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INTERPRETAÇÃO DE TEXTO
C A D E R N O
TETRA 1
2
Caro(a) professor(a),
O Manual do Professor constitui uma importante ferramenta para o uso dos cadernos de sala da
Coleção Pré-vestibular do Sistema de Ensino Poliedro (SEP) pelo corpo docente de nossas Unidades
Parceiras.
O objetivo é fomentar o conhecimento dos recursos contidos nas coleções para maximizar a
utilização dos materiais didáticos e possibilitar maiores resultados pedagógicos.
Neste Manual, descrevemos a estrutura e as seções contidas nos cadernos, fornecendo observações
que podem ajudá-lo(a) em sua dinâmica de ensino. Apresentamos também as resoluções dos exercícios
que serão trabalhados – como norteadoras à prática do professor – e possíveis exercícios opcionais –
como oportunidade de aprofundamento e completude do tempo despendido para as aulas.
Os cadernos possibilitam uma prática efetiva do aprendizado em sala de aula e, quando
utilizados em consonância com a fundamentação teórica contida nos livros de teoria, oferecem ao
aluno um aprendizado ainda mais amplo e completo.
Estimulamos o uso dos temas das aberturas dos capítulos e dos textos da seção “Texto
complementar” como pontos de partida para discussões em sala e como fontes de conhecimento
e curiosidades acerca dos assuntos da teoria.
Indicamos também o acesso aos diversos recursos que o Portal do Sistema Poliedro
(<www.sistemapoliedro.com.br>) oferece ao docente, como a análise de vestibulares, aulas-dica,
características e estrutura da coleção, matrizes de aula sugeridas e utilizadas nas Unidades Sede,
os Planejamentos dos cadernos de sala para as diferentes turmas, as resoluções das questões
presentes nos livros, videoaulas dos autores e também vídeos sobre as disciplinas da coleção.
Além desses recursos, oferecemos materiais que complementam o caderno e ampliam a
formação dos alunos do PV, tais como:
• Minuto de Leitura;
• Leia Agora;
• Balcão de Redação; e
• Banco de Questões.
Destacamos a importância da visualização dos relatórios e devolutivas dos simulados contidos
no EDROS como insumos para análise docente e da coordenação, visando potencializar as aulas
e os resultados acadêmicos.
Todas as iniciativas do SEP em oferecer recursos, ferramentas e materiais voltados à formação
do aluno, garantindo um rigor acadêmico almejado pelas escolas parceiras, buscam apoiar
o docente; mas, vale ressaltar, o professor se mantém como principal protagonista da prática
pedagógica, tendo total autonomia na utilização dos recursos oferecidos.
Esperamos que explore cada uma das ferramentas disponibilizadas e que conte com o SEP para
quaisquer esclarecimentos.
Sistema de Ensino Poliedro
3
Sumário
Manual do Professor
Estrutura geral dos cadernos .................................. 4
Aulas ................................................................... 5
Exercícios de Sala ................................................. 6
Guia de estudo..................................................... 7
Orientações específicas .......................................... 7
Orientações: Aula 1................................................ 8
Resoluções ........................................................... 11
Orientações: Aula 2................................................ 13
Resoluções ........................................................... 17
Orientações: Aula 3 ............................................... 19
Resoluções ........................................................... 23
Orientações: Aula 4................................................ 25
Resoluções ........................................................... 29
Orientações: Aula 5................................................ 31
Resoluções ........................................................... 34
Orientações: Aula 6................................................ 36
Resoluções ........................................................... 39
Orientações: Aula 7................................................ 41
Resoluções ........................................................... 45
Orientações: Aula 8................................................ 47
Resoluções ........................................................... 50
Orientações: Aula 9................................................ 52
Resoluções ........................................................... 55
4
ESTRUTURA GERAL DOS CADERNOS
Os cadernos de sala, usados em conjunto com os livros de teoria, sintetizam e facilitam a compreensão
dosassuntosestudados.Todasasaulasapresentamosprincipaistópicosdecadatemaabordadoeoferecem
exercícios que permitem enriquecer a discussão em sala de aula e contribuir com a fixação do aprendizado.
