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Silvia Parisi




     Guia de
Primeiros Socorros
 para Cães e Gatos




     webanimal.com.br
Índice
                                Introdução.................................................................................................................... 3

Criação                         Cap. 1 - Informações básicas que você precisa saber ................................................ 4
                                Cap. 2 - Avaliação do quadro de emergência .............................................................10
Silvia Parisi
                                Cap. 3 - Métodos de contenção e transporte ..............................................................12
                                Cap. 4 - Caixa de Primeiros Socorros .........................................................................18

Ilustrações                     Cap. 5 - Como fazer curativos.................................................................................... 20
                                Cap. 6 - Estado de Choque........................................................................................ 22
Flávia Brandão
                                Cap. 7 - Parada Cardíaca .......................................................................................... 24
                                Cap. 8 - Parada Respiratória ..................................................................................... 26

Imagens da capa                 Cap. 9 - Hemorragias................................................................................................. 28
                                Cap. 10 - Ferimentos e Cortes Profundos .................................................................. 32
Regina Motta - Fotopatas
                                Cap. 11 - Picadas de cobra ........................................................................................ 34
                                Cap. 12 - Choque Elétrico .......................................................................................... 40

Projeto Gráfico e Diagramação   Cap. 13 - Queimaduras .............................................................................................. 42
                                Cap. 14 - Vômitos e Diarreia ...................................................................................... 44
Mariana Sousa
                                Cap. 15 - Ataque Epilético.......................................................................................... 48
                                Cap. 16 - Desmaios ................................................................................................... 50
                                Cap. 17 - Asfixia ......................................................................................................... 52
                                Cap. 18 - Problemas durante o parto ......................................................................... 54
                                Cap. 19 - Afogamento ................................................................................................ 60
                                Cap. 20 - Rompimento de abscessos e tumores na pele .......................................... 62
                                Cap. 21 - Fratura ........................................................................................................ 64
                                Cap. 22 - Espinhos de ouriço..................................................................................... 66
                                Cap. 23 - Bernes e bicheiras ..................................................................................... 68
                                Cap. 24 - Atropelamento e quedas ............................................................................ 72
                                Cap. 25 - Intoxicação ..................................................................................................74
                                Cap. 26 - Exposição de órgãos da cavidade abdominal ............................................ 78
                                Cap. 27 - Choque pelo calor (intermação) ................................................................. 80
                                Cap. 28 - Quando o animal precisa de atendimento veterinário urgente? ................. 82
                                A autora ..................................................................................................................... 85
Introdução


 O intuito deste guia é ensinar o proprietário como agir em situações
 de emergência. E disso poderá depender a vida do animal até que
 o atendimento veterinário seja possível.

 Você aprenderá o que deve ser feito em casos como atropela-
 mentos, convulsões, envenenamentos, picadas de cobra e outras
 situações inesperadas.

 É muito importante ter em mãos uma caixa de primeiros socorros com
 itens básicos para o atendimento emergencial. Leve-a sempre no carro
 com você quando for viajar ou em um passeio mais distante.

 Procure ler este guia previamente, pelo menos uma vez, pois isso o
 ajudará muito quando precisar. Você saberá o que fazer e terá mais
 autoconfiança.

 Lembre-se que, numa situação difícil, seja qual for o caso, mantenha
 a calma, ou você poderá cometer erros e não conseguir colocar em
 prática uma medida simples, mas importante.

 Além da orientação deste guia, você deve esclarecer dúvidas com
 o veterinário que trata seu animal. Tenha sempre anotado um te-
 lefone para localizá-lo facilmente, além do número de uma clínica
 com atendimento 24 hs.

 Todos os procedimentos aqui descritos são básicos e NÃO SUBSTITUEM
 o atendimento veterinário que deve ser feito posteriormente.



                                         Silvia Parisi
                                       Médica Veterinária


                                   www.webanimal.com.br

                                                        Introdução   3
Capítulo 1

  Informações básicas que você precisa saber                                tendo. Por segurança, é melhor usar focinheira ou mordaça no cão e
                                                                            conter o gato enrolando-o numa toalha. Outros locais do corpo do ani-
  Para poder socorrer um cão ou gato, você precisa ter algumas informa-     mal, como axilas e boca, não são apropriados para medir a temperatura.
  ções básicas de como funciona o organismo do animal. Só assim será
  possível avaliar o estado geral em que ele se encontra.                   • Hipertermia (aumento da temperatura acima de 39º C)
                                                                               Quando ocorre:
  As ocorrências graves em animais dividem-se em dois casos:                   - em episódios de febre
                                                                               - após exercícios físicos ou exposição ao sol
  • Emergência: requer medidas imediatas, pois a vida pode depender            - quando o animal apresenta tremores (p. exemplo: medo)
    delas. Exemplo - hemorragia, parada cardíaca e/ou respiratória, atro-      - durante confinamento em local muito quente (dentro do carro ou
    pelamento, envenenamento, choque elétrico, afogamento, etc.                  caixa de transporte em dias de verão).
  • Urgência: é uma ocorrência de menor gravidade, mas que precisa          • Hipotermia (queda da temperatura abaixo de 38º C)
    ser socorrida a tempo para que o animal não tenha complicações             Quando ocorre:
    mais sérias. Exemplo: vômito ou diarreia intensos, piometra (infecção      - durante o estado de choque
    uterina), ausência de urina por mais de 24hs, convulsão e outros.          - após hemorragia grave
                                                                               - em situações onde a temperatura externa é muito baixa.

                                                                            Obs: considere que a temperatura do animal está alterada e necessita
   Temperatura                                                              de atenção quando ela variar mais de meio grau centígrado, ou seja,
  • Valor normal – 38 a 39º C                                               abaixo de 37,5º C ou acima de 39,5º C.

  • Como avaliar – lubrifique a ponta do termômetro com óleo, va-
                                                                             Batimentos cardíacos
    selina ou água. Introduza-o no ânus do animal até a metade e
                                  incline-o levemente para um dos           • Valor normal – (média) 70 a 120
                                  lados. Assim que o indicador da           batimentos cardíacos por minuto
                                  temperatura parar de subir, o que
                                  leva um ou dois minutos, o termô-         • Como avaliar – coloque a mão
                                  metro pode ser retirado.                    sobre o coração do animal, do
                                                                              lado esquerdo do tórax, bem
                                     Para que a leitura da temperatura        atrás do “cotovelo” Faça isso
                                                                                                .
                                     retal seja válida, o animal não pode     com o animal deitado ou em pé.
                                     estar agitado demais ou se deba-
                                                                              Caso não consiga sentir nada,



  4   Guia de primeiros socorros                                                                                  Capítulo 1 – Informações Básicas   5
encoste a cabeça no tórax do cão /gato para ouvir se há batimentos.     - após exercícios físicos ou exposição ao sol
    O ambiente precisa estar em silêncio.                                   - situações de estresse
                                                                            - cães pequenos podem ter frequência respiratória aumentada
• Taquicardia (aumento dos batimentos cardíacos)
                                                                              (condição normal).
   Quando ocorre:
   - em episódios de febre                                                • Diminuição da frequência
   - após exercícios físicos ou exposição ao sol                             Quando ocorre:
   - em situações de estresse                                                - durante anestesia ou sedação
   - cães pequenos podem ter a frequência cardíaca aumentada (con-           - animal em estado terminal (pré-morte)
     dição normal).

• Bradicardia (diminuição dos batimentos cardíacos)                        Coloração das mucosas
   Quando ocorre:
                                                                          • Valor normal – vermelho-róseo
   - cães atletas em estado de descanso têm o número de batimentos
     cardíacos menor (condição normal).                                   • Como avaliar – pela coloração das mucosas, como conjuntiva (inte-
   - casos de doença cardíaca                                               rior das pálpebras) e gengivas.
   - animal em estado terminal (pré-morte)
                                                                          • Alterações:
   - organismo com hipotermia (baixa temperatura)
                                                                             - mucosa pálida: estresse, anemia ou hemorragia grave
                                                                             - mucosa azulada ou arroxeada: falta de oxigenação, alteração
                                                                               cardíaca ou pulmonar.
 Freqüência respiratória
                                                                             - mucosa ressecada: desidratação
• Valor normal – (média) 15 a 40 respirações por minuto

• Como avaliar – observe o tórax do animal e conte cada elevação
  como uma respiração.

• Aumento da frequência respiratória
   Quando ocorre:
   - em episódios de febre




6     Guia de primeiros socorros                                                                              Capítulo 1 – Informações Básicas   7
Condição de hidratação                                                   Cão ou gato “babando” não significa obrigatoriamente que ele esteja
                                                                          com raiva. A raiva é uma doença viral que o animal só adquire se for
• Valor normal – pele elástica                                            mordido por outro que esteja raivoso. A raiva não é transmitida pelo ar.
• Como avaliar – através da elasticidade da pele. Basta puxá-la na        Ao se deparar com um cão ou gato salivando, para sua segurança, use al-
  região lateral do corpo e observar se ela volta rapidamente à posição   gum método de contenção que evite que o animal consiga mordê-lo (cap.3).
  normal. Também é possível detectar a desidratação observando a
  posição do globo ocular.                                                Caso isso ocorra, o cão/gato deve ser observado por 10 dias.

                                                                          Se ele fugir, a vítima da mordida deve ser socorrida imediatamente em
                                                                          um hospital ou posto de saúde.

                                                                          Se o animal agressor morrer dentro do período de 10 dias de obser-
                                                                          vação, o corpo deve ser encaminhado para exame de raiva no CCZ
                                                                          (Centro de Controle de Zoonoses) da cidade.

                                                                          NÃO SE ARRISQUE!

                                                                          Os parâmetros apresentados são importantes, mas em alguns casos
• Alterações:                                                             de emergência não é possível avaliar todos.
   - a pele volta lentamente à posição normal: desidratação leve
   - a pele não volta à posição normal: desidratação grave                Quando um dos procedimentos não for viável (cão/gato agitado, com
   - globo ocular retraído (“olho fundo”): desidratação grave             muita dor ou agressivo), não se preocupe. Observe apenas aquilo que
                                                                          for seguro para você e para o animal.

                                                                          Deixe manobras arriscadas para o veterinário, pois ele está prepara-
 Salivação                                                                do para essas situações.
Cães e gatos podem apresentar salivação intensa em casos de into-
xicação, situações de estresse ou durante ataques convulsivos. Gatos                  DICA:
podem salivar intensamente após ingerir medicamentos.                                 Para avaliar a frequência cardíaca ou pul-
                                                                                      monar, conte o número de batimentos ou
Algumas raças de cães de focinho achatado salivam bastante, porém,
                                                                                      respirações em 15 segundos e multiplique
essa é uma condição normal. Exemplo: boxers, bulldogues, pugs e outros.
                                                                                      por 4 para saber o valor em 1 minuto.



8   Guia de primeiros socorros                                                                                   Capítulo 1 – Informações Básicas   9
Capítulo 2

  Avaliação do quadro de emergência                                             ladas, coração e/ou pulmões não estão funcionando bem. Se a muco-
                                                                                sa estiver pálida, o animal tem anemia ou pode estar ocorrendo hem-
  Caso você venha a se defrontar com uma situação de emergência, é              orragia interna, caso a temperatura dele também esteja baixa (cap. 1).
  preciso fazer uma avaliação rápida do estado geral do cão/gato.
                                                                             4º. Cheque o estado de hidratação puxando a pele da lateral das costas do
  É claro que você deve focar no problema mais evidente. Se for o caso
                                                                                 animal. Se ela demorar a voltar ou não voltar, ele está desidratado (cap. 1).
  de um corte profundo com perda sanguínea importante, estanque
  primeiro a hemorragia e depois pense no resto.                             5º. Observe a boca:
  O roteiro abaixo não precisa ser seguido exatamente na ordem em               - note se há presença de sangue.
  que será apresentado. Em uma situação que necessita de intervenção            - puxe a língua do animal (use um pedaço de gaze para não es-
  rápida, talvez você não tenha tempo de analisar todos esses itens. Mas          corregar). Verifique se existe algum objeto obstruindo a garganta,
  é importante saber observar o estado geral do animal para poder agir.           como: brinquedo, pedaço de osso e outros.
                                                                                - observe se todos os dentes estão firmes e inteiros.
  Para manipular o cachorro acidentado é imprescindível usar focinheira
  ou improvisar uma mordaça.                                                 6º. Analise os olhos do animal para saber se há lesão nas pálpebras
  Gatos acidentados podem ficar extremamente ariscos. Use                        ou perfurações no globo ocular. Se tiver uma pequena lanterna,
  uma focinheira para gatos e/ou jogue sobre ele uma toalha para                 note se as pupilas dele reagem à luz contraindo-se (reflexo pupilar).
  diminuir o estresse.                                                           Toque nos cílios para verificar se há reação de piscar (reflexo pal-
                                                                                 pebral). Se este último estiver ausente, o animal pode estar morto.
  Se houver sangramento, larvas de mosca ou outra condição nau-
  seante, use luvas.                                                         7º. Avalie o focinho, observando se há líquidos, espuma ou sangue.

  1º. Observe se o animal está respirando e se há batimentos cardía-         8º. Apalpe o abdômen para verificar se ele está flácido, contraído de-
      cos. Se esses sinais vitais estiverem ausentes, inicie a massagem          mais e se há dor à palpação.
      cardíaca e/ou a respiração artificial (cap. 6 e 7).
                                                                             9º. Verifique o restante do corpo para constatar possíveis ferimentos,
  2º. Coloque a mão no abdômen do animal, em um local sem pelos,                 cortes, fraturas ou inchaços.
      para ter ideia de sua temperatura. Se achar que o cão/gato está frio
      ou quente demais, ou estiver em dúvida, meça a temperatura dele
      com o termômetro. Ela deve estar entre 38º C e 39º C. Variações de
                                                                                           DICA:
      meio grau não causam preocupação (cap. 1).                                           Após o exame geral, inicie o socorro pelo
                                                                                           problema que comprometa a vida do ani-
  3º. Analise a cor das gengivas e parte interna das pálpebras (mucosas).                  mal: parada cardíaca, parada respiratória e
      Elas devem estar com a coloração vermelho-róseo. Se estiverem azu-                   hemorragias são os principais.



  10    Guia de primeiros socorros                                                                         Capítulo 2 – Avaliação do quadro de emergência   11
Capítulo 3

  Métodos de contenção e transporte                                           Se você não tiver uma focinheira ou ela não for do tamanho adequa-
                                                                              do para o cão, faça uma mordaça com um pedaço de faixa crepe ou
  Toda vez que você precisar socorrer um animal, não importa a es-            improvise com o cadarço do sapato. Siga o esquema abaixo.
  pécie, lembre-se sempre: SE ESTIVER COM DOR, ELE REAGIRÁ
  TENTANDO MORDER.

  Mesmo que o animal seja seu, tenha temperamento dócil e nunca mor-
  deu alguém, a reação à dor é natural. Não esqueça jamais dessa in-
  formação. Se não considerar esse risco, além do animal, você também
  ficará machucado e não poderá ajudar em nada.

  Use um ou mais métodos descritos abaixo antes de começar o                * Use sempre três laços: o primeiro em cima do focinho, o segundo embaixo e o
  atendimento.                                                              terceiro atrás da orelha.

                                                                               Assegure-se que a mordaça esteja firme. Se ficar frouxa, o cão
                                                                               conseguirá morder, mesmo com o focinho amarrado.
   Contenção
  • Focinheira ou mordaça:                                                     Não é possível fazer uma mordaça em gatos porque a espécie
    Existem modelos para cães e gatos. O modelo para gatos cobre toda          possui focinho curto.
    a face, inclusive olhos. Isso ajuda a acalmar o animal estressado. As
                                                                               No caso de focinheiras, se ela tiver abertura na frente, como na
    focinheiras de nylon são maleáveis e não machucam. Há modelos
                                                                               maioria dos modelos para cães tem, cuidado. O cachorro pode mor-
    em plástico rígido também.
                                                                               der com os dentes da frente. E pode apostar que dói bastante!


                                                                            • Colar elizabetano e colar cervical:
                                                                              São usados para impedir que o cão/gato retire curativos ou arranque
                                                                              suturas. Nenhum deles restringe os movimentos. São vendidos em
                                                                              petshops e clínicas veterinárias.

                                                                              Usando um desses colares, o animal não alcançará nenhuma parte
                                                                              de seu corpo com a boca, podendo comer, beber e dormir com ele.


