O documento descreve a história do uso de plantas medicinais ao longo dos séculos, desde as civilizações antigas até os dias atuais. Aborda também o uso de plantas medicinais no Brasil pelos povos indígenas e a biodiversidade brasileira. Por fim, discute conceitos como farmacognosia, fitoterapia e a utilização de plantas medicinais pela população.
2. História
• As plantas medicinais foram os primeiros recursos terapêuticos
utilizados para o cuidado da saúde dos seres humanos e de sua
família (ALMEIDA, 2003).
• Mesopotâmia: 50.000 anos: Uso de plantas medicinais: mulheres:
agricultura e pecuária.
• Civilizações antigas: chinesa e indiana (há 5.000 anos);
• Egito: mumificação: mirra, canela, entre outras.
Papiros de Ebers: 1550 a.C: 500 plantas e 800 receitas.
• Bíblia: hissopo (família do orégano); alcaparra; açafrão; hortelã;
cominho; coentro; mostarda; alho-poró; mirra; cebola e alho.
• Hipócrates (468-377 a.C). Tratamento com mais de 400 espécies.
• Discórides (40-80 d.C.) Matéria Medica (Sobre as Formas de Curar),
foi o primeiro manual do gênero. Muito detalhado o texto descrevia
cerca de 600 espécies. (ELDIN & DUNFORTE, 2001)
3. • Idade Média, a fitoterapia, assim como toda a ciência, sofreu um
processo de estagnação.
• Renascimento, com o aparecimento dos alquimistas e a descoberta
das Américas com seus Xamãs indígenas, houve também o
―renascimento‖ da fitoterapia e outras práticas científicas.
• Brasil: Cabral: fitoterapia reinava.
• Período Pós-revolução Industrial, com o início da indústria de
síntese, a fitoterapia passa a ser relegada a um plano secundário.
• Séc. XIX: surge os medicamentos sintéticos (síntese AAS)
• Final do séc. XX: ressurge a utilização das plantas medicinais.
• O uso de plantas medicinais e fitoterápicos, com finalidade
profilática, curativa, paliativa ou para fins de diagnóstico, passou a
ser oficialmente reconhecido pela Organização Mundial de Saúde
(OMS) em 1978.
4. A história dos medicamentos
2.000 AC:
agora, coma esta raiz
1.000 AC:
aquela raiz é pagã. Agora, reze esta prece.
1.850 DC:
aquela prece é superstição. Agora, beba esta poção
1.920 DC:
aquela poção é óleo de serpente. Agora, tome esta pílula
1.945 DC:
aquela pílula é ineficaz. Agora, leve esta penicilina
1955 DC:
“oops”... Os micróbios mudaram! Agora, leve esta tetraciclina.
1960 - 1999:
mais 39 “oops”... Agora, leve este antibiótico mais poderoso.
2.000 DC:
os micróbios venceram! Agora, coma esta raiz.
5. PLANTAS MEDICINAIS NO
BRASIL
O indígena não conhecia somente a
localização do ouro ou onde poderia ser
encontrado o pau-brasil, ele também era
detentor de um saber que poderia
significar a diferença entre a vida e a
morte, em um biota completamente
desconhecido para o europeu. (SOUZA,
1971).
6. • Plantas medicinais empregadas na medicina popular
e práticas médicas vigentes relações culturais que
aqui se estabeleceram entre os grupos formadores
do país: os índios, os negros e os brancos.
• Certas plantas tiveram importância extraordinária na
história da medicina e da própria civilização. Um
notável exemplo: a quina.
• A quina foi o primeiro medicamento eficaz para a
cura da malária.
8. EM 1820, OS FRANCESES ISOLARAM A
QUININA, O PRINCIPAL COMPONENTE DA
QUINA, RESPONSÁVEL PELA ATIVIDADE
ANTIMALÁRICA.
QUININA
Alexandre F Neves 8
9. BRASIL MAIOR BIODIVERSIDADE DO
MUNDO
55.000 ESPÉCIES SUPERIORES
3.000 MEDICINAIS AROMÁTICAS
FITOTERÁPICOS (MILHÕES US$)
1998 500
2000 700
2010 1.000 (estimativa)
2005 – JÁ ATINGIU
“As plantas brasileiras não apenas curam:
fazem milagres”
(Von Martius, botânico alemão) 9
10. Enquanto no Brasil existe a
polêmica em relação a
fitoterapia, no mundo...
