Apresentação usada como guia na prática de docência compartilhada no estágio em Ensino Médio - Normal, no Colégio Estadual Julia Kubitchek, oferecido pela UERJ, Consórcio CEDERJ, no segundo semestre de 2014.
1. No Reino da Maré:
práticas de leitura e escrita numa
perspectiva de letramento
Juliana Figueiredo
aluna do 8º período de Pedagogia da UERJ - CEDERJ
2. O que é letramento?
• Qual a diferença entre alfabetização e
letramento?
3. • Alfabetizar é tornar o indivíduo capaz de ler e
escrever. Alfabetização é a ação de alfabetizar.
(SOARES, 2012)
4. LETRAMENTO: resultado da ação de
ensinar e aprender as práticas sociais
de leitura e escrita. (SOARES, 2012)
“Quem escreve? O quê escreve? Para quê escreve?
E por quê?” (SMOLKA, 2012, p.64)
5. No Reino da Maré...
• Leitura, escrita e oralidade vistas como
práticas discursivas (SMOLKA, 2012) estão
intimamente ligadas às artes como estímulos
à criação e ao desenvolvimento da capacidade
de imaginar das crianças.
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7. • As artes associadas a práticas discursivas
(SMOLKA, 2012) estimulam o comportamento
criativo da criança em relação a suas ideias e
histórias pessoais, levando-as a pensarem sobre
si e a expressarem seus modos de ver associados
à realidade. Este movimento se reflete no
processo de incentivo à autoria discente e
apropriação das funções da escrita.
Abrindo espaço para inventar histórias, personagens,
aventuras, cantar e brincar de ser, abre-se espaço para
interagir com o outro, consigo mesmo e
significativamente dar funções sociais aos usos da
leitura e da escrita.
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9. Como foi feito o livro “No Reino da
Maré?”
• Partiu de quais histórias?
• Quais as atividades envolvidas?
• Quais objetivos?
• Quais eram as expectativas?
10. Do príncipe Dragão aos príncipes e
princesas de verdade...
• Disse às crianças que recebi uma caixa com uma
carta em letras bem tremidas “Leia a Carta depois
de ouvir a história”.
• As crianças ouviram toda a história e, em seguida,
lemos a carta. O texto dizia: “Dentro dessa caixa
há um príncipe e uma princesa de verdade”.
“Como, tia? Deve ser ‘fantósqui’ (fantoche)! Ou
fotografias...”.
• E dentro da caixa, havia outra caixa, e outra caixa
e outra caixa até que...
17. De príncipes e princesas de vários
lugares do mundo até o Reino da
Maré...
• “Se eu fosse a Princesa/Príncipe/Rei/Rainha da
Maré, eu faria...”. Era o momento de refletir sobre
o próprio espaço onde vivem, identificar o que
precisa mudar, o que deve ser conservado, o que
falta, o que não pode ter e escrever essas ideias.
A esta altura, as crianças já sabiam que estavam
escrevendo um livro e esta escrita sem dúvida foi
um momento muito especial para todos.
18. • Numa proposta discursiva (SMOLKA, 2012), o
livro trouxe as crianças como autoras, escritoras e
ilustradoras da história sobre o que fariam no
bairro onde vivem se o governassem como
realezas.
• Partindo do discurso da criança, da sua voz, da
sua opinião, a escrita foi se desenhando nas
páginas do livro. Uma escrita significativa, na qual
ficam claros os motivos e as funções de emissores
e destinatários das mensagens.
19. O ato de imaginar
• Segundo Vigotski, (apud SMOLKA, 2012): “... a
imaginação não é um divertimento ocioso da mente,
uma atividade suspensa no ar, mas uma função vital
necessária”.
• Portanto, como exigir dos estudantes em pleno
processo de descoberta da escrita, que sufoquem sua
função vital, tão necessária à produção de seus textos?
A abordagem tradicional de ensino impede as crianças
de desenvolverem suas potencialidades criativas e tira
delas o interesse em escrever e ler. Ouso dizer que
simplesmente copiar letras e estruturas silábicas não
seja escrever, pois não há criação do que se escreve;
não existe uma função social nisso.
