando desejar ou
necessitar, enfrentar uma nova situação. Não no que o aluno é capaz
de repetir, através de memorização ou de uma verdadeira
"musculação" cerebral. “Progresso significa capacidade de realizar
tarefas envolvendo crescente grau de sofisticação.” (LITTO, 1996:206).
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O professor dever ter oportunidade e capacidade de decidir o
que é mais adequado fazer se a classe não estiver progredindo
adequadamente.
Desta forma, a avaliação mediadora ganha destaque dentro
de um paradigma que tem como objetivo promover a aprendizagem,
mediação que significa movimento, provocação, mediação em direção
a. A avaliação mediadora é aquela que não está no término de um
período das tarefas dos alunos, no término de um período escolar,
mas numa ação educativa do professor, de reflexão teórica e de ação
educativa provocativa entre uma e outra tarefa do aluno. Onde está a
ação avaliativa do professor? Ela deve partir da atividade do aluno, ela
é o ponto de partida para análise da produção.
O professor deve analisar a atitude do aluno diante da
atividade, analisar o resultado apresentado, refletir teoricamente e,
através de sua ação como professor, provocar, desafiar a descobrir
melhores soluções para aquelas hipóteses que ele vem construindo
gradativamente. É a mediação entre o conhecimento inicial e o saber
enriquecido, através da ação, da provocação e do desafio.
Cabe ressaltar também que o processo de aprendizagem é
próprio de cada individuo, fruto da construção e das experiências
passadas que influenciam as aprendizagens futuras. Portanto a
aprendizagem numa perspectiva cognitivo-construtivista é como uma
construção pessoal resultante de um processo experimental, interior à
pessoa e que se manifesta por uma modificação de comportamento.
Ao aprender, o aluno soma aos conhecimentos que já possui
novos conhecimentos, fazendo ligações e inter-ligações entre os
mesmos. E durante sua jornada educativa se ver na possibilidade de
adquirir e construir uma estrutura cognitiva clara, estável e organizada
de forma adequada, tendo a vantagem de poder consolidar
conhecimentos novos, complementares e relacionados de alguma
forma. Não se pode fugir do foco principal da aprendizagem que é o
de levar ao aluno com um certo estágio a um determinado nível de
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aprendizagem final e ao se verificar o retorno (feedback) desse
processo nota-se que houve progresso e aquilo que fora transmitido
surtiu efeito no aprendizado do aluno quando o mesmo internalizou,
correlacionou e o ulilizou no seu fazer diário.
O grande desafio ao educadores é fornecer situações
interativas que consigam despertar no aluno a devida motivação,
atenção, interesse para interagir com aquilo que esta sendo
transmitido. Pois, mesmo que a aprendizagem se processe na
intimidade do aprendendo, há de se verificar que o caminho para a
construção do saber se dá pela diversidade e pela qualidade das
interações.
A aprendizagem é algo complexo e que envolve aspectos
cognitivos, emocionais, orgânicos, psicossociais e culturais. É
resultante do desenvolvimento de aptidões e de conhecimentos, bem
como da transferência destes para novas situações, onde cada sujeito,
aprende a sua maneira, ritmo e modo.
Pode-se considerar que a aprendizagem acontece por um
processo cognitivo imbuído de afetividade, relação e motivação.
Consequentemente, para aprender é imprescindível “poder” fazê-lo, o
que faz referência às capacidades, aos conhecimentos, às estratégias e
às destrezas necessárias, para isso é necessário “querer” fazê-lo, ter a
disposição, a intenção e a motivação suficientes.
Embora exista vários estudos sobre a aprendizagem e o
ensino, cabe ainda uma atenção especial sobre os fatores e
dificuldades que interferem na aprendizagem e as ideias atualmente
em vigor no Brasil a respeito das dificuldades de aprendizagem escolar
têm uma história. Para entender o modo de pensar as coisas
referentes à escolaridade vigente entre nós precisamos entender o
modo dominante de pensá-las que se instituiu em países do Leste
europeu e da América do Norte durante o século XIX.
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Partindo do modo materialista histórico de pensar esta
relação é que afirmamos a necessidade de conhecer, pelo menos em
seus aspectos fundamentais, a realidade social na qual se engendrou
uma determinada versão sobre as diferenças de rendimento escolar
existente entre crianças de diferentes origens sociais. É inevitável o
encontro com o advento das sociedades industriais capitalistas, dos
sistemas nacionais de ensino e das ciências humanas especialmente da
psicologia, para encaminharmos uma reflexão a respeito da natureza
das concepções dominantes sobre o Fracasso Escolar numa sociedade
de classes.
O século XIX é filho legítimo da dupla revolução que se deu na
Europa Ocidental no final do século XVIII: a revolução política francesa
(1789 – 1792) e a revolução industrial inglesa. Ambas vêm coroar o
surgimento de relações de produção inéditas na historia.
Segundo HOBSBAWM (1982), a grande revolução de 1789-
1848 foi o triunfo não da indústria como tal, mas da indústria
capitalista; não da liberdade e da igualdade em geral, mas da classe
média ou da sociedade burguesa liberal; não da economia moderna ou
da sociedade ou do estado moderno mas das economias e estados em
uma determinada região geográfica do mundo (parte da Europa e
alguns trechos da América do Norte).
A passagem do modo de produção feudal para o modo de
produção capitalista não se fez sem grandes convulsões sociais, que
culminaram no período de 1789 – 1848; em termos sociais e políticos,
o advento do capitalismo mudou a face do mundo até o final do século
XIX praticamente varreu da face da terra a monarquia como regime
político dominante, destituiu a nobreza e o clero do poder econômico
e político, inviabilizou a relação servo-senhor feudal enquanto relação
de produção dominante, empurrou grandes contingentes das
populações rurais para os centros industriais, gerou os grandes centros
urbanos com seus contrastes, veio coroar o processo de constituição
dos estados nacionais modernos e engendrou uma nova classe
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Me dê motivos para aprender História

  • 1.
  • 2. MMee DDêê MMoottiivvooss ppaarraa AApprreennddeerr HHiissttóórriiaa 1 CCaappaa:: Iluminura do século XV que mostra uma cena de aula na Universidade de Bolonha (Itália). [Domínio público]. Disponível em: http://professorsamuka.blogspot.com.br/2010/06/igreja-medieval-cultura-e-poder.html CCoonnttrraa ccaappaa:: Iluminura medieval de uma reunião de médicos da Universidade de Paris. A partir de um manuscrito medieval de "Chants royaux". Bibliothèque Nationale, Paris. [Domínio público]. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Meeting_of_doctors_at_the_university_of_Paris.jpg Ficha Catalográfica Elaborada pelo. Centro de Estudos e Biblioteca Escolar Prof. Américo de Oliveira Costa Secretaria de Estado da Educação e da Cultura do Rio Grande do Norte Bibliotecária: Maria do Socorro Silva Félix – CRB-15ª/410 A663m Araújo, Maxuel Batista de. Me Dê Motivos para Aprender História / Maxuel Batista de Araújo. Natal, Edição do Autor, 2012. 14cm. 92 p. 1. Motivação-aprendizagem. 2. Motivação-professor/ aluno 3. Psicopedagogia-motivação. 4. História- motivação-aprendizagem Escolar. I. Título RN/SEEC-CEBE CDU 37.015 PPrrooiibbiiddaa aa rreepprroodduuççããoo ttoottaall oouu ppaarrcciiaall ddeessttaa oobbrraa,, sseemm aa ppeerrmmiissssããoo eexxpprreessssaa ddoo AAuuttoorr ((LLeeii nnºº 99..661100,, ddee 1199//0022//11999988)) © MMXII Maxuel Batista de Araujo ISBN: 978856262848-1
  • 3. MMee DDêê MMoottiivvooss ppaarraa AApprreennddeerr HHiissttóórriiaa 2 .Maxuel Batista de Araujo Turismólogo, Historiador, Bacharel em Direito, Especialista em História Do Rio Grande do Norte, Psicopedagogo e Mestre em Ciências Sociais MMEE DDÊÊ MMOOTTIIVVOOSS PPAARRAA AAPPRREENNDDEERR HHIISSTTÓÓRRIIAA
  • 4. MMee DDêê MMoottiivvooss ppaarraa AApprreennddeerr HHiissttóórriiaa 3 SUMÁRIO Introdução ............................................................................... 4 1. Posicionamentos teóricos .................................................. 7 2. Me Dê Motivos ................................................................... 31 2.1 – A motivação .............................................................. 33 2.2 – A aprendizagem......................................................... 37 2.3 – O Ensino da História ................................................. 61 3. O Papel Auxiliar do Psicopedagogo na relação professor-aluno .................................................................. 72 Considerações Finais ............................................................... 80 Referências .............................................................................. 88
  • 5. MMee DDêê MMoottiivvooss ppaarraa AApprreennddeerr HHiissttóórriiaa 4 INTRODUÇÃO “Se o Mestre for verdadeiramente sábio, não convidará o aluno a entrar na mansão de seu saber, e sim, estimulará o aluno a encontrar o limiar da própria mente”. (Khalil Gibran) No Brasil há muito tempo discute-se sobre os males da Educação, dos problemas crônicos, da falta de investimos, dos baixos salários de seus profissionais, das más condições das Escolas dentre outros, porém muito se discutiu nos gabinetes oficiais cujos resultados foram programas, resoluções normativas, Leis, acordos, compromissos, propagandas governamentais, etc., observa-se que sempre de forma linear (de cima para baixo), acreditando em soluções finais e certas para a melhoria da educação no País. Evidencia-se que não se trata de menosprezar as Leis e regulamentos do nosso sistema educacional e sim buscar uma reflexão sobre o que é dito nas Leis e o seu efetivo cumprimento, pois é necessário que a preocupação com a educação e em especial o ensino da História e demais componentes regionais deva sair dos gabinetes oficiais e, junto com a família, a escola, os professores e demais profissionais da educação encontrem uma maneira (didática, pedagógica, motivacional, financeira, etc.) que realmente promova o aluno e o faça novamente se encantar com a Escola e o conteúdo histórico, cultural e econômico regional e, contribua para que a escola não seja apenas mais um espaço para conversas, brincadeiras, namoros, alimentação, etc. e, sim um lugar de sociabilização e aprendizagem maior. O aprendizado educacional é hoje formado como um fator de mudança, renovação e progresso. A educação é um investimento indispensável à globalização, passa-se nas últimas décadas, a merecer maior atenção do governo, legisladores e educadores. Tendo, amparado em uma legislação pertinente, está sendo desencadeado
  • 6. MMee DDêê MMoottiivvooss ppaarraa AApprreennddeerr HHiissttóórriiaa 5 processo de aceleração, principalmente no que diz respeito à expansão e melhoria da rede escolar e preparação de recursos humanos. Entretanto, o aluno, o principal interessado, muitas vezes fica alheio a essas mudanças que, normalmente produzidas nos gabinetes oficiais. Diante desse modelo educacional implantado no Brasil, onde a crença nas Leis e projetos é que vão desenvolver plenamente a educação e que os alunos realmente terão um eficaz aprendizado nos leva a refletir sobre o porquê da falta de motivação e interesse pelos estudos nas disciplinas escolares em especial, aqui neste estudo, representado pela disciplina História, portanto, a temática de estudo aqui é escolha sobre o processo motivacional do ensino- aprendizagem da disciplina História na educação básica. Refletindo sobre a prática docente pessoal na Escola Estadual Imperial Marinheiro (Zona Oeste de Natal/RN) entre os anos de 2006 a 2008 e na Escola Municipal Irmã Arcângela (Zona Norte de Natal/RN) entre 2009 e 2010 no nível fundamental II - 6ºs anos (antiga 5ª série), pode-se observar por indagações orais e desempenho nas avaliações a “falta de motivação” em aprender os conteúdos transmitidos pelos alunos. Diante dessa constatação, surgiu a seguinte hipótese: Que os conteúdos da História, nesse momento, não interessam e/ou quase não faz falta a maioria dos alunos neste nível de ensino (fundamental – 6º ano) e o que se aprende desses conteúdos é mais devido ao “sistema de compensação baseado em notas”, ou seja, na verdade os alunos só veem a disciplina História porque são obrigados e precisam de uma nota para ter progressão nos estudos. Motivos estes que levaram a elaborar e apresentar inicialmente como Trabalho de Conclusão de Curso da Pós Graduação em Psicopedagogia Institucional da Universidade Gama Filho, entre 2009 a 2010, a presente obra.