11. Pau Brasil
roubaram dos povos indígenas da
região o segredo de como extrair um
pigmento vermelho do Pau Brasil. A
árvore que deu ao Brasil seu nome,
está sendo preservada apenas em
alguns jardins botânicos.
Açaí
Fruto da palmeira Euterpe oleracea da
região amazônica que teve seu nome
registrado no Japão, em 2003. Por
causa de pressão de organizações
não-governamentais da Amazônia, o
governo japonês cancelou esta
patente.
12. Espinheira Santa
A espinheira santa (Maytenus ilicifolia) é nativa de muitas partes
da América do Sul e sudeste do Brasil. A empresa japonesa
Nippon Mektron detém uma patente de um remédio que se utiliza
do extrato da espinheira santa, desde 1996.
Curare
Uma mistura tóxica de várias plantas, usada tradicionalmente por algumas etnias
indígenas da Amazônia, para envenenar as pontas de suas flechas cuja fórmula foi
mantida em segredo pelos índios durante séculos, Alexander von Humboldt foi o primeiro
Europeu, em 1800, a testemunhar e descrever como os ingredientes eram preparados. O
curare começaria a ser utilizado como um anestésico em 1943, quatro anos depois que
seu ingrediente ativo, o d-tubocurarine foi isolado.
Quinina
Os povos indígenas usavam a planta para tratamento de febre. Derivado da árvore de
cinchona (Cinchona officinalis), ela foi usada na década 20 nos Estados Unidos para o
tratamento de malária. O produto ficou conhecido como "casca de febre dos Índios" (Indian
fever bark) e foi usado na Europa desde o inicio do século 16. A demanda pela cinchona
desencadeou um processo de exploração que quase a fez extinta. Contrabandeando a
planta da América do Sul para Java, em 1865, o inglês Charles Ledger, na verdade,
contribuiu com sua preservação. E apenas sessenta anos mais tarde, mais que 95% do
quinina do mundo vinha de Java.
13. Jaborandi
Planta (Pilocarpus pennatifolius) só
encontrada no Brasil, o jaborandi
tem sua patente registrada pela
indústria farmacêutica alemã Merk,
em 1991.
Mandioca
A Biolink quer patentear cumaniol,
uma substância extraída de um
veneno feito da mandioca
selvagem, usado para pesca na
Amazônia. O novo produto, de
acordo com a companhia
Canadense, pode ser usado para
parar o coração durante cirurgias
delicadas.
14. Avanços
Portaria MS nº 971, maio/2006: aprova a Política Nacional de
Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no Sistema
Único de Saúde (SUS).
• SUBGRUPOS : Medicina Tradicional Chinesa/acupuntura;
Homeopatia; Fitoterapia (elaboração da Relação Nacional de
plantas medicinais e fitoterápicos, bem como o provimento do
acesso aos usuários do SUS); Medicina Antroposófica.
Decreto Federal nº 5.813, junho/2006: instituiu a “Política
Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos”, que
incentiva as pesquisas e dá diretrizes para implantação de
serviços em caráter nacional pelas Secretarias de Saúde dos
Estados, Distrito Federal e dos Municípios.
15. UTILIZAÇÃO DE PLANTAS PELA
POPULAÇÃO
• A Organização Mundial da Saúde (OMS)
acredita que, atualmente, a prática do uso
de plantas medicinais é tida como a
principal opção terapêutica de
aproximadamente 80% da população
mundial.
16. PORQUE A POPULAÇÃO USA PLANTAS
MEDICINAIS?
• Busca por remédios fitoterápicos
• Fatores socioeconômicos: pobreza
• Manutenção das tradições: cultura
• Falência do sistema tradicional de saúde
• Mudança de paradigmas humanos: consciência
ecológica
• O desenvolvimento de uma farmacologia natural
científica, ética e responsável.
18. FARMACOGNOSIA
Deriva de duas palavras gregas:
• Pharmakon = droga, medicamento, remédio,
veneno;
• Gnosis = conhecimento.
Um dos mais antigos ramos da farmacologia;
Estudo do uso, da produção, da história, do
armazenamento, da comercialização, da
identificação, da avaliação e do isolamento de
princípios ativo, inativo ou derivados de animais
e vegetais.
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19. FARMACOGNOSIA
FARMACOBOTÂNICA FARMACOZOOLOGIA
Se preocupa com as drogas Se preocupa com as drogas
de origem vegetal. de origem animal.
