A hepatite infecciosa canina é causada pelo adenovírus canino tipo 1. A doença pode se apresentar de forma hiperaguda, aguda ou subclínica, causando sinais como febre, vômitos e hemorragias. O diagnóstico é feito por meio de exames como PCR, imunoflorescência e microscopia eletrônica, e o tratamento é majoritariamente de suporte. A prevenção inclui a vacinação com adenovírus canino tipo 2.
2. Etiologia
- Adenovírus canino tipo 1 (CAV-1)
- Família Adenoviridae
- DNA e não envelopado
- Resistente a inativação ambiental e a desinfetantes comuns
- Sensível ao calor inativado em 5 minutos, em 56 a 60ºC
- Sobrevive em:
● Fômites - temperatura ambiente
● Temperatura de -4ºC viável
Figura 1. Adenovírus canino tipo 1 em
micrografia eletrônica
3. Epidemiologia
➢ Ocorrência - mundial
➢ Incidência - baixa
➢ Ocorrência de surtos esporádicos
➢ Hospedeiros - canídeos selvagens e domésticos e ursídeos
➢ Idade - cães jovens (1 mês a 2 anos)
➢ Raça e sexo - sem predileção
➢ Taxa de mortalidade - 10% a 30% em cães adultos, 100% em cães jovens
4. Patogenia
- Eliminação - fezes, urina, saliva e secreção respiratória
- Transmissão - contato direto ou indireto (objetos, roupas e mãos
contaminadas)
- PI - até 7 dias
5.
6. Figura 2. Mecanismos envolvidos no desenvolvimento das lesões locais e generalizadas pelo
adenovírus canino 1.
Quinn, 2007.
7. Sinais clínicos
➢ Decorrentes das lesões hepáticas e endoteliais
- Hemorragias
- Sinais neurológicos
- Perturbações cardiovasculares
- Ascite
- Uveíte e blue-eye
- Edema de córnea
- Dor a palpação abdominal
*Uveíte e edema → auto-limitantes
A menos que haja complicações ou destruição intensa do endotélio
8. - A doença pode se apresentar de 3 formas:
1. Hiperaguda
- Diagnóstico pós-morte
- Evolução rápida
- Sem sinais clínicos ou sinais sutis
- Animais jovens
9. 2. Aguda - eliminação por todas as secreções
- PI - 2 a 5 dias
- Duração de 2 a 7 dias
● Febre
● Apatia
● Inapetência
● Vômitos
● Polidipsia
● Diarreia - com sangue em alguns casos
● tonsilite-faringite
● Linfoadenopatia
● Edema cervical
● Tosse
● Hemorragia
● Sinais neurológicos
encefalopatia hepática, hipoglicemia e encefalite
10. 3 - Subclínica
- Ocorre em animais com imunidade suficiente para destruir o vírus
❏ Eventualmente pode ocorrer um quadro crônico quando após um
quadro agudo a necrose centrolobular for limitante e sofrer uma
regeneração.
11. Achados de necrópsia
a) Fígado com áreas avermelhadas irregulares na superfície
capsular.
b) Parede da vesícula biliar distendida com edema
c) Serosa do intestino avermelhada e conteúdo liquido
vermelho escuro intraluminal.
d) Pulmões com hemorragias multifocais a coalescentes
e) Epicárdio com hemorragias multifocais a coalescentes
f) Leptomeninges do encéfalo com hemorragias multifocais
a coalescentes.
(SOUTO et al, 2018)
Figura 3. Achados de necrópsia em animal com hepatite
infecciosa canina
12. Diagnóstico
- Difícil por conta da forma superaguda e aguda e pelos sinais serem
inespecíficos
- Associação - sinais + achados de necrópsia + histopatológico
● PCR
● Imunoflorescência - rim e fígado
● Isolamento viral - sangue, secreção da orofaringe, urina e fezes
● Microscopia eletrônica - partículas intranucleares
● Imuno-histoquímica
Figura 4. Inclusão intranuclear basofílica em hepatócito
13. Figura 5.
A.Necrose e infiltrado misto em hepatócitos.
B. Inclusões anfofílicas em hepatócitos
Figura 6. Inclusões intranucleares marcadas por imuno-histoquímica
15. Tratamento
- Suporte:
● Fluidoterapia
● Reposição de glicose
● Transfusão de sangue total ou plasma
● Tratamento para encefalopatia hepática
● Antibióticos - infecções secundárias
16. Prevenção
● Vacinação - vacina atenuada com adenovírus canino tipo 2 - por que?
- Guidelines WSAVA:
● 30 dias - 5 doses
● 45 dias - 4 doses
● 60 dias - 3 doses
● + de 4 meses - até 2 doses
● Intervalos de 2 a 4 semanas, reforço semestral, anual ou trienal - estilo de
vida do animal
17. Controle
- Isolar os animais infectados
- Inativação viral:
● Derivados de iodo, fenol e hidróxido de sódio
● Calor de 56 a 60ºC - vapor, vassoura de fogo.
18. Referências bibliográficas
OLIVEIRA, E. C. et al. Hepatite infecciosa canina em cães naturalmente infectados: achados patológicos e diagnóstico imuno-histoquímico. Revista de Pesquisa
Veterinária Brasileira, v. 31, n. 2, Fev. 2011. Disponível em: < https://doi.org/10.1590/S0100-736X2011000200011>. Acesso em: 25 agos. 2021.
PIACESI, T. M. A. et al. Hepatite infecciosa canina: relato de caso. Revista Brasileira de Ciência Veterinária, v. 13, n. 3-4, set. 2010. Disponível em: <
https://periodicos.uff.br/rbcv/article/view/6979>. Acesso em: 24 agos. 2021.
QUINN, P. J. et al. Tradução: Lúcia Helena Niederauer Weiss, Rita Denise Niederauer Weiss. Microbiologia Veterinária e Doenças infecciosas. Porto Alegre: Artmed, 2007.
ROSSATO, C. K., MARTINS, D. B. Hepatite infecciosa canina em um cão geriátrico naturalmente infectado. Acta Scientiae Veterinariae, v. 43, n. 1-4, Setem. 2015.
Disponível: <https://pesquisa.bvsalud.org/bvs-vet/resource/pt/vti-13139>. Acesso em: 26 agos. 2021.
SOUTO, E. P. F. et al. Aspectos epidemiológicos, clínicos e anatomopatológicos da hepatite infecciosa canina: 15 casos. Pesquisa Veterinária Brasileira, v. 38, n. 08,
Agost. 2018. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/pvb/a/6Tj33Csd6cXn3F7NKcX4zPk/abstract/?lang=pt#>. Acesso em: 26 agos. 2021.