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ValdemaY Cuvalc(111#,
Mario Bra11d404
Carlos Paurilio.
..~
eç:ao de
P.. Sant'Ana
~!;
DOCUMENTARIO DO MODERNISMO
( ALAGOAS: 1922/31)
PESQUISA E SELEÇAO DE
MOAC/R MEDEIROS DE SANPANÂ :i!:•
Publicação conjunta do Departamento de
Assuntos Culturais - MEC e da Universi-
dade Federal de Alagoas.
MACEI ô
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS
l 9 7 8
.•:.
,......
,.
f_•
Sant'Ana, Moacir Medeiros de.
Documentário do modernismo (Alagoas: 1922/31)
[pesquisa e seleção de] Moacir Medeiros de Sant'Ana.
Maceió, Universidade Federal de Alagoas, 1978.
174 p.
1. Artigos de periódicos. Artigos de jornais. Noti-
ciário de imprensa. I. Título.
CDU - 045(813 .5)
Capa: Convite para a Festa da Arte Nova, reallzada em Maceió, a 17 de junho de 1928
NOTA INTRODUTO
A 10 de janeiro de 1927, em tipo
terminava a composição tipográfica do
nino impossível, através do qual deu-se
Lima ao Modernismo.
Dois meses depois, no dia 9 de a
nior, adolescente ainda, aos 15 anos de •
Literário "Guirnarães Passos,,. A maioria
fluenciada por Jorge de Lima e José
luiu. paulatinamente aderindo ao Mod
oficial em Alagoas ocorreu a 17 de ·
da Arte Nova.
Este Documentário visa justamente a
dessas efemérides culturais e é co ·
102 documentos de interesse para a
Alagoas: 1 de 1922, 3 de 1924, 3 de 1
36 de 1928, 27 de 1929, 13 de 1930 e e
esse constituído de trabalhos, de Blil~lll
na imprensa local, no período de uma
• • •
A exemplo da maioria dos dema18 •
repercussão do Movimento Moderrusta
inicial.
Sobre o Modernismo, desse pe:nodll
localizados na imprensa alagoana,
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vãQsair, publicado a 19 de agosto de
seis meses após a realização da ~911..
São Paulo.
Nele o autor refere-se ao ModlenliSIDI
timento estilístico que se caracterm
subjetivismo".
Depois dessa, nenhuma outra
1922 e 1923, a respeito do aludido
a D é J'lmllo de 1928
~
NOTA INTRODUTôRIA
A 10 de janeiro de 1927, em tipografia do Rio de Janeiro,_...: l~'~J:;.':
terminava a composição tipográfica do poema O mundo do me- ~ ~
nino impossível, através do qual deu-se a adesão de Jorge de
Lima ao Modernismo.
Dois meses depois, no dia 9 de agosto, Manuel Diégues Jú-
nior, adolescente ainda, aos 15 anos de idade, fundou o Grêmio
Literári,o "Guimarães Passos". A maioria de seus integrantes, in-
fluenciada por Jorge de Lima e José Lins do Rego, depois evo-
luiu, paulatinamente aderindo ao Modernismo, cuja introdução
oficial em Alagoas ocorreu a 17 de junho de 1928, com a Festa
da Arte Nova.
Este Documentário visa justamente a assinalar o transcurso
dessas efemérides culturais e é constituído de uma seleção de
102 documentos de interesse para a história do Modernismo em
Alagoas: 1 de 1922, 3 de 1924, 3 de 1925, 7 de 1926, 6 de 1927,
36 de 1928, 27 de 1929, 13 de 1930 e 6 de 1931, documentário
esse constituído de trabalhos, de alagoanos ou não, divulgados
na imprensa local, no período de uma década.
* * *
A exemplo da maioria dos demais Estados, foi diminuta a
repercussão do Movimento Modernista em Alagoas, na sua fase
inicial.
Sobre o Modernismo, desse período, dos poucos trabalhos
localizados na imprensa alagoana, apenas um mostrou-se favo-
rável ao movimento. O de Carlos Rubens, intitulado Livros que
vão sair, publicado a 19 de agosto de 1922, no Jornal de Alagoas,
seis meses após a realização da Semana de Arte Moderna, de
São Paulo.
Nele o autor refere-se ao Modernismo como o "supremo mo-
vimento estilístico que se caracteriza pelo mais livre e fecundo
subjetivismo''.
Depois dessa, nenhuma outra referência encontramos, em
1922 e 1923, a respeito do aludido movimento.
5
Foi necessário que Graça Aranha se rebelasse contra a Aca-
demia Brasileira de Letras, para o Modernismo ganha~ novamen-
te as páginas dos periódicos da província, ainda que de modo
fugaz. Em 5 de julho de 1924, no Diário da Manhã, de Maceió, o
conterrâneo Apratto Júnior, então no Rio de Janeiro, no artigo
O motim da Academia, discorreu a propósito da sessão daquela
instituição cultural, realizada em 18 do mês anterior, onde o
mencionado Graça Aranha, ao proferir a conferência O espírito
moderno, lançou o brado: "Se a Academia não se renova, morra
a Academia".
Entretanto, de maneira diferente viria repercutir entre nós
o Movimento Regionalista do Nordeste.
Já a 18 de julho de 1924, O Semeador, de M~eióJranscre­
via, de Gilberto Freyre, o artigQ. Em torno de uma revolta, onde
o fufuxo autor de Casa-grande & senzala asseverouque "0 Bra-
sil (ansiava) pela reintegração nos íntimos valores do seu pas-
sado", para em seguida acrescentar: "A grande necessidade é a
duma reação que reintegre o Brasil no seu passado".
A 13 de agosto seguinte, quatro meses l!PÓS a_fundaç.ãO-do
Centro R(}gjonalista do Nordest€}.,_~eção Notas e Factos~o Jir-nal de Alagoas, depois de esclarecer que se devia aquel~ ~n ro
ao "espírito brilhante do professor Odilon Nestor, mestre...a.ca·
tado da F_aculdade de Direito do Recife", deplorou o fato da_nova
associação não haver "(recebido) ainda de nós (alagoanos), uma
expressão de simpatia", da qual ajulgava merecedora.
Em 1925, relativamente ao movimento literário, as publi·
cações mais importantes, em número de três, tratam do Movi-
mento Regionalista do Nordeste: de Mario Marroquim, Regio-
nalismo (Jornal de Alagoas (JA), Maceió, 29 mar. 1925); 19
Congresso Regionalista do Nordeste (JA, 20 ago.) e Congresso
Regionalista do Nordeste (JA, 22 ago.).
Todas elas discorrem acerca do Congresso que o Centro
Regionalista do Nordeste programara para novembro de 1925,
mas que somente foi realizado em fevereiro do ano seguinte.
Em seu artigo, Mario Marroquim- nos faz compreender
porque no Nordeste o Movimento Modernista não penetrou tão
facilmente como no Sul, ao afirmar: "O Nordeste, que foi o
berço da nacionalidade, conserva ainda intacto, nítido, o senti-
mento de brasilidade, o espírito tradicional da raça, que no Sul,
ao contacto das massas imigratórias, já estâ quase desapareci·
do", devendo-se essa preservação a Gilberto Freyre, "um dos
esteios dessa reação (contra a destruição das nossas tradições),
que (vinha) em magníficos artigos no Diário de Pernambuco,
(avivando) a chama sagrada do amor a essas tradições".
6
i
rem à poesia.
constituindo ce.
nismo.
as publi-
do Movi-
tn.Dm. Regio-
·. 19"l5); 19
e Congresso
--
Após isso, um fato novo concorreu para incentivar a rea-
ção alagoana contra o Modernismo. A passagem, em 1926, pelo
Brasil, de Filippo Tommaso Marinetti, cujo futurismo chegou
aos nordestinos - e também aos demais brasileiros - como
sinônimo de negação a tudo quanto lembrasse tradição, enfim,
uma total cisão com o passado.
Dai a grande incidência, na imprensa da é,ru>ca, de criticas
ao italiano fundador do futurisnw. ,/--" '-< "
.!_osé Lins do R~ aportara em Maceió a 14 de dezembro
..de...l9.26.... já adepto do Movimento Regionalista do Nordeste, e
fadado a influenciar profundamente alguns jovens intelectuais
alagoanos.
Vindo para Maceió para exercer as funções de fiscal de ban-
cos, e de onde somente sairia definitivamente em 1935, para re-
sidir no Rio de Janeiro, logo passou a colaborar na imprensa
local, principalmente no Jornal de Alagoas, de cuja colaboração
alguns exemplos são os artigos Manoel Bandeira (27 mar. 1927),
Um poeta menino (25 jan. 1928), Sobre umas criticas a um poe--
ta (10 jan. 1929) e Contra o separatismo (18 jan. 1931).
Com a adesão de Joyge de LiIBa--.aº-.MoQ,ern_ismoJ em 1927,
principalmente depois dapublic_ação da edição inicial dos Poemas,
no Natal desse ano, aumentou o número de trabalhos acerca
daquele movimento cultural, _muitos deles de enaltecimento à
nova poesia do anti.go "Príncipe dos poetas alagoanos".
Nas colunas de vários periódicos da nossa província literá-
ria, foram estampados noticiários, crônicas e estudos, de autoria,
entre outros, de Jorge de Lima, José Lins do Rego, Leão Ma-
rinho Tavares Bastos, Em11io de Maya, Pontes de Miranda, Bar-
reto Falcão, Arnon de Melo, Valdemar Cavalcanti, Guedes de
Miranda, Paulo Malta Filho, Manuel Diégues Júnior, Aurélio
Buarque de Holanda, Raul Lima, L. Lavenere, José Aloísio Vi-
lela, Da Costa Aguiar, Carlos Paurilio, Carlos J. Duarte, Renato
Alencar, Aloísio Branco, Mario Marroquim, Lobão Filho e Al-
berto Passos Guimarães, para falarmos apenas em alagoanos ou
em naturais de outras plagas, mas radicados na provinda.
As publicações integrantes do presente Documentário, pu-
blicado sob os auspícios do Departamento de Assuntos Culturais
- MEC e Universidade Federal de Alagoas, não apenas se refe-
rem à poesia, mas também à prosa, música e pintura modernas,
constituindo certamente um subsídio para o estudo do Moder-
nismo.
Moacir Medeiros de Sant'Ana
7
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•um dos
tradições),
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....
-
Após isso, um fato novo concorreu para incentivar a rea-
ção alagoana contra o Modernismo. A passagem, em 1926, pelo
Brasil, de Filippo Tommaso Marinetti, cujo futurismo chegou
aos nordestinos - e também aos demais brasileiros - como
sinônimo de negação a tudo quanto lembrasse tradição, enfim,
uma total cisão com o passado.
Daí a grande incidência, na imprensa da é;Pca, de críticas
ao italiano fundador do futurismo. ./ ~
José Lins do Rego aportara em Maceió a 14 de dezembro
_de 1926._ já adepto do Movimento Regionalista do Nordeste, e
fadado a influenciar profundamente alguns jovens intelectuais
alagoanos.
Vindo para Maceió para exercer as funções de fiscal de ban-
cos, e de onde somente sairia definitivamente em 1935, para re-
sidir no Rio de Janeiro, logo passou a colaborar na imprensa
local, principalmente no Jornal de Alagoas, de cuja colaboração
alguns exemplos são os artigos l1an2._el Bandeira (27 mar. 1927),
Um poeta menino (25 jan. 1928), Sobre umas criticas a um poe-
ta (10 jan. 1929) e Contra o separatismo (18 jan. 1931).
Com a adesão de Jorge de Lima ao Modernismo, em 1927, . _.. v-i.,,,
J?rindpalmenteãepois da pubU~a_ção da edição inicial dos Poemas, ·
no Natal desse ano, aumentou o número de trãbãiliosacerca
daquele movimento cultural, muitos deles de enaltecimento à
nova poesia do antigo "Prínoipe dos poetas alagoanos.:.
Nas colunas de vários periódicos da nossa província literá-
ria, foram estampados noticiários, crônicas e estudos, de autoria,
entre outros, de Jorge de Lima, José Lins do Rego, Leão Ma-
rinho Tavares Bastos, Emílio de Maya, Pontes de Miranda, Bar-
reto Falcão, Arnon de Melo, Valdemar Cavalcanti, Guedes de
Miranda, Paulo Malta Filho, Manuel Diégues Júnior, Aurélio
Buarque de Holanda, Raul Lima, L. Lavenêre, José Aloísio Vi-
lela, Da Costa Aguiar, Carlos Paurilio1 Carlos J. Duarte, Renato
Alencar, Alolsio Branco, Mario Marroquim, Lobão Filho e Al-
berto Passos Guimarães, para falarmos apenas em alagoanos ou
em naturais de outras plagas, mas radicados na província.
As publicações integrantes do presente Documentário, pu-
blicado sob os auspícios do Departamento de Assuntos Culturais
- MEC e Universidade Federal de Alagoas, não apenas se refe·
rem à poesia, mas também à prosa, música e pintura modernas,
constituindo certamente um subsídio para o estudo do Moder-
nismo.
Moacir Medeiros de Sant'Ana
7
-·
LIVROS QUE VAO SAIR
Carlos Rubens
Ronald de Carvalho - Este é um dos talentos mais encan-
tadores da geração contemporânea. Dos mais jovens e dos que
tem uma obra literária que avulta pelo encanto e pelo intrínse-
co, como sua Pequena História da literatura brasileira, que é um
grande livro.
Como poeta já nos deu Luz gloriosa e Poemas e sonetos.
Acompanha agora às novas correntes da poesia contempo·
·rânea, formando ao lado de Menotti del Picchia, Mário de An-
drade, Guilherme de Almeida. Oswaldo Orico, Renato de Alen-
car e Graça Aranha, chefe no Brasil desse "supremo movimento
estilístico que se caracteriza pelo mais livre e fecundo subjeti-
vismo" e que tende a criar "uma poesia estranha, nova, alada e
que se faz música para ser mais poesia". É sob a influência dessa
nova expressão de arte que sairá dentro de poucos dias mais um
livro de Ronald de Carvalho, numa edição do Anuário do Brasil.
Será o Epygramas ironicos e sentimentaes, que revelará da "jo-
vem e ousada poesia", o que ela pode ter de sugestão e de beleza
inédita.
Mas de Ronald Carvalho teremos ainda dois livros - Espe-
lho de Ariel (estudos de arte) e Sob a vinha florida, pensamentos
- o que prova que a jovem e m·agnífico poeta com ser um dos
espíritos mais interessantes do momento literário é também dos
mais operosos.
JORNAL DE ALAGOAS (JA), Maceió, 19 ago. 1922, p. 1.
9
O MOTIM DA ACADEMIA
Apratto Júnior
O caso foi muito interessante, ou para melhor dizer, ridícu-
lo: reuniu como de costume, em sessão, quinta-feira expirante,
(18 jun. 1924) a Academia de Letras. Anunciara-se, precedente-
mente, que o sr. Graça Aranha ia dizer coisas sensacionais, d'ar-
repiar cabelos. . .
Ora com tais boatos com foros de assertivas, de admirar,
não foi ~ romagem ao Petit Trianon, com a sua seqüênci~ de
aborrecimentos, inquietações, machucadelas em calos de est11~1a­
ção e outras coisas que tais peculiares às desusadas aglomeraçoes
de gentes.
Nós, como todo mundo, aguçados, também, de curiosidade,
lá comparecemos, pouco antes da hora aprazada. Mas não vamos
descrever a sessão, em todas as suas minudências; melhor será
nos ocupemos do sr. Graça Aranha, de seus pros~htos e das no-
víssimas idéias de que é extremo defensor e caudilho.
Canaan é uma das obras primas, não digo do seu autor, mas
da Uteratura indígena; seu estilo é vibrante e raro igualado; .a
linguagem conquanto, por vezes, ~ão impecável, é tod~via, digna
de ser imitada. Tal obra, que motivo de orgulho deveria ser para
um literato é por ele próprio, julgada de invaliosa e trivial.
O caso de que a glória cabe ao Brasil, é inédito em litera-
tura. 11: o m~smo que um pai repudiar o filho primogênito, qu~ndo
todos conhecidos e desconhecidos, não desabem que esse filho,
tido em bom conceito lhe deu glória e renome, exaltando-o a
regiões invejáveis na jerarquia das letras. .
O sr. Graça Aranha prima em faltar à verdade e c_u~hvar
paradoxos: contraria o senso comum quando, com ~xcentnc1~~de
inominável, pretende fazer crer o advento do trmnfo do pe-
numbrismo" planta exótica transplantada diretamente da Eu-
ropa à terr~ rara, onde encontrou sectários cloróticos e visio-
nários, que têm saido a terreiro para defender idéias qu_e são as
mais enormes abominações. Ingrato é duas vezes o ex-diplomata
e ex-autor de Canaan, porque abraçando e defendendo as ~sta­
pafúrdias, idéias, desvalori~o~, por complet?, a,su~ obra prima,
aniquilando-a: neste caso e mgrato para s1 propno.. ~_pela _se·
gunda vez, ingrato quando, num arro~bo, ~e versama msop1tá-
vel, propõe a dissolução do cen~culo ht~rano de que faz parte,
que o honra e .em que é ele a so nota dISSonante, entre as qua-
renta que se esforçam pela conservação das trl;ldições literárias
e linguísticas, tão religiosamente curadas até hoJe, e com certeza
lO
que por todo o
obra a malfada
Na Europa
qual árvore sem
tempestade da
mando-o em ·
entre nós?
Será que n-
óbices à ridícul
volver-se entre
tóricos, que são,
para o progre
Anti-cien ' ·
nismo glotológi
A História desa
tilo dos grandes
está fora de mod
Qualquer
mestria senão ~
algavaciado, ·
priedades e id•·
Gonçalves Dias
dar a língua, bo 1
tum gesto
rem sobre as no
Não há dú
"bolchevismo"
mera; deslizará
dendo-se no vale
então, o sr. Gra
era, isto é, rei ·
tanto o honra.
futurismo "pa
por demais se .ª
ser por um
coibir os abusos
tamente, verrin •
mais sagrado -
" - Deix
arroubos da m
derão; no fundo,
Estamos qu
DIARIO
que por todo o sempre, entretanto, que não há de ser posta por
obra a malfadada empreza iconoclasta.
Na Europa nasceu e, para logo, medrou o futurismo; mas
qual árvore sem raiz, não pode resistir aos embates furiosos da
tempestade da crítica que, nele incidindo, o fez derruir, transfor-
mando-o em ruinarias. Será que o mesmo não haja de ocorrer
entre nós?
Será que não tenhamos idéias conservadoras capazes de opor
óbices à ridícula invasão? Não. O futurismo não poderá desen-
volver-se entre nós, porque, anti-patriótico, despreza os fatos his-
tóricos, que são, não raros, o apanágio de um povo, o estímulo
para o progresso.
Anti-científico, despreza os processos admiráveis do meca-
nismo glotológico e estilístico. Em futurismo tudo é anarquia.
A História desaparece, como velharia inútil e desenxabida. O es-
tilo dos grandes escritores clássicos e modernos de nada vale:
está fora de moda.
Qualquer petimestre, que outra coisa não sabe fazer com
mestria senão vestir-se à última moda e exprimir-se num idioma
algavaciado, misto de português e francês, pletórico de impro-
priedades e idéias estolidas qual destes faz criticas acerbas a
Gonçalves Dias ou a Machado de Assis, porque souberam estu-
dar a língua, honraram!
:e um gesto ver o entono de superioridade com que discor-
rem sobre as novas normas de uma literatura reformista.
Não há dúvida que é uma das múltiplas manifestações do
"bolchevismo" - o literário. É por isso que ele terá vida efê·
mera; deslizará pelos flancos do esquecimento, imergindo e per-
dendo-se no vale apaulado e marasmático do Contraseco. Talvez,
então, o sr. Graça Aranha, presa de santa resipiscência, volte ao
era, isto é, reivindique o lugar de autor de Canaan, lugar que
tanto o honra, quanto o rebaixam as teorias, em incubação, do
futurismo "paulista". Quanto aos rapazes que o seguem, não é
por demais se aplicar a frase do nosso derradeiro imperador, ao
ser por um Ministro, perguntado se não tratava sua Majestade
coibir os abusos dos republicanos, que, então o atacavam violen-
tamente, verrinando-o e ferindo-o até mesmo no que temos de
mais sagrado - a honra.
" - Deixa-los, retrucou o integérrimo dos monarcas. São
arroubos da mocidade, rapaziadas de que mais tarde se arrepen-
derão; no fundo, são bons moços todos eles".
Estamos que isto se adapta perfeitamente aos Futuristas.
Rio, 25.6.924
DIÁRIO DA MANHÃ, Maceió, 5 jul. 1924, p. 1.
11
EM TORNO DE UMA REVOLTA
Gilberto Freyre
O Brasil sente e sofre com essa surpresa do dia 5: a conse·
qüência da hora estúpida de toda uma geração.
A geração do marechal Hermes, de Rui Barbosa, do general
Dantas Barreto, do sr. Lauro Sodré, do sr. Medeiros e Albuquer-
que, do sr. Graça Aranha. Geração promiscua de ideólogos e opor-
tunistas. Geração cuja obra foi toda anti - natural e anti-histó-
rica: que proced~u e aqui com um soberano desdém pelos ante-
cedentes do Brasil e uma flagrante desatenção pelas nossas rea-
lidades, e de cujo meio figuras como a de Eduardo Prado e a
de Joaquim Nabuco emergem com um relevo espantoso de aber·
rações.
Diogo Antonio Feijó realizara o milagre de nos integrar po-
liticamente o pais. Dera um belo começo de política nacional à
massa bruta e informe a províncias que em 1822 se separa de
Portugal. Firmara entre nós o prestígio da autoridade. O poder
civil.
Trabalho difícil, penoso, todo de heroisrno subterrâneo ·e
invisivcl interior e carlyleano, o do padre de Itú e dos homens
simples, sérios e fortes da Regência. Trabalho que resistiria por
longo tempo, ao liberalismo arcaiano em que, ainda no Império,
se nos foi amolecendo a medula nacional.
A República que nos impôs uma revoluçãozinha militar, sem
raizes nos nossos antecedentes sociais, foi, pelo método de sua
fundação, perigoso desvio da tradição de ordem a que nos ha-
bituara o império. Tradição que entre nós criara raízes, desta-
cando-nos viva e inconfundivelmente dessas republiquetas de
brinquedo onde as forças da ordem e da Lei tem toda a consistên-
cia de móveis colocados mal e às pressas.
.las durante o Império o exército não deixara de ser o reló-
gio fiel marcando, num ritmo certo de ordem, as horas da von-
tade legal.
Representa-o bem a figura de Lima e Silva, dominando as
revoltas e os motins das províncias.
A própria República, se foi uma hora marcada em falso pelo
relógio nacional, encontrou um Floriano quem a reconciliasse
dalguma forma com a tradição de ordem, com o ritmo de vida
brasileira. E encontraria, mais tarde no espírito bom, forte e
patriarcal de Prudente de Morais quem a identificasse com a
causa do poder civil.
12
Ora, é a tra
prestígio que sof
Catete vão toman
franceses, novo
Aliás, este
série de ensaios
à meia luz. Em 1
realista do san
mente-viril do sr.
Chegamos às
plendor de san
dores do passado
tas, luteranos p
Há diante d
um ar sinistro d
ção a Diogo An
ameaça terrível
fumo nos ac·
fumo nos asfixia.
preciso, o relevo
o sr. Artur Be
as necessidades ·
Mas a nece
ao tropel de pat
nidade do poder
reintegre o Bras
se desviou a naç
outros.
De modo qu
rações. Mas não
escancarada a
voz carnavalesca
O Brasil de
anos fala e ri co
tes de leite. O B
res do seu passa
os desenvolva...
do sr. Graça A
Ergamo-nos
coletivo o dra
vivo contato do
ram e criaram
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LTA
11 de nos integrar po-
politica nacional à
1822 .se separa de
toridade. O poder
em falso pelo
a reconciliasse
o ritmo de vida
bom. forte e
tificasse com a
Ora, é a tradição, a ordem, e a causa do poder civil, é o
prestígio que sofrem neste momento turvo em que as notas do
Catete vão tomando um ar melancólico de comunicado de guerra
franceses, novo e violento atentado.
Aliás, este movimento d'agora rebenta depois de toda uma
série de ensaios de toda a espécie. Ensaios particulares. Ensaios
à meia luz. Em 1922, aquele ensaio geral a que não faltou a nota
realista do sangue. Ensaio geral que a intervenção brilhante-
mente-Viril do sr. Epitácio Pessoa fez acabar às pressas.
Chegamos às angústias decisivas da crise. Rebenta no seu es-
plendor de sangue a obra quase póstuma duma geração de trai-
dores do passado brasileiro - anti-clericais, positivistas, monis-
tas, luteranos políticos.
Há diante das sombras que se escancaram diante de nós com
um ar sinistro de sombras do inferno, a necessidade duma rea·
ção a Diogo Antonio de Feijó. Será o meio de salvar o Brasil da
ameaça terrível que o envolve. Ameaça de mexicanização. Já o
fumo nos acinzenta todas as claridades da vida nacional. Já o
fumo nos asfixia. A reação tem de ser imediata e tomar, se for
preciso, o relevo dos extremos que assumiu a do padre Itu. Que
o sr. Artur Bernardes satisfaça pela bravura de suas atitudes
as necessidades imediatas a ânsia dum tal homem.
Mas a necessidade imediata sendo a dum Feijó que opunha
ao tropel de patas de cavalo e ao ruído de sabores rebeldes, a dig-
nidade do poder civil, a grande neces~idade é a duma reação que
reintegre o Brasil no seu passado. Passado de que há meio século
· se desviou a nação, pela ideologia de uns e pelo oportunismo de
outros.
De modo que a grande necessidade é a duma guerra de ge-
rações. Mas não a que apregoa num Rio de Janeiro de orelha
escancarada a todos as futilidades. a voz do sr. Graça Aranha,
voz carnavalesca fingindo mocidade.