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20. FARMACOGNOSIA
FITOTERAPIA OPOTERAPIA
Utiliza-se de drogas de Utiliza-se de drogas de
origem vegetal para o origem animal para o
tratamento de doenças e tratamento
infecções. de doenças e infecções.
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21. Farmacobotânica
• SISTEMÁTICA VEGETAL
– Objetivos – identificação, nomenclatura e classificação das
plantas;
– Categorias Taxonômicas:
• Unidade fundamental: espécie;
• Conjunto de espécies que se assemelham: gênero;
Família<Ordem<Classe<Divisão
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22. Sistemática Vegetal
Espécie Mentha sativa
Hortelã pimenta Mentha piperita
Hortelã verde - Mentha spicata
Poejo- Mentha pulegium
Hortelã Crespa - Mentha crispa
Hortelã doce- Mentha arvensis
Gênero Mentha
Família Lamiaceae
Ordem Lamiales
Classe Magnoliopsida
Divisão Magnoliophyta
Reino Plantae
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23. Nomenclatura
COMO DAR NOMES ÀS PLANTAS?
• Nome científico: binômio, escrito em
latim.
– Ex.: Coffea arabica L.
• Coffea – denominação genérica ou gênero
• arabica – denominação específica ou espécie
• L. – indica a primeira letra do nome do
pesquisador que indentificou pela primeira vez a
espécie.
24. Aloe vera
A primeira palavra corresponde ao gênero
e deve ser escrita em letra inicial
maiúscula.
A segunda palavra corresponde à espécie e
deve ser escrita em letra inicial minúscula.
Quando não conhecemos a espécie,
usamos o termo “spp”.
Por exemplo: a Mentha spp pode ser a
Mentha arvensis e a Mentha piperita.
O nome científico deve estar em itálico,
negrito ou grifado.
25. • Nome Popular:
− São regionais. Uma mesma planta pode receber vários
nomes populares, de acordo com a região.
− Ex.: Guaco
Científico: Mikania glomerata Spreng.
Populares: Guaco, erva-das-serpentes, uaco, cipó-
catinga, cipó-sucuriju, erva-cobre e erva-de-cobra.
26. Definições:
– Planta medicinal: planta utilizada de forma tradicional, com
finalidade terapêutica.
– Droga vegetal: planta medicinal ou suas partes, após processo
de coleta, estabilização e secagem, podendo ser integra,
triturada ou pulverizada.
– Derivado de droga vegetal: produto de extração da matéria
prima vegetal, ou seja: extrato, tintura, óleo, suco e outros.
– Matéria prima vegetal: planta medicinal fresca, droga vegetal
ou derivados de droga vegetal. Compreende os estágios pelos
quais passa a planta medicinal até a elaboração do fitoterápico.
– Medicamento Fitoterápico: é todo medicamento obtido
exclusivamente com matéria-prima vegetal. É caracterizado pelo
conhecimento de sua eficácia e segurança, de sua
reprodutibilidade e constância de sua qualidade.
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32. Alguns medicamentos fitoterápicos que
podem ser vendidos sem prescrição:
É permitida a dispensação sem a prescrição médica:
• Aesculus hippocastanum (castanha-da-india – fragilidade capilar,
insuficiência venosa)
• Allium sativum (alho – coadj .em hiperlipidemia e hipertensão arterial
leve, auxiliar na prevenção da aterosclerose)
• Aloe vera (babosa – cicatriz. em queimaduras térmicas (1 e 2º graus) e
radiação)
• Arnica montana (arnica – equimoses, hematomas e contusões -
TÓPICA)
• Calendula officinalis (calêndula – cicatrizante, antiinflamatório)
• Centella asiatica (centela – insuficiência venosa dos membros
inferiores)
• Cynara scolymus (alcachofra – colerético, colagogo)
• Eucalyptus globulus (eucalipto - anti-séptico e antibacteriano vias
aéreas super., expector.)
• Glycyrrhiza glabra (alcaçuz – expectorante, coadjuvante em úlceras
gástricas e duodenais)
• Hamamelis virginiana (hamamélis – hemorróidas e equimoses)
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33. • Matricaria recutita (camomila - antiespasmódico intestinal, dispepsias
funcionais. Uso tópico: antiinflamatório)
• Maytenus ilicifolia (espinheira-santa - dispepsias, coadj. em gastrite e úlcera
gastroduod.)