Assim como nos livros, as disciplinas nos cadernos são divididas em frentes, que devem ser trabalhadas
paralelamente. Essa divisão não só facilita a organização dos estudos como permite uma visão ainda
mais sistêmica dos tópicos abordados em cada disciplina.
A organização das atividades foi elaborada para aumentar a eficiência do trabalho em sala:
> 2015 > PRÉ VESTIBULAR > CADERNO MEDICINA > MEDICINA 1 / LARGURA: 205 / ALTURA: 275 / ESPIRAL / PAGINAS: 432 / KLEBER / 07-11-2014 (11:14)
 O estudo de Interpretação de texto é organizado em frente única. No caderno Medicina 1, as páginas de 69 a 100 contêm as aulas
referentes a essa disciplina.
1 Frente da disciplina. 2 Número das aulas. 3 Controle de aulas dadas e tópicos estudados em casa.
O sumário, ferramenta que deve ser divulgada pelos professores, conta com um controle no qual o
aluno pode organizar sua rotina de aulas e estudos, tendo uma visualização rápida de seu avanço pelos
tópicos estudados.
INTERPRETAÇÃO DE TEXTO
Prof.: Aula Estudo
Aula 1 .......................70  
Aula 2 .......................73  
Aula 3 .......................77  
Aula 4 .......................81  
Aula 5 .......................85  
Aula 6 .......................88  
Aula 7 .......................91  
Aula 8 .......................95  
Aula 9 .......................98  
U
1
32
5
INTERPRETAÇÃO
DE TEXTO
70 INT. DE TEXTO
Aula
1
Aspectos do texto I
A relação parte/todo
A noção de parte/todo vale para qualquer tipo de
texto, seja um poema de Gregório de Matos, seja um
quadrinho; a diferença é que neste temos o empre-
go da linguagem verbo-visual. Como todo texto, o
quadrinho é composto por partes que se articulam e
que são colocadas em uma ordem que atende a um
objetivo: criar humor por meio de uma quebra de
expectativa.
Veja o exemplo a seguir, extraído do vestibular
da Unicamp.
Unicamp 2004
Folha de S.Paulo, 8 out. 2003. p. F8.
Jogos de imagens e palavras são característicos da
linguagem de história em quadrinhos. Alguns desses jo-
gos podem remeter a domínios específicos da linguagem
a que temos acesso em nosso cotidiano, tais como a
linguagem dos médicos, a linguagem dos economistas,
a linguagem dos locutores de futebol, a linguagem dos
surfistas, dentre outras. É o que ocorre na tira de Laerte,
acima apresentada.
a) Transcreva as passagens da tira que remetem a domí-
nios específicos e explicite que domínios são esses.
b) Levando em consideração as relações entre imagens
e palavras, identifique um momento de humor na tira e
explique como é produzido.
Consideremos apenas o item b. Nota-se que a
expectativa foi quebrada no último quadrinho, mo-
mento do humor; isso significa que os quadrinhos
anteriores precisam ser relidos à luz da totalidade.
Assim será com os demais textos verbais, visuais ou
verbo-visuais; não se interpreta a parte pela parte.
O contexto
A palavra “contexto” significa situação. Na teoria
da comunicação, contexto é o referente, a situação
de comunicação (por exemplo, a sala de aula). A
língua varia de acordo com o contexto: emprega-se
linguagem coloquial quando o contexto for informal;
se formal, utiliza-se a linguagem culta.
— Campeão, solta uma gelada! (No botequim.)
— Por gentileza, uma cerveja. (Almoçando com o
cliente em um restaurante chique.)
Se empregamos diferentes maneiras de falar con-
soante o contexto, também as palavras podem mudar
de significado de acordo com ele. Observe.
a) Você gostou da peça? Os atores são ótimos!
b) Na agência, o diretor de arte não aprovou a peça.
c) Quer bife ou a peça inteira?