O Brasil deve estar farto de futurismo, pois há cinqüenta
anos fala e ri com uma dentadura postiça por cima dos seus den·
tes de leite. O Brasil anseia pela reintegração nos íntimos valo·
res do seu passado; é preciso uma economia que os aproveite e
os desenvolva... Nisto, e não no mal disfarçado cosmopolitismo
do sr. Graça Aranha, deve consistir a nossa guerra de gerações.
Ergamo-nos para ela, os novos homens do Brasil. Façamos
coletivo o drama íntimo de Ernesto Psichari. Ponhamo-nos no
vivo contato do nosso passado; no contato das virtudes que funda-
ram e criaram o Brasil; no contato da igreja que nos civilizou
as brutas terras e nos uniu a todos os brasileiros, no contato das
águas vivas da nossa tradição. Deixemos em nós, em nossa cultu-
ra espiritual, um lugar poético às influências dos nossos mortos.
13
Dos nossos pais, dos nossos avós.
Realizado esse esforço doloroso de reintegração, também de
obra anti-histórica da geração que no futuro disser:
"La route un instant perdue"
O SEMEADOR (S), Maceió, 18 jan. 1924, p. 1
CENTRO REGIONALISTA DO NORDESTE
O Centro Regionalista do Nordeste, ideado pelo espírito bri-
lhante do professor Odilon Nestor, mestre acatado da Faculdade
de Direito do Recife, não r.ecebeu ainda de nós uma expressão de
simpatia.
E bem a merece, entretanto, a novel e jã prestigiosa asso-
ciação. Destinada a defender os interesses e aspirações da nesga
de terra em que Alagoas se inclui, não tem feito até hoje senão
cumprir galhardamente o seu programa.
Age, sem preocupações subalternas, e se preparando, como
se propõe, a estimular o progresso de uma longa faixa do nosso
território, não o faz sob o ponto de vista egoístico de isolamento,
com intuitos inferiores de separatismo, com propósitos pouco
aprcciãveis de emancipação.
O Centro do Nordeste antes de ludo é brasileiro e, assim,
quer o Brasil todo prosperando e ascendendo, caminhando para
os altos destinos que o requestam e o esperam.
'.'ião lhe desagrada, antes o envaidece, o progresso febril de
S Paulo e de outras unidades da Federação. Mas quer que, na par-
tilha dos favores que a Nação dissemina. o Nordeste não seja es-
quecido. Bate-se para que ele tenha os mesmos direitos, as mes-
mas regalias, as mesmas prerrogativas. O "Centro" não luta pela
exclusão dos Estados do Sul dos mimos que a União distribui:
anseia pela equinanimidade na distribuição.
Um programa de idealistas, dirão os que observam o desa-
preço em que o Norte tem vivido. Como quer que seja um nobre,
um grande, um belo programa, digno das nossas melhorias sim-
patias e da nossa mais positiva solidariedade.
JA, 13 ago. 1924, p.3, Notas e Factos
REGIONAL I SMO
Mári.o Marroquim
Será de 7 a 15 de novembro deste ano o 19 Congresso Regio-
nalista promovido pelo Centro Regionalista d-O Nordeste, com sede
na cidade do Recife.
14
Já era tem
de suas riquezas
A raça forte
Brasil, de Alag
fesa de suas
energias, apare
das de progresso
O Centro
mover o desenvo
nos, orientando a
problemas gerais,
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intacto, nítido, o
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nesta da lavoura.
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E como ele.
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19"l4.• p. 1
pelo espírito bri·
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aspirações da nesga
feito até hoje senão
preparando, como
faixa do nosso
de isolamento,
propósitos pouco
1• Congresso Regio-
NOf'date, com sede
Já era tempo que se unissem os nordestinos, para a defesa
de suas riquezas artísticas e de sua independência econômica.
A raça forte e homogênea que povoa os cinco Estados do
Brasil, d.e Alagoas ao Ceará, necessitava de um aparelho de de-
fesa de suas tradições, de resistência à desagregação de suas
energias, aparelho que fosse um auxílio dos governos nas medi-
das de progresso e engrandecimento da região.
O Centro Regionalista do Nordeste, deve ter como fim pro-
mover o desenvolvimento do Nordeste, agindo junto aos gover-
nos, orientando a sua ação nas questões que interessem aos seus
problemas gerais, problemas quer econômicos, quer artísticos.
O Nordeste que foi o berço da nacionalidade, conserva ainda
intacto, nítido, o sentimento da brasilidade, o espírito tradicio-
nal da raça, que no Sul, ao contacto das massas imigratórias, já
está quase desaparecido.
É esse espírito, é essa tradição sadia, que a nossa macaquice
copiadora ia deixando empalidecer, abafada pelas inovações ca-
ricaturais de pseudo-arquitetos e pelos reclamos de camelot dos
jornais do Sul.
Infiltração solerte que acabaria dominando e vencendo.
A indiferença morna dos nossos homens de letras ia dei-
xando caminhar esse fantasma, e sobre a sólida base tradicional
de nossa raça erguer-se uma civilização de fachada, um progres-
so-pano de boca.
Ainda bem que veio a reação, o escritor Gilberto Freyre, um
dos esteios dessa reação, que tem em magníficos artigos no Diá-
rio de Pernambuco, avivado a chama sagrada do amor às nossas
tradições.
Através de seus estudos, as casas-grandes dos nossos enge-
nhos refletem todo o encanto da vida simples e sadia dos ante-
passados, velha nobreza que ergueu sobre os canaviais a grandeza
de uma pátria.
As amplas varandas, defendidas pelo telhado em bica, pa-
recem sentir a saudade do senhor austero, reunindo pela manhã
ao som do "búzio" a escravatura, fazenda negra, para a faina ho•
nesta da lavoura.
As lendas, as danças e sobretudo a cozinha do Nordeste, são
objetos de estudos interessantíssimos do sr. Gilberto Freyre.
E como ele, vários outros nomes de valor nas letras, reu·
niram-se no Centro RegionaliSta do Nordeste trabalhando todos
para o mesmo patriótico fim.
Em Alagoas ainda ninguém se ergueu para auxiliar essa cam·
panha.
f: tempo de o fazer.
15
Temos aqui rapazes de talento, e lindas tradições a conser-
var.
Os cocos estão desaparecendo ao contacto do fox-trot.
No entanto, que graça têm os motivos ingênuos e pitorescos
dos nossos cocos.
Vivem a tentar os compositores com a sua originalidade pi-
cante.
t preciso que Alagoas se faça representar no 1Q C~ngrc::sso
Regionalista e colabore eficientemente com o Centro Regwnalista
do Nordeste para salvar das nossas tradições o que ainda for pos-
sível salvar.
JA, 29 mar. 1925, p.3, Urbi et Orbi
1C? CONGRESSO REGIONALISTA DO NORDESTE
O Centro Regionalista do Nordeste, patriótica instituição
que tem sede na vizinha capital do Nordeste, e que,. sob a escla-
recida presidência do conhecido jornalista e acreditado mestre
dr. Odilon Nestor, lente muito ilustre da Facul.dade àe Direito do
Recife, vem prestando valiosos serviços ~ região nordestina do
Brasil, dando cumprimento ao seu magnífico ~rograma, resolveu
realizar na metrópole pernambucana, no penodo de 7 a 15 de
novemb~o vindouro, o lQ Congresso Regionalista. do Nordest~..
Nesse sentido o dr. Odilon Nestor e o dedicado secretario
do Centro jornatis'ta Gilberto Freyre têm dirigido um apelo aos
melhores ~lementos intelectuais nordestinos, no sentido de ser o
projetado certame uma afirmação das grandes possibilidades e
das justíssimas apreciações regionalistas. . ,
Acreditando que o 1Q Congreso do Nordeste i~teressara gran-
demente os intelectuais alagoanos, damos a segmr o seu magni-
fico programa:
1 - PROBLEMAS ECONôMICOS E SOCIAIS
lQ - Unüicação econômica do Nordeste. Ação dos poderes pú-
blicos e dos particulares.
2Q - Defesa da população rural. Habitação, instrução econô-
mica doméstica.
3Q - o problema rodoviário do N.ordeste. ~speto turístico, va-
lorização das belezas naturaIS da regiao.
4Q - O problema florestal. Legislação e meios educativ?s. .
5q - Tradições da cozinha nordestina. Aspectos econômico, hi-
giênico e estético.
16
JA, 20 ago.
CONGRESSO
No momento
cepcionantes o p
Estados do Sul. n
e atos, contra a
deste brasileiro. co
as correntes que o
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cionalidade.
tradições a conser-
o do fox-trot.
ingênuos e pitorescos
.tar no 1Q Congresso
o Centro Regionalista
o que ainda for pos-
linteste interessará gran-
a RgUir o seu magní-
II - VIDA ART1STICA E INTELECTUAL
1Q - Unificação da vida cultural nordestina. Organização uni-
versitária. Ensino artístico. Meios de colaboração intelec-
tual e artística. Escola primária e secundária.
2Q - Defesa à fisionomia arquitetônica da Nordeste. Urbaniza-
ção das capitais. Planos para as pequenas cidades do in-
terior. Vilas proletárias. Parques e jardins nordestinos.
3Q - Defesa do patrimônio artístico e dos monumentos histó-
ricos.
49 - Reconstituição de festas e jogos tradicionais.
JA, 20 ago. 1925, p. 1
CONGRESSO REGIONALISTA DO NORDESTE
No momento em que já sentimos em transbordamentos de-
cepcionantes o predomínio esmagador da hegemonia política dos
Estados do Sul, num congraçamento constante de pensamentos
e atos, contra a espectação desatendida das aspirações do Nor-
deste brasileiro, consideramos duma oportunidade desafogante,
as correntes que ora se aliam magnificamente inspiradas na obra
de legítima defesa da colaboração do Brasil setentrional em tor-
no dos nobres destinos da pátria comum.
Não podemos duvidar do êxito promissor da relevante inicia-
tiva cuja vanguarda é defendida por duas figuras altamente re-
presentativas da nossa cultura, da ação vibrante, combativa, dos
grandes realizadores que são, na imprensa o dr. Gilberto Freyre
e na cátedra jurídica o sr. Odilon Nestor.
A idéia luminosa de integrar o Brasil no conjunto harmo-
nioso da sua cultura e do seu progresso, não podia ser patroci-
nada por elementos mais valiosos, por uma feição apoiadora
mais brilhante.
O programa define alviçareiramente o critério do arrojado
surto. Define-o no rumo da sua finalidade, nos desígnios superio-
res dos dois inspirados colaboradores da maior obra a realizar-
se na defesa do que aspiramos de igualdade na partilha do mes-
mo ideal de honrar e engrandecer a pátria brasileira.
Compreendemos que para a tanto chegar, devemos começar
por defender o patrimônio das tradições da raça, do nosso mo-
numento histórico, que inquestionavelmente o Norte guarda in-
tacto, com a força virgem das suas origens, com o fulgor latente
de todo o esplêndido alvorecer dos primeiros dias da nossa na-
cionalidade.
17
E por nos sentirmos assim, depositários desse grandioso es-
pólio, ao instinto de defesa de tantas e tão valiosas reminiscên-
cias, devemos aliar a preocupação de defender a nossa cultura,
de unificar as correntes econômicas que formarão a nossa rique-
za, de trabalhar o bloco magestoso do mundo que nos cerca, até
reduzi-lo às facetas que se enfeixarão no conjunto de toda a civi·
lização brasileira.
E outra não será a tarefa dos arrojados arquitetos da obra
colossal, que será a obra de unificação de todas as forças pro-
digiosas e criadoras do renome do Brasil e da amplitude do seu
destino histórico.
JA, 22 ago. 1925, p. 3, Notas e Factos
FUTURISMO . . . PRESENTISMO
Futurismo... Futurismo, não. Criaram agora vocábulo novo
para designar essa literatura desconchavada que o sr. Marinetti,
um italiano bizarro, inventou e pôs em moda e os seus imitadores
exageraram. Presentismo. t este o termo, e que parece mesmo
ser mais acertado. ·
O nome da.do à maneira moderna de escrever um verso ou
prosa era, ou antes, é futurismo. Mas por que futurismo? Futuro
é o q~e está por vir, completamente impenetrável, não previsto,
oculto, bem oculto, pelas bambinelas do tempo...
E ninguém tem o direito de julgar que a geração futura
venha com espírito fraco, tal e qual os atuais apóstolos insu-
portáveis do marine~ismo. . . .
Presentismo. Va lá! O mais preciso sena entretanto um
certo nome para a gerigonça...
Porque, apreciamos, por exemplo, esse monumento de ver-
sos, exerto dum livro recentemente publicado:
A mulher que eu amo
Talvez a julguem Homem
Talvez Mulher...
E por diante. Há, porém, piores. Verdade, o nome para essa
reforma a que chamam prosaicamente espírito_ modern~ta nã?
deverá ser o que nós todos temos sempre engatilhado apos a fei-
tura de maravilhas que tais?
Sem dúvida.
JA, 21 mar. 1926, p.3, Notas e Factos
18
A fama n
humano, mais
P~lo surpr
to do manhoso e
pareceu. Ch
foi mais famoso.
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ça, foi a pátria
O Brasil teve.
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Entretanto.
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E continua,
desse grandioso es-
valiosas reminiscên·
er a nossa cultura,
•-arão a nossa rique-
que nos cerca, até
CIDlljunto de toda a civi-
arquitetos da obra
todas as forças pro-
e da amplitude do seu
HHIC!UQ
agora vocábulo novo
que o sr. Marinetti,
e os seus imitadores
e que parece mesmo
o nome para essa
1-f*ito modernista não
engatilhado após a fei-
A VOLÚPIA DA FAMA
A fama nasceu com as civilizações. Nada mais justo, mais
humano, mais natural.
Pelo surpreendente milagre da vaidade, isto é, aparecimen-
to do manhoso e irritante Cabotin, a fama pouco a pouco desa-
pareceu. Chamaram-na cabotinismo. Daí por diante ninguém
foi mais famoso. Todos, nolo asseveram as histórias das várias
literaturas, foram, sim, cabotinas. A França, a maravilhosa Fran-
ça, foi a pátria da célebre transformação.
O Brasil teve, como terra que hospedar a civilização há algum
tempo, os seus heróis cabotinos.
Desde as guerras primevas até os nossos dias. Desde Antô-
nio Conselheiro ao cabotino espesso que é Lampeão. Agora mes-
mo, ao meio de uma pleiade de cabotinos sem ou de talento, como
o sr. Mário de Andrade, Guilherme de Almeida, Manoel Bandeira,
Prudente de Moraes, Henrique Pongetti, Buarque de Holanda
(Sérgio Buarque de Holanda) e este sr. Graça Aranha, o homem-
dínamo que passeia o Rio com um cartão escrito sem assinatura
- o futurismo, apresenta-se o sr. F. T. Marinetti - o criador da
escola futurista na Itália.
Realizou-se, ultimamente, no Teatro Lírico, do Rio, a primeira
conferência do genial escritor de La conquête des étoiles (1902).
Para logo as galerias do sisudo Teatro acolhem, intensa-
mente, a estudantada, os intelectuais e, sobretudo, a curiosidade
popular.
Houve até quem idealizasse um Marinetti diferente.
Italianamente esquisito.
Entretanto, o renovador publicista lá estava com seu chapéu
de coco e suas roupas comuníssimas a sorrir, naturalmente, um
riso "esteticamente futurista", como diria o sr. Graça Aranha...
E, ao meio da conferência, relampagueante, audaciosa, vi-
brátil, moça, renovadora, os estudantes começaram numa sau·
dação futurística ao iniciador italiano:
Maria, Maria,
Maria Marinetti,
Teu pai usa navalha,
Tua mãe usa "Gilette"!
E continua, rápida, estridente:
Maria, Maria,
Maria Marinetti,
~9,
Teu pai no vinte e quatro,
Tua mãe no vinte e sete!
Afinal, o "dinâmico" esquisitão da Itália, pede alguns ins-
tantes de silêncio.
É, aí, de todo, passadista. Pouco se lhe importa isso ...
E recomeça, forte, ágil, elétrico, terminando por concitar a
alma moça do Brasil, a unir-se, estruturando num anseio de reno-
vação e dar a este país maravilhoso a força gigantesca da sua vi-
bratilidade e emoção patriótica.
Dentre os espectadores, esteve, naturalmente, o sr. Coelho
Netto, silencioso, lírico, desconfiado...
...Desconfiado, mas satisfeito, porque a peroração do sr.
Marinetti foi, entusiástica e flanante. um elogio relâmpago, dinâ-
mico ao passadismo nacional...
Ah! O imprevisto dos improvisos. . . e a ironia impiedosa
dos estudantes...
JA, 25 maio 1926, p. 3, Notas e Factos
MARINETTI
Hospeda o Rio, há vários dias, um ilustre visitante.
Até aí, nada de novo, pois nada mais banal e comum que o
Río de Janeiro hospedar um visitante, que é, sempre ilustre, já
que não compreendemos sem distinção uma figura qualquer que
venha do estrangeiro.
Bastou vir de Paris, da Inglaterra, ou mesmo da China e aca-
bou-se! - o cidadão é uma capacidade.
O visitante, porém, que ora o Rio alberga é um homem di-
ferente dos outros, porque não é um homem de hoje; é um ho-
mem de amanhã.
Já estás, leitor, percebendo que desejamos nos referir ao sr.
F. Marinetti, chefe e fundador do "Porvirismo" (porque futu·
rismo está ficando muito chapa, muito "passadísta", portanto)
criador da "nova religião moral da velocidade".
Esse homem tem conseguido revolucionar os nossos meios
intelectuais, e não podia deixar de revolucionar os nossos meios,
ou os nossos fins intelectuais um homem que prega o fechamento
de bibliotecas, a extinção de museus e a queima total de Aca-
demias. Isso, além de outros conselhos que ele dá aos adeptos,
como, por exemplo, a abolição completa dos advérbios e de adje-
tivos, na palavra falada ou escrita.
Aliás, esse
selho que todos
quem use e ab
antigo, enraizado
O abuso dos
qualificativo.
O mais inte
a esposa está fi
ao esposo evitar.
E como ade
sido entrevistada
berem o que pe
Perguntada
que idéia faz ela
sagrado das ves
do a mulher evi
resta um remédi
Imagina só. l
a adotar o proce
De tanto so
- e não há labar
do amor - aca
E, com fran
tura"... por ma·
JA,
Aqui. ..
Muita gente
Futurismo'!
uma definição
contrei. Eu contin
a ostra. Marinetti
Vejo Alvaro
ou menos assim:
Morreu o do
zina. O sino toca.
ta. Ouve-se uma
cemitério. O sol
pede alguns ins·
nte, o sr. Coelho
a peroração do sr.
elogio relâmpago, dinâ-
1
e a ironia impiedosa
e Factos
Tisitante.
1llmal e comum que o
é. aempre ilustre, já
figura qualquer que
mera ,é um homem di·
de boje; é um ho-
nos referir ao sr.
lvhilmo.. (porque futu·
·11•••dista", portanto)
llddade"
=os nossos meios
os nossos meios,
prega o fechamento
qgeima total de Aca·
ele dâ aos adeptos,
advérbios e de adje-
Aliás, esse conselho, de se abolirem os adjetivos, é um con·
selho que todos nós brasileiros, devíamos tomar pois não hã
quem use e abuse mais deles do que a nossa gente. E é um mal
antigo, enraizado, este nosso.
O abuso dos adjetivos, no Brasil, é coisa que não tem mais...
qualificativo.
O mais interessante, porém, da visita do sr. Marinetti, é que
a esposa está ficando um pouco "passada", o que não é possível
ao esposo evitar.
E como adepta da "religião" do marido, a sra. Marinetti tem
sido entrevistada por vários jornais cariocas, desejosos de sa-
berem o que pensa deste mundo de Deus tão cheio de velharias.
Perguntada por exemplo pelos nossos confrades do O País,
que idéia faz ela do amor, respondeu que amar "é como o fogo
sagrado das vestais, que sempre deve estar em labaredas, caben·
do a mulher evitar que ele se apague. Se tal acontecer, porém, só
resta um remédio, que é soprar, soprar, até acendê-lo de novo..."
Imagina só, leitor, o que seria das mulheres, se viessem elas
a adotar o processo da Marinetti.
De tanto soprar.em, para as labaredas surgirem novamente
- e não há labaredas que precisem tanto de "sopro", quando as
do amor - acabaria todas as mulheres ficando... bochechudas.
E, com franqueza, mulher bochechuda não serve para "fu.
tura"... por mais futurista que a gente seja...
JA, 26 maio 1926, p. 3, Notas e Factos
AQUI . . . ALI. . . ACOLA
L. B. (Leão Marinho Tavares Bastos)
Aqui. ..
Muita gente em Maceió é futurista ...
Futurismo? Que vem a ser Futurismo? Tenho procurado
uma definição para a nova escola e, francamente, ainda não en-
contrei. Eu continuo atrasado, passadista seguro ao rochedo como
a ostra. Marinetti é um assombro, um portento.
Vejo Alvaro Moreira, lançando a escola naquele estilo, mais
ou menos assim :
Morreu o doutor Catana. Passa o enterro. Um automóvel bu·
zina. O sino toca, dam, dam, dam. Canta um galo. A cova é aber-
ta. Ouve-se uma gargalhada de criança. Bate a campainha do
cemitério. O sol lança seus últimos raios...
21
Puro, puríssimo futurismo. No Lírico, do Rio, a estudantada
canta, dentro da nova escola. Lá vai uma quadra:
Maria, ó Maria,
Maria Marinetti,
Teu pai vai de automóvel,
Tua mãe vai de "charette".
Continua a rapaziada:
Maria, Maria,
Maria. Marinetti,
Teu pai é "gigolô"
Tua mãe é "gigolette".
E mais ainda:
Maria, Maria,
Maria, Marinetti,
Teu pai joga com a dama,
Tua mãe só com o valete.
O sucesso é formidável. O velho Teatro vibra de entusias-
mo e o futurismo da estudantada improvisa:
22
Maria, Maria,
Maria Marinetti,
Teu pai usa navalha,
Tua mãe usa "gilette"
A escola é admirável, estupenda.
O coro continua:
Maria, Maria
Maria Marinetti,
Teu pai no vinte e quatro,
Tua mãe no vinte e sete!
E para terminar:
Maria, Maria,
Maria Marinetti,
Teu pai é feijoada
Tua mãe é omelete.
netti, "leader"
dor de uma co·
ça Aranha.
O sr. Ma·
moso artigo inti
publicado em A
los curtos são a
bições sociais".
parate da men
Vejamoses
belezam o quo
potente e alegr
saros". Feras,
O que será
quice, besteira. 1
Foi mais a
no dizer de Osc
Buliu taro
seguem: "Julgo
que são ao m
cores, as roupa
próprio artigo d
so, adjetivos po
autor arrumou
Não há,
homem.
O sr. M ·
como escritor.
na Itália e o se
vibra de entusias-
.-no..te!
Aí está a escola do escritor do. . . futuro, tendo como expo-
ente máximo, no Brasil, o sr. Graça Aranha.
Deve haver de tudo no mundo. E a escola de Marinctti, é o
fascismo na literatura.
JA, 3 jun. 1926, p. 3
O FUTURISMO DE MARINETTI
Emílio de Maya
O Rio hospedou, há pouco, o célebre reformador F. T. Mari-
netti, "leader" principal do futurismo ou, para esclarecer, cria-
dor de uma coisa nova que ninguém entende, a não ser o sr. Gra-
ça Aranha.
O sr. Marinetti, ao desembarcar, trazia, no bolso, um volu-
moso artigo intitulado "Contra os cabelos curtos". Nesse artigo,
publicado em A Manhã, do Rio, há pedaços como este: "Os cabe-
los curtos são a palrice moralista, a carta selada e todas as proi-
bições sociais". Haverá quem compreenda este tremendo dis·
parate da mentalidade do sr. Marinetti?
Vejamos este outro: "Os cabelos compridos escondem e em·
belezam o quotidianismo púmbleo e dão a ilusão de uma vida
potente e alegre de florestas de frutos suculentos, feras e pás-
saros". Feras, frutos e pássaros nos cabelos compridos!
O que será isso? Uma cabeleira imunda quando não malu-
quice, besteira, desvario da mentalidade mórbida do sr. Marinetti.
Foi mais adiante o cínico criador da "arte que não é arte",
no dizer de Oscar Guanabarino.
Buliu também co~ a gramática. São deles a palavras que se
seguem: "Julgo necessário suprimir o adjetivo e o advérbio por-
que são ao mesmo tempo e a seu turno os festões salpicados de
cores. as roupagens matizadas do velho período tradicional". No
próprio artigo do criador do futurismo encontramos, a cada pas·
so, adjetivos por sobre adjetivos, a começar pelo título, onde o
autor arrumou cuidadosamente um "curto".
Não há, verdadeiramente, quem possa compreender esse
homem.
O sr. Marinetti não parece ser, além do mais, conveniente
como escritor. A edição de seu romance Mafarka foi requestada
na Itália e o seu autor condenado a dois meses de prisão.
23
Agora perguntamos - por que? Responda o festejado críti-
co de arte, o sr. Oscar Guanabarino: "Parece-nos que o livro em
questão, pelos poucos períodos sobre os quãis passamos os olhos,
é um livro imoral e obceno, porco, imundo".
Não há dúvida - as imoralidades, as imundícies e as obsce-
nidades também fazem parte do futurismo, de acordo com o seu
''leader".
S, 14 jun. 1926, p. 1
FUTURISMO
Barreto Falcão
Nós somos, positivamente, um povo infeliz porque, Deus lou-
vado, ainda nos resta um regimento de espíritos fortes e incor-
ruptíveis que tenazes se opõem à pedantocracia impotente e de-
gradante que, de quando em quando, irrompe e se intromete
com ares vandálicos assim, nas letras como nas artes do nosso
país.