  • 7. MMee DDêê MMoottiivvooss ppaarraa AApprreennddeerr HHiissttóórriiaa 6 Objetivou-se com este estudo a reflexão maior, por parte dos docentes (principalmente), alunos e demais membros da escola, bem como correlacionar o papel do Psicopedagogo, como profissional auxiliar na motivação dos mesmos, criando mecanismos que despertem principalmente o gosto e interesse pela disciplina História. Especificamente visa mostrar os elementos do processo motivacional na escola; Revelar a breve trajetória do ensino da História no Brasil; Demonstrar os recursos pedagógicos auxiliares como fonte de motivação no aprendizado; Discutir o papel do Docente e do Psicopedagogo como grandes motivadores para o aprendizado em geral e especificamente da disciplina História. Pautou-se em procedimentos metodológicos como: leitura de textos de orientação teórico-metodológica; fontes secundárias foram a observação e avaliação de vídeos e documentários relacionados à Motivação, Ensino e Aprendizagem e dessa forma partindo de eixos centrais como Aprendizagem e Motivação correlacionados a relação professor-aluno no espaço escolar, procura fazer um dialogo com autores como Pedro MORALES; Jésus Alonso TAPIA & Enrique Caturla FITA; Abrahan MASLOW; Lev VYGOSTSKY; Jean PIAGET; Luiz MARINS; Evely BORUCHOVITCH, Angela Munhoz MALUF; Maria Aparecida CÓRIA-SABINI, ressaltando que ao desenvolver da monografia outros autores poderão fazer parte do embasamento teórico. Os conceitos essenciais são a Motivação e o aprendizado da disciplina História, assim o dialogo entre os autores que tratam da motivação nos campos da Psicologia com os estudos do ensino da História, dessa forma a perceber o papel do professor de História no processo motivacional dos alunos do Sexto Ano do ensino fundamental (alunos com a faixa etária entre 10 e 11 anos). Quanto ao título desta obra, antes que um colega que leciona a Língua Portuguesa me corrija quanto ao uso da “ênclise”, esclareço que foi usado aqui propositalmente de forma a não obedecer a Língua Padrão, “numa espécie de liberdade poética”, assim MMee ddêê mmoottiivvooss... como na antiga música do Tim Maia.
  • 8. MMee DDêê MMoottiivvooss ppaarraa AApprreennddeerr HHiissttóórriiaa 7 Capítulo I DDOOSS PPOOSSIICCIIOONNAAMMEENNTTOOSS TTEEÓÓRRIICCOOSS "Aqui, a educação é entendida como um processo sequenciado de ajuda recíproca para o crescimento pessoal dos indivíduos, para que, a partir de uma abordagem crítica, sejam pessoas que amadureçam sua capacidade integral e que possam, assim, ser úteis para uma sociedade em contínua mudança". (Sequeiros) Pode-se dizer que o homem adquire conhecimentos através da cultura, de técnicas necessárias à sua sobrevivência física e social, podendo dominar e controlar, na medida do possível, o seu meio ambiente. A maneira de viver das pessoas implica normas de comportamento, muita delas estabelecidas há tempos atrás. Mas o que realmente determina muito do futuro comportamento e das reações que o homem haverá de ter frente as mais diversas situações é a forma como ele será ensinado a viver, a forma como ele aprenderá todos os requisitos básicos para a sua boa sobrevivência. A aprendizagem é fruto da criação do indivíduo e da sociedade numa integração recíproca. Não há indivíduo humano desprovido de cultura, seja ela qual for todos os seres humanos possuem sua própria cultura e seu modo de viver. O ser humano nasce com determinadas possibilidades e potencialidades. Logo percebemos nossa fragilidade e indigência biológica que será, em parte, suprida pela ação lenta e socializadora da cultura. A personalidade do homem, o que ele vai ser quando crescer, qual sua profissão, sua reação frente às dificuldades da vida, com que tipo de pessoa irá se relacionar, o local onde escolherá morar, todos
  • 9. MMee DDêê MMoottiivvooss ppaarraa AApprreennddeerr HHiissttóórriiaa 8 esses são fatores que serão determinados, direta ou indiretamente, pela educação, cultura e o processo de aprendizagem pelo qual o homem deverá passar. Este processo de aprendizagem acima citado não deve ser entendido como sendo um processo rápido e de tempo limitado, deve sim, ser contínuo e pacientemente cultivado, mesmo diante de fracassos e derrotas, o homem deve manter-se sempre com a mente voltada para aprendizagem, pois nunca se encerra o processo de busca do saber. Como o homem nasce e vive em uma sociedade. O ambiente humano em que ele nasce, e garante-lhe a subsistência nos períodos iniciais da vida, pode causar um impacto forte e permanente em todo o percurso de vida que ele terá. É ainda esse ambiente humano, o responsável pelo desenvolvimento, nos indivíduos, de características essenciais, através da aprendizagem de padrões, valores, sentimento e modos de expressão. A essa internalização de modelos do comportamento, que se dá através da associação e interação colocando o novo ser em contato com as características humanas, que denominamos socialização. A escola possui papel fundamental no que diz respeito à ambientação dos seres humanos, pois não somente indica o caminho do saber didático, mas influencia nos comportamentos na medida em que na grande maioria das vezes as crianças passam na escola, boa parte do seu tempo, senão quando passam o dia inteiro. No que diz respeito à aprendizagem escolar vimos que a questão do aprender não pode ser visto como mera acumulação de conhecimentos ou aquisições, mas como uma construção ativa e uma transformação das ideias, uma modificabilidade cognitiva estrutural, um processamento de informação mais diversificado, transcendente e
  • 10. MMee DDêê MMoottiivvooss ppaarraa AApprreennddeerr HHiissttóórriiaa 9 plástico, consubstanciado a função de facilitação e de mediatização intencional do professor e do aluno. Quando o ser humano não está bem afetivamente, sua ação como ser social fica comprometida, sem expressão e sem força em qualquer idade ou sexo. Por isso, ao receber uma criança na sala de aula deve-se ter a convicção de que ela traz todas as impressões vivenciadas durante a vida. Assim pais e professores tem o papel de preparar a criança para a vida, mas isso só se consegue com limites e afetividade acima de tudo. Diante do crescente aumento das dificuldades de aprendizagem por parte dos educadores vem se observando que o comportamento das crianças é influenciado pela afetividade e esta pode contribuir para que a criança aprenda ou não. Um ambiente harmonioso favorece a aprendizagem. Assim, também, as ações partilhadas e mediadas pela linguagem e pela instrução são reconhecidas como estimuladoras da aprendizagem. A interação entre adultos e crianças e entre os grupos de iguais, portanto, é fundamental na aprendizagem. O ser humano adquire conhecimentos através da cultura, da interação e sociabilização do individuo com o seu meio circundante, bem como de técnicas necessárias à sua sobrevivência física e social, podendo dominar e controlar, na medida do possível, o espaço em que está inserido. A maneira de viver das pessoas implica normas de comportamento, muita delas já pré-estabelecidas pela sociedade. Mas o que realmente determina muito do futuro comportamento e das reações que o homem haverá de ter frente as mais diversas situações é a forma como ele será ensinado a viver, a forma como ele aprenderá todos os requisitos básicos para a sua boa sobrevivência.
  • 11. MMee DDêê MMoottiivvooss ppaarraa AApprreennddeerr HHiissttóórriiaa 10 A aprendizagem é fruto da criação do indivíduo e da sociedade numa integração mútua. Não há indivíduo humano desprovido de cultura, seja ela qual for, todos os seres humanos possuem sua própria cultura e seu modo de viver. O homem nasce com determinadas possibilidades e potencialidades, mas logo se percebe sua fragilidade e indigência biológica que será, em parte, suprida pela ação lenta e socializadora da cultura. O processo de aprendizagem não deve ser entendido como sendo um processo rápido e de tempo limitado, deve sim, ser contínuo e pacientemente cultivado, mesmo diante de fracassos e derrotas, deve-se manter a mente voltada para aprendizagem, pois nunca se encerra o processo de busca do saber. A escola possui papel fundamental no que diz respeito à ambientação dos seres humanos, pois não somente indica o caminho do saber didático, mas influencia nos comportamentos à medida que na grande maioria das vezes as crianças passam na escola, boa parte do seu tempo, senão quando passam o dia inteiro. Ao compreender o modo como os indivíduos aprendem e em que circunstancias e condições ocorre à aprendizagem, além de identificar o papel de um professor no ensino fundamental das séries finais, por exemplo, pode possibilitar a seus educandos um interesse, um gosto e uma motivação maior para o real aprendizado de uma disciplina, como a História, onde as atitudes e habilidades desse docente podem contribuir ou não pela motivação da disciplina em tela. As teorias de aprendizagem buscam reconhecer a dinâmica envolvida nos atos de ensinar e aprender, partindo do reconhecimento da evolução cognitiva do homem, e tentam explicar a relação entre o conhecimento pré-existente e o novo conhecimento. A aprendizagem não seria apenas inteligência e construção de conhecimento, mas, basicamente, identificação pessoal e relação através da interação entre as pessoas.
  • 12. MMee DDêê MMoottiivvooss ppaarraa AApprreennddeerr HHiissttóórriiaa 11 Não se pode negar que o século XXI trouxe uma nova dinâmica para o sistema educacional e o ensino passou a exigir do educador uma reflexão maior sobre seu papel, sua participação aos novos paradigmas impostos pela sociedade, decorrentes principalmente pelo avanço científico e tecnológico. Portanto, hoje o espaço escolar é visto como um centralizador sistemático dos processos educacionais integrados na comunidade da qual faz parte, ressalta-se que ainda cabe à escola oferecer situações que possam oferecer meios e maneiras que permitam aos alunos desenvolver suas potencialidades de acordo com a fase evolutiva em que se situam e com os interesses que os impelem à ação. O discurso educacional atual prega que a escola prepare “pessoas de mentalidade flexível e adaptável para enfrentar as rápidas transformações do mundo, pessoas que aprendem a aprender e, consequentemente, estejam aptas a continuar aprendendo sempre”. Pois bem, percebe-se que as equipes docente e pedagógica das escolas estão se esforçando na formação contínua, onde a participação de Psicopedagogos em muitos estabelecimentos educacionais tem dado ótimos resultados para uma educação de qualidade. Por outro lado, a diferenciação de funções da escola pode se dar sem que exista uma correlativa diferenciação de unidades concretas que as realizem, em suma a escola é um sistema social que deve persistir, é indispensável que nela se cumpram funções e estas se cumprirão segundo as estruturas existentes no sistema. Dessa forma, vista a escola como um sistema social, deve analisar agora a mudança. Todo sistema social está sujeito a mutações, dado que existe no tempo e é integrado por homens. A escola, isoladamente e como sistema é uma instituição essencialmente social, pertence à sociedade que deu a ela origem e mantêm com sua estrutura global relações de mútua influência e, constantemente se tem discutido o papel do sistema educacional como agente de mudança social. Uma posição
  • 13. MMee DDêê MMoottiivvooss ppaarraa AApprreennddeerr HHiissttóórriiaa 12 excessivamente otimista a respeito, que deve ser olhada com reservas, pois supõe por parte da escola um grau de independência em relação à sociedade maior do que aquele que na realidade tem, e implica uma confiança provavelmente excessiva em suas possibilidades de ação. A transcendência social do papel da escola se vê limitada por fatores existentes no contexto da sociedade em geral. Em sociedades estáveis, onde a mudanças são lentas, não se percebem tão agudamente as exigências sociais e as limitações que estas impõem ao sistema escolar. Porém, onde as mudanças são rápidas, crescem as exigências da sociedade para com a escola e, por sua vez, entram em crise as limitações de origem social com que se depara a escola ao cumprir sua tarefa. Não se pode deixar de observar que dentro do espaço escolar se inter-relacionam uma pluralidade de agentes como diretor, professores, alunos, secretário etc. As relações que mantêm entre si estão sujeitas a normas ou regras que permitem prever a conduta da cada pessoa dentro de certos limites. Tais regras definem o comportamento adequado para cada um dos papéis em cada situação, onde em cada situação, as regras são observadas, pois seu cumprimento ou violação está sujeita a sanções. Dos posicionamentos teóricos, inicialmente, faz necessário destacar as observações do teórico motivacional, Abrahan MASLOW (1908-1970), norte americano, doutor em psicologia, que entre as décadas de 1930 a 1960 desenvolveu seus trabalhos sobre a motivação humana, onde produziu diversos artigos sobre este tema que culminaram com a sua mais conhecida obra: a Teoria a respeito da Hierarquia das Necessidades Humanas, elaborada entre 1943-54. Para MASLOW (1987), as motivações constituem uma das classes determinantes do comportamento, que é motivado e influenciado biológica e culturalmente. Ele afirmou que o homem é movido pelas necessidades de deficiência e crescimento. As
  • 14. MMee DDêê MMoottiivvooss ppaarraa AApprreennddeerr HHiissttóórriiaa 13 necessidades mais básicas dizem respeito à deficiência, enquanto que as de desenvolvimento remetem ao crescimento, a valores do ser. O autor coloca que o ser humano é "um todo integrado, organizado (...)" é na pessoa completa que se opera a motivação. Maslow propôs um sistema de categorização de necessidades, começando com aquelas que geram comportamentos mais simples e imaturos e terminando com as geradoras de comportamentos mais amadurecidos e realizadores. É constatado aqui que é inerente à condição humana, o desejo de saber e compreender, sendo este o impulsionador do desenvolvimento da personalidade no sentido de sua auto-atualização ou desenvolvimento maduro. Um mínimo de satisfação é necessário em cada uma das etapas, antes que se passe para a outra em termos de necessidades, que são fontes de motivação. Este processo é dinâmico e integrativo, porém permanece a ideia de que se a satisfação de uma determinada necessidade está bloqueada ou é indevidamente retardada, o indivíduo não se tornará plenamente consciente das outras, mais altas na hierarquia. Ir transpondo os níveis de carências parece o caminho mais seguido, porém, se a privação for muito longa ou traumática, o sujeito pode continuar fixado naquele ponto, pois pelo menos em sua percepção (aspectos cognitivos) nunca esteve completamente satisfeita, dessa forma pode se dar uma frustração e/ou iniciar outro processo para saciar as necessidades.
