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ISTORIA
DO M-ooERN t·SMO
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EM ALAGQ.:AS1 , • " ':::i
(1922~1932)
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Moacir Medeiros de Sant'Ana
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HISTORIA DO MODERNISMO
EM ALAGOAS
(1922 - 1932)
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1 ~ J Editora da Universidade Federal de Alagoas
. MI Maceió - 1980
SANT'ANA, Moacir Medeiros de. História do Mo-
S223h dernismo em Alagoas (1922-1932) Maceió,
EDUFAL, 1980. 228 p. il.
Inclui bibliografia.
1. Literatura brasileira - Século 20 - }tfo.
dernismo literário - Alagoas. I. Título.
CDU - 869.0(813.5) .091 "1922"
CDD - 869.4(813) (09) "12"
DO AUT
Livros e opúsculos
Os estudos históricos e os arquivo1 em
A imprensa oficial em Alagoas. Maceió,
Pequena história da Biblioteca Pública
O historiador Melo Moraes (Ensaio b
Uma associação centenária (Associaçio
1966. ..
Benedito Silva e sua época (Biografia
goas) Maceió. 1966.
Contributçáo à história do açúcar ena
gues Júnior. Recife, Instituto do
Açúcar, 1970.
O patrimônio cultural de uma velha
ceió, 1970.
Graciliano Ramos (Achegas biobíbU
O uGuimarães Passos": História de am
Documentário do Moderni!mo <AlagoU:
Aspectos históricos da mata alagocnl&.
Série Viabilidade Municipal, 71 Não
História do Modernismo em Alagoas
Colaboração em obras coletivas
~os arquivos em Alagoas". In: Anaú
Si-Centenário da Transferência do
Rio de Janeiro, 1967.
•Antecedentes do Poder Leglslati•o em
Poder Legislativo no Brcuil e em
CAROATA, José Próspero Jeová da Sll
1964.
MACIEL. Pedro Nolasco. Traços e
quente. Mace1ó, 1964.
, Moacir Medeiros de. História do Mo_
em Alagoas (1922-1932) Maceió,
'AL, 1980. 228 p. il.
bibliografia.
eratura brasileira - Século 20 - Mo-
literário - Alagoas. I. Título.
CDU - 869.0(813.5) .091 "1922"
CDD - 869.4(813) (09) "12"
DO AUTOR
Livros e opúsculos
Os estudos históricos e os arquivos em Alagocu. Maceió, 1962.
A tmprensa oficial em Alagoas. Maceió, 1962.
Pequena histórta da Biblioteca Pública Estadual. Maceió, 1965.
O historiador Melo Moraes <Ensaio bioblbllográfico) Maceió, 1966.
Uma associação centenária (Associação Comercial de Maceió) Maceió,
1966.
Benedito Silva e sua época (Biografia do compositor do Hino d.e Ala-
goas) Maceió. 1966.
Contribuição à história do açúcar em Alagoas. Pref. de Manuel Dié-
gues .Júnior. Recife, Instituto do Açúcar e do Alcool - Museu do
Açúcar, 1970.
O patrtmônto cultural de uma velha cidade (Marechal Deodoro) Ma-
ceió, 1970.
Gracmano Ramos (Achegas biobibllográficas) Maceió, 1973.
O "Guimarães Passos": História de um Grêmio. Maceió, 1977.
Documentário do Modernismo (Alagoas: 1922-31) Maceió, 1978.
Aspectos h'!st6ricos da mata alagoana. Maceió, FIPLAN; FIAM, 1978.
Série Viabilidade Municipal, 7J Não consta assinatura!.
História do Modernismo em Alagoa& (1922-1932) Maceió, 1980.
Colaboração em obras coletivas
·oa arquivos em Alagoas". In: Anais do Congresso Comemorativo do
Si-Centenário da Transferência do Governo do Brasil, 1963. v. IV,
Rio de Janeiro, 1967.
•Antecedentes do Poder Legislativo em Alagoas". In: Instituição do
Pod~r Legislativo no Brasil e em Alagoas. Maceió, 1976.
Prefácios, introduções e coordenações
CAROATA, José Próspero Jeová da Silva. Crônica do Penedo. Macetó,
19M.
MACIEL, Pedro Nolasco. Traços e troças (Crônica vermelha) Leitura
quente. Macelô, Ul64.
LlMA J'ONIOR, Félix. J'ortific~ões históricas de Maceió. Maceió, 1966.
-- Recordações da velha Maceió. Maceió, 1966.
COSTA, Craveiro. A emancipação das Alagoas. Maceió, 1967.
GOULART, Ranulfo. Guimarães Passos. 2. ed. Maceió. 1967.
RUBENS, Carlos. Um mestre da pintura brasileira (Biografia de Rosal-
vo Ribeiro> 2. ed. Maceió, 1967.
MAYA PEDROSA. Alfredo de Maya e 1eu tempo. Maceió, 1969.
SANT'ANA, Moaclr Medeiros de. Corg.) Documentos para a história da
Independência. Recife (Maceió) Comisaão EXecutlva dos Festejos
do Sesquicentenário da Independência do Brasil <Alagoas) ; Insti-
tuto Hlstórlco e Geográfico de Alagoas, 1972 la assinatura ocorre
na introdução!
TORRES. Luiz B. A terra de Tilixi e Txiliá: Palmeira dos 1ndios dos
séculos XVIII e XIX. 1 Maceió, 19751.
SANT'ANA, Moacir Medeiros de. Corg.> Tavares Ba&tos <Visto por ala-
goanos) Maceió, 1975.
LIMA J'ONIOR, Félix. Maceió de outrora. 19 v. Maceió, 1975 (orelha).
MACIEL, Pedro Nolasco. A filha do Barão. 2. ed. Maceió, 1975. !Intro-
dução sob o titulo: O romance e a novela em Alagoas!.
SANT"ANA, Moacir Medeiros de. (org.) Instituição d" Poder Legisla-
tivo no Brasil e em Alagoas. Maceió, 1976.
MJ!:RO, Ernanl o. Uma casa de misericórdia 1 Santa Casa de Miseri-
córdia de Penedo 1 Maceió, 1979.
Anotações (obras anotadas)
ALTAVILA, .Jayme de. História da civilização das Alagoas. 4. ed. rev.,
acresc. e atualizada. Notas de Moacir Medeiros de Sant'Ana. Ma-
ceió, 1964; 7. ed. Maceió, 1978.
CAROATA, .José Próspero Jeová da Silva. Crônica do Penedo. 2. ed.
Anotada por Moacir Medeiros de Sant'Ana. Maceió, 1964.
VII - Página de escândalo (..
Mendonça Braga.
VIII - A princesa que amava
ral, poesia, por Carlos
IX - Lucrécia, poesia, por
X - Pilão deitado (capítulo
Maciel Filho. {li•)
De 16 de março de 1925 é o últ"
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A 9 de agosto de 1930, notícia
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a não resistira à dispersão de três d
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a se formar quatro anos depois.
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lautóricas de Maceió. Maceiô, 1966.
. Maceió, 1966.
deu Alagoas. Maceió, 1967.
PU808. 2. ed. Maceió. 1967.
páitura brasileira (Biografia de Rosal-
1187.
Mqa e seu tempo. Maceió, 1969.
. (org.> Documentos para a história da
ó> Comi&sáo Executiva dos Festejos
dência do BrasU (Alagoas) ; Instl-
de Alagoas, 1972 la assinatura ocorre
f'flUi e Txiliá: Palmeira dos índios dos
.ó, 19751.
(org.> Tavares Bastos (Visto por ala-
fk outrora. 19 v. Maceió, 19'75 <orelha).
do Bar4o. 2. ed. Maceió, 19'15. Intro-
e a novela em Alagoas!.
de. <org.> lnstttuição do Poder Legtsla-
11.aceló, 1976.
múericórdta
1
Santa Casa de Miserl-
1979.
da ctvtlfzaçcío das Alagoas. 4. ed. rev.•
de Moaclr Medeiros de Sant'Ana. Ma-
IS'll.
da Sllva. Crônica do Penedo. 2. ed.
de Sant'Ana. Maceió, 1964.
VII - Página de escândalo ("Página à la Garçonne11
) por
Mendonça Braga.
VIU - A princesa que amava os espelhos, prosa e Pasto-
ral, poesia, por Carlos Paurílio.
lX - Lucrécia, poesia, por Renato Cardoso.
X - Pilão deitado (capítulo de novela), por Joaquim
Maciel Filho. (11ª)
De 16 de março de 1925 é o último informe conhecido acer-
ca da Academia dos Dez Unidos. Nesse dia, o do Centenário do
Nascimento de Camilo Castelo Branco, aquela instituição reali·
mu sessão especial sobre a efeméride, quando o Presidente João
Palmeira fez o elogio do escritor português. (12 )
A 9 de agosto de 1930, notícia sobre a Academia "Guima-
iu Passos", estampada em periódico maceioense, referiu-se ao
desaparecimento da Academia dos Dez Unidos, esclarecendo que
ela não resistira à dispersão de três de seus elementos, "que se
ioram, uns para aperfeiçoamento dos seus estudos e outros para
a luta da vida". (13 )
Esses acadêmicos, segundo aquela notícia, teriam sido os
p citados José da Costa Aguiar, Agnelo Rodrigues de Melo e
Astério Machado de Melo.
José da Costa Aguiar foi o primeiro a se retirar, quando
em 12 de março de 1924, a bordo do "Itapura", transferiu-se
para Recife, a fim de ingressar na Faculdade de Direito, onde
Tiria a se formar quatro anos depois, em 1928 .
Agnelo Rodrigues de Melo (Judas Isgorogota), a 17 de ou·
tubro daquele mesmo ano de 1924 seguiu no "Itapuca", para o
Rio de Janeiro, de onde depois se transferiu para São Paulo,
onde faleceu a 10 de janeiro do corrente ano de 1979 .
Então já enfeixara cm volume, sob o titulo Caretas (Maceió,
Oficinas da Livraria Machado, 1922), sob o pseudônimo de Ju.
das Isgorogota e prefácio de Jorge de Lima, sonetos bumorís·
tiros inicialmente divulgados através do periódico humorístico
O Bacurau, da capital alagoana, a partir de 1Q de abril do men·
la) Publlcldo em Fon·Fon, R!o de Janeiro, 16 jan. 1926. p . '74-76.
l2) JA. 18 mar. 1925, p. 1, Camlllo Caatelo Br1mco e os "Dez Unidos".
n) S. O a30. 1930, Acrulem1a Guimarães .Passos. p. 3
23
didata a uma das cadeiras, acréscendo ainda a informação âe
que em novembro seria lançada uma revista do Cenâculo. (1
)
A candidata era Yolanda Mendonça, normalista ainda, da
Escola Normal de Maceió, eleita na sessão de 3 desse mês de
agosto, para a cadeira que tinha Adriano Jorge como patrono.
A revista, entretanto, jamais apareceu.
Nessa mesma reunião foi também eleito Nilo Costa, para a
cadeira cujo patrono era José Avelino Silva.
Dias depois, a 15, na sociedade "Perseverança'', saudado por
lIendonça Júnior e Arnaldo de Farias, empossou-se Salustiano
Eusébio de Barros.
Já a 5 de setembro Yolanda Mendonça participou de reunião
literária. ao lado de Mendonça Júnior, Lavenere Machado e Eu-
sébio de Barros, mas somente tornou posse a 24 de outubro, quan-
do foi recebida por Mário Brandão, em sessão realizada na "Per-
severança".
Segundo Valdemar Cavalcanti, foi ela "a primeira moça que,
desprezando os preconceitos vãos do nosso meio, toma a cora-
gem de enfrentar os apodos que surgirão. pela temerária em·
presa". (2 )
Candidatando-se Emílio de Maya e João Câncio às cadeiras
que tinham Luiz Mascarenhas e Costa Leite como patronos, a 7
de outubro foram eleitos.
A primeira reunião da sociedade. no ano de 1927, verifi·
cou-se a 6 de março.
Realizada no Colégio 15 de Março, às 19 horas, contou com
a presença dos sócios Mendonça Júnior, presidente; Lavenere
Machado. vice-presidente; Jackson Bolivar, 19 secretãrio, Mário,
Brandão e Eusébio de Barros. Nessa reunião o último dos men-
cionados sócios foi eleito tesoureiro, ficando igualmente decidido
fazer-se uma romaria ao túmulo do jornalista Faustino da Sil-
veira, no 30Q dia de seu falecimento, ocorrido a 10 de fevereiro
daquele ano de 1927. tendo sido escolhido Mendonça Júnior
para orador da solenidade.
Noticiário de jornal participou a realização de sessão do Ce-
náculo no dia 13 de agosto, "às 19 horas, em sua sede temporã·
ria, à rua Fernandes de Barros, n9 13". (3)
(l) J/t., 1 ago. 1926, p.1
12) V.e. Vllldemar Cnvr.lcnntll Chronlqucta. S, 26 out. 1926, p.l
(3) JA, 13 ago 1927, p.1
26
Nova diretoria foi eleita em 1
Lavenê~e Machado; secretário, Carl
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a -1 de maio de 1928 Mendonça Jú
Du.rval, patrono de sua cadeira.
A 10 de junho, Carlos Paurilio
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Quando decidiu fazer o elogio p
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Assim é que Valdemar Cavalcan
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ismo. que (era) virtude essenci
co nosso meio". (4)
,.ornalista anônimo, em O Seme
.. Cavalcanti, também sócio do
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3 desse mês de
e como patrono.
Nilo Costa, para a
em-
verifi-
Nova diretoria foi eleita em 19 de novembro: Presidente,
Lavenere Machado; secretário, Carlos Silva (Carlos Paurilio) e
tesoureiro, Eusébio de Barros. Saudado por Arnaldo de Farias,
a 27 de maio de 1928 Mendonça Júnior fez o elogio de Ciridião
Durval, patrono de sua cadeira.
A 10 de junho, Carlos Paurílio, que fora eleito a 3 de se-
tembro do ano anterior, tomou posse da cadeira cujo patrono
era o poeta Clóvís de Holanda, sendo recebido por Lavenere Ma-
chado.
Quando decidiu fazer o elogio público de seu patrono. poe-
ta da velha escola, consagrado pelo seu soneto "Amor materno",
("Isaura, a mais cruel de todas as perdidas, / Entre os braços
de Fausto, o mísero rapaz") Mendonça Júnior jã andava às vol-
tas com o Modernismo.
Assim é que Valdemar Cavalcanti, sob o pseudônimo Armê-
nio, escrevendo a propósito daquele elogio, estranhava que seu
autor , tão moderno, pensasse em "imortalizar-se'', academízan-
do-se no Cenáculo Alagoano de Letras, para finalmente enaltecer
suas qualidades intelectuais e destacar "sua esquivança ao ca-
botinismo. que (era) virtude essencial em certos intelectuais da-
qui do nosso meio". (4)
Jornalista anônimo. em O Semeador - provavelmente Val-
dema r Cavalcanti, também sócio do Cenãculo - , noticiando a
r:olenidade do dia 27 de maio, realizada no Instituto de Belas Ar-
trs " Rosalvo Ribeiro", asseverou que nela Mendonça Júnior "chi-
coteou rijamente os velhos moldes da velha literatura. Fustigou,
valentemente, os velhos literatos de moldes velhos, ( ... ) ora
fazendo rir o auditório, com frases de efeito, cheias de graça e
irreverência. ora irritando-o com o escândalo elegante de seus
paradoxos". (s)
Já A República, ao noticiar a mesma solenidade, asseverou:
"0 orador, que é apaixonado pela nova forma ãe literatura, zur-
ziu com relhadas argentiguminosas as chapas da velha arte, num
estilo de fino humorismo que fez a assistência rir". (6 )
Foi ao fazer o aludido elogio de Ciridião Durval. aue Men-
clonça Júnior propôs a realização de uma Semana de Arte Mo-
derna. em Alagoas. nos moldes da realizada em São Paulo, em
fevereiro de 1922.
(4) ARM!:NIO. pseud. de Valdemar Cavalca.ntl. Uma Afirmaclln. S. 26 maio 1928, p . 1
<.~l s. 28 maio Hl?R. n. l. Uma Fc-;t~ de Arte: Ccnlr•tlo A111=ano de Letras.
f6) R. 30 maio 1928, p. 2, Uma resta de arte no Cená<::ulo Allgoano de Letraa.
27
O pintor Lourenço Peixoto logo adenu à idéia oferecendo
o salão de seu Instituto de Belas Artes para as solemdades, com-
prometendo-se ainda a fazer uma exposição.
A idéia contou também com a adesão de Carlos Paurílio.
Mário Brandão e Valdemar Cavalcanti.
O fato dos quatro jovens intelectuais pertenceram ao Cená-
culo Alagoano de Letras faz com que muita gente presuma que
a Festa da Arte Nova, a nossa "Semana de Arte Moderna de um
dia só", teria sido promovida por aquela agremiação literária.
A correspondência que, pela sua importância. a seguir vem
integralmente transcrita, a princípio estampada em O Semea-
dor, esclarece completamente o assunto. Visava retificar noti-
cia divulgada por aquele periódico, a 2 de junho, de que a parte
literária da Festa seria patrocinada pelo Cenáculo.
28
Maceió, 8 jun. 1928.
Revdmo. Snr. Diretor de O Semeador
Nesta.
Havendo a imprensa desta capjtal, inclusive o
órgão sob a vossa orientação, noticiado que a Festa da
Arte Nova, a realizar-se no próximo dia 17, teria uma
parte literária dirigida pelo Ce11.áculo Alagoano de Le-
tras, apresso-me em peáir-vos uma retificação dessa
notícia, o que muito agradecerei.
Efetivamente estão incumbiàos da organização da
parte literária quatro cenaculistas dos mais prezados
em nosso grêmio. Entretanto, Carlos Paurilio, Val·
demar Cavalcanti. Mário Brandão e Mendonça Júnior
lerão seus trabalhos modernistas. - e não críticas
ofensivas - sem a responsabilidade do grêmio de que
fazem parte.
Esclareço-vos também que o Cenáculo é uma so-
ciedade de moços que não reconhece diferenças de
escolas ou de idéias, reunindo em seu conjunto não
só passadistas conscientes como também modernis-
tas extremados. - coisa que lhe não acontece somen-
te, pois a própria Academia JAlagoana de Letras! pos-
sui membros de relevo que formam ao lado dos par-
tidários da renovação estética.
de opi
sem a
remem
que lhe
rismo v
Sou,,
muito a
Pr
O convite da
atestando influên
texto impresso em
IN
à Av
(7) s. 9 jun. 1928. p.
Concedendo aos seus componentes a liberdade
de opinião em assuntos literários, fica a sociedade
sem a responsabilidade da,s idéias que eles expende·
rem em suas sessões, procurando, todavia, sempre
que lhe for possível, evitar que excessos de partida·
rismo venham a ferir a susceptibilidade de terceiros.
Sou, com a maior consideração, vosso amigo
muito atento.
ass. Lavenere Machado
Presidente do Cenáculo Alagoano de Letras. (7 )
O convite da Festa da Arte Nova, em formato de losango,
atestando influência dos vanguardistas de São Paulo, teve o
texto impresso em letras verdes:
Junho
17
Domingo
1928 - Realizar-se-á
no
INSTITUTO ROSALVO RIBEffiO
à Avenida Presidente Bernardes, nQ 362
a
FESTA DA ARTE NOVA
Convidam V. Excia. e Família:
Lourenço Peixoto, Mendonça Júnior.
(7) S. 9 Jun. 1928, p. l
Valdemar Cavalcanti,
Mário Brandão,
Carlos Paurilio
*
29
A decoração das paredes, a cargo de pintores locais, e a
ornamentação, com flores naturais, do salão do Instituto de Be-
las Artes "Rosalvo Ribeiro", in~talado em wbrado ainda hoje
existente na atual avenida Moreira Lima, esquina com a rua Cin·
cinato Pinto, apresentava-se em tonalidade verde e amarela.
Adaptado à ocasião, lá se achava afixado o dístico utilizado
no ano de 1922. em São Paulo, na Semana de Arte Moderna, dita-
do por Mendonça Júnior:
A FESTA DA ARTE NOVA É UM ZÉ-PEREIRA CANA·
LHA PARA DAR UMA VAIA DEFINITIVA NOS DEU-
SES DO PARNASO. . . (8)
Adolescente ainda, sob um dos vários pseudônimos que ado·
tou, em artigo de 1928, Valdemar Cavalcanti anunciou aquela
festividade:
Um bando de jovens, dos que representam o cspí·
rito inquieto da nossa mocidade, vão tentar, aqui, no
meio provinciano, tão cheio de pudores e de academis-
mo, realizar a Festa da Arte Nova.
Serã uma festa original. Linda e bizarra, como
uma cantiga de Jorge de Lima.
... ... ... ... .. . ... . . . . .. ... .. . . .. . .. ...
Uma festa de inteligência, de ~ónoridade. de in·
quietude... (9 )
O Programa da Festa da Arte Nova foi divulgado pelos seus
promotores, inclusive através do Jornal de Alagoas, de onde ex·
traímos seu texto, aqui fielmente transcrito:
PROGRAMA
Às 16 horas
Abertura da exposição de quadros modernos fa-
lando Mendonça Junior sobre O incêndio do Olimpo 6
os símbolos de nossa raça.
18) RAMJI,, rM!rom11, de Raul Llma. CommentR.rios. JA, 19 )un. 1928. p, 3
(9) ARM. IAB.MtNTO, p~eud. de Valdemar ea.valcantll A Pezta. da Arte Nova. 15,
2 j un. 1928. p. 1
30
Faremos. aqui•
grama da Hora da
íntegra.
Presidida por
então bacharelando
grantes da desapa
curso de abcrtura
ali se apresentava e
cado como sinônimo
A leitura da
no Programa. foi
derno "Agua de a
tanto assim que não
Lima, publicadas
O beliscão, de
(Rio de .Taneiro, 1
Jornal de Alagoas,
(10) JA. 17 Jun 1123.. p.
pintores locais, e a
do lnstituto de Be-
robrado ainda hoje
[Ui.na com a rua Cin-
verde e amarela.
tt-PEREIRA CANA-
mvA NOS DEU-
1ep1"eeentam o espí·
9io tentar, aqui, no
Wores e de academis-
e bizarra, como
fÕnoridade. de in·
divulgado pelos seus
Alag<>a8, de onde ex·
..._ modemos fa-
...... do Olimpo é
As 19,30 horas
Hora da Arte Nova
1 - Carta de Jorge de Lima a Carlos Paurilio sobre
a Arte Nova Brasileira
2 - Jayme de Altavila - A velha casa colonial
3 - Mário Brandão - O beliscão
4 - Mendonça Júnior - Ritmos bárbaros
5 - José Lins do Rego_- Idéias novas
6 - Carlos Paurílio - 3 poemetos
7 - Valdemar Cavalcanti - Literatura Moderna e
Arte Nova
8 - Emílio de Maya - Versos modernos
E depois?
DANÇAS
Abrilhantarão à festa o Jazz-Band dos Meninos,
executando um lindo programa de charlestons, tangos
e fox-trots. (1º)
•
Faremos, aqui, alguns esclarecimentos e acréscimos ao Pro-
grama da Hora da Arte Nova, que não chegou a ser cumprido na
íntegra.
Presidida por Da Costa Aguiar - José da Costa Aguiar-,
então bacharelando de Direito em Recife, um dos antigos inte-
grantes da desaparecida Academia dos Dez Unidos, em seu dis-
curso de abertura estabeleceu a diferença entre a literatura que
ali se apresentava e o Futurismo de Marinetti, por ele classifi-
c:ido como sinônimo de absurdo.
A leitura da carta do poetã de "Essa Negra Fulô", referida
no Programa, foi precedida da declamação de seu poema mo·
derno "Agua de açude". cujo texto talvez não se haja conservado,
tanto assim que não foi incluído nas Obras completas de Jorge de
Lima, publicadas pela Editora Aguilar, em 1959.
O beliscão, de autoria do contista de Almas do outro mundo
(Rio de raneiro, 1931), era um conto regional, estampado no
Jornal de Alagoas, dias após, a 24 de junho.
(10) JA. 17 jun. 1928, p. 6. Festa da Arte Nova
31
Os "Ritmos bárbaros", versos modernos, de Mendonça Jú-
nior, tinham o sertão como cenário.
Quanto aos versos de Emílio de Maya, da mesma escola, mas
de conotações regionalistas, intitulavam-se "~teu Brasil do Nor·
deste" e, como aconteceu aos de Mendonça Júnior. rlcles não se
guardou o texto.
Desconhecem-se, igualmente, os títulos dos poemetos apre-
rnntados por Carlos Paurílio.
Jaime de Altavila - esclarece noticiário de A República -,
"que devia ler "A velha casa colonial", deixou de fazê lo por ter
chegado atrasado, não podendo assim romper a muralha humana
que se interpunha entre a porta e a mesa das sessões". (11)
Esse poema, não divulgado na imprensa da época, em 1949
foi incluído pelo autor, na sua obra Canto nativo, editada em
Maceió.
.José Lins do Rego não compareceu, nem o noticiário da im·
prensa explicou o motivo da ausêncta.
Valdemal' Cavalcanti, em 1950, traçando o perfil de Carlos
Paurilio, falecido nove anos antes, a 30 de dezembro de 1941, ao
afirmar que o poeta e contista maceToense fora um dos organiza-
dores da Festa da Arte Nova, "uma ruidosa e caricatural manifes-
tação modernista, de que ainda hoje se guarda memória em Ma-
ceió", <1sscgurou que Paurílio "assinou, por esse tempo um ma-
nifesto, aos intelectuais paulistas". (12 )
A respeito desse documento literário nenhuma outra refe-
rência conseguimos.
Não seria ele a carta a que Menotti del Picchia alude na cor-
respondência publicada na revista Maracanan, a 6 de junho de
1928 dirigida a grupo de intelectuais alagoanos? e provável.
O poema "A noite africana", que acompanhou a referida
correspondência do poeta paulista. abaixo transcrita, que não
chegou a tempo de ser lida na Festa da Arte Nova, foi publicado
na primeira página do Jornal de Alagóas, a 15 de julho. sob
a apígrafe "Versos inéditos de Menotti del Picchia", com a obser-
vação de que "foram especialmente enviados para os promoto-
res da Festa da Arte Nova" e. estampado, debaixo da epígrafe
(11) R UI .hm. 1928. r. 2. A Festa. da Arte Nova
(12) OAVALCANTI, Vn.ldeinnr. Per!ll de urn poeta.. JA. 31 dez. 195-0, 2.0 c11.d.. p, 2
32
s
Cabe, aqui, eh
também enderecada
i>abemos. não foi u
plicando-se sua incl
o presidente do e
saiu "a rapaziada a
, de MC'ndonça Jú·
mesma escola, mas
eu Brasil do Nor·
únior. deles não se
s poemetos apre·
de A República-,
de fazê-lo por ter
a muralha humana
sessões". {11)
da época, em 1949
.ativo, editada em
• Mticiário da im·
• fll"fll de Carlos
1 D G de 1941, ao
- dos organiza-
ltaritataral manifes-
1De1116ria em Ma·
tempo. um ma·
• ' HQ outra refe-
alude na cor·
a 6 de junho de
" t provável.
nhou a referida
scrita. que não
ooo, foi publicado
15 de julho. sob
hia". com a obser-
para os promoto·
baixo da epígrafe
da. Ul!IO, 2.0 Clld.• p. 2
"Saudades da Festa da Arte Nova", no número único do por-
tu.·voz dos modernistas de Alagoas, a revista Maracanan, surgida
em Maceió, no mês de setembro daquele mesmo ano.
Meus caros confrades Carlos Paurílio, Lavenerc
Machado, Lourenço Peixoto, Valdemar Cavalcanti, Mã-
rio Brandão e Mendonça Júnior.
