2. Histórico
O Origem: França, vem da palavra charger.
O No Brasil: século XIX com Manuel de Araújo
Porto Alegre, que cria a revista Lanterna
Mágica.
O 1º momento de amadurecimento da charge na
segunda metade do século XIX: política como
objeto e eficácia do discurso situado em um
contexto social.
3. Manuel de Araújo (1837)
A Campainha
Quem quer; quem
quer redigir
O Correio Oficial!
Paga-se bem. Todos
fogem?
Nunca se viu coisa
igual
O Cujo
Com três contos e
seiscentos
Eu aqui´stou, meu
senhor
Honra tenho e
probidade
Que mais quer d´um
redator?
4. O 2º momento de desenvolvimento da charge nos
últimos anos da Monarquia: forte oposição à
política imperial.
O Ângelo Agostini (Revista Ilustrada): abolição da
escravatura e proclamação da República.
5. O 1896: Publicação de charges em jornais, através de
Julião Machado, chargista português.
O No início do século XX, começa-se a criar
personagens: Zé Povo e Jeca Tatu.
O Neste momento, a charge passa por um processo
de despolitização, conservando-se desta maneira
até a década de 30.
6. O Último momento de amadurecimento da
charge na década de 30, através de Guevara:
instrumento de crítica política.
O Contexto econômico: Brasil passa por
crise, com a economia frágil e dependente da
exportação de café.
O Guevara reduz o texto verbal, aproximando-se
da oralidade.
O A charge intensifica seu traço e expõe sua
verdade para que o leitor construa sentido nas
representações das ações do sujeito real
através de um personagem diferente
dele, mas que com ele se identifica.
7. Características
O A “charge se constitui realidade inquestionável no
universo da comunicação, dentro do qual não
pretende apenas distrair, mas, ao contrário, alertar,
denunciar, coibir e levar à reflexão” (AGOSTINHO,
1993).
O “Satirizar um fato específico, tal como uma ideia, um
acontecimento, uma situação ou pessoa, em geral
de caráter político, que seja de conhecimento
público”. (FONSECA, 1999).
O A agressividade, presente na charge, incita o leitor a
se conscientizar e assumir uma atitude crítica diante
do texto.
O A charge é uma crítica temporal, desta forma, seu
texto envelhece rápido. Há, no entanto, alguns casos
em que a charge é republicada.
8. O Estabelece uma relação discursiva entre o chargista
e o leitor.
O Antes de fazer rir, a charge tem a função de fazer
refletir, “a charge é um desenho de humor que
estrutura sua linguagem como reflexão e crítica
social” (TEIXEIRA, 2005).
O Constrói-se por meio da intertextualidade e recria a
realidade utilizando-se do humor, da crítica, da
sátira e da ironia.
O Tenta ser fiel aos seguintes propósitos: reproduzir a
realidade independente da razão, produzir uma
verdade independente da realidade e incorporar o
humor como linguagem.
O Representa em uma única imagem: a narração de
um fato, a descrição de um problema e uma opinião
satírica sobre a temática.
9. O “A crítica e o desejo de denunciar, de revolver e analisar
as ordens instituídas são marcadas por um humorismo de
caráter subversivo” (MIANI, 2002).
O “Os efeitos de sentido da charge são ocasionados pela
simultaneidade dos movimentos opostos, mas
justapostos, que possibilitam um riso de zombaria sobre
nossa atualidade social, política e econômica” (NERY,
2002).
O A linguagem da charge está em comunicação constante
com os acontecimentos políticos e sociais, mas mantêm
relação com o passado, é ideologicamente influenciada.
O “a charge acaba sendo uma espécie de „editorial gráfico‟
(...) e por vezes ela atingiu o status de grande meio de
expressão” (MARINGOGI, 1996)
O “a charge como toda configuração visual, expressa e
transmite ideias, sentimentos e informação a respeito de
si própria, de seu tempo ou a respeito de outros lugares e
outros tempos” (SOUZA, 1986).