  • 15. MMee DDêê MMoottiivvooss ppaarraa AApprreennddeerr HHiissttóórriiaa 14 A figura mostrada revela que na base da pirâmide estão aquelas necessidades que refletem interesses fisiológicos e de segurança, como conforto físico, abrigo, vestuário, alimento, etc. Mesmo quando o sujeito tem garantido a satisfação básica destas necessidades (o que em nossa sociedade está longe de ser atingido pela maioria das pessoas). Vendo a Pirâmide de Maslow e, transpondo para o ambiente escolar como se processariam essas necessidades no ambiente escolar? Como pré-adolescentes absorveriam essa pirâmide de necessidades? Tais indagações é o ponto de partida para a reflexão sobre aquilo que desperta interesse no aluno para determinado comportamento que leve a um aprendizado de uma disciplina, como a História. Normalmente, os comportamentos que vão adicionados por essas necessidades e que servem para satisfazê-los são menos amadurecidos e construtivos do que muita ação voltada para o trabalho propriamente dita, e que envolvem outros motivos. Assim num ambiente da escolar o aluno espera oportunidades de satisfação, como obtenção de boas notas e progresso, mas também se frustra quando não as encontra. Portanto, observar se o aluno tem suas satisfações realizadas e uma vez que já tenha sido alcançado algum
  • 16. MMee DDêê MMoottiivvooss ppaarraa AApprreennddeerr HHiissttóórriiaa 15 lugar de aceitação e conforto no grupo, aparece o desejo de destacar- se, obter reconhecimento sobre aquilo que se produz (seja tangível ou intangível) que impele os sujeitos a comportamentos que demonstrem competência, na esperança de recompensas. Em resumo, esses motivos nos levam a contribuir da melhor maneira para a organização, em troca de reconhecimento. Se ele não vem, há frustração e a possível regressão a pontos anteriores na hierarquia, todavia, apenas a Pirâmide de Necessidades de Maslow não explica a falta de motivação do alunado com a aprendizagem, uma vez que há fatores externos a simples satisfação das necessidades individuais dos mesmos que interferem nesse processo, dessa forma e dependendo de fatores externos e subjetivos se fazem necessários para se conjugarem de modo mais consistente e duradouro e a tendência é desejar satisfação pessoal, amadurecimento, aprendizado e crescimento. Para a Psicopedagoga Angela Cristina M. MALUF (2006) traz a ideia de conhecer bem as crianças e jovens se pode oferecer uma educação melhor, fato muitas vezes ignorado nos planejamentos, nos projetos políticos pedagógicos e até mesmo na pratica docente. Conforme diz: Na verdade, de crianças e jovens conhecemos muito pouco. [...] Crianças e jovens não entendem nossa fala. E, pelo que me parece, os adultos não querem aprender a linguagem deles. Nossa primeira preocupação é alfabetizar, é fazer com que a criança deixe de ser criança o quanto antes. (MALUF, 2006, p. 9) A autora se debruça em sua obra a preocupação em compreender primeiro o universo da criança, do adolescente, antes de impor valores imperativos de aprendizagem, tendo a devida atenção e preocupação com as particularidades e individualidades dos mesmos, onde suas características peculiares, aptidões, dificuldades dentre outros fatores torne o trabalho do educador mais fácil e faça com que se desenvolva um bom trabalho educativo e proporciono ao aluno o desenvolvimento de suas potencialidades.
  • 17. MMee DDêê MMoottiivvooss ppaarraa AApprreennddeerr HHiissttóórriiaa 16 A mesma ainda traz a preocupação sobre o ambiente e a maneira dos pais e educadores desenvolve e estimulam o educando ao aprendizado, considerando “instrumentos fundamentais nesse processo”, assim se faz necessário que haja consciência do papel e da responsabilidade de cada um, a as funções da educação (social e psicológica) se interajam e se complementem. Atualmente, na dinâmica da sociedade moderna e problemas em instituições como Família e Escola, revela a baixa qualidade nos índices educacionais, uma estagnação generalizada e os valores morais, os bons costumes, os princípios éticos estão a cada dia mais distante da realidade dessas duas instituições e assim provocando o desestímulo na relação professor-aluno. Por outro lado começa o desafio de muitos educadores e profissionais como o Psicopedagogo em quere dar sua contribuição na melhoria e solução desses problemas que prejudicam a educação e assim ao considerar nosso próprio potencial e experimentar o desejo de testar nossas capacidades em transformar essa realidade. Dessa forma experiências de um trabalho mais criativo, no qual se possa obter um sentido de realização pessoal permite que haja motivação, entusiasmo e êxito no aprendizado. Conforme atesta ainda Angela Maluf: O que mais falta na criança e no jovem hoje é a vontade de obedecer tanto aos pais quanto aos educadores. A vontade deles é sempre indecisa, fraca, atrapalhada pela fragilidade do organismo, pela instabilidade do pensamento. [...] não existe um método educativo que se possa chamar de modelo. [...] contudo, indo mais intensamente ao assunto, cada criança e jovem devem ser educados segundo suas tendências pessoais e naturais. É necessário que pais e educadores observem o desabrochar de sua inteligência fazendo com que devagar eles percam as más tendências e desenvolvam as mais adequadas. [...] nunca devemos exigir obediência, sem antes fazê-los ver as razões. (MALUF, 2006, p. 29).
  • 18. MMee DDêê MMoottiivvooss ppaarraa AApprreennddeerr HHiissttóórriiaa 17 Já o norteamento das atividades na sala é algo inerente e diferente de professor para professor, assim não existe formulas prontas e eficazes uniformemente para todos, mas se pode classificar que, o educador em sala, pode ser visto como “tradicional” ou “moderno”. Por outro, lado observa-se que na prática, a maioria dos docentes age num “meio termo”, ou seja, dependendo da situação são exigentes, noutras são mais flexíveis e práticos. Não se pode deixar de falar sobre a forma, o “estilo de ensino” de cada docente, que é muito mais uma característica peculiar de cada um, embora técnicas de didática e metodologia auxiliem sua postura, mas de maneira em geral, o professor impõe sua personalidade e por isso determina e “imprime sua marca” na condução da classe. Os estudos dos autores Evely BORUCHOVITCH & José Aloyseo BZUNECK reunidos na obra: Motivação do Aluno, editora vozes, 2001 nos traz, neste atual momento do estágio da educação brasileira, a análise sobre este problema do baixo rendimento de vários alunos, por causa principalmente de sua baixa motivação pelos estudos. Na pratica docente e com a convivência com outros colegas de profissão percebeu-se a constante reclamação generalizada da falta de interesse dos alunos para com os conteúdos escolares, gerando uma frustração no exercício da profissão, por outro lado, há também uma certa acomodação e sentimento de impotência em lidar com tal situação das equipes docente, pedagógica e gestora. Diante dessa situação, o mais agravante é o desconhecer desses agentes em concentrar maiores esforços e estudos na área da motivação no espaço da escola, uma vez que: Tornou-se um problema de ponta em educação, pela simples constatação de que, em paridade de outras condições, sua ausência representa queda de investimento pessoal de qualidade nas tarefas de aprendizagem. Alunos desmotivados estudam muito pouco ou nada e, consequentemente, aprendem muito pouco. Em última instância, ai se configura uma situação educacional que impede a formação de indivíduos mais competentes para exercerem a cidadania e
  • 19. MMee DDêê MMoottiivvooss ppaarraa AApprreennddeerr HHiissttóórriiaa 18 realizarem-se como pessoas, além de se capacitarem a aprender pela vida afora. (BORUCHOVITCH; BZUNECK, 2009, p.13). Conforme a afirmação feita pelos professores José Aloyseo Bzuneck e Evely Boruchovitch, nos mostra que, apesar de a motivação estar no aluno, as condições ambientais interferem muito também nesse processo, portanto, é equivocado inferir que a motivação ou os problemas decorrentes são apenas do estudante. Daí a importância dos professores em conhecer os possíveis fatores externos que estão interferindo na motivação dos alunos. É importante ver em suas palavras que o fenômeno da desmotivação dos alunos precisa de destaque maior e assim nos revela, abordando esse problema sob dois aspectos o quantitativo (intensidade) e o qualitativo (tipos) e assim desmitifica algumas concepções erradas sobre a forma de pensar que um aluno “é desmotivado” ou que ainda a crença de que quanto mais uma “pessoa estiver motivada melhor será o desempenho em tarefas complexas, como as aprendizagens escolares”. Embora, o tema sobre a motivação e aprendizado ser algo já discutido alguns anos no meio acadêmico, mas ainda, se ver que é algo meio secundário ou é tratado por muitos educadores como “é natural à desmotivação dos alunos”, assim o autor José Aloyseo Bzuneck apresenta uma visão de teorias e pesquisas em motivação que possam auxiliar e nortear o trabalho docente. Uma vez que se faz também necessário ficar atentos que mesmo os componentes afetivos envolvidos na relação motivo-aprendizado entre professor e aluno é importante focar os componentes cognitivos, crenças, atribuições e percepções dos envolvidos neste processo. Contudo, ainda persiste a ideia tão comumente encontrada de que os professores podem fazer muito pouco pela motivação, porque as condições contextuais são adversas e depende apenas do aluno querer aprender alertando, todavia que:
  • 20. MMee DDêê MMoottiivvooss ppaarraa AApprreennddeerr HHiissttóórriiaa 19 A motivação do aluno esbarra na “motivação do próprio professor e que esta depende do nível de sua crença de auto- eficácia, ou seja, na crença de que pode exercer ações destinadas a produzirem certos resultados” (BZUNECK, 2009, p.29). É preciso ainda distinguir duas funções distintas e complementares a serem cumpridas pelo professor, sendo a primeira de caráter remediador, que consiste em recuperar os alunos com problemas de motivação, e a segunda é mais preventiva e de caráter permanente que seria a implementação e a manutenção otimizada motivação para aprender pelos alunos da classe. Não se pode deixar de lado que o papel do professor e da escola na motivação dos alunos, deve abordar aspectos gerais e estratégias de ensino que visam favorecer a motivação dos alunos, meios esses que devem ser aprofundados e de amplo conhecimento dos fatores que interferem no aprendizado dos alunos. Para o pesquisador Jean PIAGET (1896-1980), sua preocupação central foi o desenvolvimento humano cujo tema central dos seus estudos concentrava no pensamento lógico-matemático, seus construtos teóricos científicos procura explicar o princípio do conhecimento são a base de uma teoria denominada Psicogênese. Ele defendia que o homem constrói o conhecimento pela interação entre o mundo material e o exercício da razão, processo este denominado de interacionismo, onde a adaptação à realidade externa depende basicamente do conhecimento. Embora Piaget não fosse um educador e não tinha preocupações pedagógicas, é estudado na pedagogia porque falava sobre crianças. O termo construtivismo (se refere a como a criança elabora formas de conhecimento mais eficazes para dar conta da realidade) foi elaborado por Piaget, mas ele não propôs um método construtivista. Tanto na Europa, quanto nos Estados Unidos e no Brasil surgiram práticas pedagógicas com “inspiração” construtivista que possuem tanto críticos quanto adeptos e defensores.