Recebi vossa linda carta e nela o trepidante an-
seio de descobrir a nudez magnífica e tropical da nos-
sa terra e da sua alma . É a revolução das consciênci'ls
novas, definindo a Consciência Nova da Pâtria.
Que seja decisiva a reação e rasgue todos os
caminhos. Dê ao "brasileiro que pensa" a sua íunção
legítima de intervir mais intimamente nos nossos des-
tinos de povo organizado, sem parar num lirismo he·
róico. mas transmudando-o em heroísmo lírico. A hora
da chamada para essa missão na posse dos genuínos
valores e patriotismos. que não falte nenhum soldado
da geração nova. E que cada soldado seja uma legião.
Aí vão as provas de uma poesia do novo livro no
prelo: Repúbiica dos E. E. U. U. do Brasil; creio que
essa se presta para ser recitada.
Vosso
MENOTTI DEL PICCHIA
S. Paulo VI - VI - MCMXXVJH (13 J
Cabe, aqui, chamar atenção para o fato daquela carta vir
tnmbém endereçada a Zeferino Lavenêre Machado que. como
r.abemos. não foi um dos promotores da Festa da Arte Nova, ex·
plicando-se sua inclusão entre os destinatários pelos fato de ser
o presidente do Cenáculo Alagoano de Letras, de cujo quadro
saiu "a rapaziada atrevida que fez aquela Festa".
113) MARACANAN; Maceió. 1(l): get. 1928
33
3 . UMA FESTA COM MUITO COLORIDO
Antônio Bento, em trabalho acerca da pintura na Semana
de Arte Moderna, de 1922, ao discorrer a respeito da obra e das
exatas tendências dos artistas que expuseram naquela Semana,
afirmou que um deles, Yan de Almeida Prado (J.F. de Almeida
Prado), "confessou ter participado da mostra com o propósito
deliberado de gozação, o mesmo tendo ocorrido com Ferrignac"
(Ignácio da Costa Ferreira - 1892-1958), para finalmente con-
cluir que, dos oito expositores, apenas três projetaram-se na bis·
tória artística brasileira: Anita Malfatti, Di Cavalcanti e Vicente
do Rego Monteiro. (1)
O ilustrador Antônio Paim Vieira, parceiro nos desenhos ex-
postos por Yan de Almeida Prado, na mostra de 22, ratificou as
palavras deste, ao afirmar: "Entramos dentro daquele movi-
mento com espírito de gozação", acrescentando que "mal (sabia)
que o verdadeiro espírito da eseola era realmente o sense of
humour". (2)
Não diríamos que em Alagoas pensaram em gozação os pin-
tores participantes da nossa Semana de Arte Moderna. uma
semana de um dia só. Todavia, a Festa da Arte Nova não deixou
de ser, para usar as próprias palavras escritas tantos anos de-
pois. por um de seus organizadores, "uma ruidosa e caricatural
manifestação modernista", para a qual muitos artistas pinta-
ram "moderno" pela primeira vez.
Valdemar Cavalcanti, sob as iniciais V.C., comentando a
realização daquela festividade, escreveu artigo a que deu o títu-
lo A gostosa pateada dos modernos.
Nele asseverou que a Festa da Arte Nova fora a primeira
vaia dos novos às coisas acadêmicas, afirmando mais que aque-
les ("deveriam ), antes de tudo, fazer escândalo. Revolucionar
(1) BENTO. Antônio. Semana de 22: pintura. Cultura, 'Brasllla, 2(5): 31. jan./
mar. 1972
(2) VIEIRA, Pa1m. apud 'BARDI, P.M. O Modernismo no Bra~ll. São Paulo. 1978, p. 28
34
o meio. Domá-lo
algazarra das
opinião acerca
arf
Po
plãgio
demos
tureza
Essa não se
de 1927, quando.
a saudação de Ja
derna. segundo
asseverou que "
Em matéria
Arte Nova, sob o
moço, publicada
signado que ha ·
PeL~oto, Messias
Santana e José
res". (S)
(3)
14)
ts)
Isa a primeira
_.que aque-
h' ' llnolucionar
51: 31. Jan./
o meio. Domá-lo com a gritaria fantástica dos verbos novos e á
algazarra das cores espalhafatosas)•, emitindo, finalmente, sua
opinião acerca de Arte:
Na Arte, faremos o combate à Arte indolente dos
artistas velhos...
Queremos a Arte cheia de nervos. De traços elé·
tricos e tintas ululantes. . . (A ousadia das linhas e
das nuanças) .
Ansiamos pela Arte·que traga, para ruborizar as
gentes passadistas, o malabarismo abracadabrante das
cores...
Arte que viva na alma sonora do pensamento
musculoso dos Artistas.
Pois os velhos Artistas faziam, na sua Arte, um
plágio indecoroso à natureza idiota; os artistas mo·
demos fazem agora esta Arte Nova, que a mesma na-
tureza já começa, vergonhosamente, a plagiar...
A Arte Nova traz, para o desvairamento dos Ar-
tistas, as ânsias doidas e os loucos ideais da Beleza
Impossível!
Na Arte gritaremos, desesperadamente, os gri-
tos bárbaros do escândalo ... (3)
Essa não seria a opinião de Jorge Lima, emitida em julho
de 1927, quando, em banquete em sua homenagem, respondendo
a saudação de Jayme de Altavilla, que continha crítica à arte mo·
derna. segundo esse, "de linhas retas e estátuas deformadas",
asseverou que "biague nunca foi arte". (4)
Em matéria não assinada, a propósito da aludida Festa da
Arte Nova, sob o título O magnífico sucesso do pensamento
moço, publicada por órgão da imprensa maceioense, vem con·
signado que haviam sido expostas telas modernas de Lourenço
Peixoto, Messias de Melo, Luiz Silva, Eurico Maciel, Zaluar de
Santana e José Menezes, artistas que fizeram a "Festa das Co.
res". (5 }
(3) V.O. 'Valdemar Cavalcantll A gostosa pe.teada dos modernos (Lembrando a
Festa da .Arte Nova) R. 20 Jun. 1928, p.l
(4) LIMA. Jorge de. Um discurso de Jorge de Lima. JA. 10 Jul. 1927, p. l
(5) JA, 20 Jun. 1928, p, 4
35
Foram 26 os quadros expostos no Instituto de Belas Artes
'·Rosalvo Ribeiro". Todavia, nem todos eram de estilo moderno.
'l'al é o caso das telas de dois dos seis expositores, José Mene·
zes e Zaluar de Santana, que não chegaram a apresentar ne·
nhuma tendência modernista.
Assim é que Valdemar Cavalcanti. ao tecer comentârios em
tomo daquela exposição artística, sobre o primeiro asseverou
que sua única tela exposta, "Pudor", apresentava uma certa mo.
notonia nas tintas em que trabalhou", (6 ) afirmando que o se-
gundo era "pintor ainda cheinho de passadismo", pois ainda
não se convertera à Arte Nova. (7)
Dos aludidos expositores, apenas um. Lourenço Peixoto, tra·
vara antes contato com a pintura moderna, fato ocorrido no fim
do ano de 1927, quando "apresentou umas coisas muito novas,
que alguém chamou de charadas novíssimas". {8 )
Dai haver Valdemar Cavalcanti iniciado seus comentários
sobre os participantes da chamada "Festa das Cores", com a
afirmativa de que Lourenço Peixoto foi "o inventor do moder.
nismo na arte, em Alagoas". (9 )
Aquele que "teve a coragem de botar nas suas telas o ah-e·
vimento dos traços e as cores espalhafatosas". (1°) expôs "Co-
rista", "Negra Fulô" e "Almocreve".
"Corista", na opinião de Valdemar Cavalcanti o melhor dos
quadros expostos, segundo Goano de Cena não era uma crbi;ã')
cubista, como alguém apregoou, esclarecendo. finalmente. que
"a tela obedeceu a um jogo de ângulos verdadeiramente admi·
râvel". (11 ) Ou, conforme o mencionado Valdemar Cavalcanti,
"um jogo de ângulos e losangos que (punha) uma nota de ori
ginalidade no conjunto". (12 )
Eurico Maciel fez duas decorações destinadas ao salão do
aludido Instituto de Belas Artes e expôs oito quadros: ..C:tsa de
Pescadores", "Ao entardecer", "Estrada", "Morada deserta",
"Recanto azul", "No frevo", "Interrompido" e ''Ora essa!", os
três últimos detentores da "beleza comunicativa da policromia
borboleteada". (13 ) Curiosamente, porém, o interesse do crítico
C6) V.e. Valdemar Cavalcantll Na Festa da Arte Nova. R 23 Jun. 11128
(71 IDEM, Ibidem. R. 20 jun. 19?.8. p.3.
(8) IDEM, Ibidem, R. 02 jul. 1928, p. 1
(9) IDEM. Ibidem
(lO) IDEM, Ibidem
(11) OENA, Ooano de. Fe~ta da Arte Nova. JA. 16 jun. 1928.
!12) V.e. !Vllldemar cavalcanttl Tr. cit., R, 2 jul. 1928 n 1
(13) IDEM. Ibidem. R. 22 jun. 1928, p. 3
36
Valdemar Cav
"Morada dese
do sentimento,
José .Men
já nos report
Luiz Silva
nhando", todas
em evidência.
Sobre a p
quadro modem
das, mas não
valcanti". (14)
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res escandalo
Luiz Silva " (co
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pando de orgu
das". (IS)
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quadros: "Flor
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Zaluar de
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(14)
(lJI)
(16)
1171
1181
de Belas Artes
* estilo moderno.
tr M r-. José Mene·
a apresentar ne·
.. 21 um
--
Valdemar Cavalcanti inclinou-se para uma tela desse artista,
"Morada deserta", cujo estilo o impressionou, pela "delicadeza
do sentimento, e a emoção do colorido leve".
José Menezes apresentou o quadro "Pudor'', acerca do qual
já nos reportamos, e três decorações.
Luiz Silva expôs três telas: "Mamãezinha", "txtase" e "So-
nhando", todas seguindo os ditames da nova corrente estética
em evidência.
Sobre a primeira delas Valdemar Cavalcanti disse ser "urn
quad10 moderno, de um sentimento singular, (de) linhas agu-
das, mas não (chegavam) à brutalidade espantosa de Oi Ca·
valcanti". (14 )
Contrastando com o modernismo dos quadros, onde predo-
minavam "certa violência de traços fundos e selvageria de co-
res escandalosas", na decoração que pintou para o aludido salão
Luiz Silva ''(contrariou) as idéias modernas de suas telas, que
(trescalavam) cheiros virgens de Arte Nova", representando
"mulheres em posições clássicas de quem lê em voz alta e im-
pando de orgulho, as estrofes portuguesíssimas dos Lusía-
das". (15 )
Messias de Melo, muito jovem ainda, compareceu com cinco
quadros: "Flor de lotus", "Altar", "Romance'', "Chapéu verme-
lho" e "Confidência".
Segundo Valdemar Cavalcanti, foi o primeiro desses qua-
dros, depois de "Corista", de Lourenço Peixoto, o melhor da
exposição dos modernos. (1ª)
Além das telas Messias apresentou caricaturas, uma de Car-
los Paurilio e outra de Valdemar Cavalcanti.
Quanto à parte da decoração a seu cargo, nela se vislum·
brou a influênda da arte de J. Carlos. (17)
Zaluar de Santana, de cujo estilo artístico jã transcrevemos
opinião crítica, expôs seis quadros: "Velho gameleiro", "Estrada
de Petrópolis", "Rua Dr. Angelo Neto'', "Lábios de carmim",
"ldílio" e "Bananas'', natureza morta. (18)
(14) V.e . IVe.ldem&r Cave.lcantl 1 Na Festa de Arte Nova. R, 20 Jun. 1928. p .4
(15) IDEM. Ibidem
06) IDEM. Ibidem. R, 27 Jun. 1928, p. l
'17) TOEM. Ibidem
118) rDP:M. Ibidem. R, 23 Jun. 1928
37
Vale finalmente registrar que os integrantes daquela mos·
tra, após sua realização, excetuando Lourenço Peixoto e Luiz
Silva, não se afastaram dos velhos cânones artísticos. O primei-
ro chegou a fazer outras incursões ao modernismo. O outro, só
recentemente voltou a pintar em estilo moderno.
O promotor dessas festividades, o Cenáculo Alagoano de
Letras não deve ter chegado ao mês de abril de 1929, tanto
que a partir desse mês, quase todos os seus mais destacados
membros ingressaram no Grêmio LiteráTio "Guimarães Passos".
Começou com Carlos Paurflio, que foi eleito e tomou posse
a 13 desse mês e ano; a 27 seguinte, Gilberto Blaser foi igual-
mente eleito, ocorrendo o mesmo com Mendonça Júnior, em 25
de maio, e com Lavenere Machado, que àquele Grêmio já per-
t<>ncia em 9 de agosto do referido ano de 1929.
38
~ O "GlJI~
A 14 de dezem
gava José Lins do
exercer as funções
"Lembro-me
costeletas, - assim
guir complementa •
crever artigos assi
Viera de Minas
a fim de ocupar a
Anteriormente,
formara-se em 1923
manário fundado
raíba em 1924, ond
Na figura de J
definitivamente em
gava a Alagoas um
deste, e fadado a
telect~ais alagoanos
(1)
4 O "GUIMARÃES PASSOS" E O MODERNISMO
A 14 de dezembro de 1926, a bordo do vapor "Parâ", che·
gava José Lins do Rego (1901·1957), à capital alagoana, para
exercer as funções de fiscal de bancos.
"Lembro-me bem: fiscal de bancos, de bengala, monóculo e
costeletas, - assim o descreve Valdemar Cavalcanti, que a se-
guir complementa - chegara ele a Maceió, e se pusera a es·
crevcr artigos assinados no Jornal de Alagoas. (1)
Viera de Minas Gerais, para onde seguira no ano anterior,
a fim de ocupar a Promotoria Pública de Manhuaçu.
Anteriormente, em Recife, em cuja Faculdade de Direito
formara-se em 1923, colaborara inclusive em D. Casmurro, se·
manário fundado por Osório Borba, transferindo-se para a Pa-
raíba em 1924, onde se casaria a 21 de setembro.
Na figura de J.9~~ Lins do _B.ego - que de Maceió só sairiª
definitivamente em l93S,-pâfa residir no R!9 de Janeiro, che·
gava a Alagoas um adepto do Movimento Regionalista do Nor-
deste, e fadado a influenciar profundamente alguns jovens in-
telectuais alagoanos.
Acerca da permanência, em Maceió, do romancista parai·
bano, depõe Aloísio Branco:
Pode-se dizer, sem adulação, que em José Lins
do Rego teve Alagoas o seu mais interessante hós·
pede literário. Aquele que nos preferiu deixar idéias
em vez das relíquias de caligrafia deixadas pelo sr.
Júlio Dantas (que esteve em Maceió em agosto de
1923) nas suas impressões de caixeiro-viajante re-
quintado. Ê o escritor paraibano um hóspede de quem
se tem vontade de se esconder as malas para não
vê-lo nunca partir... (2 )
(1) CAVALCANTI, V&ldeme.r. "José Llns, cronista". ln: --. Jornal llt'1lirlo. Rio
de Janeiro, 1960, p. 237
(2~ BRANCO. Aloyslo. José Lins do Rego. JA. 17 Jul. 1928. p. 1
39
..
Aurélio :Buarque de Holanda, um dos sócios do Grêmio Li.
terário i<Güi1narães Passos'', em depoimento acerca da já men·
cíonada iniluência, asseverou que José Lins. inicialmente crí·
tico e ensaísta, "contribuiu largamente para que todos - prin·
cipalmente os mais moços - compreendêssemos o modernismo
e aceitássemos a poesia moderna". t3
)
Entre os que em Alagoas foram influenciados pelo futuro
romancista de IYlenfrw de engenho, escrito em ~aceió, certa·
mente se acha Jorge de Lima (1893·1953), "Príncipe dos Poe·
tas Alagoanos" desde 1921, de idade superior aos da geração
mais nova de intelectuàis da província: em 1927, :Manuel Dié·
gues Júnior, Valdemar Cavalcanti e Carlos J. Duarte, com 15
anos de idade; Raul Lima e Arnon de Mello, 16 anos; Aurélio
Buarque de Holanda, 17 anos; Aristeu Bulbões e Lave~ere Ma·
chado, 18 anos; Mendonça Júnior, 19 anos, para mencionarmos
apenas estes.
Arnon _de Mello é outro gremista a se referir à asoondên·
eia litefâria de José Lins sobre Jorge de Lima, ao contar, em
página cbistosa, como soubera que "o admirador de Bilace Afrâ·
niõ Peixoto, o apurado Jorge de Lima, de sonetos perfeitamente
rimados e metrificados, passara-se de armas e bagagens para os
bárbaros do modernismo( ... ) , influenciado por um infame fis-
cal de bancos, de costeletas e monóculo, que em má hora sur·
gira em Maceió - o paraibano José Lins do Rego..." (
4
)
Por sua vez - adianta Arnon de Mello -, ao expressar
Jorge de Lima seu lirismo, de maneira original e independente,
que lhe dava "mais pureza e mais força criadora, assegurou a
conversão dos meninos do "Guimarães Passos". (5
)
A respeito da influência do autor de "Bangüê" sobre alguns
jovens alagoanos, é o trecho do discurso com que o poeta res-
pondeu a outro, proferido por Jayme de Altavila, em jantar rea·
lizado em Maceió, na sede do Clube de Regatas Brasil, a 11 de
setembro de 1929:
Aqui me chamaram de demolidor, de futurista,
de chefe de certa igrejinha em que oficiam um bando
de meninos que eu perverti. Não é verdade.
(3) PEREZ. Renard. "Auréllo Buarque de ~olanda". ln: - . Escrttore~ brasllel·
ros contemporâneos, 1ª série 2ª ed. Rio de Janeiro, 19'70. p .?2
(4) MELLO. Arnon de. Jorge de Lima.•TA, 28 Jnl. 1951, 1>. 4
(:>) IDEM, Ibidem.
40
a _adesào de J
<:om a publicação
cuja composição
Rio de Janeiro.
foram impressas,
exemplares desse
do Rego e 1lanoel
Dois meses d
adolescente ain
dência, na antiga
cindo, no bairro
marães Passos".
Sua primeira
do Presidente:
reto Falcão; 19
cretário: Raul
Era a coo
visava a "desen
que será o futuro
dador a 24 do
a história dos
cujos primeiros
tal do Arquivo
de outubro de 1
fundadores p
Felino Masc·"--11
""'
Salustiano l'.'n·~íd
( li)
'i)
IDCIOS do Grêmio Li.-
acerca da já men-
JD.iciatmente crí·
que todos - prin-
• ' it!IJS o modernismo
"""-iados pelo futuro
em Maceió, certa·
• •Principe dos Poe·
aos da geração
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J. Duarte, com 15
16 anos; Aurélio
e Lavenére Ma·
para mencionarmos
o -. ao expressar
inal e independente,
· dora, assegurou a
s". (5)
angüê" sobre alguns
om que o poeta res-
tavila, em jantar rea·
gatas Brasil, a 11 de
olidor, de futurista,
ue oficiam um bando
é verdade.
~ --. E~rltores brasUel-
anelro, 1970. p.72
1, p . •
O que há em mim e nesses meninos que apren-
deram a pensar por si, a se dirigirem por si mesmos,
a abrirem caminho na vida, sem mim, sem chefes,
sem escola, é esta verdade que eles descobriram: que
é melhor pensar errado em Maceió do que certíssimo
na terra dos outros. (6 )
A adesão. daJo.rge de..Lima...ao.Modernismo ocorreu em 1927,
com a publicação de seu poema O mundo do menino impossível,
cuja composição gráfica terminou a 10 de junho daquele ano, no
Rio de Janeiro, em tipografia da rua D. Petronila, nQ 9, onde
foram impressos, numa edição fora do comércio, apenas 300
exemplares desse poema dedicado a Gilberto Freyre, José Lins
do Rego e Manoel Bandeira.
Dois meses depois, a 9 de agosto, Manuel Diégues Júnior,
adolescente ainda, aos 15 anos de idade, em sua própria resi·
dência, na antiga rua do Araçá, nc:> 171, atual Epaminondas Gra·
cindo. no bairro da Pajuçara, fundou o Grêmi-0 Literário "Gui-
marães Passos".
Sua primeira diretoria, eleita a 22 de outubro, compunha-se
do Presidente: Manuel Diégues Júnior; Vice-presidente: Bar·
reto Falcão; 1~ Secretário: Aurélio Buarque de Holanda; 2Q Se·
cretário: Raul Lima; Tesoureiro: Abelard de França.
Era a concretização de um sonho, há muito acalentado, que
visava a "desenvolver a inteligência da gente moça, essa gente
que será o futuro do Barsil", confessou eufórico seu jovem fun-
dador a 24 do mês seguinte, em revista recifense, onde narrou
a história dos passos inic!ais daquela agremiação literária, (7)
cujos primeiros estatutos, hoje pertencentes ao acervo documen-
tal do Arquivo Público de Alagoas, foram aprovados no dia 18
de outubro de 1927, com os votos favoráveis dos seis gremistas
fundadores presentes à reunião: Aurélio Buarque de Holanda.
Felino Mascarenhas, Manuel Diégues Júnior, Paul.o Malta Filho,
Salustiano Eusébio de Barros e Valdemar Cavalcanti.
Cada uma das cadeiras do Grêmio tinha como patrono um
alagoano ilustre, a começar do que lhe emprestou o nome, Gui-
marães Passos, seguindo-se-lhe Aristeu de Andrade, Bráulio Ca·
valcanti, Cassiano de Albuqúerque, Ciridião Durval, Clóvis de
C6) LIMA. Jorge de. Discurso em jal)t:lr renllzado a 11 set. 1929. JA, 13 aet. 1929,
p , l
I"/) Dll'OTJES JONlOR JManuel Dlé!We>' Júniorl História de um grêmlo. A PUh6-
rla, Recife, 7 (313) 24 set. 1927
41
Holanda, Diégues Júnior, Elísio de Carvalho, Franco Jatubá,
Luiz de Mascarenhas, Sabino Romariz e Sebastião de Abreu.
Em sessão de 16 de julho de 1928 o número de cadeiras
foi aumentado para 15, cujos patronos eram Tavares Bastos,
Melo Moraes e Moreira e Silva.
Designados os sócios Abelard de França e Arnon de Mello
para elaborarem novos Estatutos, em sessão do dia 25 de março
de 1929, o número de cadeiras foi aumentado posteriormente
para 19, tendo como patronos Demócrito Gracinda. Correia de
Oliveira, Leite e Oiticica e cônego Machado de Melo.
Raul Lima, ao narrar fatos ligados ao início da vida do Grê-
mio do qual foi um dos sócios fundadores, asseverou que a jo-
vem intelectualidade dele participante "não repudiara ainda os
valores que começariam a ser atacados em nome de novas e
mais autênticas concepções de arte", para a seguir arrematar:
Lembro-me afnda da emoção com que foi rece·
bida, e passou de mão em mão, a carta de Coelho
Neto, em caligrafia impecável e inconfundivel, de
agradecimento pela notícia da fundação do nosso pe-
queno Clube. (8 )
De Coelho Neto, tão verberado pelos modernistas, eleito
"Príncipe dos Prosadores Brasileiros", em concurso promovido
pela revista carioca O Malho, em 1928 os integrantes daquele
Grêmio receberiam outra carta.
Conhecido o resultado, que na província foi objeto de crí·
tica de parte de José Lins do Rego, em artigo estampado na
imprensa local, (9) por proposta de Abelard de França foi a
ele (Coelho Neto) enviado ofício de congratulação, assinado pelos
gremistas residentes em Maceió: Manuel Diégues Júnior. Abe·
lard de França, Raul Lima, Francisco Marroquim Souza, Arnon
de Mello e Eusébio de Barros. (10)
A citada correspondência de· Coelho Neto vem igualmente
publicada, sob a epigrafe "Uma carta do Príncipe dos Prosado·
res", na seção Notas e Factos do Jornal de Alagoas, de 11 de
maio de 1928, citado:
(8) LIMA, Raul. Presença de Alagoas. Maceió, 1967, p. 138
(9) REOO, José Llns do. O prlnclpe dos prosadores. JA, 17 abr. 1928, p. 3
(10) JA, 11 maio 1928. p . 3, Notas e Factos
42
limo. Sr.
Agra
"Grêmio"
peridade
viva semp
o nome d
dias de
dades.
Muitos dos jove
fiéis à escola literá ·
1909), o primeiro
de Letras, .depois ev
correntes literárias:
compreenderam a fo
Jorge de Lima, enq
dos pelas imagens do
se acabara com a p ·
Carlos J. Duarte.
fense, de Paulo Mal
Passos", nos dá uma ·
mistas:
Paulo
mundo co
do uns ai
nando "
tro Alves,
lizando "e
Escrevendo
longo para
de Maceió.
ll) ROcHA Tadeu. lll
, Franco Jatubá,
·.ão de Abreu.
e Arnon de Mello
do dia 25 de março
tado posteriormente
racindo, Correia de
o de Melo.
icio da vida do Grê·
asseverou que a jo·
repudiara ainda os
nome de novas e
a seguir arrematar:
com que foi rece-
' a carta de Coelho
e inconfundível, de
ndação do nosso pe·
modernistas, eleito
concurso promovido
integrantes daquele
ia foi objeto de crí·
artigo estampado na
lard de França foi a
lação, assinado pelos
Diégues Júnior. Abe·
oquim Souza, Arnon
~eto vem igualmente
ríncipe dos Prosado-
e Alagoas, de 11 de
138
A. 17 abr. 1928, p. 3
Ilmo. Sr. Diégues Júnior, M.D. Presidente do Grêmio
Literário "Guimarães Passos".
Agradecendo, do íntimo do coração, o ofício do
"Grêmio" a que V.S. preside, faço votos pela pros-
peridade do mesmo, para que, ao calor da mocidade,
viva sempre em glória na terra que .ele tanto honra,
o nome do poeta d'Os simples, meu companheiro nos
dias de ouro e hoje uma das minhas grandes sau-
dades.
Patrício
COELHO NETTO
Muitos dos jovens integrantes daquele grêmio, a princípio
fiéis à escola literária de seu patrono, Guimarães Passos (1867-
1909), o primeiro alagoano a ingressar na Academia Brasileira
de Letras, depois evoluiram, paulatinamente aderindo às novas
correntes literárias: "Os moços - assinalou Tadeu Rocha -
compreenderam a força telúrica e a mensagem espiritual de
Jorge de Lima, enquanto os mais velhos continuavam embala-
dos pelas imagens do Parnaso, correspondendo a um mundo que
se acabara com a primeira guerra mundial". (11 )
Carlos J. Duarte, comentando a estréia, na imprensa reci·
fense. de Paulo Malta Filho, seu companheiro do "Guimarães
Passos'', nos dá uma idéia dessa evolução, comum a muitos gre-
mistas:
Paulo Malta Filho começou como quase todo
mundo começa. Sonhador. Romântico. Chato. Contan-
do uns alexandrinos horrorosos nos dedos. Colecio-
nando "rimas ricas" de autores célebres. Bilac, Cas-
tro Alves, Guerra Junqueiro. Gonçalves Dias... Idea-
lizando "chaves de ouro" absolutamente hediondas.
Escrevendo toda semuna um trabalho mais ou menos
longo para ler nas tertúlias do "Guimarães Passos",
de Maceió.
Mas depois ele compreendeu que isso não podia
dar certo não.