  12    Guia de primeiros socorros                                                                      Capítulo 3 – Métodos de contenção e transporte   13
Utilize um dos colares para evitar que cão/gato arranque curativos.     Se o animal estiver deitado, também é possível conter a cabeça pisan-
                                                                        do na guia, bem próximo à coleira.




       Colar elizabetano                      Colar cervical


• Imobilização usando coleira e guia:                                   Também nesse caso, uma segunda pessoa deverá ajudar, segurando
                                                                        as patas traseiras para o animal não se debater.
                                   É possível imobilizar o animal que
                                                                        Use esse método quando o cão não consegue se levantar, mas pode
                                   demonstra agressividade passan-
                                                                        virar-se e morder.
                                   do a guia pelas grades de um por-
                                   tão ou enrolando-a em um poste ou    No caso de gatos, embora os métodos anteriores
                                   perna de uma mesa. Posicione o       possam ser utilizados, a contenção mais comum em
                                   pescoço do cão bem encostado ao      felinos é feita segurando o gato firmemente pela pele
                                   anteparo para que a cabeça fique     atrás do pescoço com uma mão e usando a outra
                                   segura. Atenção para que a colei-    para imobilizar as patas traseiras.
                                   ra esteja apertada o bastante para
                                   evitar que o animal escape, mas      Um gato bravo é difícil de conter, pois além da mordi-
                                   não a ponto de causar asfixia.       da, ele usa as garras para se defender e possui grande
                                                                        flexibilidade no corpo. Por esse motivo, em algumas si-
Após a cabeça estar imobilizada, um ajudante deve segurar as patas      tuações é preciso enrolar as extremidades das patas,
traseiras para que o animal não se movimente. Use esse método quan-     uma a uma, com fita crepe ou esparadrapo para evitar
do o cão consegue ficar em pé e pode atacar durante o atendimento.      que o gato exponha as unhas e consiga arranhar.




14    Guia de primeiros socorros                                                                 Capítulo 3 – Métodos de contenção e transporte   15
Outro método muito usado para conter gatos é enrolar o corpo         Se o animal for grande, essa é a maneira mais segura para trans-
     do bichano numa toalha e segurá-lo firme junto ao corpo ou           portá-lo. Dependendo da gravidade da situação, mesmo os animais
     sobre uma mesa.                                                      bem pequenos devem ser movimentados com uma “maca” Tenha    .
                                                                          certeza que o material que você vai usar resistirá ao peso do cão.




• Imobilização com o cambão:

                               O cambão é uma haste rígida de metal
                               com um laço na ponta. É muito usado para   Se houver desconfiança de trauma ou fratura na coluna vertebral, o
                               a captura de animais que não permitem a    melhor a fazer é transportar o animal sobre uma superfície plana (tá-
                               aproximação. Pode ser improvisado com      bua de madeira ou algo similar).
                               um pedaço de madeira com uma argola na
                               ponta e uma corda.                         Os métodos de contenção apresentados não são cruéis, nem causam
                                                                          dor ou prejuízo aos animais, se aplicados conforme descrito. Alguns
                                                                          podem ser desconfortáveis, mas permanecerão apenas o tempo sufi-
 Transporte                                                               ciente para tratar o animal.

O animal em situação de emergência, principalmente em casos de            Deixar de usar um método de contenção é muito arriscado, principal-
atropelamento, fraturas ou suspeita de hemorragia interna, deve ser       mente quando não se conhece o animal que precisa de socorro.
manipulado o menos possível.

Movimentos bruscos podem agravar o quadro. Improvise uma maca
usando um cobertor, lençol ou toalha.



16     Guia de primeiros socorros                                                                  Capítulo 3 – Métodos de contenção e transporte   17
Capítulo 4

  Caixa de Primeiros Socorros
                                                                              • pomada antibiótica: para evitar infecções em
  Este é o material básico que você irá precisar:                               cortes e feridas.


                     • compressas de gaze (2 a 4 embalagens peque-
                                                                              • luvas (1 par): para proteger as mãos de quem irá
                       nas): para limpar e proteger ferimentos.
                                                                                socorrer o cão.


                     • rolos de atadura/faixa crepe (2 rolos de tamanho       • seringa de 10 ml: para irrigar ferimentos com antis-
                       médio): para fixar curativos e talas. Pode ser usada     sépticos e aspirar secreções.
                       para amordaçar o cão.


                     • esparadrapo micropore (1 rolo médio): para fixar       • termômetro: para avaliar a temperatura retal.
                       a faixa crepe em curativos ou imobilizar as patas de
                       gatos que arranham.
                                                                              • pinça: para remover espinhos e larvas da pele ou
                                                                                objetos estranhos da garganta.
                     • tesoura pequena com ponta arredondada: para
                       cortar pelos e faixa crepe.                            • álcool antisséptico (1 frasco pequeno): para de-
                                                                                sinfetar as mãos de quem irá socorrer o animal e
                                                                                materiais metálicos (pinça e tesoura).
                     • antisséptico (Líquido de Dakin, Água oxigenada 10
                       vol. ou Iodo Povidine): para desinfetar ferimentos,
                       cortes e outras lesões da pele.                        • focinheira de nylon (opcional): para evitar mordidas.



                     • soro fisiológico (4 ampolas de 10 ml cada): para       • lanterna pequena (opcional): para observar cavida-
                       limpar ferimentos e queimaduras.                         des e avaliar o reflexo da pupila.




  18    Guia de primeiros socorros                                                          Capítulo 4 – Caixa de primeiros socorros   19
Capítulo 5

  Como fazer curativos                                                     Após a desinfecção da ferida, mantenha o local protegido. Use atadu-
                                                                           ras de gaze limpas e secas para esse fim. Aplique-as sobre o ferimento
  Curativo é o procedimento de limpeza, desinfecção e proteção de          já limpo (fig. 2).
  uma lesão qualquer.
  Prepare o local que receberá o curativo (use luvas):

  Corte ou raspe com lâmina de barbear a pelagem em volta da ferida.
  Isso facilitará a visualização, limpeza e fixação do curativo.

  A limpeza de um ferimento deve ser feita com soro fisiológico. Fure a
  bisnaga com de soro o líquido com uma agulha grossa ou um peque-
  no corte é feito com a tesoura. Lave a lesão com jatos de soro. Esse
  procedimento permite que o local seja limpo, pois os pelos e todo tipo      fig.1                          fig.2
  de sujeira serão eliminados.
                                                                           Para fixar a gaze, uma faixa crepe é o mais indicado, pois o esparadrapo
  Seque o ferimento com gaze após ter feito a lavagem.                     ficará aderido aos pelos e causará incômodo. Quando possível, enfaixe o
  Para desinfetar a ferida, podemos usar vários tipos de antissépticos.    local e fixe a faixa crepe com esparadrapo. Se o curativo começar a sair
  Há aqueles que preferem usar água e sabão para eliminar bactérias.       do lugar, você terá que fixá-lo na pelagem usando faixas de esparadrapo.
  Também é eficaz.                                                         Quando for trocar um curativo, observe se a gaze está aderida ao feri-
  Água oxigenada, líquido de Dakin (cuidado, pois ele mancha a rou-        mento. Se estiver, umedeça o local com soro fisiológico até que a gaze
                                                                           de desprenda. Isso evita que o ferimento sangre.
  pa!) e iodo Povidine são muito utilizados nos curativos. Não use iodo
  em gatos, pois ele pode se intoxicar!                                    Os animais detestam curativos e a primeira reação será tentar ar-
                                                                           rancar tudo com a boca.
  Aplique o antisséptico sobre o ferimento e vá secando com uma gaze.
                                                                                                       É importante usar um colar de contenção
  Pomadas antibióticas podem ser usadas no final e ajudam a evitar
                                                                                                       (cap. 3) para garantir a integridade do cura-
  infecções. O ferimento deve estar limpo e seco, sem sangue, pus ou
                                                                                                       tivo que você fizer. Troque o curativo dia-
  sujeira para que o antibiótico atue bem.
                                                                                                       riamente ou em dias alternados.
  Se optar por usar a pomada, aplique uma boa quantidade sobre uma
                                                                                                       Seu veterinário poderá indicar os produtos
  gaze e cubra o ferimento com ela.
                                                                                                       a serem usados nos curativos e a frequên-
                                                                                                       cia com que você deve trocá-los.


  20   Guia de primeiros socorros                                                                                    Capítulo 5 – Como fazer curativos   21
Capítulo 6

  Estado de Choque                                                          O que fazer no caso de CHOQUE?
                                                                           Você vai precisar de:
                                                                           Cobertor, gaze, termômetro e bolsa térmica aquecida.
          Significa um deficiente suprimento de sangue para os
             órgãos vitais, uma condição que pode ser fatal.               • O que fazer:
                                                                             - Mantenha o animal deitado de lado.
                                                                             - Posicione a cabeça e região do tronco mais baixos do que
  • Os sintomas do estado de choque são:
                                                                               a parte traseira do corpo. Isso garantirá que o sangue che-
       - temperatura do corpo baixa, principalmente nas   extremidades
                                                                               gue ao cérebro e coração.
        (patas e orelhas)
                                                                             - Aqueça o animal: enrole-o em um cobertor e coloque uma bolsa
       - batimentos cardíacos acelerados
                                                                               térmica ou garrafa com água quente próxima a ele, se for possível.
       - respiração acelerada
                                                                               Controle a temperatura com o termômetro.
       - pode ou não haver perda da consciência
       - gengivas muito pálidas
       - pupilas dilatadas

  O animal pode entrar em estado de choque em casos de hemorragia
  grave, atropelamento, envenenamento, choque elétrico intenso, desidra-
  tação severa, queimaduras graves e outras situações de emergência.         - Usando um pedaço de gaze, coloque a língua do cão para
                                                                               fora, de um dos lados da boca, para garantir que a respiração
  Quando o cão/gato entra em choque, a respiração e os batimentos
                                                                               não seja obstruída.
  cardíacos estão acelerados, porém fracos.
                                                                             - Estanque qualquer hemorragia (cap. 8).
  Essa é uma condição muito grave e requer atendimento imediato. É
                                                                             - Transporte ou movimente o animal delicadamente para evitar
  importante realizar algumas manobras para minimizar as consequên-
                                                                               traumatismos maiores e dores. Se possível, improvise uma maca
  cias do choque, a principal delas, a falta de suprimento sanguíneo no
                                                                               com um cobertor ou toalha grande (cap. 3).
  cérebro. Isso pode deixar sequelas neurológicas no animal.
                                                                             - Procure auxílio veterinário o mais rápido possível. Para isso,
  Por esse motivo, o animal em estado de choque deve ser encami-               tenha sempre à mão o telefone e endereço do hospital veterinário
  nhado a uma clínica veterinária o mais depressa possível, para que
                                                                               24hs mais próximo de sua localidade, ou clínica veterinária bem
  receba o tratamento necessário.
                                                                               equipada para atender emergências.


  22      Guia de primeiros socorros                                                                             Capítulo 6 – Estado de Choque   23
Capítulo 7

  Parada Cardíaca                                                        O que fazer no caso de PARADA CARDÍACA?
                                                                        Você vai precisar de:
       Durante a parada cardíaca, o coração cessa de bombear            Nenhum equipamento é necessário.
       sangue para o restante do organismo. Ela pode ocorrer            • O que fazer:
        isoladamente ou acompanhada de parada respiratória.               - mantenha o animal deitado do lado direto.
                                                                          - inicie a massagem no coração o mais depressa possível.

  • Quando ocorre:                                                      • Massagem cardíaca
    Em animais que receberam forte choque ao morder fios elétricos,                                          - Coloque as duas mãos sobre o
    após atropelamentos, quedas, afogamentos ou traumatismos gra-                                              coração do animal.
    ves. Cães e gatos cardíacos submetidos a estresse ou exercícios
    intensos podem sofrer parada cardíaca.                                                                   - Faça pressão firme e rápida
                                                                                                               sobre a região e solte, como
  • Sinais:                                                                                                    se estivesse bombeando.
    Colocando a mão sobre o lado esquerdo do peito do animal, não há                                           Você deve pressionar rápido e
    evidência de batimentos cardíacos.
                                                                                                               soltar, uma vez por segundo.
   O coração é o órgão responsável pela circulação do sangue que irá
   nutrir as células e promover a oxigenação dos tecidos. Quando ele      - No caso de cães muito pequenos ou gatos, use as pontas dos
   para de exercer essa função, as consequências são graves.                dedos para pressionar o coração.
   O local mais rapidamente afetado é o cérebro. Se o tecido cerebral     - Massageie por 30 segundos (30 pressões) e observe se os bati-
   permanecer mais do que dois minutos sem oxigênio, lesões irrever-        mentos cardíacos voltam.
   síveis nas células nervosas poderão ocorrer.
   A reanimação cardíaca deve ser feita imediatamente, assim que se       - Continue realizando esse procedimento a caminho do veterinário
   for detectada a ausência dos batimentos do coração.                      se o coração não voltar a bater.

                                                                          - Se você já realizou a massagem cardíaca por mais de 30 minutos,
                                                                            mas sem sucesso, dificilmente o animal sobreviverá.
              DICA:
              Você também pode verificar se o coração pa-               IMPORTANTE: no caso de você ter que realizar a massagem cardíaca e
              rou de bater ou não, encostando o ouvido no               a respiração artificial (cap. 7) ao mesmo tempo, faça uma sequência de
              lado esquerdo do tórax do animal.                         5 ou 6 pressões sobre o coração, intercalada por uma respiração.


  24   Guia de primeiros socorros                                                                               Capítulo 7 – Parada Cardíaca   25
Capítulo 8

  Parada Respiratória                                                          O que fazer no caso de PARADA RESPIRATÓRIA?
                                                                              Você vai precisar de:
         Durante a parada respiratória, o pulmão deixa de realizar            Lenço ou qualquer pedaço de tecido fino.
       trocas gasosas. Não há inspiração nem expiração. Ela pode              • O que fazer:
       ocorrer isoladamente ou acompanhada de parada cardíaca.                  - mantenha o animal deitado do lado direto.
                                                                                - observe se há alguma obstrução na garganta, causada por san-
                                                                                  gue ou objetos. No caso de líquidos, tente aspirar com uma serin-
  • Quando ocorre:
                                                                                  ga. Não tente tirar objetos da garganta. Pressione fortemente as
    Nos mesmos casos da parada cardíaca, ou seja, em animais que recebe-
                                                                                  costelas do animal para que o objeto seja expulso.
    ram forte choque ao morder fios elétricos, após atropelamentos, quedas,
    afogamentos ou traumatismos graves e outras situações emergenciais.         - inicie a respiração artificial imediatamente.

  • Sinais:                                                                   • Respiração artificial:
    Observando o tórax do animal não há evidência de movimentos                  - Feche a boca do cão/gato e a mantenha fechada.
    respiratórios.                                                              - Cubra o focinho com um lenço ou pedaço de pano para evitar o
    Os pulmões realizam trocas gasosas no organismo e, em conjunto                contato direto com as narinas do animal.
    com o coração, são responsáveis pela oxigenação das células. Sem            - Eleve a cabeça do cão/gato
    oxigênio, os tecidos morrem.                                                  e encoste sua boca no foci-
                                                                                  nho dele. Sopre para dentro
    Como no caso de parada cardíaca, o cérebro é rapidamente afetado
                                                                                  das narinas até sentir que
    durante a parada respiratória. Se o tecido cerebral permanecer mais
                                                                                  o peito do animal se eleva.
    do que dois minutos sem oxigênio, podem ocorrer lesões irreversí-
    veis nas células nervosas.                                                  - Em seguida, deite a cabeça
                                                                                  dele e pressione as cos-
    A reanimação pulmonar deve ser feita imediatamente ao se notar                telas delicadamente para
    que não há movimentos respiratórios.                                          que o ar saia.
                                                                                - Em 1 minuto, repita o procedimento de 8 a 10 vezes. Verifique
                DICA:                                                             se o animal volta a respirar.
                Você também pode verificar se o animal                          - Continue a respiração artificial, caso ele ainda não esteja res-
                não está respirando encostando um pe-                             pirando sozinho.
                queno espelho no focinho. Se embaçar,                         NOTA: para massagem cardíaca e respiração artificial ao mesmo tem-
                ele está respirando.                                          po: 5 ou 6 pressões sobre o coração seguidas por uma respiração.