No primeiro caso, “peça” é o espetáculo teatral;
a palavra “atores” contextualiza “peça”. No segundo,
a palavra “agência” e a expressão “diretor de arte”
possibilitam a contextualização; trata-se de uma peça
publicitária, isto é, um comercial, um anúncio, um ou-
tdoor etc. Já no terceiro, o vocábulo “bife” deixa claro
que “peça” remete a um pedaço da carne.
O contexto pode ser entendido como um todo que
decodifica o significado da parte; esse “todo” será re-
presentado por um texto, um parágrafo, uma frase ou
até mesmo uma palavra que ajuda na contextualização
da outra, como nos exemplos citados anteriormente.
AULAS
Respeitando o Planejamento para o Professor disponibilizado na Área Exclusiva, todas as aulas
apresentam um resumo esquemático do tópico trabalhado no livro, sintetizando os principais
conhecimentos estudados.
1 Disciplina, frente e número das aulas. 2 Título das aulas. 3 Resumo do assunto estudado por meio
de tópicos, diagramas e ilustrações.
1
2
3
6
71MEDICINA I INT. DE TEXTO
1
Aula
Exercícios de Sala
1 Unifesp 2013 (Adapt.) Há cerca de dois meses, a
jornalista britânica Rowenna Davis, 25 anos, foi furtada. Só
que não levaram sua carteira ou seu carro, mas sua
identidade virtual. Um hacker invadiu e tomou conta de seu
e-mail e – além de bisbilhotar suas mensagens e ter acesso
a seus dados bancários – passou a escrever aos mais de
5 mil contatos de Rowenna dizendo que ela teria sido
assaltada em Madri e pedindo ajuda em dinheiro.
Quando ela escreveu para seu endereço de e-mail pe-
dindo ao hacker ao menos sua lista de contatos profissio-
nais de volta, Rowenna teve como resposta a cobrança de
R$ 1,4 mil. Ela se negou a pagar, a polícia não fez nada. A
jornalista só retomou o controle do e-mail porque um amigo
conhecia um funcionário do provedor da conta, que desati-
vou o processo de verificação de senha criado pelo invasor.
Galileu, dez. 2011. (Adapt.).
As informações do segundo parágrafo permitem con-
cluir que o hacker tentou:
(a) extorquir a jornalista.
(b) pedir um donativo à jornalista.
(c) negociar legalmente com a jornalista.
(d) eximir-se da culpa pela invasão da conta do e-mail.
(e) reconhecer seu erro.
2 Enem 2012
Cartaz afixado nas bibliotecas centrais e setoriais da
Universidade Federal de Goiás (UFG), 2011.
Considerando-se a finalidade comunicativa comum
do gênero e o contexto específico do Sistema de
Biblioteca da UFG, esse cartaz tem função predomi-
nantemente:
(a) socializadora, contribuindo para a popularização
da arte.
(b) sedutora, considerando a leitura como uma obra
de arte.
(c) estética, propiciando uma apreciação despreten-
siosa da obra.
(d) educativa, orientando o comportamento de usuá-
rios de um serviço.
(e) contemplativa, evidenciando a importância de ar-
tistas internacionais.
3 Unifesp 2013 (Adapt.) O silêncio é a matéria signifi-
cante por excelência, um continuum significante. O real
da comunicação é o silêncio. E como o nosso objeto de
reflexão é o discurso, chegamos a uma outra afirmação
que sucede a essa: o silêncio é o real do discurso. O ho-
mem está “condenado” a significar. Com ou sem palavras,
diante do mundo, há uma injunção à “interpretação”: tudo
tem de fazer sentido (qualquer que ele seja). O homem
está irremediavelmente constituído pela sua relação com o
simbólico. Numa certa perspectiva, a dominante nos estu-
dos dos signos, se produz uma sobreposição entre lingua-
gem (verbal e não verbal) e significação. Disso decorreu
um recobrimento dessas duas noções, resultando uma re-
dução pela qual qualquer matéria significante fala, isto é,
é remetida à linguagem (sobretudo verbal) para que lhe
seja atribuído sentido. Nessa mesma direção, coloca-se o
“império do verbal” em nossas formas sociais: traduz-se o
silêncio em palavras. Vê-se assim o silêncio como lingua-
gem e perde-se sua especificidade, enquanto matéria sig-
nificante distinta da linguagem.