10. O chargista
O “[...] falemos, primeiramente, do chargista, esse
desconhecido. Ele tem que ser uma pessoa capaz de
se indignar com a situação política do seu país, do
mundo. Tem que ser contra tudo isso que está
aí, politicamente, socialmente, comportalmente. O
chargista tem que ser contra, por exemplo, o político
brasileiro e a sociedade brasileira, que se comportam
muito mal. Eles têm muita coisa para criticar: a
hipocrisia, o exibicionismo, a mentira, a inversão de
valores, a falta de dignidade etc. Tem que, a seu
modo, denunciar o que vê de errado, torto. Charge é
guerra! Sempre foi assim, desde a invenção da
imprensa. No tempo da ditadura, o inimigo nesta
guerra era mais visível. Hoje, ele fica meio enrustido.
Tem gente boa que, muitas vezes, está do lado do
inimigo e nem percebe” (Ziraldo, 2007).
11. Diferença entre charge,
cartum, quadrinho e tira
O A charge é um desenho humorístico,
acompanhado ou não de texto verbal;
com ou sem legenda ou balão, espécie de
releitura de um acontecimento;
geralmente veiculado pelos meios de
comunicação, especialmente a imprensa.
O Normalmente, critica um fato ou
acontecimento especifico, explorando
temas sociais, econômicos e, sobretudo
políticos.
12. O Segundo o dicionário Aurélio:
“representação pictórica, de caráter
burlesco e caricatural, em que se satiriza
um fato especifico, em geral de caráter
politico e que é do conhecimento publico.”
O A charge é um todo orgânico, não
apresenta caráter narrativo sequencial.
Exige uma contextualização, o leitor deve
estar sempre atualizado com os últimos
acontecimentos.
O Tematização de um fato cotidiano, um
acontecimento atual, comportando, critica,
humor, mordacidade, sarcasmo, ironia,
focalizado por meio de caricatura.
13. Historias em quadrinhos
O As historias em quadrinhos tem origem nos
Estados Unidos e foram denominadas de
comics (cômicos; humorísticos).
O São narrativas contadas em quadrinhos ou
vinhetas, que empregam palavras e imagens
ou apenas imagens. Inicialmente eram em
tabloide, mas reduziram-se para o formato de
tiras, ou seja, para narrativas com dois ou três
quadrinhos, assumindo sintetismo e
instantaneidade inexplorados na
comunicação.
15. Tiras diárias
O Surgiam então as tiras diárias. É uma
narrativa curta, de caráter cômico
humorístico, composta de 3 ou quatro
quadrinhos ou vinhetas.
O Geralmente é descontextualizada, sem uma
datação, portanto esta sempre
atualizada, fato que lhe confere dimensão
universal.
O As tiras e charges tem caráter gráfico-
anedótico. Palavras e imagens com o desejo
de despertar o riso assemelham-se a uma
anedota construída apenas com palavras de
fundo cômico humorísticas.
17. Cartum
O O cartum é uma espécie de anedota
gráfica sobre os mais diferentes
comportamentos humanos.
O De modo geral, explora situações
atemporais e universais, que podem
ocorrer em qualquer lugar e qualquer
época.
19. O humor da charge política no
jornal
O “A charge é parte desses „penduricalhos‟
que o jornal apresenta como material de
opinião. Não é a toa que ela sempre esta
nas paginas de editoriais, a pagina nobre.
A charge acaba sendo uma espécie de
„editorial gráfico.” (Maringoni, 1996)
O A charge possui uma
unidimensionalidade, que não lhe permite
ficar no “mas-contudo-todavia”. Ou é
contra ou a favor.
20. O Para se fazer humor é preciso haver
cumplicidade com o publico. Ninguém ri
da piada que você conta se não existe um
código prévio entre você e os seus
ouvintes. Muitas vezes, este código está
baseado no mais repugnante dos
preconceitos, mas o vinculo deve existir.
O A existência de um código permite que se
associem acontecimentos que a primeira
vista não possuem ligação nenhum. Esse
código cultural e emocional tem
características universais e também
particularidades locais.
21. O A charge envolve mais um componente
nesse código com o publico: o tempo. Por
ser datada a charge é perene. Ela pode
ficar como um registro de uma época,
mas a graça dificilmente permanece.