• Melissa officinalis (melissa - carminativo, antiespasmódico, ansiolítico leve)
• Mentha piperita (hortelã-pimenta - carminativo, antiespasmódico intestinal,
expectorante)
• Mikania glomerata (guaco - expectorante, broncodilatador)
• Panax ginseng (ginseng - estado de fadiga física e mental, adaptógeno)
• Passiflora incarnata (maracujá - ansiolítico leve)
• Paullinia cupana (guaraná - psicoestimulante/astenia)
• Peumus boldus (boldo-do-chile – colagogo (estimula o fluxo biliar),
colerético (aumenta a secreção), dispepsias funcionais, distúrbios
gastrointestinais espásticos)
• Pimpinella anisum (erva-doce – expector., antiespasmód., carminativo,
dispeps. funcionais)
• Senna alexandrina (sene - laxativo)
• Rhamnus purshiana (cáscara-sagrada - constipação ocasional - Não utilizar
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continuamente por mais de uma semana)
34. PRINCÍPIOS ATIVOS
São as substâncias bioativas, isto é, que
têm ação medicinal. São compostos que
conferem ação terapêutica às plantas
medicinais.
35. TANINOS
• O que são taninos?
• um grande grupo de substâncias naturais,
complexas, de natureza fenólica.
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36. Aplicações farmacológicas:
• antídotos em intoxicações por metais
pesados e alcaloides;
• adstringentes:
via externa: cicatrizantes;
via interna: antidiarreicos;
• antissépticos;
• antioxidantes.
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37. BARBATIMÃO
(Stryphnodendron adstringens)
• Tem ação antisséptica,cicatrizante, antibacteriana e
antifúngica.
• Indicações:
Uso interno: gastrite, úlcera e dor de garganta.
Uso externo: Tratamento de feridas, hemorroida,
gengivites, infecções vaginais
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38. GOIABEIRA
(Psidium guajava)
• Atividade antimicrobiana, antidiarreica, fungicida, bactericida,
antioxidante, antiulcerativa, sedativa, antitussígena,
tonificante do coração, utilizado em bochechos e gargarejos
para inflamações na boca e na garganta.
• Indicações: Afecção da garganta, aftas, diarreia, estomatite,
gengivite, tosse, hemorragia.
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39. FLAVONÓIDES
• São conhecidos mais de 2000 flavonoides,
sendo o maior grupo de compostos fenólicos
naturais encontrados na natureza.
41. Ginkgo biloba L.
• Antioxidante, inibidor da agregação plaquetária, regulador da
vascularização do cérebro.
• Indicação:
Uso interno : combate a perda da memória, os distúrbios de concentração,
os distúrbios vasculares periféricos, os zumbidos no ouvido ou vertigens,
a ansiedade. Exerce também um efeito antioxidante e protetor. Esta planta
pode ter virtudes preventivas contra os tumores e a aterosclerose.
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42. CAMOMILA
(Matricaria chamomila L.)
• Antiespasmódica, carminativa, calmante, cicatrizante, tônica,
emoliente, refrescante, antisséptica, anti-inflamatória.
• Indicações: cólicas espasmódicas, indigestão, atenuar alergias
e doenças de pele, tranquilizante. Utilizada para prevenir
rachaduras de peles secas. Na tensão pré-menstrual pode ser
utilizada por seu efeito sedativo, relaxante muscular, contra
insônia.
42
43. ANTRAQUINONAS
• Substâncias fenólicas derivadas da dicetona do
antraceno.
• Ação farmacológica principal: laxativos e
catárticos, por agirem irritando o intestino
grosso, aumentando a motilidade intestinal e,
consequentemente, diminuindo a reabsorção de
água.
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46. • é também utilizado no tratamento tópico de
inflamações e infecções da mucosa oral;
• pode ser falsificado por ruibarbo rapôntico
(principalmente R. rhaponticum L.) que, além
de apresentar teores bem menores de
antraquinonas, pode causar intoxicação grave,
inclusive fatal (alto conteúdo de ácido oxálico
corrosivo).
46
47. ALCALÓIDES
• Atuam no sistema nervoso central (calmante,
sedativo, estimulante, anestésico,
analgésicos). Alguns podem ser cancerígenos e
outros antitumorais.
• Ex.: Cafeína do café e guaraná, teobromina do
cacau, pilocarpina do jaborandi, etc.
Café Guaraná Cacau
49. ÓLEOS ESSENCIAIS
• Bactericida, antivirótico, cicatrizante,
analgésico, relaxante, expectorante e
antiespasmódico.
• Ex.: mentol nas hortelãs, timol no tomilho e
alecrim, ascaridol na erva-de-santa-maria.