11) ROCHA, Tadeu. llodernlsmo & Regionallsmo. Mnceió. 1963. p. 26
43
Então - não sei porque - deu aos seus poc·
mas um ritmo igualzinho à carreira dos automóveis
de oito cilindros que tiram 100 quilômetros à hora!
( t:i)
O início da etapa final da conversão de integrantes daquele
grêmio foi, aliás, registrado no artigo A propósito de futuris·
mo, escrito por Jorge de Lima a bordo do "Araranguã" - que
partira de Maceió para o Rio de Janeiro, a 20 de junho de
1929 -, quando se referiu à "festa moderna.. que seria promo·
vida a 23 desse mês de junho, pelo Grêmio Literário "Guimarães
Passos", com a denominação de "Canjica Literária".
Transcrevemos. integralmente, dada sua importância, o de-
poimento prestado pelo poeta de "Pai João". acerca dos ••rapa-
zes do Grêmio "Guimarães Passos":
Eu estive muito tempo desiludido desses rapa·
zcs do Grêmio "Guimarães Passos". Pareciam eles de
verdade paralisados no parnasianismo, no retórico,
enfim nessas velhas coisas detestáveis que constitui·
ram a alegria íntima e o sucesso dos grêmios literá-
rios do tempo da boêmia letrada.
Outro dia, quando saí de Maceió, li nos jornais
daí que o pessoal do 1Grêmio Guimarães Passoas (era
assim que se designava antigamente essRc; socierla·
des. o pessoal do Guima, os jovens do Raul Pompéia,
etc.) ia fazer uma festa moderna.
Foi quando mudei de pensar a respeito dos rn·
pazes do Grêmio.
E me lembrei de quando eu sozinho, aí. delibe·
rei mudar de pele literária.
Quase tentaram o ridículo contra mim. Eu era o
futurista, uma espécie de bobo ou de maluco das le·
tras. O que eu escrevia. um poemeto qualquer que
inseria, de propósito, para acostumar e irritar o pú-
blico. não conseguia nem uma coisa nem outra: des·
pertava uma espécie de compaixão, um coitado dei.e,
um é pena! que se repetiam aos domingos. depois da
leitura do Jornal de Alagoas em cada leitor amigo ou
inimigo.
(l:l) p·RA voot. Recite, 1(9): 9. l!l e.br. 1!130
44
mio
didatos. o
zes, pela
Jivre e
bilidade
- deu aos seus poe-
ira dos automóveis
00 quilômetros à hora!
de integrantes daquele
A propósito de futuris·
do "Araranguá" - que
· , a 20 de junho de
ma" que seria promo·
Literário "Guimarães
Literária".
sua importância, o de-
- ", acerca dos "rapa-
desiludido desses rapa-
". Pareciam eles de
ismo, no retórico,
•veis que constitui·
dos grêmios !iterá-
a respeito dos ra-
contra mim. Eu era 1)
ou de maluco das le·
poemeto qualquer que
lmllumar e irritar o pú-
misa nem outra: des-
lrmúo. um coitado dele,
domingos. depois da
cada leitor amigo ou
O Arnon de Mello, ai do Grêmio, disse uma vez
o diabo sobre o meu Menino impossível. O Mário
Brandão. Todo o mundo. Foram estes, porém, os pri·
meiros que se penitenciaram de público.
No entanto, eu não queria então nem futurismo.
nem maluqueiras. Eu queria era o clássico. A tradi-
ção. O que era nosso. E o que era humano.
Eu queria a terra do Brasil. As coisas de Alagoas.
O Nordeste. A nossa imperfeição.
A mocidade dessa Alagoas estava era empantur-
rada de estrangeirismos, de helenismos, de banvilis-
mos, de lecontismos, de besteirismos.
O primeiro contato com a terra ia ser a Cangica
Literária do S. João. Ainda bem e que eles não che-
guem, porém, ao extremo da antropofagia. Ao ridí·
culo de querer devorar a Academia Alagoana de Le-
tras ou o Instituto (Instituto Histórico e Geográfico
de A.lagoas) ou o Clero de Alagoas. Já nos basta o
exemplo dos caetés ao tempo de D. Sardinha.
Quero saber do Rio que eles dançaram coco, co-
meram canjica, sapatearam e assaram milho ao ca·
lor da velha fogueira amiga, tão diferente daquela
apagada pira grega em que os nossos avós literários
se aqueciam. (13)
• • •
A rotatividade dos mandatos do "Guimarães Passos" era
defendida pelos sócios, conforme assevera Arnon de Mello em
trttbnlho evocativo. no qual discorreu a respeito das eleições
naquela agremiação literária:
Nunca vi eleições mais disputadas que as do Grê-
mio Literário "Guinw,rães Passos". Lançados os can-
didatos, o trabalho era absorvente. Vencia-se, às ve-
zes, pela diferença de um voto. O sistema do sufrágio
livre e secreto funcionava honestamente, sem proba-
bilidade de fraude. Diretoria cujo mandato findasse
passava tranqüilamente o poder aos eleitos, mesmo
(13) LIMA, Jorge de. A propósito de futurismo. JA. 28 jun. 1029, p. l
45
que o vencido fosse Diégues Júnior, fundador do Grê-
mio. (14)
Assim foi que a sua segunda Diretoria, eleita a 13 âe ja-
neiro de 1929, para o período de 22 de março desse ano a 22
de março de 1930, foi quase uma total renovação da primeira:
Presidente: José Mota Maia; Vice-presidente: Arnon de Mello;
lQ Secretário: Carlos J. Duarte; 2<? Secretário: Abelard de Fran-
ça; Tesoureiro: Eusébio de Barros; Bibliotecário: Paulo Malta
Filho. (15 )
Em sessão solene, realizada no então Instituto Arqueológico
e Geográfico Alagoano, a 22 de março seguinte, comemorativa
da passagem do aniversário do nascimento de Guimarães Pas-
sos, após fazer o histórico do Grêmio, Manuel Diégues Júnior
entregou sua direção ao novo presidente eleito. {1ª)
A quem lê o texto há pouco transcrito, pode à primeira
vista parecer que Manuel Diégues Júnior foi vencido como can-
didato na .eleição de janeiro de 1929, quando dela apenas par·
ticipou de maneira indireta, ao apoiar a candidatura de Raul
Lima. derrotada naquele pleito, em face de inesperada luta elei-
toral aberta por Arnon de Mello, como veremos em trecho de
depoimento prestado pelo fundador daquele grêmio literário:
Assentada a candidatura de Raul Lima, então
primeiro secretário, à presidência. no dia da eleição
surgiu uma outra chapa, comandada por Arnon de
Mello e que se tornou vitoriosa. elevando à presidên-
cia José Mota Maia. Com isto o Grêmio perdeu a
sede; e também os sequilhos, os bolinhos. as broas, os
refrescos, o café (servidos por D. Luizinha, mãe de
Manuel Diégues Júnior} e ainda os saraus musicais.
Pois transferiu-se para o Conselho Municipal de Ma-
ceió, em cujo salão de sessões passou a reunir-se. {17 )
A modificação do nome do grêmio para Academia "Guima-
rães Passos" deu-se a partir da primeira sessão do ano de 1930,
ocorrida no dia lQ de maio, apesar de a mudança haver sido pro-
posta há quase dois anos.
(14) MELLO. Arnon de. Tr. clt.
(15) S. 14 jan. 1929, p. 1
IHJ) JA, 26 mar. 1929, p. 3
(17) DIJ!:GUES Jl'.)NIOR. Manuel. Um grêmio de .1ovens Que ae chamou Guima-
rães P856os. Ga.zetinha., Rio de Janeiro. Hl): 3, 15 jan. 1971
46
novas.
o Dr. :sell-DI presentes, a
da Cnuuda N
lllammageara
acdmicos pua
ito, pode à primeira
foi vencido como can·
do dela apenas par-
a candidatura de Raul
de inesperada luta elei-
veremos em trecho de
le grêmio literário :
,_.Academia "Guima-
..-, do ano de 1930,
k ••nça haver sido pro-
O'OR M chamDU 0llma.·
J. 15 fUl.. 19'1l
Foi Arnon de Mello, em reunião de 10 ele setembro de 1928,
quem propôs alterá-lo para Academia Muceioense de Letras, o
que suscitou acalorados debates e opiniões contraditórias de al-
guns sócios.
A 17 seguinte, Carlos J . Duarte sugeriu que o Grêmio pas-
sasse a se chamar Academia "Guimarães Passos". Entretanto,
como vimos, a nova denominação somente veio a ser usada em
maib de 1930.
A ela já não pertenciam os antigos integrantes do Grêmio
Literário "Guimarães Passos", todos eles de gerações mais
novas.
Em 28 de setembro de 1931, já com o novo nome de Aca-
demia, empossando como sócia efetiva a jovem médica Llly La-
ges, o antigo Grêmio, segundo Lobão Filho, " (quebrou) no Brasil
o pragmatismo de não ter a mulher ingreSSC> nos cenáculos literá·
dos'', (18) afirmativa que não procede, haja vista Yolanda Men·
donça haver ingr.essado antes, a 24 de outubro de 1926, no Cená·
culo Alagoano de Letras.
De 23 de março de 1934 é a última notícia obtida sobre a
Academia "Guimarães Passos", data da eleição de sua nova Di·
retoria, que ficou assim constituída: Presidente - Dr. Esdras
Gueiros; Vice-presidente - D~ Lily Lages; lQ Secretário -
Aristeu Bulhões; 2Q Secretário - Dr. Zeferino Lavenere Macha-
do; Oradores - Fr€itas Cavalcante e Mendonça Braga.
Na mesma sessão, realizada no então Instituto Histórico de
Alagoas, que contou com a presença dos acadêmicos Sebastião da
Hora, que a presidiu, Esdras Gueiros, Luiz da Rosa Oiticica,
Félix Lima Júnior, Zeferino Lavenêre Machado, Aristeu Bulhões
e Lobão Filho, foi apresentado o nome do Dr. Emilio de Maya,
para sócio efetivo, proposta aceita por unanimidade, bem como
escolhido o mês de abril para a r.ecepção ao Dr. Ezechias da
Rocha.
O Dr. Sebastião da Hora propôs, com a aprovação de todos
os presentes, a realização de uma festa literária em benefício
da Cruzada Nacional de Educação, cuja embaixada a Academia
homenageara dias antes, a 16, designando-se uma comissão de
acadêmicos para tratar da realização da referida festa.
• • •
(18) JA, 30 set. 1931. p l
47
A Canjica Literária, realizada no dia 23 de junho de 1929,
a primeira manifestação pública da adesão de in~egrantes do
Grêmio Literário "Guimarães Passos", ao Modernismo, contou
com a participação de um esquenta-mulher (banda de pífanos),
de dois repentistas, Aprigio Alves de Brito e Rozendo Tavares
de Lima que, ao som da viola e do ganzá, apresentaram embola·
das, louvações, toadas e desafios, d~an~e a tarde, no palco do
Cinema Floriano, precedidos de exphcaçoes da parte de Manuel
Diégues Júnior.
A sede do Regatas (Clube de Regatas Brasil), cedida para
a parte noturna de tais festejos, então localizada na rua do Co·
mércio, foi "transformada num terreiro de ca8a-grande, com as
suas cangãlhas, os seus cassuãs, os seus ginetes, esses apetrechos
da gente do mato, (com) um roçado de milho circundando-o e
muitas espigas verdes qu.e Maria Rosa e Sinhã Balbina (assariam)
para a "freguesia", na fogueira "armada ao pé do antigo Reló-
gio Oficial (...) com o seu clássico mastro de mam~eiro ou.ba-
naneira... ", para ser acesa após os tiros de roqueiras e apitos
de búzios.
Os sócios do Regatas foram convidados a se apresentarem
caracterizados de caipiras, tendo sido oferecidos prêmios p':.!las
lojas Paris e Progresso, para o matuto ou matuta melhor carac-
terizado e até o Jazz-Band Capitólio, dirigido pelo maestro Joa·
quim Silva, ensaiou especialmente para a festa, peças bem bra·
sileiras. como o "mineiro-pau, o yoyô-de yayá, esses sambas de
sabor regional ( ... )", o que bem denota a preocupação para
com o regionalismo da comissão organizadora da "Canjica Lite·
rária": Manuel Diégues Júnior, Raul Lima, Joaquim Maciel Fi·
lho. Carlos J. Duarte e Abelard de França.
Da parte literária constaram trabalhos de caracterfsti<'as
modernistas e regionalistas.
Iniciou-se com as palavras de Raul Lima, sobre os MéritoR
da Canjica. seguindo-se Aristeu Bulhões. com o poemcto "Mf'tt
São João"; Adaucto de Pereira, que declamou poema inédito de
Jorge de Lima; Carlos J. Duarte. com o conto regional "Miss
Boneca de Milho"; Abelard de França, que fez o "Elogio da pa·
monha"; Manuel Diégues Júnior, que leu os versos "Traque de
chumbo'', registrados pelo O Semeador, com o título "Meu tempi·
nho de menino" e, finalmente, J. Maciel Filho que. chegou a ini-
ciar a leitura de sua novela regional "Maria Rita". mas foi inter·
rompido pelo excesso de alegria reinante no momento
48
A despeito
qual deu·se a
Jizada um ano
Cenáculo A lag
ções mais c
nalistas.
Em contra-
por uma certa
pelos integran
Naquela f
de abrilhantar o
embolada " · -
daquele ano. ex
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Antes e de
e 1930 o Grêm·
formado em A
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solerie comcmar
do Grêmio (22
da sessão pelo
acerca da fund
'ida do Grêmio e
de França falou
boêmb do Guima
Arnon de Mello,
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Fcstiv~l de Costro
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POeta amou. por
Marroquim de
i.es d'Ãfrica. w
Pereira: Castrn
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de Wilde. fantasia.
....,._ fez o elogio ele
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a se apresentarem
·dos prêmios pelas
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pelo maestro Joa·
• peças bem bra·
, esses sambas de
a preocupação para
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u poema inédito de
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fez o "Elogio da pa-
versos "Traque de
o titulo "Meu tempi-
que. chegou a ini-
Rita". mas foi inter-
momento.
A despeito do pioneirismo da Fosta da Arte Nova, através da
qual deu-se a introdução oficial do Modernismo em Alagoas, rea-
lizada um ano antes, a 17 d.e junho de 1928, por integrantes do
Cenáculo Alagoano de Letr,as, a Canjica Literária teve conota·
ções mais caracteristicamente brasileiras, principalmente regio·
nalistas.
Em contra- partida, a mencionada Festa da Arte Nova pecou
por uma certa ausência da brasilidade, na época tão decantada
pelos integrantes da Semana de Arte Moderna, de São Paulo.
Naquela festa de 1928, o Jazz-Band dos Meninos, incumbido
de abrilhantar o acontecimento, ao lado de composições como a
embolada "Pinião", de Augusto Calheiros, sucesso do Carnaval
daquele ano, executou ritmos musicais estrangeiros da época:
charlestons, fox-trots e tangos...
• • •
Antes e depois da Canjica Literária, entre os anos dn 1928
e 1930 o Grêmio Literário "Guimarães Passos", depois trans-
formado em Academia "Guimarães Passos'', realizou outras fes·
tas de caráter cultural. entre as quais é de salientar n, Sossãn
solet1e comemorativa do aniversário do nu,scimento do patrono
do Grêmio (22 mar. 1928): Programa cumprido - Abertura
da sessão pelo Presidente Manuel Diégues .Júnior, que falou
acerca da fundação da sociedage; Raul Lima fez o resumo da
vida do Grêmio e discorreu a respeito de seu programa; Abelard
de França falou sobre Os amores do poeta; Carlos J. Duarte, A
boêmi3. do Guima; Francisco Marroquim de Souza. O revoltoso;
Arnon ele Mello, A bibliografia de Guimarães Passos. tendo Eu-
sébio de Barros. flnalmente, lido versos de Guimarães Passos:
Fcstivrtl de Ca.stro Alves (8 jul. 1928): Abertura do festival, p<'lo
dr. Guedes de Miranda, presidente da Academia Alagoana de Le-
tras; A nossa festa. por Raul Lima; Castro Alves, poemeto. por
Cipriano Jucá; O poeta, por Arnon de Mello; As mulheres que o
poeta amou, por Eusébio de Barros; A escravidão e o poeta, F.
Marroquim de Souza; Traços do boêmio. Diégues Júnior; As vo·
zes d'Africa. versos de Castro Alves. declamados por Celeste de
Pereira; Castro Alves, versos, por Emílio de Maya; Diálogo dos
Pcos versos do homenageado. por Cipriano Jucâ;Homenaqem "
Osc"r Wildr> (16 out. 1928) : Osc;:ir Wild~ o grande semt.?ador cfo
panHtoxos. conferência por Carlos .T Duarte; Os cravos verdes
de Wilde, fantasia, por Abelard de França. Manuel Diégues Jú.
nior fez o elogio de seu patrono no Grêmio. Franco Jatobã; Cen,.
t<>nário de José de Alencar (1Q maio 1929): Carlos J. Duarte
49
discorreu sobre·Alencar, poeta; F. Marroquim de Souza, Alencar,
o jornalista; Abelard de França, A Iracema de Alencar; Manuel
Diégues Júnior, Alencar, o romancista; Raul Lima, Alencar, po·
lítico; Vesperal de Arte do Dia da Criança (12 out. 1929): Reali·
zado na sede da sociedade "Perserverança", de Maceió, sob a
presidência de Alvaro Dória, nela Sebastião da Hora discorreu
acerca do papel da criança em todas as fases da sua formação;
Aristeu Bulhões declamou seu poemeto "Conselhos à mulher";
Joaquim Maciel Filho leu seu trabalho regional Pinicainha &
Cia., tendo ainda falado outros gremistas; Festa do Negro (13
maio 1930): Joaquim Maciel Filho leu trecho de sua novela Mãe
Tonha; o pe. Sizenando Silva, poesia sobre a data; Sebastião da
Hora, estudo acerca da religiosidade do negro; Alvaro Dória,
finalmente, discorreu sobre a significação patriótica daquela fes.
ta. Ao término da sessão o poeta Tito de Barros da Academia
Alagoana de Letras, que se achava na platéia, notando o esque·
cimento a que f-Oi relegado, naquela festa, o nome da Princesa
Isabel, pediu a palavra e declamou, de improviso, a oitava:
Uma negra ali pintada, (19)
Um negro aqui em pessoa...
Aquela não disse nada,
Aquele não nos perdoa.
Não perdoa rom certeza,
Doçura com tanto travo:
Esquecermos a Princesa
Quando falamos de escravo.
Outra festividade realizada foi a Festa do Romantismo ( 28
jun. 1930): No Clube de Regatas Brasil, às 21 horas, inicialmente
o dr. Barreto Cardoso, em nome do C.R.B. saudou os moços da
Academia. Aristeu Bulhões, a seguir, declamou a balada Dulce,
de sua autoria; Joaquim Maciel Filho, Berlinda; Yayasinha Cal·
mon cantou o rigoleto Mi caro nome; Lotlrdes Caldas interpre·
tou ao piano -0 minueto de Paderewsky; Elza Ferraz e Lourdes
Caldas dançaram o minueto, a caráter, com acompanhamento
ao piano por Zezé Correia, seguinao·se as danças antigas: val·
sa, schottisch, quadrilha, polca e lanceiro; Sémana das Cores
(16 dez. 1930): Programa - lQ dia: Instalação solene; 2Q dia:
Retreta pela Jazz·Band Capitólio; 3Q dia: Noite da Canção Bra.
sileira, com Hekel Tavares e Elisa Coelho; 4Q dia: Recepção do
(19) Alusão a. um quadro a. óleo. da. ptna.coteca da "Perseverança". e a um des-
cendente de antigos escravos, que comparecera. representando 1ma raça.
50
novo acadêmico
Machado. Audição
ros; 59 dia: Feira
dos Meninos; 1<> •
tra do acadêmico
Mirian Lima, Noê
Calheiros Gomes,
nezes e Messias,
João Azevedo, num
desenhos (carica
verança e Auxílio
~
Romantismo (28
horas, inicialmente
udou os moços da
ou a balada Dulce,
da; Yayasinha Cal-
.es Caldas ínterpre·
Ferraz e Lourdes
acompanhamento
ças antigas: val-
Semana das Cores
ão solene; 29 dia:
iite da Canção Bra.
dia: Recepção do
~a", e a um des-
tando sua raça.
novo acadêmico Luiz Oiticica. Saudação do acadêmico Lavenere
Machado. Audição de piano e canto pela senhorita Hilda Calhei-
ros; 59 dia: Feira de quadros; 69 dia: Retreta pela Jazz-Band
dos Meninos; 79 dia: Encerramento solene da Exposição. Pales-
tra do acadêmico Lobão Filho. Da exposição constaram telas de
Mirian Lima, Noêmia Duarte, Olívia Torres, José Paulino Lins,
Calheiros Gomes, Zaluar de Santana, J. Moreira e Silva, J. Me-
nezes e Messias, além de caricaturas de Carlos de Gusmão e
João Azevedo, num total de 125 telas (óleo e aquarela) e 39
desenhos (caricaturas), expostos na sede da sociedade Perse-
verança e Auxilio dos Empregados no Comércio de Maceió.
51
ows1Na:aaowo3vwnaa:1n11or
&JJ8depun6es
1. ACOBERTANDO INFLUtNCIAS
Gilberto Freyre, em 1947, no prefãcio dos Poemas negros, dá
a entender que o autor desses poemas aderira ao Modernismo
logo após a Semana de Arte Moderna:
Foi esse principalmente o mundo 1 das tradições
amadurecidas nas terras de massapê do Nordeste,... 1
de que Jorge de Lima, em 1922·23, poeta jã precoce·
mente feito, mas de modo nenhum estratificado em
cinzelador milnovecentista de sonetos elegantes reco-
lhidos com avidez pelos pedagogos organizadores de
antologias, tornou-se, sob novos estímulos vindos do
Sul, da Europa, dos Estados Unidos, o grande poeta,
o poeta por excel~ncia. O poeta d' "O mundo do me·
nino impossível". O poeta de "Essa Negra Fulô". (1)
:m provável que, para tal, o escritor pernambucano tenha
se apoiado em declarações do próprio Jorge de Lima, que dois
anos antes, em 1945, perguntado por Homero Senna se havia par·
ticipado do Movimento Modernista, apesar de haver negado sua
participação, adiantou, contudo, que o apoiara desde o ini-
cio, (2) o que é improvável, pois somente em 1927 travou pela
primeira vez conhecimento com textos de vanguardistas euro-
peus e aderiu àquele movimento cultural, com a publicação do
poema O mundo do menino impossível.
Em 1925, três anos depois da Semana de Arte Moderna, Fer-
nando de Mendonça pretendia publicar um livro, Os outros e eu,
composto· de entrevistas com poetas e prosadores alagoanos.
A 14 de outubro desse ano O Semeador, de Maceió, estam-
pou sua entrevista com Jorge de Lima, até hoje praticamente
(1) FREYRE, Gilberto. "Nota Preliminar". ln : Lima, Jorge de. Poemas nepos.
Rio de Janeiro, 1947; IDEM. "A propõelto de Jorge de Lima. poeta". In :
- - . Vida, forma e cor. Rio de Janeiro, 1962. p. 15
(2) SENNA, Homero. Vida, opiniões e tendências dos escritores. O .Jornal IRe•lsta
d' O Jornal) Rio de Janeiro, 29 Jul. 1945; --. Repdbllca das letras (20
entrevlataa corn escritores) Rio de Janeiro, 1957, p. 143
55
•
desconhecida, onde se referiu a um romance que o entrevistado
estava a escrever, o Cipó de imbé, (3 ) publicado em 1927 com
o novo titulo Salomã.o e as mulheres, registrando que o autor
então preferido pelo "Príncipe dos Poetas Alagoanos" era La
Fontaine, através do qual ele " (estava) compreendendo o mun-
do", e, continuando a usar as próprias palavras de Jorge de
Lima, naquela entrevista, familiarizando-se "com as suas nove-
las, com os seus contos, com as suas comédias, com as suas epis-
tolas, com os seus poemas, enfim, com toda a volumosa bagagem
desse cruel e cintilante analista'', do qual chegaram a considerar
v.erso livre o empregado nas mencionadas lr'ábulas. (4 )
Indagado sobre o que pensava do futurismo, se era arte ou
uma pantomima ( ... ), Jorge de Lima "abriu um sorriso de es-
panto como que repugnado da pergunta", respondendo: "-Hein?
Que penso do futurismo? Não penso". (5)
Como poderia, então, no período 1922-23, citado por Gil-
berto Freyre, ser Jorge de Lima já um poeta modernista?
E o que dizer da afirmativa do poeta de "Essa Negra Fulô",
de que apoiara desde o inicio o Movimento Modernista defla·
grado no ano de 1922, em São Paulo? E; o que veremos.
Não há como fugir ao raciocínio de que o Movimento Regio-
nalista do Nordeste influiu grandemente na fase poética de
Jorge de Lima, iniciada em 1927.
Otto Maria Carpeaux, falando sobre a posição desse poeta
dentro do movimento literário brasileiro, considerou-o "a prin-
cipal voz lirica de um movimento literário de tendências regio·
nalistas". (e)
O próprio Jorge de Lima, aliás, em outubro de 1928, no ar-
tigo Futurismo e tradição, estampado em O Semeador, fez sua
"profissão de fé" regionalista:
Se o Futurismo existisse eu o combateria. Por-
que me parece que eu sou mesmo um sujeito ape·
gado à tradição. Que tradição? Tupi? O Brasil-tupi
correu pra o mato há muitos anos. O atual é ape-
nas ibero-celto-fenício-troiano-hebraico-grego-carta-
geno-romano-sueco-alemão-visigodo-arábic-0.
(3) Ml'!NDONÇA, Fernando de. Entrevista com Jorge de Lima. s. 14 out. 1925, p. t
(4) COELHO, Jacinto do Prado (dlr.) Dictonárlo das Uteraturas porturuesa, bra-
sileira e galega, Porto 119601 p. 845, verbete Verslllbrtsmo.
(5) :MENDONÇA, Fernando de. Entrevista clt.
(6) CARPEAUX, Otto Maria. Introduçli.o. ln: LTMA, Jorge de. Obra poética. Rio
de Janeiro (lg50) p. X·XI
56
Adiante, nat
josa, divulgador do
Uma
pedaço d
lnojosa, em
pelo Centro Regi
dicionalistas, pejora
Centro. de "guarda
a "causar distúrbios
Em junho de 1
de pele literária", J
o condicionamento
ta. quando asseve
maluqueiras. Eu q
so. E o que era b
de Alagoas. O Nor
A declaração do
tanto, faz-nos pe
mente planejada. de
mencionado movi
Llns do Rego, então
.te ""F.&aa Negra Fulô",
Modernista defla·
o que veremos.
o Movimento Regio·
:te na fase poética de
a posição desse poeta
considerou-o "a prin·
• de tendências regio·
outubro de 1928, no ar·
O Semeador, fez sua
11 ,,_.. de. o•ra poitlea. Rio
Mais afro. Mais tupi. Mais alguma coisa. Mais a
tradição que o brasileiro sente dentro dele, balançan·
do o coração dele como uma rede de tucum: é a tra·
dição portuguesa.