  • 21. MMee DDêê MMoottiivvooss ppaarraa AApprreennddeerr HHiissttóórriiaa 20 As contribuições do Construtivismo1 inspirou o “método construtivista” baseados em fatores como: possibilita a valorização do indivíduo, faz a criança romper seus limites (desequilibrar), valoriza-se o esforço da criança na construção do conhecimento, tornando-a ativa no processo de conhecimento no qual há necessidade de reflexão e de elaboração pessoal na teoria da Psicogênese Piaget enfocou seu olhar sempre na questão da inteligência como o “motor” do desenvolvimento humano. Já as questões como a linguagem, afetividade, desenvolvimento do juízo moral e a aplicação da sua teoria à educação foram discutidos por ele, porém não foram seus temas centrais de preocupação. Não se discute aqui o mérito da contribuição deste autor a compreensão da aprendizagem e de fatores condicionantes e motivacionais, uma vez, que as pretensões iniciais de Piaget não estavam diretamente ligadas a educação e sim ao comportamento (mais do ponto de vista da Psicologia do que da Pedagogia). Uma vez que suas preocupações nesses estudos, era perceber e compreender melhor como as crianças, principalmente, aprendiam e assimilavam o aprendizado, conforme diz: “as situações nas quais a criança age são engendradas pelo contexto social (...) A criança não assimila objetos puros, definidos por seus parâmetros empíricos. Ela assimila situações nas quais os objetos cumprem certas funções e não outras”. (Piaget & Garcia, 1983, p.274). Dos inúmeros problemas enfrentados pela educação no Brasil, um problema constante que interfere na relação professor/aluno é falta de motivação nesse processo. Quando se ver alunos desmotivados, alheio a escola, ao aprendizado e muitos contaminados pela indisciplina e assim surge um sentimento de frustração, não há um avanço educacional e assim se depara numa melancolia e conformismo e pensar que não há solução que reverta esse quadro de desmotivação. 1 Termo que se refere a como a criança elabora formas de conhecimento mais eficazes para dar conta da realidade, proposto inicialmente por Jean Piaget.
  • 22. MMee DDêê MMoottiivvooss ppaarraa AApprreennddeerr HHiissttóórriiaa 21 Na obra A motivação em sala de aula, o que é e como se faz (Loyola, 2009) traz os professores Jésus Alonso TAPIA & Enrique Caturla FITA a preocupação de compreender melhor sobre esse problema e refletir sobre soluções possíveis e não apenas o apontamento do problema. Alonso TAPIA (2009) mostra que o interesse escolar, o desejo de aprender não depende de um e único exclusivo fator (seja pessoal ou contextual), uma vez que a motivação está ligada à interação dinâmica entre os fatores pessoais e os contextos que se processam e desenvolvem as tarefas escolares. Caturla FITA (2009) centraliza suas preocupações no papel do professor como agente motivador dos alunos, ressaltando que saber motivar alguém para aprendizagem no âmbito escolar não é tarefa fácil, tampouco, receitas prontas ou sucessos individuais de motivação possam ser generalizados para todas as escolar, pois a chave aqui é conhecer bem a realidade, os envolvidos, o que interfere e, portanto, criar mecanismos próprios que levem a reflexão e tragam soluções viáveis. Uma vez que “o aluno motivado a aprender tende a perceber as tarefas a realizar com um convite a conseguir algo, como um desafio” (TAPIA & FITA, 2009, p.31). Dentro desse pensamento, o educador pode, no inicio de suas aulas, estimular seus alunos, motivando-os, despertando o interesse, mantendo atenção, a curiosidade a novidade, ao desejo de alcançar objetivos e metas, onde o aluno possa perceber também o poder da realização de sua tarefa. É necessário conhecer logo no início, as variáveis pessoais que influem na motivação com que os alunos enfrentam as tarefas escolares e nas mudanças que se produzem à medida que uma atividade transcorre, e como as diferentes formas de atuação que os professores podem adotar interagem com tais características, contribuindo para a motivação ou desmotivação dos alunos.
  • 23. MMee DDêê MMoottiivvooss ppaarraa AApprreennddeerr HHiissttóórriiaa 22 Lev VYGOTSKY (1896-1934) desenvolveu a teoria socio- cultural do desenvolvimento cognitivo. A sua teoria tem raízes na teoria marxista do materialismo dialético2 , onde bordou o desenvolvimento cognitivo por um processo de orientação. Em vez de olhar para o final do processo de desenvolvimento, ele debruçou-se sobre o processo em si e analisou a participação do sujeito nas atividades sociais. Ele propôs que o desenvolvimento não precede a socialização. Ao invés, as estruturas sociais e as relações sociais levam ao desenvolvimento das funções mentais. Ao contrário da imagem de Piaget em que o indivíduo constrói a compreensão do mundo, o conhecimento sozinho, Vygostky via o desenvolvimento cognitivo como dependendo mais das interações com as pessoas e com os instrumentos do mundo da criança. O processo básico pelo qual isto ocorre é a mediação (a ligação entre duas estruturas, uma social e uma pessoalmente construída, através de instrumentos ou sinais). Quando os signos culturais vão sendo internalizados pelo sujeito é quando os humanos adquirem a capacidade de uma ordem de pensamento mais elevada. “Os gregos diziam que a filosofia nasce da surpresa. Em termos psicológicos isso é verdadeiro se aplicado a qualquer conhecimento no sentido de que todo conhecimento deve ser antecedido de uma sensação de sede. O momento da emoção e do interesse deve necessariamente servir de ponto de partida a qualquer trabalho educativo.” (VIGOTSKI, Psicologia Pedagógica, p.145) O uso desses sentimentos e ações são necessárias para consolidação dessas interações, bem como associa-las as da motivação. Assim sendo, é preciso entender quais são as características fundamentais dos processos motivacionais e como elas se relacionam visando tanto a elaboração de atividades e modos de desenvolvê-las em sala de aula, quanto o desencadeamento de 2 Termo referente às mudanças históricas na sociedade e a vida material produzem mudanças na natureza humana.
  • 24. MMee DDêê MMoottiivvooss ppaarraa AApprreennddeerr HHiissttóórriiaa 23 interações sociais que possam ser realmente significativas para a aprendizagem dos alunos, pois eles não só devem pensar e assimilar, mas devem sentir a aprendizagem. Em suma, se pode dizer que a obra de Vigotski se fundamenta na precedência da cultura sobre o desenvolvimento cognitivo de uma pessoa. A idéia de que a instrução, entendida como interação de crianças ou aprendizes com adultos ou parceiros mais capazes, é necessária para o desenvolvimento cognitivo, é consequência dessa fundamentação. Para tanto se faz necessário também uma compreensão e extensão maior do conceito de zona de desenvolvimento proximal, proposto por ele, mas poucos têm enfatizado o papel das emoções nas interações sociais voltadas à aprendizagem. O Processo motivacional não depende só de uma parte, é necessário o interesse mútuo, o professor e o aluno precisam acreditar naquilo que estão construindo é importante compreender o papel de cada um no processo motivacional para que surta o aprendizado na escola, especificamente na disciplina História, que exige uma leitura de mundo maior, da compreensão de textos, de transpor-se para o passado e fazer a ponto com o conhecimento histórico, processá-lo e construir um significado para o presente/futuro. O Antropólogo Luiz Almeida Marins Filho, célebre palestrante no meio empresarial, onde há mais de duas décadas fala sobre motivação e sucesso, amplamente propagado no ramo da Administração de Empresas principalmente, entretanto, entende-se também aqui que a Escola é uma organização, quer seja pública ou privada, a mesma segue (mesmo implicitamente) mecanismos de empresas, como planejamento, administração, controle, supervisão, além de oferecer o produto que é o ensino, o aprendizado e o cliente/publico alvo é os alunos, então, por que não ver este espaço escolar como uma empresa?
  • 25. MMee DDêê MMoottiivvooss ppaarraa AApprreennddeerr HHiissttóórriiaa 24 Portanto, as palavras do Prof. Marins também se encaixam aqui, principalmente quando fala de motivação, onde diz: O que é motivação? Há dois tipos de motivação: Emocional e Cognitiva : A emocional usa a emoção por meio de depoimentos, de casos e situações. já a Cognitiva discute as razões de ordem lógica, racional e cartesiana. Uma pessoa desmotivada é Uma pessoa sem objetivos próprios. Para se ter sucesso e vencer as barreiras impostas neste mundo globalizado em que vivemos é preciso conhecer a realidade e reconhecer seus próprios limites para poder ultrapassá-los. (MARINS, 1994, p. 24) Não se pode esquecer que o ambiente escolar é dinâmico, as mudanças ocorrem e transforma esse espaço a cada ano letivo que se inicia, cada dia mais se precisa de mais outros profissionais como administradores, psicólogos, assistentes sócias e psicopedagogos e juntos promovam com os tradicionais agentes escolares (Professores, Gestores, Equipe Técnica, Pedagógica e de Apoio) uma revolução na melhoria da qualidade do ensino. Um dos mais fortes argumentos a favor da educação em casa é que ela provê uma educação individualizada e que a criança pode aprender de acordo com seu próprio ritmo de aprendizagem em vez de ter que aprender no ritmo de uma "maioria" da classe. Outro argumento – dos mais fortes – é o de que com a educação doméstica os pais podem passar a seus filhos os valores que realmente desejam que seus filhos tenham e não deixar que eles fiquem à mercê dos valores de professores com formação duvidosa. Enfim, eles acreditam que uma educação doméstica é, simplesmente, melhor que uma educação pública. O Professor Marins mais uma vez nos alerta, quando: Os dias atuais, de extrema mudança e competitividade, exigem que nossos objetivos pessoais e profissionais estejam bastantes claros e em total envolvimento e comprometimento com as coisas e com as causas da empresa em que trabalhamos. Há pessoas que não se envolvem e não se comprometem. Elas tem a idéia falsa e errônea de que não se envolvendo e não se comprometendo ficam isentas dos problemas. Nada mais falso! Pessoas que preferem? Morrer
  • 26. MMee DDêê MMoottiivvooss ppaarraa AApprreennddeerr HHiissttóórriiaa 25 sentadas? com medo de participar ficam à margem do caminho,nunca são promovidas e são vistas como não- comprometidas. (MARINS, 2008, p.42) É preciso refletir a escola, o aprendizado de forma sistêmica, se faz necessário intervir, participar, transformar, deixar a “zona de conforto”, culpar o outro pela baixa qualidade educacional em nosso país, por que: As pessoas de sucesso são aquelas que não têm medo de se comprometer e compreendem que o sucesso exige de nós a coragem para correr riscos, assumir compromissos e lutar por nossos objetivos. A diferença fundamental entre ganhadores e perdedores está na medida do comprometimento, do envolvimento, da participação e da capacidade de fazer e de empreender. (MARINS, 2008, p.49). Não se pode deixar de ressaltar a importância de sempre transformar nossa realidade, os agentes educacionais precisam rever conceitos, mudar posturas, aprender novos paradigmas, além de oferecer mecanismos que reconheçam atitudes e ações positivas. Para tanto o Marins (2010) ainda nos faz refletir que não basta a motivação é preciso também entusiasmo pelas coisas, onde nos fala: Permita-me apenas fazer uma observação aqui: Platão dizia que educar é ensinar o indivíduo a querer fazer o que ele deve fazer. Isso é motivar. Já “entusiasmar” é diferente. O termo vem de theos (em grego), que significa “deus”. Como os gregos eram panteístas e politeístas, usavam a palavra enthousiasmos ( ), que significa “ter um deus dentro de si”, para dizer que o indivíduo estava arrebatado pelos deuses. Eles iam então a Delfos para que, entusiasmados pela vidente, fossem capazes de fazer a colheita, apesar das adversidades do tempo, ou para que a batalha fosse vencida, apesar das forças inimigas. Ou seja, o entusiasmado acredita menos nas forças externas – nas notícias, nas opiniões alheias – e mais em si próprio, isto é, na sua capacidade de transformar a realidade. também distinto de otimismo. O otimista é reativo: “Ouvi o discurso do presidente ontem e fiquei otimista; li o jornal hoje e fiquei pessimista”. Portanto, a motivação exige entusiasmo, mas não otimismo, que é apenas uma reação a um estímulo externo. (MARINS, 2010, p. 9-10)
  • 27. MMee DDêê MMoottiivvooss ppaarraa AApprreennddeerr HHiissttóórriiaa 26 O século XXI já trouxe da segunda metade do século XX no Brasil um forte desgaste e falta de clareza nos rumos da educação brasileira, onde a escola publica é vista totalmente desacreditada pela sociedade, onde muitos alunos perderam o “brilho no olhar” para o aprendizado, já os professores por outro lado convivem com os baixos salários e as péssimas condições de trabalho. E aí? Entregar os pontos? Desistir? Ou viver uma farsa de fingir ensinar e aprender? Neste momento é preciso parar, pensar, planejar e voltar a acreditar na educação e recorrer a ajuda, ajuda por exemplo do Psicopedagogo e juntos encontrar novos motivos para não desistir da luta, pois a viva é recomeçar todos os dias e que as dificuldades como desmotivação de alunos e docentes, a indisciplina e a violência no espaço escolar sejam levadas a sério e encontrar meios que as superem. Assim o prof. Marins nos lembra: Motivação significa encontrar os motivos, isto é, as razões para que eu faça mais e melhor aquilo que é esperado de mim. Viver motivado significa viver sabendo e desejando os motivos que me façam vencer os desafios do mundo. Equipes desmotivadas pelo constante reconhecimento são capazes de realizar feitos incríveis. (MARINS, 1994, p.9). Já a professora Maria Aparecida CÓRIA-SABINI faz seu trabalho, Iniciando seus estudos a partir da evolução histórica da Psicologia do Desenvolvimento, numa ótica de concentra-se nos aspectos do desenvolvimento cognitivo, emocional e social, com referência de que a personalidade do indivíduo é consequência da interação desses três fatores. A investigação sobre o desenvolvimento humano iniciou-se pelo estudo da infância. Estimulados pelas ideias de Darwin (1809-1882) sobre a evolução das espécies e do comportamento, os pensadores passaram a ver a criança como fonte rica de informação potencial sobre a natureza humana. (CÓRIA-SABINI, 1997, p.22)