  26     Guia de primeiros socorros                                                                                Capítulo 8 – Parada Respiratória   27
Capítulo 9

  Hemorragias                                                                O que fazer no caso de HEMORRAGIA EXTERNA?
                                                                            Você vai precisar de:
        Hemorragia é toda perda de sangue que o organismo                   Compressas de gaze, faixa crepe, esparadrapo, antisséptico e
                                                                            pomada antibiótica.
       pode sofrer, seja ela rápida (aguda) ou de forma lenta e
                 gradativa (crônica), grave ou não.                         • O que fazer:
                                                                              - Aplique um pano limpo ou compres-
                                                                                sas de gaze sobre o local e pressione
  Dependendo da quantidade de sangue perdido poderá ocorrer ane-                por alguns minutos. Mantenha a pres-
  mia. O animal anêmico apresenta letargia, falta de disposição, diminui-       são até o sangramento parar (fig. 1).
  ção ou perda de apetite, respiração acelerada e mucosas muito pálidas
                                                                              - Coloque compressas de gaze sobre o                                 fig.1
  (gengivas e parte interna das pálpebras).                                     ferimento e proteja com a faixa crepe,
  No caso de perda de grande volume de sangue em pouco tempo, exis-             se o local permitir. Fixe com esparadra-
                                                                                po. Nunca deixe a lesão aberta para evitar
  te o risco de parada cardíaca. Isso acontece porque não há sangue
                                                                                o acesso de moscas ao ferimento (fig. 2).
  suficiente dentro das câmaras do coração para esse órgão “bombear”
                                                                   .
                                                                              - Leve o animal ao veterinário para de-
  • Hemorragia externa:                                                         sinfecção e sutura do corte. Se isso não
    Hemorragias externas são fáceis de detectar, pois você visualiza a          for possível imediatamente, limpe o fe-                fig.2

    perda de sangue. Ela é provocada por cortes profundos, perfurações          rimento com água oxigenada, líquido
    ou brigas entre animais. Hemorragias superficiais ocorrem quando            de Dakin ou iodo povidine. Aplique pomada antibiótica.
    pequenos vasos que irrigam a pele são rompidos e a perda de sangue        - Se um vaso sanguíneo for atingido, o sangramento não irá parar facil-
    é considerável, mas nunca fatal. Um exemplo é o sangramento causa-          mente. Mantenha a pressão sobre a região até chegar ao veterinário.
    do por escoriação, pequeno corte ou outro ferimento na pele. Se um        - Nas patas e cauda, você pode aplicar
    vaso sanguíneo for rompido (veia ou artéria), a hemorragia pode ser         um torniquete se o sangramento for se-
    grave e deve ser estancada imediatamente. Os vasos atingidos mais           vero. Com um pedaço de faixa crepe ou
    facilmente localizam-se nas patas, cauda, orelhas e pescoço.                cadarço de sapato, amarre o membro um
                                                                                pouco acima da região do sangramento
    A hemorragia grave pode ser fatal, por isso, ela precisa ser inter-         (fig. 3). Afrouxe a cada 5 minutos e de-                           fig.3
    rompida o mais depressa possível e o volume de líquido perdido              pois volte a apertar.
    pelo organismo, reposto.


  28    Guia de primeiros socorros                                                                                      Capítulo 9 – Hemorragias    29
• Hemorragia interna                                                         O que fazer no caso de HEMORRAGIA INTERNA?
 Esse tipo de hemorragia é difícil de detectar, porque não podemos          Você vai precisar de:
 visualizar o sangue, nem ter certeza se há sangramento interno.            Cobertor, termômetro e bolsa térmica aquecida.

 Após a queda de um lugar muito alto, pancada no abdômen ou tórax,          • O que fazer:
 atropelamento ou outro acidente, o animal poderá perder sangue re-           - Caso haja um acidente, atropelamento ou queda, meça a tempe-
 sultado do rompimento de um órgão ou vaso sanguíneo.                           ratura retal do animal com o termômetro (cap. 1). Repita a cada 30
 Os sinais que podemos notar no caso de hemorragia interna                      minutos e observe se ela está caindo.
 são: queda de temperatura, palidez nas mucosas (gengivas e                   - Se o animal estiver agressivo, coloque a focinheira ou faça uma
 parte interna das pálpebras) e fraqueza. Pode haver perda de
                                                                                mordaça com um pedaço de faixa crepe ou cadarço de sapato
 consciência e dor abdominal.
                                                                                antes de qualquer procedimento (cap. 3).
 A temperatura dos cães e gatos varia de 38ºC a 39ºC. No caso de hipo-
                                                                              - Manipule o cão/gato com cuidado, evitando movimentos bruscos.
 termia (temperatura baixa), os valores serão inferiores a 37ºC (cap. 1).
                                                                              - Se a temperatura estiver baixa (inferior a 37,5º C) ou começar a
 O aparecimento de sangue na urina, fezes ou vômito, não significa
                                                                                diminuir, enrole o animal num cobertor e coloque uma fonte
 hemorragia interna. Quando ele aparece em pequenas quantidades
 ou com aspecto de rajadas, a causa da perda de sangue precisa ser              de calor próxima a ele. Use bolsa térmica aquecida ou improvise
 investigada, mas não deve causar desespero.                                    enchendo uma garrafa com água quente.

 Grandes quantidades de sangue eliminadas pelas fezes e vômito
 podem ter como causa envenenamento por “chumbinho” (veneno
 para ratos) ou ingestão de iscas com vidro triturado, ambos usados
 criminosamente para matar animais.



                                                                              - Mantenha o animal aquecido e encaminhe-o para o veterinário
            DICA:                                                               imediatamente.
            A parvovirose é a principal enfermidade em
            cães que causa perda sanguínea pelas fezes.                       - Transporte-o na posição deitada, sempre com a cabeça mais
            Mas isso não configura hemorragia interna.                          baixa em relação ao corpo.




30   Guia de primeiros socorros                                                                                        Capítulo 9 – Hemorragias   31
Capítulo 10

  Ferimentos e Cortes Profundos                                                O que fazer no caso de FERIMENTOS E CORTES PROFUNDOS?
                                                                              Você vai precisar de:
       Podem ser causados por brigas, cacos de vidro, cercas de               Compressas de gaze, faixa crepe, esparadrapo, antisséptico,
                                                                              pomada antibiótica e tesoura.
              arame farpado e outros objetos cortantes.
                                                                              • O que fazer:
                                                                                - Se houver hemorragia (cap. 8) estanque-a pressionando o local
  A pele é irrigada por pequenos vasos sanguíneos e as lesões causam              com compressas de gaze ou pano limpo. Orelhas e patas costu-
  sangramento considerável. Não se apavore com o sangue, ele pode                 mam sangrar bastante e por longo tempo.
  ser controlado facilmente.
                                                                                - Certifique-se que nenhum vaso tenha sido atingido. Se houver
  Os cortes devem ser suturados em até seis horas após a lesão.                   muito sangramento e você não conseguir estancá-lo facilmente,
  Quando suturamos um corte exposto por muito tempo, é grande a                   alguma veia ou artéria foi lesada (cap. 8).
  chance de ocorrer infecção local. Por esse motivo, leve o animal ao           - Após controlar o sangue, corte os pelos em volta do ferimento,
  veterinário assim que possível.                                                 se a pelagem for longa e o animal permitir.
  Caso não seja viável chegar ao veterinário a tempo de fechar o feri-          - Limpe bem o local com soro fisiológico. Em seguida, aplique
  mento com pontos, mantenha-o limpo e protegido.                                 antisséptico nas bordas e dentro do corte ou ferida. Seque o
                                                                                  ferimento com gaze e aplique pomada antibiótica.
  Moscas podem depositar ovos em feridas abertas e suas larvas irão se
  desenvolver dentro da pele (miíase – cap. 22).                                - Proteja o corte das moscas co-
                                                                                  brindo a lesão com gaze ou pano
  Se você estiver no campo (sítio ou fazenda) ou mesmo na cidade, e
                                                                                  limpo. Esparadrapo direto na pele
  perceber insetos pousando no ferimento, use repelente de uso veteri-            não é bem suportado pelos animais.
  nário ao redor da ferida, duas vezes ao dia.                                    Use faixa crepe para fixar a gaze.
  Os cortes não suturados e ferimentos cujos pontos se romperam irão
  cicatrizar, porém, lentamente. A desvantagem da cicatrização sem
  pontos é que a cicatriz será maior e há risco considerável de miíase                   DICA:
  (larvas de moscas) no local.                                                           Os animais lambem os ferimentos e sua
                                                                                         saliva possui propriedades cicatrizantes.
  Os curativos deverão ser diários e a lesão protegida de moscas e sujeira.              Porém, cortes abertos são atrativos para
                                                                                         as moscas. Mantenha-os fechados.


  32    Guia de primeiros socorros                                                                             Capítulo 10 – Ferimentos e Cortes   33
Capítulo 11

  Picadas de cobra                                                       • CASCAVEL
                                                                           É a segunda espécie que mais causa acidentes. Chega a medir 1,8
                                                                           metros e possui chocalho na ponta da cauda.
       No Brasil, existem 70 espécies de cobras venenosas. Porém,          - Sintomas do envenenamento: até 3 horas após o acidente,
        apenas algumas têm importância em casos de acidentes:                sinais neurológicos.
                 jararacas, cascavéis, corais e surucucus.
                                                                           O veneno causa alterações na visão (o animal pode andar como se
                                                                           estivesse tonto), dor muscular e urina avermelhada que irá se tornar
                                                                           mais escura com o passar do tempo.
  Os cães geralmente são picados na região do focinho, peito e pes-
  coço. Isto ocorre porque o cachorro aproxima-se para cheirar a           - Complicações: insuficiência renal.
  cobra por curiosidade ou mesmo caçá-la. Acidentes com gatos são
  raros, mas podem acontecer.                                            • SURUCUCU
                                                                           É uma cobra grande que chega a medir 4,5 metros. É comum na
  É importante saber o tipo de cobra que picou o animal, e para isso       região amazônica.
  devemos conhecer os sintomas provocados pela picada das serpen-
                                                                           - Sintomas do envenenamento: inchaço no local, diarreia, vô-
  tes mais comuns em nosso país.
                                                                             mito e sangramento.

  • JARARACA
                                                                         • CORAL
    Responsável pela maioria dos acidentes com cobras no Brasil. Exis-
                                                                           Responsáveis por menos de 0,4% dos acidentes. É difícil diferenciar
    tem várias espécies que vivem em ambientes diferentes em todas as
                                                                           as corais verdadeiras das falsas, não venenosas. Vivem escondidas
    regiões do Brasil. Alcançam, no máximo, 2 metros de comprimento.
                                                                           em tocas e aparecem em inundações. O veneno é muito potente e
       - Sintomas do envenenamento: dor, inchaço muito evidente, man-      pode matar em minutos.
         chas arroxeadas na pele ou dentro da boca e sangramento. Pode
                                                                           - Sintomas do envenenamento: sinais neurológicos como dificul-
         aparecer sangue na urina.
                                                                             dade para abrir os olhos, falta de ar, dificuldade de engolir, insufi-
       - Complicações: gangrena, descolamentos da pele, bolhas ou abs-       ciência respiratória aguda.
         cesso no local da picada; insuficiência renal aguda.
                                                                         Para saber mais sobre acidentes com cobras, visite o site do
                                                                         Instituto Butantã: www.butantan.gov.br




  34     Guia de primeiros socorros                                                                              Capítulo 11 – Picadas de cobra   35
• Como saber se o animal foi picado?
                                                                         ATENÇÃO!
 A picada é bem dolorosa. O local apresenta marcas de dentes, em-
                                                                         - Não faça torniquete: o torniquete era usado no passado para
 bora os pelos atrapalhem muito a visualização.
                                                                           evitar que o veneno se difundisse para o resto do corpo. Porém,
                                                                           fazendo o garrote, altas concentrações de toxinas no local da
 A região atingida pode inchar bastante e a pele tornar-se arroxeada.
                                                                           picada podem causar gangrena e perda do membro.
 Os pelos podem começar a descolar. Alguns animais entram em es-
 tado de choque (cap. 5) se uma grande dose de veneno for injetado.


 A quantidade de veneno que uma cobra injeta na vítima depende do
 tamanho da cobra, sua idade, se ela se alimentou recentemente ou
 não. Portanto, os sintomas podem variar de leves a graves.


 Os sinais também diferem dependendo do tipo de serpente. O incha-
 ço é característico nas picadas por jararacas. Já nas outras espécies
 são comuns sintomas neurológicos, como incoordenação e cegueira.


 Se o animal vive num local onde é frequente o aparecimento de co-
 bras, é melhor conversar com um veterinário da região e procurar ter    - Não coloque remédios caseiros sobre a picada (terra, fumo,
 estocado em geladeira o soro específico para uso veterinário (dife-       etc.), isso pode irritar ainda mais o ferimento e causar infecção.
 rente do soro humano).
                                                                         - Não corte o local da picada: o veneno da jararaca causa
                                                                           hemorragia; se você cortar a pele, o sangramento irá se agravar.
 O soro deve ser aplicado assim que possível, em até 6 horas após a
 picada. Se os sintomas forem leves, a aplicação é subcutânea. Em
 casos graves, ela deve ser feita por via endovenosa (na veia).


 Informe-se com o veterinário para que ele oriente você como aplicar
 o soro em caso de emergência.



36   Guia de primeiros socorros                                                                                Capítulo 11 – Picadas de cobra   37
• Evite as cobras - a limpeza é muito importante!                       O que fazer no caso de PICADA DE COBRA?
 Combata os ratos, pois as cobras alimentam-se deles. Mantenha         Você vai precisar de:
 sempre limpos os terrenos, quintais e plantações. Deixe o lixo fora
                                                                       Compressas de gaze, antisséptico, pomada antibiótica, bolsa térmica
 da propriedade. Coloque os sacos de ração em locais altos ou em       aquecida ou gelo.
 recipientes bem fechados.
                                                                       • O que fazer:
                                                                         - Independente do tipo de cobra que picou o cão ou gato, o atendi-
• Equilíbrio Ecológico                                                     mento de emergência é o mesmo.
 Preserve os predadores. Emas, gansos, seriemas, gaviões, gambás
                                                                         - Mantenha o animal calmo e não deixe que ele se movimente muito.
 e a cobra muçurana são os predadores naturais das cobras vene-
                                                                         - Se o animal permitir, coloque um saco plástico com gelo sobre
 nosas. Desmatamentos e queimadas devem ser evitados. Além de
                                                                           o local da picada na tentativa de conter o inchaço.
 destruir a natureza, provocam mudanças nos hábitos dos animais,
                                                                         - Caso o animal entre em choque (temperatura baixa, batimentos car-
 que se refugiam em paióis, celeiros ou mesmo dentro das casas.
                                                                           díacos e respiração acelerados), mantenha-o aquecido (cap. 5).

                                                                         - Se conseguir achar o local da picada, limpe com água oxigenada
                                                                           e aplique pomada antibiótica.

                                                                         - Transporte o animal com uma “maca” feita com toalha, cobertor
                                                                           ou lençol (cap. 3).

                                                                         - Encaminhe o animal ao veterinário para que ele receba o soro espe-
                                                                           cífico. Esse é o único método eficaz para combater o envenenamento.