Adiante, naturalmente querendo se referir a Joaquim !no·
josa, divulgador do Modernismo em Pernambuco, afirmou:
Uma campanha de pilhérias procura (faz um
pedaço de tempo) sujar essa tradição. (7 )
Inojosa, em uma de suas criticas ao movimento encetado
pelo Centro Regionalista do Nordeste, intitulada Tradição e tra·
dicionalistas, pejorativamente denominou os integrantes daquele
Centro, de "guarda zeladora da tradição", segundo ele, destinada
a "causar distúrbios e não construir nada". (8 )
Em junho de 1929, ao se reportar à época em que "mudou
de pele literária", Jorge de Lima praticamente veio comprovar
o condicionamento que lhe dera o citado Movimento Regionalis-
ta. quando asseverou: "Não queria então nem futurismo nem
maluqueiras. Eu queria era o clássico. A tradição. O que era nos-
so. E o que era humano. Eu queria a terra do Brasil. As coisas
de Alagoas. O Nordeste. A nossa imperfeição"... (9 )
A declaração do autor de "Pai João" a Homero Senna, por-
tanto, faz-nos pensar em tentativa, posterior, por ele previa·
mente planejada, de acobertar a influência que nele exerceu o
mencionado movimento nordestino, através de seu amigo José
Lins do Rego, então residente em Maceió.
Foi certamente por uma afinidade de ponto de vista, de
identidade de sentimentos, que Jorge de Lima dedicou aos nor·
destinos Gilberto Freyre, José Lins do Rego e Manuel Bandeira,
seu poema de adesão à nova escola.
Em 1925 esse último, que se afastara do Recife há muitos
anos, após uma troca de correspondência com Gilberto Freyre,
que estava organizando a edição do Livro do Nordeste, come·
morativo do centenário do Diário de Pernambuco, escreveu o
poema "Evocação do Recife". (io)
(7) LIMA, Jorge de. Futurismo e tradição. 8. 25 out. 1028. p .1
(8) INOJQSA, Joaquim. Trllllçilo e tradlclonallstas. Revtsta de Pernambuco, Re·
clfe. 2'(11) mato 1925
(9) LIMA, Jorge de. A propósito de futurlsmo. JA. 28 jun. 1929. p. 1
(10) BARBOSA, Francisco de Assis. Introdução iterai. In: BANDEIRA, Manuel.
Poesta e prosa. v. J Poesia. Rio de Janeiro, 1958. p. LXXXIX
57
José Lins do Rego, ao escrever acerca da passagem de Jor·
ge de Lima para o Modernismo, apontou Manuel Bandeira como
"culpado em muitos desses poemas do jovem poeta de Alagoas",
explicando que um dia este lera a citada "Evocação do Recife",
e resolveu fazer uma pilhéria. "Quando terminou, não era mais
o Príncipe Jorge de Llma, era apenas um poeta". (11 )
Em virtude daquela afinidade é que igualmente enviou, uns
seis meses antes de sua publicação, os originais dos Poemas, para
serem lidos por aqueles intelectuais e por mais um outro, Olívio
Montenegro.
Aquela manifesta preocupação de Jorge de Lima em recuar
no tempo, não só a época de sua adesão ao Modernismo, como
a do início da simpatia por aquele movimento cultural, acha-se
presente em outras ocasiões, entre elas quando prestou declara-
ções a Homero Senna a propósito da passagem de Marinetti pelo
Brasil, no ano de 1926.
Ao discorrer a respeito de influências estrangeiras no Mo-
dernismo, depois de asseverar que "cabotino que jamais (o)
seduziu foi o falecido Marinetti'', Jorge de Lima afirmou que
" (assistiu) à conferência que (ele) pronunciou no extinto Tea·
tro Lírico, quando de visita ao Brasil", assegurando não ha·
ver sentido "um instante sequer a menor afinidade por suas
idéias". (12)
Entretanto, a 19 de maio de 1926, quatro dias após a rea·
lização daquela conferência e seis meses antes da viagem expe-
rimental da primeira empresa aérea a ligar Alagoas ao sul do
país, a Latecoere, Jorge de Lima encontrava-se em Maceió,
onde compareceu a reunião da Academia Alagoana de Le-
tras . .. (13)
A preocupação em evidência parece hav-er se manifestado a
partir de 1932, quando o poeta, como subtítulo de seus Poemas
escolhidos, apôs os anos de 1925 a 1930, entre parênteses, a sig-
nificar as datas extremas das composições poéticas reunidas em
volume por Adersen Editores. (14 )
No ano seguinte, 1933, em agosto, ao indagar Hamilton Ba·
rata qual o sonho interior que animou a sua atividade e a sua
obra de poeta e de artista, referindo-se ao poema O mundo do
(11) REGO, José Llns do. Gordos e magros. Rio de Janeiro. 1942, p. 22
02> Sl!:NNA. Homero. Op. clt.
(13) JA, 22 ma.lo 1926, p. 3; LIVRO de atas dftll sessões da Academia Alacoana de
Letras: anos de 1922 a 1930.
(Hl LIMA. Jorge de. Poemas escolhidos (1925 a. 1930) Rio de Janeiro. 1932
58
menino impos
Lima respondeu
em 1925", (15)
Continua.
ceder para 1925
em 1934, quand
1927 vem consi
anos antes, (16)
o seu livro Po
de duas, em 19
saios, (ambos de
1930 e que, f
giram no ano de
de Lima em recuar
.o Modernismo, como
cultural, acha-se
prestou declara-
de Marinetti pelo
~
menino impossível, logo em seguida por ele transcrito, Jorge de
Lima respondeu haver sido "o primeiro manifesto que (escreveu)
em 1925", (15) quando sabemos datar de 1927 aquele põ-ema.
Continua, dai por diante, a demonstrar a intenção de ante·
ceder para 1925 a data de sua adesão ao Modernismo, tanto que
em 1934, quando da edição inicial de O anjo, aquele poema de
1927 vem consignado no rol de suas obras como impresso dois
anos antes, (16) registrando a mesma fonte, erroneamente, que
o seu livro Poemas, .teve três edições, todas de 1926, em lugar
de duas, em 1927 e 1928; que os Novos poemas e os Dois en·
saios, (ambos de 1929), apareceram respectivamente em 1928 e
1930 e que, finalmente, os Poemas escolhidos, (de 1932), sur-
giram no ano de 1933.
No seu romance A mulher obscura, de 1939, os menciona-
dos Poemas são dados como surgidos em 1925, enquanto a 2'
edição de Calunga, de 1943, inicia nova série de erros com o re-
gistro dos XIV alexandrinos, de 1914, dados como publicados
em 1920, prosseguindo com e,.oemas e Novo..s..J>o~m.a.s, consigna-
dos como impressos em 1925.
A 2' edição, em castelhano, de Poemas, aparecida em 1952,
insiste no erro da data da publicação dos XIV alexandrinos, con-
signando ainda como impressas em 1925 e 1928 as duas edições
dos Poemas e, em 1927, os Novos poemas.
Deixando de lado, a repetição de erros dessa natureza, em
outras edições de obras de Jorge de Lima, do período em que
ainda vivia o autor, chegamos por fim a 1974, ano do apareci-
mento de Jorge de Lima:obra compieta, da. Editora José Agui·
lar, onde o poema O mundo do menino impossível, além de con·
signado como impresso em 1925, vem acrescido de novo e incor-
reto informe bibliográfico: ó de haver sido editado em Maceió,
pela Casa Trigueiros.
(15) BARATA, Hamllton. O esplendor de um coraçl!.o de poeta e artista. O Homem
Livre, Rlo de Janeiro, 19 ago. 1933; JA, 13 set. 1933, p.3
(16) LIMA, Jorge de. O anjo. Rio de Janeiro fl9341
59
•
2. A ADESÃO, SEGUNDO POVINA
Em 1969, no capítulo "Adesão ao Modernismo", do livro
Vida e obra de Jorge de Lima, afirmou Povina Cavalcanti que
decorrera "quase todo o (ano) de 1924, quando o poeta, (Jorge
de Lima) com saudade da boa terra carioca, sem poder ainda,
entretanto nela residir, (como era seu desejo) resolveu passar
algumas semanas no Rio".
"Foi aqui - acrescentou - e por esse tempo, que Jorge
realmente começou a ler os modernistas, principalmente os eu
ropeus, ( ... devorando) tudo quanto lhe caía às mãos'', (1) para
concluir com a afirmativa de que não hesitava em afirmar que
"o despontar do seu espírito renovador" datava dessa estada no
Rio de Janeiro, quando o viu pela primeira vez "comentar as li·
herdades poéticas dos vanguardistas de São Paulo, com um
misto de desconfiança e simpatia". (2 )
Entretanto, nesse ano de 1924 Jorge de Lima nem mesm(J
esteve no Rio de Janeiro. Mas, no anterior, na antiga capital fe·
deral acompanhara a impressão de seu livro de ensaios A co-
média dos erros, editado naquele mesmo ano por Jacinto Ri·
beiro dos Santos. e nela demorou-se alguns meses em compa·
nhia de sua esposa, regressando a Maceió erri 13 de março de
1923, a bordo do "Maranguape''. (3)
Estaria então Povina Cavalcanti também procurando, deli·
beradamentc, "solicitar" datas, recuando às proximidades do
ano da Semana de Arte Moderna a adesão de Jorge de Lima ao
Modernismo?
Somente assim se explica a circunstância de haver Povina
omitido que em 1928, em artigo amplamente divulgado, através
da revista 11ustração Brasileira, ao criticar duramente os Poe·
mas, adiantara que seu cunhado, "homem de natural recolhi·
(1) .CAVALCANTX. Povlna. Vida e Obra de Jorge de Llma 'Rio de Janeiro, lll691 p., 85
(2) DM, 14 mar. 1923. p , t
60
de Lima nem mesm<J
u antiga capital fe·
llwn» de ensaios A co-
mo por Jacinto Ri·
meses em compa·
mi 13 de março de
procurando, deli·
às proximidades do
...~ de Jorge de Lima ao
tltlnda de haver Povina
1te divulgado, através
duramente os Poe-
cle natural recolhi·
mento, com a volúpia das leituras novas, ( ... ) leu naqueles me·
ses todo o vient de paraitre de 1927, não só da França, como da
Alemanha'', para finalmente arrematar que fora o suficiente
para, "ao cabo dessa exaustiva leitura, o poeta ( ...comprome·
ter-se) pelo modernismo europeu". (4 )
E a imprensa maceioense confirma essa viagem, ao noti·
ciar que a 5 de março de 1927, a bordo do "Almirante Jace·
guay", Jorge de Lima seguiu com a familia para o Rio de Ja·
neiro, de onde só regressou no vapor "Bahia", em 10 de maio,
(S) um mês antes do término da composição, em tipografia do
Rio de Janeiro, do seu poema de adesão ao Modernismo, O
mundo do menino impossível, cujo aparecimento quase simul-
tâneo com o romance Salomão e as mulheres, teve em Maceió
banquete c-0memorativo, oferecido a 3 de julho, por um grupo
de amigos do autor, quando foi saudado por Jayme de Altavila
e agradeceu em discurso, do qual a seguir transcrevemos alguns
trechos:
Ouvi um futurista: "Interpretemos a harmonia
das grandes fábricas, as vozes das metrópoles, dos
cais rumorosos, os sonhos dos arranha-céus". Como
poderia, meus amigos, como poderia Ranulfo Gou-
lart, este doce lírico da rua da Igreja interpretar todas
estas coisas assombrosamente grandes e pavorosa-
mentc ágeis se, o nosso mavioso parnasiano jamais
viu sobrados mais altos que aqueles da rua do Co-
mércio?
* • •
De um atualista: "Que motivos não se perdem à
falta de um poeta verdadeiro que lhe dissesse danar-
monia das nossas praias virgens, das nossas festas
tradicionais: o São João das chuvinhas, e dos fogue-
tes de lágrimas".
O precursor moderno das aparências e realida-
des dizia: "Poeta é quem diz palavras eternas, quem
pensa pensamentos grandes, quem sente sensações
imensas".
(4) C'AVALCANTI. Povlna. "Poemas" POr Jorge de Llmn.. Dlustração Bra~ilel.ra,
Rio de J1U101ro. rn~lo 1928
(5) JA. 5 mar. 1927. p. 7; 11 maio 1927, p. 7
61
Combrone pensou em Waterloo o maior pensa·
mento de conquista e glória, sentiu a sensação mais
imensa sob o chuveiro das balas inimigas e porque
era um poeta de pronta e sincera emoção pronunciou
palavras eternas.
Meus senhores tudo se pode afirmar. Tudo se
pode definir. Somente o grande artista é inexplicável,
contraditório, inconstante e nessa inconstância de in·
satisfeito eterno é que está o barr~ do vencedor. O
artista verdadeiro lembra a queda da águia de Dan-
tec, ninguém o ensinou, ninguém lhe explicou coisa
alguma. Ele é a águia nova. O vento passa. A águia
segue.
Apresentou, então, como exemplo, o caso de Jean Cocteau:
Cocteau é um patriarca do modernismo. Fez Po·
tomak ILe Potomak, 19191 em que há verso li'Vl'e à
bessa. De repente Cocteau escandali.zou Paris-velho
saturado de Paris-novo. Lançou Vocabulaire, 119221
cheinho de versos metrificados, medidinhos, conta·
dinhos. Isto em Paris.
Depois de adiantar que no Brasil, Menotti del Picchia, "es-
crevinhador de poemas passadistas, negou seus jucas mulatos e
timido como um vate estreiante presenteou-nos este ano com o
seu primeiro livro de poesia", !ao que parece Poema de meu
amor!, finalizou:
62
O equívoco do meu delicioso vate Da vida e do
sonho IJayme de Altavilaj está em julgar o atualis·
mo jmodernismoj generalizando-o, sistematizando tu-
do nu, à fórmula passadista, "no quadro de linhas re-
tas e estátuas deformadas".
Futurismo, marinetismo, cubismo, dinamismo,
dadaísmo, desvairismo foram tentativas sem gênio que
fracassaram mesmo antes da guerra de 1914·17 (sic)
e não depois como dizeis.
em Waterloo o maior pensa·
e glória, sentiu a sensação mais
· das balas inimigas e porque
e sincera emoção pronunciou
tudo se pode afirmar. Tudo se
o grande artista é inexplicável,
te e nessa inconstância de in-
qae está o barr~ do vencedor. O
lembra a queda da águia de Dan-
ninguém lhe explicou coisa
nova. O vento passa. A águia
aemplo, o caso de Jean Cocteau:
patriarca do modernismo. Fez Po-
1919 em que há verso livre à
Cocteau escandalizou Paris·v.elho
. Lançou Vocabulaire, 119221
metrificados, medidinhos, conta·
Brasil, Menotti del Picchia, "es-
jMllRas, negou seus jucas mulatos e
presenteou-nos este ano com o
ao que parece Poema de meu
.etismo, cubismo, dinamismo,
foram tentativas sem gênio que
antes da guerra de 1914-17 tsic)
dizeis.
............. .... .-· .........
Senhores.
Eu desejaria como aquele Zaratrusta de Nietzs-
che, dizer-vos: "Meus senhores, eu vos anuncio o Mo-
dernismo e vos garanto que vós todos poetas parna-
sianos e prosadores aurinistas (alusão a Aurino Ma-
ciel, da Academia Alagoana de Letras) haveis de en-
loqtLecer rapidamente".
Em nome desse movimento moderno ergo a mi-
nha taça em agradecimento ao esteta das Mil e duas
noites, ergo a minha taça a todos os meus amigos pre-
sentes que me amam e a todos vós intelectuais a
quem eu chamo bem aventurados porque se revoltam
e hão de se libertar também". (6)
...
-
(6) LIMA. J orge de. Um discurso de Jo1·ge de Lima. JA, 10 jul. 1927, p. l
63
3. ALGUMAS CRfTICAS CONTRARIAS
Em menor número do que se pensa, foram as críticas con-
trãrias à nova poesia de Jorge de Lima.
Das divulgadas na imprensa alagoana, as únicas de que
conseguimos registro foram as de Arnon de Mello. Mário Bran-
dão. Mário Melo, Nasson Figueiredo, Povina Cavalcanti e Aloí-
sio Vilela.
Em 10 de julho de 1927 surgiu a mais antiga delas, a de
Mário Brandão, quase limitada à afirmativa de que "um gato
irônico espreguiçando-se de quando em quando, lia o semi-livro
que o dr. Jorge de Lima (acabava) de lançar à publicidade, in-
titulado O mundo do menino imposswei". (1)
A essa se seguiu uma outra, em 13 de janeiro de 1928, pu-
blicada meio escondida em uma das colunas do Registo Social,
do Jornai de Alagoas. Nela, Arnon de Mello, depois de descre-
ver, em tom de biague, o poema com que Jorge de Lima aderira
ao Modernism-0, afirmou não o haver compreendido, nem achar
possível que alguém o compreendesse. (2)
A essas opiniões refere-se Jorge em artigo escrito em ju-
nho de 1929, a bordo do "Araranguã", em viagem ao Rio, a pro-
pósito da realização da Canjica Literária, festa moderna que o
Gr~mio Literário "Guimarães Passos" programara realizar: "0
Arnon de Mello, aí do Grêmio, disse uma vez o diabo do meu
Menino Impossível. O Mário Brandão. Todo o mundo". Porém.
logo adiante, esclareceu haverem sido aqueles jovens críticos.
"dos primeiros que se penitenciaram de público". (3 )
Precisamente dois meses depois do pronunciamento de Ar-
non, o mesmo periódico transcreveu, do Jornai Pequeno, do Re-
cife, a crítica de Mãrio Melo aos Poemas.
(l) BRANDAO, Marlo. Do8 ltl.blos de uma roso.... JA, 10 Jul. 1927, p. 7, Registo
Socle.l,
(2) MELLO, Arnon de. O lmposs!vel do mundo é fazer-se outro mundo... JA, 13
Jan. 1928, p . 7
(3) LIMA, J orge de. A propósito de futurism o. JA, 28 Jun. 1928. p. l
64
( 4)
fS)
44 1
se pensa, foram as críticas con-
de Lima.
alagoana, as únicas de que
de Arnon de Mello. Mário Bran-
·---'o, Povina Cavalcanti e Aloí·
surgiu a mais antiga delas, a de
à afirmativa de que "um gato
do em quando, lia o semi-livro
va) de lançar à publicidade, in·
sível". (1)
• em 13 de janeiro de 1928, pu-
das colunas do Registo Social,
on de Mello, depois de descre·
com que Jorge de Lima aderira
o haver compreendido, nem achar
.desse. (2)
Jorge em artigo .escrito em ju·
guá", em viagem ao Rio, a pro·
Literária, festa moderna que o
Passos'' programara realizar: "0
, disse uma vez o diabo do meu
Brandão. Todo o mundo". Porém.
m sido aqueles jovens criticos,
am de público". (3)
depois do pronunciamento de Ar-
:veu. do Jornal Pequeno, do Re·
aos Poemas.
u.rn• rosa... JA, 10 jul. 1927, p. 7. Jtegllto
dO mundo ê fazer-se outro mundo... JA, 13
tutur1.amo. JA, 28 Jun. 1928. p. 1
Depois de considerar os XIV alexandrinos, "quatorze joias
de nossa literatura", entre as quais o soneto O acendedor de
lampiões, na época "tão popularizado como o Ouvir estrelas, de
Bilac'', o crítico pernambucano referiu-se aos Poemas, segundo
sua concepção, "um livro futurista, coletânea de extravagân-
cias", para finalmente estranhar o fato d.e haver aquele poeta
"encontrado quem o (aplaudisse) nesse novo rumo" .. . (4 )
Já Nasson Figueiredo começa sua crítica dizendo não acre-
ditar que o autor dos aludidos Poemas fosse mesmo "aquele
Jorge de Lima admirável, aquele que escreveu os XIV alexan-
drinos, o poeta feliz do Acendedor de lampiões", indagando a
seguir: "Não estará você enganaao, ou sendo barbaramente vi-
tima duma mistificação? Em suma, meu amigo, o que é futu-
rismo?", para afinal responder que, segundo Maurice Mairgau·
ce, " (era) o nevoeiro do materialismo que obscurece a nossa
época". (5)
A crítica de Povina Cavalcanti, que "não fora, apenas dura,
fora também injusta, ( ... ) mas nunca insincera" - segundo
o próprio autor confessou tempos depois, ao escrever a biogra-
fia de Jorge de Lima, (6 ) foi em parte divulgada a 15 de julho
de 1928, igualmente nas colunas do Jornal de Alagoa.s, transcrita
da seção Movimento Literário, da revista carioca dirigida por
Alvaro Moreyra. a Illustração Brasileira.
Duro e injusto, é como realmente se nos apresenta esse tra-
balho crítico, mal se inicia:
Jorge de Lima vem de armar barraca nos arraiais
do "modernismo". E com uma expressiva fecundida-
de lança aos quatro ventos um enfestado volume de
coisas informes - ele que era um sóbrio artista de
sóbria e trabalhada produção intelectual.
Com este salto mortal( ... ) Jorge de Lima ga-
nha em abundância o que perde em talento, cultura
e bom gosto.
De sua nova arte não se poderá dizer: pauca sed
bona. Não. Copiosa e má.
(4) JA. 13 mar. 1928, p. 1, Alguns trechos da critica aoa "Poemaa", de Jorge de
Lima
(5) JA. l R mar. 19?.8, p. 3. Sobre os "PoemM" de Jorge de Lima
(6) CAVALCANTI, Povlna. Vida e obra de Jorge de Lima JR!o de Janeiro, 19891 p.99
65
Os Poemas serão, historicamente, na vida literá·
ria de Jorge de Lima, um simples episódio.
.. .......... .... . . ......................... .
É possível que amanhã voltem a coincidir os nos·
sos pontos de vista literários e que, ou a sua arte se
defina melhor, ou a nossa êritica se descortine mais.
De qualquer forma, Jorge de Lima e nós seremos
os mesmos no respeito mútuo e na ternura co-
mum. (7)
Essa crítica severa, segundo informou o biógrafo de Jorge
de Lima deu origem a várias reações, todas favoráveis ao poeta,
"mas realmente a mais viva foi a de José Lins do Rego, ( ...que)
tomou as dores do Jorge e desandou o pau no crítico, afirmando
que o meu ponto de vista sobre muita coisa era o de um para·
lftico". (8 )
Outra forte crítica, a última das há pouco referidas, veio
de uma localidade interiorana, Viçosa, a "cidadezinha do país
das Alagoas" do poema modernista de Théo Brandão.
A 16 de junho de 1929, na Gazeta de Viçosa, José Aloisio
Brandão Vilela, sob o pseudônimo Osório de Olivares, estampou
o artigo No reino dos cabotinos, onde, depois de estranhar o
fato de Tristão de Ataíde haver, "com todo o peso de sua cri-
tica, expressionista, (chamado) Adelmar Tavares - o poeta da
candura - de 'trovador bocó' e (dito ) que Jorge de Lima era o
grande poeta do Norte", asseverou que no sentido em que falava
aquele crítico, "maior do que ele (era) o Jacu do Barro-Branco,
(era) o Manoel Catuaba de Flecheiras, (era) o Antônio Pedro
da Paraíba do Norte", todos repentistas, "porque - concluía -
Jorge de Lima (vivia) a plagiá-los miseravelmente". (9 )
Assim, foram realmente poucas as criticas desfavoráveis à
poesia moderna de Jorge de Lima, ao que pudemos comprovar
durante a pesquisa, tanto quanto possível exaustiva, que em·
preendemos para a realização deste trabalho.
(7) CAVALCANTI, Povlna. "Poemas" por Jorge de Lima - Ma.ce!ó. Dustra.çã.o Brasl-
ldra, Rio de Janeiro, ma.io, 19211.
(8) - . Op. e loc. clt.
19) OLIVARES. Osório de. P6eud. de Jo116 Alolslo Brandão Vtleln. No reino dos
cabotinos. GV. 16 Jun. 1929, p . 1
fifi
4.
Já se vê q
menos reação 0
insistem em
Entretanto,
demia, opinava
gorosamente ac
rígida que se g
" O POETA DA
Carlos Moli
em Alagoas, reli
tra a Arte Nov:
Aguiar e o prof.
v_erando que "t
tido de impedir
bre os acoo ·
a coincidir os nos-
ou a sua arte se
descortine mais.
biógrafo de Jorge
ráveis ao poeta,
Rego, ( ...que)
critico, afirmando
o de um para-
referidas, veio
~a do país
dão.
nustração Brast-
VUela.. No reino dos
4. UMA COEXIST:€NCIA PAClFICA
Já se vê que a defecção poética de Jorge de Lima gerou
menos reação nos meios literários da província, do que alguns
insistem em afirmar.
Atribuem pr<>porções acima da realidade ao impacto que te-
ria causado o fato em um dos nossos principais redutos conser-
vadores da época, a Academia Alagoana de Le_tras que, segundo
Tadeu Rocha, "orgulhava-se d.e ser uma fortaleza de pronomes
bem colocados à lusitana moda, de palavras difíceis (substan-
tivos desconhecidos e adjetivos preciosos) e de versos perfeita-
mente metrificados e rimados; conforme convinha aos últimos
helenos das margens da lagoa Mundaú e da baía de Jaraguá". (1 )
Academia que, conforme assinalou Otto Maria Cãrpeaux, ao lado
de outras instituições congêneres de Alagoas, cõnstituia-se uma
inexpugnável "fortaleza do parnasianismo". (2)
Entretanto, Raul Lima, em 1929, no artigo O poeta da Aca-
demia, opinava que, naquela instituição cultural, de poeta "ri-
gorosamente acadêmico, na expressão profundamente severa e
rígida que se gosta de dar, só Ranulfo Goulart". Daí considerá-lo
"O POETA DA ACADEMIA". (3 )
Carlos Moliterno, em suas Notas sobre a poesia moderna
em Alagoas, referiu-se à reação da mencionada Academia con-
tra a Arte Nova, quando de polêmica travada entre Da Costa
Aguiar e o prof. L. Lavenêre, acerca de literatura moderna, asse-
verando que "todo o prestígio da Academia foi utilizado no sen-
tido de impedir que os jornais dessem qualquer publicidade so-
bre os acontecimentos". (4)
(1) ROCHA, Tadeu. l1odernisn10 & Regionallsmo. Maceió, 1964, p.37
(2) CARPEAUX. Ot to Maria. Notas e coment6rtos. ln: LIMA, Jorge de. Obra Poé-
tica. Rio de Janeiro )19501 p. 626
(3) LIMA, Raul. O poeta. da Academia. JA, 24 out. 1929. p. 3
(4) MOLITERNO, Carlos. Notas sobre poesia moderna em Alagoas. Maceió, 965.
p . 40-41
67
Inicialmente, da maneira como foi colocado o problema, é
de se presumir que L. Lavenere pertencesse à Academia Alagoana
de Letras.
Mas, no ano seguinte, de 1929, a 1Qde novembro, quando
da passagem do lOQ aniversário da fundação daquela Acade-
mia, de suas cadeiras, a única vaga era a última, a de nQ 40,
que tinha Inácio Passos Júnior como patrono, e que viria a ser
posteriormente ocupada por L. Lavenere. (s)
Inexistindo, nas hemerotecas consultadas, exemplares do
Diário da Manhã, de Maceió, jornal onde escreveu Da Costa
Aguiar, relativos ao período da mencionada polêmica, dela ini-
cialmente tivemos conhecimento através do referido trabalho
de Carlos Moliterno e, depois, ao pesquisarmos para este ensaio,
quando nos deparamos com os números de O Semeador, de 13 e
25 de julho de 1928, onde L. Lavenere escreveu acerca da Arte
Nova.
No primeiro deles, intitulado Arte Nova, futurismo ou re-
motismo?, após perguntar em que consistia a Arte Nova, asse·
verou: "O que ela bem mostra ser é arte velha: remotismo".
Para ratificar a assertiva, Lavenere deu exemplos nas áreas
da música, arquitetura, desenho, escultura e poesia, dos quais
transcrevemos os das três últimas:
NO DESENHO: Os artistas pré-históricos não sa-
biam perspectiva: desenhavam as figuras no mesmo
plano.
Os desenhos atuais reproduzem essas figuras im-
perfeitas da arte rudimentar.