  • 28. MMee DDêê MMoottiivvooss ppaarraa AApprreennddeerr HHiissttóórriiaa 27 Ela traz a discussão que a Escola é um ambiente social ativo, onde direitos e deveres devem ser observados e alvo de reflexão quando há choques de interesses, principalmente entre as crianças a partir dos sete anos que ingressam em escolas do ensino fundamental, suas expectativas e sua socialização. Assim: Frequentar a escola de ensino fundamental representa a oportunidade de descobrir todas as coisas conhecidas pelas crianças mais velhas e pelos adultos. Aprender a ler, a escrever, a fazer contas ampliar o aparecimento de novos campos de interesse. [...] é preciso enfatizar que neste período a criança já possui grande parte das habilidades dos adultos, algumas das quais bastante especializadas. No entanto, seu desenvolvimento, de maneira geral, é mais lento e uniforme [...]. (CÓRIA-SABINI, 1997, p.75) Segue-se a historiografia da evolução dos pensamentos a cerca da Psicologia do Desenvolvimento numa interação como o aprendizado nos estudos de CÓRIA-SABINI (1997), marcada pela divisão de “idades psicobiológicas” didaticamente divididas em infância, adolescência, fase adulta e velhice. Onde a mesma afirma: No processo de desenvolvimento não há revoluções ou tempestades. As mudanças no modo pelo qual o indivíduo percebe o mundo que o cerca e a ele responde são resultantes de contínuas adaptações aos eventos físicos e sociais. [...] O desenvolvimento de um sistema de valores, que envolve o respeito aos outros e a si mesmo, é essencial para a formação do ser humano, pois não existe uma única resposta correta para as diversas situações da vida em sociedade. As escolhas são múltiplas, assim como as infinitas situações sobre as quais se deve agir, considerando as diversas possibilidades de respostas em função das diferentes instituições. (CÓRIA-SABINI, 1997, p.91-100)
  • 29. MMee DDêê MMoottiivvooss ppaarraa AApprreennddeerr HHiissttóórriiaa 28 A autora ainda defende que o desenvolvimento e por tabela o aprendizado é algo sempre retroalimentado, não apenas da criança ao adolescente, pois o “adulto [...] na sua mente, presente e passado constituem uma realidade psicológica, que é organizada a partir de diferentes sistemas de valores” (CÓRIA-SABINI, 1997,p.113). Daí a importância dos docentes sempre terem a preocupação com sua formação contínua e fazendo do seu labor, sempre uma forma de evoluir e aprender. Por fim, outro autor priorizado nesta revisão teórica é o doutor em pedagogia, Prof. Pedro MORALES VALLEJO, onde traz apontamentos sobre a relação professor-aluno (Edições Loyola, 2009). Logo chama atenção para a dimensão que envolve esse tipo de relação, tanto pessoal como profissional, passando também pela eficácia desse relacionamento. Na prática educativa, professor e aluno devem estar dispostos ao diálogo, não cabe mais ao educador uma postura inflexível, “detentor perpétuo do saber”, ele agora deve estar pautado ao dialogo, ao novo, as novas experiências é preciso ter a humildade para sempre estar aprendendo, com os mais e menos sábios do que ele, uma vez que se estar inserido no circulo do aprendizado, que é continuo e sempre retroalimentado, observando que este círculo de relacionamento exige uma relação de respeito e igualdade, como atesta o Morales: Provavelmente estamos de acordo a respeito de que os efeitos desejáveis (e indesejáveis...) nos alunos, sobretudo aqueles que vão além do mero aprendizado dos conhecimentos, dependem (ao menos em boa parte) de nossa relação com eles. (MORALES, 2009 p.29). Conforme ainda Morales (2004, p.54), “podemos ser bons professores e ao mesmo tempo diferentes, embora haja um perfil claro do bom professor, não se tratam de um perfil rígido, os próprios alunos reconhecem que seus bons professores não são todos iguais”. É preciso estabelecer uma relação no mínimo cordial e respeitadora,
  • 30. MMee DDêê MMoottiivvooss ppaarraa AApprreennddeerr HHiissttóórriiaa 29 onde os docentes e os discentes respeitem seus limites. Bem como se faz necessária a devida limpeza nos canais de comunicação, para que o dialogo seja perfeitamente compreendido e apreendido. Este relacionamento no tocante a comunicação entre o emissor e receptor e vice-versa tem dimensões diferentes para este autor, que a entende e a subdividem duas partes: A relação-comunicação pessoal: reconhecer êxitos, reforçar a autoconfiança dos alunos, manterem sempre uma atitude de cordialidade e de respeito. A orientação apropriada para o estudo e o aprendizado: criar comunicar uma estrutura que facilite o aprendizado. (MORALES, 2009, p.50) Observa-se que a pratica docente na primeira década do século XXI, houve grandes avanços, o aluno não é mais visto como uma “folha em branco”, as relações autoritárias e imperativas se modificaram, mas por outro lado, muitos docentes confundem e extrapolam uma relação de afetividade e que o profissional é considerado excelente quando ele é “bonzinho”, amável e trata bem os alunos. Nesse sentido, segundo ainda MORALES (2009), após pesquisa realizada com alunos: Emergem duas grandes categorias de traços ou condutas: alguns dizem respeito à competência do professor para ensinar, controlar a classe, outros, ao seu relacionamento com os alunos (por exemplo: é compreensivo, paciente, está disponível para ajudar etc.). (MORALES, 2009, p.31) Como se pode melhorar essa relação, que funcione de forma equilibrada? Percebe-se que realmente se trata de medidas corretas e pontuais, uma vez que cada situação envolve um determinado tipo de comportamento e assim a prudência e o bom senso entre educadores e educandos fazendo da sala de aula um dos lugares por excelência de uma relação humana enriquecedora para os atores nela envolvidos.
  • 31. MMee DDêê MMoottiivvooss ppaarraa AApprreennddeerr HHiissttóórriiaa 30 É interessante notar que a relação professor-aluno se torna mais sólida no momento que um percebe a importância do outro e constroem uma ponte de respeito, confiança e consideração mútua, dessa forma problemas podem ser superados deste que haja disposição e interesse de ambas as partes, mas nada impede que se possa recorrer a outros canais de ajuda, como a intervenção de um pedagogo, por exemplo. MORALES (2009) ressalta que relacionamos com outros “a partir da maneira que os percebemos”, ou seja, age-se com os alunos buscando formalidade e respeito, por achar que eles nos veem de maneira espontânea e informal. Mas, o docente é um formador de opinião, busca através do ensino criar uma atmosfera onde as ideias possam fluir de forma natural e que se crie condições favoráveis para que haja realmente mudanças na sociedade. E, sendo a conduta do professor, sem sombra de dúvidas, fonte de inspiração e motivação dos alunos, seu papel, sua didática, sua carisma podem despertar o entusiasmo e a motivação na classe discente, uma vez que os alunos precisam de “motivos para aprender”. A aula não pode ser vista apenas como uma simples “transmissão de palavras ao vento”, assim como uma empresa procura ouvir seus potencias clientes, a escola, o professor deve também se preocupar com seu público-alvo, o aluno, observar seus anseios, desejos, medos e dificuldade, contribuindo de forma que surta o efeito da aprendizagem. No processo de motivação, há empatia e a afetividade, se as mesmas forem conjugadas em sintonia, o aprendizado e a relação docente/discente fluirá de forma melhor e mais rentável, onde LIBÂNEO nos lembra também que o professor não transmitem apenas informações ou faz perguntas, ele também deve ouvir os alunos: Não estamos falando da afetividade do professor para com determinados alunos, nem de amor pelas crianças. A relação maternal ou paternal deve ser evitada, porque a escola não é um lar. Os alunos não são nossos sobrinhos e muito menos filhos. Na sala de aula, o professor se relaciona com o grupo de alunos. Ainda
  • 32. MMee DDêê MMoottiivvooss ppaarraa AApprreennddeerr HHiissttóórriiaa 31 que o professor necessite atender um aluno especial ou que os alunos trabalhem individualmente, a interação deve estar voltada para a atividade de todos os alunos em torno dos objetivos e do conteúdo da aula. (LIBÂNEO, 1994, p. 251) Além do mais, a educação sofre com professores e funcionários desmotivados, gestões desastrosas, recursos financeiros mal investidos ou desviados e assim, verifica-se que a escola foi banalizada e esvaziada de sentidos, de significação. Capitulo II MMEE DDÊÊ MMOOTTIIVVOOSS...... O espaço escolar é palco para que se estabeleça as relações de motivação mútua entre o educador e o educando, dessa forma se faz necessário conhecer antes e revelar qual a situação que se encontra essa relação, procurar ver no público-alvo (o aluno) que potencialidades podem ser despertadas, utilizando as devidas estratégias e meios. Não é tarefa fácil “transmitir conhecimentos” uma vez que implica em determinar a aprendizagem uma devida direção de classe que está interligada a situação de ensino. Assim administrar o aprendizado e a motivação são fatores hiperimportantes que leva corpo discente a formar, sistematizar e trazer para si determinados conhecimentos. Contudo, persiste ainda várias falácias que o “aluno aprende o que quer e na hora que estiver disposto”, devido ter que se levar em considerações as individualidades de cada aluno, pois bem, se não há uma direção, objetivos a serem alcançados, metas, para que serve a Escola? O professor? O aprendizado? Portanto, conduzir e mediar o aprendizado não significa intransigência ou ditadura do saber, alunos e
  • 33. MMee DDêê MMoottiivvooss ppaarraa AApprreennddeerr HHiissttóórriiaa 32 professores tem obrigações e papeis a desempenhar e assim cada um respeitando seu espaço e colaborando reciprocidade. Sobre as posições teóricas mencionadas anteriormente sobre motivação, pode-se concluir que: se todo motivo, veio de uma necessidade e essa necessidade gera um comportamento no individuo, logo “todo comportamento é motivado”, todavia, mesmo que não haja consenso na universalidade da ideia, fato é que não se pode negar, de que os motivos formam o aspecto propulsor no processo educacional e revela um dos pré-requisitos mais importantes no processo de aprendizagem no âmbito escolar. O Aluno, em sala de aula, muitas vezes, se depara em situações que se questiona: Me dê motivos.... para ficar nesta aula, a tolerar este professor, esta escola, estes colegas de sala que só bagunçam..., por outro lado, quase nunca ninguém socorre este aluno neste momento de tédio, pelo contrário, muitas vezes de forma arbitraria há é uma cobrança em cima desse alunos por resultados, por notas, por um bom comportamento. Das políticas publicas ao planejamento escolar, quase nunca se levou em conta o papel da motivação humana no espaço escolar, onde se possa melhorar a convivência e torne a aprendizagem e o ensino de forma mais prazerosa e divertida. É importante destacar que o professor exerce o papel de mediador, ao orientar os alunos nas atividades, entre o que espera alcançar e o que se alcançar. Além do papel de mediador, o mestre é também uma agente socializador, formador de opiniões, induz novos comportamentos e posturas e aquele que dar motivos para que os alunos possam ter uma vida melhor. Não se pode negar que parte das dificuldades da escola tem sua origem nos problemas da motivação, isto é, na tarefa de diagnosticar os interesses e necessidades dos alunos; na consideração das diferenças individuais, nesse aspecto; na organização das atividades extracurriculares; no atendimento dos casos de
  • 34. MMee DDêê MMoottiivvooss ppaarraa AApprreennddeerr HHiissttóórriiaa 33 desajustados, pela descoberta dos motivos determinantes, e, afinal, nos problemas de aprendizagem, propriamente ditos. Para tanto é essencial o uso e compreensão de técnicas motivadoras que despertem a concentração e atenção dos alunos a fim que se torne eficiente o aprendizado em classe. No entanto, a falta de motivação conduzirá a aumento de tensão emocional, problemas disciplinares, aborrecimento, fadiga e aprendizagem pouco eficiente da classe. Sabendo-se que para aprender é necessário agir e, por outro lado, que a atividade se inicia graças à atuação de um ou vários motivos, conclui-se que a educação não pode prescindir da motivação. 2.1 – A MOTIVAÇÃO A palavra motivação pode ter vários significados, mas até hoje não se tem um significado correto para esta palavra. Ela vem do latim movere e significa deslocar-se; o mover-se faz parte da semântica da expressão. Pode-se dizer também que ela descreve a força, o impulso que nos move e impele a um dado comportamento que buscará a satisfação de uma necessidade. É um processo interno, que vem de dentro para fora, e tem a ver, numa primeira análise, com interesse, vontade, desejo. Quando fala em motivação podemos pensar em vários lugares onde ela possa estar presente, como por exemplo: motivação para viajar, sair de férias, estudar, trabalhar, jogar bola, sair com os amigos, ir para uma entrevista numa empresa onde sempre quis trabalhar e etc. Pensando nesses assuntos que estão presente no nosso dia a dia, posso dizer que a motivação é um impulso que leva os indivíduos a agirem de forma específica.