                                                                                    DICA:
                                                                                    Soro antiofídico polivalente (contra ja-
                                                                                    raracas, surucucus e cascavéis) – uso
                                                                                    veterinário: 0800 4007997



38   Guia de primeiros socorros                                                                              Capítulo 11 – Picadas de cobra   39
Capítulo 12

  Choque Elétrico                                                              O que fazer no caso de CHOQUE ELÉTRICO?
                                                                              Você vai precisar de:
             Alguns animais gostam de roer fios elétricos,                    Pomada antibiótica
       principalmente os filhotes. Essa é a maneira mais comum
                                                                              • O que fazer:
        de cães e gatos serem atingidos pela descarga elétrica.
                                                                                - Se o animal levou o choque, mas não permaneceu conectado
                                                                                  à corrente elétrica, você deve verificar se a boca e a língua apre-
  Dependendo da intensidade da corrente e do tempo em que o animal per-           sentam sinais de queimadura.
  maneceu ligado a ela, as injúrias podem ser um simples susto, uma queima-      - A região pode estar escurecida ou acinzentada. Na parte interna
  dura grave ou um comprometimento sério com parada cardiorrespiratória.
                                                                                   da boca e na língua, não há o que fazer. Se a região externa foi
  Animais com queimaduras graves na boca podem se recusar a comer                  atingida, passe pomada antibiótica nas queimaduras.
  ou beber. Eles devem receber soro por via endovenosa, diariamente,
  para não correr risco de desidratação.                                         - O animal relutará em comer por alguns dias. Ofereça alimentos
                                                                                   líquidos e frios, como caldo de carne.
  Todo animal que passou por um episódio de choque elétrico deve ser
  observado por 2 a 3 horas quanto à dificuldade respiratória. Em alguns         - Se o animal levou o choque e permanece conectado ao fio
  casos, ocorre edema pulmonar após o choque e a vítima deve ser le-               elétrico, NÃO TOQUE NELE. Primeiro desconecte a tomada ou
  vada imediatamente ao veterinário.                                               desative a rede elétrica.
  Para evitar comportamento destrutivo, como roer fios, deixe sempre
                                                                              Observe se o animal está consciente ou não. Se ele não estiver respiran-
  brinquedos, ossos de couro ou petiscos, escondidos em locais aces-
                                                                              do, faça respiração artificial (cap. 7). Se o coração tiver parado, comece a
  síveis da casa para que seu animal tenha atividade.
                                                                              massagem cardíaca (cap. 6). No caso de parada cardiorrespiratória, faça
  Caso o cão já tenha idade para sair, longos passeios ajudam a contro-       massagem cardíaca e respiração artificial conjuntamente (uma sequência
  lar o temperamento muito ativo.
                                                                              de 5 ou 6 pressões sobre o coração intercaladas por uma respiração).

                                                                              Aguarde os sinais vitais voltarem para verificar a extensão da queima-
               DICA:
                                                                              dura na boca e língua.
               Filhotes adoram roer tudo que encontram.
               Deixe os fios dos aparelhos elétricos des-                     Se o animal entrar em choque (queda de temperatura e aumento na fre-
               conectados da tomada quando o animal                           quência respiratória e cardíaca), proceda como descrito no capítulo 5.
               estiver sozinho em casa.                                       Encaminhe-o ao veterinário o mais depressa possível.


  40    Guia de primeiros socorros                                                                                    Capítulo 12 – Choques Elétricos   41
Capítulo 13

  Queimaduras                                                                 O que fazer no caso de QUEIMADURAS?
                                                                             Você vai precisar de:
           As queimaduras são classificadas de acordo com a                  Soro fisiológico frio e pomada antibiótica.
         gravidade da lesão. São causadas por agentes térmicos
        (água ou superfícies quentes e fogo), químicos (ácidos e             • O que fazer:
          substâncias cáusticas) ou elétricos (corrente elétrica).             - Queimaduras de 1o. e 2. graus devem ser tratadas com poma-
                                                                                 da antibiótica.

                                                                               - Não use produtos como creme dental sobre a área lesada.
  Queimadura de 1o. grau: lesão superficial que cicatriza, em mé-
  dia, após 10 dias.                                                           - Lave o local com soro fisiológico frio (ou água mineral) por
  Queimadura 2o. grau: lesão mais profunda que a anterior. Há perda              alguns minutos e aplique uma camada espessa de pomada an-
  dos pelos e formação de vesículas (bolhas). A pele cicatriza em 15 dias.       tibiótica. Reaplique o medicamento diariamente.
  Queimadura 3o. grau: lesão grave na qual toda a espessura da pele é
                                                                               - Não faça curativo fechado. Se for preciso, aplique uma compressa
  destruída. É um processo muito doloroso e de cicatrização lenta.
                                                                                 de gaze sobre a pomada para proteger a lesão.
  • Casos comuns de queimaduras:
                                                                                                          - Use colar de contenção para que o
     - Animais que comem comida caseira muito quente podem ter quei-
                                                                                                            animal não lamba e remova a poma-
       maduras de grau leve na boca e lábios.
                                                                                                            da da pele (cap. 3).
       - Acidentes envolvendo água fervendo derramada sobre os animais
         resultam em queimaduras de 3º. grau.                                                             - Se a queimadura for de 3o. grau, todo
       - Animais que lambem ou ingerem substâncias cáusticas presentes                                      o procedimento deve ser feito com o
         em produtos de limpeza podem queimar a boca e esôfago.                                             animal sedado. Aplique soro fisiológi-
       - Choques elétricos podem resultar em queimaduras na boca e língua.                                  co gelado sobre a pele queimada e
                                                                                                            leve a vítima ao veterinário. A dor é
       - Queimaduras de sol podem ocorrer em animais de pele e focinho
                                                                                                            muito intensa nesses casos.
         despigmentados (róseos).
                                                                               - Animais com queimaduras extensas podem entrar em estado de cho-
                 DICA:                                                           que (cap. 5). Se mais de 50% do corpo for atingido, há risco de morte.
                 Cães e gatos brancos devem usar protetor                      - Caso ocorra queimadura solar, evite que o animal se exponha ao
                 solar nas regiões mais expostas ao sol.                         sol e proteja o local com filtro solar.
                 Animais também podem ter câncer de pele.


  42      Guia de primeiros socorros                                                                                    Capítulo 13 – Queimaduras   43
Capítulo 14

  Vômitos e Diarreia                                                        Além disso, o organismo perde muito ácido. O animal torna-se fraco e
                                                                            apático, pois seu organismo está desequilibrado.

                                                                            Rajadas de sangue presentes no vômito nem sempre devem causar
           Vômitos e diarreia intensos não chegam a ser uma
                                                                            preocupação. Podem ser provocadas pelo rompimento de pequenos
        emergência veterinária, mas se o proprietário não tomar
                                                                            vasos durante o esforço de vomitar.
       medidas urgentes, o animal poderá morrer por desidratação.
                                                                            Grande quantidade de sangue expelido com o vômito pode ser resul-
                                                                            tado de envenenamento, iscas criminosas com vidro moído ou objetos
  • As causas do VÔMITO:
                                                                            pontiagudos engolidos pelo animal.
       - Dor abdominal intensa: problemas renais ou hepáticos, torções
                                                                            Gatos vomitam bolas de pelos periodicamente. Isso é normal. Cães
         no intestino ou estômago.
                                                                            podem vomitar esporadicamente sem que isso signifique uma doen-
       - Intoxicações diversas: as mais comuns são por produtos inseti-     ça. Animais que ingerem grama vomitam para aliviar algum descon-
         cidas usados na casa ou no animal (produtos anti pulgas tóxicos,   forto gástrico ou intestinal.
         inseticidas em excesso ou inadequados). Produtos de limpeza
         também podem causar intoxicações.
                                                                            • As causas da DIARREIA:
       - Doenças virais ou bacterianas: cinomose, parvovirose, in-
                                                                              - Vermes, viroses, intoxicações, estresse, mudanças alimenta-
         fecção uterina (piometra), dentre outras, apresentam o vômito
                                                                                res bruscas ou ingestão excessiva de alimentos.
         como um dos sintomas.

       - Tosse severa: o esforço constante em tossir pode causar vômitos.   Diarreia é a perda de líquido através das fezes, que se tornam pasto-
                                                                            sas ou aquosas. Se for muito intensa (líquida e em grande quantidade),
  O vômito pode ser atribuído a inúmeras causas. Não podemos deter-
                                                                            a diarreia causa desidratação severa rapidamente.
  minar a doença se apenas esse sinal clínico estiver presente.
                                                                            Mesmo que o animal continue bebendo água, a perda de líquido atra-
  O conteúdo do vômito tem aspecto espumoso e incolor. É constituído
                                                                            vés da diarreia é muito maior do que a reposição. Isso resulta em de-
  por suco gástrico, com ou sem restos alimentares. Pode apresentar
                                                                            sidratação leve, moderada ou grave. Ocorre desequilíbrio, pois o orga-
  coloração amarelada por refluxo de bílis.
                                                                            nismo torna-se alcalino. O animal fica apático, fraco e pode apresentar
  O animal que vomita excessivamente corre risco de desidratação, pois      tremores pela dor abdominal ocasionada por cólicas (fortes contrações
  ele não absorve os líquidos necessários para manter-se hidratado.         intestinais para expulsar as fezes).


  44      Guia de primeiros socorros                                                                              Capítulo 14 – Vômitos e Diarreia   45
Em casos de diarreia e vômitos intensos, é preciso corrigir a desidra-    O que fazer no caso de VÔMITOS e DIARREIAS?
tação, caso ocorra, e o equilíbrio do organismo. Esse procedimento
precisa ser feito por um veterinário.                                    Você vai precisar de:
                                                                         Seringa e soro caseiro.

                                                                         • O que fazer:
                                                                           - Verifique se o animal está de-
             DICA:                                                           sidratado: puxe a pele na lateral
                                                                             do corpo (cap. 1). Se a pele de-
             Quando o animal vomita alimentos e
                                                                             morar a voltar, há desidratação.
             água, suspenda os dois. Se ele tiver mui-
                                                                             Se a pele não voltar, a situação
             ta sede, coloque uma pedra de gelo para
                                                                             é grave e o animal corre risco de
             ele lamber e se acalmar.
                                                                             entrar em choque (cap. 5). Leve-o ao veterinário imediatamente.
                                                                           - No caso de vômitos e diarreia, a primeira coisa a fazer é retirar a
                                                                             comida. Jejum de 12 a 24 hs se faz necessário para a recupera-
                                                                             ção do estômago e intestino.
                                                                           - Caso o animal beba água e vomite, retire os líquidos também. En-
                                                                             quanto estiver comendo e bebendo, ele continuará a ter vômito e
                                                                             diarreia. A perda de líquidos irá se agravar.
                                                                           - Hidrate-o: ofereça pequenas quantidades de soro caseiro várias
                                                                             vezes ao dia. Use uma seringa para fazer com que o animal beba.
                                                                             Se o soro provocar vômitos, suspenda-o.
                                                                         A hidratação por via oral não é eficaz no caso de desidratação
                                                                         grave. Use-a apenas se não conseguir encontrar um veterinário.



                                                                                     Soro caseiro:
                                                                                     200ml de água fervida ou filtrada (1 copo)
                                                                                     1 colher de sobremesa de açúcar
                                                                                     1 pitada de sal



46    Guia de primeiros socorros                                                                              Capítulo 14 – Vômitos e Diarreia   47
Capítulo 15

  Ataque Epilético                                                           O que fazer no caso de ATAQUES CONVULSIVOS?

                                                                            Você vai precisar de:
       O animal pode sofrer um ataque esporádico ou ter histórico           Pano limpo, toalha grande ou cobertor.
                   de epilepsia (ataques frequentes).
                                                                            • O que fazer:
                                                                              - Observe o animal e evite que ele se machuque.
  Os ataques convulsivos assustam muito o proprietário inexperiente.
                                                                              - Não é necessário puxar a língua do animal, a menos que ele a
  Mas não há motivo para pânico.
                                                                                esteja mordendo e ferindo. Nesse caso, enrole um pano lim-
  A epilepsia é caracterizada por ataques convulsivos recorrentes. Ela          po e coloque entre os dentes dele para evitar que continue
  pode ser genética, ou seja, o animal herdou a doença de seus familia-         machucando a língua.
  res, ou adquirida. Nesse caso, um histórico de acidente com pancada
                                                                              - Se o animal é saudável e não sofre de problemas cardíacos gra-
  na cabeça, quedas, envenenamento ou intoxicações e algumas doen-
                                                                                ves, não há risco de morte. Aguarde o ataque passar.
  ças justificam o animal tornar-se epilético.
                                                                              - Caso o ataque tenha uma
  • Como reconhecer uma crise convulsiva (ataque):                              duração muito longa ou reco-
    O animal demonstra incoordenação, cai no chão e permanece dei-              mece, encaminhe o animal
    tado de lado em movimentos de pedalagem, como se estivesse ten-             ao veterinário imediatamente.
    tando levantar. Em alguns episódios, ele urina e defeca involuntaria-       Transporte-o em uma maca
    mente durante a crise. Pode haver ou não perda de consciência. O            feita de toalha ou cobertor.
    animal fica ofegante e aos poucos vai se acalmando.
                                                                              - Após retornar à consciência e estando recuperado, o animal pode
    Muitos voltam ao normal em alguns minutos, outros ficam abatidos            beber e comer. Mas certifique-se de que ele esteja 100% cons-
    durante o dia todo, demonstrando cansaço.                                   ciente. Ofereça alimento em pequenas quantidades.
    Nos casos mais graves, ocorrem crises sucessivas, durante horas.          - Cães e gatos epiléticos não devem ter acesso a áreas com piscina.
    Em situações assim, o animal deve ser levado imediatamente para             Durante um ataque o animal pode cair dentro dela e afogar-se.
    uma clínica a fim de receber medicação adequada para cessar a
    crise. Remédios por via oral nesse momento não surtem efeito.             - Procure observar quanto tempo durou a crise convulsiva e
                                                                                notifique o seu veterinário a respeito desse episódio. Ele irá
    Alguns animais demonstram claramente uma fase pré convulsão: fi-
                                                                                orientá-lo sobre o que fazer.
    cam agitados ou quietos demais várias horas antes da crise.



  48     Guia de primeiros socorros                                                                                  Capítulo 15 – Ataque Epilético   49
Capítulo 16

  Desmaios                                                                O que fazer no caso de DESMAIOS?
                                                                         Você vai precisar de:
                                                                         Nenhum equipamento especial.
         O animal pode sofrer perda de consciência por diversas
       causas, muitas elas ligadas à falta de oxigenação no cérebro.     • O que fazer:
                                                                           - Observe o animal e verifique se ele respira e o coração está batendo.

  Animais idosos, cardíacos ou com problemas circulatórios podem apre-      - Afrouxe coleira ou enforcador e certifique-se que não haja
  sentar desmaios após situações de extrema excitação ou estresse.            nada obstruindo a garganta.

                                                                                                          - Coloque o animal numa posição na
  Um exemplo disso é quando o dono chega, o cachorro faz muita festa                                        qual a cabeça fique mais baixa que
  e, subitamente, o cão parece “apagar” por alguns minutos. Essa mani-                                      o corpo. Você pode elevar levemente
  festação é típica de falta de oxigenação cerebral.                                                        a parte traseira dele. O intuito é fazer
                                                                                                            chegar sangue oxigenado ao cérebro.
  Não há motivo para pânico e o animal volta ao normal sozinho, na
  maioria das vezes. É claro que animais que apresentam esse qua-                                         - Caso ele não volte ao normal, mas-
  dro com frequência precisam ser examinados pelo veterinário. A causa                                      sageie vigorosamente o corpo do
  deve ser determinada e, quando possível, tratada.                                                         animal para estimular a circulação.

                                                                            - Se ele não acordar, tente novamente elevar a parte traseira para
  Coleiras muito apertadas e o uso de enforcador em cães que puxam
                                                                              que a cabeça fique a um nível mais baixo que o restante.
  demasiadamente o dono durante os passeios podem causar asfixia
  e desmaio. O mesmo acontece se o animal engolir um objeto que             - Não use substâncias com odor forte, como amoníaco. A sensibi-
  obstrua a passagem do ar.                                                   lidade olfativa dos animais é muitas vezes maior que a nossa e o
                                                                              cheiro forte será demais para ele.
  Contenção exagerada durante os banhos, a tosa ou procedimentos
  veterinários pode levar o animal a desmaiar.                              - Caso o animal não acorde, volte a monitorar os batimentos cardí-
                                                                              acos e a frequência respiratória. Encaminhe-o para uma clínica.

                                                                            - Comunique seu veterinário o ocorrido.




  50     Guia de primeiros socorros                                                                                    Capítulo 16 – Desmaios    51
Capítulo 17

  Asfixia                                                                  O que fazer no caso de ASFIXIA?
                                                                          Você vai precisar de:
       Uma das causas mais comuns é a deglutição de objeto                Lanterna pequena, gaze, pinça e toalha.
         que obstrua a garganta, como uma bolinha, um
                                                                          • O que fazer:
              pedaço de osso, brinquedos e outros.
                                                                            - Afrouxe a coleira ou enforcador.