Eni Orlandi. As formas do silêncio, 1997.
Ao analisar a prevalência da linguagem verbal na co-
municação social, a autora enfatiza que:
(a) a exigência da comunicação implica o fim do
silêncio.
(b) a essência do silêncio se perde quando ele é tradu-
zido pelas palavras.
(c) a verdadeira linguagem prescinde do silêncio e
das palavras.
(d) as palavras recuperam satisfatoriamente os senti-
dos silenciados.
(e) a comunicação pelo silêncio é, de fato, irrealizável.
EXERCÍCIOS DE SALA
Em cada aula há a proposta de questões, muitas delas retiradas de importantes exames vestibulares de
todo o Brasil, a serem feitas com o professor, com toda a classe e/ou individualmente pelos alunos. Nesse
momento, aspectos relevantes da aula são retomados, dando oportunidade ao professor e aos alunos
de discutirem possíveis dificuldades. Todos os exercícios têm sua resolução apresentada neste Manual.
1 Além das questões do livro, uma seção de exercícios, específicos
sobre o assunto das aulas, é apresentada.
2 Questões possibilitam a fixação dos conteúdos estudados e
oferecem preparação adicional aos alunos.
1
2
7
GUIA DE ESTUDO
Ao final de cada aula, o caderno de sala oferece um guia que orienta o aluno para os estudos que
serão realizados em casa. A seção “Guia de estudo” direciona a leitura, no livro de teoria, dos assuntos
que foram tratados em aula. Além disso, indica exercícios pertinentes a serem resolvidos, visando
consolidar o conhecimento adquirido em sala.
Considerando que o tempo de estudo em casa deve ser cumprido de forma satisfatória para o aluno,
esse Guia de estudos é pensado com bastante cuidado. Ao indicar o número de exercícios a serem feitos,
consideram-se o tempo destinado à leitura da teoria e também o tempo que será despendido para a
resolução das questões. Assim, o resultado é a satisfação do aluno, que consegue cumprir suas metas
diárias de estudo em um tempo possível.
ORIENTAÇÕES ESPECÍFICAS
De acordo com a Matriz de Referência de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias proposta pelo Inep
(Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), as competências de áreas 5, 6, 7
e 8 referem-se, respectivamente, a:
5. Analisar, interpretar e aplicar recursos expressivos das linguagens, relacionando textos com seus
contextos, mediante a natureza, função, organização, estrutura das manifestações, de acordo com as
condições de produção e recepção.
6. Compreender e usar os sistemas simbólicos das diferentes linguagens como meios de organização
cognitiva da realidade pela constituição de significados, expressão, comunicação e informação.
7. Confrontar opiniões e pontos de vista sobre as diferentes linguagens e suas manifestações específicas.
8. Compreender e usar a língua portuguesa como língua materna, geradora de significação e
integradora da organização do mundo e da própria identidade.
A essas competências correspondem diversas habilidades, tais como reconhecer a existência de valores
sociais na produção literária nacional; identificar, em diversos gêneros e tipos de texto, elementos que contribuem
para sua organização e progressão temática; a partir da análise dos recursos argumentativos de um texto,
identificar o objetivo de seu autor, bem como o público ao qual o texto se destina; reconhecer variedades
linguísticas sociais, regionais e de registro em marcas linguísticas presentes em diferentes tipos de texto.
Tendo isso em vista, podemos perceber no ensino corrente da Língua Portuguesa uma maior
preocupação em desenvolver em sala de aula uma prática pedagógica que vá além do simples esforço
– por vezes desestimulante – em incutir nos alunos regras gramaticais e características das escolas
literárias. É cada vez mais importante voltar-se para a formação de alunos críticos, capazes de interagir
em situações comunicativas por meio de diferentes tipos de texto e que entendam que “ler” não implica
apenas em decodificar, mas também em uma série de outras ações, como identificar, relacionar, abstrair,
deduzir, comparar, agrupar, hierarquizar etc. Desse modo, criam-se condições para que eles possam
relacionar e trabalhar as competências e habilidades empregadas nas diferentes situações de uso da
língua, seja em família, com os amigos, no trabalho, na escola etc.