  • 35. MMee DDêê MMoottiivvooss ppaarraa AApprreennddeerr HHiissttóórriiaa 34 O Ser humano na sua trajetória está sempre buscando e desejando muitas coisas, desde algo tangível, como bens materiais até algo intangível como sentimentos. A estrutura neurofisiológica dos seres humanos, as influências vividas, as relações e as percepções do mundo circundante influenciam seu comportamento e por consequente a motivação. Todavia, a simples excitação motivacional externa não é suficiente para levar a uma atitude ou ação do individuo, se faz necessária a vontade interna do sujeito. Nota-se que as necessidades ou motivos humanos não são estáticos, ao contrário, são forças dinâmicas e persistentes que provocam comportamentos. Se o comportamento for eficaz, o indivíduo encontrará a satisfação da necessidade e descarregará a tensão que ela provoca, livrando-o do desconfortável desequilíbrio. O termo motivação tem cativado ao longo dos tempos a atenção de muitos estudiosos, que tentam entender os comportamentos e as atitudes dos empregados nas organizações, para que seja possível prever e controlar os seus desempenhos. Assim, surgiram um certo número de ideias, dando origem a diferentes teorias e perspectivas de encarar a motivação no trabalho. De acordo com LASHEY E LEE-ROSS (2003, p. 93) essas “teorias podem ser separadas em dois grupos dependendo se focam a satisfação das necessidades dos indivíduos ou o processo cognitivo envolvido quando da criação de prioridades com as suas necessidades motivacionais”. As teorias procuram explicar o processo de motivação partindo do princípio de que existe uma necessidade (motivo) que desencadeia uma ação, dando-lhe direção para alcançar um objetivo. Sendo assim, o motivo pode ser considerado um constructo criado para explicar a origem dos comportamentos dirigidos para algum objetivo (WINTERSTEIN, 1992).
  • 36. MMee DDêê MMoottiivvooss ppaarraa AApprreennddeerr HHiissttóórriiaa 35 NÉRICI (1993) ainda diferencia motivação de incentivo, definindo incentivo como: o estímulo exterior que visa despertar no indivíduo vontade ou interesse para algo. Logo, a definição de motivação voltada para a educação pode incluir também o conceito de incentivo, sendo entendida como: o processo de incentivo destinado a predispor os alunos ao aprendizado e à realização de esforços para alcançarem certos objetivos. E assim, motivação seria: O processo que se desenvolve no interior do indivíduo e o impulsiona a agir, mental ou fisicamente, em função de algo. O indivíduo motivado encontra-se disposto a despender esforços para alcançar seus objetivos. (NÉRICI, 1993, p. 75). Segundo, AQUINO (1970, p.239), “a motivação é a gasolina interior para enfrentarmos os desafios. A motivação é a paixão que o indivíduo exerce uma missão, alcançando satisfação quando os objetivos são alcançados”. Partindo deste pressuposto, a motivação é a força, o impulso que nos move e direciona ao comportamento que busca a satisfação de uma determinada necessidade, por isso não podemos considerá-la como um simples impulso para as nossas ações, pois são as influências internas e externas geradas pelo consciente ou inconsciente que irão dizer isso. Motivação deriva originalmente da palavra latina movere, que significa mover. Essa origem da palavra encerra a noção de dinâmica ou de ação que é a principal tônica dessa função particular da vida psíquica. O caráter motivacional do psiquismo humano abrange, portanto os diferentes aspectos que são inerentes ao processo, por meio do qual o comportamento das pessoas pode ser ativado. (BERGAMINI, 1997, p.. 31). De acordo com FELIPPE (1999) a motivação ainda é um grande desafio para as instituições, inclusive as de ensino e cada vez mais deve ser fator de preocupação, pois é o “combustível” que nos faz funcionar. Por meio da motivação há melhoria nos processos internos, melhoria dos produtos, envolvimento e comprometimento.
  • 37. MMee DDêê MMoottiivvooss ppaarraa AApprreennddeerr HHiissttóórriiaa 36 Quando qualquer instituição realiza pesquisas de satisfação, é visível que os resultados aumentam na medida em que os envolvidos no processo são motivados de forma particular por meio do desenvolvimento de suas capacidades, do reconhecimento dos objetivos, das tarefas e de seu valor, tanto por parte da chefia como do grupo a que pertencem. LUTHANS (1998, p.161) define-a como sendo “um processo que começa com uma deficiência, necessidade física ou psicológica, que ativa um comportamento que estará direcionado para um objetivo ou incentivo”. ROLLINSON et al. (1998, p. 148) interpretam-na como o “estado que surge nos processos internos e externos aos indivíduos, no qual cada um destes percebe que é apropriado seguir um certo percurso de ação, direcionado para alcançar um resultado específico no qual a pessoa decide perseguir aquele resultado com um determinado grau de vigor e persistência”. A motivação é então, sem sombra de dúvida, responsável pela dinamização e canalização dos comportamentos humanos com o objetivo de atingir uma determinada meta e que neste contexto os estímulos servem de impulsionadores da ação humana. Assim a motivação terá um papel determinante na forma e intensidade que será empregue por um indivíduo para a realização de uma determinada tarefa. Assim sendo é de suma importância do motivar para as atividades de ensino e aprendizagem, onde tem sido reforçada por psicopedagogos, pedagogos e psicólogos, bem como o estudo sobre a importância do educador nesse processo, levando em conta também, sempre que necessário, respeitar as características individuais dos alunos.
  • 38. MMee DDêê MMoottiivvooss ppaarraa AApprreennddeerr HHiissttóórriiaa 37 22..22 –– AA AAPPRREENNDDIIZZAAGGEEMM Inicialmente, escolheu-se o conceito da Professora Amélia Hanze Castro, onde diz: Aprendizagem é um processo de mudança de comportamento obtido através da experiência construída por fatores emocionais, neurológicos, relacionais e ambientais. Aprender é o resultado da interação entre estruturas mentais e o meio ambiente. Dessa forma, uma nova abordagem na educação deve focar o professor como corresponsável do processo de aprendizagem dos alunos e assim os conhecimentos e aprendizados são constituídos e reconstituídos mutuamente e permanente. Muito já se tem escrito sobre os processos de aquisição de conhecimento, seja propondo definições do conceito de aprender, seja traçando o perfil do aprendiz à luz de algum viés teórico. No presente estudo, toma-se como referencial a definição de aprendizagem como a possibilidade de se internalizar conhecimentos e de expressá-los na prática, sob a forma de competências. Este processo é basicamente relacional, na medida em que o conhecimento nos é viabilizado pelo outro, construído na e pela relação com nosso(s) interlocutor(es), ficando na dependência de que possamos dar-lhe significado através da reflexão, agregando valor às novas experiências. Dar significado é algo mais que atribuir uma definição, é a definição somada ao componente pessoal de quem define. Existe uma incorporação do social no individual de forma complementar e interdependente. Ao se falar em aprendizagem pensa-se logo em alunos, escola e conteúdos sistematizados. Entretanto, a aprendizagem é bem mais ampla que a aquisição de conceitos escolares e está presente na vida de todos os seres humanos, o tempo todo, até o último suspiro. Aprende-se a ser filho(a), irmão(ã), pai, mãe, vizinho, amigo, empregado, patrão, profissional, sem falar nas competências específicas, como andar de bicicleta, nadar, cantar,
  • 39. MMee DDêê MMoottiivvooss ppaarraa AApprreennddeerr HHiissttóórriiaa 38 tocar um instrumento. Aprende-se adaptação e aprende-se a aprender. É comum associar a aquisição de conhecimentos intelectuais, como é o caso de conteúdos acadêmicos, somente a competências de ordem cognitiva. Entretanto, afeto e cognição são duas faces da mesma moeda e toda e qualquer aprendizagem necessita de ambos para se efetivar como competência, sobretudo quando se trata de aprendizagem não sistematizada. (PIAGET, 1975: 113) A grande diferença existente entre os animais e o homem é a capacidade de aprender, sendo esta a aptidão mais importante que o homem possui. Nos animais essa aptidão é limitada e restrita porque não transpõe as barreiras do instinto. A capacidade de aprender do ser humano, sua educabilidade, resulta, em grande parte, dessa independência relativa da inteligência e da vontade dos fatores hereditários. Entretanto este processo ainda é motivo para muitas discussões entre educadores e pensadores que tentam compreender e explicar como este processo de aprendizagem se efetua. Menciona HILGARD: ...a aprendizagem é um processo pelo qual uma atividade tem origem ou é modificada pela reação a uma situação encontrada, desde que as características de mudanças da atividade não possam ser explicadas por tendências inatas de resposta, maturação ou estados temporários do organismo. (HILGARD, 1973, p.3) Entender o processo de aprendizagem, o que ele compreende e como se manifesta na vida de um criança e até de um adulto, é relevante destacar que o processo de aprendizagem não é um fato consumado nem um processo de uma única etapa e sim um fato que acompanha a crinça em toda a sua vida, desde a mais tenra idade até o momento de sua morte. Desta forma o ser humano é caracterizado como um ser em desenvolvimento constante cujas situações vivenciadas servem de alicerce para a sua formação. Assim sendo é desde os primeiros dias da vida da criança, que acontecimentos refletem com aspectos
  • 40. MMee DDêê MMoottiivvooss ppaarraa AApprreennddeerr HHiissttóórriiaa 39 positivos ou negativos do mesmo. À medida que a criança desenvolve habilidades vai ficando notória onde é que a aprendizagem e o desenvolvimento estão deixando falhas. É preciso definir também, que aprendizagem é uma tarefa pedagógica que exige um espaço de tempo para que possa concretizar-se, ou seja, todo objeto em estudo precisa ser manipulado e compreendido em seus pormenores. Somente assim, na relação sujeito-objeto, teoria e prática será possível caracterizar o processo de aprendizagem. Como salienta VASCONCELLOS (1994, p. 63), “O aluno vai construir o conhecimento a partir do seu contato, de sua interação com a realidade....O aluno não aprende só na escola...” Segundo FREIRE (1999, p.77), “Aprender para nós é construir, reconstruir, constatar para mudar, o que não se faz sem abertura ao risco e à aventura do espírito.” Com estas declarações iniciamos dizendo que o processo de aprendizagem é como uma construção, contínua e mutável, onde requer de nós constantes adaptações para que possamos retirar deste processo o melhor e aproveitar todas as suas etapas. Conforme afirma SEVERINO: ...tudo é constituído de múltiplas partes que se relacionam entre si, a unidade é sempre resultado e resultante de uma interação e de equilíbrio das partes que interagem entre si. Ela nunca é uma massa uniforme, monolítica e homogênea de uma identidade pura. (SEVERINO, 2000, p. 85). A aprendizagem em si é um processo composto de variadas partes e etapas, a família colabora, a escola influencia e nós damos continuidade no processo no momento em que nos dispomos a continuar aprendendo. Segundo JOSÉ & COELHO (1995, p.11), “aprendizagem é o resultado da estimulação do ambiente sobre o indivíduo já maduro que se expressa diante de uma situação-
  • 41. MMee DDêê MMoottiivvooss ppaarraa AApprreennddeerr HHiissttóórriiaa 40 problema, sob a forma de mudanças de comportamento em função de experiências”. Já GAGNÉ (1974, p.03) define a aprendizagem como “...uma modificação na disposição ou na capacidade do homem, modificação essa que pode ser retida e que não pode ser simplesmente atribuída ao processo de crescimento”. Diante de tais abordagens a aprendizagem é considerada uma mudança na forma de comportamento, sendo esta decorrente do estágio de maturação de cada indivíduo. Mas é preciso mencionar que a aprendizagem deve ser entendida como comportamento no sentido mais amplo que esta palavra possa ter. O termo não se aplica somente às ditas aprendizagens escolares, que o estudante deve, através de uma prova, demonstrar que adquiriu. Aprendizagem é fenômeno do dia-a-dia, que ocorre desde o início da vida. Não é qualquer mudança comportamental, no entanto, que será considerada aprendizagem. Reserva-se termo aprendizagem àquelas mudanças provenientes de algum tipo de treinamento, como o que ocorre nas aprendizagens escolares. Treinamento supõe repetições, exercícios, prática. Em certos casos, porém, uma única ocorrência parece ser suficiente para modificar o comportamento do indivíduo. O processo de aprendizagem, desta forma, vai tornando-se cada vez mais amplo, considerando que existe uma diversidade enorme de oportunidades que nos induzem para a apropriação do saber. Na escola, por exemplo, o que acontece é a sistematização dos conteúdos com o propósito de promover a aprendizagem pelo educando.
