O documento analisa a parábola dos trabalhadores na vinha contada por Jesus. Ele explica que, espiritualmente, não há preocupação com tempo de trabalho, ganhos ou merecimento, mas sim com graça e fé. Aqueles que questionam os pagamentos iguais não entendem a dimensão espiritual onde todos são agraciados independente de esforços.
O Livro dos Mortos do Antigo Egito_240402_210013.pdf
Os trabalhadores na vinha
1. Os Trabalhadores na Vinha
Mc 4:1-20
Se as parábolas de Jesus girassem sempre no plano material, todas
elas teriam um simbolizado injusto. Só que as injustiças pairam
sempre sobre os símbolos materiais da parábola e, não sobre o seu
simbolizado espiritual.
Por isso, encontramos cristãos preocupados com as imagens de
barro ou madeira que de certa forma não dignas de reverência
sagrada alguma. É a confusão dos que se preocupam com o dedo que
aponta o Caminho, e não com o Caminho!
A “turma do dedo”, sempre está de plantão quanto à forma exterior
que a imagem possui, se há algum ritual agregado, qual dos “dedos”
que aponta o Caminho sagrado, em que mão ele se encontra, etc.
Isso se compara, ao nome da Igreja, tipo de congregação, CNPJ,
ideologia cristã, teologia, tradutor bíblico, se guarda o sábado, se é
pentecostal ou neo-pentescostal, se é tradicional ou ortodoxa, etc.
A parábola aqui acima, não trata do plano quantitativo e horizontal
do nosso ego que é aqui representado por valores de ganhos e
perdas de forma quantitativa, nunca de forma qualitativa.
“O reino dos céus é semelhante a um pai de família que saiu de
madrugada para contratar trabalhadores para a sua vinha...”
Se alguém gasta 12 horas de trabalho tem de ganhar uma
recompensa correspondente ao seu esforço e gasto. Trabalho é
despesa, esforço, recompensa é receita e premiação.
Este é o nosso mundo com as suas leis. Se assim não fosse, não
haveria a necessidade deste tipo de barganha... A igualdade entre
o gasto e o ganho como recompensa, fazem parte daquilo que se
julga justiça no mundo material.
Aqui, o tempo de trabalho material é previamente combinado entre
as partes. O tempo de trabalho é injustamente desproporcional ao
pagamento das partes envolvidas, já que uns trabalham “... por um
2. dia, com o pagamento de um denário, outros, na terceira hora, que
estavam desocupados, tratados por um pagamento justo, outros
ainda, na sexta e nona hora. Perto da undécima hora, saiu e
encontrou outros desocupados, e perguntou-lhes: Porque estiverdes
desocupados o dia todo? Responderam-lhes: Porque ninguém nos
contratou. Disse-lhes: Ide vós também para vinha, e recebereis o
que for justo.” O símbolo material de injustiça está bem expresso
aqui. Só que segundo o seu simbolizado espiritual, e, como tal, nada
tem que ver com as categorias de tempo, espaço, quantidade,
ganhos, perdas e recompensas, que são próprias do mundo e,
ambiente próprio do ego, pois o mesmo só se encontra em meio a
paradoxos. No Reino espiritual, não há tempo, quantidade, espaço,
perdas e ganhos combinados previamente; só há Eternidade,
Qualidade e Graça.
Só que na visão de Jesus e, segundo as suas palavras: “Quando
tiverdes feito tudo que devíeis fazer, dizei: somos servos inúteis
(sem crédito e sem direito a recompensa), porque cumprimos a
nossa obrigação, nenhuma recompensa merecemos por isto”.
Isso, se todos estivessem na dimensão espiritual Cristica; mas não
foi o que aconteceu.
“Suportando o peso e o calor do dia”, como um da primeira hora
alega, ao se ver injustiçado com o pagamento do mesmo valor que os
últimos receberam. Mas o empregador pagou um denário também
aos outros que trabalharam menos de doze horas, aos quais também
ajustou assim: ...”e dar-vos-ei o que for justo”.
Podemos dizer então que alguns foram pagos, outros recompensados
e, os últimos, agraciados, pois foram dados pelo empregador.
Diante das reclamações, como que ele justifica a sua ação? Apenas
assim: “Não me é lícito fazer do que é meu o uso que eu quero? Ou é
mau o teu olho porque eu sou bom?”
“Assim, os últimos serão os primeiros, e os primeiros, últimos: pois
muitos são chamados, mas poucos escolhidos.”
3. Todos receberam, porém, os agraciados são os escolhidos da última
hora, por serem Eus sapiens e, não egos virtuosos, que precisam ser
recompensados por fazerem os seus trabalhos devidos. Aqueles que
fazem questão deste tipo de recompensa, segundo Jesus: “Já
receberam o seu galardão.” São seres da “carne”, não do espírito;
pois os últimos crêem com fé na promessa da justiça e da graça.
Não há a necessidade de se estabelecer metas e ganhos para se
atingir o Caminho... O Caminho é que é a meta!
Eu, pessoalmente comparo a esses com o pessoal das igrejas de
hoje, pois, são “evangelizados” com promessas de melhorias
materiais; sejam elas, no meio familiar, no trabalho e na aquisição
de bens, como: casa, carro etc. Tanto que encontramos em vários
bens perecíveis, adesivos, justificando a aquisição daquele bem
como sendo uma “graça” de Jesus.
Por Moisés, nos foi dada a lei – por Jesus, o amor, a graça e a
verdade. Os trabalhadores de Moisés trabalham dentro da lei da
obediência, o temor a Deus, ao castigo e a recompensa. Os de
Jesus, o amor a Deus e ao próximo, a fé e a graça.
Ter merecimento neste mundo diante de Jesus é ter direito a uma
recompensa, - é ser credor de um Deus devedor... É o ser que se
acha justificado por “merecimento” ou por ser evangélico! Se
pessoas passam a ser boas por temerem o castigo ou almejam uma
recompensa por isso, então, concluo elas serem muito desprezíveis,
manipuladas por oportunistas, que reconhecem nelas essas
características e tiram proveito próprio.
Os da “última hora” são abertos e receptivos ao transbordamento e
a plenitude divina.
A natureza toda recebe automaticamente desse transbordamento
divino e, dessa plenitude de forma inconsciente, sem poder
obstruir, julgar, nem alargar os seus canais para maior
receptividade. Porém o homem, dotado de livre arbítrio, tem a
possibilidade de se julgar uma obra inacabada, imperfeita, que tem
a possibilidade através dos seus próprios méritos e qualidades
4. espirituais e religiosas, alargar os seus canais, e assim, ter um
“merecimento” racional e consciente, baseado nestas premissas.
Observem o que Ele diz: “Não tenho eu o direito de fazer dos meus
bens o uso que eu quero?”
Se somos servos do Senhor, não estamos aqui como auto
justificados para sermos servidos por Ele, e sim, para serví-Lo,
assim como ao próximo.
Observem, que o Seu apelo e chamado tem como premissa: “Nega a
ti mesmo, toma a tua cruz e siga-me”. Só, que para atendermos a
esse apelo, precisamos antes de tudo entender o que significa no
âmago: “Nega a ti mesmo...”
Alfredo Bião