                                                                            - Abra a boca do animal, puxe a língua com ajuda de uma
  Os animais podem sentir-se atraídos por coisas inimagináveis. Atente
                                                                              gaze e observe se existe algum objeto parado na garganta.
  sempre para que todo brinquedo oferecido ao seu animal seja de ta-
                                                                              Use a lanterna, se precisar.
  manho compatível com o porte dele.
  Se notar que o animal não consegue respirar e suas mucosas estão          - Caso você note alguma obstrução ou desconfie dela (o animal pode
  se tornando azuladas ou arroxeadas, tente descobrir rapidamente o           tentar colocar a pata dentro da boca), não tente empurrar o objeto.
  motivo da provável obstrução.
                                                                            - Se o animal estiver calmo ou desmaiado, você pode puxar o
  Cães e gatos podem chegar a desmaiar (cap. 15) em situações de              que estiver preso com a ajuda da pinça, caso consiga visu-
  asfixia pela falta de oxigenação no cérebro. Não entre em pânico.           alizar o corpo estranho.
  Concentre-se em desobstruir as vias aéreas, certificando-se de que
  o coração esteja batendo.                                                                               - Se não conseguir, aperte o tórax
                                                                                                            do animal com força para que o
  Um animal com edema pulmonar (água nos pulmões) pode apresentar                                           ar dentro dos pulmões expulse o
  extravasamento de líquido pelo focinho e boca. Ele não conseguirá                                         objeto. Faça isso várias vezes até
  respirar nesse caso e deve ser levado a uma clínica imediatamente.                                        que ele elimine o que estiver obs-
  Reações alérgicas muito fortes podem causar edema na garganta                                             truindo a passagem do ar.
  e dificuldade respiratória.
                                                                            - Caso o animal esteja com líquido no focinho e boca, vá secando com
  É comum observar o animal tentando “puxar o ar” emitindo um ruído
                                                  ,                           uma toalha enquanto o encaminha rapidamente ao veterinário. Ele
  estranho. A impressão é que ele não consegue respirar. Isso se repete       pode estar com edema pulmonar agudo, uma grave emergência.
  algumas vezes e depois cessa.
                                                                            - Edema na garganta ocorre por motivo de reação alérgica. Se isso
  Nesses casos, o animal não está sufocado, mas apresentando espas-           acontecer, faça respiração artificial (cap. 7) forçando a passa-
  mo nos brônquios, certamente pela inalação de uma substância que            gem do ar. Leve o animal depressa ao veterinário.
  lhe cause alergia (fumaça, perfume, etc.).


  52   Guia de primeiros socorros                                                                                        Capítulo 17 – Asfixia   53
Capítulo 18

  Problemas durante o parto                                                     - O feto é expulso aos poucos. A cabeça pode aparecer primeiro, ou as
                                                                                  patas traseiras. Essas duas apresentações são normais.

                                                                                - A bolsa pode se rasgar na passagem do feto pelo canal do parto
        A maioria das cadelas e gatas consegue parir seus filhotes
                                                                                  ou permanecer íntegra no momento do nascimento.
         sem ajuda alguma. Mas complicações podem acarretar a
                    perda da ninhada e até da fêmea.                            - Após o aparecimento do primeiro filhote, a fêmea rasgará a pro-
                                                                                  teção que o envolve. Passará a lambê-lo bastante para ativar a
                                                                                  circulação e secá-lo.
  É importante conhecer as etapas do parto normal, assim você ficará
  mais seguro e saberá se deve ajudar ou não.

       - Vinte e quatro horas antes do parto, a fêmea para de comer e passa
         a maior parte do tempo em seu “ninho” Ela pode tentar se esconder.
                                                .

       - A temperatura corpórea começará a baixar (inferior a 37º C).

       - Próximo ao momento do nascimento dos filhotes, a fêmea ficará
         mais agitada e inquieta. Irá cavar sua caminha e tentar juntar
         seus cobertores e panos. As gatas podem tentar entrar em locais        - A fêmea cortará o cordão umbilical com os dentes e comerá a placenta.
         de difícil acesso, bem escondidos.
                                                                                - Cada filhote será acompanhado por uma placenta. Deixe que ela
       - As contrações vão começar e você notará que o abdômen da fêmea           coma, pois é uma importante fonte de nutrientes para a fêmea.
         se retrai como se ela estivesse fazendo força para defecar. Ela pode
         querer ficar em pé. O dono deve acalmá-la para que ela se deite.       - O filhote procura as tetas da mãe e começa a mamar.

       - A bolsa com o filhote se pronuncia e fica bem evidente.



                                                                                          DICA:
                                                                                          Na última semana de gestação prepare um
                                                                                          lugar tranquilo e coloque lá a cama da fê-
                                                                                          mea para que ela se acostume com o local.




  54      Guia de primeiros socorros                                                                        Capítulo 18 – Problemas durantes o parto   55
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Primeiros socorros