Uma das mais assinaladas desgraças que nos sobreveio nes-
tes últimos tempos e que, graças a uma higienização etno-lite-
ráría rigorosa. nos vamos conseguindo livrar, é de certo o FU-
TURISMO.
A ARTE NOVA, a REVOLUÇÃO ESTf:TICA, como lhe de-
nominam os seus corifeus à arrogante e malfadada escola, é uma
espécie de revelação do desequilíbrio psicológico que nestes últi-
mos tempos tem abalado a alma anemisada de meia dúzia de
mocinhos idiotas sedentos de celebridade.
Não nos devemos servir da roupagem e da indumentária qui-
nhentista dos Camões e dos Barros para vestir nossas idéias pois
seríamos, assim, tão incoerentes como os FUTURISTAS. Mas
também não podemos nem devemos negar todo o patrimônio li-
terário que nos legaram despretensiosamente, espontaneamente,
os nossos avós, nem tampouco formar com a horda irreverente
dos revolucionários da pretendida INOVAÇÃO LIBERAL para
expulsar do templo das nossas adorações as excelsas figuras que
representam e tanto honram a nossa Literatura.
Nós estamos, não há negá-lo, num período de transição lite-
rária e nos devemos conter com a missão que nos foi determina-
da pela fatalidade do tempo e do meio do qual não podemos fu-
gir nem exorbitar sem grave perigo.
24
Somos com
um rio profund
de uma borda
que, atraído
mórbida de ai
ponte, caindo
ragem das á
pé na margem
ficado onde o p
entusiasmo e ·
riente e astuto
cipítação e com
da chegada. A
Sejamos,
época.
De Marine
rário. Há de
estética futu ·
quer tradição.
algumas vezes
arte. Marinete
Só este ano
do talvez que o
empreendeu a
Os que viram e
comendação nã
oratória: a el
que hâ de mais
interior dos ge
mente não se
rencista extem
e não é de cre
um homem in
uma doutrina
festejado criti-
que o livro em
os os olhos,
umentária qui-
idéias pois
TAS. Mas
patrimônio li-
taneamente,
irreverente
ERAL para
figuras que
Somos como viajante que pretende ou já está atravessando
um rio profundo e caudaloso. O FUTURISMO é o viajante que
de uma borda quer passar à outra sem ponte e sem jangada ou
que, atraído pela beleza paradisíaca da outra margem, na ânsia
mórbida de alcançá-la se lança precipitadamente do meio da
ponte, caindo como que castigado pela sua imprudência, na vo-
ragem das águas. O PASSADISTA é o viajante parésico que de
pé na margem do rio, de braços cruzados se deixa ficar mumi-
ficado onde o plantou o espírito retrógrado e o mau gosto, sem
entusiasmo e insensível. E o MODERNISTA é o viajante expe-
riente e astuto que lá não vai senão por meio seguro, sem pre·
cipitação e com prudência, sem se preocupar com o dia e a hora
da chegada. A questão é que chegue, mais cedo ou mais tarde.
Sejamos, pois, prudentes, e coerentes, e fiquemos com a
época.
JA, 25 jul. 1926
MARINETE E O FUTURISMO
Xavier Marques
De Marinete, sei o que sabe todo mundo. . . o mundo lite-
rário. Há dezessete anos fez-se chefe de escola, promulgando a
estética futurista fundada no horror do passado e a toda e qual-
quer tradição. Na Itália não a toleraram, e o reformador perdeu
algumas vezes a calma promovendo escândalos nos museus de
arte. Marinete desistiu do apostolado.
Só este ano em credenciais dadas pelo "Duce" amigo e cren-
do talvez que o mundo já era regido pela batuta de Mussoline,
empreendeu a viagem de propaganda à América. A boa hora.
Os que viram e ouviram ficaram encantados com o orador. A re-
comendação não é das melhores. A poesia é incompatível com a
oratória: a eloqüência, os grandes gestos, teatralidade, são o
que há de mais antagônicos à fina sensibilidade e a intensa vida
interior dos genuínos poetas. A inteligência brasileira feliz-
mente não se deixou arrastar pelo verbo tendencioso do confe-
rencista extemporâneo. Marinete foi mal sucedido na América,
e não é de crer que esperasse o contrário. É difícil atribuir a
um homem inteligente tão ingênua confiança no prestigio de
uma doutrina morta há mais de quinze anos.
2E
- Há quem esteja convencido de que o poeta facista tra-
zia instruções reservadas...
O futurismo ... Há alguns anos correspondi-me com um po-
eta francês que me enviara suas obras, e escrevi sobre as mes-
mas na revista Ciências e Letras, de Clóvis Beviláqua, com o
título "A poesia da ação". Influenciada provavelmente pela ins-
piração dinâmica de Marinette, mas sem nenhuma das absurdi-
dades de seu modernismo, a poesia de Nicolas Bauduin, intitu-
lava-se "paroxista", cantava a máquina, o trem de ferro, o au-
tomóvel, as usinas, as ondas hertezianas, os altos fornos, os tran-
satlânticos. todos os prodígios da ciência e da indústria do nos-
so tempo. Se fosse isto só o futurismo. . . Mas não é o Marine-
tismo pretendia ser, além de uma estética, uma filosofia e pa·
rece que também uma moral. O mundo, o pensamento, a vida so-
cial, a beleza, a civilização, datariam dos manifestos futuristas.
Liberto do passado, o espírito sentir-se-ia com asas para acom-
panhar o vôo do aeroplano, um dos símbolos d·a vida contempo-
rânea, cujas condições mudam com o progresso vertiginoso do
mundo.
O que a nós outros, não futuristas, nos parece, é que o pro·
gresso se faz num movimento rítmico, no sentido de uma linha
ondulante. Na imaginação poderá ser diferente, mas na reali-
dade é como diz Guya - perpétuas linhas curvas substituem a
linha reta ideal - A cada passo que damos para frente confia·
mos com o espírito do passado.
O futurista assemelha-se ao homem que faz um raid em
automóvel. Enquanto o seu carro foge desabaladamente, a pai-
sagem. a floresta, o casario, tudo permanece em sua imobili-
dade relativa, sofrendo a lenta dos agentes transformadores.
Ele, porém, o homem apressado, presa do delírio da velocidade,
assegura-nos que tudo se vai movendo em derredor do mesmo
surto assombroso. Puro subjetivismo.
Do futurismo, o que fica no Brasil como criação, ou antes,
sugestão da escola, é coisa bem insignificante, que nem sei se
vale a pena meter em rol: é o vocábulo passadismo.
JA, 20 ago. 1926, p. 3
DECADtN:CIA FATAL...
Emílio de Maya
Há dois dias, quando eu lhe mostrava uma poesia banal de
um desses poetas moder.nos, Demócrito Gracindo me disse,
26
machucando e
ração efêmera
Assim se
res estéticos.
passadistas e
sas letras.
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modernas.
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rmadores.
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ou antes,
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nal de
disse,
machucando com o jornal, que não passará de dois anos a du-
ração efêmera dessa nova escola literária.
Assim se exprimem. a respeito desses chamados renovado-
res estéticos, que primam em combater as obras de valor, como
passadistas e intoleráveis, os legítimos representantes das nos-
sas letras.
Com efeito, as poesia extravagantes desses autores moder-
nistas não têm idéia nem ritmo, nem métrica, nem rima.
Afirmam os modernistas que é um triunfo para suas idéias
o aparecimento de algumas obras cujos autores as expõem como
modernas.
Mas essas obras, que já vão rareando, onde predominam,
sobretudo os insultos aos homens de talento, escritas, quase
sempre, por gente nula e despeitada, se caracterizam pela sua
total carência de idéias.
Mas o que se observa realmente, é a decadência fatal des-
ses poetastros e prosadores modernos, cujas obras banais, de
baixo quilate, deixam bem transparecer a mediocridade de quem
as assina.
Felizmente, o que não resta dúvida, é que a falada escola
moderna, inimiga, feroz e despeitada das Academias e dos ho-
mens de cultura, não conseguiu estender o seu campo de ação
além do Rio e São Paulo.
Nos outros Estados, ninguém que tivesse uma pontinha de
idoneidade intelectual, formou nas suas fileiras e cumpriu o seu
programa espalhafatoso.
~ verdade que alguns literatelhos. desconhecidos e impro-
visados andam rabiscando uns artigozinhos insignificantes, onde
numa linguagem medíocre exaltaram as tais idéias novas.
Lamentáveis literatozinhos modernos!
As suas idéias; como eles estão em decadência fatal ...
Embalde clamam contra as Academias; etnbalde clamam
contra os homens de talento - passadistas intoleráveis, no di-
zer deles.
Hoje, ouve-se apenas de vez em quando, os seus gemidos
enfraquecidos de agonizantes...
Decadência fatal! .. .
S, 9 mar. 1927, p. 1
MANOEL BANDEIRA
José Lins do Rego
Em divulgação de não sei que agência de publicidade anda
pelos estados do Norte o mais interesante de seus poetas, o
27
mais puro, o mais melódico, poeta brasileiro. Aquele para quem
a poesia não é uma escultura, um bocado de gesso em mãos
de artífice, entre dedos hábeis de sapotanoeiro.
Nunca entre nós se fez com tamanha precisão o uso desta
palavra poeta como no caso de Manoel Bandeira. Este M.
Bandeira que conseguiu fazer da áspera língua em que escre-
vemos um plástico idioma, cheio de carícias aos ouvidos, e,
mesmo capaz de bons fortes acentos poético.
Geralmente quando no Brasil se escreve, põe-se de lado o
que há de pitoresco, de novo, de melodioso no português que se
fala do lado de cá .
Bandeira quis fazer mais do que escrever no português
que fala, quis dar à sua língua uma doce, e, ao mesmo tempo
esquisita expressão, fazendo-a com forças bastante para expri-
mir aquele "estado de graça poética" de que fala H. Bremond.
Com boas fibras de algodão em rama ele tem trabalhado uma
lã cm que a gente deixa passar a mão, volutuosamente. E tudo
isto, sem chamar ninguém para por coroas de ouro na cabeça.
.Muito contribui neste seu esforço a fecunda camaradagem do
silêncio que o envolve. Quando os poetas se preocupam, seria·
mente com planos de ação começam a encher de cuidado até
a política, à maneira dramática de Santos Chocano. Aí ainda eles
ficam interessantes. O pior é o ar p.edagógico que muitos não
disfarçam, o pesado ar de cátedra. Bandeira não quer ensinar
coisa alguma. Não que em sua poesia não se possam encontrar
aguçados traços de pensamento. Encontram-se, mas sob aquela
sútil forma de "courant souterrain de penseé non visible". isto
que Baudelaire diz que em uma boa poesia é como uma insínua-
ção ao nosso gosto pelas idéias.
• A mania em querer tornar visíveis aquelas correntes sub·
tcrrâneas é o que faz de muita coisa tida em conta de poesia
um amontoado de palavras sem nenhum jeito de prosa, ou de
verso. Entretanto, o poeta pode penetrar "no coração mais ín-
timo das coisas" por meio de forças que escapam às exigências
da lógica.
Pelo canto, era como Carlyle queria que pensassem os poe-
tas, porque "toutes les plus intimes choses sont melodieuses".
1!: que pela melodia muita vez o verso se derrama sobre a nossa
alma que pelo seu sentido, pela sua quantidade de pensamento.
Uma vez, leu-me um meu amigo em língua que não conheço, uns
versos dedicados a Elizabeth Browning.
E nunca mais saiu-me do ouvido aquele "Elizabeth Barret
Browning", de vez em quando em todo o poema. como um can-
to de igreja, a se repetir.
28
Muito
aos ouvido
preensão.
canto gre
Manoel B
veira o ca
fabrica o
'E foi
vez de está
em boneca
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da terra.
"Carp·
Histórias
Bandeira
, põe-se de lado o
no português que se
•Etizabeth Barret
~· como um can-
Muitos dos versos de M. Bandeira são desses que se gravam
aos ouvidos, dos que se aderem a gente sem esforço de com-
preensão. Por isto alguém já lhe descobriu o acento angélico do
canto gregoriano. Há mesmo qualquer coisa de indefinível em
Manoel Bandeira, um "charme" penetrante em sua voz de har-
monia imaterial. H. Bremond identificaria logo "estas harmo-
nias imateriais" às deleitações místicas da prece. O interessante
é que esta impressão de misticismo de M. Bandeira nos provoca
sem falar a cada hora de Deus, sem escrever salmos como Clau-
del. É cantando as coisas humildes e ternas, é pelo tom de sua
voz "que se diria educada pelos Beneditinos de Solesmcs, para
os encantos mais íntimos da melodia gregoriana."
E dizer-se que esta voz se ía perdendo no gargarejar dos
sonetos. Mas o sonetista de talento entregou a Alberto de Oli-
veira o camartelo, os restos de cimento e granito com que este
fabrica o rosado mármore artificial.
'E foi armar !apinhas, brinquedinhos de São João, e, em
vez de estátuas de Venus de braços partidos começou trabalhar
em bonecas de pano. muito feias. de olhos rasgados e pernas
maiores que outras. Tudo. porém, com muita frescura d'alma,
com saborosos toques de ternura. deixando-nos ver naqueles olhos
e naquelas pernas andarem os dedos finos de Manoel Bandeira,
o poeta menino que não está longe dos quarenta anos.
A poesia que Manoel Bandeira tem feito de tempos para
cá, apresenta esta cara dos 13 anos. com os bons olhos, os dentes
e os ingênuos sonhos dos 13 anos. Ora, nós estávamos acostuma-
dos com os poetas "marca registrada Prometeu". Mal o rapaz
entrava tratado de metrificação oferecia em troca de rimas, mais
ou menos abas•adas, os seus rins aos adutres.
E começavam a sofrer pela humanidade. a derramar sangue
de anilina em chaves de ouro. Manoel Bandeira não se deu a
estes sacrifícios fáceis.
.f: uma sensibilidade. a sua, que esqueceu a história da mi-
tologia. Conhece sim, as histórias que lhe contava, sem dúvida,
a negra que o levava aos passeios pelas calçadas da rua da
"União" em Recife.
Boas histórias de tão emocionantes passagens, aquelas que
as negras nos contavam.
A daquela menina muito boazinha que uma madrasta en-
terrou. e que os cabelos cresceram como capim verde, até o dia
em que foram cortar para os cavalos. E um voz de lá de baixo
da terra, em quase múrmúrio:
"Carpineiro do meu pai não me corte os meus cabelos ... "
Histórias como esta provocam em temperamentos do feitio de
Bandeira todo um sugestivo mundo melódico. Garanto que esta
29
menina enterrada feriu mais a sua sensibilidade que se lhe con-
tassem histórias de ninfas e de deuses.
Uma poesia no Brasil que se alimentasse dos cantos que
as nossas amas nos disseram seria de um original sabor. de uma
frescura de coisa virgem. Os nossos poetas se preocup.am mais
com as desventuras de Helena e com as ruínas de Cartago. po-
dia-se dizer de Manoel Bandeira que ele foi O Poeta no Brasil
que não se esqueceu de sua meninice, do medo que lhe deviam
fazer aqueles trens pequeninos que íam e vinham à Olinda, numa
barulhenta corrida de "corre corre la chuxia".
Porque é ele o poeta para quem ainda existem o "bicho
Carrapatú" a "cabra Kabriola" e toda uma imensidade de con-
tos de fada em língua bizarra de negro. Ora, ele não podia aban-
donar este fantástico tão pitoresco pelos amores equívocos de
Cleopatra, pelas mágua do Rei de Thule, por todos os horríveis
temas dos sonetos nacionais. O porquinho da fndia que lhe de-
ram quando criança foi muito mais em sua formação que os
leões, os tigres reais, os elefanies parnasianos.
Há também um Manoel Bandeira dos tempos de sua doen-
ça; o do "ritmo dissoluto", o poeta do mole langor, e de uma
melancolia de quem se deixou machucar pela vida. Era o doente
que sabia fazer de sua enfermidade um excitante gozo, um per-
verso prazer de espírito. Aquele que andou a meter medo ao
menino que existe no coração de Manoel Bandeira.
Não seria falso afirmar que o poeta de hoje não é o daquela
sensibilidade da sua doença. O Manoel Bandeira de agora é o
da voluntuosa convalescença. o da recomposição que se vai ope·
rando sem entusiasmos ardentes pela saúde. E nada que nos
faça mais retrogradar a infância que os dias de convalescença.
Como se o contato com a morte viesse para acentuar ainda mais
o nosso gosto pela vida.
Uma coisa, porém, fica bem claro. Não há no poeta o to-
leima, ou aquelas ingenuidades estudadas com o que o sr. Ál-
varo Mor.eira quer disfarçar os cabelos brancos que lhe vem
apontando pela sua formosa cabeça oca.
Há o menino que pergunta tudo o que vê e que tudo expli-
ca, com as imagens, as frescas imagens, que sabem imaginar as
crianças e aquelas interpretações de menino que nos dão, muita
vez, "une pleine vision du mystere des realités". O que aliás não
consegue com toda sabedoria muito do dr. Gustavo Le Bon.
E. vai surgindo daquele rapaz curado do peito o grande
lírico do meu país.
.JA, 27 mar. 1927, p. 1
30
os a
Brunétiere já
até Hugo, que não
o passado.
Contra este
intelectuais que.
demonstram um
fosse ele a fonte ·
E assim, pois
possuímos de ma.is
Condenam,
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de senti-las e de
Certamente
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Mas a verdad
que primeiro p
OS QUE PRIMEIRO PASSAM . ..
Emílio de Maya
Brunétiere já disse que não há grande poeta, desde Homero
até Hugo, que não tenha o espírito obstinadamente voltado para
o passado.
Contra este conceito sábio se r,evoltam os nossos modernos
intelectuais que. por influência da chamada escola renovadora,
demonstram um completo desprezo pelo passado, como se não
fosse ele a fonte inexaurível da poesia e das boas letras.
E assim, pois, procuram não raras vezes, destruir o que
possuimos de mais caro e de nobre nos domínios da literatura.
Condenam, como passadistas, as obras de conceito e de
valor.
Combatem os mestres como espíritos agarrados demasida-
mente ao passado e que não evoluem.
Há poucos dias, por exemplo, um desses autores modernos
afirmava nas colunas de um jornal do Rio, entre outras tantas
asneiras ridículas, que indignos de leitura são os livros de Gon-
çalves Crespo, Luiz Delfino, Casemiro de Abreu, Castro Alves,
Raimundo Corrêa e Fagundes Varella, porque foram inspirados
cm fontes que o espírito moderno despreza e condena!
De sorte que, no conceito desses, a literatura de um povo
é apenas o presente...
Desapareciam as bibliotecas como inúteis...
Necessariamente literatura tem que evoluir, mas nunca des-
prezando as obras primas somente pelo fato de haverem sido
escritas alguns anos antes...
Mas é justamente isso o que desejam os renovadores atuais,
a semelhança daquele cronista a que me referi.
Querem por força a condenação dos livros dos Gonçalves
Crespo. dos Castro Alves, dos Luiz Delfino. Por que? Por uma
injustificável aversão ao passado e às tradições? Por serem in-
capazes de produzir obras iguais ou porque não sejam capazes
de senti-las e de compreende-las?
Certamente que sim.
E por isso dizem renovadores, e por isso condenam o pas-
sado ...
Mas a verdade é que eles são os que menos avançam e os
que primeiro passam...
S, 27 maio 1927, p. 1
31
IMPRESSÕES DE UM LIVRO
Arnon de Melo
Jorge de Lima, após quatro anos de silêncio, aparece, agora,
mais uma vez, no mundo literário, com a publicação de um novo
livro de prosa.
Quando vimos no XIV alexandrinos ( o seu primeiro livro
publicado em 1914) aquela sugestiva dedicatória ao mestre Afrâ-
nio Peixoto, a sinceridade com que construiu "0 prímeiro dos
quartoze" e lá para o meio, o "Acendedor de lampiões", que o
tornou príncipe dos poetas alagoanos, afirmámos que este ho-
mem jamais desprezaria a arte de versejar.
Foi temerária, porém. aquela nossa afirmativa, vindo A co-
média dos erros primeiro, e depois, agora mesmo, Salomão e as
mulheres contradize-la per.emptoriamente.
Salomão e as mulheres absorveu-nos num destes dias de in-
verno. deixando-nos aqui e ali uma fugaz impressão de quadros
reais que a prosa fina enleiante do sr. Júlio Ribeiro nos pinta tão
maravilhosamente com a sua requintada arte de dizer, todos eles
formando belos edifícios da líteratura contemporânea a desa-
fiarem a ação demolidora do tempo. Como tal podemos consi-
derar as suas múltiplas obras, dentre as quais se destaca o gran-
de livro super-realista A carne.
Jorge de Lima é original sem possuir a filosofia intolerável
do sr. Graça Aranha e sem ser fastidioso como o sr. Coelho Neto.
Observamos no autor de Salomão e as mulheres o espírito de
um escritor realista que se faz simpático, pela verdade no ex-
pressar-se, sem confundir a franqueza com a gr?sseria,: "Uma
civilização de cacos. - e nós ~ apodrecer entre os ditos_ate que os
estrangeiros venham aproveitar-nos, os ossos para botoes e o mu-
ladar para as suas hortas".
Na escolha dos assuntos de seu livro. ele nos revela a na-
turalidade original do seu humorismo são e perfeito, e sabe,
como Sud Mennucci, distinguir o "espírito" do "espírito".
E aqui não dissimula o que julga: "A moci~ade to1'.1a o e~e!11-
plo dos maiores, cria-se vendo subornar, no regime de ignom!mas
de todas as horas. Cedo perde a linha também, dobra a espmha,
envelhece. Salomães caricatos e ruidosos, não temos a noção
intacta das proporções, não sabemos ~iv~dir p_elo meio, com a
violência a sinceridade de uma conv1cçao. Nao conhecemos o
meio ter~o. a morigeração, senão as deficiências. Vivemos mise-
ravelmente, mal comidos, mal comportados a sonhar com as as-
sombrosas rique
rar. No que diz r
bos, moles, feios
E a pátria
O sr. Jorge
esforço titânico
sar, às vezes, dos
no falar e escrev
Ele é, porém
plicas" às suas_ co
e adverte cosc1en
nossa economia,
gue caldeado que
imprimindo pelo
desaparece."
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quando subimos •
administrações -
o favoritismo d
dade do mando a
desfibramento dos
sentimento ...
As idéias do
res e tem o chei
em nosso pais, nã
tesca do "regiona
livro Mr. Slan<J e
gico de um hibri
Jorge de Li
aqueles marinhe·
baterem contra as
E o caminho
ambiçõ~s. não pod
Ele venceu.
um livro que não
As livrarias
que vertigem de
e mais livros fu
UVRO
Arnon de Melo
silêncio, aparece, agora,
a publicação de um novo
· a filosofia intolerável
como o sr. Coelho Neto.
""'1heres o espírito de
pela verdade no ex-
com a grosseria: "Uma
os ditos até que os
para botões e o mu-
ele nos revela a na-
âo e perfeito, e sabe,
• do ..espírito".
mocidade toma o exem-
regime de ignomínias
......-,,. dobra a espinha,
não temos a noção
idir pelo meio, com a
~ Não conhecemos o
ias. Vivemos mise-
a sonhar com as as-
sombrosas riquezas da gleba, que não temos força para explo-
rar. No que diz respeito a mulheres, somos os eternos pobres dia-
bos, moles, feios raquíticos e sem contenção de instintos.
E a pátria descamba no abismo da ignomínia... "
O sr. Jorge de Lima dispensa a quase todo seu livro um
esforço titânico para construir modernismo. E chegar até de abu-
sar, às vezes, dos adjetivos como aquele homem que os julgava
no falar e escrever, essencial ao substantivo.
Ele é. porém, um contador excêntrico que "não admite ré-
pJicas" às suas convicções, condensa em si previsões simpáticas
e adverte coscientemente: "A intromissão de certas raças em
nossa economia, terá para nós. o efeito de uma invasão no san-
gue caldeado que já temos. E, ou Salomão se impõe e vence,
imprimindo pelo sexo as qualidades que supomos possuir, ou
desaparece."
"Somos luxuriosos, cupidos e irrefletidos, na mediânia, e
quando subimos às posições. . . Veja só o exemplo das nossas
administrações. - a roubalheira na obra pública, nos contratos,
o favoritismo desregrado para o compadrio e o filhotismo. a vai-
dade do mando a provocarem a luta entre irmãos. . . Veja o
desfibramento dos nossos politicos, do nosso caráter, do nosso
sentimento...
As idéias dominantes que constituem Salomão e as mulhe-
res e tem o cheiro do que é nosso e do que não desconhecemos
cm nosso país, não fazem parte de forma alguma, da teoria gro-
tesca do "regionalismo" sr. Monteiro Lobato, expressada em seu
livro Mr. Slanq e o Brasil: " mentalidade por aqui é o fruto ló-
gico de um hibridismo triplice."
Jorge de Lima desdenha do fácil e procura o difícil como
aqueles marinheiros que deixavam os oceanos mansos para se
baterem contra as ondas nos mares bravios.
E o caminho que o conduziu ao cenário encantado das suas
ambiçõ~s, não poderia ser fácil de se transpor.
Ele venceu, entretanto, e lançou, por fim ,à crítica sensata
um livro que não precisa de apostos.
JA, 1 jun. 1927, p. 1
KALEIDOSCôPIO
Valdemar Cavalcanti
As livrarias editoras do Rio e de S. Paulo, agora numa como
que vertigem de publicidade, vomitam ininterruptamente, livros
e mais livros futuristas.
33
1 ;'.
De quando em quando, me aparece uma dessas obras, fú-
teis como o que, trazendo na capa desenhos estapafúrdios, ou
"originais", como lhes chamam os autores, um verdadeiro es-
tardal~aço para embelicar os leitores ingênuos (a mim é que
esses enganavistas não seduzem, porque sempre disse: Quem
não os conhecer, que os compre!) ...