Hortelã Tomilho Erva-de-santa-maria
50. Glicosídeos Cardiotônicos
• O que são?
• compostos caracterizados pela ação
altamente específica, homogênea e potente
que exercem sobre o músculo cardíaco;
• medicamentos de escolha na insuficiência
cardíaca.
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51. Ações farmacológicas e uso:
Indicados no tratamento da insuficiência cardíaca
crônica (congestiva), ICC:
• doença de progressão lenta, caracterizada pela
incapacidade dos ventrículos em bombear
quantidades adequadas de sangue para manter
as necessidades periféricas do organismo.
• é acompanhada de sintomas de cansaço aos
esforços, retenção hídrica e redução da
expectativa de vida.
• principal causa de hospitalização do idoso e de
mortalidade cardiovascular.
51
53. CUIDADO!
• Cada planta tem seu uso e indicação certa. Por isso só aceite
indicação de pessoa competente que entende de plantas
medicinais.
• Qualquer planta medicinal só serve se for usada de forma correta.
• Quando for preparar seu chá use sempre a planta fresca colhida em
lugar seguro, no quintal ou na horta de plantas medicinais.
• Não use plantas medicinais sujas, doentes ou mofadas.
• Nunca use plantas medicinais colhidas em beiras de estradas ou
em locais sujos; elas podem estar contaminadas e causar
problemas de saúde.
• Crianças e mulheres grávidas só devem tomar remédios que sejam
indicados pelos médicos ou pelos especialistas em plantas
medicinais.
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54. TOXICIDADE
“Se não fizer bem, mal também não faz.”
• Deve-se tomar muito cuidado com as ervas tóxicas, pois se utilizadas sem
critérios poderão produzir efeitos indesejáveis, como intoxicações
moderadas ou fortes, irritações nas mucosas ou na pele, alergias e outros
efeitos colaterais.
• Exemplo 1: canela, alecrim, boldo, louro, arruda e babosa.
Não deve ser usadas por mulheres grávidas porque provocam aborto.
• Exemplo 2: arnica.
É muito tóxica e irritante das mucosas, por isso não deve ser ingerida.
Arruda Boldo
Arnica Flor de arnica
55. Exemplo 3: ginko biloba.
É um anticoagulante do sangue.
Exemplo 4: Funcho.
É um convulsivante acima de 20g/L.
56. CONCENTRAÇÃO DE PRINCÍPIOS ATIVOS
• A concentração de princípio ativo varia conforme a época e
maturação ou crescimento da erva.
Exemplos:
• Folhas: usar as folhas adultas e viçosas e o melhor período
é antes da floração até o término da mesma.
• Talos: colhidos da mesma forma e com os mesmos cuidados
aplicados as folhas.
• Cascas: usar as cascas de plantas adultas principalmente
durante a floração da planta.
• Raiz: após o término da floração.
57. O horário da colheita também é importante:
* No caso das folhas e flores: deve ser feita pela
manhã, depois da evaporação do orvalho.
* No caso das raízes: deve ser feita no finalzinho da
tarde.
Obs. 1: Evitar colheitas na chuva ou logo após a
mesma.
Obs. 2: As plantas aromáticas devem ser colhidas no
final da tarde, pois é o período em que há maior
concentração de princípios ativos.
58. Formas de utilização
a) infusão i) xarope
•b)As principais formas de uso são: suco fresco
chá tradicional - tisana j)
c) decocção k) banho
d) maceração l) compressa
e) extratos m) inalação
f) unguento n) pó
g) cataplasma o) óleo
h) tintura
59. INFUSÃO
• É usado quando se querem retirar os princípios ativos de
um vegetal aromático, através de um leve cozimento,
para tanto basta derramarmos água fervente sobre o
vegetal desejado, tampar e deixar em infusão pelo
período de 15 a 20 minutos, podendo ser ingerido
quente ou frio.
• Exemplo: infusão da camomila.
60. • Parte da planta ............................................... 05 gr.
• Água quantidade suficiente para.....................100 ml
Despejar água fervendo num recipiente com
plantas. Tampar e deixar em infusão 5 a 30
minutos (flores, folhas). Em seguida coar,
adoçar se preferir.
60
61. CHÁ TRADICIONAL – TISANA
• É usado para retirar os princípios ativos, quando estes
apresentam características aromáticas.
• Preparo: coloca-se água no fogo, quando entrar em ebulição,
coloca-se os vegetais frescos, lavados e picados na água,
desligando-se posteriormente o fogo. Abafa-se e deixe esfriar.