NA ESCULTURA: Os escultores atuais tentam
imitar os artistas dos tempos bíblicos, os monumen-
tos da arte negra, da arte hindu . ..
NA POESIA: A poesia primitiva não tinha metri-
ficação, nem rima: era a palavra cantada.
Pouco importava o agrupamento de vocábulos:
o que se queria era o ritmo.
(5) JA. 1.º nov. 1929, p, 3. Academia Alagoana de Letras: relaçllo doa patronos e
ocupantes de SUMI ~detree
68
Esse artigo d
Costa Aguiar, es
rcferência de Lav
dor, onde partici
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De crítica con
natura Cláudio e o
capital maceioense.
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Sant'ana história do modernismo

  • 1. ·- , ISTORIA DO M-ooERN t·SMO ' EM ALAGQ.:AS1 , • " ':::i (1922~1932) ,,i
  • 2. Moacir Medeiros de Sant'Ana ,, HISTORIA DO MODERNISMO EM ALAGOAS (1922 - 1932) ; ~· . -;:.-.,, ~ . .. 1 ~ J Editora da Universidade Federal de Alagoas . MI Maceió - 1980
  • 3. SANT'ANA, Moacir Medeiros de. História do Mo- S223h dernismo em Alagoas (1922-1932) Maceió, EDUFAL, 1980. 228 p. il. Inclui bibliografia. 1. Literatura brasileira - Século 20 - }tfo. dernismo literário - Alagoas. I. Título. CDU - 869.0(813.5) .091 "1922" CDD - 869.4(813) (09) "12" DO AUT Livros e opúsculos Os estudos históricos e os arquivo1 em A imprensa oficial em Alagoas. Maceió, Pequena história da Biblioteca Pública O historiador Melo Moraes (Ensaio b Uma associação centenária (Associaçio 1966. .. Benedito Silva e sua época (Biografia goas) Maceió. 1966. Contributçáo à história do açúcar ena gues Júnior. Recife, Instituto do Açúcar, 1970. O patrimônio cultural de uma velha ceió, 1970. Graciliano Ramos (Achegas biobíbU O uGuimarães Passos": História de am Documentário do Moderni!mo <AlagoU: Aspectos históricos da mata alagocnl&. Série Viabilidade Municipal, 71 Não História do Modernismo em Alagoas Colaboração em obras coletivas ~os arquivos em Alagoas". In: Anaú Si-Centenário da Transferência do Rio de Janeiro, 1967. •Antecedentes do Poder Leglslati•o em Poder Legislativo no Brcuil e em CAROATA, José Próspero Jeová da Sll 1964. MACIEL. Pedro Nolasco. Traços e quente. Mace1ó, 1964.
  • 4. , Moacir Medeiros de. História do Mo_ em Alagoas (1922-1932) Maceió, 'AL, 1980. 228 p. il. bibliografia. eratura brasileira - Século 20 - Mo- literário - Alagoas. I. Título. CDU - 869.0(813.5) .091 "1922" CDD - 869.4(813) (09) "12" DO AUTOR Livros e opúsculos Os estudos históricos e os arquivos em Alagocu. Maceió, 1962. A tmprensa oficial em Alagoas. Maceió, 1962. Pequena histórta da Biblioteca Pública Estadual. Maceió, 1965. O historiador Melo Moraes <Ensaio bioblbllográfico) Maceió, 1966. Uma associação centenária (Associação Comercial de Maceió) Maceió, 1966. Benedito Silva e sua época (Biografia do compositor do Hino d.e Ala- goas) Maceió. 1966. Contribuição à história do açúcar em Alagoas. Pref. de Manuel Dié- gues .Júnior. Recife, Instituto do Açúcar e do Alcool - Museu do Açúcar, 1970. O patrtmônto cultural de uma velha cidade (Marechal Deodoro) Ma- ceió, 1970. Gracmano Ramos (Achegas biobibllográficas) Maceió, 1973. O "Guimarães Passos": História de um Grêmio. Maceió, 1977. Documentário do Modernismo (Alagoas: 1922-31) Maceió, 1978. Aspectos h'!st6ricos da mata alagoana. Maceió, FIPLAN; FIAM, 1978. Série Viabilidade Municipal, 7J Não consta assinatura!. História do Modernismo em Alagoa& (1922-1932) Maceió, 1980. Colaboração em obras coletivas ·oa arquivos em Alagoas". In: Anais do Congresso Comemorativo do Si-Centenário da Transferência do Governo do Brasil, 1963. v. IV, Rio de Janeiro, 1967. •Antecedentes do Poder Legislativo em Alagoas". In: Instituição do Pod~r Legislativo no Brasil e em Alagoas. Maceió, 1976. Prefácios, introduções e coordenações CAROATA, José Próspero Jeová da Silva. Crônica do Penedo. Macetó, 19M. MACIEL, Pedro Nolasco. Traços e troças (Crônica vermelha) Leitura quente. Macelô, Ul64.
  • 5. LlMA J'ONIOR, Félix. J'ortific~ões históricas de Maceió. Maceió, 1966. -- Recordações da velha Maceió. Maceió, 1966. COSTA, Craveiro. A emancipação das Alagoas. Maceió, 1967. GOULART, Ranulfo. Guimarães Passos. 2. ed. Maceió. 1967. RUBENS, Carlos. Um mestre da pintura brasileira (Biografia de Rosal- vo Ribeiro> 2. ed. Maceió, 1967. MAYA PEDROSA. Alfredo de Maya e 1eu tempo. Maceió, 1969. SANT'ANA, Moaclr Medeiros de. Corg.) Documentos para a história da Independência. Recife (Maceió) Comisaão EXecutlva dos Festejos do Sesquicentenário da Independência do Brasil <Alagoas) ; Insti- tuto Hlstórlco e Geográfico de Alagoas, 1972 la assinatura ocorre na introdução! TORRES. Luiz B. A terra de Tilixi e Txiliá: Palmeira dos 1ndios dos séculos XVIII e XIX. 1 Maceió, 19751. SANT'ANA, Moacir Medeiros de. Corg.> Tavares Ba&tos <Visto por ala- goanos) Maceió, 1975. LIMA J'ONIOR, Félix. Maceió de outrora. 19 v. Maceió, 1975 (orelha). MACIEL, Pedro Nolasco. A filha do Barão. 2. ed. Maceió, 1975. !Intro- dução sob o titulo: O romance e a novela em Alagoas!. SANT"ANA, Moacir Medeiros de. (org.) Instituição d" Poder Legisla- tivo no Brasil e em Alagoas. Maceió, 1976. MJ!:RO, Ernanl o. Uma casa de misericórdia 1 Santa Casa de Miseri- córdia de Penedo 1 Maceió, 1979. Anotações (obras anotadas) ALTAVILA, .Jayme de. História da civilização das Alagoas. 4. ed. rev., acresc. e atualizada. Notas de Moacir Medeiros de Sant'Ana. Ma- ceió, 1964; 7. ed. Maceió, 1978. CAROATA, .José Próspero Jeová da Silva. Crônica do Penedo. 2. ed. Anotada por Moacir Medeiros de Sant'Ana. Maceió, 1964. VII - Página de escândalo (.. Mendonça Braga. VIII - A princesa que amava ral, poesia, por Carlos IX - Lucrécia, poesia, por X - Pilão deitado (capítulo Maciel Filho. {li•) De 16 de março de 1925 é o últ" ia da Academ.ia dos Dez Unidos. N -"ast:imento de Camilo Castelo Bran :rou sessão especial sobre a efeméride Palmeira fez o elogio do escritor po A 9 de agosto de 1930, notícia -es Passos~, estampada em periódico c!rsaparecimento da Academia dos Dez a não resistira à dispersão de três d nram, uns para aperfeiçoamento dos lnta da vida". (13) Esses acadêmicos, segundo aqu eit~dos José da Costa Aguiar, A ~eno Machado de Melo. losé da Costa Aguiar foi o pri 12 de março de 1924, a bordo _ Recife, a fim de ingressar na F a se formar quatro anos depois. Agnelo Rodrigues de :Melo (Judas daquele mesmo ano de 1924 de Janeiro, de onde depois se e faleceu a 10 de janeiro do co Pu'blicado em Fon-Fon, R~o de Janeiro JS :u•• 18 mu. 1925, p. 1. CamJUo C'~lo S 9 a.!(). 1930. AcadenúA OUiJnartes ~
  • 6. lautóricas de Maceió. Maceiô, 1966. . Maceió, 1966. deu Alagoas. Maceió, 1967. PU808. 2. ed. Maceió. 1967. páitura brasileira (Biografia de Rosal- 1187. Mqa e seu tempo. Maceió, 1969. . (org.> Documentos para a história da ó> Comi&sáo Executiva dos Festejos dência do BrasU (Alagoas) ; Instl- de Alagoas, 1972 la assinatura ocorre f'flUi e Txiliá: Palmeira dos índios dos .ó, 19751. (org.> Tavares Bastos (Visto por ala- fk outrora. 19 v. Maceió, 19'75 <orelha). do Bar4o. 2. ed. Maceió, 19'15. Intro- e a novela em Alagoas!. de. <org.> lnstttuição do Poder Legtsla- 11.aceló, 1976. múericórdta 1 Santa Casa de Miserl- 1979. da ctvtlfzaçcío das Alagoas. 4. ed. rev.• de Moaclr Medeiros de Sant'Ana. Ma- IS'll. da Sllva. Crônica do Penedo. 2. ed. de Sant'Ana. Maceió, 1964. VII - Página de escândalo ("Página à la Garçonne11 ) por Mendonça Braga. VIU - A princesa que amava os espelhos, prosa e Pasto- ral, poesia, por Carlos Paurílio. lX - Lucrécia, poesia, por Renato Cardoso. X - Pilão deitado (capítulo de novela), por Joaquim Maciel Filho. (11ª) De 16 de março de 1925 é o último informe conhecido acer- ca da Academia dos Dez Unidos. Nesse dia, o do Centenário do Nascimento de Camilo Castelo Branco, aquela instituição reali· mu sessão especial sobre a efeméride, quando o Presidente João Palmeira fez o elogio do escritor português. (12 ) A 9 de agosto de 1930, notícia sobre a Academia "Guima- iu Passos", estampada em periódico maceioense, referiu-se ao desaparecimento da Academia dos Dez Unidos, esclarecendo que ela não resistira à dispersão de três de seus elementos, "que se ioram, uns para aperfeiçoamento dos seus estudos e outros para a luta da vida". (13 ) Esses acadêmicos, segundo aquela notícia, teriam sido os p citados José da Costa Aguiar, Agnelo Rodrigues de Melo e Astério Machado de Melo. José da Costa Aguiar foi o primeiro a se retirar, quando em 12 de março de 1924, a bordo do "Itapura", transferiu-se para Recife, a fim de ingressar na Faculdade de Direito, onde Tiria a se formar quatro anos depois, em 1928 . Agnelo Rodrigues de Melo (Judas Isgorogota), a 17 de ou· tubro daquele mesmo ano de 1924 seguiu no "Itapuca", para o Rio de Janeiro, de onde depois se transferiu para São Paulo, onde faleceu a 10 de janeiro do corrente ano de 1979 . Então já enfeixara cm volume, sob o titulo Caretas (Maceió, Oficinas da Livraria Machado, 1922), sob o pseudônimo de Ju. das Isgorogota e prefácio de Jorge de Lima, sonetos bumorís· tiros inicialmente divulgados através do periódico humorístico O Bacurau, da capital alagoana, a partir de 1Q de abril do men· la) Publlcldo em Fon·Fon, R!o de Janeiro, 16 jan. 1926. p . '74-76. l2) JA. 18 mar. 1925, p. 1, Camlllo Caatelo Br1mco e os "Dez Unidos". n) S. O a30. 1930, Acrulem1a Guimarães .Passos. p. 3 23
  • 7. didata a uma das cadeiras, acréscendo ainda a informação âe que em novembro seria lançada uma revista do Cenâculo. (1 ) A candidata era Yolanda Mendonça, normalista ainda, da Escola Normal de Maceió, eleita na sessão de 3 desse mês de agosto, para a cadeira que tinha Adriano Jorge como patrono. A revista, entretanto, jamais apareceu. Nessa mesma reunião foi também eleito Nilo Costa, para a cadeira cujo patrono era José Avelino Silva. Dias depois, a 15, na sociedade "Perseverança'', saudado por lIendonça Júnior e Arnaldo de Farias, empossou-se Salustiano Eusébio de Barros. Já a 5 de setembro Yolanda Mendonça participou de reunião literária. ao lado de Mendonça Júnior, Lavenere Machado e Eu- sébio de Barros, mas somente tornou posse a 24 de outubro, quan- do foi recebida por Mário Brandão, em sessão realizada na "Per- severança". Segundo Valdemar Cavalcanti, foi ela "a primeira moça que, desprezando os preconceitos vãos do nosso meio, toma a cora- gem de enfrentar os apodos que surgirão. pela temerária em· presa". (2 ) Candidatando-se Emílio de Maya e João Câncio às cadeiras que tinham Luiz Mascarenhas e Costa Leite como patronos, a 7 de outubro foram eleitos. A primeira reunião da sociedade. no ano de 1927, verifi· cou-se a 6 de março. Realizada no Colégio 15 de Março, às 19 horas, contou com a presença dos sócios Mendonça Júnior, presidente; Lavenere Machado. vice-presidente; Jackson Bolivar, 19 secretãrio, Mário, Brandão e Eusébio de Barros. Nessa reunião o último dos men- cionados sócios foi eleito tesoureiro, ficando igualmente decidido fazer-se uma romaria ao túmulo do jornalista Faustino da Sil- veira, no 30Q dia de seu falecimento, ocorrido a 10 de fevereiro daquele ano de 1927. tendo sido escolhido Mendonça Júnior para orador da solenidade. Noticiário de jornal participou a realização de sessão do Ce- náculo no dia 13 de agosto, "às 19 horas, em sua sede temporã· ria, à rua Fernandes de Barros, n9 13". (3) (l) J/t., 1 ago. 1926, p.1 12) V.e. Vllldemar Cnvr.lcnntll Chronlqucta. S, 26 out. 1926, p.l (3) JA, 13 ago 1927, p.1 26 Nova diretoria foi eleita em 1 Lavenê~e Machado; secretário, Carl te.;oure1ro, :Eusébio de Barros. Sau a -1 de maio de 1928 Mendonça Jú Du.rval, patrono de sua cadeira. A 10 de junho, Carlos Paurilio -bro do ano anterior, tomou po ' er:? o poeta Clóvis de Holanda, sendo d:..:ido. Quando decidiu fazer o elogio p b à~ velha escola, consagrado pelo ·mura, a mais cruel de todas as Fau~to, o mísero rapaz") Mendoo bs rom o Modernismo. Assim é que Valdemar Cavalcan esc~evendo a propósito daquele ~ tao moderno, pensasse em "i *i-:-e no C:enáculo Alagoano d6 Letras mas _qualidades intelectuais e desta ismo. que (era) virtude essenci co nosso meio". (4) ,.ornalista anônimo, em O Seme .. Cavalcanti, também sócio do dade do dia 27 de maio, realizad '"Ros~lvo Ribeiro", asseverou que - ...........~ nJamente os velhos moldes da emente, os velhos literatos de ftloic;..,~ rir o auditório, com frases de llI"ett~ência. ora irritando-o com o .-Z-.do:xos". (s) J- 1 República, ao noticiar a m C!"ador. que é apaixonado pela no com rel_hadas argentiguminosas as ~--- ,.... de fino humorismo que fez a Foi.ª~ fazer o aludido elogio de Jumor propôs a realização de ~-;:ó.w"1.._ em Alagoas, nos moldes da ll"O de 1922. ~o, PSeucL de Valdemar CAval<:anú D E.. ZI ~o 1!12!1, P. l. TJma Fe«t• de ArÚ· maio 192a, p. 2, Uma festa de a.-u no
  • 8. kmalista ainda, da 3 desse mês de e como patrono. Nilo Costa, para a em- verifi- Nova diretoria foi eleita em 19 de novembro: Presidente, Lavenere Machado; secretário, Carlos Silva (Carlos Paurilio) e tesoureiro, Eusébio de Barros. Saudado por Arnaldo de Farias, a 27 de maio de 1928 Mendonça Júnior fez o elogio de Ciridião Durval, patrono de sua cadeira. A 10 de junho, Carlos Paurílio, que fora eleito a 3 de se- tembro do ano anterior, tomou posse da cadeira cujo patrono era o poeta Clóvís de Holanda, sendo recebido por Lavenere Ma- chado. Quando decidiu fazer o elogio público de seu patrono. poe- ta da velha escola, consagrado pelo seu soneto "Amor materno", ("Isaura, a mais cruel de todas as perdidas, / Entre os braços de Fausto, o mísero rapaz") Mendonça Júnior jã andava às vol- tas com o Modernismo. Assim é que Valdemar Cavalcanti, sob o pseudônimo Armê- nio, escrevendo a propósito daquele elogio, estranhava que seu autor , tão moderno, pensasse em "imortalizar-se'', academízan- do-se no Cenáculo Alagoano de Letras, para finalmente enaltecer suas qualidades intelectuais e destacar "sua esquivança ao ca- botinismo. que (era) virtude essencial em certos intelectuais da- qui do nosso meio". (4) Jornalista anônimo. em O Semeador - provavelmente Val- dema r Cavalcanti, também sócio do Cenãculo - , noticiando a r:olenidade do dia 27 de maio, realizada no Instituto de Belas Ar- trs " Rosalvo Ribeiro", asseverou que nela Mendonça Júnior "chi- coteou rijamente os velhos moldes da velha literatura. Fustigou, valentemente, os velhos literatos de moldes velhos, ( ... ) ora fazendo rir o auditório, com frases de efeito, cheias de graça e irreverência. ora irritando-o com o escândalo elegante de seus paradoxos". (s) Já A República, ao noticiar a mesma solenidade, asseverou: "0 orador, que é apaixonado pela nova forma ãe literatura, zur- ziu com relhadas argentiguminosas as chapas da velha arte, num estilo de fino humorismo que fez a assistência rir". (6 ) Foi ao fazer o aludido elogio de Ciridião Durval. aue Men- clonça Júnior propôs a realização de uma Semana de Arte Mo- derna. em Alagoas. nos moldes da realizada em São Paulo, em fevereiro de 1922. (4) ARM!:NIO. pseud. de Valdemar Cavalca.ntl. Uma Afirmaclln. S. 26 maio 1928, p . 1 <.~l s. 28 maio Hl?R. n. l. Uma Fc-;t~ de Arte: Ccnlr•tlo A111=ano de Letras. f6) R. 30 maio 1928, p. 2, Uma resta de arte no Cená<::ulo Allgoano de Letraa. 27
  • 9. O pintor Lourenço Peixoto logo adenu à idéia oferecendo o salão de seu Instituto de Belas Artes para as solemdades, com- prometendo-se ainda a fazer uma exposição. A idéia contou também com a adesão de Carlos Paurílio. Mário Brandão e Valdemar Cavalcanti. O fato dos quatro jovens intelectuais pertenceram ao Cená- culo Alagoano de Letras faz com que muita gente presuma que a Festa da Arte Nova, a nossa "Semana de Arte Moderna de um dia só", teria sido promovida por aquela agremiação literária. A correspondência que, pela sua importância. a seguir vem integralmente transcrita, a princípio estampada em O Semea- dor, esclarece completamente o assunto. Visava retificar noti- cia divulgada por aquele periódico, a 2 de junho, de que a parte literária da Festa seria patrocinada pelo Cenáculo. 28 Maceió, 8 jun. 1928. Revdmo. Snr. Diretor de O Semeador Nesta. Havendo a imprensa desta capjtal, inclusive o órgão sob a vossa orientação, noticiado que a Festa da Arte Nova, a realizar-se no próximo dia 17, teria uma parte literária dirigida pelo Ce11.áculo Alagoano de Le- tras, apresso-me em peáir-vos uma retificação dessa notícia, o que muito agradecerei. Efetivamente estão incumbiàos da organização da parte literária quatro cenaculistas dos mais prezados em nosso grêmio. Entretanto, Carlos Paurilio, Val· demar Cavalcanti. Mário Brandão e Mendonça Júnior lerão seus trabalhos modernistas. - e não críticas ofensivas - sem a responsabilidade do grêmio de que fazem parte. Esclareço-vos também que o Cenáculo é uma so- ciedade de moços que não reconhece diferenças de escolas ou de idéias, reunindo em seu conjunto não só passadistas conscientes como também modernis- tas extremados. - coisa que lhe não acontece somen- te, pois a própria Academia JAlagoana de Letras! pos- sui membros de relevo que formam ao lado dos par- tidários da renovação estética. de opi sem a remem que lhe rismo v Sou,, muito a Pr O convite da atestando influên texto impresso em IN à Av (7) s. 9 jun. 1928. p.
  • 10. Concedendo aos seus componentes a liberdade de opinião em assuntos literários, fica a sociedade sem a responsabilidade da,s idéias que eles expende· rem em suas sessões, procurando, todavia, sempre que lhe for possível, evitar que excessos de partida· rismo venham a ferir a susceptibilidade de terceiros. Sou, com a maior consideração, vosso amigo muito atento. ass. Lavenere Machado Presidente do Cenáculo Alagoano de Letras. (7 ) O convite da Festa da Arte Nova, em formato de losango, atestando influência dos vanguardistas de São Paulo, teve o texto impresso em letras verdes: Junho 17 Domingo 1928 - Realizar-se-á no INSTITUTO ROSALVO RIBEffiO à Avenida Presidente Bernardes, nQ 362 a FESTA DA ARTE NOVA Convidam V. Excia. e Família: Lourenço Peixoto, Mendonça Júnior. (7) S. 9 Jun. 1928, p. l Valdemar Cavalcanti, Mário Brandão, Carlos Paurilio * 29
  • 11. A decoração das paredes, a cargo de pintores locais, e a ornamentação, com flores naturais, do salão do Instituto de Be- las Artes "Rosalvo Ribeiro", in~talado em wbrado ainda hoje existente na atual avenida Moreira Lima, esquina com a rua Cin· cinato Pinto, apresentava-se em tonalidade verde e amarela. Adaptado à ocasião, lá se achava afixado o dístico utilizado no ano de 1922. em São Paulo, na Semana de Arte Moderna, dita- do por Mendonça Júnior: A FESTA DA ARTE NOVA É UM ZÉ-PEREIRA CANA· LHA PARA DAR UMA VAIA DEFINITIVA NOS DEU- SES DO PARNASO. . . (8) Adolescente ainda, sob um dos vários pseudônimos que ado· tou, em artigo de 1928, Valdemar Cavalcanti anunciou aquela festividade: Um bando de jovens, dos que representam o cspí· rito inquieto da nossa mocidade, vão tentar, aqui, no meio provinciano, tão cheio de pudores e de academis- mo, realizar a Festa da Arte Nova. Serã uma festa original. Linda e bizarra, como uma cantiga de Jorge de Lima. ... ... ... ... .. . ... . . . . .. ... .. . . .. . .. ... Uma festa de inteligência, de ~ónoridade. de in· quietude... (9 ) O Programa da Festa da Arte Nova foi divulgado pelos seus promotores, inclusive através do Jornal de Alagoas, de onde ex· traímos seu texto, aqui fielmente transcrito: PROGRAMA Às 16 horas Abertura da exposição de quadros modernos fa- lando Mendonça Junior sobre O incêndio do Olimpo 6 os símbolos de nossa raça. 18) RAMJI,, rM!rom11, de Raul Llma. CommentR.rios. JA, 19 )un. 1928. p, 3 (9) ARM. IAB.MtNTO, p~eud. de Valdemar ea.valcantll A Pezta. da Arte Nova. 15, 2 j un. 1928. p. 1 30 Faremos. aqui• grama da Hora da íntegra. Presidida por então bacharelando grantes da desapa curso de abcrtura ali se apresentava e cado como sinônimo A leitura da no Programa. foi derno "Agua de a tanto assim que não Lima, publicadas O beliscão, de (Rio de .Taneiro, 1 Jornal de Alagoas, (10) JA. 17 Jun 1123.. p.