Se chego a abrir um desses livros. . . Que miséria! Que
larçada! Fico com o estômago tão repugnado como se houvera
encontrado, num apetitoso prato, um cabelo pixaim, ou outra
qualquer coisinha interessante ...
Se é prosa, os pecados são ligeiros, mas tão ligeiros que a
gente chega até a pensar foram escritos num automóvel, quando
corria a 130 milhas por hora!
Se é poesia - Deus nos acuda! - constitui uma chinfri-
neira.
Os versos (poderei dar àquilo este título honorífico?) de-
sengonçados, sem jeito, ora - perdoem-me o exagero e a cha-
tice de expressão - de tamanho de um bonde, ora do tamanho
de um piolho...
E, está aí o motivo porque eu tenho saudade de Osório Du-
que-Estrada - si espantalho da literatura brasileira.
Faz-nos muita falta aquele grande inimigo dos lambuza-pa-
péis, agora, quando mais carecemos purgá-la, a pulso firme, de
azorrague em punho, dos salta-pocinhos ridículos que infestam
o campo das nossas letras.
Precisamos mais do que nunca, sem dó nem piedade, meter
Ze fouet de la critique, assim no dorso desses poetastros mono-
maníacos farfalhantes, como no dos criticalhos que os elogiam,
dizendo-os "cultores da arte nova".
Sim. Essa tal de "arte nova" é um refúgio encontrado pelos
almofadinhas da literatura, para despejar todas as provas de
seu raquitismo.
A "arte nova" é, diríamos bem, um lenitivo para os que
sofrem do incurável mal de falta de talento.
Mas, essa tábua de salvação, os que se apegam tais pisa-ver-
des, deve ser inutilizada, posta mesmo no fogo, pelos que dizem
saneadores do terreno literário.
Foi o meio que acharam de, vendo baldadas as tentativas
de um voozinho mais ou menos alto, fka dando pulos, olhando
as estrelas em noites enluaradas...
Ah! malditos mendigos de talento, de idéias, de saber, como
eu vos deploro!
Deploráveis baleiros da literatura, como eu vos maldigo!
34
Esses vossos
valem o papel em
teis dó ...
Vossas obras.
medo, porque se
exclamar, pasma
- O Brasil
de outrora, e ne
tros Euclides.
E, estou ce
- Decidid
atacada de asn ·
As nações tê
telectual.
O Brasil ve
líbrio mental.
Sua literatu
veros nacionali
gionalistas da p
pelas bactérias
na sepultura r
Indivíduos
bum"! perdem a
pero espiritual
Umas enloq
fanatismo; outr
outro qualquer
O Brasil, r
esteve a enlouqu
Esse estado
mada "futurismo
Quando irro
E só se ouv·
Passei um
futurismo em R
uma dessas obras, fú-
s estapafúrdios, ou
. um verdadeiro es-
ênuos (a mim é que
sempre disse: Quem
. _. Que miséria! Que
do como se houvera
belo pixaim, ou outra
dó nem piedade, meter
,poetastros mono-
"-WL.-- que os elogiam,
eu vos maldigo!
Esses vossos livros cheios de tão molambenta literatice, não
valem o papel em que os escreveste, estragando-o, portanto! Me-
teis dó ...
Vossas obras, oh trapeiros das letrinhas redondas, fazem
medo, porque se algum descuidado estrangeiro os pega, há de
exclamar, pasmado:
- O Brasil já não possui aquelas mentalidades pujantes
de outrora, e nem mais terá outros Ruy, outros Carneiros, ou-
tros Euclides.
E, estou certo, finalizará:
- Decididamente, a nova geração literária do Brasil, foi
atacada de asno-interite aguda...
S, 22 jun. 1927, p. 1
AQUI JAZ ...
Renato Alencar
As nações têm, como os indivíduos, suas fases de crises in-
telectual.
O Brasil vem sofrendo ultimamente de medonho desequi·
líbrio mental.
Sua literatura que infelizmente não pode contar mais com
veros nacionalistas da estirpe de Alencar, Gonçalves Dias; re-
gionalistas da paciência de Melo Morais Filho, etc., invadida
pelas bactérias pandêmicas das marinetadas, .esteve cai não cai
na sepultura rasa do descrédito final e absoluto.
Indivíduos há que, suportáveis que são, de momento, "ti-
bum"! perdem a lei da gravidade e tocam a "desunerar" o tem-
pero espiritual que possuem. Assim também com as nações.
Umas enloquecem pela alucinação do império; outras pelo
fanatismo; outras pela ganância insaciáv.el do ouro; outras por
outro qualquer exagero mais ou menos perigoso e estéril.
O Brasil, reflexo de um certo grupo de "gênios elétricos",
esteve a enlouquecer nesta outra forma: excesso de estupidez.
Esse estado patológico foi causado pela feissima doença cha-
mada "futurismo".
Quando irrompeu a praga, lá pelo Sul, estava eu em Recife.
E só se ouvia falar em Klaxon.
Passei um ano a pico para perceber o que o introdutor do
futurismo cm Recife, queria dizer com a "nova arte".
35
Li conferêncisa dele. Li os seus artigos e polêmicas. Li uma
porção de coisas. Entretanto como ele era o primeiro a usar
uma linguagem, uma forma, um estilo puramente "passadista",
vi que, ao menos em Recife, essa história de futurismo era con-
versa fiada.
Depois, porém, começaram a manifestar-se os primeiros
sintomas do mal. Alguns cérebros foram ataca.dos. As maiores
extravagâncias vieram à estampa. Versos com 22 silabas, sem
metro, sem ritmo, sem pontuação, surgiram. Deram para usar
apenas o ponto e vírgula como Vargas Vila fez, sem ser futu-
rista. O rei da Arte Nova passou a assinar-se com letras
pequenas.
Os perús novos do novo traço de carvão aderiram à malu-
queira e aboliram as iniciais maiúsculas. Foi uma beleza. As
correspondências choveram do Sul a Pernambuco e vice versa.
"Del Picchia'', Guilherme (oh! desculpe!) guilherme de al·
meida, etc., gritavam lá suas vozes de comando.
O pessoal exultou. Os jornais, as revistas se enchiam de
trabalhos da "arte nova". O contágio alcançou a Paraíba. Mas
lá com a presença esborrachante de Carlos D. Fernandes, a bi-
cha não floresceu. Foi até morrer.
Centralizou-se em Recife. E cheguei com estes pobres olhos,
mimos desta natureza:
Recife, Recife, Recife;
Cidade mulher. cidade mulher, mulher;
O sol é roxo, roxo, roxo;
Lá vai o homem da "bassoura"!
Recife, Recife, Recife;
Cidade mulher, cidade mulher, mulher;
Nesse dia eu gastei na farmácia, 1$500 com uma limonada
"Refort". A praga propagou-se assustadoramente. O "morbus"
se desenvolveu que nem a espanhola.
O futurismo empolgou. Era cada uma de tonelada e meia.
Livros horríveis apareceram. As revistas davam agasalho a ver-
dadeiros monstros da imbecildade literária de uma época.
O sentimento da imitação dominou, e, o que parece incrí-
vel. penetrou nos melhores espécimes do equilíbrio mental do
Recife literário.
Arte, literatura, tudo foi contaminado pelo virus do "futi-
lismo".
Foi quando mais me preocuparam essas proféticas palavras
de Sergi:
36
"A decadên ·
de desenvolver a
E tive pena
Felizmente o
se presumia. Co
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era o primeiro a usar
puramente "passadista",
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com 22 sílabas, sem
. Deram para usar
Vila fez, sem ser futu-
assinar-se com letras
mm estes pobres olhos,
com uma limonada
ente. O "morbus"
de tonelada e meia.
danm agasalho a ver-
de uma época.
e. o que parece incrí-
equilibrio mental do
proféticas palavras
"A decadência das nações será assinalada pela incapacidade
de desenvolver a energia mental" (Evolução Humana, 385).
E tive pena do futuro do Brasil.
Felizmente o ataque hemorroidal não teve a projeção que
se presumia. Como tudo que é fútil, pueril, criado sem a evolu-
ção natural que elabora organismos e fecunda idéias e causas
materiais, o tal de "futurismo", (Deus louvado!) não teve o
futuro desejado pelos corifeus da tolice.
E foi desaparecendo, desaparecendo, até aniquilar-se.
Do seu recuo, felizmente ficou uma certa expressão de
arte.
Como a "quelque chose malheur est bon", em Recife se
aproveitou a epidemia num ponto.
Formou um tipo à parte, que de fato, fez o "ascêncio" de
nova concepção de arte poética. Mas não é futurismo.
t um esplêndido impressionista, um regionalista, que diz
as coisas locais e brasileiras com sentimento, arte, dando uma
vida nova e pitoresca às suas produções.
Aqui em Maceió (também Deus louvado! ) parece que a
moléstia se inoculou apenas em um organismo.
Inoculou-se e se desenvolveu, certamente por influências
simpáticas à corrente "futilíssima" e nunca, suponho. por
natural tendência à puerilidade ou desejo de conquistar nome
pelo escândalo de um ser normal e talentoso ser julgado louco.
Limitada a moléstia a atividade mui restrita, não tanto como
na Bíblia, o amor de "Salomão e as mulheres", não proliferou a
catarata na visão mental alagoana.
Mas para enterá-la de vez, aparece esse fakir da expressão
e do bom gosto literário que é Povina Cavalcante, e, pum! pum!
com trinta minutos de palestra - metralha memorável no últi-
mo reduto dos bicharrocos fez o funeral da desgraçada "arte
nova".
Povina era bem a pessoa de que Maceió precisava para des-
truir os óvulos ainda não de todos gerados do futurismo pavo-
roso entre nós.
Alagoano até o tutano, mas educado ou a educar-se e con-
viver em um meio como o Rio, Povina não é um profeta em
sua terra.
:e profeta aqui, no Rio, na casa do diabo. Todos saimos pra-
zcirosos de sua tremenda surra na besteira pensada e escrita
dos "novos". Pena que não vá dizer aquilo no Recife. com o
Joaquim Inojosa de testa.
Que regalo!
Suas comparações com as tais estrofes da poética japonêsa
foram apropriadas e felizes.
37
Com efeito. Como nos descreve Osório Dutra a poesia ni-
pônica, em seu interessante livro No país dos deuses, tem ela
"um mistério qualquer que não está ao alcance de nossos sen-
timentos, e que só mesmo os filhos do Pais do Sol Nascente po-
dem descobrir e observar".
E, dentre alguns "tankas" e "haikai", cita esta que é ori-
ginal e "futurista":
"Assagao ni
Tsurube Torate
Moral mizu! ... "
Dá-nos a tradução: "A trepadeira "asagao" trepou pela
corda do meu poço. Vou pedir água à vizinha! ... "
Entretanto, em matéria de curiosidade poética, temos no
Brasil coisas admiráveis.
Melo Moraes Filho no seu hoje raríssimo Festas e tradições
populares nos fornece um espécime maravilhoso de "futurismo".
É o sr. Barreto Bastos, naquelas eras magnificas, um mag-
nifico corretor da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro.
Tinha veia poética.
Cultivou a poesia política. Aqui vai um produto despreten-
sioso do vate que em Recife, seria o vencedor do páreo de bes-
tas no hipódromo das pistas de asneiras:
Recito
São, mundo, carne e diabo
Todos três tem mui rabo
He preciso polbe os quiabo
Atado nos seus mui rabo.
Remédio na medicina e quiabo
Souces de sete fazem muito rabo
Apelicamos alguma piassabo
A ver se lhe atrancamos o rabo.
Longos e largos artigos tem rabo
Mas todos eles não desejam o cabo
Por que lhe fazem a conta no fiabo
Não desejam que tudo fique no cabo.
Vejam só! Que sopa!
Em 1800 e poucos um corretor do Rio versejava assim. Era
julgado "maluco" pelos jornalistas que, aliás, lhe davam agaza.
lho nas gazetas para as tolices.
38
Hoje, há quem
de sandices acima
Meu Deus'. ~
houver perigo, um
lavra sensata e se
literário os elemen
aquela AQUI J
sadelo de bom se
Aperte os o
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É fazer-se ou
- dizia o vovô. V
E sem saber
a lua querendo t
de pintinhos.
Vira a págin
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os dois. Talvez p
tando, cantando..
Olha aqui. os
um macaco man
Que soldados
são da coluna do
pra baixo. E aqu
morrem! Mas
deia na cabeça?!
Oh! mas que
caroços de feijão
Dá até von
fadinha aqui aba·
Ah! Um fog
Olha o velho br·
Que penas multi
dos seus tempos
''Osório Dutra a poesia ni-
pa& dos deuses, tem ela
ao alcance de nossos sen-
Pais do Sol Nascente po-
"". cita esta que é ori-
i um produto despreten-
Rncedor do páreo de bes-
Rio versejava assim. Era
aliás, lhe davam agaza-
Hoje, há quem verseje muito pior do que aquele amontoado
de sandices acima e seja classificado na estatística dos gênios!
Meu Deus! Tende piedade de nós, e nos mandai, quando
houver perigo, um Povina assim dos bons, para, com a sua pa-
lavra sensata e seu talento em flor enxotar de nosso organismo
literário os elementos de intoxicação e aniquilamento. . . se, sob
aquela AQUI JAZZ que Povina solidificou, resurgir, para pe-
sadelo de bom senso. a sarampeira futurista ...
Aperte os ossos, Povina!
JA, 3 dez. 1927, p. 1
O IMPOSSÍVEL DO MUNDO t FAZER-SE
OUTRO MUNDO . ..
Arnon de Melo
É fazer-se outro mundo. . . - Psiu, psiu: Menino, vem cá
- dizia o vovô. Vem ouvir a história do menino impossível. ..
E sem saber ler, advinhando pelas figuras: Olha! Aqui está
a lua querendo tocar o sino. O galo arengando com a galinha
de pintinhos.
Vira a página e vê: O urso com uma argola no focinho. Um
homem e uma mulher jogando murros e um menino alumiando
os dois. Talvez pra ver quem ganha. E o galo de esporões, can-
tando, cantando ... de bico fechado!
Olha aqui, os trens do seu Assis com as rodas quadradas e
um macaco mangando deles.
Que soldados! Vê! Têm a cara de carrasco. Quem sabe se não
são da coluna do Genival Prestes! Chi! Aquele ali está atirando
pra baixo. E aquela caixa aberta? Ah! É para enterrar os que
morrem! Mas esse homem que está com uma espécie de can-
deia na cabeça?! Sim, já sei! É o acendedor de... lamparinas...
Oh! mas que belas e apetitosas espigas de milho, com uns
caroços de feijão ou fava, nem sei bem, de juntos!
Dá até vontade da gente comer. Viva! E que rapaz almo-
fadinha aqui abajxo. com a harpa de David na mão. Um poeta!
Ah! Um fogareiro! Reluzente! Está com a luz tão bonita!
Olha o velho brincando de corda no balanço! Psiu! f; um pavão!
Que penas multicores! "Chô, chô, pavão!" - lembrou-se o velho
dos seus tempos de criança. Advinhou!
39
Uma casa escondida! Um esqueleto! Um menino atolado
num bocado de peixe!
Vê, nesta última página. Que homem simpático. Tem umas
barbas tão bonitas, tão respeitáveis!
:E: Lampeão - gritou o menino a queima roupa.
Chi! Chi! Rasga! Rasga!
Aí está contada, leitores, a história do mundo do menino
impossível, do ilustre clinico dr. Jorge de Lima, o mesmo car-
rancudo escritor da Comédia dos erros e o mesmo mavioso poeta
de XIV alexandrinos.
Espírito inteligente, Jorge de Lima acaba de alistar-se com
esta sua publicação, ao lado desses "borrachos que bebem o
vinho plebeu da necessidade humana", como já bem o disse o
brilhante homem de letras Povina Cavalcanti.
E a crítica deste seu novo livro? Ah! A crítica. . . A crítica
ainda não veio e nem virá. Jamais. Deus louvado! - por isso
que ainda ninguém o entendeu.
Eu francamente, estou no mesmo com a leitura do Mundo
do menino impossível.
JA, 13 jan. 1928, p. 7
UM POETA MENINO
José Lins do Rego
O menino Aloísio Branco não há quem o suporte com a sua
conversa. Tem 18 anos e penso que já falou por uma longa exis-
tência de macróbio.
Fala por vício. Ninguém o pode aturar com as suas pergun-
tas, os inquéritos e sua desgraçada literatura. Se não fosse essa
literatura o menino bem que seria interessante para se estar
com ele, com o seu rosto magro e os seus olhos vivos. A litera-
tura, porém, não o deixa. Literatura em tudo, até no andar de-
sarticulado como um boneco engonço.
Nesse menino irrequieto que nos invade a casa para dizer
tolices e mexer pelos livros e recantos, há um verdadeiro poeta.
E poeta ele é, apesar de toda a sua tagarelice e água de cho-
calho que lhe deram a beber em S. Luiz do Quitunde.
As poesias que ele faz trazem a frescura e graça duma coisa
com que a gente se sente bem em companhia.
40
Ao contrário
de vontade de
olhar o mundo
sente em alguns
umas imagens d
sa meninice nós
vida; e que ser-
haveríamos de
O seu poema
leza sobretudo
pernosticismo.
Si se con
eu creio que dele
como vai é que
casa gozar uma
a gente pensa de
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talento que ele t
ras a seu respeit
cer as horas de
seus semelhantes
as últimas novid
sabedoria mucu
Ara.ujo Filho.
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instante de Ca
em Minas Geraº
dos o simpático
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Depois o po
cidadezinha. E a
a conversar em
o seu grande Ho
café bem caro.
menino atolado
m simpático. Tem umas
do mundo do menino
de Lima, o mesmo car-
e o mesmo mavioso poeta
acaba de alistar-se com
•borrachos que bebem o
• como já bem o disse o
lftlcanti.
Ah! A crítica ... A crítica
louvado! - por isso
com a leitura do Mundo
P- 7
Ao contrário do menino Aloísio, a sua poesia não nos enche
de vontade de sacudí-la de casa para fora. Esta virgindade de
olhar o mundo como um brinquedo maior que os outros se
sente em alguns poemas do menino alagoano. E ele tem mesmo
umas imagens deliciosamente pueris, daquelas com que em nos-
sa meninice nós explicávamos os mistérios e as coisas graves da
';da; e que serão para sempre as imagens mais imagem que
haveríamos de construir.
O seu poema à velha cidade de Alagoas é duma tocante be-
leza sobretudo porque o menino como que perde ali todo o seu
pernosticismo.
Si se conseguisse interná-lo num bom colégio de jesuítas,
cu creio que dele haveria de sair coisa bem interessante. Assim
como vai é que será uma desgraça para quem queira em sua
casa gozar uma hora de boa leitura com ele a perguntar o que
a gente pensa de Manuel Bandeira, da Arte Moderna e tantas
outras coisas é que não é possível. Se não fosse o verdadeiro
talento que ele tem eu já teria tomado providências bem áspe-
ras a seu respeito. A sua poesia em mwtos pedaços faz esque-
cer as horas de pavor com que o menino gosta de machucar os
seus semelhantes. É uma poesia, a sua, que deixa muito longe
as últimas novidades do sr. Álvaro Moreira da Para Todos, e a
sabedoria mucufa à Marden do conceituado comerciante
Araujo Filho.
JA, 25 jan. 1928, p. 3
A REVISTA "VERDE" DE CATAGUAZES
José Lins do Rego
Houve um tempo em que os jornais do Rio falavam a cada
instante de Cataguazes, cidadezinha fincada na zona da Mata
em Minas Gerais. Era presidente da Câmara dos srs. deputa-
dos o simpático Astolfo Dutra, um bom mineiro que não tinha
vergonha de todo momento gabar aos amigos o clima e as be-
lezas naturais de sua cidade natal que era Cataguazes.
Depois o político morreu e ninguém se lembrou mais de sua
cidadezinha. E a cidadezinha continua a fazer as suas eleições,
a conversar em suas farmácias, a construir as suas estradas e
o seu grande Hotel, a formar os seus meninos e a vender o seu
café bem caro.
41
Agora surge outra vez nos comentários. E surge como lite·
rata com uma revista Verde a quem Blaise Cendrars mandou
outro dia um bilhete. De pacato retiro de Astolfo Dutra a cen-
tro revolucionário de letras. Eu creio que nunca uma cidade mu-
dou de cara assim como Cataguazes. De reduto eleitoral a cen·
tro de renovação vai quase que um impossível. Mas é pura ver·
dade. Em Cataguazes uma meia dúzia de rapazes está querendo
fazer alguma coisa de curioso pelo que se pudesse chamar de
letras brasileiras. São rapazes para quem o Sr. Mário de An·
drade é mesmo que pai.
(Como já está ficando o sr. Mário de Andrade!) Deste tem
saído por todo o Brasil urna comprida geração. Este Mário é um
reprodutor desgraçado. O país inteiro está cheio de rapazes com
o seu sangue, com o seus tícs. Por toda a parte a gente desco·
bre a sua cara alongada marcando muito rosto de adolescente e
até carinhas murchas de velhos (o sr. Menotti del Pichia está
neste último caso).
Mário Pedrosa teve, urna vez, uma imagem muito aguda so-
bre esta influência patriarcal do grande mulato paulista. A de
que Mário de Andrade era uma espécie de telefonista mestre a
distribuir ligações, para confins. Em Cataguazes, o negócio foi
mais sério. Mário de Andrade é ali pai duma numerosa ninhada
de poeta.
Parece, a quem fica de fora, que esta história de revista
Verde de Cataguazes é ali nome exótico inventado, uma obra
de imaginação.
Logo que Jorge de Lima me deu noticias desses rapazes
eu acreditei numa boa pilhéria do meu amigo. Por que eu pen·
sava que de Cataguazes pudesse sair tudo, mesmo um bom pre·
sidente de República, e nunca um movimento de interesse pu-
ramente intelectual como este que os seus rapazes estão levan·
tando. O fato é que esta revista existe no seu 49 número. E que
como iniciativa de menores de 21 anos ela é muito mais que
júri histórico de colégio.
A gente pode encontrar nestes adolescentes mineiros visivel
vontadezinha de mostrar o terno cheirando ainda às mãos de
alfaiate, uma quantidade avultada de preconceitos modernistas.
Amanhã verão sem esforço que em muita coisa eles se CO·
briam com o mesmo casacão com que Osório Duque-Estrada ves·
tiu toda a sua vida e sua compacta estupidez. E que apenas, eles
punham o casacão de Osório às avessas.
JA, 29 jan. 1928, p. 3
42
Há tempos ouvi
via descoberto o
é que conhecendo o
descobriu-se como se
trasse em casa do
O que o descobridor
encantado e mos!ra
mundo. Terra ainda
condido dentro dela
Uma ou outra
derrubou para ver
cristalizando e se
~ inegável que
diga de passagem qu
car em Alagoas (q
muita adolescência •
também de passage
sério o sr. José Lins.
ou daquilo, o que el
não existe para ai
suas costeletas.
Mas José Lins
o mais quer queiram
tor paraibano não tiv
o sr. Gilberto Freyre
sador brasileiro pen
padre-nossos, degus
desempenou o nosso
muita coisa de seu
é mais esperan~a de
seda. Ele já sobt' al
ainda. Conheço todos
solutamente não te111
degas do modernis
recantos do país. Eu
verso velho, tanta
sia nova apagam-se.
Mas por que s
tários. E surge como Iite-
Blaise Cendrars mandou
de Astolfo Dutra a cen-
que nunca uma cidade mu-
De reduto eleitoral a cen-
possível. Mas é pura ver-
de rapazes está querendo
se pudesse chamar de
quem o Sr. Mário de An-
de Andrade!) Deste tem
geração. Este Mário é um
está cheio de rapazes com
a parte a gente desco-
rosto de adolescente e
Menotti del Pichia estâ
imagem muito aguda so-
mulato paulista. A de
de telefonista mestre a
Cataguazes, o negócio foi
duma numerosa ninhada
de revista
uma obra
~tes mineiros visível
o ainda às mãos de
nceitos modernistas.
muita coisa eles se co-
• · Duque-Estrada ves-
ez.. E que apenas, eles
NOTINHA S
Jorge de Lima
Há tempos ouvi de alguém que o sr. José Lins do Rego ha·
via descoberto o poeta Aloísio Branco. Não é verdade. O poeta
é que conhecendo o escritor o procurou em sua residência e
descobriu-se como se uma nova terra atravessando o mar en-
trasse em casa do navegador carregadinha de suas virgindades.
O que o descobridor (descobridor involuntário) fez foi ouví-la
encantado e mostrar que ainda havia terra desconhecida no
mundo. Terra ainda em formação, inculta, com muito ouro es-
condido dentro dela e com muita aresta literária pelo dorso.
Uma ou outra destas arestas o escritor José Lins do Rego
derrubou para ver bem dentro e viu que havia muita coisa se
cristalizando e se erigindo.
~ inegável que hã influência do escritor sobre o poeta e se
diga de passagem que o sr. José Lins do Rego está votado se fi-
car em Alagoas (que Deus o livre) a renovar ou a orientar
muita adolescência sinuosa como a desse menino poeta. Diga-se
também de passagem, que atualmente muita gente não leva a
sério o sr. José Lins, ninguém quer saber se ele é capaz disso
ou daquilo, o que ele pensa, o que ele sabe... O sr. José Lins
não existe para alguns. Negam-lhe até talento, até mesmo as
suas costeletas.
Mas José Lins existe com costeletas, talento, força e tudo
o mais quer queiram ou não queiram. Desejaria que esse escri-
tor paraibano não tivesse porém aqueles imitadores que ganhou
o sr. Gilberto Freyre os quais à força de copiar o celebrado pen-
sador brasileiro pensam com as suas canetas, rezam com os seus
padre-nossos, degustam com o seu paladar culinário. Zé Lins
desempenou o nosso poeta caçula e vai por certo dif'ciplinar
muita coisa de seu talento que é talento verdadeiro. que já não
é mais esperança de azas, porém azas de alumínio forradas de
seda. Ele já sobe alto como um avião. Ele subirá muito mais
ainda. Conheço todos os seus poemas, toda a sua poesia que ab·
solutamente não tem o gosto de muito caldo insosso que as bo-
degas do modernismo andam a nos dar a beber ai por todos os
recantos do país. Eu tenho lido tanta coisa. tanta coisa. . . Tanto
verso velho, tanta poesia nova ... No outro dia verso velho, poe·
sia nova apagam-se. Esqueço.