  • 42. MMee DDêê MMoottiivvooss ppaarraa AApprreennddeerr HHiissttóórriiaa 41 A aprendizagem é algo interativo que ocorre através da pesquisa, da mobilização para o conhecimento e por meio da construção do saber através das oportunidades práticas que são desencadeadas. Sem dúvidas, a aprendizagem é resultante do esforço humano aplicado para atribuir significados nas suas relações com o mundo, o que determinará a organização destes em estruturas cognitivas. Por si a organização dos significados sofre modificações contínuas tendendo sempre para formas mais complexas e amplas, constituindo os aspectos estruturais da inteligência e caracterizando os diferentes estágios de desenvolvimento. Durante a ação da criança torna-se essencial a interação da mesma com outras crianças, permitindo a ação coletiva e dando início a formação das atitudes de cooperação e socialização, um modo prático de aprendizagem. No momento em que se fala de aprendizagem logo essa palavra se une a palavra educação, onde se vê o processo de aprendizagem sendo executado através da educação. A educação familiar, social ou educacional, estar sempre ligada a aprendizagem. E tanto o processo de educação como o processo de aprendizagem executam-se no decorrer da vida, continuamente, e no decorrer das ações que praticamos no nosso dia a dia. Desta forma se pode dizer que falar de educação é falar do cotidiano. É através dela que o ser humano se torna capaz de criar e recriar as invenções de uma cultura em uma sociedade e é a partir dela que aprende a interagir socialmente. Todavia cada povo, cada cultura apresenta um tipo de educação de acordo com o grau de desenvolvimento de um país. Por ela se formam e se transformam indivíduos.
  • 43. MMee DDêê MMoottiivvooss ppaarraa AApprreennddeerr HHiissttóórriiaa 42 De modo geral, se pode ater a educação sendo mencionada ao nível de educação escolar ou aprendizagem educacional, processo no qual torna-se fundamental uma motivação tanto de familiares, amigos, professores e principalmente dos governantes do nosso país. A educação requer mais cuidado e atenção, necessita de incentivos e de preparo para ser aplicada nas nossas crianças. Esse preparo e incentivo deve ser mantido através de particulares e principalmente do governo. O ponto básico reflete na condição de que a educação deveria ser prioridade para qualquer governo, no entanto a sua prática não condiz com o discurso, pois ela atravessa graves problemas e em especial os recursos a ela destinados que além de serem insuficientes, são mal aplicados e distribuídos, deixando muito a desejar. O Sistema Educacional Brasileiro ainda nas primeiras décadas do século XXI carrega em si inúmeros problemas, entretanto, o que chama mais atenção é o mal gerenciamento dos recursos públicos por inúmeros prefeitos e governadores que, embora recebam recursos financeiros da União, através do Ministério da Educação, não cumprem também o seu dever constitucional de repassar parte dos recursos próprios do Estado e/ou Município para compor o orçamento da Educação, causando enormes transtornos de desmotivação de pais e alunos em frequentarem uma escola pública. O ensino básico que deveria ser prioridade cada vez mais, pois como o próprio nome já diz é à base de toda a educação escolar e por vezes até da educação existencial, vem perdendo seu espaço para o ensino médio e outros setores da educação. Fato este, revelador da gravidade e da fragilidade do sistema, pois é no ensino fundamental que se constrói a base para toda a vida escolar do educando. (DAMKE, 1996, p.32).
  • 44. MMee DDêê MMoottiivvooss ppaarraa AApprreennddeerr HHiissttóórriiaa 43 As mudanças que a educação está necessitando devem partir da ação coletiva, de todos que consideram a educação uma das prioridades sociais. Faz-se necessário traçar metas e objetivos, elaborar planos, criar leis e acima de tudo cumpri-las. Deve-se ainda envolver a sociedade num grande projeto social, que venha atender ainda questões básicas como saúde, habitação e educação. É preciso priorizar a educação para assegurar a continuidade do progresso e desenvolvimento da nação, uma vez que educar é uma das tarefas mais complexas que atormenta toda uma sociedade que se diz crítica e preocupada com a formação do homem cidadão. Não se pode deixar de comentar o processo ensino- aprendizagem, pois o aprender não esta desassociada do ensino, assim, para FERNÁNDEZ (1998), as reflexões sobre o estado atual do processo ensino-aprendizagem permite identificar um movimento de ideias de diferentes correntes teóricas sobre a profundidade do binômio ensino e aprendizagem. Entre os fatores que estão provocando esse movimento se aponta as contribuições da Psicologia atual em relação à aprendizagem, que nos leva a repensar nossa prática educativa, buscando uma conceituação do processo ensino-aprendizagem. As contribuições da teoria construtivista de Piaget, sobre a construção do conhecimento e os mecanismos de influência educativa têm chamado a atenção para os processos individuais, que têm lugar em um contexto interpessoal e que procuram analisar como os alunos aprendem, estabelecendo uma estreita relação com os processos de ensino em que estão conectados. (FERNÁNDEZ, 1998). “Os mecanismos de influência educativa têm um lugar no processo de ensino-aprendizagem, como um processo onde não se centra atenção em um dos aspectos que o compreendem, mas em todos os envolvidos.” (DALBEN, 1997). Se for feita uma analise sobre a situação atual da prática educativa nas escolas logo se identifica problemas como: a grande ênfase dada a memorização, pouca
  • 45. MMee DDêê MMoottiivvooss ppaarraa AApprreennddeerr HHiissttóórriiaa 44 preocupação com o desenvolvimento de habilidades para reflexão crítica e auto-crítica dos conhecimento que aprende; as ações ainda são centradas nos professores que determinam o quê e como deve ser aprendido e a separação entre educação e instrução. A solução para tais problemas está no aprofundamento de como os educandos aprendem e como o processo de ensinar pode conduzir à aprendizagem. O processo de ensino-aprendizagem tem sido historicamente caracterizado de formas diferentes, que vão desde a ênfase no papel do professor como transmissor de conhecimento, até as concepções atuais que concebem o processo de ensino-aprendizagem com um todo integrado que destaca o papel do educando. Nesse último enfoque, considera-se a integração do cognitivo e do afetivo, do instrutivo e do educativo como requisitos psicológicos e pedagógicos essenciais. A concepção defendida aqui, é que o processo de ensino- aprendizagem é uma integração dialética entre o instrutivo e o educativo que tem como propósito essencial contribuir para a formação integral da personalidade do aluno. O instrutivo é um processo de formar homens capazes e inteligentes. Entendendo por homem inteligente quando, diante de uma situação problema ele seja capaz de enfrentar e resolver os problemas, de buscar soluções para resolver as situações. Ele tem que desenvolver sua inteligência e isso só será possível se ele for formado mediante a utilização de atividades lógicas. O educativo se logra com a formação de valores, sentimentos que identificam o homem como ser social, compreendendo o desenvolvimento de convicções, vontade e outros elementos da esfera volitiva e afetiva que junto com a cognitiva permitem falar de um processo de ensino-aprendizagem que tem por fim a formação multilateral da personalidade do homem.