  • 12. pintores locais, e a do lnstituto de Be- robrado ainda hoje [Ui.na com a rua Cin- verde e amarela. tt-PEREIRA CANA- mvA NOS DEU- 1ep1"eeentam o espí· 9io tentar, aqui, no Wores e de academis- e bizarra, como fÕnoridade. de in· divulgado pelos seus Alag<>a8, de onde ex· ..._ modemos fa- ...... do Olimpo é As 19,30 horas Hora da Arte Nova 1 - Carta de Jorge de Lima a Carlos Paurilio sobre a Arte Nova Brasileira 2 - Jayme de Altavila - A velha casa colonial 3 - Mário Brandão - O beliscão 4 - Mendonça Júnior - Ritmos bárbaros 5 - José Lins do Rego_- Idéias novas 6 - Carlos Paurílio - 3 poemetos 7 - Valdemar Cavalcanti - Literatura Moderna e Arte Nova 8 - Emílio de Maya - Versos modernos E depois? DANÇAS Abrilhantarão à festa o Jazz-Band dos Meninos, executando um lindo programa de charlestons, tangos e fox-trots. (1º) • Faremos, aqui, alguns esclarecimentos e acréscimos ao Pro- grama da Hora da Arte Nova, que não chegou a ser cumprido na íntegra. Presidida por Da Costa Aguiar - José da Costa Aguiar-, então bacharelando de Direito em Recife, um dos antigos inte- grantes da desaparecida Academia dos Dez Unidos, em seu dis- curso de abertura estabeleceu a diferença entre a literatura que ali se apresentava e o Futurismo de Marinetti, por ele classifi- c:ido como sinônimo de absurdo. A leitura da carta do poetã de "Essa Negra Fulô", referida no Programa, foi precedida da declamação de seu poema mo· derno "Agua de açude". cujo texto talvez não se haja conservado, tanto assim que não foi incluído nas Obras completas de Jorge de Lima, publicadas pela Editora Aguilar, em 1959. O beliscão, de autoria do contista de Almas do outro mundo (Rio de raneiro, 1931), era um conto regional, estampado no Jornal de Alagoas, dias após, a 24 de junho. (10) JA. 17 jun. 1928, p. 6. Festa da Arte Nova 31
  • 13. Os "Ritmos bárbaros", versos modernos, de Mendonça Jú- nior, tinham o sertão como cenário. Quanto aos versos de Emílio de Maya, da mesma escola, mas de conotações regionalistas, intitulavam-se "~teu Brasil do Nor· deste" e, como aconteceu aos de Mendonça Júnior. rlcles não se guardou o texto. Desconhecem-se, igualmente, os títulos dos poemetos apre- rnntados por Carlos Paurílio. Jaime de Altavila - esclarece noticiário de A República -, "que devia ler "A velha casa colonial", deixou de fazê lo por ter chegado atrasado, não podendo assim romper a muralha humana que se interpunha entre a porta e a mesa das sessões". (11) Esse poema, não divulgado na imprensa da época, em 1949 foi incluído pelo autor, na sua obra Canto nativo, editada em Maceió. .José Lins do Rego não compareceu, nem o noticiário da im· prensa explicou o motivo da ausêncta. Valdemal' Cavalcanti, em 1950, traçando o perfil de Carlos Paurilio, falecido nove anos antes, a 30 de dezembro de 1941, ao afirmar que o poeta e contista maceToense fora um dos organiza- dores da Festa da Arte Nova, "uma ruidosa e caricatural manifes- tação modernista, de que ainda hoje se guarda memória em Ma- ceió", <1sscgurou que Paurílio "assinou, por esse tempo um ma- nifesto, aos intelectuais paulistas". (12 ) A respeito desse documento literário nenhuma outra refe- rência conseguimos. Não seria ele a carta a que Menotti del Picchia alude na cor- respondência publicada na revista Maracanan, a 6 de junho de 1928 dirigida a grupo de intelectuais alagoanos? e provável. O poema "A noite africana", que acompanhou a referida correspondência do poeta paulista. abaixo transcrita, que não chegou a tempo de ser lida na Festa da Arte Nova, foi publicado na primeira página do Jornal de Alagóas, a 15 de julho. sob a apígrafe "Versos inéditos de Menotti del Picchia", com a obser- vação de que "foram especialmente enviados para os promoto- res da Festa da Arte Nova" e. estampado, debaixo da epígrafe (11) R UI .hm. 1928. r. 2. A Festa. da Arte Nova (12) OAVALCANTI, Vn.ldeinnr. Per!ll de urn poeta.. JA. 31 dez. 195-0, 2.0 c11.d.. p, 2 32 s Cabe, aqui, eh também enderecada i>abemos. não foi u plicando-se sua incl o presidente do e saiu "a rapaziada a
  • 14. , de MC'ndonça Jú· mesma escola, mas eu Brasil do Nor· únior. deles não se s poemetos apre· de A República-, de fazê-lo por ter a muralha humana sessões". {11) da época, em 1949 .ativo, editada em • Mticiário da im· • fll"fll de Carlos 1 D G de 1941, ao - dos organiza- ltaritataral manifes- 1De1116ria em Ma· tempo. um ma· • ' HQ outra refe- alude na cor· a 6 de junho de " t provável. nhou a referida scrita. que não ooo, foi publicado 15 de julho. sob hia". com a obser- para os promoto· baixo da epígrafe da. Ul!IO, 2.0 Clld.• p. 2 "Saudades da Festa da Arte Nova", no número único do por- tu.·voz dos modernistas de Alagoas, a revista Maracanan, surgida em Maceió, no mês de setembro daquele mesmo ano. Meus caros confrades Carlos Paurílio, Lavenerc Machado, Lourenço Peixoto, Valdemar Cavalcanti, Mã- rio Brandão e Mendonça Júnior. Recebi vossa linda carta e nela o trepidante an- seio de descobrir a nudez magnífica e tropical da nos- sa terra e da sua alma . É a revolução das consciênci'ls novas, definindo a Consciência Nova da Pâtria. Que seja decisiva a reação e rasgue todos os caminhos. Dê ao "brasileiro que pensa" a sua íunção legítima de intervir mais intimamente nos nossos des- tinos de povo organizado, sem parar num lirismo he· róico. mas transmudando-o em heroísmo lírico. A hora da chamada para essa missão na posse dos genuínos valores e patriotismos. que não falte nenhum soldado da geração nova. E que cada soldado seja uma legião. Aí vão as provas de uma poesia do novo livro no prelo: Repúbiica dos E. E. U. U. do Brasil; creio que essa se presta para ser recitada. Vosso MENOTTI DEL PICCHIA S. Paulo VI - VI - MCMXXVJH (13 J Cabe, aqui, chamar atenção para o fato daquela carta vir tnmbém endereçada a Zeferino Lavenêre Machado que. como r.abemos. não foi um dos promotores da Festa da Arte Nova, ex· plicando-se sua inclusão entre os destinatários pelos fato de ser o presidente do Cenáculo Alagoano de Letras, de cujo quadro saiu "a rapaziada atrevida que fez aquela Festa". 113) MARACANAN; Maceió. 1(l): get. 1928 33
  • 15. 3 . UMA FESTA COM MUITO COLORIDO Antônio Bento, em trabalho acerca da pintura na Semana de Arte Moderna, de 1922, ao discorrer a respeito da obra e das exatas tendências dos artistas que expuseram naquela Semana, afirmou que um deles, Yan de Almeida Prado (J.F. de Almeida Prado), "confessou ter participado da mostra com o propósito deliberado de gozação, o mesmo tendo ocorrido com Ferrignac" (Ignácio da Costa Ferreira - 1892-1958), para finalmente con- cluir que, dos oito expositores, apenas três projetaram-se na bis· tória artística brasileira: Anita Malfatti, Di Cavalcanti e Vicente do Rego Monteiro. (1) O ilustrador Antônio Paim Vieira, parceiro nos desenhos ex- postos por Yan de Almeida Prado, na mostra de 22, ratificou as palavras deste, ao afirmar: "Entramos dentro daquele movi- mento com espírito de gozação", acrescentando que "mal (sabia) que o verdadeiro espírito da eseola era realmente o sense of humour". (2) Não diríamos que em Alagoas pensaram em gozação os pin- tores participantes da nossa Semana de Arte Moderna. uma semana de um dia só. Todavia, a Festa da Arte Nova não deixou de ser, para usar as próprias palavras escritas tantos anos de- pois. por um de seus organizadores, "uma ruidosa e caricatural manifestação modernista", para a qual muitos artistas pinta- ram "moderno" pela primeira vez. Valdemar Cavalcanti, sob as iniciais V.C., comentando a realização daquela festividade, escreveu artigo a que deu o títu- lo A gostosa pateada dos modernos. Nele asseverou que a Festa da Arte Nova fora a primeira vaia dos novos às coisas acadêmicas, afirmando mais que aque- les ("deveriam ), antes de tudo, fazer escândalo. Revolucionar (1) BENTO. Antônio. Semana de 22: pintura. Cultura, 'Brasllla, 2(5): 31. jan./ mar. 1972 (2) VIEIRA, Pa1m. apud 'BARDI, P.M. O Modernismo no Bra~ll. São Paulo. 1978, p. 28 34 o meio. Domá-lo algazarra das opinião acerca arf Po plãgio demos tureza Essa não se de 1927, quando. a saudação de Ja derna. segundo asseverou que " Em matéria Arte Nova, sob o moço, publicada signado que ha · PeL~oto, Messias Santana e José res". (S) (3) 14) ts)
  • 16. Isa a primeira _.que aque- h' ' llnolucionar 51: 31. Jan./ o meio. Domá-lo com a gritaria fantástica dos verbos novos e á algazarra das cores espalhafatosas)•, emitindo, finalmente, sua opinião acerca de Arte: Na Arte, faremos o combate à Arte indolente dos artistas velhos... Queremos a Arte cheia de nervos. De traços elé· tricos e tintas ululantes. . . (A ousadia das linhas e das nuanças) . Ansiamos pela Arte·que traga, para ruborizar as gentes passadistas, o malabarismo abracadabrante das cores... Arte que viva na alma sonora do pensamento musculoso dos Artistas. Pois os velhos Artistas faziam, na sua Arte, um plágio indecoroso à natureza idiota; os artistas mo· demos fazem agora esta Arte Nova, que a mesma na- tureza já começa, vergonhosamente, a plagiar... A Arte Nova traz, para o desvairamento dos Ar- tistas, as ânsias doidas e os loucos ideais da Beleza Impossível! Na Arte gritaremos, desesperadamente, os gri- tos bárbaros do escândalo ... (3) Essa não seria a opinião de Jorge Lima, emitida em julho de 1927, quando, em banquete em sua homenagem, respondendo a saudação de Jayme de Altavilla, que continha crítica à arte mo· derna. segundo esse, "de linhas retas e estátuas deformadas", asseverou que "biague nunca foi arte". (4) Em matéria não assinada, a propósito da aludida Festa da Arte Nova, sob o título O magnífico sucesso do pensamento moço, publicada por órgão da imprensa maceioense, vem con· signado que haviam sido expostas telas modernas de Lourenço Peixoto, Messias de Melo, Luiz Silva, Eurico Maciel, Zaluar de Santana e José Menezes, artistas que fizeram a "Festa das Co. res". (5 } (3) V.O. 'Valdemar Cavalcantll A gostosa pe.teada dos modernos (Lembrando a Festa da .Arte Nova) R. 20 Jun. 1928, p.l (4) LIMA. Jorge de. Um discurso de Jorge de Lima. JA. 10 Jul. 1927, p. l (5) JA, 20 Jun. 1928, p, 4 35
  • 17. Foram 26 os quadros expostos no Instituto de Belas Artes '·Rosalvo Ribeiro". Todavia, nem todos eram de estilo moderno. 'l'al é o caso das telas de dois dos seis expositores, José Mene· zes e Zaluar de Santana, que não chegaram a apresentar ne· nhuma tendência modernista. Assim é que Valdemar Cavalcanti. ao tecer comentârios em tomo daquela exposição artística, sobre o primeiro asseverou que sua única tela exposta, "Pudor", apresentava uma certa mo. notonia nas tintas em que trabalhou", (6 ) afirmando que o se- gundo era "pintor ainda cheinho de passadismo", pois ainda não se convertera à Arte Nova. (7) Dos aludidos expositores, apenas um. Lourenço Peixoto, tra· vara antes contato com a pintura moderna, fato ocorrido no fim do ano de 1927, quando "apresentou umas coisas muito novas, que alguém chamou de charadas novíssimas". {8 ) Dai haver Valdemar Cavalcanti iniciado seus comentários sobre os participantes da chamada "Festa das Cores", com a afirmativa de que Lourenço Peixoto foi "o inventor do moder. nismo na arte, em Alagoas". (9 ) Aquele que "teve a coragem de botar nas suas telas o ah-e· vimento dos traços e as cores espalhafatosas". (1°) expôs "Co- rista", "Negra Fulô" e "Almocreve". "Corista", na opinião de Valdemar Cavalcanti o melhor dos quadros expostos, segundo Goano de Cena não era uma crbi;ã') cubista, como alguém apregoou, esclarecendo. finalmente. que "a tela obedeceu a um jogo de ângulos verdadeiramente admi· râvel". (11 ) Ou, conforme o mencionado Valdemar Cavalcanti, "um jogo de ângulos e losangos que (punha) uma nota de ori ginalidade no conjunto". (12 ) Eurico Maciel fez duas decorações destinadas ao salão do aludido Instituto de Belas Artes e expôs oito quadros: ..C:tsa de Pescadores", "Ao entardecer", "Estrada", "Morada deserta", "Recanto azul", "No frevo", "Interrompido" e ''Ora essa!", os três últimos detentores da "beleza comunicativa da policromia borboleteada". (13 ) Curiosamente, porém, o interesse do crítico C6) V.e. Valdemar Cavalcantll Na Festa da Arte Nova. R 23 Jun. 11128 (71 IDEM, Ibidem. R. 20 jun. 19?.8. p.3. (8) IDEM, Ibidem, R. 02 jul. 1928, p. 1 (9) IDEM. Ibidem (lO) IDEM, Ibidem (11) OENA, Ooano de. Fe~ta da Arte Nova. JA. 16 jun. 1928. !12) V.e. !Vllldemar cavalcanttl Tr. cit., R, 2 jul. 1928 n 1 (13) IDEM. Ibidem. R. 22 jun. 1928, p. 3 36 Valdemar Cav "Morada dese do sentimento, José .Men já nos report Luiz Silva nhando", todas em evidência. Sobre a p quadro modem das, mas não valcanti". (14) Coubastau minavam "certa res escandalo Luiz Silva " (co (trescalavam) "mulheres em pando de orgu das". (IS) Messias de quadros: "Flor lho" e "Confid Segundo V dros. depois de exposição dos Além das te los Paurilio e Quanto à brou a ínfluên · Zaluar de opinião crítica. de Petrópolis" "Idilio" e "Ban (14) (lJI) (16) 1171 1181
  • 18. de Belas Artes * estilo moderno. tr M r-. José Mene· a apresentar ne· .. 21 um -- Valdemar Cavalcanti inclinou-se para uma tela desse artista, "Morada deserta", cujo estilo o impressionou, pela "delicadeza do sentimento, e a emoção do colorido leve". José Menezes apresentou o quadro "Pudor'', acerca do qual já nos reportamos, e três decorações. Luiz Silva expôs três telas: "Mamãezinha", "txtase" e "So- nhando", todas seguindo os ditames da nova corrente estética em evidência. Sobre a primeira delas Valdemar Cavalcanti disse ser "urn quad10 moderno, de um sentimento singular, (de) linhas agu- das, mas não (chegavam) à brutalidade espantosa de Oi Ca· valcanti". (14 ) Contrastando com o modernismo dos quadros, onde predo- minavam "certa violência de traços fundos e selvageria de co- res escandalosas", na decoração que pintou para o aludido salão Luiz Silva ''(contrariou) as idéias modernas de suas telas, que (trescalavam) cheiros virgens de Arte Nova", representando "mulheres em posições clássicas de quem lê em voz alta e im- pando de orgulho, as estrofes portuguesíssimas dos Lusía- das". (15 ) Messias de Melo, muito jovem ainda, compareceu com cinco quadros: "Flor de lotus", "Altar", "Romance'', "Chapéu verme- lho" e "Confidência". Segundo Valdemar Cavalcanti, foi o primeiro desses qua- dros, depois de "Corista", de Lourenço Peixoto, o melhor da exposição dos modernos. (1ª) Além das telas Messias apresentou caricaturas, uma de Car- los Paurilio e outra de Valdemar Cavalcanti. Quanto à parte da decoração a seu cargo, nela se vislum· brou a influênda da arte de J. Carlos. (17) Zaluar de Santana, de cujo estilo artístico jã transcrevemos opinião crítica, expôs seis quadros: "Velho gameleiro", "Estrada de Petrópolis", "Rua Dr. Angelo Neto'', "Lábios de carmim", "ldílio" e "Bananas'', natureza morta. (18) (14) V.e . IVe.ldem&r Cave.lcantl 1 Na Festa de Arte Nova. R, 20 Jun. 1928. p .4 (15) IDEM. Ibidem 06) IDEM. Ibidem. R, 27 Jun. 1928, p. l '17) TOEM. Ibidem 118) rDP:M. Ibidem. R, 23 Jun. 1928 37
  • 19. Vale finalmente registrar que os integrantes daquela mos· tra, após sua realização, excetuando Lourenço Peixoto e Luiz Silva, não se afastaram dos velhos cânones artísticos. O primei- ro chegou a fazer outras incursões ao modernismo. O outro, só recentemente voltou a pintar em estilo moderno. O promotor dessas festividades, o Cenáculo Alagoano de Letras não deve ter chegado ao mês de abril de 1929, tanto que a partir desse mês, quase todos os seus mais destacados membros ingressaram no Grêmio LiteráTio "Guimarães Passos". Começou com Carlos Paurflio, que foi eleito e tomou posse a 13 desse mês e ano; a 27 seguinte, Gilberto Blaser foi igual- mente eleito, ocorrendo o mesmo com Mendonça Júnior, em 25 de maio, e com Lavenere Machado, que àquele Grêmio já per- t<>ncia em 9 de agosto do referido ano de 1929. 38 ~ O "GlJI~ A 14 de dezem gava José Lins do exercer as funções "Lembro-me costeletas, - assim guir complementa • crever artigos assi Viera de Minas a fim de ocupar a Anteriormente, formara-se em 1923 manário fundado raíba em 1924, ond Na figura de J definitivamente em gava a Alagoas um deste, e fadado a telect~ais alagoanos (1)
  • 20. 4 O "GUIMARÃES PASSOS" E O MODERNISMO A 14 de dezembro de 1926, a bordo do vapor "Parâ", che· gava José Lins do Rego (1901·1957), à capital alagoana, para exercer as funções de fiscal de bancos. "Lembro-me bem: fiscal de bancos, de bengala, monóculo e costeletas, - assim o descreve Valdemar Cavalcanti, que a se- guir complementa - chegara ele a Maceió, e se pusera a es· crevcr artigos assinados no Jornal de Alagoas. (1) Viera de Minas Gerais, para onde seguira no ano anterior, a fim de ocupar a Promotoria Pública de Manhuaçu. Anteriormente, em Recife, em cuja Faculdade de Direito formara-se em 1923, colaborara inclusive em D. Casmurro, se· manário fundado por Osório Borba, transferindo-se para a Pa- raíba em 1924, onde se casaria a 21 de setembro. Na figura de J.9~~ Lins do _B.ego - que de Maceió só sairiª definitivamente em l93S,-pâfa residir no R!9 de Janeiro, che· gava a Alagoas um adepto do Movimento Regionalista do Nor- deste, e fadado a influenciar profundamente alguns jovens in- telectuais alagoanos. Acerca da permanência, em Maceió, do romancista parai· bano, depõe Aloísio Branco: Pode-se dizer, sem adulação, que em José Lins do Rego teve Alagoas o seu mais interessante hós· pede literário. Aquele que nos preferiu deixar idéias em vez das relíquias de caligrafia deixadas pelo sr. Júlio Dantas (que esteve em Maceió em agosto de 1923) nas suas impressões de caixeiro-viajante re- quintado. Ê o escritor paraibano um hóspede de quem se tem vontade de se esconder as malas para não vê-lo nunca partir... (2 ) (1) CAVALCANTI, V&ldeme.r. "José Llns, cronista". ln: --. Jornal llt'1lirlo. Rio de Janeiro, 1960, p. 237 (2~ BRANCO. Aloyslo. José Lins do Rego. JA. 17 Jul. 1928. p. 1 39
  • 21. .. Aurélio :Buarque de Holanda, um dos sócios do Grêmio Li. terário i<Güi1narães Passos'', em depoimento acerca da já men· cíonada iniluência, asseverou que José Lins. inicialmente crí· tico e ensaísta, "contribuiu largamente para que todos - prin· cipalmente os mais moços - compreendêssemos o modernismo e aceitássemos a poesia moderna". t3 ) Entre os que em Alagoas foram influenciados pelo futuro romancista de IYlenfrw de engenho, escrito em ~aceió, certa· mente se acha Jorge de Lima (1893·1953), "Príncipe dos Poe· tas Alagoanos" desde 1921, de idade superior aos da geração mais nova de intelectuàis da província: em 1927, :Manuel Dié· gues Júnior, Valdemar Cavalcanti e Carlos J. Duarte, com 15 anos de idade; Raul Lima e Arnon de Mello, 16 anos; Aurélio Buarque de Holanda, 17 anos; Aristeu Bulbões e Lave~ere Ma· chado, 18 anos; Mendonça Júnior, 19 anos, para mencionarmos apenas estes. Arnon _de Mello é outro gremista a se referir à asoondên· eia litefâria de José Lins sobre Jorge de Lima, ao contar, em página cbistosa, como soubera que "o admirador de Bilace Afrâ· niõ Peixoto, o apurado Jorge de Lima, de sonetos perfeitamente rimados e metrificados, passara-se de armas e bagagens para os bárbaros do modernismo( ... ) , influenciado por um infame fis- cal de bancos, de costeletas e monóculo, que em má hora sur· gira em Maceió - o paraibano José Lins do Rego..." ( 4 ) Por sua vez - adianta Arnon de Mello -, ao expressar Jorge de Lima seu lirismo, de maneira original e independente, que lhe dava "mais pureza e mais força criadora, assegurou a conversão dos meninos do "Guimarães Passos". (5 ) A respeito da influência do autor de "Bangüê" sobre alguns jovens alagoanos, é o trecho do discurso com que o poeta res- pondeu a outro, proferido por Jayme de Altavila, em jantar rea· lizado em Maceió, na sede do Clube de Regatas Brasil, a 11 de setembro de 1929: Aqui me chamaram de demolidor, de futurista, de chefe de certa igrejinha em que oficiam um bando de meninos que eu perverti. Não é verdade. (3) PEREZ. Renard. "Auréllo Buarque de ~olanda". ln: - . Escrttore~ brasllel· ros contemporâneos, 1ª série 2ª ed. Rio de Janeiro, 19'70. p .?2 (4) MELLO. Arnon de. Jorge de Lima.•TA, 28 Jnl. 1951, 1>. 4 (:>) IDEM, Ibidem. 40 a _adesào de J <:om a publicação cuja composição Rio de Janeiro. foram impressas, exemplares desse do Rego e 1lanoel Dois meses d adolescente ain dência, na antiga cindo, no bairro marães Passos". Sua primeira do Presidente: reto Falcão; 19 cretário: Raul Era a coo visava a "desen que será o futuro dador a 24 do a história dos cujos primeiros tal do Arquivo de outubro de 1 fundadores p Felino Masc·"--11 ""' Salustiano l'.'n·~íd ( li) 'i)
  • 22. IDCIOS do Grêmio Li.- acerca da já men- JD.iciatmente crí· que todos - prin- • ' it!IJS o modernismo """-iados pelo futuro em Maceió, certa· • •Principe dos Poe· aos da geração l.9271 Manuel Dié· J. Duarte, com 15 16 anos; Aurélio e Lavenére Ma· para mencionarmos o -. ao expressar inal e independente, · dora, assegurou a s". (5) angüê" sobre alguns om que o poeta res- tavila, em jantar rea· gatas Brasil, a 11 de olidor, de futurista, ue oficiam um bando é verdade. ~ --. E~rltores brasUel- anelro, 1970. p.72 1, p . • O que há em mim e nesses meninos que apren- deram a pensar por si, a se dirigirem por si mesmos, a abrirem caminho na vida, sem mim, sem chefes, sem escola, é esta verdade que eles descobriram: que é melhor pensar errado em Maceió do que certíssimo na terra dos outros. (6 ) A adesão. daJo.rge de..Lima...ao.Modernismo ocorreu em 1927, com a publicação de seu poema O mundo do menino impossível, cuja composição gráfica terminou a 10 de junho daquele ano, no Rio de Janeiro, em tipografia da rua D. Petronila, nQ 9, onde foram impressos, numa edição fora do comércio, apenas 300 exemplares desse poema dedicado a Gilberto Freyre, José Lins do Rego e Manoel Bandeira. Dois meses depois, a 9 de agosto, Manuel Diégues Júnior, adolescente ainda, aos 15 anos de idade, em sua própria resi· dência, na antiga rua do Araçá, nc:> 171, atual Epaminondas Gra· cindo. no bairro da Pajuçara, fundou o Grêmi-0 Literário "Gui- marães Passos". Sua primeira diretoria, eleita a 22 de outubro, compunha-se do Presidente: Manuel Diégues Júnior; Vice-presidente: Bar· reto Falcão; 1~ Secretário: Aurélio Buarque de Holanda; 2Q Se· cretário: Raul Lima; Tesoureiro: Abelard de França. Era a concretização de um sonho, há muito acalentado, que visava a "desenvolver a inteligência da gente moça, essa gente que será o futuro do Barsil", confessou eufórico seu jovem fun- dador a 24 do mês seguinte, em revista recifense, onde narrou a história dos passos inic!ais daquela agremiação literária, (7) cujos primeiros estatutos, hoje pertencentes ao acervo documen- tal do Arquivo Público de Alagoas, foram aprovados no dia 18 de outubro de 1927, com os votos favoráveis dos seis gremistas fundadores presentes à reunião: Aurélio Buarque de Holanda. Felino Mascarenhas, Manuel Diégues Júnior, Paul.o Malta Filho, Salustiano Eusébio de Barros e Valdemar Cavalcanti. Cada uma das cadeiras do Grêmio tinha como patrono um alagoano ilustre, a começar do que lhe emprestou o nome, Gui- marães Passos, seguindo-se-lhe Aristeu de Andrade, Bráulio Ca· valcanti, Cassiano de Albuqúerque, Ciridião Durval, Clóvis de C6) LIMA. Jorge de. Discurso em jal)t:lr renllzado a 11 set. 1929. JA, 13 aet. 1929, p , l I"/) Dll'OTJES JONlOR JManuel Dlé!We>' Júniorl História de um grêmlo. A PUh6- rla, Recife, 7 (313) 24 set. 1927 41
  • 23. Holanda, Diégues Júnior, Elísio de Carvalho, Franco Jatubá, Luiz de Mascarenhas, Sabino Romariz e Sebastião de Abreu. Em sessão de 16 de julho de 1928 o número de cadeiras foi aumentado para 15, cujos patronos eram Tavares Bastos, Melo Moraes e Moreira e Silva. Designados os sócios Abelard de França e Arnon de Mello para elaborarem novos Estatutos, em sessão do dia 25 de março de 1929, o número de cadeiras foi aumentado posteriormente para 19, tendo como patronos Demócrito Gracinda. Correia de Oliveira, Leite e Oiticica e cônego Machado de Melo. Raul Lima, ao narrar fatos ligados ao início da vida do Grê- mio do qual foi um dos sócios fundadores, asseverou que a jo- vem intelectualidade dele participante "não repudiara ainda os valores que começariam a ser atacados em nome de novas e mais autênticas concepções de arte", para a seguir arrematar: Lembro-me afnda da emoção com que foi rece· bida, e passou de mão em mão, a carta de Coelho Neto, em caligrafia impecável e inconfundivel, de agradecimento pela notícia da fundação do nosso pe- queno Clube. (8 ) De Coelho Neto, tão verberado pelos modernistas, eleito "Príncipe dos Prosadores Brasileiros", em concurso promovido pela revista carioca O Malho, em 1928 os integrantes daquele Grêmio receberiam outra carta. Conhecido o resultado, que na província foi objeto de crí· tica de parte de José Lins do Rego, em artigo estampado na imprensa local, (9) por proposta de Abelard de França foi a ele (Coelho Neto) enviado ofício de congratulação, assinado pelos gremistas residentes em Maceió: Manuel Diégues Júnior. Abe· lard de França, Raul Lima, Francisco Marroquim Souza, Arnon de Mello e Eusébio de Barros. (10) A citada correspondência de· Coelho Neto vem igualmente publicada, sob a epigrafe "Uma carta do Príncipe dos Prosado· res", na seção Notas e Factos do Jornal de Alagoas, de 11 de maio de 1928, citado: (8) LIMA, Raul. Presença de Alagoas. Maceió, 1967, p. 138 (9) REOO, José Llns do. O prlnclpe dos prosadores. JA, 17 abr. 1928, p. 3 (10) JA, 11 maio 1928. p . 3, Notas e Factos 42 limo. Sr. Agra "Grêmio" peridade viva semp o nome d dias de dades. Muitos dos jove fiéis à escola literá · 1909), o primeiro de Letras, .depois ev correntes literárias: compreenderam a fo Jorge de Lima, enq dos pelas imagens do se acabara com a p · Carlos J. Duarte. fense, de Paulo Mal Passos", nos dá uma · mistas: Paulo mundo co do uns ai nando " tro Alves, lizando "e Escrevendo longo para de Maceió. ll) ROcHA Tadeu. lll