Mas por que será que eu não esqueço o Aloísio?
JA, 1 fev. 1928, p. 3
43
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  • 2. DOCUMENTARIO DO MODERNISMO ( ALAGOAS: 1922/31) PESQUISA E SELEÇAO DE MOAC/R MEDEIROS DE SANPANÂ :i!:• Publicação conjunta do Departamento de Assuntos Culturais - MEC e da Universi- dade Federal de Alagoas. MACEI ô UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS l 9 7 8 .•:. ,...... ,. f_•
  • 3. Sant'Ana, Moacir Medeiros de. Documentário do modernismo (Alagoas: 1922/31) [pesquisa e seleção de] Moacir Medeiros de Sant'Ana. Maceió, Universidade Federal de Alagoas, 1978. 174 p. 1. Artigos de periódicos. Artigos de jornais. Noti- ciário de imprensa. I. Título. CDU - 045(813 .5) Capa: Convite para a Festa da Arte Nova, reallzada em Maceió, a 17 de junho de 1928 NOTA INTRODUTO A 10 de janeiro de 1927, em tipo terminava a composição tipográfica do nino impossível, através do qual deu-se Lima ao Modernismo. Dois meses depois, no dia 9 de a nior, adolescente ainda, aos 15 anos de • Literário "Guirnarães Passos,,. A maioria fluenciada por Jorge de Lima e José luiu. paulatinamente aderindo ao Mod oficial em Alagoas ocorreu a 17 de · da Arte Nova. Este Documentário visa justamente a dessas efemérides culturais e é co · 102 documentos de interesse para a Alagoas: 1 de 1922, 3 de 1924, 3 de 1 36 de 1928, 27 de 1929, 13 de 1930 e e esse constituído de trabalhos, de Blil~lll na imprensa local, no período de uma • • • A exemplo da maioria dos dema18 • repercussão do Movimento Moderrusta inicial. Sobre o Modernismo, desse pe:nodll localizados na imprensa alagoana, rivel ao movimento. O de Carlos lblllelm vãQsair, publicado a 19 de agosto de seis meses após a realização da ~911.. São Paulo. Nele o autor refere-se ao ModlenliSIDI timento estilístico que se caracterm subjetivismo". Depois dessa, nenhuma outra 1922 e 1923, a respeito do aludido
  • 4. a D é J'lmllo de 1928 ~ NOTA INTRODUTôRIA A 10 de janeiro de 1927, em tipografia do Rio de Janeiro,_...: l~'~J:;.': terminava a composição tipográfica do poema O mundo do me- ~ ~ nino impossível, através do qual deu-se a adesão de Jorge de Lima ao Modernismo. Dois meses depois, no dia 9 de agosto, Manuel Diégues Jú- nior, adolescente ainda, aos 15 anos de idade, fundou o Grêmio Literári,o "Guimarães Passos". A maioria de seus integrantes, in- fluenciada por Jorge de Lima e José Lins do Rego, depois evo- luiu, paulatinamente aderindo ao Modernismo, cuja introdução oficial em Alagoas ocorreu a 17 de junho de 1928, com a Festa da Arte Nova. Este Documentário visa justamente a assinalar o transcurso dessas efemérides culturais e é constituído de uma seleção de 102 documentos de interesse para a história do Modernismo em Alagoas: 1 de 1922, 3 de 1924, 3 de 1925, 7 de 1926, 6 de 1927, 36 de 1928, 27 de 1929, 13 de 1930 e 6 de 1931, documentário esse constituído de trabalhos, de alagoanos ou não, divulgados na imprensa local, no período de uma década. * * * A exemplo da maioria dos demais Estados, foi diminuta a repercussão do Movimento Modernista em Alagoas, na sua fase inicial. Sobre o Modernismo, desse período, dos poucos trabalhos localizados na imprensa alagoana, apenas um mostrou-se favo- rável ao movimento. O de Carlos Rubens, intitulado Livros que vão sair, publicado a 19 de agosto de 1922, no Jornal de Alagoas, seis meses após a realização da Semana de Arte Moderna, de São Paulo. Nele o autor refere-se ao Modernismo como o "supremo mo- vimento estilístico que se caracteriza pelo mais livre e fecundo subjetivismo''. Depois dessa, nenhuma outra referência encontramos, em 1922 e 1923, a respeito do aludido movimento. 5
  • 5. Foi necessário que Graça Aranha se rebelasse contra a Aca- demia Brasileira de Letras, para o Modernismo ganha~ novamen- te as páginas dos periódicos da província, ainda que de modo fugaz. Em 5 de julho de 1924, no Diário da Manhã, de Maceió, o conterrâneo Apratto Júnior, então no Rio de Janeiro, no artigo O motim da Academia, discorreu a propósito da sessão daquela instituição cultural, realizada em 18 do mês anterior, onde o mencionado Graça Aranha, ao proferir a conferência O espírito moderno, lançou o brado: "Se a Academia não se renova, morra a Academia". Entretanto, de maneira diferente viria repercutir entre nós o Movimento Regionalista do Nordeste. Já a 18 de julho de 1924, O Semeador, de M~eióJranscre­ via, de Gilberto Freyre, o artigQ. Em torno de uma revolta, onde o fufuxo autor de Casa-grande & senzala asseverouque "0 Bra- sil (ansiava) pela reintegração nos íntimos valores do seu pas- sado", para em seguida acrescentar: "A grande necessidade é a duma reação que reintegre o Brasil no seu passado". A 13 de agosto seguinte, quatro meses l!PÓS a_fundaç.ãO-do Centro R(}gjonalista do Nordest€}.,_~eção Notas e Factos~o Jir-nal de Alagoas, depois de esclarecer que se devia aquel~ ~n ro ao "espírito brilhante do professor Odilon Nestor, mestre...a.ca· tado da F_aculdade de Direito do Recife", deplorou o fato da_nova associação não haver "(recebido) ainda de nós (alagoanos), uma expressão de simpatia", da qual ajulgava merecedora. Em 1925, relativamente ao movimento literário, as publi· cações mais importantes, em número de três, tratam do Movi- mento Regionalista do Nordeste: de Mario Marroquim, Regio- nalismo (Jornal de Alagoas (JA), Maceió, 29 mar. 1925); 19 Congresso Regionalista do Nordeste (JA, 20 ago.) e Congresso Regionalista do Nordeste (JA, 22 ago.). Todas elas discorrem acerca do Congresso que o Centro Regionalista do Nordeste programara para novembro de 1925, mas que somente foi realizado em fevereiro do ano seguinte. Em seu artigo, Mario Marroquim- nos faz compreender porque no Nordeste o Movimento Modernista não penetrou tão facilmente como no Sul, ao afirmar: "O Nordeste, que foi o berço da nacionalidade, conserva ainda intacto, nítido, o senti- mento de brasilidade, o espírito tradicional da raça, que no Sul, ao contacto das massas imigratórias, já estâ quase desapareci· do", devendo-se essa preservação a Gilberto Freyre, "um dos esteios dessa reação (contra a destruição das nossas tradições), que (vinha) em magníficos artigos no Diário de Pernambuco, (avivando) a chama sagrada do amor a essas tradições". 6 i rem à poesia. constituindo ce. nismo.
  • 6. as publi- do Movi- tn.Dm. Regio- ·. 19"l5); 19 e Congresso -- Após isso, um fato novo concorreu para incentivar a rea- ção alagoana contra o Modernismo. A passagem, em 1926, pelo Brasil, de Filippo Tommaso Marinetti, cujo futurismo chegou aos nordestinos - e também aos demais brasileiros - como sinônimo de negação a tudo quanto lembrasse tradição, enfim, uma total cisão com o passado. Dai a grande incidência, na imprensa da é,ru>ca, de criticas ao italiano fundador do futurisnw. ,/--" '-< " .!_osé Lins do R~ aportara em Maceió a 14 de dezembro ..de...l9.26.... já adepto do Movimento Regionalista do Nordeste, e fadado a influenciar profundamente alguns jovens intelectuais alagoanos. Vindo para Maceió para exercer as funções de fiscal de ban- cos, e de onde somente sairia definitivamente em 1935, para re- sidir no Rio de Janeiro, logo passou a colaborar na imprensa local, principalmente no Jornal de Alagoas, de cuja colaboração alguns exemplos são os artigos Manoel Bandeira (27 mar. 1927), Um poeta menino (25 jan. 1928), Sobre umas criticas a um poe-- ta (10 jan. 1929) e Contra o separatismo (18 jan. 1931). Com a adesão de Joyge de LiIBa--.aº-.MoQ,ern_ismoJ em 1927, principalmente depois dapublic_ação da edição inicial dos Poemas, no Natal desse ano, aumentou o número de trabalhos acerca daquele movimento cultural, _muitos deles de enaltecimento à nova poesia do anti.go "Príncipe dos poetas alagoanos". Nas colunas de vários periódicos da nossa província literá- ria, foram estampados noticiários, crônicas e estudos, de autoria, entre outros, de Jorge de Lima, José Lins do Rego, Leão Ma- rinho Tavares Bastos, Em11io de Maya, Pontes de Miranda, Bar- reto Falcão, Arnon de Melo, Valdemar Cavalcanti, Guedes de Miranda, Paulo Malta Filho, Manuel Diégues Júnior, Aurélio Buarque de Holanda, Raul Lima, L. Lavenere, José Aloísio Vi- lela, Da Costa Aguiar, Carlos Paurilio, Carlos J. Duarte, Renato Alencar, Aloísio Branco, Mario Marroquim, Lobão Filho e Al- berto Passos Guimarães, para falarmos apenas em alagoanos ou em naturais de outras plagas, mas radicados na provinda. As publicações integrantes do presente Documentário, pu- blicado sob os auspícios do Departamento de Assuntos Culturais - MEC e Universidade Federal de Alagoas, não apenas se refe- rem à poesia, mas também à prosa, música e pintura modernas, constituindo certamente um subsídio para o estudo do Moder- nismo. Moacir Medeiros de Sant'Ana 7 ,_ ....,~
  • 7. c:antra a Aca- • t r novamen- CJlle de modo •Maceió, o IJ . 0. DO artigo •-.ãodaquela ·zt ior. onde o ....... o espírito • awva, morra "*c:utir entre nós tJme o Centro de 1925, - Rgllinte. compreender penetrou tão que foi o llll:ido, o senti- qae DO Sul, desapareci- •um dos tradições), • Penlambuco, .... - Após isso, um fato novo concorreu para incentivar a rea- ção alagoana contra o Modernismo. A passagem, em 1926, pelo Brasil, de Filippo Tommaso Marinetti, cujo futurismo chegou aos nordestinos - e também aos demais brasileiros - como sinônimo de negação a tudo quanto lembrasse tradição, enfim, uma total cisão com o passado. Daí a grande incidência, na imprensa da é;Pca, de críticas ao italiano fundador do futurismo. ./ ~ José Lins do Rego aportara em Maceió a 14 de dezembro _de 1926._ já adepto do Movimento Regionalista do Nordeste, e fadado a influenciar profundamente alguns jovens intelectuais alagoanos. Vindo para Maceió para exercer as funções de fiscal de ban- cos, e de onde somente sairia definitivamente em 1935, para re- sidir no Rio de Janeiro, logo passou a colaborar na imprensa local, principalmente no Jornal de Alagoas, de cuja colaboração alguns exemplos são os artigos l1an2._el Bandeira (27 mar. 1927), Um poeta menino (25 jan. 1928), Sobre umas criticas a um poe- ta (10 jan. 1929) e Contra o separatismo (18 jan. 1931). Com a adesão de Jorge de Lima ao Modernismo, em 1927, . _.. v-i.,,, J?rindpalmenteãepois da pubU~a_ção da edição inicial dos Poemas, · no Natal desse ano, aumentou o número de trãbãiliosacerca daquele movimento cultural, muitos deles de enaltecimento à nova poesia do antigo "Prínoipe dos poetas alagoanos.:. Nas colunas de vários periódicos da nossa província literá- ria, foram estampados noticiários, crônicas e estudos, de autoria, entre outros, de Jorge de Lima, José Lins do Rego, Leão Ma- rinho Tavares Bastos, Emílio de Maya, Pontes de Miranda, Bar- reto Falcão, Arnon de Melo, Valdemar Cavalcanti, Guedes de Miranda, Paulo Malta Filho, Manuel Diégues Júnior, Aurélio Buarque de Holanda, Raul Lima, L. Lavenêre, José Aloísio Vi- lela, Da Costa Aguiar, Carlos Paurilio1 Carlos J. Duarte, Renato Alencar, Alolsio Branco, Mario Marroquim, Lobão Filho e Al- berto Passos Guimarães, para falarmos apenas em alagoanos ou em naturais de outras plagas, mas radicados na província. As publicações integrantes do presente Documentário, pu- blicado sob os auspícios do Departamento de Assuntos Culturais - MEC e Universidade Federal de Alagoas, não apenas se refe· rem à poesia, mas também à prosa, música e pintura modernas, constituindo certamente um subsídio para o estudo do Moder- nismo. Moacir Medeiros de Sant'Ana 7
  • 8. -· LIVROS QUE VAO SAIR Carlos Rubens Ronald de Carvalho - Este é um dos talentos mais encan- tadores da geração contemporânea. Dos mais jovens e dos que tem uma obra literária que avulta pelo encanto e pelo intrínse- co, como sua Pequena História da literatura brasileira, que é um grande livro. Como poeta já nos deu Luz gloriosa e Poemas e sonetos. Acompanha agora às novas correntes da poesia contempo· ·rânea, formando ao lado de Menotti del Picchia, Mário de An- drade, Guilherme de Almeida. Oswaldo Orico, Renato de Alen- car e Graça Aranha, chefe no Brasil desse "supremo movimento estilístico que se caracteriza pelo mais livre e fecundo subjeti- vismo" e que tende a criar "uma poesia estranha, nova, alada e que se faz música para ser mais poesia". É sob a influência dessa nova expressão de arte que sairá dentro de poucos dias mais um livro de Ronald de Carvalho, numa edição do Anuário do Brasil. Será o Epygramas ironicos e sentimentaes, que revelará da "jo- vem e ousada poesia", o que ela pode ter de sugestão e de beleza inédita. Mas de Ronald Carvalho teremos ainda dois livros - Espe- lho de Ariel (estudos de arte) e Sob a vinha florida, pensamentos - o que prova que a jovem e m·agnífico poeta com ser um dos espíritos mais interessantes do momento literário é também dos mais operosos. JORNAL DE ALAGOAS (JA), Maceió, 19 ago. 1922, p. 1. 9
  • 9. O MOTIM DA ACADEMIA Apratto Júnior O caso foi muito interessante, ou para melhor dizer, ridícu- lo: reuniu como de costume, em sessão, quinta-feira expirante, (18 jun. 1924) a Academia de Letras. Anunciara-se, precedente- mente, que o sr. Graça Aranha ia dizer coisas sensacionais, d'ar- repiar cabelos. . . Ora com tais boatos com foros de assertivas, de admirar, não foi ~ romagem ao Petit Trianon, com a sua seqüênci~ de aborrecimentos, inquietações, machucadelas em calos de est11~1a­ ção e outras coisas que tais peculiares às desusadas aglomeraçoes de gentes. Nós, como todo mundo, aguçados, também, de curiosidade, lá comparecemos, pouco antes da hora aprazada. Mas não vamos descrever a sessão, em todas as suas minudências; melhor será nos ocupemos do sr. Graça Aranha, de seus pros~htos e das no- víssimas idéias de que é extremo defensor e caudilho. Canaan é uma das obras primas, não digo do seu autor, mas da Uteratura indígena; seu estilo é vibrante e raro igualado; .a linguagem conquanto, por vezes, ~ão impecável, é tod~via, digna de ser imitada. Tal obra, que motivo de orgulho deveria ser para um literato é por ele próprio, julgada de invaliosa e trivial. O caso de que a glória cabe ao Brasil, é inédito em litera- tura. 11: o m~smo que um pai repudiar o filho primogênito, qu~ndo todos conhecidos e desconhecidos, não desabem que esse filho, tido em bom conceito lhe deu glória e renome, exaltando-o a regiões invejáveis na jerarquia das letras. . O sr. Graça Aranha prima em faltar à verdade e c_u~hvar paradoxos: contraria o senso comum quando, com ~xcentnc1~~de inominável, pretende fazer crer o advento do trmnfo do pe- numbrismo" planta exótica transplantada diretamente da Eu- ropa à terr~ rara, onde encontrou sectários cloróticos e visio- nários, que têm saido a terreiro para defender idéias qu_e são as mais enormes abominações. Ingrato é duas vezes o ex-diplomata e ex-autor de Canaan, porque abraçando e defendendo as ~sta­ pafúrdias, idéias, desvalori~o~, por complet?, a,su~ obra prima, aniquilando-a: neste caso e mgrato para s1 propno.. ~_pela _se· gunda vez, ingrato quando, num arro~bo, ~e versama msop1tá- vel, propõe a dissolução do cen~culo ht~rano de que faz parte, que o honra e .em que é ele a so nota dISSonante, entre as qua- renta que se esforçam pela conservação das trl;ldições literárias e linguísticas, tão religiosamente curadas até hoJe, e com certeza lO que por todo o obra a malfada Na Europa qual árvore sem tempestade da mando-o em · entre nós? Será que n- óbices à ridícul volver-se entre tóricos, que são, para o progre Anti-cien ' · nismo glotológi A História desa tilo dos grandes está fora de mod Qualquer mestria senão ~ algavaciado, · priedades e id•· Gonçalves Dias dar a língua, bo 1 tum gesto rem sobre as no Não há dú "bolchevismo" mera; deslizará dendo-se no vale então, o sr. Gra era, isto é, rei · tanto o honra. futurismo "pa por demais se .ª ser por um coibir os abusos tamente, verrin • mais sagrado - " - Deix arroubos da m derão; no fundo, Estamos qu DIARIO
  • 10. que por todo o sempre, entretanto, que não há de ser posta por obra a malfadada empreza iconoclasta. Na Europa nasceu e, para logo, medrou o futurismo; mas qual árvore sem raiz, não pode resistir aos embates furiosos da tempestade da crítica que, nele incidindo, o fez derruir, transfor- mando-o em ruinarias. Será que o mesmo não haja de ocorrer entre nós? Será que não tenhamos idéias conservadoras capazes de opor óbices à ridícula invasão? Não. O futurismo não poderá desen- volver-se entre nós, porque, anti-patriótico, despreza os fatos his- tóricos, que são, não raros, o apanágio de um povo, o estímulo para o progresso. Anti-científico, despreza os processos admiráveis do meca- nismo glotológico e estilístico. Em futurismo tudo é anarquia. A História desaparece, como velharia inútil e desenxabida. O es- tilo dos grandes escritores clássicos e modernos de nada vale: está fora de moda. Qualquer petimestre, que outra coisa não sabe fazer com mestria senão vestir-se à última moda e exprimir-se num idioma algavaciado, misto de português e francês, pletórico de impro- priedades e idéias estolidas qual destes faz criticas acerbas a Gonçalves Dias ou a Machado de Assis, porque souberam estu- dar a língua, honraram! :e um gesto ver o entono de superioridade com que discor- rem sobre as novas normas de uma literatura reformista. Não há dúvida que é uma das múltiplas manifestações do "bolchevismo" - o literário. É por isso que ele terá vida efê· mera; deslizará pelos flancos do esquecimento, imergindo e per- dendo-se no vale apaulado e marasmático do Contraseco. Talvez, então, o sr. Graça Aranha, presa de santa resipiscência, volte ao era, isto é, reivindique o lugar de autor de Canaan, lugar que tanto o honra, quanto o rebaixam as teorias, em incubação, do futurismo "paulista". Quanto aos rapazes que o seguem, não é por demais se aplicar a frase do nosso derradeiro imperador, ao ser por um Ministro, perguntado se não tratava sua Majestade coibir os abusos dos republicanos, que, então o atacavam violen- tamente, verrinando-o e ferindo-o até mesmo no que temos de mais sagrado - a honra. " - Deixa-los, retrucou o integérrimo dos monarcas. São arroubos da mocidade, rapaziadas de que mais tarde se arrepen- derão; no fundo, são bons moços todos eles". Estamos que isto se adapta perfeitamente aos Futuristas. Rio, 25.6.924 DIÁRIO DA MANHÃ, Maceió, 5 jul. 1924, p. 1. 11
  • 11. EM TORNO DE UMA REVOLTA Gilberto Freyre O Brasil sente e sofre com essa surpresa do dia 5: a conse· qüência da hora estúpida de toda uma geração. A geração do marechal Hermes, de Rui Barbosa, do general Dantas Barreto, do sr. Lauro Sodré, do sr. Medeiros e Albuquer- que, do sr. Graça Aranha. Geração promiscua de ideólogos e opor- tunistas. Geração cuja obra foi toda anti - natural e anti-histó- rica: que proced~u e aqui com um soberano desdém pelos ante- cedentes do Brasil e uma flagrante desatenção pelas nossas rea- lidades, e de cujo meio figuras como a de Eduardo Prado e a de Joaquim Nabuco emergem com um relevo espantoso de aber· rações. Diogo Antonio Feijó realizara o milagre de nos integrar po- liticamente o pais. Dera um belo começo de política nacional à massa bruta e informe a províncias que em 1822 se separa de Portugal. Firmara entre nós o prestígio da autoridade. O poder civil. Trabalho difícil, penoso, todo de heroisrno subterrâneo ·e invisivcl interior e carlyleano, o do padre de Itú e dos homens simples, sérios e fortes da Regência. Trabalho que resistiria por longo tempo, ao liberalismo arcaiano em que, ainda no Império, se nos foi amolecendo a medula nacional. A República que nos impôs uma revoluçãozinha militar, sem raizes nos nossos antecedentes sociais, foi, pelo método de sua fundação, perigoso desvio da tradição de ordem a que nos ha- bituara o império. Tradição que entre nós criara raízes, desta- cando-nos viva e inconfundivelmente dessas republiquetas de brinquedo onde as forças da ordem e da Lei tem toda a consistên- cia de móveis colocados mal e às pressas. .las durante o Império o exército não deixara de ser o reló- gio fiel marcando, num ritmo certo de ordem, as horas da von- tade legal. Representa-o bem a figura de Lima e Silva, dominando as revoltas e os motins das províncias. A própria República, se foi uma hora marcada em falso pelo relógio nacional, encontrou um Floriano quem a reconciliasse dalguma forma com a tradição de ordem, com o ritmo de vida brasileira. E encontraria, mais tarde no espírito bom, forte e patriarcal de Prudente de Morais quem a identificasse com a causa do poder civil. 12 Ora, é a tra prestígio que sof Catete vão toman franceses, novo Aliás, este série de ensaios à meia luz. Em 1 realista do san mente-viril do sr. Chegamos às plendor de san dores do passado tas, luteranos p Há diante d um ar sinistro d ção a Diogo An ameaça terrível fumo nos ac· fumo nos asfixia. preciso, o relevo o sr. Artur Be as necessidades · Mas a nece ao tropel de pat nidade do poder reintegre o Bras se desviou a naç outros. De modo qu rações. Mas não escancarada a voz carnavalesca O Brasil de anos fala e ri co tes de leite. O B res do seu passa os desenvolva... do sr. Graça A Ergamo-nos coletivo o dra vivo contato do ram e criaram as brutas terras águas vivas da n ra espiritual, um
  • 12. LTA 11 de nos integrar po- politica nacional à 1822 .se separa de toridade. O poder em falso pelo a reconciliasse o ritmo de vida bom. forte e tificasse com a Ora, é a tradição, a ordem, e a causa do poder civil, é o prestígio que sofrem neste momento turvo em que as notas do Catete vão tomando um ar melancólico de comunicado de guerra franceses, novo e violento atentado. Aliás, este movimento d'agora rebenta depois de toda uma série de ensaios de toda a espécie. Ensaios particulares. Ensaios à meia luz. Em 1922, aquele ensaio geral a que não faltou a nota realista do sangue. Ensaio geral que a intervenção brilhante- mente-Viril do sr. Epitácio Pessoa fez acabar às pressas. Chegamos às angústias decisivas da crise. Rebenta no seu es- plendor de sangue a obra quase póstuma duma geração de trai- dores do passado brasileiro - anti-clericais, positivistas, monis- tas, luteranos políticos. Há diante das sombras que se escancaram diante de nós com um ar sinistro de sombras do inferno, a necessidade duma rea· ção a Diogo Antonio de Feijó. Será o meio de salvar o Brasil da ameaça terrível que o envolve. Ameaça de mexicanização. Já o fumo nos acinzenta todas as claridades da vida nacional. Já o fumo nos asfixia. A reação tem de ser imediata e tomar, se for preciso, o relevo dos extremos que assumiu a do padre Itu. Que o sr. Artur Bernardes satisfaça pela bravura de suas atitudes as necessidades imediatas a ânsia dum tal homem. Mas a necessidade imediata sendo a dum Feijó que opunha ao tropel de patas de cavalo e ao ruído de sabores rebeldes, a dig- nidade do poder civil, a grande neces~idade é a duma reação que reintegre o Brasil no seu passado. Passado de que há meio século · se desviou a nação, pela ideologia de uns e pelo oportunismo de outros. De modo que a grande necessidade é a duma guerra de ge- rações. Mas não a que apregoa num Rio de Janeiro de orelha escancarada a todos as futilidades. a voz do sr. Graça Aranha, voz carnavalesca fingindo mocidade. O Brasil deve estar farto de futurismo, pois há cinqüenta anos fala e ri com uma dentadura postiça por cima dos seus den· tes de leite. O Brasil anseia pela reintegração nos íntimos valo· res do seu passado; é preciso uma economia que os aproveite e os desenvolva... Nisto, e não no mal disfarçado cosmopolitismo do sr. Graça Aranha, deve consistir a nossa guerra de gerações. Ergamo-nos para ela, os novos homens do Brasil. Façamos coletivo o drama íntimo de Ernesto Psichari. Ponhamo-nos no vivo contato do nosso passado; no contato das virtudes que funda- ram e criaram o Brasil; no contato da igreja que nos civilizou as brutas terras e nos uniu a todos os brasileiros, no contato das águas vivas da nossa tradição. Deixemos em nós, em nossa cultu- ra espiritual, um lugar poético às influências dos nossos mortos. 13