Cabe ressaltar ainda que a capacidade de compreender textos é importante não somente na área de
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, mas em todas as demais áreas do conhecimento. A percepção
da estrutura cronológica em vários textos dos livros de História é fundamental para a correta assimilação
das informações, assim como a interpretação exata dos dados fornecidos nos problemas de Matemática.
Nesse sentido, o livro de Interpretação de texto procura dar ao texto um espaço privilegiado, onde ele
passa a ser analisado cientificamente, desde sua estrutura profunda, até a superfície de sua significação.
Para tanto, ao longo dos capítulos, são contemplados textos literários, jornalísticos, publicitários, visuais
etc., dando ao aluno a possibilidade de se familiarizar com a análise de textos das mais diversas fontes,
verbais ou não verbais. Soma-se a isso a seleção cuidadosa de exercícios provenientes de importantes
exames vestibulares, possibilitando a professores e alunos um melhor aproveitamento e avaliação dos
conteúdos abordados no livro, seja durante a aula, seja durante o estudo em casa.
Boas aulas!
1 Indicação de disciplina, livro, frente
e capítulo correspondentes à aula.
2 Localização das páginas do livro
com a teoria estudada.
3 Seleção de exercícios.
GUIA DE ESTUDO
Int. de texto / Livro Único / Frente Única / Capítulo 4
I. Leia as páginas de 78 a 80.
II. Faça os exercícios de 1 a 6 da seção “Revisando”.
III. Faça os exercícios propostos de 1 a 3.
2
1
3
8
INTERPRETAÇÃO
DE TEXTO
70 INT. DE TEXTO
Aula
1
Aspectos do texto I
A relação parte/todo
A noção de parte/todo vale para qualquer tipo de
texto, seja um poema de Gregório de Matos, seja um
quadrinho; a diferença é que neste temos o empre-
go da linguagem verbo-visual. Como todo texto, o
quadrinho é composto por partes que se articulam e
que são colocadas em uma ordem que atende a um
objetivo: criar humor por meio de uma quebra de
expectativa.
Veja o exemplo a seguir, extraído do vestibular
da Unicamp.
Unicamp 2004
Folha de S.Paulo, 8 out. 2003. p. F8.
Jogos de imagens e palavras são característicos da
linguagem de história em quadrinhos. Alguns desses jo-
gos podem remeter a domínios específicos da linguagem
a que temos acesso em nosso cotidiano, tais como a
linguagem dos médicos, a linguagem dos economistas,
a linguagem dos locutores de futebol, a linguagem dos
surfistas, dentre outras. É o que ocorre na tira de Laerte,
acima apresentada.
a) Transcreva as passagens da tira que remetem a domí-
nios específicos e explicite que domínios são esses.
b) Levando em consideração as relações entre imagens
e palavras, identifique um momento de humor na tira e
explique como é produzido.
Consideremos apenas o item b. Nota-se que a
expectativa foi quebrada no último quadrinho, mo-
mento do humor; isso significa que os quadrinhos
anteriores precisam ser relidos à luz da totalidade.
Assim será com os demais textos verbais, visuais ou
verbo-visuais; não se interpreta a parte pela parte.
O contexto
A palavra “contexto” significa situação. Na teoria
da comunicação, contexto é o referente, a situação
de comunicação (por exemplo, a sala de aula). A
língua varia de acordo com o contexto: emprega-se
linguagem coloquial quando o contexto for informal;
se formal, utiliza-se a linguagem culta.
— Campeão, solta uma gelada! (No botequim.)
— Por gentileza, uma cerveja. (Almoçando com o
cliente em um restaurante chique.)
Se empregamos diferentes maneiras de falar con-
soante o contexto, também as palavras podem mudar
de significado de acordo com ele. Observe.
a) Você gostou da peça? Os atores são ótimos!
b) Na agência, o diretor de arte não aprovou a peça.
c) Quer bife ou a peça inteira?