O Cartum x Charge
O Alguns cartunistas conseguem em seu
trabalho captar mais o espirito de uma
época do que se limitar ao registro do fato
do dia. Neste caso, não temos mais a
charge politica, mas a critica de costumes
e ela adquire uma característica mais
duradoura.
22. O uso dos signos imagético e
verbal na charge
O A linguagem é formada por signos, que
são entidade psíquica com duas faces:
uma imagem acústica e um conceito.
(Saussure, 2004)
O Signo = significante + significado
23. O signo imagético na imagem
O Manifestação de caráter visual da
capacidade textual do homem, que pode
ser expressa por meio de linhas, de
superfícies escuras e hachura e que
variam em diferentes formas.
O Contexto intraicônico;
O Contexto intericônico;
O Contexto extraicônico.
24. A caricatura
O Recurso presente na maioria das charges
de jornais impressos;
O São fundamentais para produzir efeitos
de sentido gerados por todo conjunto da
charge: o texto imagético e verbal;
O Apresenta exagero nas características de
um individuo, valorizando ou
ridicularizando traços mais marcantes.
25. O signo verbal na charge
O Estratégia que completa algo ou se
contrapõe a algo;
O Dá-se pela forma de texto (fala do
personagem) ou pela forma de para texto
(fala do enunciador);
O Onomatopeias, legendas, falas e palavras
destacadas podem transmitir ironia, critica
e sentimentos diversos.
O Intertextualidade e ironia.
26. A multimodalidade na charge
O Configuração dos significados de
diferentes formas;
O Os textos multimodais utilizam mais de
um modo de elaboração da mensagem.
Portanto, a charge é multimodal porque o
conteúdo presente nela é veiculado por
meio de texto, de imagem e de desenho.
27. O Na charge, só o desenho pode ser
multimodal, pois nele esta presente
diferentes cores, tamanhos, símbolos e
expressões dos personagens.
O A multimodalidade torna a charge mais
ativa e nada enfadonha;
O Ironia e bom humor
O A interação de imagens e de palavras dá
abertura ao leitor para a construção de
ideias, de opiniões e de conclusões.
28. A charge e a ação social no
espaço sociocultural
O Tem o propósito de provocar a reflexão
sobre assuntos de destaque na
sociedade;
O Contém um complexo ideológico de seu
autor e da sociedade
O O leitor precisa observar, através de seus
traços, uma denuncia, o humor e uma
critica.
29. Republicação de charges
O A charge sempre mostra um fato do
cotidiano;
O Textos temporais
O Para uma charge ser republicada é
preciso retratar uma ação que se reflete.
30. Charges virtuais
O As charges vem se adaptando a evolução
tecnológica dos meios de comunicação;
O É a confirmação de que os gêneros se
adequam as condições sociohistóricas e
as possibilidades tecnológicas;
O É o mesmo gênero, mas utiliza diferentes
suportes, como animação e som.
31. Dialogismo e polifonia na
charge
O O dialogismo representa a interação entre o “eu” e
o “tu” no texto e traz, em si, a perspectiva de outra
voz;
O Todo enunciado possui, ao menos, duas vozes.
Qualquer enunciação mantém um diálogo com
outras enunciações, ou seja, não há enunciação
pura;
O Há duas maneiras de inserir o discurso do outro
no enunciado:
O 1) De forma clara(discurso objetivo) – aspas,
negação, DD ou DI.
O 2) Internamente dialogizado. Não há separação
nítida entre 1ª e 3ª pessoa e é apresentado por
paródia ou polêmica clara.
32. Polifonia
O Define-se pela convivência , em um
mesmo espaço, de uma multiplicidade de
vozes e consciências independentes.
33. Ironia
O É a afirmação de algo diferente do que se
deseja comunicar. Não dá ao texto o sentido
completo para significar o oposto do que se
diz.
O O chargista não quer opinião dele seja aceita
como verdade, mas quer levar o leitor à
crítica, à reflexão e ao humor.
O A ironia é um dos principais elementos da
charge. É um instrumento de
denúncia, geralmente de situações políticas e
econômicas.
O Às vezes, a ironia é mal interpretada ou nem
sequer percebida.