  • 13. Dos nossos pais, dos nossos avós. Realizado esse esforço doloroso de reintegração, também de obra anti-histórica da geração que no futuro disser: "La route un instant perdue" O SEMEADOR (S), Maceió, 18 jan. 1924, p. 1 CENTRO REGIONALISTA DO NORDESTE O Centro Regionalista do Nordeste, ideado pelo espírito bri- lhante do professor Odilon Nestor, mestre acatado da Faculdade de Direito do Recife, não r.ecebeu ainda de nós uma expressão de simpatia. E bem a merece, entretanto, a novel e jã prestigiosa asso- ciação. Destinada a defender os interesses e aspirações da nesga de terra em que Alagoas se inclui, não tem feito até hoje senão cumprir galhardamente o seu programa. Age, sem preocupações subalternas, e se preparando, como se propõe, a estimular o progresso de uma longa faixa do nosso território, não o faz sob o ponto de vista egoístico de isolamento, com intuitos inferiores de separatismo, com propósitos pouco aprcciãveis de emancipação. O Centro do Nordeste antes de ludo é brasileiro e, assim, quer o Brasil todo prosperando e ascendendo, caminhando para os altos destinos que o requestam e o esperam. '.'ião lhe desagrada, antes o envaidece, o progresso febril de S Paulo e de outras unidades da Federação. Mas quer que, na par- tilha dos favores que a Nação dissemina. o Nordeste não seja es- quecido. Bate-se para que ele tenha os mesmos direitos, as mes- mas regalias, as mesmas prerrogativas. O "Centro" não luta pela exclusão dos Estados do Sul dos mimos que a União distribui: anseia pela equinanimidade na distribuição. Um programa de idealistas, dirão os que observam o desa- preço em que o Norte tem vivido. Como quer que seja um nobre, um grande, um belo programa, digno das nossas melhorias sim- patias e da nossa mais positiva solidariedade. JA, 13 ago. 1924, p.3, Notas e Factos REGIONAL I SMO Mári.o Marroquim Será de 7 a 15 de novembro deste ano o 19 Congresso Regio- nalista promovido pelo Centro Regionalista d-O Nordeste, com sede na cidade do Recife. 14 Já era tem de suas riquezas A raça forte Brasil, de Alag fesa de suas energias, apare das de progresso O Centro mover o desenvo nos, orientando a problemas gerais, O Nordeste intacto, nítido, o nal da raça, que estã quase desa t esse esp· copiadora ia de· ricaturais de pse jornais do Sul. Infiltração A indiferen xando caminhar de nossa raça er so-pano de boca. Ainda bem q dos esteios dessa rio de Pernamb tradições. Através de nhos refletem t passados, velha no de uma pãtria. As amplas v recem sentir a sa ao som do "búzio• nesta da lavoura. As lendas. as objetos de estudos E como ele. niram-se no Cen.t para o mesmo pa Em Alagoas · panba. t tempo de o
  • 14. 19"l4.• p. 1 pelo espírito bri· t:atado da Faculdade UJDa expressão de já prestigiosa asso- aspirações da nesga feito até hoje senão preparando, como faixa do nosso de isolamento, propósitos pouco 1• Congresso Regio- NOf'date, com sede Já era tempo que se unissem os nordestinos, para a defesa de suas riquezas artísticas e de sua independência econômica. A raça forte e homogênea que povoa os cinco Estados do Brasil, d.e Alagoas ao Ceará, necessitava de um aparelho de de- fesa de suas tradições, de resistência à desagregação de suas energias, aparelho que fosse um auxílio dos governos nas medi- das de progresso e engrandecimento da região. O Centro Regionalista do Nordeste, deve ter como fim pro- mover o desenvolvimento do Nordeste, agindo junto aos gover- nos, orientando a sua ação nas questões que interessem aos seus problemas gerais, problemas quer econômicos, quer artísticos. O Nordeste que foi o berço da nacionalidade, conserva ainda intacto, nítido, o sentimento da brasilidade, o espírito tradicio- nal da raça, que no Sul, ao contacto das massas imigratórias, já está quase desaparecido. É esse espírito, é essa tradição sadia, que a nossa macaquice copiadora ia deixando empalidecer, abafada pelas inovações ca- ricaturais de pseudo-arquitetos e pelos reclamos de camelot dos jornais do Sul. Infiltração solerte que acabaria dominando e vencendo. A indiferença morna dos nossos homens de letras ia dei- xando caminhar esse fantasma, e sobre a sólida base tradicional de nossa raça erguer-se uma civilização de fachada, um progres- so-pano de boca. Ainda bem que veio a reação, o escritor Gilberto Freyre, um dos esteios dessa reação, que tem em magníficos artigos no Diá- rio de Pernambuco, avivado a chama sagrada do amor às nossas tradições. Através de seus estudos, as casas-grandes dos nossos enge- nhos refletem todo o encanto da vida simples e sadia dos ante- passados, velha nobreza que ergueu sobre os canaviais a grandeza de uma pátria. As amplas varandas, defendidas pelo telhado em bica, pa- recem sentir a saudade do senhor austero, reunindo pela manhã ao som do "búzio" a escravatura, fazenda negra, para a faina ho• nesta da lavoura. As lendas, as danças e sobretudo a cozinha do Nordeste, são objetos de estudos interessantíssimos do sr. Gilberto Freyre. E como ele, vários outros nomes de valor nas letras, reu· niram-se no Centro RegionaliSta do Nordeste trabalhando todos para o mesmo patriótico fim. Em Alagoas ainda ninguém se ergueu para auxiliar essa cam· panha. f: tempo de o fazer. 15
  • 15. Temos aqui rapazes de talento, e lindas tradições a conser- var. Os cocos estão desaparecendo ao contacto do fox-trot. No entanto, que graça têm os motivos ingênuos e pitorescos dos nossos cocos. Vivem a tentar os compositores com a sua originalidade pi- cante. t preciso que Alagoas se faça representar no 1Q C~ngrc::sso Regionalista e colabore eficientemente com o Centro Regwnalista do Nordeste para salvar das nossas tradições o que ainda for pos- sível salvar. JA, 29 mar. 1925, p.3, Urbi et Orbi 1C? CONGRESSO REGIONALISTA DO NORDESTE O Centro Regionalista do Nordeste, patriótica instituição que tem sede na vizinha capital do Nordeste, e que,. sob a escla- recida presidência do conhecido jornalista e acreditado mestre dr. Odilon Nestor, lente muito ilustre da Facul.dade àe Direito do Recife, vem prestando valiosos serviços ~ região nordestina do Brasil, dando cumprimento ao seu magnífico ~rograma, resolveu realizar na metrópole pernambucana, no penodo de 7 a 15 de novemb~o vindouro, o lQ Congresso Regionalista. do Nordest~.. Nesse sentido o dr. Odilon Nestor e o dedicado secretario do Centro jornatis'ta Gilberto Freyre têm dirigido um apelo aos melhores ~lementos intelectuais nordestinos, no sentido de ser o projetado certame uma afirmação das grandes possibilidades e das justíssimas apreciações regionalistas. . , Acreditando que o 1Q Congreso do Nordeste i~teressara gran- demente os intelectuais alagoanos, damos a segmr o seu magni- fico programa: 1 - PROBLEMAS ECONôMICOS E SOCIAIS lQ - Unüicação econômica do Nordeste. Ação dos poderes pú- blicos e dos particulares. 2Q - Defesa da população rural. Habitação, instrução econô- mica doméstica. 3Q - o problema rodoviário do N.ordeste. ~speto turístico, va- lorização das belezas naturaIS da regiao. 4Q - O problema florestal. Legislação e meios educativ?s. . 5q - Tradições da cozinha nordestina. Aspectos econômico, hi- giênico e estético. 16 JA, 20 ago. CONGRESSO No momento cepcionantes o p Estados do Sul. n e atos, contra a deste brasileiro. co as correntes que o de legítima defesa no dos nobres d Não podemos d tiva cuja vangu presentativas da grandes realizado e na cátedra j ' A idéia lu · nioso da sua cul nada por elemen mais brilhante. O programa d surto. Define-o no res dos dois insp· se na defesa do q mo ideal de honrar Compreende por defender o pa numento histórico, tacto, com a força de todo o esplên · cionalidade.
  • 16. tradições a conser- o do fox-trot. ingênuos e pitorescos .tar no 1Q Congresso o Centro Regionalista o que ainda for pos- linteste interessará gran- a RgUir o seu magní- II - VIDA ART1STICA E INTELECTUAL 1Q - Unificação da vida cultural nordestina. Organização uni- versitária. Ensino artístico. Meios de colaboração intelec- tual e artística. Escola primária e secundária. 2Q - Defesa à fisionomia arquitetônica da Nordeste. Urbaniza- ção das capitais. Planos para as pequenas cidades do in- terior. Vilas proletárias. Parques e jardins nordestinos. 3Q - Defesa do patrimônio artístico e dos monumentos histó- ricos. 49 - Reconstituição de festas e jogos tradicionais. JA, 20 ago. 1925, p. 1 CONGRESSO REGIONALISTA DO NORDESTE No momento em que já sentimos em transbordamentos de- cepcionantes o predomínio esmagador da hegemonia política dos Estados do Sul, num congraçamento constante de pensamentos e atos, contra a espectação desatendida das aspirações do Nor- deste brasileiro, consideramos duma oportunidade desafogante, as correntes que ora se aliam magnificamente inspiradas na obra de legítima defesa da colaboração do Brasil setentrional em tor- no dos nobres destinos da pátria comum. Não podemos duvidar do êxito promissor da relevante inicia- tiva cuja vanguarda é defendida por duas figuras altamente re- presentativas da nossa cultura, da ação vibrante, combativa, dos grandes realizadores que são, na imprensa o dr. Gilberto Freyre e na cátedra jurídica o sr. Odilon Nestor. A idéia luminosa de integrar o Brasil no conjunto harmo- nioso da sua cultura e do seu progresso, não podia ser patroci- nada por elementos mais valiosos, por uma feição apoiadora mais brilhante. O programa define alviçareiramente o critério do arrojado surto. Define-o no rumo da sua finalidade, nos desígnios superio- res dos dois inspirados colaboradores da maior obra a realizar- se na defesa do que aspiramos de igualdade na partilha do mes- mo ideal de honrar e engrandecer a pátria brasileira. Compreendemos que para a tanto chegar, devemos começar por defender o patrimônio das tradições da raça, do nosso mo- numento histórico, que inquestionavelmente o Norte guarda in- tacto, com a força virgem das suas origens, com o fulgor latente de todo o esplêndido alvorecer dos primeiros dias da nossa na- cionalidade. 17
  • 17. E por nos sentirmos assim, depositários desse grandioso es- pólio, ao instinto de defesa de tantas e tão valiosas reminiscên- cias, devemos aliar a preocupação de defender a nossa cultura, de unificar as correntes econômicas que formarão a nossa rique- za, de trabalhar o bloco magestoso do mundo que nos cerca, até reduzi-lo às facetas que se enfeixarão no conjunto de toda a civi· lização brasileira. E outra não será a tarefa dos arrojados arquitetos da obra colossal, que será a obra de unificação de todas as forças pro- digiosas e criadoras do renome do Brasil e da amplitude do seu destino histórico. JA, 22 ago. 1925, p. 3, Notas e Factos FUTURISMO . . . PRESENTISMO Futurismo... Futurismo, não. Criaram agora vocábulo novo para designar essa literatura desconchavada que o sr. Marinetti, um italiano bizarro, inventou e pôs em moda e os seus imitadores exageraram. Presentismo. t este o termo, e que parece mesmo ser mais acertado. · O nome da.do à maneira moderna de escrever um verso ou prosa era, ou antes, é futurismo. Mas por que futurismo? Futuro é o q~e está por vir, completamente impenetrável, não previsto, oculto, bem oculto, pelas bambinelas do tempo... E ninguém tem o direito de julgar que a geração futura venha com espírito fraco, tal e qual os atuais apóstolos insu- portáveis do marine~ismo. . . . Presentismo. Va lá! O mais preciso sena entretanto um certo nome para a gerigonça... Porque, apreciamos, por exemplo, esse monumento de ver- sos, exerto dum livro recentemente publicado: A mulher que eu amo Talvez a julguem Homem Talvez Mulher... E por diante. Há, porém, piores. Verdade, o nome para essa reforma a que chamam prosaicamente espírito_ modern~ta nã? deverá ser o que nós todos temos sempre engatilhado apos a fei- tura de maravilhas que tais? Sem dúvida. JA, 21 mar. 1926, p.3, Notas e Factos 18 A fama n humano, mais P~lo surpr to do manhoso e pareceu. Ch foi mais famoso. literaturas, for ça, foi a pátria O Brasil teve. tempo, os seus Desde as nio Conselheiro m~, ao meio de o sr. Mário de Prudente de Mo (Sérgio Buarque dínamo que p - o futurismo. a escola futurista Realizou-se. conferência do g Para logo mente, a estudan popular. Houve até q Italianamen Entretanto. de coco e suas r riso "esteticamen E, ao meio brátil, moça, re dação futurística E continua,
  • 18. desse grandioso es- valiosas reminiscên· er a nossa cultura, •-arão a nossa rique- que nos cerca, até CIDlljunto de toda a civi- arquitetos da obra todas as forças pro- e da amplitude do seu HHIC!UQ agora vocábulo novo que o sr. Marinetti, e os seus imitadores e que parece mesmo o nome para essa 1-f*ito modernista não engatilhado após a fei- A VOLÚPIA DA FAMA A fama nasceu com as civilizações. Nada mais justo, mais humano, mais natural. Pelo surpreendente milagre da vaidade, isto é, aparecimen- to do manhoso e irritante Cabotin, a fama pouco a pouco desa- pareceu. Chamaram-na cabotinismo. Daí por diante ninguém foi mais famoso. Todos, nolo asseveram as histórias das várias literaturas, foram, sim, cabotinas. A França, a maravilhosa Fran- ça, foi a pátria da célebre transformação. O Brasil teve, como terra que hospedar a civilização há algum tempo, os seus heróis cabotinos. Desde as guerras primevas até os nossos dias. Desde Antô- nio Conselheiro ao cabotino espesso que é Lampeão. Agora mes- mo, ao meio de uma pleiade de cabotinos sem ou de talento, como o sr. Mário de Andrade, Guilherme de Almeida, Manoel Bandeira, Prudente de Moraes, Henrique Pongetti, Buarque de Holanda (Sérgio Buarque de Holanda) e este sr. Graça Aranha, o homem- dínamo que passeia o Rio com um cartão escrito sem assinatura - o futurismo, apresenta-se o sr. F. T. Marinetti - o criador da escola futurista na Itália. Realizou-se, ultimamente, no Teatro Lírico, do Rio, a primeira conferência do genial escritor de La conquête des étoiles (1902). Para logo as galerias do sisudo Teatro acolhem, intensa- mente, a estudantada, os intelectuais e, sobretudo, a curiosidade popular. Houve até quem idealizasse um Marinetti diferente. Italianamente esquisito. Entretanto, o renovador publicista lá estava com seu chapéu de coco e suas roupas comuníssimas a sorrir, naturalmente, um riso "esteticamente futurista", como diria o sr. Graça Aranha... E, ao meio da conferência, relampagueante, audaciosa, vi- brátil, moça, renovadora, os estudantes começaram numa sau· dação futurística ao iniciador italiano: Maria, Maria, Maria Marinetti, Teu pai usa navalha, Tua mãe usa "Gilette"! E continua, rápida, estridente: Maria, Maria, Maria Marinetti, ~9,
  • 19. Teu pai no vinte e quatro, Tua mãe no vinte e sete! Afinal, o "dinâmico" esquisitão da Itália, pede alguns ins- tantes de silêncio. É, aí, de todo, passadista. Pouco se lhe importa isso ... E recomeça, forte, ágil, elétrico, terminando por concitar a alma moça do Brasil, a unir-se, estruturando num anseio de reno- vação e dar a este país maravilhoso a força gigantesca da sua vi- bratilidade e emoção patriótica. Dentre os espectadores, esteve, naturalmente, o sr. Coelho Netto, silencioso, lírico, desconfiado... ...Desconfiado, mas satisfeito, porque a peroração do sr. Marinetti foi, entusiástica e flanante. um elogio relâmpago, dinâ- mico ao passadismo nacional... Ah! O imprevisto dos improvisos. . . e a ironia impiedosa dos estudantes... JA, 25 maio 1926, p. 3, Notas e Factos MARINETTI Hospeda o Rio, há vários dias, um ilustre visitante. Até aí, nada de novo, pois nada mais banal e comum que o Río de Janeiro hospedar um visitante, que é, sempre ilustre, já que não compreendemos sem distinção uma figura qualquer que venha do estrangeiro. Bastou vir de Paris, da Inglaterra, ou mesmo da China e aca- bou-se! - o cidadão é uma capacidade. O visitante, porém, que ora o Rio alberga é um homem di- ferente dos outros, porque não é um homem de hoje; é um ho- mem de amanhã. Já estás, leitor, percebendo que desejamos nos referir ao sr. F. Marinetti, chefe e fundador do "Porvirismo" (porque futu· rismo está ficando muito chapa, muito "passadísta", portanto) criador da "nova religião moral da velocidade". Esse homem tem conseguido revolucionar os nossos meios intelectuais, e não podia deixar de revolucionar os nossos meios, ou os nossos fins intelectuais um homem que prega o fechamento de bibliotecas, a extinção de museus e a queima total de Aca- demias. Isso, além de outros conselhos que ele dá aos adeptos, como, por exemplo, a abolição completa dos advérbios e de adje- tivos, na palavra falada ou escrita. Aliás, esse selho que todos quem use e ab antigo, enraizado O abuso dos qualificativo. O mais inte a esposa está fi ao esposo evitar. E como ade sido entrevistada berem o que pe Perguntada que idéia faz ela sagrado das ves do a mulher evi resta um remédi Imagina só. l a adotar o proce De tanto so - e não há labar do amor - aca E, com fran tura"... por ma· JA, Aqui. .. Muita gente Futurismo'! uma definição contrei. Eu contin a ostra. Marinetti Vejo Alvaro ou menos assim: Morreu o do zina. O sino toca. ta. Ouve-se uma cemitério. O sol
  • 20. pede alguns ins· nte, o sr. Coelho a peroração do sr. elogio relâmpago, dinâ- 1 e a ironia impiedosa e Factos Tisitante. 1llmal e comum que o é. aempre ilustre, já figura qualquer que mera ,é um homem di· de boje; é um ho- nos referir ao sr. lvhilmo.. (porque futu· ·11•••dista", portanto) llddade" =os nossos meios os nossos meios, prega o fechamento qgeima total de Aca· ele dâ aos adeptos, advérbios e de adje- Aliás, esse conselho, de se abolirem os adjetivos, é um con· selho que todos nós brasileiros, devíamos tomar pois não hã quem use e abuse mais deles do que a nossa gente. E é um mal antigo, enraizado, este nosso. O abuso dos adjetivos, no Brasil, é coisa que não tem mais... qualificativo. O mais interessante, porém, da visita do sr. Marinetti, é que a esposa está ficando um pouco "passada", o que não é possível ao esposo evitar. E como adepta da "religião" do marido, a sra. Marinetti tem sido entrevistada por vários jornais cariocas, desejosos de sa- berem o que pensa deste mundo de Deus tão cheio de velharias. Perguntada por exemplo pelos nossos confrades do O País, que idéia faz ela do amor, respondeu que amar "é como o fogo sagrado das vestais, que sempre deve estar em labaredas, caben· do a mulher evitar que ele se apague. Se tal acontecer, porém, só resta um remédio, que é soprar, soprar, até acendê-lo de novo..." Imagina só, leitor, o que seria das mulheres, se viessem elas a adotar o processo da Marinetti. De tanto soprar.em, para as labaredas surgirem novamente - e não há labaredas que precisem tanto de "sopro", quando as do amor - acabaria todas as mulheres ficando... bochechudas. E, com franqueza, mulher bochechuda não serve para "fu. tura"... por mais futurista que a gente seja... JA, 26 maio 1926, p. 3, Notas e Factos AQUI . . . ALI. . . ACOLA L. B. (Leão Marinho Tavares Bastos) Aqui. .. Muita gente em Maceió é futurista ... Futurismo? Que vem a ser Futurismo? Tenho procurado uma definição para a nova escola e, francamente, ainda não en- contrei. Eu continuo atrasado, passadista seguro ao rochedo como a ostra. Marinetti é um assombro, um portento. Vejo Alvaro Moreira, lançando a escola naquele estilo, mais ou menos assim : Morreu o doutor Catana. Passa o enterro. Um automóvel bu· zina. O sino toca, dam, dam, dam. Canta um galo. A cova é aber- ta. Ouve-se uma gargalhada de criança. Bate a campainha do cemitério. O sol lança seus últimos raios... 21
  • 21. Puro, puríssimo futurismo. No Lírico, do Rio, a estudantada canta, dentro da nova escola. Lá vai uma quadra: Maria, ó Maria, Maria Marinetti, Teu pai vai de automóvel, Tua mãe vai de "charette". Continua a rapaziada: Maria, Maria, Maria. Marinetti, Teu pai é "gigolô" Tua mãe é "gigolette". E mais ainda: Maria, Maria, Maria, Marinetti, Teu pai joga com a dama, Tua mãe só com o valete. O sucesso é formidável. O velho Teatro vibra de entusias- mo e o futurismo da estudantada improvisa: 22 Maria, Maria, Maria Marinetti, Teu pai usa navalha, Tua mãe usa "gilette" A escola é admirável, estupenda. O coro continua: Maria, Maria Maria Marinetti, Teu pai no vinte e quatro, Tua mãe no vinte e sete! E para terminar: Maria, Maria, Maria Marinetti, Teu pai é feijoada Tua mãe é omelete. netti, "leader" dor de uma co· ça Aranha. O sr. Ma· moso artigo inti publicado em A los curtos são a bições sociais". parate da men Vejamoses belezam o quo potente e alegr saros". Feras, O que será quice, besteira. 1 Foi mais a no dizer de Osc Buliu taro seguem: "Julgo que são ao m cores, as roupa próprio artigo d so, adjetivos po autor arrumou Não há, homem. O sr. M · como escritor. na Itália e o se
  • 22. vibra de entusias- .-no..te! Aí está a escola do escritor do. . . futuro, tendo como expo- ente máximo, no Brasil, o sr. Graça Aranha. Deve haver de tudo no mundo. E a escola de Marinctti, é o fascismo na literatura. JA, 3 jun. 1926, p. 3 O FUTURISMO DE MARINETTI Emílio de Maya O Rio hospedou, há pouco, o célebre reformador F. T. Mari- netti, "leader" principal do futurismo ou, para esclarecer, cria- dor de uma coisa nova que ninguém entende, a não ser o sr. Gra- ça Aranha. O sr. Marinetti, ao desembarcar, trazia, no bolso, um volu- moso artigo intitulado "Contra os cabelos curtos". Nesse artigo, publicado em A Manhã, do Rio, há pedaços como este: "Os cabe- los curtos são a palrice moralista, a carta selada e todas as proi- bições sociais". Haverá quem compreenda este tremendo dis· parate da mentalidade do sr. Marinetti? Vejamos este outro: "Os cabelos compridos escondem e em· belezam o quotidianismo púmbleo e dão a ilusão de uma vida potente e alegre de florestas de frutos suculentos, feras e pás- saros". Feras, frutos e pássaros nos cabelos compridos! O que será isso? Uma cabeleira imunda quando não malu- quice, besteira, desvario da mentalidade mórbida do sr. Marinetti. Foi mais adiante o cínico criador da "arte que não é arte", no dizer de Oscar Guanabarino. Buliu também co~ a gramática. São deles a palavras que se seguem: "Julgo necessário suprimir o adjetivo e o advérbio por- que são ao mesmo tempo e a seu turno os festões salpicados de cores. as roupagens matizadas do velho período tradicional". No próprio artigo do criador do futurismo encontramos, a cada pas· so, adjetivos por sobre adjetivos, a começar pelo título, onde o autor arrumou cuidadosamente um "curto". Não há, verdadeiramente, quem possa compreender esse homem. O sr. Marinetti não parece ser, além do mais, conveniente como escritor. A edição de seu romance Mafarka foi requestada na Itália e o seu autor condenado a dois meses de prisão. 23
  • 23. Agora perguntamos - por que? Responda o festejado críti- co de arte, o sr. Oscar Guanabarino: "Parece-nos que o livro em questão, pelos poucos períodos sobre os quãis passamos os olhos, é um livro imoral e obceno, porco, imundo". Não há dúvida - as imoralidades, as imundícies e as obsce- nidades também fazem parte do futurismo, de acordo com o seu ''leader". S, 14 jun. 1926, p. 1 FUTURISMO Barreto Falcão Nós somos, positivamente, um povo infeliz porque, Deus lou- vado, ainda nos resta um regimento de espíritos fortes e incor- ruptíveis que tenazes se opõem à pedantocracia impotente e de- gradante que, de quando em quando, irrompe e se intromete com ares vandálicos assim, nas letras como nas artes do nosso país. Uma das mais assinaladas desgraças que nos sobreveio nes- tes últimos tempos e que, graças a uma higienização etno-lite- ráría rigorosa. nos vamos conseguindo livrar, é de certo o FU- TURISMO. A ARTE NOVA, a REVOLUÇÃO ESTf:TICA, como lhe de- nominam os seus corifeus à arrogante e malfadada escola, é uma espécie de revelação do desequilíbrio psicológico que nestes últi- mos tempos tem abalado a alma anemisada de meia dúzia de mocinhos idiotas sedentos de celebridade. Não nos devemos servir da roupagem e da indumentária qui- nhentista dos Camões e dos Barros para vestir nossas idéias pois seríamos, assim, tão incoerentes como os FUTURISTAS. Mas também não podemos nem devemos negar todo o patrimônio li- terário que nos legaram despretensiosamente, espontaneamente, os nossos avós, nem tampouco formar com a horda irreverente dos revolucionários da pretendida INOVAÇÃO LIBERAL para expulsar do templo das nossas adorações as excelsas figuras que representam e tanto honram a nossa Literatura. Nós estamos, não há negá-lo, num período de transição lite- rária e nos devemos conter com a missão que nos foi determina- da pela fatalidade do tempo e do meio do qual não podemos fu- gir nem exorbitar sem grave perigo. 24 Somos com um rio profund de uma borda que, atraído mórbida de ai ponte, caindo ragem das á pé na margem ficado onde o p entusiasmo e · riente e astuto cipítação e com da chegada. A Sejamos, época. De Marine rário. Há de estética futu · quer tradição. algumas vezes arte. Marinete Só este ano do talvez que o empreendeu a Os que viram e comendação nã oratória: a el que hâ de mais interior dos ge mente não se rencista extem e não é de cre um homem in uma doutrina