20. • Com o livro “No Reino da Maré”, as crianças
viveram uma experiência de autoria, relacionada
à escrita, à leitura, ao lugar onde vivem, ao ato de
imaginar, de ouvir histórias, criar e refletir sobre
suas próprias histórias e papéis sociais.
• As letras e as palavras ganharam corpo e voz,
palavras e fantasias, sentidos e textos numa
oficina de arte-educação, quando essas práticas
foram incentivadas de modo significativo, numa
perspectiva de letramento.
21. Algumas frases do livro “No Reino da Maré”,
escritas pelas crianças:
• “Se eu fosse Princesa da Maré, eu colocaria mais brinquedos na pracinha, faria
mais escolas e não deixaria ninguém andar armado na Maré.” Nathália
• “Se eu fosse Príncipe da Maré, eu ia levar todos os pobres para jantar no
restaurante.” Kauan
• “Se eu fosse Princesa da Maré, não sei o que eu faria, mas todas as meninas
teriam trancinhas e seriam lindinhas.” Edilaine
• “Se eu fosse Rei da Maré, eu dava um pai e uma casa para todo mundo.”
Anderson
• “Se eu fosse Rainha da Maré, eu daria família para as crianças.” Emile
• “Se eu fosse o Rei da Maré, eu levaria as pessoas à praia. Ia ajudar quem
estivesse na rua, com comida, carinho e amor. Eu ia ler histórias para todos.
Iríamos todo sábado na biblioteca para termos coisas boas e alegres dentro da
gente.” Kauan
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27. No Reino das Histórias...
A questão da identidade e da autoestima sempre ficaram evidentes no
trabalho com a turma 1201 e guiaram a oficina de Contação de Histórias
neste período de 2014. Trabalhamos com espelhos, dançamos diante dele,
ouvimos histórias de diversas origens e nos reconhecemos como Príncipes
e Princesas de verdade... Quer dizer, refletimos sobre o fato de que não
existe uma forma única, loira e de olhos azuis de princesa ou de príncipe,
mas várias, africanas, indianas, que soltam pum, com coroa ou sem coroa,
e uma que é igualzinha a cada uma das crianças – e essa, é a de verdade.
Foi emocionante assistir às crianças se reconhecendo únicas e
importantes. Refletimos, com a sequência das histórias desses
personagens, sobre os papéis que desempenham numa comunidade.
Quais são os deveres de um Rei para com seu povo? Será que ser Rainha
significa apenas usar coroa e capa? Eles concluíram que “realezas” cuidam
das pessoas e dos espaços onde estão, seja do bairro, da casa, de si, do
seu próprio reino, da sua própria história.
Juliana Figueiredo
Contadora de Histórias
28. Referências Bibliográficas
• BARBOSA, Ana Mae. Arte-educação: conflitos/acertos. 3ª Edição. São
Paulo: Editora Max Limonad, 1988.
• FERREIRO, Emilia. Cultura escrita e educação. Tradução Ernani Rosa –
Porto Alegre: Artmed Editora, 2001.
• MATOS, Gislayne Avelar. SORSY, Inno. O ofício do contador de histórias. 3ª
Edição. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2009.
• SMOLKA, Ana Luiza Bustamante. A criança na fase inicial da escrita: a
alfabetização como processo discursivo. - 13. ed. - São Paulo: Cortez, 2012.
• SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. - 3. ed. - Belo
Horizonte: Autêntica Editora, 2012.
• VIGOTSKI, Lev S. Imaginação e Criação na Infância. Apresentação e
comentários Ana Luiza Smolka; tradução Zoia Prestes. – São Paulo: Ática,
2009.
29. Apresentação usada como guia na prática de
docência compartilhada no estágio em Ensino
Médio - Normal, no Colégio Estadual Julia
Kubitchek, oferecido pela UERJ, Consórcio
CEDERJ, no segundo semestre de 2014.