O documento discute o preconceito no esporte brasileiro, destacando que o futebol é a modalidade com mais casos registrados. Apesar de avanços, como a nova Lei Geral do Esporte, ainda há desigualdade de gênero e racismo contra atletas negros e mulheres. Investimentos insuficientes também contribuem para a desvalorização do esporte no país.
1. Goiânia 19/09/2022
Professora: Karina
O preconceito nos esportes.
O preconceito e a desvalorização de gênero estiveram, e ainda está presente no nosso cotidiano. Durante
anos, as mulheres foram excluídas de esportes supostamente “incompatíveis” com sua natureza e, ainda
hoje, vários atletas são discriminados. Longe de sua terra, porém, que vive uma onda conservadora,
mulheres, negros e homossexuais colorem os sorrisos do Brasil com ouro, prata e bronze.
Antigamente, as mulheres eram proibidas de participar de qualquer prática esportiva. Elas erameducadas
para serem donas de casa, e por isso ‘’não precisavam’’ ter nenhuma aptidão física. Apesar de hoje os
tempos serem outros, o lugar que a mulher ocupa nos esportes ainda é escasso e desvalorizado. Somente
em 23 de março de 1883, em Crouch End, na cidade de Londres, na Inglaterra ocorreu o primeiro jogo
oficial de futebol entre mulheres, entretanto, o futebol masculino já era praticado desde o século XVII. No
Brasil, as mulheres começaram a conquistar seu lugar no futebol entre os anos de 1908 e 1909, quando
foram datados os primeiros jogos de futebol com jogadores mistos — homens e mulheres
juntos. Posteriormente, milhares de jovens mulheres buscam por seu espaço dentro do futebol tendo que
enfrentar obstáculos que vão desde a dificuldade de inclusão no esporte até os vários tipos de assédio que
enfrentam no dia a dia. Por ser praticado por mulheres, o futebol feminino no Brasil é categorizado por
muitos como inferior, pois há muita comparação com o esporte praticado pelos homens.
2. A luta pela igualdade sem sombra de dúvidas é a maior luta existente no mundo
contemporâneo, mas infelizmente o devido ‘’pódio’’ AINDA não foi alcançado.
Casos recentes mostram que o esporte ainda não superou o racismo.
O fenômeno da discriminação no esporte é caracterizado, em geral, por atitudes inconsequentes,
desrespeitosas e hostis para com outro ser humano, geralmente de cor, raça, religião, gênero, opção
sexual, diferente ao do agressor, que pode se manifestar na forma de agressões físicas ou verbais.
Casos recorrentes mostram que o esporte ainda não superou o preconceito. Seja no futebol, vôlei ou
outra modalidade, os negros são insultados por torcedores e pelos próprios colegas.
O mais recente envolveu o atacante Neymar, do PSG,que acusou o zagueiro espanhol ÁlvaroGonzález, do
Olympique de Marseille, de racismo por tê-lo chamado de “macaco”,em partida entre as duas equipes pela
terceira rodada do campeonato francês de futebol, a Ligue 1. O brasileiro reagiu dando um tapa na cabeçado
rival e foi expulso.
De 2014 a 2019, houve um aumento de 235% no número de casos de preconceito envolvendo
jogadores de futebol brasileiros no país, segundo relatório desenvolvido pela Rede Observatórios da
Discriminação Racial.
3. O documento aponta que, no exterior, os ataques também não são incomuns: só no ano passado, 18
jogadores brasileiros disseram que sofreram ataques porconta da cor da pele.
O Observatório da Discriminação racial no Futebol divulgou nesta quarta-feira (24) o relatório de 2021
com o levantamento dos casos de discriminações raciais e preconceitos no esporte. De acordo com os
dados, foram registrados um total 158 ocorrências, sendo 78% (124), foram no futebol e os 22% (34) em
outros esportes. Com isso, o futebol é a que mais registra atitudes preconceituosas.
Dos 158 casos de preconceitos no esporte, 137 ocorreram em solo brasileiro e 21 no exterior, com atletas
do Brasil. No futebol, o relatório apontou que houve 64 registros de racismo no Brasil. Alémdisso, outros
10 episódios foram registrados no exterior.
Em 2021, foram 24 casos de LGBTfobia, 15 de machismo e seis de xenofobia no futebol brasileiro.
Um dos casos de LGBTfobia citados pelo relatório foi o do torcedor do Paysandu Arthur Souza, que
compartilhou um vídeo no Tik Tok dançando a música “Late Coração”, de Ávine e Matheus Fernandes. Com
isso, ele recebeu várias mensagens homofóbicas.
Já no que diz respeito ao preconceito contra mulheres, um dos casos registrados pelo Observatório, foi a
acusação o conselheiro do Remo Benedito Wilson Correa de Sá de machismo contra uma conselheira do
clube azulino Os ataques ocorreram em um grupo de WhatsApp, após a conquista da Copa Verde, em
dezembro de 2021.
Nesta quarta-feira, ocorreu no Rio de Janeiro, o Seminário de Combate ao Racismo e à Violência no
Futebol, organizado pela primeira vez pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF). A ideia do encontro é
justamente discutir os casos de discriminações e preconceitos na modalidade e propor ações para a
diminuição.
Futebol feminino é marcado pela luta contra o preconceito e também contra o racismo.