Exemplo: chá de hortelã.
62. DECOCÇÃO
• A finalidade é a mesma da infusão, porém o processo é usado para
partes mais duras como casca ou raiz, de maior resistência à ação
da água quente.
• Preparo: colocar as ervas numa vasilha, despejar água fria, levar ao
fogo para o cozimento, deixando ferver por cinco ou dez minutos e
em casos de partes mais endurecidas até trinta minutos. Após o
cozimento, retirar do fogo e abafar por mais alguns minutos.
63. • Cozimento de raízes, cascas de varias
plantas que vai de 3 a 15 minutos. Mexer
bem, em seguida, com uma colher. Use
dentre um dia.
• Planta............100 grs.
• Água............. 1.000 ml.
63
64. MACERAÇÃO
• Ao contrário do que muita gente pensa macerar não é ―macetar‖. É
um processo feito a frio, usando água, álcool, vinagre, vinho,
glicerina ou outro líquido extrativo, deixando que a extração do
princípio ativo ocorra naturalmente por um tempo determinado
(horas ou dias),conforme a indicação.
• 50 a 200 gramas para 1 litro de líquido — água, álcool.
• Exemplos: vinho, licores
65. Garrafada Anti-inflamatória (Próstata, ovário
inflamado, útero e rins).
• Partes das Plantas: Casca de quixabeira, cajueiro-
roxo, aroeira, ameixa, babatenô, favela, jatobá; raiz
de coco-catolé; fruto de romã (casca do fruto).
• Modo de preparar: Retire a metade do vinho,
coloque as plantas 10-15 g de cada e complete para
um 1 litro de vinho branco, macere durante 3 dias.
• Dose e posologia: Um cálice, duas vezes ao dia.
Durante um mês.
• Solvente: Vinho Branco.
(DANTAS, 2007).
66. TINTURAS
• São preparações genéricas de ervas que se
usam relações variadas de água e álcool. A
maioria das tinturas são feitas de plantas secas
a 20%. Geralmente, usa-se 1 parte seca da
erva, 2 partes de água e 2 partes de álcool
(DANTAS, 2007).
67. ALCOOLATURA
• São tinturas feitas com plantas frescas
• As alcoolaturas são obtidas pela ação do álcool sobre drogas
frescas que não podem sofrer processos de estabilização e
secagem, pois perdem a sua atividade.
• Na alcoolatura, são empregadas partes iguais em peso de planta
fresca e de álcool a um título elevado para evitar uma diluição
elevada pela água liberada pela planta.
• O modo de preparação é muito simples, basta macerar por 8 dias a
droga fresca rasurada em um recipiente fechado, com álcool, fazer
uma expressão e logo após uma filtração.
68. XAROPE
• É a preparação de uso prolongado, usado principalmente para
doenças da garganta, pulmão e brônquios.
• O xarope medicamentoso deve ser preparado da seguinte
maneira: dissolve-se 850 gramas de açúcar em 450 mililitros
de água potável e quente, aquece-se até a diluição e obtendo-
se um ponto de fio entre os dedos. Sempre atingindo um litro
da mistura. Pode-se adicionar chá da erva ou tintura vegetal.
69. SUCO FRESCO
• Este é um processo para ser usado de imediato. Pode
ser feito de duas maneiras:
• Primeira: quando temos frutos maduros e moles, basta
para tal espremê-los em um pano.
• Segunda: quando temos outros tipos de frutos, folhas ou
mesmo flores e sementes. Usa-se o liquidificador ou
mesmo pilão de socar alho. Podem ser diluídos ou não
em água.
70. A HORA CERTA DE TOMAR UM CHÁ
• Como cada uma das Plantas Medicinais tem uma ação
característica, devemos sempre tomar alguns cuidados, como
nunca tomar à noite chás com plantas que sejam estimulantes
do sistema nervoso central ou tônico, pois estes podem
atrapalhar o seu sono.
• Ao levantar-se prefira os tônicos e estimulantes para enfrentar
o seu dia de trabalho, logo podemos tomar chás de alecrim,
canela, gengibre e tomilho.
71. • No horário do almoço, indica-se os digestivos como: camomila, erva-
doce, manjericão, hortelã e boldo.
• A tarde prefira os menos calmantes como: hortelã, sálvia e erva-doce.
• Ao jantar indica-se para uma boa noite de sono relaxante: capim limão,
melissa, casca de maçã e camomila.