  • 1. Silvia Parisi Guia de Primeiros Socorros para Cães e Gatos webanimal.com.br
  • 2. Índice Introdução.................................................................................................................... 3 Criação Cap. 1 - Informações básicas que você precisa saber ................................................ 4 Cap. 2 - Avaliação do quadro de emergência .............................................................10 Silvia Parisi Cap. 3 - Métodos de contenção e transporte ..............................................................12 Cap. 4 - Caixa de Primeiros Socorros .........................................................................18 Ilustrações Cap. 5 - Como fazer curativos.................................................................................... 20 Cap. 6 - Estado de Choque........................................................................................ 22 Flávia Brandão Cap. 7 - Parada Cardíaca .......................................................................................... 24 Cap. 8 - Parada Respiratória ..................................................................................... 26 Imagens da capa Cap. 9 - Hemorragias................................................................................................. 28 Cap. 10 - Ferimentos e Cortes Profundos .................................................................. 32 Regina Motta - Fotopatas Cap. 11 - Picadas de cobra ........................................................................................ 34 Cap. 12 - Choque Elétrico .......................................................................................... 40 Projeto Gráfico e Diagramação Cap. 13 - Queimaduras .............................................................................................. 42 Cap. 14 - Vômitos e Diarreia ...................................................................................... 44 Mariana Sousa Cap. 15 - Ataque Epilético.......................................................................................... 48 Cap. 16 - Desmaios ................................................................................................... 50 Cap. 17 - Asfixia ......................................................................................................... 52 Cap. 18 - Problemas durante o parto ......................................................................... 54 Cap. 19 - Afogamento ................................................................................................ 60 Cap. 20 - Rompimento de abscessos e tumores na pele .......................................... 62 Cap. 21 - Fratura ........................................................................................................ 64 Cap. 22 - Espinhos de ouriço..................................................................................... 66 Cap. 23 - Bernes e bicheiras ..................................................................................... 68 Cap. 24 - Atropelamento e quedas ............................................................................ 72 Cap. 25 - Intoxicação ..................................................................................................74 Cap. 26 - Exposição de órgãos da cavidade abdominal ............................................ 78 Cap. 27 - Choque pelo calor (intermação) ................................................................. 80 Cap. 28 - Quando o animal precisa de atendimento veterinário urgente? ................. 82 A autora ..................................................................................................................... 85
  • 3. Introdução O intuito deste guia é ensinar o proprietário como agir em situações de emergência. E disso poderá depender a vida do animal até que o atendimento veterinário seja possível. Você aprenderá o que deve ser feito em casos como atropela- mentos, convulsões, envenenamentos, picadas de cobra e outras situações inesperadas. É muito importante ter em mãos uma caixa de primeiros socorros com itens básicos para o atendimento emergencial. Leve-a sempre no carro com você quando for viajar ou em um passeio mais distante. Procure ler este guia previamente, pelo menos uma vez, pois isso o ajudará muito quando precisar. Você saberá o que fazer e terá mais autoconfiança. Lembre-se que, numa situação difícil, seja qual for o caso, mantenha a calma, ou você poderá cometer erros e não conseguir colocar em prática uma medida simples, mas importante. Além da orientação deste guia, você deve esclarecer dúvidas com o veterinário que trata seu animal. Tenha sempre anotado um te- lefone para localizá-lo facilmente, além do número de uma clínica com atendimento 24 hs. Todos os procedimentos aqui descritos são básicos e NÃO SUBSTITUEM o atendimento veterinário que deve ser feito posteriormente. Silvia Parisi Médica Veterinária www.webanimal.com.br Introdução 3
  • 4. Capítulo 1 Informações básicas que você precisa saber tendo. Por segurança, é melhor usar focinheira ou mordaça no cão e conter o gato enrolando-o numa toalha. Outros locais do corpo do ani- Para poder socorrer um cão ou gato, você precisa ter algumas informa- mal, como axilas e boca, não são apropriados para medir a temperatura. ções básicas de como funciona o organismo do animal. Só assim será possível avaliar o estado geral em que ele se encontra. • Hipertermia (aumento da temperatura acima de 39º C) Quando ocorre: As ocorrências graves em animais dividem-se em dois casos: - em episódios de febre - após exercícios físicos ou exposição ao sol • Emergência: requer medidas imediatas, pois a vida pode depender - quando o animal apresenta tremores (p. exemplo: medo) delas. Exemplo - hemorragia, parada cardíaca e/ou respiratória, atro- - durante confinamento em local muito quente (dentro do carro ou pelamento, envenenamento, choque elétrico, afogamento, etc. caixa de transporte em dias de verão). • Urgência: é uma ocorrência de menor gravidade, mas que precisa • Hipotermia (queda da temperatura abaixo de 38º C) ser socorrida a tempo para que o animal não tenha complicações Quando ocorre: mais sérias. Exemplo: vômito ou diarreia intensos, piometra (infecção - durante o estado de choque uterina), ausência de urina por mais de 24hs, convulsão e outros. - após hemorragia grave - em situações onde a temperatura externa é muito baixa. Obs: considere que a temperatura do animal está alterada e necessita Temperatura de atenção quando ela variar mais de meio grau centígrado, ou seja, • Valor normal – 38 a 39º C abaixo de 37,5º C ou acima de 39,5º C. • Como avaliar – lubrifique a ponta do termômetro com óleo, va- Batimentos cardíacos selina ou água. Introduza-o no ânus do animal até a metade e incline-o levemente para um dos • Valor normal – (média) 70 a 120 lados. Assim que o indicador da batimentos cardíacos por minuto temperatura parar de subir, o que leva um ou dois minutos, o termô- • Como avaliar – coloque a mão metro pode ser retirado. sobre o coração do animal, do lado esquerdo do tórax, bem Para que a leitura da temperatura atrás do “cotovelo” Faça isso . retal seja válida, o animal não pode com o animal deitado ou em pé. estar agitado demais ou se deba- Caso não consiga sentir nada, 4 Guia de primeiros socorros Capítulo 1 – Informações Básicas 5
  • 5. encoste a cabeça no tórax do cão /gato para ouvir se há batimentos. - após exercícios físicos ou exposição ao sol O ambiente precisa estar em silêncio. - situações de estresse - cães pequenos podem ter frequência respiratória aumentada • Taquicardia (aumento dos batimentos cardíacos) (condição normal). Quando ocorre: - em episódios de febre • Diminuição da frequência - após exercícios físicos ou exposição ao sol Quando ocorre: - em situações de estresse - durante anestesia ou sedação - cães pequenos podem ter a frequência cardíaca aumentada (con- - animal em estado terminal (pré-morte) dição normal). • Bradicardia (diminuição dos batimentos cardíacos) Coloração das mucosas Quando ocorre: • Valor normal – vermelho-róseo - cães atletas em estado de descanso têm o número de batimentos cardíacos menor (condição normal). • Como avaliar – pela coloração das mucosas, como conjuntiva (inte- - casos de doença cardíaca rior das pálpebras) e gengivas. - animal em estado terminal (pré-morte) • Alterações: - organismo com hipotermia (baixa temperatura) - mucosa pálida: estresse, anemia ou hemorragia grave - mucosa azulada ou arroxeada: falta de oxigenação, alteração cardíaca ou pulmonar. Freqüência respiratória - mucosa ressecada: desidratação • Valor normal – (média) 15 a 40 respirações por minuto • Como avaliar – observe o tórax do animal e conte cada elevação como uma respiração. • Aumento da frequência respiratória Quando ocorre: - em episódios de febre 6 Guia de primeiros socorros Capítulo 1 – Informações Básicas 7
  • 6. Condição de hidratação Cão ou gato “babando” não significa obrigatoriamente que ele esteja com raiva. A raiva é uma doença viral que o animal só adquire se for • Valor normal – pele elástica mordido por outro que esteja raivoso. A raiva não é transmitida pelo ar. • Como avaliar – através da elasticidade da pele. Basta puxá-la na Ao se deparar com um cão ou gato salivando, para sua segurança, use al- região lateral do corpo e observar se ela volta rapidamente à posição gum método de contenção que evite que o animal consiga mordê-lo (cap.3). normal. Também é possível detectar a desidratação observando a posição do globo ocular. Caso isso ocorra, o cão/gato deve ser observado por 10 dias. Se ele fugir, a vítima da mordida deve ser socorrida imediatamente em um hospital ou posto de saúde. Se o animal agressor morrer dentro do período de 10 dias de obser- vação, o corpo deve ser encaminhado para exame de raiva no CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) da cidade. NÃO SE ARRISQUE! Os parâmetros apresentados são importantes, mas em alguns casos • Alterações: de emergência não é possível avaliar todos. - a pele volta lentamente à posição normal: desidratação leve - a pele não volta à posição normal: desidratação grave Quando um dos procedimentos não for viável (cão/gato agitado, com - globo ocular retraído (“olho fundo”): desidratação grave muita dor ou agressivo), não se preocupe. Observe apenas aquilo que for seguro para você e para o animal. Deixe manobras arriscadas para o veterinário, pois ele está prepara- Salivação do para essas situações. Cães e gatos podem apresentar salivação intensa em casos de into- xicação, situações de estresse ou durante ataques convulsivos. Gatos DICA: podem salivar intensamente após ingerir medicamentos. Para avaliar a frequência cardíaca ou pul- monar, conte o número de batimentos ou Algumas raças de cães de focinho achatado salivam bastante, porém, respirações em 15 segundos e multiplique essa é uma condição normal. Exemplo: boxers, bulldogues, pugs e outros. por 4 para saber o valor em 1 minuto. 8 Guia de primeiros socorros Capítulo 1 – Informações Básicas 9
  • 7. Capítulo 2 Avaliação do quadro de emergência ladas, coração e/ou pulmões não estão funcionando bem. Se a muco- sa estiver pálida, o animal tem anemia ou pode estar ocorrendo hem- Caso você venha a se defrontar com uma situação de emergência, é orragia interna, caso a temperatura dele também esteja baixa (cap. 1). preciso fazer uma avaliação rápida do estado geral do cão/gato. 4º. Cheque o estado de hidratação puxando a pele da lateral das costas do É claro que você deve focar no problema mais evidente. Se for o caso animal. Se ela demorar a voltar ou não voltar, ele está desidratado (cap. 1). de um corte profundo com perda sanguínea importante, estanque primeiro a hemorragia e depois pense no resto. 5º. Observe a boca: O roteiro abaixo não precisa ser seguido exatamente na ordem em - note se há presença de sangue. que será apresentado. Em uma situação que necessita de intervenção - puxe a língua do animal (use um pedaço de gaze para não es- rápida, talvez você não tenha tempo de analisar todos esses itens. Mas corregar). Verifique se existe algum objeto obstruindo a garganta, é importante saber observar o estado geral do animal para poder agir. como: brinquedo, pedaço de osso e outros. - observe se todos os dentes estão firmes e inteiros. Para manipular o cachorro acidentado é imprescindível usar focinheira ou improvisar uma mordaça. 6º. Analise os olhos do animal para saber se há lesão nas pálpebras Gatos acidentados podem ficar extremamente ariscos. Use ou perfurações no globo ocular. Se tiver uma pequena lanterna, uma focinheira para gatos e/ou jogue sobre ele uma toalha para note se as pupilas dele reagem à luz contraindo-se (reflexo pupilar). diminuir o estresse. Toque nos cílios para verificar se há reação de piscar (reflexo pal- pebral). Se este último estiver ausente, o animal pode estar morto. Se houver sangramento, larvas de mosca ou outra condição nau- seante, use luvas. 7º. Avalie o focinho, observando se há líquidos, espuma ou sangue. 1º. Observe se o animal está respirando e se há batimentos cardía- 8º. Apalpe o abdômen para verificar se ele está flácido, contraído de- cos. Se esses sinais vitais estiverem ausentes, inicie a massagem mais e se há dor à palpação. cardíaca e/ou a respiração artificial (cap. 6 e 7). 9º. Verifique o restante do corpo para constatar possíveis ferimentos, 2º. Coloque a mão no abdômen do animal, em um local sem pelos, cortes, fraturas ou inchaços. para ter ideia de sua temperatura. Se achar que o cão/gato está frio ou quente demais, ou estiver em dúvida, meça a temperatura dele com o termômetro. Ela deve estar entre 38º C e 39º C. Variações de DICA: meio grau não causam preocupação (cap. 1). Após o exame geral, inicie o socorro pelo problema que comprometa a vida do ani- 3º. Analise a cor das gengivas e parte interna das pálpebras (mucosas). mal: parada cardíaca, parada respiratória e Elas devem estar com a coloração vermelho-róseo. Se estiverem azu- hemorragias são os principais. 10 Guia de primeiros socorros Capítulo 2 – Avaliação do quadro de emergência 11
  • 8. Capítulo 3 Métodos de contenção e transporte Se você não tiver uma focinheira ou ela não for do tamanho adequa- do para o cão, faça uma mordaça com um pedaço de faixa crepe ou Toda vez que você precisar socorrer um animal, não importa a es- improvise com o cadarço do sapato. Siga o esquema abaixo. pécie, lembre-se sempre: SE ESTIVER COM DOR, ELE REAGIRÁ TENTANDO MORDER. Mesmo que o animal seja seu, tenha temperamento dócil e nunca mor- deu alguém, a reação à dor é natural. Não esqueça jamais dessa in- formação. Se não considerar esse risco, além do animal, você também ficará machucado e não poderá ajudar em nada. Use um ou mais métodos descritos abaixo antes de começar o * Use sempre três laços: o primeiro em cima do focinho, o segundo embaixo e o atendimento. terceiro atrás da orelha. Assegure-se que a mordaça esteja firme. Se ficar frouxa, o cão conseguirá morder, mesmo com o focinho amarrado. Contenção • Focinheira ou mordaça: Não é possível fazer uma mordaça em gatos porque a espécie Existem modelos para cães e gatos. O modelo para gatos cobre toda possui focinho curto. a face, inclusive olhos. Isso ajuda a acalmar o animal estressado. As No caso de focinheiras, se ela tiver abertura na frente, como na focinheiras de nylon são maleáveis e não machucam. Há modelos maioria dos modelos para cães tem, cuidado. O cachorro pode mor- em plástico rígido também. der com os dentes da frente. E pode apostar que dói bastante! • Colar elizabetano e colar cervical: São usados para impedir que o cão/gato retire curativos ou arranque suturas. Nenhum deles restringe os movimentos. São vendidos em petshops e clínicas veterinárias. Usando um desses colares, o animal não alcançará nenhuma parte de seu corpo com a boca, podendo comer, beber e dormir com ele. 12 Guia de primeiros socorros Capítulo 3 – Métodos de contenção e transporte 13
  • 9. Utilize um dos colares para evitar que cão/gato arranque curativos. Se o animal estiver deitado, também é possível conter a cabeça pisan- do na guia, bem próximo à coleira. Colar elizabetano Colar cervical • Imobilização usando coleira e guia: Também nesse caso, uma segunda pessoa deverá ajudar, segurando as patas traseiras para o animal não se debater. É possível imobilizar o animal que Use esse método quando o cão não consegue se levantar, mas pode demonstra agressividade passan- virar-se e morder. do a guia pelas grades de um por- tão ou enrolando-a em um poste ou No caso de gatos, embora os métodos anteriores perna de uma mesa. Posicione o possam ser utilizados, a contenção mais comum em pescoço do cão bem encostado ao felinos é feita segurando o gato firmemente pela pele anteparo para que a cabeça fique atrás do pescoço com uma mão e usando a outra segura. Atenção para que a colei- para imobilizar as patas traseiras. ra esteja apertada o bastante para evitar que o animal escape, mas Um gato bravo é difícil de conter, pois além da mordi- não a ponto de causar asfixia. da, ele usa as garras para se defender e possui grande flexibilidade no corpo. Por esse motivo, em algumas si- Após a cabeça estar imobilizada, um ajudante deve segurar as patas tuações é preciso enrolar as extremidades das patas, traseiras para que o animal não se movimente. Use esse método quan- uma a uma, com fita crepe ou esparadrapo para evitar do o cão consegue ficar em pé e pode atacar durante o atendimento. que o gato exponha as unhas e consiga arranhar. 14 Guia de primeiros socorros Capítulo 3 – Métodos de contenção e transporte 15
  • 10. Outro método muito usado para conter gatos é enrolar o corpo Se o animal for grande, essa é a maneira mais segura para trans- do bichano numa toalha e segurá-lo firme junto ao corpo ou portá-lo. Dependendo da gravidade da situação, mesmo os animais sobre uma mesa. bem pequenos devem ser movimentados com uma “maca” Tenha . certeza que o material que você vai usar resistirá ao peso do cão. • Imobilização com o cambão: O cambão é uma haste rígida de metal com um laço na ponta. É muito usado para Se houver desconfiança de trauma ou fratura na coluna vertebral, o a captura de animais que não permitem a melhor a fazer é transportar o animal sobre uma superfície plana (tá- aproximação. Pode ser improvisado com bua de madeira ou algo similar). um pedaço de madeira com uma argola na ponta e uma corda. Os métodos de contenção apresentados não são cruéis, nem causam dor ou prejuízo aos animais, se aplicados conforme descrito. Alguns podem ser desconfortáveis, mas permanecerão apenas o tempo sufi- Transporte ciente para tratar o animal. O animal em situação de emergência, principalmente em casos de Deixar de usar um método de contenção é muito arriscado, principal- atropelamento, fraturas ou suspeita de hemorragia interna, deve ser mente quando não se conhece o animal que precisa de socorro. manipulado o menos possível. Movimentos bruscos podem agravar o quadro. Improvise uma maca usando um cobertor, lençol ou toalha. 16 Guia de primeiros socorros Capítulo 3 – Métodos de contenção e transporte 17
  • 11. Capítulo 4 Caixa de Primeiros Socorros • pomada antibiótica: para evitar infecções em Este é o material básico que você irá precisar: cortes e feridas. • compressas de gaze (2 a 4 embalagens peque- • luvas (1 par): para proteger as mãos de quem irá nas): para limpar e proteger ferimentos. socorrer o cão. • rolos de atadura/faixa crepe (2 rolos de tamanho • seringa de 10 ml: para irrigar ferimentos com antis- médio): para fixar curativos e talas. Pode ser usada sépticos e aspirar secreções. para amordaçar o cão. • esparadrapo micropore (1 rolo médio): para fixar • termômetro: para avaliar a temperatura retal. a faixa crepe em curativos ou imobilizar as patas de gatos que arranham. • pinça: para remover espinhos e larvas da pele ou objetos estranhos da garganta. • tesoura pequena com ponta arredondada: para cortar pelos e faixa crepe. • álcool antisséptico (1 frasco pequeno): para de- sinfetar as mãos de quem irá socorrer o animal e materiais metálicos (pinça e tesoura). • antisséptico (Líquido de Dakin, Água oxigenada 10 vol. ou Iodo Povidine): para desinfetar ferimentos, cortes e outras lesões da pele. • focinheira de nylon (opcional): para evitar mordidas. • soro fisiológico (4 ampolas de 10 ml cada): para • lanterna pequena (opcional): para observar cavida- limpar ferimentos e queimaduras. des e avaliar o reflexo da pupila. 18 Guia de primeiros socorros Capítulo 4 – Caixa de primeiros socorros 19