  • 24. festejado criti- que o livro em os os olhos, umentária qui- idéias pois TAS. Mas patrimônio li- taneamente, irreverente ERAL para figuras que Somos como viajante que pretende ou já está atravessando um rio profundo e caudaloso. O FUTURISMO é o viajante que de uma borda quer passar à outra sem ponte e sem jangada ou que, atraído pela beleza paradisíaca da outra margem, na ânsia mórbida de alcançá-la se lança precipitadamente do meio da ponte, caindo como que castigado pela sua imprudência, na vo- ragem das águas. O PASSADISTA é o viajante parésico que de pé na margem do rio, de braços cruzados se deixa ficar mumi- ficado onde o plantou o espírito retrógrado e o mau gosto, sem entusiasmo e insensível. E o MODERNISTA é o viajante expe- riente e astuto que lá não vai senão por meio seguro, sem pre· cipitação e com prudência, sem se preocupar com o dia e a hora da chegada. A questão é que chegue, mais cedo ou mais tarde. Sejamos, pois, prudentes, e coerentes, e fiquemos com a época. JA, 25 jul. 1926 MARINETE E O FUTURISMO Xavier Marques De Marinete, sei o que sabe todo mundo. . . o mundo lite- rário. Há dezessete anos fez-se chefe de escola, promulgando a estética futurista fundada no horror do passado e a toda e qual- quer tradição. Na Itália não a toleraram, e o reformador perdeu algumas vezes a calma promovendo escândalos nos museus de arte. Marinete desistiu do apostolado. Só este ano em credenciais dadas pelo "Duce" amigo e cren- do talvez que o mundo já era regido pela batuta de Mussoline, empreendeu a viagem de propaganda à América. A boa hora. Os que viram e ouviram ficaram encantados com o orador. A re- comendação não é das melhores. A poesia é incompatível com a oratória: a eloqüência, os grandes gestos, teatralidade, são o que há de mais antagônicos à fina sensibilidade e a intensa vida interior dos genuínos poetas. A inteligência brasileira feliz- mente não se deixou arrastar pelo verbo tendencioso do confe- rencista extemporâneo. Marinete foi mal sucedido na América, e não é de crer que esperasse o contrário. É difícil atribuir a um homem inteligente tão ingênua confiança no prestigio de uma doutrina morta há mais de quinze anos. 2E
  • 25. - Há quem esteja convencido de que o poeta facista tra- zia instruções reservadas... O futurismo ... Há alguns anos correspondi-me com um po- eta francês que me enviara suas obras, e escrevi sobre as mes- mas na revista Ciências e Letras, de Clóvis Beviláqua, com o título "A poesia da ação". Influenciada provavelmente pela ins- piração dinâmica de Marinette, mas sem nenhuma das absurdi- dades de seu modernismo, a poesia de Nicolas Bauduin, intitu- lava-se "paroxista", cantava a máquina, o trem de ferro, o au- tomóvel, as usinas, as ondas hertezianas, os altos fornos, os tran- satlânticos. todos os prodígios da ciência e da indústria do nos- so tempo. Se fosse isto só o futurismo. . . Mas não é o Marine- tismo pretendia ser, além de uma estética, uma filosofia e pa· rece que também uma moral. O mundo, o pensamento, a vida so- cial, a beleza, a civilização, datariam dos manifestos futuristas. Liberto do passado, o espírito sentir-se-ia com asas para acom- panhar o vôo do aeroplano, um dos símbolos d·a vida contempo- rânea, cujas condições mudam com o progresso vertiginoso do mundo. O que a nós outros, não futuristas, nos parece, é que o pro· gresso se faz num movimento rítmico, no sentido de uma linha ondulante. Na imaginação poderá ser diferente, mas na reali- dade é como diz Guya - perpétuas linhas curvas substituem a linha reta ideal - A cada passo que damos para frente confia· mos com o espírito do passado. O futurista assemelha-se ao homem que faz um raid em automóvel. Enquanto o seu carro foge desabaladamente, a pai- sagem. a floresta, o casario, tudo permanece em sua imobili- dade relativa, sofrendo a lenta dos agentes transformadores. Ele, porém, o homem apressado, presa do delírio da velocidade, assegura-nos que tudo se vai movendo em derredor do mesmo surto assombroso. Puro subjetivismo. Do futurismo, o que fica no Brasil como criação, ou antes, sugestão da escola, é coisa bem insignificante, que nem sei se vale a pena meter em rol: é o vocábulo passadismo. JA, 20 ago. 1926, p. 3 DECADtN:CIA FATAL... Emílio de Maya Há dois dias, quando eu lhe mostrava uma poesia banal de um desses poetas moder.nos, Demócrito Gracindo me disse, 26 machucando e ração efêmera Assim se res estéticos. passadistas e sas letras. Com efei nistas não tê Afirmam o apareciment modernas. Mas essas sobretudo os sempre. por g total carência Mas o qu ses poetastros baixo quilate, as assina. Felizmen moderna, inim mens de cul além do Rio e 1 Nos outro idoneidade int programa es t; verdad visados andam numa linguag Lamentáv. As suas i Embalde contra os bo zer deles. Hoje. ou enfraquecidos Decadên · Em divul pelos estados
  • 26. facista tra- com um po- bre as mes- qua, com o te pela ins- das absurdi- duin, intitu- ferro, o au- os, os tran- tria do nos- é o Marine- osofia e pa· , a vida so- futuristas. para acom- contempo- ·ginoso do raid em te, a pai- ª imobili- rmadores. elocidade, mesmo ou antes, m sei se nal de disse, machucando com o jornal, que não passará de dois anos a du- ração efêmera dessa nova escola literária. Assim se exprimem. a respeito desses chamados renovado- res estéticos, que primam em combater as obras de valor, como passadistas e intoleráveis, os legítimos representantes das nos- sas letras. Com efeito, as poesia extravagantes desses autores moder- nistas não têm idéia nem ritmo, nem métrica, nem rima. Afirmam os modernistas que é um triunfo para suas idéias o aparecimento de algumas obras cujos autores as expõem como modernas. Mas essas obras, que já vão rareando, onde predominam, sobretudo os insultos aos homens de talento, escritas, quase sempre, por gente nula e despeitada, se caracterizam pela sua total carência de idéias. Mas o que se observa realmente, é a decadência fatal des- ses poetastros e prosadores modernos, cujas obras banais, de baixo quilate, deixam bem transparecer a mediocridade de quem as assina. Felizmente, o que não resta dúvida, é que a falada escola moderna, inimiga, feroz e despeitada das Academias e dos ho- mens de cultura, não conseguiu estender o seu campo de ação além do Rio e São Paulo. Nos outros Estados, ninguém que tivesse uma pontinha de idoneidade intelectual, formou nas suas fileiras e cumpriu o seu programa espalhafatoso. ~ verdade que alguns literatelhos. desconhecidos e impro- visados andam rabiscando uns artigozinhos insignificantes, onde numa linguagem medíocre exaltaram as tais idéias novas. Lamentáveis literatozinhos modernos! As suas idéias; como eles estão em decadência fatal ... Embalde clamam contra as Academias; etnbalde clamam contra os homens de talento - passadistas intoleráveis, no di- zer deles. Hoje, ouve-se apenas de vez em quando, os seus gemidos enfraquecidos de agonizantes... Decadência fatal! .. . S, 9 mar. 1927, p. 1 MANOEL BANDEIRA José Lins do Rego Em divulgação de não sei que agência de publicidade anda pelos estados do Norte o mais interesante de seus poetas, o 27
  • 27. mais puro, o mais melódico, poeta brasileiro. Aquele para quem a poesia não é uma escultura, um bocado de gesso em mãos de artífice, entre dedos hábeis de sapotanoeiro. Nunca entre nós se fez com tamanha precisão o uso desta palavra poeta como no caso de Manoel Bandeira. Este M. Bandeira que conseguiu fazer da áspera língua em que escre- vemos um plástico idioma, cheio de carícias aos ouvidos, e, mesmo capaz de bons fortes acentos poético. Geralmente quando no Brasil se escreve, põe-se de lado o que há de pitoresco, de novo, de melodioso no português que se fala do lado de cá . Bandeira quis fazer mais do que escrever no português que fala, quis dar à sua língua uma doce, e, ao mesmo tempo esquisita expressão, fazendo-a com forças bastante para expri- mir aquele "estado de graça poética" de que fala H. Bremond. Com boas fibras de algodão em rama ele tem trabalhado uma lã cm que a gente deixa passar a mão, volutuosamente. E tudo isto, sem chamar ninguém para por coroas de ouro na cabeça. .Muito contribui neste seu esforço a fecunda camaradagem do silêncio que o envolve. Quando os poetas se preocupam, seria· mente com planos de ação começam a encher de cuidado até a política, à maneira dramática de Santos Chocano. Aí ainda eles ficam interessantes. O pior é o ar p.edagógico que muitos não disfarçam, o pesado ar de cátedra. Bandeira não quer ensinar coisa alguma. Não que em sua poesia não se possam encontrar aguçados traços de pensamento. Encontram-se, mas sob aquela sútil forma de "courant souterrain de penseé non visible". isto que Baudelaire diz que em uma boa poesia é como uma insínua- ção ao nosso gosto pelas idéias. • A mania em querer tornar visíveis aquelas correntes sub· tcrrâneas é o que faz de muita coisa tida em conta de poesia um amontoado de palavras sem nenhum jeito de prosa, ou de verso. Entretanto, o poeta pode penetrar "no coração mais ín- timo das coisas" por meio de forças que escapam às exigências da lógica. Pelo canto, era como Carlyle queria que pensassem os poe- tas, porque "toutes les plus intimes choses sont melodieuses". 1!: que pela melodia muita vez o verso se derrama sobre a nossa alma que pelo seu sentido, pela sua quantidade de pensamento. Uma vez, leu-me um meu amigo em língua que não conheço, uns versos dedicados a Elizabeth Browning. E nunca mais saiu-me do ouvido aquele "Elizabeth Barret Browning", de vez em quando em todo o poema. como um can- to de igreja, a se repetir. 28 Muito aos ouvido preensão. canto gre Manoel B veira o ca fabrica o 'E foi vez de está em boneca tcrrou. e em que fo da terra. "Carp· Histórias Bandeira
  • 28. , põe-se de lado o no português que se •Etizabeth Barret ~· como um can- Muitos dos versos de M. Bandeira são desses que se gravam aos ouvidos, dos que se aderem a gente sem esforço de com- preensão. Por isto alguém já lhe descobriu o acento angélico do canto gregoriano. Há mesmo qualquer coisa de indefinível em Manoel Bandeira, um "charme" penetrante em sua voz de har- monia imaterial. H. Bremond identificaria logo "estas harmo- nias imateriais" às deleitações místicas da prece. O interessante é que esta impressão de misticismo de M. Bandeira nos provoca sem falar a cada hora de Deus, sem escrever salmos como Clau- del. É cantando as coisas humildes e ternas, é pelo tom de sua voz "que se diria educada pelos Beneditinos de Solesmcs, para os encantos mais íntimos da melodia gregoriana." E dizer-se que esta voz se ía perdendo no gargarejar dos sonetos. Mas o sonetista de talento entregou a Alberto de Oli- veira o camartelo, os restos de cimento e granito com que este fabrica o rosado mármore artificial. 'E foi armar !apinhas, brinquedinhos de São João, e, em vez de estátuas de Venus de braços partidos começou trabalhar em bonecas de pano. muito feias. de olhos rasgados e pernas maiores que outras. Tudo. porém, com muita frescura d'alma, com saborosos toques de ternura. deixando-nos ver naqueles olhos e naquelas pernas andarem os dedos finos de Manoel Bandeira, o poeta menino que não está longe dos quarenta anos. A poesia que Manoel Bandeira tem feito de tempos para cá, apresenta esta cara dos 13 anos. com os bons olhos, os dentes e os ingênuos sonhos dos 13 anos. Ora, nós estávamos acostuma- dos com os poetas "marca registrada Prometeu". Mal o rapaz entrava tratado de metrificação oferecia em troca de rimas, mais ou menos abas•adas, os seus rins aos adutres. E começavam a sofrer pela humanidade. a derramar sangue de anilina em chaves de ouro. Manoel Bandeira não se deu a estes sacrifícios fáceis. .f: uma sensibilidade. a sua, que esqueceu a história da mi- tologia. Conhece sim, as histórias que lhe contava, sem dúvida, a negra que o levava aos passeios pelas calçadas da rua da "União" em Recife. Boas histórias de tão emocionantes passagens, aquelas que as negras nos contavam. A daquela menina muito boazinha que uma madrasta en- terrou. e que os cabelos cresceram como capim verde, até o dia em que foram cortar para os cavalos. E um voz de lá de baixo da terra, em quase múrmúrio: "Carpineiro do meu pai não me corte os meus cabelos ... " Histórias como esta provocam em temperamentos do feitio de Bandeira todo um sugestivo mundo melódico. Garanto que esta 29
  • 29. menina enterrada feriu mais a sua sensibilidade que se lhe con- tassem histórias de ninfas e de deuses. Uma poesia no Brasil que se alimentasse dos cantos que as nossas amas nos disseram seria de um original sabor. de uma frescura de coisa virgem. Os nossos poetas se preocup.am mais com as desventuras de Helena e com as ruínas de Cartago. po- dia-se dizer de Manoel Bandeira que ele foi O Poeta no Brasil que não se esqueceu de sua meninice, do medo que lhe deviam fazer aqueles trens pequeninos que íam e vinham à Olinda, numa barulhenta corrida de "corre corre la chuxia". Porque é ele o poeta para quem ainda existem o "bicho Carrapatú" a "cabra Kabriola" e toda uma imensidade de con- tos de fada em língua bizarra de negro. Ora, ele não podia aban- donar este fantástico tão pitoresco pelos amores equívocos de Cleopatra, pelas mágua do Rei de Thule, por todos os horríveis temas dos sonetos nacionais. O porquinho da fndia que lhe de- ram quando criança foi muito mais em sua formação que os leões, os tigres reais, os elefanies parnasianos. Há também um Manoel Bandeira dos tempos de sua doen- ça; o do "ritmo dissoluto", o poeta do mole langor, e de uma melancolia de quem se deixou machucar pela vida. Era o doente que sabia fazer de sua enfermidade um excitante gozo, um per- verso prazer de espírito. Aquele que andou a meter medo ao menino que existe no coração de Manoel Bandeira. Não seria falso afirmar que o poeta de hoje não é o daquela sensibilidade da sua doença. O Manoel Bandeira de agora é o da voluntuosa convalescença. o da recomposição que se vai ope· rando sem entusiasmos ardentes pela saúde. E nada que nos faça mais retrogradar a infância que os dias de convalescença. Como se o contato com a morte viesse para acentuar ainda mais o nosso gosto pela vida. Uma coisa, porém, fica bem claro. Não há no poeta o to- leima, ou aquelas ingenuidades estudadas com o que o sr. Ál- varo Mor.eira quer disfarçar os cabelos brancos que lhe vem apontando pela sua formosa cabeça oca. Há o menino que pergunta tudo o que vê e que tudo expli- ca, com as imagens, as frescas imagens, que sabem imaginar as crianças e aquelas interpretações de menino que nos dão, muita vez, "une pleine vision du mystere des realités". O que aliás não consegue com toda sabedoria muito do dr. Gustavo Le Bon. E. vai surgindo daquele rapaz curado do peito o grande lírico do meu país. .JA, 27 mar. 1927, p. 1 30 os a Brunétiere já até Hugo, que não o passado. Contra este intelectuais que. demonstram um fosse ele a fonte · E assim, pois possuímos de ma.is Condenam, valor. Combatem os mente ao passado Há poucos · afirmava nas col asneiras ridículas. çalves Crespo, Raimundo Corrêa em fontes que o De sorte que, é apenas o pr Desapar.eciam Necessariame prezando as obras escritas alguns Mas é justam a semelhança da Querem por Crespo, dos C injustificável av capazes de prod de senti-las e de Certamente E por isso sado ... Mas a verdad que primeiro p
  • 30. OS QUE PRIMEIRO PASSAM . .. Emílio de Maya Brunétiere já disse que não há grande poeta, desde Homero até Hugo, que não tenha o espírito obstinadamente voltado para o passado. Contra este conceito sábio se r,evoltam os nossos modernos intelectuais que. por influência da chamada escola renovadora, demonstram um completo desprezo pelo passado, como se não fosse ele a fonte inexaurível da poesia e das boas letras. E assim, pois, procuram não raras vezes, destruir o que possuimos de mais caro e de nobre nos domínios da literatura. Condenam, como passadistas, as obras de conceito e de valor. Combatem os mestres como espíritos agarrados demasida- mente ao passado e que não evoluem. Há poucos dias, por exemplo, um desses autores modernos afirmava nas colunas de um jornal do Rio, entre outras tantas asneiras ridículas, que indignos de leitura são os livros de Gon- çalves Crespo, Luiz Delfino, Casemiro de Abreu, Castro Alves, Raimundo Corrêa e Fagundes Varella, porque foram inspirados cm fontes que o espírito moderno despreza e condena! De sorte que, no conceito desses, a literatura de um povo é apenas o presente... Desapareciam as bibliotecas como inúteis... Necessariamente literatura tem que evoluir, mas nunca des- prezando as obras primas somente pelo fato de haverem sido escritas alguns anos antes... Mas é justamente isso o que desejam os renovadores atuais, a semelhança daquele cronista a que me referi. Querem por força a condenação dos livros dos Gonçalves Crespo. dos Castro Alves, dos Luiz Delfino. Por que? Por uma injustificável aversão ao passado e às tradições? Por serem in- capazes de produzir obras iguais ou porque não sejam capazes de senti-las e de compreende-las? Certamente que sim. E por isso dizem renovadores, e por isso condenam o pas- sado ... Mas a verdade é que eles são os que menos avançam e os que primeiro passam... S, 27 maio 1927, p. 1 31
  • 31. IMPRESSÕES DE UM LIVRO Arnon de Melo Jorge de Lima, após quatro anos de silêncio, aparece, agora, mais uma vez, no mundo literário, com a publicação de um novo livro de prosa. Quando vimos no XIV alexandrinos ( o seu primeiro livro publicado em 1914) aquela sugestiva dedicatória ao mestre Afrâ- nio Peixoto, a sinceridade com que construiu "0 prímeiro dos quartoze" e lá para o meio, o "Acendedor de lampiões", que o tornou príncipe dos poetas alagoanos, afirmámos que este ho- mem jamais desprezaria a arte de versejar. Foi temerária, porém. aquela nossa afirmativa, vindo A co- média dos erros primeiro, e depois, agora mesmo, Salomão e as mulheres contradize-la per.emptoriamente. Salomão e as mulheres absorveu-nos num destes dias de in- verno. deixando-nos aqui e ali uma fugaz impressão de quadros reais que a prosa fina enleiante do sr. Júlio Ribeiro nos pinta tão maravilhosamente com a sua requintada arte de dizer, todos eles formando belos edifícios da líteratura contemporânea a desa- fiarem a ação demolidora do tempo. Como tal podemos consi- derar as suas múltiplas obras, dentre as quais se destaca o gran- de livro super-realista A carne. Jorge de Lima é original sem possuir a filosofia intolerável do sr. Graça Aranha e sem ser fastidioso como o sr. Coelho Neto. Observamos no autor de Salomão e as mulheres o espírito de um escritor realista que se faz simpático, pela verdade no ex- pressar-se, sem confundir a franqueza com a gr?sseria,: "Uma civilização de cacos. - e nós ~ apodrecer entre os ditos_ate que os estrangeiros venham aproveitar-nos, os ossos para botoes e o mu- ladar para as suas hortas". Na escolha dos assuntos de seu livro. ele nos revela a na- turalidade original do seu humorismo são e perfeito, e sabe, como Sud Mennucci, distinguir o "espírito" do "espírito". E aqui não dissimula o que julga: "A moci~ade to1'.1a o e~e!11- plo dos maiores, cria-se vendo subornar, no regime de ignom!mas de todas as horas. Cedo perde a linha também, dobra a espmha, envelhece. Salomães caricatos e ruidosos, não temos a noção intacta das proporções, não sabemos ~iv~dir p_elo meio, com a violência a sinceridade de uma conv1cçao. Nao conhecemos o meio ter~o. a morigeração, senão as deficiências. Vivemos mise- ravelmente, mal comidos, mal comportados a sonhar com as as- sombrosas rique rar. No que diz r bos, moles, feios E a pátria O sr. Jorge esforço titânico sar, às vezes, dos no falar e escrev Ele é, porém plicas" às suas_ co e adverte cosc1en nossa economia, gue caldeado que imprimindo pelo desaparece." "Somos luxu quando subimos • administrações - o favoritismo d dade do mando a desfibramento dos sentimento ... As idéias do res e tem o chei em nosso pais, nã tesca do "regiona livro Mr. Slan<J e gico de um hibri Jorge de Li aqueles marinhe· baterem contra as E o caminho ambiçõ~s. não pod Ele venceu. um livro que não As livrarias que vertigem de e mais livros fu
  • 32. UVRO Arnon de Melo silêncio, aparece, agora, a publicação de um novo · a filosofia intolerável como o sr. Coelho Neto. ""'1heres o espírito de pela verdade no ex- com a grosseria: "Uma os ditos até que os para botões e o mu- ele nos revela a na- âo e perfeito, e sabe, • do ..espírito". mocidade toma o exem- regime de ignomínias ......-,,. dobra a espinha, não temos a noção idir pelo meio, com a ~ Não conhecemos o ias. Vivemos mise- a sonhar com as as- sombrosas riquezas da gleba, que não temos força para explo- rar. No que diz respeito a mulheres, somos os eternos pobres dia- bos, moles, feios raquíticos e sem contenção de instintos. E a pátria descamba no abismo da ignomínia... " O sr. Jorge de Lima dispensa a quase todo seu livro um esforço titânico para construir modernismo. E chegar até de abu- sar, às vezes, dos adjetivos como aquele homem que os julgava no falar e escrever, essencial ao substantivo. Ele é. porém, um contador excêntrico que "não admite ré- pJicas" às suas convicções, condensa em si previsões simpáticas e adverte coscientemente: "A intromissão de certas raças em nossa economia, terá para nós. o efeito de uma invasão no san- gue caldeado que já temos. E, ou Salomão se impõe e vence, imprimindo pelo sexo as qualidades que supomos possuir, ou desaparece." "Somos luxuriosos, cupidos e irrefletidos, na mediânia, e quando subimos às posições. . . Veja só o exemplo das nossas administrações. - a roubalheira na obra pública, nos contratos, o favoritismo desregrado para o compadrio e o filhotismo. a vai- dade do mando a provocarem a luta entre irmãos. . . Veja o desfibramento dos nossos politicos, do nosso caráter, do nosso sentimento... As idéias dominantes que constituem Salomão e as mulhe- res e tem o cheiro do que é nosso e do que não desconhecemos cm nosso país, não fazem parte de forma alguma, da teoria gro- tesca do "regionalismo" sr. Monteiro Lobato, expressada em seu livro Mr. Slanq e o Brasil: " mentalidade por aqui é o fruto ló- gico de um hibridismo triplice." Jorge de Lima desdenha do fácil e procura o difícil como aqueles marinheiros que deixavam os oceanos mansos para se baterem contra as ondas nos mares bravios. E o caminho que o conduziu ao cenário encantado das suas ambiçõ~s, não poderia ser fácil de se transpor. Ele venceu, entretanto, e lançou, por fim ,à crítica sensata um livro que não precisa de apostos. JA, 1 jun. 1927, p. 1 KALEIDOSCôPIO Valdemar Cavalcanti As livrarias editoras do Rio e de S. Paulo, agora numa como que vertigem de publicidade, vomitam ininterruptamente, livros e mais livros futuristas. 33