73. PLANTAS ANTIDIARRÉICAS
• Plantas usadas para parar a diarréia.
• Exemplos:
1. Abóbora: usa-se a polpa cozida.
2. Arroz: maceração dos grãos crus por 6 horas ou a
água do arroz cozido.
3. Goiaba, Jabuticaba e Tamarindo: princípio ativo:
tanino. Usa-se infusão de folhas ou cascas do caule.
74. PLANTAS CARMINATIVAS
• São plantas que ajudam a eliminar os gases.
Exemplos:
1. Anis, Erva-doce: princípio ativo: anetol. Usa-se o chá três vezes ao
dia.
2 . Camomila: princípio ativo: azuleno. Usa-se o chá três vezes ao dia.
3. Canela do ceilão: princípio ativo: óleo essencial: aldeído cinâmico.
Usa-se chá três vezes ao dia.
4. Erva cidreira capim e Melissa: princípio ativo: óleo essencial: citral.
Usa-se três vezes ao dia.
Anis Camomila Canela Melissa
75. PLANTAS ANTIEMÉTICAS
• São plantas que amenizam o vômito.
Exemplos:
1. Hortelã: princípio ativo: óleo essencial: mentol.
Usa-se chá das folhas e flores, três vezes ao dia.
2. Noz moscada: princípio ativo: óleo essencial:
miristicina. Usa-se chá das sementes de uma a duas vezes
ao dia.
Hortelã Noz moscada
76. PLANTAS LAXATIVAS
• São plantas que aumentam o trânsito intestinal.
Exemplos:
1. Ameixa: princípio ativo: glicosídeos antraquinônicos: quercetina.
Deixa-se o fruto de molho em um copo com água de um dia para o outro.
2. Babosa: princípio ativo: glicosídeos antraquinônicos: áloe emolina.
Use o suco da folha com água em jejum.
3. Beterraba: princípio ativos: fibras. Usa-se uma raiz cozida nas
refeições.
4. Figo:princípio ativo: mucilagens. Ferver o fruto maduro e deixar
em repouso durante a noite. Tomar em jejum.
Ameixa Babosa Beterraba Figo
77. PLANTAS EMÉTICAS
• São plantas que provocam vômito eliminando o conteúdo
alimentar do estômago.
Exemplos:
1. Losna: componente absintina é um bloqueador do
S.N.C com poder acumulativo, pode causar convulsões e
alucinações. É abortivo em qualquer dosagem.
2. Louro: princípio ativo: óleo essencial: cineol e
princípios amargos. 2g em um copo de água.
Losna Louro
78. PLANTAS DIGESTIVAS
• São plantas usadas para acelerar o processo de digestão.
Exemplos:
1. Abacate: princípio ativo: óleo fixo, mucilagens e
enzimas digestivas. Comer a polpa do fruto após as refeições.
2. Abacaxi: princípio ativo: enzima digestiva: bromelina.
Comer a fruta após as refeições. A bromelina facilita a
digestão das gorduras.
3. Boldo: princípios ativos: amargos e terpenos. Suco
fresco das folhas.
Abacate Abacaxi Boldo
79. PLANTAS DIGESTIVAS
4. Hortelã: princípio ativo: óleo essencial: mentol. Chá das
folhas e flores.
5. Mamão: princípio ativo: enzima digestiva: papaína.
Ingerir a polpa do fruto após as refeições.
6. Salsa: princípio ativo: óleo essencial: apiol e dilapiol.
Chá das folhas após as refeições.
Hortelã Mamão Salsa
80. PLANTAS COLAGOGAS E COLERÉTICAS
• São plantas que ajudam o fígado e a vesícula a ter um bom
funcionamento.
Exemplos:
1. Alcachofra: princípio ativo: glico-alcalóide: cinarina.
Chá da folha três vezes ao dia.
2. Boldo: princípios ativos: amargos e terpenos. Suco
fresco das folhas.
3. Carqueja: princípio ativo: substâncias amargas e óleos
essenciais: pinenos e carquejol. Chá das folhas após as
refeições.
Alcachofra Carqueja
81. PLANTAS DIURÉTICAS
• Plantas que auxiliam na eliminação de urina.
Exemplos:
1. Abacateiro: princípio ativo: óleo essencial: D. perseitol. Usa-
se o chá das folhas, duas vezes ao dia.
2. Aipo: princípio ativo: apiina. Usa-se infusão das folhas, três
vezes ao dia.
3. Avenca: princípios amargos: capilarina. Usa-se infusão das
folhas, três vezes ao dia.
