1. Caminhos de Odù
3. Étà Ògúndá – Fala Ògún, Yemonjá e Òxun em cinco
caminhos (ese).
2º. Caminho de Odù: Houve um homem muito espiritualizado que tinha
três discípulos e que de repente foi acometido de uma grave doença.
Chamou então seus discípulos, orientando-os a ajudá-lo nessa
enfermidade. Oriento-os que fossem aos quatro cantos do mundo em
busca de pessoa versada e competente na área de saúde para tratá-lo
daquela doença tão grave.
Para a sua surpresa, soube logo após, que todos eles o tinham
abandonado. Procurou prontamente um olhador (oluô), que recomendou
fazer um ebó para Èxù, contendo três galos, três obís, três preás, dendê,
feijão fradinho torrado e farinha de mandioca. Apressadamente o homem
fez o recomendado.
Três dias após, apareceu Èxù que tinha recebido o despacho, dizendo: -
Levante-se e venha comigo, eu o apoio até chegarmos aos pés de quem
possa salvá-lo nesta emergência.
Èxù então levou o homem ao sábio Òrúnmìlá, que curou o fiel devoto, pois
ele não desprezou a sua ajuda no momento mais difícil de sua vida.
Observações:
A qualidade momento nos apresenta uma série de situações inesperadas:
Doença com perigo de morte, desconsideração, ingratidão e deslealdade.
Interpretação:
A qualidade expressa por esse quadro de Odù nessa mesa de jogo, vindo
por esse caminho, nos orienta a ficarmos atentos e atilados quando um
infortúnio inesperado como esse nos bate à porta, pois, muitas pessoas
2. que são consideradas “mansas como as pombas”, esquecem de ser
“espertas como as serpentes”... O homem espiritualizado é um filho da
luz, que como tal, está sempre pronto a ajudar aos que mais precisam de
ajuda, e, assim o faz sem visar lucro algum. Porém, ao ver que os filhos da
carne não consideram a sua súplica, mais do que depressa procura a ajuda
espiritual que tanto necessita, sem perder tempo com considerações a
respeito do que os seus discípulos fizeram. Apesar das adversidades do
mundo material, das injustiças e iniqüidades das riquezas, contava ele
agora com a “ajuda de amigos nos tabernáculos eternos”, pois, usou das
“riquezas das iniqüidades e injustiças” para que quando essas lhes
faltassem... Quanto aos discípulos, receberam o seu “galardão” terreno: o
conforto físico e o descompromisso egoísta com os problemas alheios...
Esqueceram em seus corações, a caridade, solidariedade, gratidão e
compaixão. Ele, ao procurar a ajuda com a fé de um “escolhido” ao
“princípio dinâmico da existência” – Èxù, que de pronto foi socorrê-lo
como um meio, não, como um fim em si próprio, pois, como bom
mensageiro leva-o aos pés do sacerdote do Reino de Olórun, - Orúnmìlà.
Este sim, tem a competência de resolver um problema com essa
magnitude.
Se olharmos para o Ìtán com os olhos de “filhos da carne”, só veremos os
impedimentos, as desconsiderações, a deslealdade e a falsidade, inerentes
ao símbolo material do Ìtán, porém, o seu simbolizado espiritual nos
transporta a observar que em todos os caminhos (ese), dos quadros de
Odù, a saída já está pré-estabelecida, como “graça” de Olórun para todos
os seus filhos. Basta-nos ser receptivos, para que sejamos escolhidos pela
fé arbitrária, que nunca pode ser escolhida de forma racional, pois não faz
sentido; ao contrário, ela dá sentido, pois, não pode ser compreendida,
por ser um entendimento transcendente. Se assim não fosse, não seria fé,
mas sim, - crença e certeza racionalista e conceitual.
Uma diferença sutil para os que discernem espiritualmente.