  • 12. Capítulo 5 Como fazer curativos Após a desinfecção da ferida, mantenha o local protegido. Use atadu- ras de gaze limpas e secas para esse fim. Aplique-as sobre o ferimento Curativo é o procedimento de limpeza, desinfecção e proteção de já limpo (fig. 2). uma lesão qualquer. Prepare o local que receberá o curativo (use luvas): Corte ou raspe com lâmina de barbear a pelagem em volta da ferida. Isso facilitará a visualização, limpeza e fixação do curativo. A limpeza de um ferimento deve ser feita com soro fisiológico. Fure a bisnaga com de soro o líquido com uma agulha grossa ou um peque- no corte é feito com a tesoura. Lave a lesão com jatos de soro. Esse procedimento permite que o local seja limpo, pois os pelos e todo tipo fig.1 fig.2 de sujeira serão eliminados. Para fixar a gaze, uma faixa crepe é o mais indicado, pois o esparadrapo Seque o ferimento com gaze após ter feito a lavagem. ficará aderido aos pelos e causará incômodo. Quando possível, enfaixe o Para desinfetar a ferida, podemos usar vários tipos de antissépticos. local e fixe a faixa crepe com esparadrapo. Se o curativo começar a sair Há aqueles que preferem usar água e sabão para eliminar bactérias. do lugar, você terá que fixá-lo na pelagem usando faixas de esparadrapo. Também é eficaz. Quando for trocar um curativo, observe se a gaze está aderida ao feri- Água oxigenada, líquido de Dakin (cuidado, pois ele mancha a rou- mento. Se estiver, umedeça o local com soro fisiológico até que a gaze de desprenda. Isso evita que o ferimento sangre. pa!) e iodo Povidine são muito utilizados nos curativos. Não use iodo em gatos, pois ele pode se intoxicar! Os animais detestam curativos e a primeira reação será tentar ar- rancar tudo com a boca. Aplique o antisséptico sobre o ferimento e vá secando com uma gaze. É importante usar um colar de contenção Pomadas antibióticas podem ser usadas no final e ajudam a evitar (cap. 3) para garantir a integridade do cura- infecções. O ferimento deve estar limpo e seco, sem sangue, pus ou tivo que você fizer. Troque o curativo dia- sujeira para que o antibiótico atue bem. riamente ou em dias alternados. Se optar por usar a pomada, aplique uma boa quantidade sobre uma Seu veterinário poderá indicar os produtos gaze e cubra o ferimento com ela. a serem usados nos curativos e a frequên- cia com que você deve trocá-los. 20 Guia de primeiros socorros Capítulo 5 – Como fazer curativos 21
  • 13. Capítulo 6 Estado de Choque O que fazer no caso de CHOQUE? Você vai precisar de: Cobertor, gaze, termômetro e bolsa térmica aquecida. Significa um deficiente suprimento de sangue para os órgãos vitais, uma condição que pode ser fatal. • O que fazer: - Mantenha o animal deitado de lado. - Posicione a cabeça e região do tronco mais baixos do que • Os sintomas do estado de choque são: a parte traseira do corpo. Isso garantirá que o sangue che- - temperatura do corpo baixa, principalmente nas extremidades gue ao cérebro e coração. (patas e orelhas) - Aqueça o animal: enrole-o em um cobertor e coloque uma bolsa - batimentos cardíacos acelerados térmica ou garrafa com água quente próxima a ele, se for possível. - respiração acelerada Controle a temperatura com o termômetro. - pode ou não haver perda da consciência - gengivas muito pálidas - pupilas dilatadas O animal pode entrar em estado de choque em casos de hemorragia grave, atropelamento, envenenamento, choque elétrico intenso, desidra- tação severa, queimaduras graves e outras situações de emergência. - Usando um pedaço de gaze, coloque a língua do cão para fora, de um dos lados da boca, para garantir que a respiração Quando o cão/gato entra em choque, a respiração e os batimentos não seja obstruída. cardíacos estão acelerados, porém fracos. - Estanque qualquer hemorragia (cap. 8). Essa é uma condição muito grave e requer atendimento imediato. É - Transporte ou movimente o animal delicadamente para evitar importante realizar algumas manobras para minimizar as consequên- traumatismos maiores e dores. Se possível, improvise uma maca cias do choque, a principal delas, a falta de suprimento sanguíneo no com um cobertor ou toalha grande (cap. 3). cérebro. Isso pode deixar sequelas neurológicas no animal. - Procure auxílio veterinário o mais rápido possível. Para isso, Por esse motivo, o animal em estado de choque deve ser encami- tenha sempre à mão o telefone e endereço do hospital veterinário nhado a uma clínica veterinária o mais depressa possível, para que 24hs mais próximo de sua localidade, ou clínica veterinária bem receba o tratamento necessário. equipada para atender emergências. 22 Guia de primeiros socorros Capítulo 6 – Estado de Choque 23
  • 14. Capítulo 7 Parada Cardíaca O que fazer no caso de PARADA CARDÍACA? Você vai precisar de: Durante a parada cardíaca, o coração cessa de bombear Nenhum equipamento é necessário. sangue para o restante do organismo. Ela pode ocorrer • O que fazer: isoladamente ou acompanhada de parada respiratória. - mantenha o animal deitado do lado direto. - inicie a massagem no coração o mais depressa possível. • Quando ocorre: • Massagem cardíaca Em animais que receberam forte choque ao morder fios elétricos, - Coloque as duas mãos sobre o após atropelamentos, quedas, afogamentos ou traumatismos gra- coração do animal. ves. Cães e gatos cardíacos submetidos a estresse ou exercícios intensos podem sofrer parada cardíaca. - Faça pressão firme e rápida sobre a região e solte, como • Sinais: se estivesse bombeando. Colocando a mão sobre o lado esquerdo do peito do animal, não há Você deve pressionar rápido e evidência de batimentos cardíacos. soltar, uma vez por segundo. O coração é o órgão responsável pela circulação do sangue que irá nutrir as células e promover a oxigenação dos tecidos. Quando ele - No caso de cães muito pequenos ou gatos, use as pontas dos para de exercer essa função, as consequências são graves. dedos para pressionar o coração. O local mais rapidamente afetado é o cérebro. Se o tecido cerebral - Massageie por 30 segundos (30 pressões) e observe se os bati- permanecer mais do que dois minutos sem oxigênio, lesões irrever- mentos cardíacos voltam. síveis nas células nervosas poderão ocorrer. A reanimação cardíaca deve ser feita imediatamente, assim que se - Continue realizando esse procedimento a caminho do veterinário for detectada a ausência dos batimentos do coração. se o coração não voltar a bater. - Se você já realizou a massagem cardíaca por mais de 30 minutos, mas sem sucesso, dificilmente o animal sobreviverá. DICA: Você também pode verificar se o coração pa- IMPORTANTE: no caso de você ter que realizar a massagem cardíaca e rou de bater ou não, encostando o ouvido no a respiração artificial (cap. 7) ao mesmo tempo, faça uma sequência de lado esquerdo do tórax do animal. 5 ou 6 pressões sobre o coração, intercalada por uma respiração. 24 Guia de primeiros socorros Capítulo 7 – Parada Cardíaca 25
  • 15. Capítulo 8 Parada Respiratória O que fazer no caso de PARADA RESPIRATÓRIA? Você vai precisar de: Durante a parada respiratória, o pulmão deixa de realizar Lenço ou qualquer pedaço de tecido fino. trocas gasosas. Não há inspiração nem expiração. Ela pode • O que fazer: ocorrer isoladamente ou acompanhada de parada cardíaca. - mantenha o animal deitado do lado direto. - observe se há alguma obstrução na garganta, causada por san- gue ou objetos. No caso de líquidos, tente aspirar com uma serin- • Quando ocorre: ga. Não tente tirar objetos da garganta. Pressione fortemente as Nos mesmos casos da parada cardíaca, ou seja, em animais que recebe- costelas do animal para que o objeto seja expulso. ram forte choque ao morder fios elétricos, após atropelamentos, quedas, afogamentos ou traumatismos graves e outras situações emergenciais. - inicie a respiração artificial imediatamente. • Sinais: • Respiração artificial: Observando o tórax do animal não há evidência de movimentos - Feche a boca do cão/gato e a mantenha fechada. respiratórios. - Cubra o focinho com um lenço ou pedaço de pano para evitar o Os pulmões realizam trocas gasosas no organismo e, em conjunto contato direto com as narinas do animal. com o coração, são responsáveis pela oxigenação das células. Sem - Eleve a cabeça do cão/gato oxigênio, os tecidos morrem. e encoste sua boca no foci- nho dele. Sopre para dentro Como no caso de parada cardíaca, o cérebro é rapidamente afetado das narinas até sentir que durante a parada respiratória. Se o tecido cerebral permanecer mais o peito do animal se eleva. do que dois minutos sem oxigênio, podem ocorrer lesões irreversí- veis nas células nervosas. - Em seguida, deite a cabeça dele e pressione as cos- A reanimação pulmonar deve ser feita imediatamente ao se notar telas delicadamente para que não há movimentos respiratórios. que o ar saia. - Em 1 minuto, repita o procedimento de 8 a 10 vezes. Verifique DICA: se o animal volta a respirar. Você também pode verificar se o animal - Continue a respiração artificial, caso ele ainda não esteja res- não está respirando encostando um pe- pirando sozinho. queno espelho no focinho. Se embaçar, NOTA: para massagem cardíaca e respiração artificial ao mesmo tem- ele está respirando. po: 5 ou 6 pressões sobre o coração seguidas por uma respiração. 26 Guia de primeiros socorros Capítulo 8 – Parada Respiratória 27
  • 16. Capítulo 9 Hemorragias O que fazer no caso de HEMORRAGIA EXTERNA? Você vai precisar de: Hemorragia é toda perda de sangue que o organismo Compressas de gaze, faixa crepe, esparadrapo, antisséptico e pomada antibiótica. pode sofrer, seja ela rápida (aguda) ou de forma lenta e gradativa (crônica), grave ou não. • O que fazer: - Aplique um pano limpo ou compres- sas de gaze sobre o local e pressione Dependendo da quantidade de sangue perdido poderá ocorrer ane- por alguns minutos. Mantenha a pres- mia. O animal anêmico apresenta letargia, falta de disposição, diminui- são até o sangramento parar (fig. 1). ção ou perda de apetite, respiração acelerada e mucosas muito pálidas - Coloque compressas de gaze sobre o fig.1 (gengivas e parte interna das pálpebras). ferimento e proteja com a faixa crepe, No caso de perda de grande volume de sangue em pouco tempo, exis- se o local permitir. Fixe com esparadra- po. Nunca deixe a lesão aberta para evitar te o risco de parada cardíaca. Isso acontece porque não há sangue o acesso de moscas ao ferimento (fig. 2). suficiente dentro das câmaras do coração para esse órgão “bombear” . - Leve o animal ao veterinário para de- • Hemorragia externa: sinfecção e sutura do corte. Se isso não Hemorragias externas são fáceis de detectar, pois você visualiza a for possível imediatamente, limpe o fe- fig.2 perda de sangue. Ela é provocada por cortes profundos, perfurações rimento com água oxigenada, líquido ou brigas entre animais. Hemorragias superficiais ocorrem quando de Dakin ou iodo povidine. Aplique pomada antibiótica. pequenos vasos que irrigam a pele são rompidos e a perda de sangue - Se um vaso sanguíneo for atingido, o sangramento não irá parar facil- é considerável, mas nunca fatal. Um exemplo é o sangramento causa- mente. Mantenha a pressão sobre a região até chegar ao veterinário. do por escoriação, pequeno corte ou outro ferimento na pele. Se um - Nas patas e cauda, você pode aplicar vaso sanguíneo for rompido (veia ou artéria), a hemorragia pode ser um torniquete se o sangramento for se- grave e deve ser estancada imediatamente. Os vasos atingidos mais vero. Com um pedaço de faixa crepe ou facilmente localizam-se nas patas, cauda, orelhas e pescoço. cadarço de sapato, amarre o membro um pouco acima da região do sangramento A hemorragia grave pode ser fatal, por isso, ela precisa ser inter- (fig. 3). Afrouxe a cada 5 minutos e de- fig.3 rompida o mais depressa possível e o volume de líquido perdido pois volte a apertar. pelo organismo, reposto. 28 Guia de primeiros socorros Capítulo 9 – Hemorragias 29
  • 17. • Hemorragia interna O que fazer no caso de HEMORRAGIA INTERNA? Esse tipo de hemorragia é difícil de detectar, porque não podemos Você vai precisar de: visualizar o sangue, nem ter certeza se há sangramento interno. Cobertor, termômetro e bolsa térmica aquecida. Após a queda de um lugar muito alto, pancada no abdômen ou tórax, • O que fazer: atropelamento ou outro acidente, o animal poderá perder sangue re- - Caso haja um acidente, atropelamento ou queda, meça a tempe- sultado do rompimento de um órgão ou vaso sanguíneo. ratura retal do animal com o termômetro (cap. 1). Repita a cada 30 Os sinais que podemos notar no caso de hemorragia interna minutos e observe se ela está caindo. são: queda de temperatura, palidez nas mucosas (gengivas e - Se o animal estiver agressivo, coloque a focinheira ou faça uma parte interna das pálpebras) e fraqueza. Pode haver perda de mordaça com um pedaço de faixa crepe ou cadarço de sapato consciência e dor abdominal. antes de qualquer procedimento (cap. 3). A temperatura dos cães e gatos varia de 38ºC a 39ºC. No caso de hipo- - Manipule o cão/gato com cuidado, evitando movimentos bruscos. termia (temperatura baixa), os valores serão inferiores a 37ºC (cap. 1). - Se a temperatura estiver baixa (inferior a 37,5º C) ou começar a O aparecimento de sangue na urina, fezes ou vômito, não significa diminuir, enrole o animal num cobertor e coloque uma fonte hemorragia interna. Quando ele aparece em pequenas quantidades ou com aspecto de rajadas, a causa da perda de sangue precisa ser de calor próxima a ele. Use bolsa térmica aquecida ou improvise investigada, mas não deve causar desespero. enchendo uma garrafa com água quente. Grandes quantidades de sangue eliminadas pelas fezes e vômito podem ter como causa envenenamento por “chumbinho” (veneno para ratos) ou ingestão de iscas com vidro triturado, ambos usados criminosamente para matar animais. - Mantenha o animal aquecido e encaminhe-o para o veterinário DICA: imediatamente. A parvovirose é a principal enfermidade em cães que causa perda sanguínea pelas fezes. - Transporte-o na posição deitada, sempre com a cabeça mais Mas isso não configura hemorragia interna. baixa em relação ao corpo. 30 Guia de primeiros socorros Capítulo 9 – Hemorragias 31
  • 18. Capítulo 10 Ferimentos e Cortes Profundos O que fazer no caso de FERIMENTOS E CORTES PROFUNDOS? Você vai precisar de: Podem ser causados por brigas, cacos de vidro, cercas de Compressas de gaze, faixa crepe, esparadrapo, antisséptico, pomada antibiótica e tesoura. arame farpado e outros objetos cortantes. • O que fazer: - Se houver hemorragia (cap. 8) estanque-a pressionando o local A pele é irrigada por pequenos vasos sanguíneos e as lesões causam com compressas de gaze ou pano limpo. Orelhas e patas costu- sangramento considerável. Não se apavore com o sangue, ele pode mam sangrar bastante e por longo tempo. ser controlado facilmente. - Certifique-se que nenhum vaso tenha sido atingido. Se houver Os cortes devem ser suturados em até seis horas após a lesão. muito sangramento e você não conseguir estancá-lo facilmente, Quando suturamos um corte exposto por muito tempo, é grande a alguma veia ou artéria foi lesada (cap. 8). chance de ocorrer infecção local. Por esse motivo, leve o animal ao - Após controlar o sangue, corte os pelos em volta do ferimento, veterinário assim que possível. se a pelagem for longa e o animal permitir. Caso não seja viável chegar ao veterinário a tempo de fechar o feri- - Limpe bem o local com soro fisiológico. Em seguida, aplique mento com pontos, mantenha-o limpo e protegido. antisséptico nas bordas e dentro do corte ou ferida. Seque o ferimento com gaze e aplique pomada antibiótica. Moscas podem depositar ovos em feridas abertas e suas larvas irão se desenvolver dentro da pele (miíase – cap. 22). - Proteja o corte das moscas co- brindo a lesão com gaze ou pano Se você estiver no campo (sítio ou fazenda) ou mesmo na cidade, e limpo. Esparadrapo direto na pele perceber insetos pousando no ferimento, use repelente de uso veteri- não é bem suportado pelos animais. nário ao redor da ferida, duas vezes ao dia. Use faixa crepe para fixar a gaze. Os cortes não suturados e ferimentos cujos pontos se romperam irão cicatrizar, porém, lentamente. A desvantagem da cicatrização sem pontos é que a cicatriz será maior e há risco considerável de miíase DICA: (larvas de moscas) no local. Os animais lambem os ferimentos e sua saliva possui propriedades cicatrizantes. Os curativos deverão ser diários e a lesão protegida de moscas e sujeira. Porém, cortes abertos são atrativos para as moscas. Mantenha-os fechados. 32 Guia de primeiros socorros Capítulo 10 – Ferimentos e Cortes 33
  • 19. Capítulo 11 Picadas de cobra • CASCAVEL É a segunda espécie que mais causa acidentes. Chega a medir 1,8 metros e possui chocalho na ponta da cauda. No Brasil, existem 70 espécies de cobras venenosas. Porém, - Sintomas do envenenamento: até 3 horas após o acidente, apenas algumas têm importância em casos de acidentes: sinais neurológicos. jararacas, cascavéis, corais e surucucus. O veneno causa alterações na visão (o animal pode andar como se estivesse tonto), dor muscular e urina avermelhada que irá se tornar mais escura com o passar do tempo. Os cães geralmente são picados na região do focinho, peito e pes- coço. Isto ocorre porque o cachorro aproxima-se para cheirar a - Complicações: insuficiência renal. cobra por curiosidade ou mesmo caçá-la. Acidentes com gatos são raros, mas podem acontecer. • SURUCUCU É uma cobra grande que chega a medir 4,5 metros. É comum na É importante saber o tipo de cobra que picou o animal, e para isso região amazônica. devemos conhecer os sintomas provocados pela picada das serpen- - Sintomas do envenenamento: inchaço no local, diarreia, vô- tes mais comuns em nosso país. mito e sangramento. • JARARACA • CORAL Responsável pela maioria dos acidentes com cobras no Brasil. Exis- Responsáveis por menos de 0,4% dos acidentes. É difícil diferenciar tem várias espécies que vivem em ambientes diferentes em todas as as corais verdadeiras das falsas, não venenosas. Vivem escondidas regiões do Brasil. Alcançam, no máximo, 2 metros de comprimento. em tocas e aparecem em inundações. O veneno é muito potente e - Sintomas do envenenamento: dor, inchaço muito evidente, man- pode matar em minutos. chas arroxeadas na pele ou dentro da boca e sangramento. Pode - Sintomas do envenenamento: sinais neurológicos como dificul- aparecer sangue na urina. dade para abrir os olhos, falta de ar, dificuldade de engolir, insufi- - Complicações: gangrena, descolamentos da pele, bolhas ou abs- ciência respiratória aguda. cesso no local da picada; insuficiência renal aguda. Para saber mais sobre acidentes com cobras, visite o site do Instituto Butantã: www.butantan.gov.br 34 Guia de primeiros socorros Capítulo 11 – Picadas de cobra 35
  • 20. • Como saber se o animal foi picado? ATENÇÃO! A picada é bem dolorosa. O local apresenta marcas de dentes, em- - Não faça torniquete: o torniquete era usado no passado para bora os pelos atrapalhem muito a visualização. evitar que o veneno se difundisse para o resto do corpo. Porém, fazendo o garrote, altas concentrações de toxinas no local da A região atingida pode inchar bastante e a pele tornar-se arroxeada. picada podem causar gangrena e perda do membro. Os pelos podem começar a descolar. Alguns animais entram em es- tado de choque (cap. 5) se uma grande dose de veneno for injetado. A quantidade de veneno que uma cobra injeta na vítima depende do tamanho da cobra, sua idade, se ela se alimentou recentemente ou não. Portanto, os sintomas podem variar de leves a graves. Os sinais também diferem dependendo do tipo de serpente. O incha- ço é característico nas picadas por jararacas. Já nas outras espécies são comuns sintomas neurológicos, como incoordenação e cegueira. Se o animal vive num local onde é frequente o aparecimento de co- bras, é melhor conversar com um veterinário da região e procurar ter - Não coloque remédios caseiros sobre a picada (terra, fumo, estocado em geladeira o soro específico para uso veterinário (dife- etc.), isso pode irritar ainda mais o ferimento e causar infecção. rente do soro humano). - Não corte o local da picada: o veneno da jararaca causa hemorragia; se você cortar a pele, o sangramento irá se agravar. O soro deve ser aplicado assim que possível, em até 6 horas após a picada. Se os sintomas forem leves, a aplicação é subcutânea. Em casos graves, ela deve ser feita por via endovenosa (na veia). Informe-se com o veterinário para que ele oriente você como aplicar o soro em caso de emergência. 36 Guia de primeiros socorros Capítulo 11 – Picadas de cobra 37