No primeiro caso, “peça” é o espetáculo teatral;
a palavra “atores” contextualiza “peça”. No segundo,
a palavra “agência” e a expressão “diretor de arte”
possibilitam a contextualização; trata-se de uma peça
publicitária, isto é, um comercial, um anúncio, um ou-
tdoor etc. Já no terceiro, o vocábulo “bife” deixa claro
que “peça” remete a um pedaço da carne.
O contexto pode ser entendido como um todo que
decodifica o significado da parte; esse “todo” será re-
presentado por um texto, um parágrafo, uma frase ou
até mesmo uma palavra que ajuda na contextualização
da outra, como nos exemplos citados anteriormente.
Orientações
Nessa aula, abordar a relação parte/todo e explicar a importância de se analisar e interpretar os textos
em sua totalidade para compreender seu real significado. Para isso, utilizar o exemplo da tirinha. Explicar
ainda o que é contexto usando, para isso, exemplos e mostrando como a contextualização ajuda na correta
interpretação de partes de um texto.
9
71MEDICINA I INT. DE TEXTO
1
Aula
Exercícios de Sala
1 Unifesp 2013 (Adapt.) Há cerca de dois meses, a
jornalista britânica Rowenna Davis, 25 anos, foi furtada. Só
que não levaram sua carteira ou seu carro, mas sua
identidade virtual. Um hacker invadiu e tomou conta de seu
e-mail e – além de bisbilhotar suas mensagens e ter acesso
a seus dados bancários – passou a escrever aos mais de
5 mil contatos de Rowenna dizendo que ela teria sido
assaltada em Madri e pedindo ajuda em dinheiro.
Quando ela escreveu para seu endereço de e-mail pe-
dindo ao hacker ao menos sua lista de contatos profissio-
nais de volta, Rowenna teve como resposta a cobrança de
R$ 1,4 mil. Ela se negou a pagar, a polícia não fez nada. A
jornalista só retomou o controle do e-mail porque um amigo
conhecia um funcionário do provedor da conta, que desati-
vou o processo de verificação de senha criado pelo invasor.
Galileu, dez. 2011. (Adapt.).
As informações do segundo parágrafo permitem con-
cluir que o hacker tentou:
(a) extorquir a jornalista.
(b) pedir um donativo à jornalista.
(c) negociar legalmente com a jornalista.
(d) eximir-se da culpa pela invasão da conta do e-mail.
(e) reconhecer seu erro.
2 Enem 2012
Cartaz afixado nas bibliotecas centrais e setoriais da
Universidade Federal de Goiás (UFG), 2011.
Considerando-se a finalidade comunicativa comum
do gênero e o contexto específico do Sistema de
Biblioteca da UFG, esse cartaz tem função predomi-
nantemente:
(a) socializadora, contribuindo para a popularização
da arte.
(b) sedutora, considerando a leitura como uma obra
de arte.
(c) estética, propiciando uma apreciação despreten-
siosa da obra.
(d) educativa, orientando o comportamento de usuá-
rios de um serviço.
(e) contemplativa, evidenciando a importância de ar-
tistas internacionais.
3 Unifesp 2013 (Adapt.) O silêncio é a matéria signifi-
cante por excelência, um continuum significante. O real
da comunicação é o silêncio. E como o nosso objeto de
reflexão é o discurso, chegamos a uma outra afirmação
que sucede a essa: o silêncio é o real do discurso. O ho-
mem está “condenado” a significar. Com ou sem palavras,
diante do mundo, há uma injunção à “interpretação”: tudo
tem de fazer sentido (qualquer que ele seja). O homem
está irremediavelmente constituído pela sua relação com o
simbólico. Numa certa perspectiva, a dominante nos estu-
dos dos signos, se produz uma sobreposição entre lingua-
gem (verbal e não verbal) e significação. Disso decorreu
um recobrimento dessas duas noções, resultando uma re-
dução pela qual qualquer matéria significante fala, isto é,
é remetida à linguagem (sobretudo verbal) para que lhe
seja atribuído sentido. Nessa mesma direção, coloca-se o
“império do verbal” em nossas formas sociais: traduz-se o
silêncio em palavras. Vê-se assim o silêncio como lingua-
gem e perde-se sua especificidade, enquanto matéria sig-
nificante distinta da linguagem.