4. Exposta dentro e fora de campo, a ferida do racismo deixa marcas, faz chorar e revela que, em um país de
população predominantemente negra, o preconceito racial ainda está arraigado em nossa sociedade.
Durante uma partida do Candangão Feminino, realizada no dia 13 de novembro, entre os clubes
Cresspom e Aruc, a jogadora Thamires da Conceição, mais conhecida como Bugar, sofreu ataques racistas
de um torcedor do time rival.
Atleta do Cresspomdesde 2015, Buga relata que num lance de saída de bola em favor do clube da
jogadora, o torcedor teceu comentários racistas contra ela, além de proferir xingamentos aos demais
integrantes do time.
“Na hora do jogo, segurei a onda por ser profissional. Joguei, me dediquei ao clube, mas depois quando
coloquei a cabeça no travesseiro foi um baque, chorei bastante. Doeu, rasgou a pele ``, diz.
PL da nova Lei Geral do Esporte reforça compromisso com direitos humanos.
O PL aprovado pela Câmara prevê: a exigência de mulheres em cargos de direção os clubes; inclusão de
pessoas com deficiências e de aprendizes; paridade de premiação em competições masculina e feminina; e
o combate ao preconceito nos espaços esportivos.
Alessandra Ambrogi, advogada especializada emdireito desportivo, entende que apesar de alguns
avanços, o PL ainda deixou a desejar quanto a igualdade de gênero.
"Na busca pela isonomia remuneratória entre homens e mulheres, o projeto de lei ainda deixou muito a
desejar, isto porque, embora tenha tratado de equivalência das premiações à atletas homens e mulheres
nas competições que organizarem, nas competições com as seleções nacionais emtodas as modalidades
esportivas, continuou silente quanto à discriminação remuneratória sobre gênero, cuja vedação encontra-
se no artigo 7º da CF. Vale dizer, que no Brasil, a convocação das atletas mulheres e homens não
circunscrevem uma relação de emprego desportivo com seleções nacionais, de modo que discrepância
salarial entre os atletas de mesma modalidade em decorrência do gênero ainda continuarão a existir.
5. "Ainda quanto à inclusão feminina no esporte, o PL determinou cota de 30% de participação mínima de
mulheres nos cargos de direção das entidades do Sistema Nacional do Esporte (SNE), que muito embora
seja um marco, através de ação afirmativa, deixou mais uma vez de privilegiar a igualdade entre homens e
mulheres, no tocante em que não fixou em 50%, já que mulheres qualificadas, dentro e fora das quatro
linhas, existem!", acrescenta a advogada.
A priori, é inquestionável que as práticas esportivas proporcionam diversos benefícios à sociedade, como
o desenvolvimento das relações socioafetivas, a comunicabilidade, a sociabilidade, inclusão social e os
inúmeros benefícios à saúde humana. Por outro lado, é possível observar cada vez mais a desvalorização
do esporte no país. Conforme a atual Constituição Federal, promulgada em 1988, é dever do governo
fomentar práticas desportivas como direito dos cidadãos. Contudo, o que se verifica atualmente é o oposto
do que pressupunha a filosofia de John Locke, com a ideia de “contrato social”, pois o Estado não garante
seu dever de legitimação da democratização do esporte no país, direito comum à toda sociedade
brasileira.
Além do mais, a falta de investimentos se constitui como um dos principais inviabilizadores da
desvalorização do desporto no Brasil. Por exemplo, em 2018, no governo do ex-presidente Michael Temer,
houve uma redução de 87% do orçamento do Ministério do Esporte. Por conseguinte, no atual governo de
Jair Messias Bolsonaro, o corte foi de 49%, além da pasta ter sido extinta e incorporada ao Ministério da
Cidadania. Outrossim, convém ressaltar a importância das atividades esportivas àquelas comunidades de
vulnerabilidade e risco social, que garante oportunidades à juventude, a fim de diminuir as chances de
influência da criminalidade e do tráfico de drogas. Assim, o esporte também exerce um papel de ampliação
dos direitos e proteção social destes indivíduos.
Nesse sentido, visando garantir o acesso democrático à práticas esportivas de qualidade, cabe ao
Governo Federal criar campanhas de incentivo ao esporte através dos meios de comunicação, salientando
sua importância;alémde,emparceriacomo governomunicipal,construirquadrasde esporte e espaçospróprios
emlocaismenosfavoráveis,comoasperiferias.Assimsendo,osomatóriodestasaçõescontribuirãoparaummelhor
desenvolvimentosocial e inclusivodosetoresportivonoBrasil,garantindoosdireitosdoscidadãos.
6. Créditos
Maria Clara – pesquisa e Roteiro.
André Luiz – Roteiro .
Raphael – Podcast.
Anna Cecília – pesquisa.
https://www.cnnbrasil.com.br/esporte/casos-recentes-mostram-que-o-esporte-ainda-nao-superou-
o-racismo/
https://www.brasildefato.com.br/2021/11/20/futebol-feminino-e-marcado-pela-luta-contra-o-
preconceito-e-tambem-contra-o-racism
https://www.oliberal.com/esportes/futebol/futebol-e-a-modalidade-com-mais-casos-de-
preconceitos-no-brasil-diz-relatorio-1.578467
https://www.uol.com.br/esporte/colunas/lei-em-campo/2022/07/11/o-pl-da-nova-lei-geral-do-
esporte-e-o-combate-ao-preconceito.htm