  • 21. • Evite as cobras - a limpeza é muito importante! O que fazer no caso de PICADA DE COBRA? Combata os ratos, pois as cobras alimentam-se deles. Mantenha Você vai precisar de: sempre limpos os terrenos, quintais e plantações. Deixe o lixo fora Compressas de gaze, antisséptico, pomada antibiótica, bolsa térmica da propriedade. Coloque os sacos de ração em locais altos ou em aquecida ou gelo. recipientes bem fechados. • O que fazer: - Independente do tipo de cobra que picou o cão ou gato, o atendi- • Equilíbrio Ecológico mento de emergência é o mesmo. Preserve os predadores. Emas, gansos, seriemas, gaviões, gambás - Mantenha o animal calmo e não deixe que ele se movimente muito. e a cobra muçurana são os predadores naturais das cobras vene- - Se o animal permitir, coloque um saco plástico com gelo sobre nosas. Desmatamentos e queimadas devem ser evitados. Além de o local da picada na tentativa de conter o inchaço. destruir a natureza, provocam mudanças nos hábitos dos animais, - Caso o animal entre em choque (temperatura baixa, batimentos car- que se refugiam em paióis, celeiros ou mesmo dentro das casas. díacos e respiração acelerados), mantenha-o aquecido (cap. 5). - Se conseguir achar o local da picada, limpe com água oxigenada e aplique pomada antibiótica. - Transporte o animal com uma “maca” feita com toalha, cobertor ou lençol (cap. 3). - Encaminhe o animal ao veterinário para que ele receba o soro espe- cífico. Esse é o único método eficaz para combater o envenenamento. DICA: Soro antiofídico polivalente (contra ja- raracas, surucucus e cascavéis) – uso veterinário: 0800 4007997 38 Guia de primeiros socorros Capítulo 11 – Picadas de cobra 39
  • 22. Capítulo 12 Choque Elétrico O que fazer no caso de CHOQUE ELÉTRICO? Você vai precisar de: Alguns animais gostam de roer fios elétricos, Pomada antibiótica principalmente os filhotes. Essa é a maneira mais comum • O que fazer: de cães e gatos serem atingidos pela descarga elétrica. - Se o animal levou o choque, mas não permaneceu conectado à corrente elétrica, você deve verificar se a boca e a língua apre- Dependendo da intensidade da corrente e do tempo em que o animal per- sentam sinais de queimadura. maneceu ligado a ela, as injúrias podem ser um simples susto, uma queima- - A região pode estar escurecida ou acinzentada. Na parte interna dura grave ou um comprometimento sério com parada cardiorrespiratória. da boca e na língua, não há o que fazer. Se a região externa foi Animais com queimaduras graves na boca podem se recusar a comer atingida, passe pomada antibiótica nas queimaduras. ou beber. Eles devem receber soro por via endovenosa, diariamente, para não correr risco de desidratação. - O animal relutará em comer por alguns dias. Ofereça alimentos líquidos e frios, como caldo de carne. Todo animal que passou por um episódio de choque elétrico deve ser observado por 2 a 3 horas quanto à dificuldade respiratória. Em alguns - Se o animal levou o choque e permanece conectado ao fio casos, ocorre edema pulmonar após o choque e a vítima deve ser le- elétrico, NÃO TOQUE NELE. Primeiro desconecte a tomada ou vada imediatamente ao veterinário. desative a rede elétrica. Para evitar comportamento destrutivo, como roer fios, deixe sempre Observe se o animal está consciente ou não. Se ele não estiver respiran- brinquedos, ossos de couro ou petiscos, escondidos em locais aces- do, faça respiração artificial (cap. 7). Se o coração tiver parado, comece a síveis da casa para que seu animal tenha atividade. massagem cardíaca (cap. 6). No caso de parada cardiorrespiratória, faça Caso o cão já tenha idade para sair, longos passeios ajudam a contro- massagem cardíaca e respiração artificial conjuntamente (uma sequência lar o temperamento muito ativo. de 5 ou 6 pressões sobre o coração intercaladas por uma respiração). Aguarde os sinais vitais voltarem para verificar a extensão da queima- DICA: dura na boca e língua. Filhotes adoram roer tudo que encontram. Deixe os fios dos aparelhos elétricos des- Se o animal entrar em choque (queda de temperatura e aumento na fre- conectados da tomada quando o animal quência respiratória e cardíaca), proceda como descrito no capítulo 5. estiver sozinho em casa. Encaminhe-o ao veterinário o mais depressa possível. 40 Guia de primeiros socorros Capítulo 12 – Choques Elétricos 41
  • 23. Capítulo 13 Queimaduras O que fazer no caso de QUEIMADURAS? Você vai precisar de: As queimaduras são classificadas de acordo com a Soro fisiológico frio e pomada antibiótica. gravidade da lesão. São causadas por agentes térmicos (água ou superfícies quentes e fogo), químicos (ácidos e • O que fazer: substâncias cáusticas) ou elétricos (corrente elétrica). - Queimaduras de 1o. e 2. graus devem ser tratadas com poma- da antibiótica. - Não use produtos como creme dental sobre a área lesada. Queimadura de 1o. grau: lesão superficial que cicatriza, em mé- dia, após 10 dias. - Lave o local com soro fisiológico frio (ou água mineral) por Queimadura 2o. grau: lesão mais profunda que a anterior. Há perda alguns minutos e aplique uma camada espessa de pomada an- dos pelos e formação de vesículas (bolhas). A pele cicatriza em 15 dias. tibiótica. Reaplique o medicamento diariamente. Queimadura 3o. grau: lesão grave na qual toda a espessura da pele é - Não faça curativo fechado. Se for preciso, aplique uma compressa destruída. É um processo muito doloroso e de cicatrização lenta. de gaze sobre a pomada para proteger a lesão. • Casos comuns de queimaduras: - Use colar de contenção para que o - Animais que comem comida caseira muito quente podem ter quei- animal não lamba e remova a poma- maduras de grau leve na boca e lábios. da da pele (cap. 3). - Acidentes envolvendo água fervendo derramada sobre os animais resultam em queimaduras de 3º. grau. - Se a queimadura for de 3o. grau, todo - Animais que lambem ou ingerem substâncias cáusticas presentes o procedimento deve ser feito com o em produtos de limpeza podem queimar a boca e esôfago. animal sedado. Aplique soro fisiológi- - Choques elétricos podem resultar em queimaduras na boca e língua. co gelado sobre a pele queimada e leve a vítima ao veterinário. A dor é - Queimaduras de sol podem ocorrer em animais de pele e focinho muito intensa nesses casos. despigmentados (róseos). - Animais com queimaduras extensas podem entrar em estado de cho- DICA: que (cap. 5). Se mais de 50% do corpo for atingido, há risco de morte. Cães e gatos brancos devem usar protetor - Caso ocorra queimadura solar, evite que o animal se exponha ao solar nas regiões mais expostas ao sol. sol e proteja o local com filtro solar. Animais também podem ter câncer de pele. 42 Guia de primeiros socorros Capítulo 13 – Queimaduras 43
  • 24. Capítulo 14 Vômitos e Diarreia Além disso, o organismo perde muito ácido. O animal torna-se fraco e apático, pois seu organismo está desequilibrado. Rajadas de sangue presentes no vômito nem sempre devem causar Vômitos e diarreia intensos não chegam a ser uma preocupação. Podem ser provocadas pelo rompimento de pequenos emergência veterinária, mas se o proprietário não tomar vasos durante o esforço de vomitar. medidas urgentes, o animal poderá morrer por desidratação. Grande quantidade de sangue expelido com o vômito pode ser resul- tado de envenenamento, iscas criminosas com vidro moído ou objetos • As causas do VÔMITO: pontiagudos engolidos pelo animal. - Dor abdominal intensa: problemas renais ou hepáticos, torções Gatos vomitam bolas de pelos periodicamente. Isso é normal. Cães no intestino ou estômago. podem vomitar esporadicamente sem que isso signifique uma doen- - Intoxicações diversas: as mais comuns são por produtos inseti- ça. Animais que ingerem grama vomitam para aliviar algum descon- cidas usados na casa ou no animal (produtos anti pulgas tóxicos, forto gástrico ou intestinal. inseticidas em excesso ou inadequados). Produtos de limpeza também podem causar intoxicações. • As causas da DIARREIA: - Doenças virais ou bacterianas: cinomose, parvovirose, in- - Vermes, viroses, intoxicações, estresse, mudanças alimenta- fecção uterina (piometra), dentre outras, apresentam o vômito res bruscas ou ingestão excessiva de alimentos. como um dos sintomas. - Tosse severa: o esforço constante em tossir pode causar vômitos. Diarreia é a perda de líquido através das fezes, que se tornam pasto- sas ou aquosas. Se for muito intensa (líquida e em grande quantidade), O vômito pode ser atribuído a inúmeras causas. Não podemos deter- a diarreia causa desidratação severa rapidamente. minar a doença se apenas esse sinal clínico estiver presente. Mesmo que o animal continue bebendo água, a perda de líquido atra- O conteúdo do vômito tem aspecto espumoso e incolor. É constituído vés da diarreia é muito maior do que a reposição. Isso resulta em de- por suco gástrico, com ou sem restos alimentares. Pode apresentar sidratação leve, moderada ou grave. Ocorre desequilíbrio, pois o orga- coloração amarelada por refluxo de bílis. nismo torna-se alcalino. O animal fica apático, fraco e pode apresentar O animal que vomita excessivamente corre risco de desidratação, pois tremores pela dor abdominal ocasionada por cólicas (fortes contrações ele não absorve os líquidos necessários para manter-se hidratado. intestinais para expulsar as fezes). 44 Guia de primeiros socorros Capítulo 14 – Vômitos e Diarreia 45
  • 25. Em casos de diarreia e vômitos intensos, é preciso corrigir a desidra- O que fazer no caso de VÔMITOS e DIARREIAS? tação, caso ocorra, e o equilíbrio do organismo. Esse procedimento precisa ser feito por um veterinário. Você vai precisar de: Seringa e soro caseiro. • O que fazer: - Verifique se o animal está de- DICA: sidratado: puxe a pele na lateral do corpo (cap. 1). Se a pele de- Quando o animal vomita alimentos e morar a voltar, há desidratação. água, suspenda os dois. Se ele tiver mui- Se a pele não voltar, a situação ta sede, coloque uma pedra de gelo para é grave e o animal corre risco de ele lamber e se acalmar. entrar em choque (cap. 5). Leve-o ao veterinário imediatamente. - No caso de vômitos e diarreia, a primeira coisa a fazer é retirar a comida. Jejum de 12 a 24 hs se faz necessário para a recupera- ção do estômago e intestino. - Caso o animal beba água e vomite, retire os líquidos também. En- quanto estiver comendo e bebendo, ele continuará a ter vômito e diarreia. A perda de líquidos irá se agravar. - Hidrate-o: ofereça pequenas quantidades de soro caseiro várias vezes ao dia. Use uma seringa para fazer com que o animal beba. Se o soro provocar vômitos, suspenda-o. A hidratação por via oral não é eficaz no caso de desidratação grave. Use-a apenas se não conseguir encontrar um veterinário. Soro caseiro: 200ml de água fervida ou filtrada (1 copo) 1 colher de sobremesa de açúcar 1 pitada de sal 46 Guia de primeiros socorros Capítulo 14 – Vômitos e Diarreia 47
  • 26. Capítulo 15 Ataque Epilético O que fazer no caso de ATAQUES CONVULSIVOS? Você vai precisar de: O animal pode sofrer um ataque esporádico ou ter histórico Pano limpo, toalha grande ou cobertor. de epilepsia (ataques frequentes). • O que fazer: - Observe o animal e evite que ele se machuque. Os ataques convulsivos assustam muito o proprietário inexperiente. - Não é necessário puxar a língua do animal, a menos que ele a Mas não há motivo para pânico. esteja mordendo e ferindo. Nesse caso, enrole um pano lim- A epilepsia é caracterizada por ataques convulsivos recorrentes. Ela po e coloque entre os dentes dele para evitar que continue pode ser genética, ou seja, o animal herdou a doença de seus familia- machucando a língua. res, ou adquirida. Nesse caso, um histórico de acidente com pancada - Se o animal é saudável e não sofre de problemas cardíacos gra- na cabeça, quedas, envenenamento ou intoxicações e algumas doen- ves, não há risco de morte. Aguarde o ataque passar. ças justificam o animal tornar-se epilético. - Caso o ataque tenha uma • Como reconhecer uma crise convulsiva (ataque): duração muito longa ou reco- O animal demonstra incoordenação, cai no chão e permanece dei- mece, encaminhe o animal tado de lado em movimentos de pedalagem, como se estivesse ten- ao veterinário imediatamente. tando levantar. Em alguns episódios, ele urina e defeca involuntaria- Transporte-o em uma maca mente durante a crise. Pode haver ou não perda de consciência. O feita de toalha ou cobertor. animal fica ofegante e aos poucos vai se acalmando. - Após retornar à consciência e estando recuperado, o animal pode Muitos voltam ao normal em alguns minutos, outros ficam abatidos beber e comer. Mas certifique-se de que ele esteja 100% cons- durante o dia todo, demonstrando cansaço. ciente. Ofereça alimento em pequenas quantidades. Nos casos mais graves, ocorrem crises sucessivas, durante horas. - Cães e gatos epiléticos não devem ter acesso a áreas com piscina. Em situações assim, o animal deve ser levado imediatamente para Durante um ataque o animal pode cair dentro dela e afogar-se. uma clínica a fim de receber medicação adequada para cessar a crise. Remédios por via oral nesse momento não surtem efeito. - Procure observar quanto tempo durou a crise convulsiva e notifique o seu veterinário a respeito desse episódio. Ele irá Alguns animais demonstram claramente uma fase pré convulsão: fi- orientá-lo sobre o que fazer. cam agitados ou quietos demais várias horas antes da crise. 48 Guia de primeiros socorros Capítulo 15 – Ataque Epilético 49
  • 27. Capítulo 16 Desmaios O que fazer no caso de DESMAIOS? Você vai precisar de: Nenhum equipamento especial. O animal pode sofrer perda de consciência por diversas causas, muitas elas ligadas à falta de oxigenação no cérebro. • O que fazer: - Observe o animal e verifique se ele respira e o coração está batendo. Animais idosos, cardíacos ou com problemas circulatórios podem apre- - Afrouxe coleira ou enforcador e certifique-se que não haja sentar desmaios após situações de extrema excitação ou estresse. nada obstruindo a garganta. - Coloque o animal numa posição na Um exemplo disso é quando o dono chega, o cachorro faz muita festa qual a cabeça fique mais baixa que e, subitamente, o cão parece “apagar” por alguns minutos. Essa mani- o corpo. Você pode elevar levemente festação é típica de falta de oxigenação cerebral. a parte traseira dele. O intuito é fazer chegar sangue oxigenado ao cérebro. Não há motivo para pânico e o animal volta ao normal sozinho, na maioria das vezes. É claro que animais que apresentam esse qua- - Caso ele não volte ao normal, mas- dro com frequência precisam ser examinados pelo veterinário. A causa sageie vigorosamente o corpo do deve ser determinada e, quando possível, tratada. animal para estimular a circulação. - Se ele não acordar, tente novamente elevar a parte traseira para Coleiras muito apertadas e o uso de enforcador em cães que puxam que a cabeça fique a um nível mais baixo que o restante. demasiadamente o dono durante os passeios podem causar asfixia e desmaio. O mesmo acontece se o animal engolir um objeto que - Não use substâncias com odor forte, como amoníaco. A sensibi- obstrua a passagem do ar. lidade olfativa dos animais é muitas vezes maior que a nossa e o cheiro forte será demais para ele. Contenção exagerada durante os banhos, a tosa ou procedimentos veterinários pode levar o animal a desmaiar. - Caso o animal não acorde, volte a monitorar os batimentos cardí- acos e a frequência respiratória. Encaminhe-o para uma clínica. - Comunique seu veterinário o ocorrido. 50 Guia de primeiros socorros Capítulo 16 – Desmaios 51
  • 28. Capítulo 17 Asfixia O que fazer no caso de ASFIXIA? Você vai precisar de: Uma das causas mais comuns é a deglutição de objeto Lanterna pequena, gaze, pinça e toalha. que obstrua a garganta, como uma bolinha, um • O que fazer: pedaço de osso, brinquedos e outros. - Afrouxe a coleira ou enforcador. - Abra a boca do animal, puxe a língua com ajuda de uma Os animais podem sentir-se atraídos por coisas inimagináveis. Atente gaze e observe se existe algum objeto parado na garganta. sempre para que todo brinquedo oferecido ao seu animal seja de ta- Use a lanterna, se precisar. manho compatível com o porte dele. Se notar que o animal não consegue respirar e suas mucosas estão - Caso você note alguma obstrução ou desconfie dela (o animal pode se tornando azuladas ou arroxeadas, tente descobrir rapidamente o tentar colocar a pata dentro da boca), não tente empurrar o objeto. motivo da provável obstrução. - Se o animal estiver calmo ou desmaiado, você pode puxar o Cães e gatos podem chegar a desmaiar (cap. 15) em situações de que estiver preso com a ajuda da pinça, caso consiga visu- asfixia pela falta de oxigenação no cérebro. Não entre em pânico. alizar o corpo estranho. Concentre-se em desobstruir as vias aéreas, certificando-se de que o coração esteja batendo. - Se não conseguir, aperte o tórax do animal com força para que o Um animal com edema pulmonar (água nos pulmões) pode apresentar ar dentro dos pulmões expulse o extravasamento de líquido pelo focinho e boca. Ele não conseguirá objeto. Faça isso várias vezes até respirar nesse caso e deve ser levado a uma clínica imediatamente. que ele elimine o que estiver obs- Reações alérgicas muito fortes podem causar edema na garganta truindo a passagem do ar. e dificuldade respiratória. - Caso o animal esteja com líquido no focinho e boca, vá secando com É comum observar o animal tentando “puxar o ar” emitindo um ruído , uma toalha enquanto o encaminha rapidamente ao veterinário. Ele estranho. A impressão é que ele não consegue respirar. Isso se repete pode estar com edema pulmonar agudo, uma grave emergência. algumas vezes e depois cessa. - Edema na garganta ocorre por motivo de reação alérgica. Se isso Nesses casos, o animal não está sufocado, mas apresentando espas- acontecer, faça respiração artificial (cap. 7) forçando a passa- mo nos brônquios, certamente pela inalação de uma substância que gem do ar. Leve o animal depressa ao veterinário. lhe cause alergia (fumaça, perfume, etc.). 52 Guia de primeiros socorros Capítulo 17 – Asfixia 53
  • 29. Capítulo 18 Problemas durante o parto - O feto é expulso aos poucos. A cabeça pode aparecer primeiro, ou as patas traseiras. Essas duas apresentações são normais. - A bolsa pode se rasgar na passagem do feto pelo canal do parto A maioria das cadelas e gatas consegue parir seus filhotes ou permanecer íntegra no momento do nascimento. sem ajuda alguma. Mas complicações podem acarretar a perda da ninhada e até da fêmea. - Após o aparecimento do primeiro filhote, a fêmea rasgará a pro- teção que o envolve. Passará a lambê-lo bastante para ativar a circulação e secá-lo. É importante conhecer as etapas do parto normal, assim você ficará mais seguro e saberá se deve ajudar ou não. - Vinte e quatro horas antes do parto, a fêmea para de comer e passa a maior parte do tempo em seu “ninho” Ela pode tentar se esconder. . - A temperatura corpórea começará a baixar (inferior a 37º C). - Próximo ao momento do nascimento dos filhotes, a fêmea ficará mais agitada e inquieta. Irá cavar sua caminha e tentar juntar seus cobertores e panos. As gatas podem tentar entrar em locais - A fêmea cortará o cordão umbilical com os dentes e comerá a placenta. de difícil acesso, bem escondidos. - Cada filhote será acompanhado por uma placenta. Deixe que ela - As contrações vão começar e você notará que o abdômen da fêmea coma, pois é uma importante fonte de nutrientes para a fêmea. se retrai como se ela estivesse fazendo força para defecar. Ela pode querer ficar em pé. O dono deve acalmá-la para que ela se deite. - O filhote procura as tetas da mãe e começa a mamar. - A bolsa com o filhote se pronuncia e fica bem evidente. DICA: Na última semana de gestação prepare um lugar tranquilo e coloque lá a cama da fê- mea para que ela se acostume com o local. 54 Guia de primeiros socorros Capítulo 18 – Problemas durantes o parto 55