Eni Orlandi. As formas do silêncio, 1997.
Ao analisar a prevalência da linguagem verbal na co-
municação social, a autora enfatiza que:
(a) a exigência da comunicação implica o fim do
silêncio.
(b) a essência do silêncio se perde quando ele é tradu-
zido pelas palavras.
(c) a verdadeira linguagem prescinde do silêncio e
das palavras.
(d) as palavras recuperam satisfatoriamente os senti-
dos silenciados.
(e) a comunicação pelo silêncio é, de fato, irrealizável.
Anotações
10
72 INT. DE TEXTO
Aula
1
GUIA DE ESTUDO
Int. de texto / Livro Único / Frente Única / Capítulo 1
I. Leia as páginas 7 e 8.
II. Faça os exercícios 1 e 2 da seção “Revisando”.
III. Faça os exercícios propostos de 4 a 7.
4 Enem 2012
Disponível em: <www.ivancabral.com>. Acesso em: 27 fev. 2012.
O efeito de sentido da charge é provocado pela combi-
nação de informações visuais e recursos linguísticos.
No contexto da ilustração, a frase proferida recorre à:
(a) polissemia, ou seja, aos múltiplos sentidos da ex-
pressão “rede social” para transmitir a ideia que
pretende veicular.
(b) ironia, para conferir um novo significado ao termo
“outra coisa”.
(c) homonímia, para opor, a partir do advérbio de lugar,
o espaço da população pobre e o espaço da popu-
lação rica.
(d) personificação, para opor o mundo real pobre ao
mundo virtual rico.
(e) antonímia, para comparar a rede mundial de
computadores com a rede caseira de descanso da
família.
5 Fuvest 2013 Leia o texto.
Na mídia em geral, nos discursos, em mensagens
publicitárias, na fala de diferentes atores sociais, enfim,
nos diversos contextos em que a comunicação se faz
presente, deparamo-nos repetidas vezes com a palavra
cidadania. Esse largo uso, porém, não torna seu signi-
ficado evidente. Ao contrário, o fato de admitir vários
empregos deprecia seu valor conceitual, isto é, sua capa-
cidade de nos fazer compreender certa ordem de even-
tos. Assim, pode-se dizer que, contemporaneamente, a
palavra cidadania atende bem a um dos usos possíveis
da linguagem, a comunicação, mas caminha em sentido
inverso quando se trata da cognição, do uso cognitivo da
linguagem. Por que, então, a palavra cidadania é cons-
tantemente evocada, se o seu significado é tão pouco
esclarecido?
Maria Alice Rezende de Carvalho, Cidadania e direitos.
a) Segundo o texto, em que consiste o uso comuni-
cativo e o “uso cognitivo” da linguagem? Expli-
que resumidamente.
b) Responda sucintamente a pergunta que encerra o
texto: “Por que, então, a palavra cidadania é cons-
tantemente evocada, se o seu significado é tão
pouco esclarecido?”
Anotações
11
Resoluções Exercícios de Sala
1 Alternativa: A.
O hacker tentou extorquir, ou seja, fazer chantagem e exigir, de forma ilícita, uma quantia em dinheiro da jornalista. Essa
alternativa está contemplada em “Rowenna teve como resposta a cobrança de R$ 1,4 mil”.
2 Alternativa: D.
O uso das imagens de Dalí tem por objetivo orientar os usuários da biblioteca da UFG a cumprirem os prazos de devolução
dos empréstimos. Assim, o uso do relógio derretido surrealista tende a reforçar os transtornos acarretados pela demora,
funcionando como metonímia.
3 Alternativa: B.
Essa alternativa está contemplada em: “traduz-se o silêncio em palavras. Vê-se assim o silêncio como linguagem e perde-se
sua especificidade, enquanto matéria significante distinta da linguagem.”.
4 Alternativa: A.
O substantivo rede pode fazer referência a um tecido de malha larga usado para o descanso de uma pessoa ou a qualquer
conjunto de objetos ou de pessoas que tenham uma relação entre si.