  • 46. MMee DDêê MMoottiivvooss ppaarraa AApprreennddeerr HHiissttóórriiaa 45 A eficácia do processo de ensino-aprendizagem está na resposta em que este dá à apropriação dos conhecimentos, ao desenvolvimento intelectual e físico do estudante, à formação de sentimentos, qualidades e valores, que alcancem os objetivos gerais e específicos propostos em cada nível de ensino de diferentes instituições,conduzindo a uma posição transformadora, que promova as ações coletivas, a solidariedade e o viver em comunidade. A concepção de que o processo de ensino-aprendizagem é uma unidade dialética entre a instrução e a educação está associada à ideia de que igual característica existe entre ensinar e aprender. Esta relação nos remete a uma concepção de que o processo de ensino- aprendizagem tem uma estrutura e um funcionamento sistêmico, isto é, está composto por elementos estreitamente inter-relacionados. VIGOTSKI (2000) nos diz que todo ato educativo obedece a determinados fins e propósitos de desenvolvimento social e econômico e em consequência responde a determinados interesses sociais, sustentam-se em uma filosofia da educação, adere a concepções epistemológicas específicas, leva em conta os interesses institucionais e, depende, em grande parte, das características, interesses e possibilidades dos sujeitos participantes, alunos, professores, comunidades escolares e demais fatores do processo. Todas estas influências exercem sua ação inclusive nos pequenos atos que ocorrem na sala de aula, ainda que não sejam conscientes. Ao selecionar algum destes componentes para aprofundar deve-se levar em conta a unidade, os vínculos e os nexos com os outros componentes. O componente é uma propriedade ou atributo de um sistema que o caracteriza; não é uma parte do sistema e sim uma propriedade do mesmo, uma propriedade do processo docente-educativo como um todo. Identificamos como componente do processo de ensino- aprendizagem:
  • 47. MMee DDêê MMoottiivvooss ppaarraa AApprreennddeerr HHiissttóórriiaa 46 Aluno deve responder a pergunta: "quem? Professor elemento que é determinado a partir da necessidade do aprendiz. Objetivo deve responder a pergunta: "Para que ensinar?" Conteúdo deve responder a pergunta: "O que aprender?" Métodos deve responder a pergunta: "Como desenvolver o processo?" Recursos deve responder a pergunta: "Com o quê? " Avaliação deve responder a pergunta: “o quê? Para quê?” Observa-se ainda que, o item Avaliação - é o elemento regulador, sua realização oferece informação sobre a qualidade do processo de ensino aprendizagem, sobre a efetividade dos outros componentes e das necessidades de ajuste, modificações que o sistema deve usufruir. Segundo LITTO (1996), duas abordagens da avaliação escolar vêm se contrapondo com muita freqüência nesta década: uma que insiste em definir o sucesso ou fracasso do aluno no processo ensino- aprendizagem e outra que considera que a avaliação incide sobre todo o processo de ensino-aprendizagem. A educação formal, predominante na maioria de nossas escolas tem sido baseada na transmissão de conhecimentos historicamente acumulados, no ensino baseado em exercícios repetitivos que levam a um adestramento em técnicas e habilidades, privilegiando assim a primeira abordagem. “A adoção de uma nova postura educacional, a busca de um paradigma da educação tem substituído no processo ensino- aprendizagem, uma relação obsoleta de causa e efeito para um modelo que enfatiza o exercício de investigação e construção de conhecimento.” (LITTO, 1996: 111)
  • 48. MMee DDêê MMoottiivvooss ppaarraa AApprreennddeerr HHiissttóórriiaa 47 A nossa prática e estudos relacionados ao processo de avaliação do processo ensino-aprendizagem tem apontado contradições nesse processo. A interação do sujeito com o mundo social acontece de fora para dentro, isto é , o professor é o agente que exerce sua ação sobre o aluno, orienta sua prática segundo uma concepção de ensino caracterizado pela transmissão de algo externo, pela instrução de objetivos e de conteúdos específicos. Esse conteúdo é o centro do processo educativo. Ele está "sobre" os sujeitos que ensinam e aprendem. Os educadores, em nome da apreensão do conhecimento, exercem uma pressão sobre os alunos. O problema está na relação descontextualizada dos conteúdos escolares que devem ser assimilados e admitidos como pronto e acabados, deixando de possuir a dimensão de um produto histórico e social. Assim, os alunos vão ficando à margem da história, sem a oportunidade de desenvolver o seu raciocínio crítico e sua criatividade. Para D’AMBRÓSIO (1999, p.89), "aprendizagem é a aquisição de capacidades de explicar, de apreender e compreender, de enfrentar criticamente, situações novas. Não é o mero domínio de técnicas, habilidades e muito menos de memorização de algumas explicações." O grande erro de muitas escolas tem sido de avaliar habilidades cognitivas fora do contexto cultural, desconhecendo que a capacidade cognitiva é própria de cada indivíduo. Cada indivíduo organiza seu processo intelectual ao longo de sua trajetória de vida. Para se compatibilizar as organizações intelectuais dos indivíduos com o objetivo de criar comportamentos socialmente aceitáveis, não é necessário eliminar a autenticidade e a individualidade de cada um no processo. O grande desafio da educação é o de ser capaz de interpretar as capacidades e a própria ação cognitiva na forma linear, estável e contínua que caracterizam as práticas educacionais atuais. D’AMBRÓSIO (1999), propõe ainda, o reconhecimento de que o indivíduo é um todo integral e integrado e
  • 49. MMee DDêê MMoottiivvooss ppaarraa AApprreennddeerr HHiissttóórriiaa 48 que suas práticas cognitivas e organizativas não são desvinculadas do contexto histórico no qual o processo se dá, contexto esse em permanente evolução. O mesmo conhecimento que está na escola para ser produzido é ao mesmo tempo tratado como conhecimento objeto, que faz com que o aluno esqueça que ele é um sujeito histórico, produtor de cultura e fator fundamental para a estruturação dos vínculos, sentidos e significados de sua relação no mundo, com a sociedade da qual faz parte. Para LITTO (1996), o atual sistema educacional é um espelho do sistema de produção industrial em massa, no qual as crianças passam de uma série a outra, numa sequência de matérias padronizadas como se fosse uma linha de montagem industrial. Os fatos são despejados em suas cabeças. Crianças com maior capacidade de absorção de fatos e comportamentos mais submissos são colocados na trilha mais veloz, enquanto outras são colocadas na trilha de velocidade mediana. "Produtos defeituosos" são tirados da linha de montagem e devolvidos para conserto. A estrutura rígida da escola dificulta essa visão, uma vez que insiste na organização seriada, determinada por tempos bem definidos e subdividindo as disciplinas em conteúdos escolares, prestigiando o caráter cumulativo do processo. Nesta ótica, o processo avaliativo não está a serviço do processo ensino-aprendizagem, mas de um fator externo proveniente das relações existente na sociedade. A segunda abordagem da avaliação escolar se apoia na necessidade de estabelecer vínculos significativos entre as experiências de vida dos alunos, os conteúdos oferecidos pela escola e as exigências da sociedade, estabelecendo também relações
  • 50. MMee DDêê MMoottiivvooss ppaarraa AApprreennddeerr HHiissttóórriiaa 49 necessárias para compreensão da realidade social em que vive e para mobilização em direção a novas aprendizagens com sentido concreto. A avaliação como tradicionalmente tem sido usada na escola mediante testes e exames dizem muito pouco sobre aprendizagem. Na verdade os alunos passam por testes para os quais são treinados. A avaliação tem tudo a ver com a filosofia de educação que orienta a prática educativa. É interessante notar que o fenômeno aprendizagem é reconhecido em todas as espécies e está relacionado diretamente à busca da sobrevivência. As três características da avaliação são:  QQuuee éé?? É um fato pedagógico;  PPoorr qquuêê?? Para verificar progresso;  PPaarraa qquuêê?? Para, se necessário, aplicar métodos alternativos para atingir progressos. Ao afirmar que a avaliação é um fato pedagógico, reconhece- se que ela está ligada a todo um processo que se desenvolve continuamente, e não pode ser feita com instrumentos externos dados ao professor, tais como provas e testes. De acordo ainda D’Ambrósio (1999) não há testes que respondam "ao que o aluno deve saber nessa idade ou nesta etapa de escolaridade". Cada aluno é um indivíduo com estilos próprios de aprendizagem. Quando se afirma que pela avaliação se verifica continuamente o progresso da aprendizagem reconhece-se que este se manifesta na capacidade que o aluno tem de, quando desejar ou necessitar, enfrentar uma nova situação. Não no que o aluno é capaz de repetir, através de memorização ou de uma verdadeira "musculação" cerebral. “Progresso significa capacidade de realizar tarefas envolvendo crescente grau de sofisticação.” (LITTO, 1996:206).
  • 51. MMee DDêê MMoottiivvooss ppaarraa AApprreennddeerr HHiissttóórriiaa 50 O professor dever ter oportunidade e capacidade de decidir o que é mais adequado fazer se a classe não estiver progredindo adequadamente. Desta forma, a avaliação mediadora ganha destaque dentro de um paradigma que tem como objetivo promover a aprendizagem, mediação que significa movimento, provocação, mediação em direção a. A avaliação mediadora é aquela que não está no término de um período das tarefas dos alunos, no término de um período escolar, mas numa ação educativa do professor, de reflexão teórica e de ação educativa provocativa entre uma e outra tarefa do aluno. Onde está a ação avaliativa do professor? Ela deve partir da atividade do aluno, ela é o ponto de partida para análise da produção. O professor deve analisar a atitude do aluno diante da atividade, analisar o resultado apresentado, refletir teoricamente e, através de sua ação como professor, provocar, desafiar a descobrir melhores soluções para aquelas hipóteses que ele vem construindo gradativamente. É a mediação entre o conhecimento inicial e o saber enriquecido, através da ação, da provocação e do desafio. Cabe ressaltar também que o processo de aprendizagem é próprio de cada individuo, fruto da construção e das experiências passadas que influenciam as aprendizagens futuras. Portanto a aprendizagem numa perspectiva cognitivo-construtivista é como uma construção pessoal resultante de um processo experimental, interior à pessoa e que se manifesta por uma modificação de comportamento. Ao aprender, o aluno soma aos conhecimentos que já possui novos conhecimentos, fazendo ligações e inter-ligações entre os mesmos. E durante sua jornada educativa se ver na possibilidade de adquirir e construir uma estrutura cognitiva clara, estável e organizada de forma adequada, tendo a vantagem de poder consolidar conhecimentos novos, complementares e relacionados de alguma forma. Não se pode fugir do foco principal da aprendizagem que é o de levar ao aluno com um certo estágio a um determinado nível de
  • 52. MMee DDêê MMoottiivvooss ppaarraa AApprreennddeerr HHiissttóórriiaa 51 aprendizagem final e ao se verificar o retorno (feedback) desse processo nota-se que houve progresso e aquilo que fora transmitido surtiu efeito no aprendizado do aluno quando o mesmo internalizou, correlacionou e o ulilizou no seu fazer diário. O grande desafio ao educadores é fornecer situações interativas que consigam despertar no aluno a devida motivação, atenção, interesse para interagir com aquilo que esta sendo transmitido. Pois, mesmo que a aprendizagem se processe na intimidade do aprendendo, há de se verificar que o caminho para a construção do saber se dá pela diversidade e pela qualidade das interações. A aprendizagem é algo complexo e que envolve aspectos cognitivos, emocionais, orgânicos, psicossociais e culturais. É resultante do desenvolvimento de aptidões e de conhecimentos, bem como da transferência destes para novas situações, onde cada sujeito, aprende a sua maneira, ritmo e modo. Pode-se considerar que a aprendizagem acontece por um processo cognitivo imbuído de afetividade, relação e motivação. Consequentemente, para aprender é imprescindível “poder” fazê-lo, o que faz referência às capacidades, aos conhecimentos, às estratégias e às destrezas necessárias, para isso é necessário “querer” fazê-lo, ter a disposição, a intenção e a motivação suficientes. Embora exista vários estudos sobre a aprendizagem e o ensino, cabe ainda uma atenção especial sobre os fatores e dificuldades que interferem na aprendizagem e as ideias atualmente em vigor no Brasil a respeito das dificuldades de aprendizagem escolar têm uma história. Para entender o modo de pensar as coisas referentes à escolaridade vigente entre nós precisamos entender o modo dominante de pensá-las que se instituiu em países do Leste europeu e da América do Norte durante o século XIX.
  • 53. MMee DDêê MMoottiivvooss ppaarraa AApprreennddeerr HHiissttóórriiaa 52 Partindo do modo materialista histórico de pensar esta relação é que afirmamos a necessidade de conhecer, pelo menos em seus aspectos fundamentais, a realidade social na qual se engendrou uma determinada versão sobre as diferenças de rendimento escolar existente entre crianças de diferentes origens sociais. É inevitável o encontro com o advento das sociedades industriais capitalistas, dos sistemas nacionais de ensino e das ciências humanas especialmente da psicologia, para encaminharmos uma reflexão a respeito da natureza das concepções dominantes sobre o Fracasso Escolar numa sociedade de classes. O século XIX é filho legítimo da dupla revolução que se deu na Europa Ocidental no final do século XVIII: a revolução política francesa (1789 – 1792) e a revolução industrial inglesa. Ambas vêm coroar o surgimento de relações de produção inéditas na historia. Segundo HOBSBAWM (1982), a grande revolução de 1789- 1848 foi o triunfo não da indústria como tal, mas da indústria capitalista; não da liberdade e da igualdade em geral, mas da classe média ou da sociedade burguesa liberal; não da economia moderna ou da sociedade ou do estado moderno mas das economias e estados em uma determinada região geográfica do mundo (parte da Europa e alguns trechos da América do Norte). A passagem do modo de produção feudal para o modo de produção capitalista não se fez sem grandes convulsões sociais, que culminaram no período de 1789 – 1848; em termos sociais e políticos, o advento do capitalismo mudou a face do mundo até o final do século XIX praticamente varreu da face da terra a monarquia como regime político dominante, destituiu a nobreza e o clero do poder econômico e político, inviabilizou a relação servo-senhor feudal enquanto relação de produção dominante, empurrou grandes contingentes das populações rurais para os centros industriais, gerou os grandes centros urbanos com seus contrastes, veio coroar o processo de constituição dos estados nacionais modernos e engendrou uma nova classe