  • 24. , Franco Jatubá, ·.ão de Abreu. e Arnon de Mello do dia 25 de março tado posteriormente racindo, Correia de o de Melo. icio da vida do Grê· asseverou que a jo· repudiara ainda os nome de novas e a seguir arrematar: com que foi rece- ' a carta de Coelho e inconfundível, de ndação do nosso pe· modernistas, eleito concurso promovido integrantes daquele ia foi objeto de crí· artigo estampado na lard de França foi a lação, assinado pelos Diégues Júnior. Abe· oquim Souza, Arnon ~eto vem igualmente ríncipe dos Prosado- e Alagoas, de 11 de 138 A. 17 abr. 1928, p. 3 Ilmo. Sr. Diégues Júnior, M.D. Presidente do Grêmio Literário "Guimarães Passos". Agradecendo, do íntimo do coração, o ofício do "Grêmio" a que V.S. preside, faço votos pela pros- peridade do mesmo, para que, ao calor da mocidade, viva sempre em glória na terra que .ele tanto honra, o nome do poeta d'Os simples, meu companheiro nos dias de ouro e hoje uma das minhas grandes sau- dades. Patrício COELHO NETTO Muitos dos jovens integrantes daquele grêmio, a princípio fiéis à escola literária de seu patrono, Guimarães Passos (1867- 1909), o primeiro alagoano a ingressar na Academia Brasileira de Letras, depois evoluiram, paulatinamente aderindo às novas correntes literárias: "Os moços - assinalou Tadeu Rocha - compreenderam a força telúrica e a mensagem espiritual de Jorge de Lima, enquanto os mais velhos continuavam embala- dos pelas imagens do Parnaso, correspondendo a um mundo que se acabara com a primeira guerra mundial". (11 ) Carlos J. Duarte, comentando a estréia, na imprensa reci· fense. de Paulo Malta Filho, seu companheiro do "Guimarães Passos'', nos dá uma idéia dessa evolução, comum a muitos gre- mistas: Paulo Malta Filho começou como quase todo mundo começa. Sonhador. Romântico. Chato. Contan- do uns alexandrinos horrorosos nos dedos. Colecio- nando "rimas ricas" de autores célebres. Bilac, Cas- tro Alves, Guerra Junqueiro. Gonçalves Dias... Idea- lizando "chaves de ouro" absolutamente hediondas. Escrevendo toda semuna um trabalho mais ou menos longo para ler nas tertúlias do "Guimarães Passos", de Maceió. Mas depois ele compreendeu que isso não podia dar certo não. 11) ROCHA, Tadeu. llodernlsmo & Regionallsmo. Mnceió. 1963. p. 26 43
  • 25. Então - não sei porque - deu aos seus poc· mas um ritmo igualzinho à carreira dos automóveis de oito cilindros que tiram 100 quilômetros à hora! ( t:i) O início da etapa final da conversão de integrantes daquele grêmio foi, aliás, registrado no artigo A propósito de futuris· mo, escrito por Jorge de Lima a bordo do "Araranguã" - que partira de Maceió para o Rio de Janeiro, a 20 de junho de 1929 -, quando se referiu à "festa moderna.. que seria promo· vida a 23 desse mês de junho, pelo Grêmio Literário "Guimarães Passos", com a denominação de "Canjica Literária". Transcrevemos. integralmente, dada sua importância, o de- poimento prestado pelo poeta de "Pai João". acerca dos ••rapa- zes do Grêmio "Guimarães Passos": Eu estive muito tempo desiludido desses rapa· zcs do Grêmio "Guimarães Passos". Pareciam eles de verdade paralisados no parnasianismo, no retórico, enfim nessas velhas coisas detestáveis que constitui· ram a alegria íntima e o sucesso dos grêmios literá- rios do tempo da boêmia letrada. Outro dia, quando saí de Maceió, li nos jornais daí que o pessoal do 1Grêmio Guimarães Passoas (era assim que se designava antigamente essRc; socierla· des. o pessoal do Guima, os jovens do Raul Pompéia, etc.) ia fazer uma festa moderna. Foi quando mudei de pensar a respeito dos rn· pazes do Grêmio. E me lembrei de quando eu sozinho, aí. delibe· rei mudar de pele literária. Quase tentaram o ridículo contra mim. Eu era o futurista, uma espécie de bobo ou de maluco das le· tras. O que eu escrevia. um poemeto qualquer que inseria, de propósito, para acostumar e irritar o pú- blico. não conseguia nem uma coisa nem outra: des· pertava uma espécie de compaixão, um coitado dei.e, um é pena! que se repetiam aos domingos. depois da leitura do Jornal de Alagoas em cada leitor amigo ou inimigo. (l:l) p·RA voot. Recite, 1(9): 9. l!l e.br. 1!130 44 mio didatos. o zes, pela Jivre e bilidade
  • 26. - deu aos seus poe- ira dos automóveis 00 quilômetros à hora! de integrantes daquele A propósito de futuris· do "Araranguá" - que · , a 20 de junho de ma" que seria promo· Literário "Guimarães Literária". sua importância, o de- - ", acerca dos "rapa- desiludido desses rapa- ". Pareciam eles de ismo, no retórico, •veis que constitui· dos grêmios !iterá- a respeito dos ra- contra mim. Eu era 1) ou de maluco das le· poemeto qualquer que lmllumar e irritar o pú- misa nem outra: des- lrmúo. um coitado dele, domingos. depois da cada leitor amigo ou O Arnon de Mello, ai do Grêmio, disse uma vez o diabo sobre o meu Menino impossível. O Mário Brandão. Todo o mundo. Foram estes, porém, os pri· meiros que se penitenciaram de público. No entanto, eu não queria então nem futurismo. nem maluqueiras. Eu queria era o clássico. A tradi- ção. O que era nosso. E o que era humano. Eu queria a terra do Brasil. As coisas de Alagoas. O Nordeste. A nossa imperfeição. A mocidade dessa Alagoas estava era empantur- rada de estrangeirismos, de helenismos, de banvilis- mos, de lecontismos, de besteirismos. O primeiro contato com a terra ia ser a Cangica Literária do S. João. Ainda bem e que eles não che- guem, porém, ao extremo da antropofagia. Ao ridí· culo de querer devorar a Academia Alagoana de Le- tras ou o Instituto (Instituto Histórico e Geográfico de A.lagoas) ou o Clero de Alagoas. Já nos basta o exemplo dos caetés ao tempo de D. Sardinha. Quero saber do Rio que eles dançaram coco, co- meram canjica, sapatearam e assaram milho ao ca· lor da velha fogueira amiga, tão diferente daquela apagada pira grega em que os nossos avós literários se aqueciam. (13) • • • A rotatividade dos mandatos do "Guimarães Passos" era defendida pelos sócios, conforme assevera Arnon de Mello em trttbnlho evocativo. no qual discorreu a respeito das eleições naquela agremiação literária: Nunca vi eleições mais disputadas que as do Grê- mio Literário "Guinw,rães Passos". Lançados os can- didatos, o trabalho era absorvente. Vencia-se, às ve- zes, pela diferença de um voto. O sistema do sufrágio livre e secreto funcionava honestamente, sem proba- bilidade de fraude. Diretoria cujo mandato findasse passava tranqüilamente o poder aos eleitos, mesmo (13) LIMA, Jorge de. A propósito de futurismo. JA. 28 jun. 1029, p. l 45
  • 27. que o vencido fosse Diégues Júnior, fundador do Grê- mio. (14) Assim foi que a sua segunda Diretoria, eleita a 13 âe ja- neiro de 1929, para o período de 22 de março desse ano a 22 de março de 1930, foi quase uma total renovação da primeira: Presidente: José Mota Maia; Vice-presidente: Arnon de Mello; lQ Secretário: Carlos J. Duarte; 2<? Secretário: Abelard de Fran- ça; Tesoureiro: Eusébio de Barros; Bibliotecário: Paulo Malta Filho. (15 ) Em sessão solene, realizada no então Instituto Arqueológico e Geográfico Alagoano, a 22 de março seguinte, comemorativa da passagem do aniversário do nascimento de Guimarães Pas- sos, após fazer o histórico do Grêmio, Manuel Diégues Júnior entregou sua direção ao novo presidente eleito. {1ª) A quem lê o texto há pouco transcrito, pode à primeira vista parecer que Manuel Diégues Júnior foi vencido como can- didato na .eleição de janeiro de 1929, quando dela apenas par· ticipou de maneira indireta, ao apoiar a candidatura de Raul Lima. derrotada naquele pleito, em face de inesperada luta elei- toral aberta por Arnon de Mello, como veremos em trecho de depoimento prestado pelo fundador daquele grêmio literário: Assentada a candidatura de Raul Lima, então primeiro secretário, à presidência. no dia da eleição surgiu uma outra chapa, comandada por Arnon de Mello e que se tornou vitoriosa. elevando à presidên- cia José Mota Maia. Com isto o Grêmio perdeu a sede; e também os sequilhos, os bolinhos. as broas, os refrescos, o café (servidos por D. Luizinha, mãe de Manuel Diégues Júnior} e ainda os saraus musicais. Pois transferiu-se para o Conselho Municipal de Ma- ceió, em cujo salão de sessões passou a reunir-se. {17 ) A modificação do nome do grêmio para Academia "Guima- rães Passos" deu-se a partir da primeira sessão do ano de 1930, ocorrida no dia lQ de maio, apesar de a mudança haver sido pro- posta há quase dois anos. (14) MELLO. Arnon de. Tr. clt. (15) S. 14 jan. 1929, p. 1 IHJ) JA, 26 mar. 1929, p. 3 (17) DIJ!:GUES Jl'.)NIOR. Manuel. Um grêmio de .1ovens Que ae chamou Guima- rães P856os. Ga.zetinha., Rio de Janeiro. Hl): 3, 15 jan. 1971 46 novas. o Dr. :sell-DI presentes, a da Cnuuda N lllammageara acdmicos pua
  • 28. ito, pode à primeira foi vencido como can· do dela apenas par- a candidatura de Raul de inesperada luta elei- veremos em trecho de le grêmio literário : ,_.Academia "Guima- ..-, do ano de 1930, k ••nça haver sido pro- O'OR M chamDU 0llma.· J. 15 fUl.. 19'1l Foi Arnon de Mello, em reunião de 10 ele setembro de 1928, quem propôs alterá-lo para Academia Muceioense de Letras, o que suscitou acalorados debates e opiniões contraditórias de al- guns sócios. A 17 seguinte, Carlos J . Duarte sugeriu que o Grêmio pas- sasse a se chamar Academia "Guimarães Passos". Entretanto, como vimos, a nova denominação somente veio a ser usada em maib de 1930. A ela já não pertenciam os antigos integrantes do Grêmio Literário "Guimarães Passos", todos eles de gerações mais novas. Em 28 de setembro de 1931, já com o novo nome de Aca- demia, empossando como sócia efetiva a jovem médica Llly La- ges, o antigo Grêmio, segundo Lobão Filho, " (quebrou) no Brasil o pragmatismo de não ter a mulher ingreSSC> nos cenáculos literá· dos'', (18) afirmativa que não procede, haja vista Yolanda Men· donça haver ingr.essado antes, a 24 de outubro de 1926, no Cená· culo Alagoano de Letras. De 23 de março de 1934 é a última notícia obtida sobre a Academia "Guimarães Passos", data da eleição de sua nova Di· retoria, que ficou assim constituída: Presidente - Dr. Esdras Gueiros; Vice-presidente - D~ Lily Lages; lQ Secretário - Aristeu Bulhões; 2Q Secretário - Dr. Zeferino Lavenere Macha- do; Oradores - Fr€itas Cavalcante e Mendonça Braga. Na mesma sessão, realizada no então Instituto Histórico de Alagoas, que contou com a presença dos acadêmicos Sebastião da Hora, que a presidiu, Esdras Gueiros, Luiz da Rosa Oiticica, Félix Lima Júnior, Zeferino Lavenêre Machado, Aristeu Bulhões e Lobão Filho, foi apresentado o nome do Dr. Emilio de Maya, para sócio efetivo, proposta aceita por unanimidade, bem como escolhido o mês de abril para a r.ecepção ao Dr. Ezechias da Rocha. O Dr. Sebastião da Hora propôs, com a aprovação de todos os presentes, a realização de uma festa literária em benefício da Cruzada Nacional de Educação, cuja embaixada a Academia homenageara dias antes, a 16, designando-se uma comissão de acadêmicos para tratar da realização da referida festa. • • • (18) JA, 30 set. 1931. p l 47
  • 29. A Canjica Literária, realizada no dia 23 de junho de 1929, a primeira manifestação pública da adesão de in~egrantes do Grêmio Literário "Guimarães Passos", ao Modernismo, contou com a participação de um esquenta-mulher (banda de pífanos), de dois repentistas, Aprigio Alves de Brito e Rozendo Tavares de Lima que, ao som da viola e do ganzá, apresentaram embola· das, louvações, toadas e desafios, d~an~e a tarde, no palco do Cinema Floriano, precedidos de exphcaçoes da parte de Manuel Diégues Júnior. A sede do Regatas (Clube de Regatas Brasil), cedida para a parte noturna de tais festejos, então localizada na rua do Co· mércio, foi "transformada num terreiro de ca8a-grande, com as suas cangãlhas, os seus cassuãs, os seus ginetes, esses apetrechos da gente do mato, (com) um roçado de milho circundando-o e muitas espigas verdes qu.e Maria Rosa e Sinhã Balbina (assariam) para a "freguesia", na fogueira "armada ao pé do antigo Reló- gio Oficial (...) com o seu clássico mastro de mam~eiro ou.ba- naneira... ", para ser acesa após os tiros de roqueiras e apitos de búzios. Os sócios do Regatas foram convidados a se apresentarem caracterizados de caipiras, tendo sido oferecidos prêmios p':.!las lojas Paris e Progresso, para o matuto ou matuta melhor carac- terizado e até o Jazz-Band Capitólio, dirigido pelo maestro Joa· quim Silva, ensaiou especialmente para a festa, peças bem bra· sileiras. como o "mineiro-pau, o yoyô-de yayá, esses sambas de sabor regional ( ... )", o que bem denota a preocupação para com o regionalismo da comissão organizadora da "Canjica Lite· rária": Manuel Diégues Júnior, Raul Lima, Joaquim Maciel Fi· lho. Carlos J. Duarte e Abelard de França. Da parte literária constaram trabalhos de caracterfsti<'as modernistas e regionalistas. Iniciou-se com as palavras de Raul Lima, sobre os MéritoR da Canjica. seguindo-se Aristeu Bulhões. com o poemcto "Mf'tt São João"; Adaucto de Pereira, que declamou poema inédito de Jorge de Lima; Carlos J. Duarte. com o conto regional "Miss Boneca de Milho"; Abelard de França, que fez o "Elogio da pa· monha"; Manuel Diégues Júnior, que leu os versos "Traque de chumbo'', registrados pelo O Semeador, com o título "Meu tempi· nho de menino" e, finalmente, J. Maciel Filho que. chegou a ini- ciar a leitura de sua novela regional "Maria Rita". mas foi inter· rompido pelo excesso de alegria reinante no momento 48 A despeito qual deu·se a Jizada um ano Cenáculo A lag ções mais c nalistas. Em contra- por uma certa pelos integran Naquela f de abrilhantar o embolada " · - daquele ano. ex charlcstons, fox- Antes e de e 1930 o Grêm· formado em A tas de caráter solerie comcmar do Grêmio (22 da sessão pelo acerca da fund 'ida do Grêmio e de França falou boêmb do Guima Arnon de Mello, sébio de Barros Fcstiv~l de Costro dr. Guedes de M" tras: A nossa i Cipriano Jucá; O POeta amou. por Marroquim de i.es d'Ãfrica. w Pereira: Castrn ttOiS V~ do ()$Cf'fr WildP (16 Nradoxos. rn1r1&... de Wilde. fantasia. ....,._ fez o elogio ele f'1llÍriO de Josi ck
  • 30. a se apresentarem ·dos prêmios pelas tuta melhor carac- pelo maestro Joa· • peças bem bra· , esses sambas de a preocupação para ra da "Canjica Lite· Joaquim Maciel Fi· 1s de características a, sobre tts Méritos m o pocmcto "Meu u poema inédito de nto regional "Miss fez o "Elogio da pa- versos "Traque de o titulo "Meu tempi- que. chegou a ini- Rita". mas foi inter- momento. A despeito do pioneirismo da Fosta da Arte Nova, através da qual deu-se a introdução oficial do Modernismo em Alagoas, rea- lizada um ano antes, a 17 d.e junho de 1928, por integrantes do Cenáculo Alagoano de Letr,as, a Canjica Literária teve conota· ções mais caracteristicamente brasileiras, principalmente regio· nalistas. Em contra- partida, a mencionada Festa da Arte Nova pecou por uma certa ausência da brasilidade, na época tão decantada pelos integrantes da Semana de Arte Moderna, de São Paulo. Naquela festa de 1928, o Jazz-Band dos Meninos, incumbido de abrilhantar o acontecimento, ao lado de composições como a embolada "Pinião", de Augusto Calheiros, sucesso do Carnaval daquele ano, executou ritmos musicais estrangeiros da época: charlestons, fox-trots e tangos... • • • Antes e depois da Canjica Literária, entre os anos dn 1928 e 1930 o Grêmio Literário "Guimarães Passos", depois trans- formado em Academia "Guimarães Passos'', realizou outras fes· tas de caráter cultural. entre as quais é de salientar n, Sossãn solet1e comemorativa do aniversário do nu,scimento do patrono do Grêmio (22 mar. 1928): Programa cumprido - Abertura da sessão pelo Presidente Manuel Diégues .Júnior, que falou acerca da fundação da sociedage; Raul Lima fez o resumo da vida do Grêmio e discorreu a respeito de seu programa; Abelard de França falou sobre Os amores do poeta; Carlos J. Duarte, A boêmi3. do Guima; Francisco Marroquim de Souza. O revoltoso; Arnon ele Mello, A bibliografia de Guimarães Passos. tendo Eu- sébio de Barros. flnalmente, lido versos de Guimarães Passos: Fcstivrtl de Ca.stro Alves (8 jul. 1928): Abertura do festival, p<'lo dr. Guedes de Miranda, presidente da Academia Alagoana de Le- tras; A nossa festa. por Raul Lima; Castro Alves, poemeto. por Cipriano Jucá; O poeta, por Arnon de Mello; As mulheres que o poeta amou, por Eusébio de Barros; A escravidão e o poeta, F. Marroquim de Souza; Traços do boêmio. Diégues Júnior; As vo· zes d'Africa. versos de Castro Alves. declamados por Celeste de Pereira; Castro Alves, versos, por Emílio de Maya; Diálogo dos Pcos versos do homenageado. por Cipriano Jucâ;Homenaqem " Osc"r Wildr> (16 out. 1928) : Osc;:ir Wild~ o grande semt.?ador cfo panHtoxos. conferência por Carlos .T Duarte; Os cravos verdes de Wilde, fantasia, por Abelard de França. Manuel Diégues Jú. nior fez o elogio de seu patrono no Grêmio. Franco Jatobã; Cen,. t<>nário de José de Alencar (1Q maio 1929): Carlos J. Duarte 49
  • 31. discorreu sobre·Alencar, poeta; F. Marroquim de Souza, Alencar, o jornalista; Abelard de França, A Iracema de Alencar; Manuel Diégues Júnior, Alencar, o romancista; Raul Lima, Alencar, po· lítico; Vesperal de Arte do Dia da Criança (12 out. 1929): Reali· zado na sede da sociedade "Perserverança", de Maceió, sob a presidência de Alvaro Dória, nela Sebastião da Hora discorreu acerca do papel da criança em todas as fases da sua formação; Aristeu Bulhões declamou seu poemeto "Conselhos à mulher"; Joaquim Maciel Filho leu seu trabalho regional Pinicainha & Cia., tendo ainda falado outros gremistas; Festa do Negro (13 maio 1930): Joaquim Maciel Filho leu trecho de sua novela Mãe Tonha; o pe. Sizenando Silva, poesia sobre a data; Sebastião da Hora, estudo acerca da religiosidade do negro; Alvaro Dória, finalmente, discorreu sobre a significação patriótica daquela fes. ta. Ao término da sessão o poeta Tito de Barros da Academia Alagoana de Letras, que se achava na platéia, notando o esque· cimento a que f-Oi relegado, naquela festa, o nome da Princesa Isabel, pediu a palavra e declamou, de improviso, a oitava: Uma negra ali pintada, (19) Um negro aqui em pessoa... Aquela não disse nada, Aquele não nos perdoa. Não perdoa rom certeza, Doçura com tanto travo: Esquecermos a Princesa Quando falamos de escravo. Outra festividade realizada foi a Festa do Romantismo ( 28 jun. 1930): No Clube de Regatas Brasil, às 21 horas, inicialmente o dr. Barreto Cardoso, em nome do C.R.B. saudou os moços da Academia. Aristeu Bulhões, a seguir, declamou a balada Dulce, de sua autoria; Joaquim Maciel Filho, Berlinda; Yayasinha Cal· mon cantou o rigoleto Mi caro nome; Lotlrdes Caldas interpre· tou ao piano -0 minueto de Paderewsky; Elza Ferraz e Lourdes Caldas dançaram o minueto, a caráter, com acompanhamento ao piano por Zezé Correia, seguinao·se as danças antigas: val· sa, schottisch, quadrilha, polca e lanceiro; Sémana das Cores (16 dez. 1930): Programa - lQ dia: Instalação solene; 2Q dia: Retreta pela Jazz·Band Capitólio; 3Q dia: Noite da Canção Bra. sileira, com Hekel Tavares e Elisa Coelho; 4Q dia: Recepção do (19) Alusão a. um quadro a. óleo. da. ptna.coteca da "Perseverança". e a um des- cendente de antigos escravos, que comparecera. representando 1ma raça. 50 novo acadêmico Machado. Audição ros; 59 dia: Feira dos Meninos; 1<> • tra do acadêmico Mirian Lima, Noê Calheiros Gomes, nezes e Messias, João Azevedo, num desenhos (carica verança e Auxílio
  • 32. ~ Romantismo (28 horas, inicialmente udou os moços da ou a balada Dulce, da; Yayasinha Cal- .es Caldas ínterpre· Ferraz e Lourdes acompanhamento ças antigas: val- Semana das Cores ão solene; 29 dia: iite da Canção Bra. dia: Recepção do ~a", e a um des- tando sua raça. novo acadêmico Luiz Oiticica. Saudação do acadêmico Lavenere Machado. Audição de piano e canto pela senhorita Hilda Calhei- ros; 59 dia: Feira de quadros; 69 dia: Retreta pela Jazz-Band dos Meninos; 79 dia: Encerramento solene da Exposição. Pales- tra do acadêmico Lobão Filho. Da exposição constaram telas de Mirian Lima, Noêmia Duarte, Olívia Torres, José Paulino Lins, Calheiros Gomes, Zaluar de Santana, J. Moreira e Silva, J. Me- nezes e Messias, além de caricaturas de Carlos de Gusmão e João Azevedo, num total de 125 telas (óleo e aquarela) e 39 desenhos (caricaturas), expostos na sede da sociedade Perse- verança e Auxilio dos Empregados no Comércio de Maceió. 51
  • 34. 1. ACOBERTANDO INFLUtNCIAS Gilberto Freyre, em 1947, no prefãcio dos Poemas negros, dá a entender que o autor desses poemas aderira ao Modernismo logo após a Semana de Arte Moderna: Foi esse principalmente o mundo 1 das tradições amadurecidas nas terras de massapê do Nordeste,... 1 de que Jorge de Lima, em 1922·23, poeta jã precoce· mente feito, mas de modo nenhum estratificado em cinzelador milnovecentista de sonetos elegantes reco- lhidos com avidez pelos pedagogos organizadores de antologias, tornou-se, sob novos estímulos vindos do Sul, da Europa, dos Estados Unidos, o grande poeta, o poeta por excel~ncia. O poeta d' "O mundo do me· nino impossível". O poeta de "Essa Negra Fulô". (1) :m provável que, para tal, o escritor pernambucano tenha se apoiado em declarações do próprio Jorge de Lima, que dois anos antes, em 1945, perguntado por Homero Senna se havia par· ticipado do Movimento Modernista, apesar de haver negado sua participação, adiantou, contudo, que o apoiara desde o ini- cio, (2) o que é improvável, pois somente em 1927 travou pela primeira vez conhecimento com textos de vanguardistas euro- peus e aderiu àquele movimento cultural, com a publicação do poema O mundo do menino impossível. Em 1925, três anos depois da Semana de Arte Moderna, Fer- nando de Mendonça pretendia publicar um livro, Os outros e eu, composto· de entrevistas com poetas e prosadores alagoanos. A 14 de outubro desse ano O Semeador, de Maceió, estam- pou sua entrevista com Jorge de Lima, até hoje praticamente (1) FREYRE, Gilberto. "Nota Preliminar". ln : Lima, Jorge de. Poemas nepos. Rio de Janeiro, 1947; IDEM. "A propõelto de Jorge de Lima. poeta". In : - - . Vida, forma e cor. Rio de Janeiro, 1962. p. 15 (2) SENNA, Homero. Vida, opiniões e tendências dos escritores. O .Jornal IRe•lsta d' O Jornal) Rio de Janeiro, 29 Jul. 1945; --. Repdbllca das letras (20 entrevlataa corn escritores) Rio de Janeiro, 1957, p. 143 55
  • 35. • desconhecida, onde se referiu a um romance que o entrevistado estava a escrever, o Cipó de imbé, (3 ) publicado em 1927 com o novo titulo Salomã.o e as mulheres, registrando que o autor então preferido pelo "Príncipe dos Poetas Alagoanos" era La Fontaine, através do qual ele " (estava) compreendendo o mun- do", e, continuando a usar as próprias palavras de Jorge de Lima, naquela entrevista, familiarizando-se "com as suas nove- las, com os seus contos, com as suas comédias, com as suas epis- tolas, com os seus poemas, enfim, com toda a volumosa bagagem desse cruel e cintilante analista'', do qual chegaram a considerar v.erso livre o empregado nas mencionadas lr'ábulas. (4 ) Indagado sobre o que pensava do futurismo, se era arte ou uma pantomima ( ... ), Jorge de Lima "abriu um sorriso de es- panto como que repugnado da pergunta", respondendo: "-Hein? Que penso do futurismo? Não penso". (5) Como poderia, então, no período 1922-23, citado por Gil- berto Freyre, ser Jorge de Lima já um poeta modernista? E o que dizer da afirmativa do poeta de "Essa Negra Fulô", de que apoiara desde o inicio o Movimento Modernista defla· grado no ano de 1922, em São Paulo? E; o que veremos. Não há como fugir ao raciocínio de que o Movimento Regio- nalista do Nordeste influiu grandemente na fase poética de Jorge de Lima, iniciada em 1927. Otto Maria Carpeaux, falando sobre a posição desse poeta dentro do movimento literário brasileiro, considerou-o "a prin- cipal voz lirica de um movimento literário de tendências regio· nalistas". (e) O próprio Jorge de Lima, aliás, em outubro de 1928, no ar- tigo Futurismo e tradição, estampado em O Semeador, fez sua "profissão de fé" regionalista: Se o Futurismo existisse eu o combateria. Por- que me parece que eu sou mesmo um sujeito ape· gado à tradição. Que tradição? Tupi? O Brasil-tupi correu pra o mato há muitos anos. O atual é ape- nas ibero-celto-fenício-troiano-hebraico-grego-carta- geno-romano-sueco-alemão-visigodo-arábic-0. (3) Ml'!NDONÇA, Fernando de. Entrevista com Jorge de Lima. s. 14 out. 1925, p. t (4) COELHO, Jacinto do Prado (dlr.) Dictonárlo das Uteraturas porturuesa, bra- sileira e galega, Porto 119601 p. 845, verbete Verslllbrtsmo. (5) :MENDONÇA, Fernando de. Entrevista clt. (6) CARPEAUX, Otto Maria. Introduçli.o. ln: LTMA, Jorge de. Obra poética. Rio de Janeiro (lg50) p. X·XI 56 Adiante, nat josa, divulgador do Uma pedaço d lnojosa, em pelo Centro Regi dicionalistas, pejora Centro. de "guarda a "causar distúrbios Em junho de 1 de pele literária", J o condicionamento ta. quando asseve maluqueiras. Eu q so. E o que era b de Alagoas. O Nor A declaração do tanto, faz-nos pe mente planejada. de mencionado movi Llns do Rego, então