  • 33. 1 ;'. De quando em quando, me aparece uma dessas obras, fú- teis como o que, trazendo na capa desenhos estapafúrdios, ou "originais", como lhes chamam os autores, um verdadeiro es- tardal~aço para embelicar os leitores ingênuos (a mim é que esses enganavistas não seduzem, porque sempre disse: Quem não os conhecer, que os compre!) ... Se chego a abrir um desses livros. . . Que miséria! Que larçada! Fico com o estômago tão repugnado como se houvera encontrado, num apetitoso prato, um cabelo pixaim, ou outra qualquer coisinha interessante ... Se é prosa, os pecados são ligeiros, mas tão ligeiros que a gente chega até a pensar foram escritos num automóvel, quando corria a 130 milhas por hora! Se é poesia - Deus nos acuda! - constitui uma chinfri- neira. Os versos (poderei dar àquilo este título honorífico?) de- sengonçados, sem jeito, ora - perdoem-me o exagero e a cha- tice de expressão - de tamanho de um bonde, ora do tamanho de um piolho... E, está aí o motivo porque eu tenho saudade de Osório Du- que-Estrada - si espantalho da literatura brasileira. Faz-nos muita falta aquele grande inimigo dos lambuza-pa- péis, agora, quando mais carecemos purgá-la, a pulso firme, de azorrague em punho, dos salta-pocinhos ridículos que infestam o campo das nossas letras. Precisamos mais do que nunca, sem dó nem piedade, meter Ze fouet de la critique, assim no dorso desses poetastros mono- maníacos farfalhantes, como no dos criticalhos que os elogiam, dizendo-os "cultores da arte nova". Sim. Essa tal de "arte nova" é um refúgio encontrado pelos almofadinhas da literatura, para despejar todas as provas de seu raquitismo. A "arte nova" é, diríamos bem, um lenitivo para os que sofrem do incurável mal de falta de talento. Mas, essa tábua de salvação, os que se apegam tais pisa-ver- des, deve ser inutilizada, posta mesmo no fogo, pelos que dizem saneadores do terreno literário. Foi o meio que acharam de, vendo baldadas as tentativas de um voozinho mais ou menos alto, fka dando pulos, olhando as estrelas em noites enluaradas... Ah! malditos mendigos de talento, de idéias, de saber, como eu vos deploro! Deploráveis baleiros da literatura, como eu vos maldigo! 34 Esses vossos valem o papel em teis dó ... Vossas obras. medo, porque se exclamar, pasma - O Brasil de outrora, e ne tros Euclides. E, estou ce - Decidid atacada de asn · As nações tê telectual. O Brasil ve líbrio mental. Sua literatu veros nacionali gionalistas da p pelas bactérias na sepultura r Indivíduos bum"! perdem a pero espiritual Umas enloq fanatismo; outr outro qualquer O Brasil, r esteve a enlouqu Esse estado mada "futurismo Quando irro E só se ouv· Passei um futurismo em R
  • 34. uma dessas obras, fú- s estapafúrdios, ou . um verdadeiro es- ênuos (a mim é que sempre disse: Quem . _. Que miséria! Que do como se houvera belo pixaim, ou outra dó nem piedade, meter ,poetastros mono- "-WL.-- que os elogiam, eu vos maldigo! Esses vossos livros cheios de tão molambenta literatice, não valem o papel em que os escreveste, estragando-o, portanto! Me- teis dó ... Vossas obras, oh trapeiros das letrinhas redondas, fazem medo, porque se algum descuidado estrangeiro os pega, há de exclamar, pasmado: - O Brasil já não possui aquelas mentalidades pujantes de outrora, e nem mais terá outros Ruy, outros Carneiros, ou- tros Euclides. E, estou certo, finalizará: - Decididamente, a nova geração literária do Brasil, foi atacada de asno-interite aguda... S, 22 jun. 1927, p. 1 AQUI JAZ ... Renato Alencar As nações têm, como os indivíduos, suas fases de crises in- telectual. O Brasil vem sofrendo ultimamente de medonho desequi· líbrio mental. Sua literatura que infelizmente não pode contar mais com veros nacionalistas da estirpe de Alencar, Gonçalves Dias; re- gionalistas da paciência de Melo Morais Filho, etc., invadida pelas bactérias pandêmicas das marinetadas, .esteve cai não cai na sepultura rasa do descrédito final e absoluto. Indivíduos há que, suportáveis que são, de momento, "ti- bum"! perdem a lei da gravidade e tocam a "desunerar" o tem- pero espiritual que possuem. Assim também com as nações. Umas enloquecem pela alucinação do império; outras pelo fanatismo; outras pela ganância insaciáv.el do ouro; outras por outro qualquer exagero mais ou menos perigoso e estéril. O Brasil, reflexo de um certo grupo de "gênios elétricos", esteve a enlouquecer nesta outra forma: excesso de estupidez. Esse estado patológico foi causado pela feissima doença cha- mada "futurismo". Quando irrompeu a praga, lá pelo Sul, estava eu em Recife. E só se ouvia falar em Klaxon. Passei um ano a pico para perceber o que o introdutor do futurismo cm Recife, queria dizer com a "nova arte". 35
  • 35. Li conferêncisa dele. Li os seus artigos e polêmicas. Li uma porção de coisas. Entretanto como ele era o primeiro a usar uma linguagem, uma forma, um estilo puramente "passadista", vi que, ao menos em Recife, essa história de futurismo era con- versa fiada. Depois, porém, começaram a manifestar-se os primeiros sintomas do mal. Alguns cérebros foram ataca.dos. As maiores extravagâncias vieram à estampa. Versos com 22 silabas, sem metro, sem ritmo, sem pontuação, surgiram. Deram para usar apenas o ponto e vírgula como Vargas Vila fez, sem ser futu- rista. O rei da Arte Nova passou a assinar-se com letras pequenas. Os perús novos do novo traço de carvão aderiram à malu- queira e aboliram as iniciais maiúsculas. Foi uma beleza. As correspondências choveram do Sul a Pernambuco e vice versa. "Del Picchia'', Guilherme (oh! desculpe!) guilherme de al· meida, etc., gritavam lá suas vozes de comando. O pessoal exultou. Os jornais, as revistas se enchiam de trabalhos da "arte nova". O contágio alcançou a Paraíba. Mas lá com a presença esborrachante de Carlos D. Fernandes, a bi- cha não floresceu. Foi até morrer. Centralizou-se em Recife. E cheguei com estes pobres olhos, mimos desta natureza: Recife, Recife, Recife; Cidade mulher. cidade mulher, mulher; O sol é roxo, roxo, roxo; Lá vai o homem da "bassoura"! Recife, Recife, Recife; Cidade mulher, cidade mulher, mulher; Nesse dia eu gastei na farmácia, 1$500 com uma limonada "Refort". A praga propagou-se assustadoramente. O "morbus" se desenvolveu que nem a espanhola. O futurismo empolgou. Era cada uma de tonelada e meia. Livros horríveis apareceram. As revistas davam agasalho a ver- dadeiros monstros da imbecildade literária de uma época. O sentimento da imitação dominou, e, o que parece incrí- vel. penetrou nos melhores espécimes do equilíbrio mental do Recife literário. Arte, literatura, tudo foi contaminado pelo virus do "futi- lismo". Foi quando mais me preocuparam essas proféticas palavras de Sergi: 36 "A decadên · de desenvolver a E tive pena Felizmente o se presumia. Co ção natural que materiais, o tal futuro desejado arte. E foi desa Do seu r Como a "q aproveitou a ep· Formou um nova concepção ~ um espl" as coisas locais e vida nova e pitor Aqui em M moléstia se inoc Inoculou-se e simpáticas à co natural tendência pelo escândalo de Limitada a na Bíblia, o amor catarata na visão Mas para en e do bom gosto li com trinta minut mo reduto dos b" nova". Povina era truir os óvulos · roso entre nós. Alagoano até viver em um me· sua terra. :.E: profeta aq zeirosos de sua dos "novos". Pen Joaquim Inojosa Que regalo! Suas com foram apropriad
  • 36. ·gos e polêmicas. Li uma era o primeiro a usar puramente "passadista", ·· de futurismo era con- ·restar-se os primeiros atacados. As maiores com 22 sílabas, sem . Deram para usar Vila fez, sem ser futu- assinar-se com letras mm estes pobres olhos, com uma limonada ente. O "morbus" de tonelada e meia. danm agasalho a ver- de uma época. e. o que parece incrí- equilibrio mental do proféticas palavras "A decadência das nações será assinalada pela incapacidade de desenvolver a energia mental" (Evolução Humana, 385). E tive pena do futuro do Brasil. Felizmente o ataque hemorroidal não teve a projeção que se presumia. Como tudo que é fútil, pueril, criado sem a evolu- ção natural que elabora organismos e fecunda idéias e causas materiais, o tal de "futurismo", (Deus louvado!) não teve o futuro desejado pelos corifeus da tolice. E foi desaparecendo, desaparecendo, até aniquilar-se. Do seu recuo, felizmente ficou uma certa expressão de arte. Como a "quelque chose malheur est bon", em Recife se aproveitou a epidemia num ponto. Formou um tipo à parte, que de fato, fez o "ascêncio" de nova concepção de arte poética. Mas não é futurismo. t um esplêndido impressionista, um regionalista, que diz as coisas locais e brasileiras com sentimento, arte, dando uma vida nova e pitoresca às suas produções. Aqui em Maceió (também Deus louvado! ) parece que a moléstia se inoculou apenas em um organismo. Inoculou-se e se desenvolveu, certamente por influências simpáticas à corrente "futilíssima" e nunca, suponho. por natural tendência à puerilidade ou desejo de conquistar nome pelo escândalo de um ser normal e talentoso ser julgado louco. Limitada a moléstia a atividade mui restrita, não tanto como na Bíblia, o amor de "Salomão e as mulheres", não proliferou a catarata na visão mental alagoana. Mas para enterá-la de vez, aparece esse fakir da expressão e do bom gosto literário que é Povina Cavalcante, e, pum! pum! com trinta minutos de palestra - metralha memorável no últi- mo reduto dos bicharrocos fez o funeral da desgraçada "arte nova". Povina era bem a pessoa de que Maceió precisava para des- truir os óvulos ainda não de todos gerados do futurismo pavo- roso entre nós. Alagoano até o tutano, mas educado ou a educar-se e con- viver em um meio como o Rio, Povina não é um profeta em sua terra. :e profeta aqui, no Rio, na casa do diabo. Todos saimos pra- zcirosos de sua tremenda surra na besteira pensada e escrita dos "novos". Pena que não vá dizer aquilo no Recife. com o Joaquim Inojosa de testa. Que regalo! Suas comparações com as tais estrofes da poética japonêsa foram apropriadas e felizes. 37
  • 37. Com efeito. Como nos descreve Osório Dutra a poesia ni- pônica, em seu interessante livro No país dos deuses, tem ela "um mistério qualquer que não está ao alcance de nossos sen- timentos, e que só mesmo os filhos do Pais do Sol Nascente po- dem descobrir e observar". E, dentre alguns "tankas" e "haikai", cita esta que é ori- ginal e "futurista": "Assagao ni Tsurube Torate Moral mizu! ... " Dá-nos a tradução: "A trepadeira "asagao" trepou pela corda do meu poço. Vou pedir água à vizinha! ... " Entretanto, em matéria de curiosidade poética, temos no Brasil coisas admiráveis. Melo Moraes Filho no seu hoje raríssimo Festas e tradições populares nos fornece um espécime maravilhoso de "futurismo". É o sr. Barreto Bastos, naquelas eras magnificas, um mag- nifico corretor da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Tinha veia poética. Cultivou a poesia política. Aqui vai um produto despreten- sioso do vate que em Recife, seria o vencedor do páreo de bes- tas no hipódromo das pistas de asneiras: Recito São, mundo, carne e diabo Todos três tem mui rabo He preciso polbe os quiabo Atado nos seus mui rabo. Remédio na medicina e quiabo Souces de sete fazem muito rabo Apelicamos alguma piassabo A ver se lhe atrancamos o rabo. Longos e largos artigos tem rabo Mas todos eles não desejam o cabo Por que lhe fazem a conta no fiabo Não desejam que tudo fique no cabo. Vejam só! Que sopa! Em 1800 e poucos um corretor do Rio versejava assim. Era julgado "maluco" pelos jornalistas que, aliás, lhe davam agaza. lho nas gazetas para as tolices. 38 Hoje, há quem de sandices acima Meu Deus'. ~ houver perigo, um lavra sensata e se literário os elemen aquela AQUI J sadelo de bom se Aperte os o O IMP É fazer-se ou - dizia o vovô. V E sem saber a lua querendo t de pintinhos. Vira a págin homem e uma m os dois. Talvez p tando, cantando.. Olha aqui. os um macaco man Que soldados são da coluna do pra baixo. E aqu morrem! Mas deia na cabeça?! Oh! mas que caroços de feijão Dá até von fadinha aqui aba· Ah! Um fog Olha o velho br· Que penas multi dos seus tempos
  • 38. ''Osório Dutra a poesia ni- pa& dos deuses, tem ela ao alcance de nossos sen- Pais do Sol Nascente po- "". cita esta que é ori- i um produto despreten- Rncedor do páreo de bes- Rio versejava assim. Era aliás, lhe davam agaza- Hoje, há quem verseje muito pior do que aquele amontoado de sandices acima e seja classificado na estatística dos gênios! Meu Deus! Tende piedade de nós, e nos mandai, quando houver perigo, um Povina assim dos bons, para, com a sua pa- lavra sensata e seu talento em flor enxotar de nosso organismo literário os elementos de intoxicação e aniquilamento. . . se, sob aquela AQUI JAZZ que Povina solidificou, resurgir, para pe- sadelo de bom senso. a sarampeira futurista ... Aperte os ossos, Povina! JA, 3 dez. 1927, p. 1 O IMPOSSÍVEL DO MUNDO t FAZER-SE OUTRO MUNDO . .. Arnon de Melo É fazer-se outro mundo. . . - Psiu, psiu: Menino, vem cá - dizia o vovô. Vem ouvir a história do menino impossível. .. E sem saber ler, advinhando pelas figuras: Olha! Aqui está a lua querendo tocar o sino. O galo arengando com a galinha de pintinhos. Vira a página e vê: O urso com uma argola no focinho. Um homem e uma mulher jogando murros e um menino alumiando os dois. Talvez pra ver quem ganha. E o galo de esporões, can- tando, cantando ... de bico fechado! Olha aqui, os trens do seu Assis com as rodas quadradas e um macaco mangando deles. Que soldados! Vê! Têm a cara de carrasco. Quem sabe se não são da coluna do Genival Prestes! Chi! Aquele ali está atirando pra baixo. E aquela caixa aberta? Ah! É para enterrar os que morrem! Mas esse homem que está com uma espécie de can- deia na cabeça?! Sim, já sei! É o acendedor de... lamparinas... Oh! mas que belas e apetitosas espigas de milho, com uns caroços de feijão ou fava, nem sei bem, de juntos! Dá até vontade da gente comer. Viva! E que rapaz almo- fadinha aqui abajxo. com a harpa de David na mão. Um poeta! Ah! Um fogareiro! Reluzente! Está com a luz tão bonita! Olha o velho brincando de corda no balanço! Psiu! f; um pavão! Que penas multicores! "Chô, chô, pavão!" - lembrou-se o velho dos seus tempos de criança. Advinhou! 39
  • 39. Uma casa escondida! Um esqueleto! Um menino atolado num bocado de peixe! Vê, nesta última página. Que homem simpático. Tem umas barbas tão bonitas, tão respeitáveis! :E: Lampeão - gritou o menino a queima roupa. Chi! Chi! Rasga! Rasga! Aí está contada, leitores, a história do mundo do menino impossível, do ilustre clinico dr. Jorge de Lima, o mesmo car- rancudo escritor da Comédia dos erros e o mesmo mavioso poeta de XIV alexandrinos. Espírito inteligente, Jorge de Lima acaba de alistar-se com esta sua publicação, ao lado desses "borrachos que bebem o vinho plebeu da necessidade humana", como já bem o disse o brilhante homem de letras Povina Cavalcanti. E a crítica deste seu novo livro? Ah! A crítica. . . A crítica ainda não veio e nem virá. Jamais. Deus louvado! - por isso que ainda ninguém o entendeu. Eu francamente, estou no mesmo com a leitura do Mundo do menino impossível. JA, 13 jan. 1928, p. 7 UM POETA MENINO José Lins do Rego O menino Aloísio Branco não há quem o suporte com a sua conversa. Tem 18 anos e penso que já falou por uma longa exis- tência de macróbio. Fala por vício. Ninguém o pode aturar com as suas pergun- tas, os inquéritos e sua desgraçada literatura. Se não fosse essa literatura o menino bem que seria interessante para se estar com ele, com o seu rosto magro e os seus olhos vivos. A litera- tura, porém, não o deixa. Literatura em tudo, até no andar de- sarticulado como um boneco engonço. Nesse menino irrequieto que nos invade a casa para dizer tolices e mexer pelos livros e recantos, há um verdadeiro poeta. E poeta ele é, apesar de toda a sua tagarelice e água de cho- calho que lhe deram a beber em S. Luiz do Quitunde. As poesias que ele faz trazem a frescura e graça duma coisa com que a gente se sente bem em companhia. 40 Ao contrário de vontade de olhar o mundo sente em alguns umas imagens d sa meninice nós vida; e que ser- haveríamos de O seu poema leza sobretudo pernosticismo. Si se con eu creio que dele como vai é que casa gozar uma a gente pensa de outras coisas é talento que ele t ras a seu respeit cer as horas de seus semelhantes as últimas novid sabedoria mucu Ara.ujo Filho. Houve um t instante de Ca em Minas Geraº dos o simpático vex:gonha de tod lezas naturais d Depois o po cidadezinha. E a a conversar em o seu grande Ho café bem caro.
  • 40. menino atolado m simpático. Tem umas do mundo do menino de Lima, o mesmo car- e o mesmo mavioso poeta acaba de alistar-se com •borrachos que bebem o • como já bem o disse o lftlcanti. Ah! A crítica ... A crítica louvado! - por isso com a leitura do Mundo P- 7 Ao contrário do menino Aloísio, a sua poesia não nos enche de vontade de sacudí-la de casa para fora. Esta virgindade de olhar o mundo como um brinquedo maior que os outros se sente em alguns poemas do menino alagoano. E ele tem mesmo umas imagens deliciosamente pueris, daquelas com que em nos- sa meninice nós explicávamos os mistérios e as coisas graves da ';da; e que serão para sempre as imagens mais imagem que haveríamos de construir. O seu poema à velha cidade de Alagoas é duma tocante be- leza sobretudo porque o menino como que perde ali todo o seu pernosticismo. Si se conseguisse interná-lo num bom colégio de jesuítas, cu creio que dele haveria de sair coisa bem interessante. Assim como vai é que será uma desgraça para quem queira em sua casa gozar uma hora de boa leitura com ele a perguntar o que a gente pensa de Manuel Bandeira, da Arte Moderna e tantas outras coisas é que não é possível. Se não fosse o verdadeiro talento que ele tem eu já teria tomado providências bem áspe- ras a seu respeito. A sua poesia em mwtos pedaços faz esque- cer as horas de pavor com que o menino gosta de machucar os seus semelhantes. É uma poesia, a sua, que deixa muito longe as últimas novidades do sr. Álvaro Moreira da Para Todos, e a sabedoria mucufa à Marden do conceituado comerciante Araujo Filho. JA, 25 jan. 1928, p. 3 A REVISTA "VERDE" DE CATAGUAZES José Lins do Rego Houve um tempo em que os jornais do Rio falavam a cada instante de Cataguazes, cidadezinha fincada na zona da Mata em Minas Gerais. Era presidente da Câmara dos srs. deputa- dos o simpático Astolfo Dutra, um bom mineiro que não tinha vergonha de todo momento gabar aos amigos o clima e as be- lezas naturais de sua cidade natal que era Cataguazes. Depois o político morreu e ninguém se lembrou mais de sua cidadezinha. E a cidadezinha continua a fazer as suas eleições, a conversar em suas farmácias, a construir as suas estradas e o seu grande Hotel, a formar os seus meninos e a vender o seu café bem caro. 41
  • 41. Agora surge outra vez nos comentários. E surge como lite· rata com uma revista Verde a quem Blaise Cendrars mandou outro dia um bilhete. De pacato retiro de Astolfo Dutra a cen- tro revolucionário de letras. Eu creio que nunca uma cidade mu- dou de cara assim como Cataguazes. De reduto eleitoral a cen· tro de renovação vai quase que um impossível. Mas é pura ver· dade. Em Cataguazes uma meia dúzia de rapazes está querendo fazer alguma coisa de curioso pelo que se pudesse chamar de letras brasileiras. São rapazes para quem o Sr. Mário de An· drade é mesmo que pai. (Como já está ficando o sr. Mário de Andrade!) Deste tem saído por todo o Brasil urna comprida geração. Este Mário é um reprodutor desgraçado. O país inteiro está cheio de rapazes com o seu sangue, com o seus tícs. Por toda a parte a gente desco· bre a sua cara alongada marcando muito rosto de adolescente e até carinhas murchas de velhos (o sr. Menotti del Pichia está neste último caso). Mário Pedrosa teve, urna vez, uma imagem muito aguda so- bre esta influência patriarcal do grande mulato paulista. A de que Mário de Andrade era uma espécie de telefonista mestre a distribuir ligações, para confins. Em Cataguazes, o negócio foi mais sério. Mário de Andrade é ali pai duma numerosa ninhada de poeta. Parece, a quem fica de fora, que esta história de revista Verde de Cataguazes é ali nome exótico inventado, uma obra de imaginação. Logo que Jorge de Lima me deu noticias desses rapazes eu acreditei numa boa pilhéria do meu amigo. Por que eu pen· sava que de Cataguazes pudesse sair tudo, mesmo um bom pre· sidente de República, e nunca um movimento de interesse pu- ramente intelectual como este que os seus rapazes estão levan· tando. O fato é que esta revista existe no seu 49 número. E que como iniciativa de menores de 21 anos ela é muito mais que júri histórico de colégio. A gente pode encontrar nestes adolescentes mineiros visivel vontadezinha de mostrar o terno cheirando ainda às mãos de alfaiate, uma quantidade avultada de preconceitos modernistas. Amanhã verão sem esforço que em muita coisa eles se CO· briam com o mesmo casacão com que Osório Duque-Estrada ves· tiu toda a sua vida e sua compacta estupidez. E que apenas, eles punham o casacão de Osório às avessas. JA, 29 jan. 1928, p. 3 42 Há tempos ouvi via descoberto o é que conhecendo o descobriu-se como se trasse em casa do O que o descobridor encantado e mos!ra mundo. Terra ainda condido dentro dela Uma ou outra derrubou para ver cristalizando e se ~ inegável que diga de passagem qu car em Alagoas (q muita adolescência • também de passage sério o sr. José Lins. ou daquilo, o que el não existe para ai suas costeletas. Mas José Lins o mais quer queiram tor paraibano não tiv o sr. Gilberto Freyre sador brasileiro pen padre-nossos, degus desempenou o nosso muita coisa de seu é mais esperan~a de seda. Ele já sobt' al ainda. Conheço todos solutamente não te111 degas do modernis recantos do país. Eu verso velho, tanta sia nova apagam-se. Mas por que s
  • 42. tários. E surge como Iite- Blaise Cendrars mandou de Astolfo Dutra a cen- que nunca uma cidade mu- De reduto eleitoral a cen- possível. Mas é pura ver- de rapazes está querendo se pudesse chamar de quem o Sr. Mário de An- de Andrade!) Deste tem geração. Este Mário é um está cheio de rapazes com a parte a gente desco- rosto de adolescente e Menotti del Pichia estâ imagem muito aguda so- mulato paulista. A de de telefonista mestre a Cataguazes, o negócio foi duma numerosa ninhada de revista uma obra ~tes mineiros visível o ainda às mãos de nceitos modernistas. muita coisa eles se co- • · Duque-Estrada ves- ez.. E que apenas, eles NOTINHA S Jorge de Lima Há tempos ouvi de alguém que o sr. José Lins do Rego ha· via descoberto o poeta Aloísio Branco. Não é verdade. O poeta é que conhecendo o escritor o procurou em sua residência e descobriu-se como se uma nova terra atravessando o mar en- trasse em casa do navegador carregadinha de suas virgindades. O que o descobridor (descobridor involuntário) fez foi ouví-la encantado e mostrar que ainda havia terra desconhecida no mundo. Terra ainda em formação, inculta, com muito ouro es- condido dentro dela e com muita aresta literária pelo dorso. Uma ou outra destas arestas o escritor José Lins do Rego derrubou para ver bem dentro e viu que havia muita coisa se cristalizando e se erigindo. ~ inegável que hã influência do escritor sobre o poeta e se diga de passagem que o sr. José Lins do Rego está votado se fi- car em Alagoas (que Deus o livre) a renovar ou a orientar muita adolescência sinuosa como a desse menino poeta. Diga-se também de passagem, que atualmente muita gente não leva a sério o sr. José Lins, ninguém quer saber se ele é capaz disso ou daquilo, o que ele pensa, o que ele sabe... O sr. José Lins não existe para alguns. Negam-lhe até talento, até mesmo as suas costeletas. Mas José Lins existe com costeletas, talento, força e tudo o mais quer queiram ou não queiram. Desejaria que esse escri- tor paraibano não tivesse porém aqueles imitadores que ganhou o sr. Gilberto Freyre os quais à força de copiar o celebrado pen- sador brasileiro pensam com as suas canetas, rezam com os seus padre-nossos, degustam com o seu paladar culinário. Zé Lins desempenou o nosso poeta caçula e vai por certo dif'ciplinar muita coisa de seu talento que é talento verdadeiro. que já não é mais esperança de azas, porém azas de alumínio forradas de seda. Ele já sobe alto como um avião. Ele subirá muito mais ainda. Conheço todos os seus poemas, toda a sua poesia que ab· solutamente não tem o gosto de muito caldo insosso que as bo- degas do modernismo andam a nos dar a beber ai por todos os recantos do país. Eu tenho lido tanta coisa. tanta coisa. . . Tanto verso velho, tanta poesia nova ... No outro dia verso velho, poe· sia nova apagam-se. Esqueço. Mas por que será que eu não esqueço o Aloísio? JA, 1 fev. 1928, p. 3 43