4. Milho: princípios ativos: saponinas, tanino, ácido palmítico.
Usa-se infusão das estigmas, três vezes ao dia.
Abacate Aipo Avenca Cabelo de Milho
82. PLANTAS ANTITUSSÍGENOS E EMOLIENTES
• São plantas que atuam nos problemas respiratórios.
Exemplos:
1. Agrião: princípios ativos óleo essencial, glicosídeos.
Usa-se suco fresco de toda a planta com mel, três vezes ao
dia.
2. Abacaxi: princípio ativo: enzima: bromelina usado na
síntese de produtos antiasmáticos. Usa-se xarope do fruto.
3. Cebola: princípio ativo: óleo essencial: alicina.
Excelente expectorante e bactericida potente. Usa-se xarope
dos bulbos.
Agrião Abacaxi Cebola
83. PLANTAS ANTITUSSÍGENOS E EMOLIENTES
4. Eucalipto: princípio ativo: óleo essencial: cineol ou
eucaliptol. Usa-se xarope das folhas.
5. Guaco: princípio ativo: ácido mikânico e a cumarina.
Usa-se xarope das folhas, três vezes ao dia.
6. Gengibre: princípios ativos: óleo essencial: zingiberens.
Melhora a digestão e mascara o gosto de peixe cru. Usa-se
xarope dos rizomas.
7. Poejo: princípio ativo: óleo essencial: puligona e
mentona.
Eucalipto Guaco Gengibre Poejo
84. PLANTAS GALACTAGOGAS
• São plantas usadas para aumentar a produção de leite.
Exemplos:
1. Algodoeiro: princípio ativo: acetovanilona, betaina e
fitosterois. Usa-se a decocção das sementes.
2. Funcho: princípio ativo: óleo essencial: anetol e
fencona. Usa-se chá dos frutos.
3. Manga: princípio ativo: óleo essencial: α e β terpeno;
ácido anacárdico; anacardiol e cardol. Usa-se infusão das
folhas, uma hora antes de amamentar.
Algodoeiro Funcho Manga
85. PLANTAS SEDATIVAS
• São plantas que ajudam como sedativos brandos.
Exemplos:
1. Melissa: princípio ativo: óleo essencial: citral. Macera-
se as folhas em vodka ou o chá das folhas frescas.
2. Maracujá: princípio ativo: alcalóides (armano, armina e
armolo) glicosídeos, flavonóides e taninos. Usa-se chá das
folhas picadas.
Melissa Maracujá
86. PLANTAS HIPOGLICEMIANTES
• São plantas que ajudam no tratamento do diabetes.
Exemplos:
1. Jambo, Jambolão e Pata de vaca: princípio ativo:
aminoácidos hipoglicinas A e B. Usa-se infusão das folhas, três
vezes ao dia.
Jambo Jambolão Pata de vaca
87. PLANTAS PARA ÚLCERAS
• Plantas usadas no tratamento de úlceras pépticas.
Exemplos:
1. Couve: princípio ativo: vitamina U (Brasinina). Usa-se o
suco das folhas frescas, depois das refeições.
2. Espinheira santa: princípio ativo: óleo essencial, tanino,
ácido clorogênico e amirina. Usa-se a infusão das folhas, três
vezes ao dia.
3. Repolho: princípio ativo: vitamina U (brasinina). Usa-se
suco das folhas frescas, após as refeições.
Couve Espinheira santa Repolho
88. PLANTAS USADAS EM QUEIMADURAS
SOLARES
• São plantas com alto poder cicatrizante.
Exemplos:
1. Babosa: princípio ativo: mucilagens refrescantes e Áloe
emolina (recuperadora de tecido epitelial). Usa-se o suco
fresco das folhas, aplicar sobre os locais irritados pelos raios
de sol.
2. Goiabeira: princípio ativo: tanino (vaso constritor
periférico) O tanino ajuda a coagular as proteínas da pele.
Usa-se infusão das folhas ou cascas do lenho, aplica-se sobre a
pele irritada.
Goiabeira Babosa
89. A fitoterapia, além de resgatar a cultura
tradicional do uso das plantas medicinais pela
população, possibilita a ampliação do seu
acesso, a prevenção de agravos e da
promoção, manutenção e recuperação da
saúde baseada em modelo de atenção
humanizada e centrada na integralidade do
indivíduo, contribuindo ao fortalecimento dos
princípios fundamentais do Sistema Único de
Saúde –SUS.