  • 36. .te ""F.&aa Negra Fulô", Modernista defla· o que veremos. o Movimento Regio· :te na fase poética de a posição desse poeta considerou-o "a prin· • de tendências regio· outubro de 1928, no ar· O Semeador, fez sua 11 ,,_.. de. o•ra poitlea. Rio Mais afro. Mais tupi. Mais alguma coisa. Mais a tradição que o brasileiro sente dentro dele, balançan· do o coração dele como uma rede de tucum: é a tra· dição portuguesa. Adiante, naturalmente querendo se referir a Joaquim !no· josa, divulgador do Modernismo em Pernambuco, afirmou: Uma campanha de pilhérias procura (faz um pedaço de tempo) sujar essa tradição. (7 ) Inojosa, em uma de suas criticas ao movimento encetado pelo Centro Regionalista do Nordeste, intitulada Tradição e tra· dicionalistas, pejorativamente denominou os integrantes daquele Centro, de "guarda zeladora da tradição", segundo ele, destinada a "causar distúrbios e não construir nada". (8 ) Em junho de 1929, ao se reportar à época em que "mudou de pele literária", Jorge de Lima praticamente veio comprovar o condicionamento que lhe dera o citado Movimento Regionalis- ta. quando asseverou: "Não queria então nem futurismo nem maluqueiras. Eu queria era o clássico. A tradição. O que era nos- so. E o que era humano. Eu queria a terra do Brasil. As coisas de Alagoas. O Nordeste. A nossa imperfeição"... (9 ) A declaração do autor de "Pai João" a Homero Senna, por- tanto, faz-nos pensar em tentativa, posterior, por ele previa· mente planejada, de acobertar a influência que nele exerceu o mencionado movimento nordestino, através de seu amigo José Lins do Rego, então residente em Maceió. Foi certamente por uma afinidade de ponto de vista, de identidade de sentimentos, que Jorge de Lima dedicou aos nor· destinos Gilberto Freyre, José Lins do Rego e Manuel Bandeira, seu poema de adesão à nova escola. Em 1925 esse último, que se afastara do Recife há muitos anos, após uma troca de correspondência com Gilberto Freyre, que estava organizando a edição do Livro do Nordeste, come· morativo do centenário do Diário de Pernambuco, escreveu o poema "Evocação do Recife". (io) (7) LIMA, Jorge de. Futurismo e tradição. 8. 25 out. 1028. p .1 (8) INOJQSA, Joaquim. Trllllçilo e tradlclonallstas. Revtsta de Pernambuco, Re· clfe. 2'(11) mato 1925 (9) LIMA, Jorge de. A propósito de futurlsmo. JA. 28 jun. 1929. p. 1 (10) BARBOSA, Francisco de Assis. Introdução iterai. In: BANDEIRA, Manuel. Poesta e prosa. v. J Poesia. Rio de Janeiro, 1958. p. LXXXIX 57
  • 37. José Lins do Rego, ao escrever acerca da passagem de Jor· ge de Lima para o Modernismo, apontou Manuel Bandeira como "culpado em muitos desses poemas do jovem poeta de Alagoas", explicando que um dia este lera a citada "Evocação do Recife", e resolveu fazer uma pilhéria. "Quando terminou, não era mais o Príncipe Jorge de Llma, era apenas um poeta". (11 ) Em virtude daquela afinidade é que igualmente enviou, uns seis meses antes de sua publicação, os originais dos Poemas, para serem lidos por aqueles intelectuais e por mais um outro, Olívio Montenegro. Aquela manifesta preocupação de Jorge de Lima em recuar no tempo, não só a época de sua adesão ao Modernismo, como a do início da simpatia por aquele movimento cultural, acha-se presente em outras ocasiões, entre elas quando prestou declara- ções a Homero Senna a propósito da passagem de Marinetti pelo Brasil, no ano de 1926. Ao discorrer a respeito de influências estrangeiras no Mo- dernismo, depois de asseverar que "cabotino que jamais (o) seduziu foi o falecido Marinetti'', Jorge de Lima afirmou que " (assistiu) à conferência que (ele) pronunciou no extinto Tea· tro Lírico, quando de visita ao Brasil", assegurando não ha· ver sentido "um instante sequer a menor afinidade por suas idéias". (12) Entretanto, a 19 de maio de 1926, quatro dias após a rea· lização daquela conferência e seis meses antes da viagem expe- rimental da primeira empresa aérea a ligar Alagoas ao sul do país, a Latecoere, Jorge de Lima encontrava-se em Maceió, onde compareceu a reunião da Academia Alagoana de Le- tras . .. (13) A preocupação em evidência parece hav-er se manifestado a partir de 1932, quando o poeta, como subtítulo de seus Poemas escolhidos, apôs os anos de 1925 a 1930, entre parênteses, a sig- nificar as datas extremas das composições poéticas reunidas em volume por Adersen Editores. (14 ) No ano seguinte, 1933, em agosto, ao indagar Hamilton Ba· rata qual o sonho interior que animou a sua atividade e a sua obra de poeta e de artista, referindo-se ao poema O mundo do (11) REGO, José Llns do. Gordos e magros. Rio de Janeiro. 1942, p. 22 02> Sl!:NNA. Homero. Op. clt. (13) JA, 22 ma.lo 1926, p. 3; LIVRO de atas dftll sessões da Academia Alacoana de Letras: anos de 1922 a 1930. (Hl LIMA. Jorge de. Poemas escolhidos (1925 a. 1930) Rio de Janeiro. 1932 58 menino impos Lima respondeu em 1925", (15) Continua. ceder para 1925 em 1934, quand 1927 vem consi anos antes, (16) o seu livro Po de duas, em 19 saios, (ambos de 1930 e que, f giram no ano de
  • 38. de Lima em recuar .o Modernismo, como cultural, acha-se prestou declara- de Marinetti pelo ~ menino impossível, logo em seguida por ele transcrito, Jorge de Lima respondeu haver sido "o primeiro manifesto que (escreveu) em 1925", (15) quando sabemos datar de 1927 aquele põ-ema. Continua, dai por diante, a demonstrar a intenção de ante· ceder para 1925 a data de sua adesão ao Modernismo, tanto que em 1934, quando da edição inicial de O anjo, aquele poema de 1927 vem consignado no rol de suas obras como impresso dois anos antes, (16) registrando a mesma fonte, erroneamente, que o seu livro Poemas, .teve três edições, todas de 1926, em lugar de duas, em 1927 e 1928; que os Novos poemas e os Dois en· saios, (ambos de 1929), apareceram respectivamente em 1928 e 1930 e que, finalmente, os Poemas escolhidos, (de 1932), sur- giram no ano de 1933. No seu romance A mulher obscura, de 1939, os menciona- dos Poemas são dados como surgidos em 1925, enquanto a 2' edição de Calunga, de 1943, inicia nova série de erros com o re- gistro dos XIV alexandrinos, de 1914, dados como publicados em 1920, prosseguindo com e,.oemas e Novo..s..J>o~m.a.s, consigna- dos como impressos em 1925. A 2' edição, em castelhano, de Poemas, aparecida em 1952, insiste no erro da data da publicação dos XIV alexandrinos, con- signando ainda como impressas em 1925 e 1928 as duas edições dos Poemas e, em 1927, os Novos poemas. Deixando de lado, a repetição de erros dessa natureza, em outras edições de obras de Jorge de Lima, do período em que ainda vivia o autor, chegamos por fim a 1974, ano do apareci- mento de Jorge de Lima:obra compieta, da. Editora José Agui· lar, onde o poema O mundo do menino impossível, além de con· signado como impresso em 1925, vem acrescido de novo e incor- reto informe bibliográfico: ó de haver sido editado em Maceió, pela Casa Trigueiros. (15) BARATA, Hamllton. O esplendor de um coraçl!.o de poeta e artista. O Homem Livre, Rlo de Janeiro, 19 ago. 1933; JA, 13 set. 1933, p.3 (16) LIMA, Jorge de. O anjo. Rio de Janeiro fl9341 59 •
  • 39. 2. A ADESÃO, SEGUNDO POVINA Em 1969, no capítulo "Adesão ao Modernismo", do livro Vida e obra de Jorge de Lima, afirmou Povina Cavalcanti que decorrera "quase todo o (ano) de 1924, quando o poeta, (Jorge de Lima) com saudade da boa terra carioca, sem poder ainda, entretanto nela residir, (como era seu desejo) resolveu passar algumas semanas no Rio". "Foi aqui - acrescentou - e por esse tempo, que Jorge realmente começou a ler os modernistas, principalmente os eu ropeus, ( ... devorando) tudo quanto lhe caía às mãos'', (1) para concluir com a afirmativa de que não hesitava em afirmar que "o despontar do seu espírito renovador" datava dessa estada no Rio de Janeiro, quando o viu pela primeira vez "comentar as li· herdades poéticas dos vanguardistas de São Paulo, com um misto de desconfiança e simpatia". (2 ) Entretanto, nesse ano de 1924 Jorge de Lima nem mesm(J esteve no Rio de Janeiro. Mas, no anterior, na antiga capital fe· deral acompanhara a impressão de seu livro de ensaios A co- média dos erros, editado naquele mesmo ano por Jacinto Ri· beiro dos Santos. e nela demorou-se alguns meses em compa· nhia de sua esposa, regressando a Maceió erri 13 de março de 1923, a bordo do "Maranguape''. (3) Estaria então Povina Cavalcanti também procurando, deli· beradamentc, "solicitar" datas, recuando às proximidades do ano da Semana de Arte Moderna a adesão de Jorge de Lima ao Modernismo? Somente assim se explica a circunstância de haver Povina omitido que em 1928, em artigo amplamente divulgado, através da revista 11ustração Brasileira, ao criticar duramente os Poe· mas, adiantara que seu cunhado, "homem de natural recolhi· (1) .CAVALCANTX. Povlna. Vida e Obra de Jorge de Llma 'Rio de Janeiro, lll691 p., 85 (2) DM, 14 mar. 1923. p , t 60
  • 40. de Lima nem mesm<J u antiga capital fe· llwn» de ensaios A co- mo por Jacinto Ri· meses em compa· mi 13 de março de procurando, deli· às proximidades do ...~ de Jorge de Lima ao tltlnda de haver Povina 1te divulgado, através duramente os Poe- cle natural recolhi· mento, com a volúpia das leituras novas, ( ... ) leu naqueles me· ses todo o vient de paraitre de 1927, não só da França, como da Alemanha'', para finalmente arrematar que fora o suficiente para, "ao cabo dessa exaustiva leitura, o poeta ( ...comprome· ter-se) pelo modernismo europeu". (4 ) E a imprensa maceioense confirma essa viagem, ao noti· ciar que a 5 de março de 1927, a bordo do "Almirante Jace· guay", Jorge de Lima seguiu com a familia para o Rio de Ja· neiro, de onde só regressou no vapor "Bahia", em 10 de maio, (S) um mês antes do término da composição, em tipografia do Rio de Janeiro, do seu poema de adesão ao Modernismo, O mundo do menino impossível, cujo aparecimento quase simul- tâneo com o romance Salomão e as mulheres, teve em Maceió banquete c-0memorativo, oferecido a 3 de julho, por um grupo de amigos do autor, quando foi saudado por Jayme de Altavila e agradeceu em discurso, do qual a seguir transcrevemos alguns trechos: Ouvi um futurista: "Interpretemos a harmonia das grandes fábricas, as vozes das metrópoles, dos cais rumorosos, os sonhos dos arranha-céus". Como poderia, meus amigos, como poderia Ranulfo Gou- lart, este doce lírico da rua da Igreja interpretar todas estas coisas assombrosamente grandes e pavorosa- mentc ágeis se, o nosso mavioso parnasiano jamais viu sobrados mais altos que aqueles da rua do Co- mércio? * • • De um atualista: "Que motivos não se perdem à falta de um poeta verdadeiro que lhe dissesse danar- monia das nossas praias virgens, das nossas festas tradicionais: o São João das chuvinhas, e dos fogue- tes de lágrimas". O precursor moderno das aparências e realida- des dizia: "Poeta é quem diz palavras eternas, quem pensa pensamentos grandes, quem sente sensações imensas". (4) C'AVALCANTI. Povlna. "Poemas" POr Jorge de Llmn.. Dlustração Bra~ilel.ra, Rio de J1U101ro. rn~lo 1928 (5) JA. 5 mar. 1927. p. 7; 11 maio 1927, p. 7 61
  • 41. Combrone pensou em Waterloo o maior pensa· mento de conquista e glória, sentiu a sensação mais imensa sob o chuveiro das balas inimigas e porque era um poeta de pronta e sincera emoção pronunciou palavras eternas. Meus senhores tudo se pode afirmar. Tudo se pode definir. Somente o grande artista é inexplicável, contraditório, inconstante e nessa inconstância de in· satisfeito eterno é que está o barr~ do vencedor. O artista verdadeiro lembra a queda da águia de Dan- tec, ninguém o ensinou, ninguém lhe explicou coisa alguma. Ele é a águia nova. O vento passa. A águia segue. Apresentou, então, como exemplo, o caso de Jean Cocteau: Cocteau é um patriarca do modernismo. Fez Po· tomak ILe Potomak, 19191 em que há verso li'Vl'e à bessa. De repente Cocteau escandali.zou Paris-velho saturado de Paris-novo. Lançou Vocabulaire, 119221 cheinho de versos metrificados, medidinhos, conta· dinhos. Isto em Paris. Depois de adiantar que no Brasil, Menotti del Picchia, "es- crevinhador de poemas passadistas, negou seus jucas mulatos e timido como um vate estreiante presenteou-nos este ano com o seu primeiro livro de poesia", !ao que parece Poema de meu amor!, finalizou: 62 O equívoco do meu delicioso vate Da vida e do sonho IJayme de Altavilaj está em julgar o atualis· mo jmodernismoj generalizando-o, sistematizando tu- do nu, à fórmula passadista, "no quadro de linhas re- tas e estátuas deformadas". Futurismo, marinetismo, cubismo, dinamismo, dadaísmo, desvairismo foram tentativas sem gênio que fracassaram mesmo antes da guerra de 1914·17 (sic) e não depois como dizeis.
  • 42. em Waterloo o maior pensa· e glória, sentiu a sensação mais · das balas inimigas e porque e sincera emoção pronunciou tudo se pode afirmar. Tudo se o grande artista é inexplicável, te e nessa inconstância de in- qae está o barr~ do vencedor. O lembra a queda da águia de Dan- ninguém lhe explicou coisa nova. O vento passa. A águia aemplo, o caso de Jean Cocteau: patriarca do modernismo. Fez Po- 1919 em que há verso livre à Cocteau escandalizou Paris·v.elho . Lançou Vocabulaire, 119221 metrificados, medidinhos, conta· Brasil, Menotti del Picchia, "es- jMllRas, negou seus jucas mulatos e presenteou-nos este ano com o ao que parece Poema de meu .etismo, cubismo, dinamismo, foram tentativas sem gênio que antes da guerra de 1914-17 tsic) dizeis. ............. .... .-· ......... Senhores. Eu desejaria como aquele Zaratrusta de Nietzs- che, dizer-vos: "Meus senhores, eu vos anuncio o Mo- dernismo e vos garanto que vós todos poetas parna- sianos e prosadores aurinistas (alusão a Aurino Ma- ciel, da Academia Alagoana de Letras) haveis de en- loqtLecer rapidamente". Em nome desse movimento moderno ergo a mi- nha taça em agradecimento ao esteta das Mil e duas noites, ergo a minha taça a todos os meus amigos pre- sentes que me amam e a todos vós intelectuais a quem eu chamo bem aventurados porque se revoltam e hão de se libertar também". (6) ... - (6) LIMA. J orge de. Um discurso de Jo1·ge de Lima. JA, 10 jul. 1927, p. l 63
  • 43. 3. ALGUMAS CRfTICAS CONTRARIAS Em menor número do que se pensa, foram as críticas con- trãrias à nova poesia de Jorge de Lima. Das divulgadas na imprensa alagoana, as únicas de que conseguimos registro foram as de Arnon de Mello. Mário Bran- dão. Mário Melo, Nasson Figueiredo, Povina Cavalcanti e Aloí- sio Vilela. Em 10 de julho de 1927 surgiu a mais antiga delas, a de Mário Brandão, quase limitada à afirmativa de que "um gato irônico espreguiçando-se de quando em quando, lia o semi-livro que o dr. Jorge de Lima (acabava) de lançar à publicidade, in- titulado O mundo do menino imposswei". (1) A essa se seguiu uma outra, em 13 de janeiro de 1928, pu- blicada meio escondida em uma das colunas do Registo Social, do Jornai de Alagoas. Nela, Arnon de Mello, depois de descre- ver, em tom de biague, o poema com que Jorge de Lima aderira ao Modernism-0, afirmou não o haver compreendido, nem achar possível que alguém o compreendesse. (2) A essas opiniões refere-se Jorge em artigo escrito em ju- nho de 1929, a bordo do "Araranguã", em viagem ao Rio, a pro- pósito da realização da Canjica Literária, festa moderna que o Gr~mio Literário "Guimarães Passos" programara realizar: "0 Arnon de Mello, aí do Grêmio, disse uma vez o diabo do meu Menino Impossível. O Mário Brandão. Todo o mundo". Porém. logo adiante, esclareceu haverem sido aqueles jovens críticos. "dos primeiros que se penitenciaram de público". (3 ) Precisamente dois meses depois do pronunciamento de Ar- non, o mesmo periódico transcreveu, do Jornai Pequeno, do Re- cife, a crítica de Mãrio Melo aos Poemas. (l) BRANDAO, Marlo. Do8 ltl.blos de uma roso.... JA, 10 Jul. 1927, p. 7, Registo Socle.l, (2) MELLO, Arnon de. O lmposs!vel do mundo é fazer-se outro mundo... JA, 13 Jan. 1928, p . 7 (3) LIMA, J orge de. A propósito de futurism o. JA, 28 Jun. 1928. p. l 64 ( 4) fS) 44 1
  • 44. se pensa, foram as críticas con- de Lima. alagoana, as únicas de que de Arnon de Mello. Mário Bran- ·---'o, Povina Cavalcanti e Aloí· surgiu a mais antiga delas, a de à afirmativa de que "um gato do em quando, lia o semi-livro va) de lançar à publicidade, in· sível". (1) • em 13 de janeiro de 1928, pu- das colunas do Registo Social, on de Mello, depois de descre· com que Jorge de Lima aderira o haver compreendido, nem achar .desse. (2) Jorge em artigo .escrito em ju· guá", em viagem ao Rio, a pro· Literária, festa moderna que o Passos'' programara realizar: "0 , disse uma vez o diabo do meu Brandão. Todo o mundo". Porém. m sido aqueles jovens criticos, am de público". (3) depois do pronunciamento de Ar- :veu. do Jornal Pequeno, do Re· aos Poemas. u.rn• rosa... JA, 10 jul. 1927, p. 7. Jtegllto dO mundo ê fazer-se outro mundo... JA, 13 tutur1.amo. JA, 28 Jun. 1928. p. 1 Depois de considerar os XIV alexandrinos, "quatorze joias de nossa literatura", entre as quais o soneto O acendedor de lampiões, na época "tão popularizado como o Ouvir estrelas, de Bilac'', o crítico pernambucano referiu-se aos Poemas, segundo sua concepção, "um livro futurista, coletânea de extravagân- cias", para finalmente estranhar o fato d.e haver aquele poeta "encontrado quem o (aplaudisse) nesse novo rumo" .. . (4 ) Já Nasson Figueiredo começa sua crítica dizendo não acre- ditar que o autor dos aludidos Poemas fosse mesmo "aquele Jorge de Lima admirável, aquele que escreveu os XIV alexan- drinos, o poeta feliz do Acendedor de lampiões", indagando a seguir: "Não estará você enganaao, ou sendo barbaramente vi- tima duma mistificação? Em suma, meu amigo, o que é futu- rismo?", para afinal responder que, segundo Maurice Mairgau· ce, " (era) o nevoeiro do materialismo que obscurece a nossa época". (5) A crítica de Povina Cavalcanti, que "não fora, apenas dura, fora também injusta, ( ... ) mas nunca insincera" - segundo o próprio autor confessou tempos depois, ao escrever a biogra- fia de Jorge de Lima, (6 ) foi em parte divulgada a 15 de julho de 1928, igualmente nas colunas do Jornal de Alagoa.s, transcrita da seção Movimento Literário, da revista carioca dirigida por Alvaro Moreyra. a Illustração Brasileira. Duro e injusto, é como realmente se nos apresenta esse tra- balho crítico, mal se inicia: Jorge de Lima vem de armar barraca nos arraiais do "modernismo". E com uma expressiva fecundida- de lança aos quatro ventos um enfestado volume de coisas informes - ele que era um sóbrio artista de sóbria e trabalhada produção intelectual. Com este salto mortal( ... ) Jorge de Lima ga- nha em abundância o que perde em talento, cultura e bom gosto. De sua nova arte não se poderá dizer: pauca sed bona. Não. Copiosa e má. (4) JA. 13 mar. 1928, p. 1, Alguns trechos da critica aoa "Poemaa", de Jorge de Lima (5) JA. l R mar. 19?.8, p. 3. Sobre os "PoemM" de Jorge de Lima (6) CAVALCANTI, Povlna. Vida e obra de Jorge de Lima JR!o de Janeiro, 19891 p.99 65
  • 45. Os Poemas serão, historicamente, na vida literá· ria de Jorge de Lima, um simples episódio. .. .......... .... . . ......................... . É possível que amanhã voltem a coincidir os nos· sos pontos de vista literários e que, ou a sua arte se defina melhor, ou a nossa êritica se descortine mais. De qualquer forma, Jorge de Lima e nós seremos os mesmos no respeito mútuo e na ternura co- mum. (7) Essa crítica severa, segundo informou o biógrafo de Jorge de Lima deu origem a várias reações, todas favoráveis ao poeta, "mas realmente a mais viva foi a de José Lins do Rego, ( ...que) tomou as dores do Jorge e desandou o pau no crítico, afirmando que o meu ponto de vista sobre muita coisa era o de um para· lftico". (8 ) Outra forte crítica, a última das há pouco referidas, veio de uma localidade interiorana, Viçosa, a "cidadezinha do país das Alagoas" do poema modernista de Théo Brandão. A 16 de junho de 1929, na Gazeta de Viçosa, José Aloisio Brandão Vilela, sob o pseudônimo Osório de Olivares, estampou o artigo No reino dos cabotinos, onde, depois de estranhar o fato de Tristão de Ataíde haver, "com todo o peso de sua cri- tica, expressionista, (chamado) Adelmar Tavares - o poeta da candura - de 'trovador bocó' e (dito ) que Jorge de Lima era o grande poeta do Norte", asseverou que no sentido em que falava aquele crítico, "maior do que ele (era) o Jacu do Barro-Branco, (era) o Manoel Catuaba de Flecheiras, (era) o Antônio Pedro da Paraíba do Norte", todos repentistas, "porque - concluía - Jorge de Lima (vivia) a plagiá-los miseravelmente". (9 ) Assim, foram realmente poucas as criticas desfavoráveis à poesia moderna de Jorge de Lima, ao que pudemos comprovar durante a pesquisa, tanto quanto possível exaustiva, que em· preendemos para a realização deste trabalho. (7) CAVALCANTI, Povlna. "Poemas" por Jorge de Lima - Ma.ce!ó. Dustra.çã.o Brasl- ldra, Rio de Janeiro, ma.io, 19211. (8) - . Op. e loc. clt. 19) OLIVARES. Osório de. P6eud. de Jo116 Alolslo Brandão Vtleln. No reino dos cabotinos. GV. 16 Jun. 1929, p . 1 fifi 4. Já se vê q menos reação 0 insistem em Entretanto, demia, opinava gorosamente ac rígida que se g " O POETA DA Carlos Moli em Alagoas, reli tra a Arte Nov: Aguiar e o prof. v_erando que "t tido de impedir bre os acoo ·
  • 46. a coincidir os nos- ou a sua arte se descortine mais. biógrafo de Jorge ráveis ao poeta, Rego, ( ...que) critico, afirmando o de um para- referidas, veio ~a do país dão. nustração Brast- VUela.. No reino dos 4. UMA COEXIST:€NCIA PAClFICA Já se vê que a defecção poética de Jorge de Lima gerou menos reação nos meios literários da província, do que alguns insistem em afirmar. Atribuem pr<>porções acima da realidade ao impacto que te- ria causado o fato em um dos nossos principais redutos conser- vadores da época, a Academia Alagoana de Le_tras que, segundo Tadeu Rocha, "orgulhava-se d.e ser uma fortaleza de pronomes bem colocados à lusitana moda, de palavras difíceis (substan- tivos desconhecidos e adjetivos preciosos) e de versos perfeita- mente metrificados e rimados; conforme convinha aos últimos helenos das margens da lagoa Mundaú e da baía de Jaraguá". (1 ) Academia que, conforme assinalou Otto Maria Cãrpeaux, ao lado de outras instituições congêneres de Alagoas, cõnstituia-se uma inexpugnável "fortaleza do parnasianismo". (2) Entretanto, Raul Lima, em 1929, no artigo O poeta da Aca- demia, opinava que, naquela instituição cultural, de poeta "ri- gorosamente acadêmico, na expressão profundamente severa e rígida que se gosta de dar, só Ranulfo Goulart". Daí considerá-lo "O POETA DA ACADEMIA". (3 ) Carlos Moliterno, em suas Notas sobre a poesia moderna em Alagoas, referiu-se à reação da mencionada Academia con- tra a Arte Nova, quando de polêmica travada entre Da Costa Aguiar e o prof. L. Lavenêre, acerca de literatura moderna, asse- verando que "todo o prestígio da Academia foi utilizado no sen- tido de impedir que os jornais dessem qualquer publicidade so- bre os acontecimentos". (4) (1) ROCHA, Tadeu. l1odernisn10 & Regionallsmo. Maceió, 1964, p.37 (2) CARPEAUX. Ot to Maria. Notas e coment6rtos. ln: LIMA, Jorge de. Obra Poé- tica. Rio de Janeiro )19501 p. 626 (3) LIMA, Raul. O poeta. da Academia. JA, 24 out. 1929. p. 3 (4) MOLITERNO, Carlos. Notas sobre poesia moderna em Alagoas. Maceió, 965. p . 40-41 67
  • 47. Inicialmente, da maneira como foi colocado o problema, é de se presumir que L. Lavenere pertencesse à Academia Alagoana de Letras. Mas, no ano seguinte, de 1929, a 1Qde novembro, quando da passagem do lOQ aniversário da fundação daquela Acade- mia, de suas cadeiras, a única vaga era a última, a de nQ 40, que tinha Inácio Passos Júnior como patrono, e que viria a ser posteriormente ocupada por L. Lavenere. (s) Inexistindo, nas hemerotecas consultadas, exemplares do Diário da Manhã, de Maceió, jornal onde escreveu Da Costa Aguiar, relativos ao período da mencionada polêmica, dela ini- cialmente tivemos conhecimento através do referido trabalho de Carlos Moliterno e, depois, ao pesquisarmos para este ensaio, quando nos deparamos com os números de O Semeador, de 13 e 25 de julho de 1928, onde L. Lavenere escreveu acerca da Arte Nova. No primeiro deles, intitulado Arte Nova, futurismo ou re- motismo?, após perguntar em que consistia a Arte Nova, asse· verou: "O que ela bem mostra ser é arte velha: remotismo". Para ratificar a assertiva, Lavenere deu exemplos nas áreas da música, arquitetura, desenho, escultura e poesia, dos quais transcrevemos os das três últimas: NO DESENHO: Os artistas pré-históricos não sa- biam perspectiva: desenhavam as figuras no mesmo plano. Os desenhos atuais reproduzem essas figuras im- perfeitas da arte rudimentar. NA ESCULTURA: Os escultores atuais tentam imitar os artistas dos tempos bíblicos, os monumen- tos da arte negra, da arte hindu . .. NA POESIA: A poesia primitiva não tinha metri- ficação, nem rima: era a palavra cantada. Pouco importava o agrupamento de vocábulos: o que se queria era o ritmo. (5) JA. 1.º nov. 1929, p, 3. Academia Alagoana de Letras: relaçllo doa patronos e ocupantes de SUMI ~detree 68 Esse artigo d Costa Aguiar, es rcferência de Lav dor, onde partici tura não era1t1 co De crítica con natura Cláudio e o capital maceioense. Nesse mesmo outro artigo de venere, em res