A expressão “rede social” está comumente relacionada ao conjunto de indivíduos com o qual uma pessoa tem relações
pessoais. No entanto, na charge, a imagem direciona o entendimento do substantivo rede para a designação do tecido
sobre o qual se encontra uma família. Isso explica o porquê da proferição da frase: “Rede social aqui em casa é outra
coisa!”.
Dessa forma, são explorados os diferentes sentidos, isto é, a polissemia, da expressão “rede social” na charge.
5 a) De acordo com o texto, o “uso comunicativo” da linguagem refere-se ao uso comum, cotidiano, não necessariamente
conceitual. Já o “uso cognitivo” remete ao sentido denotativo, conceitual da palavra, no caso, “sua capacidade de nos
fazer compreender certa ordem de eventos.”.
b) Em seu “uso comunicativo”, a palavra cidadania remete a aspectos positivos, atendendo aos apelos da mídia
contemporânea. Ao se fazer uso dessa palavra depreciando seu valor conceitual, utilizando como veículo atores e
mensagens publicitárias, busca-se atrair a massa a uma ilusão de valorização social, fortalecendo, assim, a imagem de
um determinado produto ou serviço.
Anotações
12
Anotações
13
73INT. DE TEXTOMEDICINA I
INTERPRETAÇÃO
DE TEXTO
Aula
2
Aspectos do texto II
Texto e conhecimento de mundo
A compreensão de um texto pode exigir do leitor
um conhecimento de mundo, que pode estar relacio-
nado a uma ciência, a uma arte ou a uma vivência do
cotidiano. A questão a seguir é um exemplo.
Enem 2012
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Disponível em: <www.assine.abril.com.br>.
Acesso em: 29 fev. 2012 (Adapt.).
Com o advento da internet, as versões de revistas
e livros também se adaptaram às novas tecnologias.
A análise do texto publicitário apresentado revela que o
surgimento das novas tecnologias:
(a) proporcionou mudanças no paradigma de consumo
e oferta de revistas e livros.
(b) incentivou a desvalorização das revistas e livros im-
pressos.
(c) viabilizou a aquisição de novos equipamentos digitais.
(d) aqueceu o mercado de venda de computadores.
(e) diminuiu os incentivos à compra de eletrônicos.
Para o entendimento da questão e da própria pu-
blicidade, é necessário que se conheça o significado
de “tablet” e “PC”, pois as “mudanças no paradigma
de consumo e oferta de revistas e livros” (alternativa
a) estão relacionadas a essas tecnologias (“tablet” e
“PC”). O conhecimento de mundo é adquirido dentro
e fora da sala de aula; a leitura de jornais, revistas e
livros, por exemplo, ajudam na construção desse co-
nhecimento.
Significados explícitos e implícitos
Há significados que são extraídos da superfície
do texto – significados explícitos – e há outros que
são depreendidos de suas entrelinhas – significados
implícitos. O termo “implícito” é sinônimo de pres-
suposto, subentendido. Por não estar na superfície do
texto, o implícito é mais difícil de ser percebido. No
discurso literário, o implícito está presente na relação
que se estabelece entre a obra e o leitor. Ao ler uma
poesia, um conto ou um romance, o leitor sempre vai
à procura da mensagem que a obra quer passar e do
tema tratado, os quais costumam estar implícitos, por
exemplo:
— Você ainda está fumando?
— Sim...
— Só você fuma, José!
O advérbio “ainda” pressupõe que José fumava;
além disso, passa a desaprovação do emissor em re-
lação ao ato de fumar. Verbos, advérbios e adjetivos,
frequentemente, funcionam como palavras-gatilho,
isto é, disparam implícitos.
Progressão textual
A progressão textual é o encadeamento de ideias
de forma lógica e progressiva. Para que isso ocorra, é
preciso que haja coerência (compatibilidade de senti-
do entre as partes) e coesão (ligação entre palavras e
parágrafos). Veja o texto a seguir.
Crocante de maçã
Ingredientes:
• 4 maçãs reinetas
• 2 canecas de aveia
• 2 canecas de açúcar
• 250 g de margarina
• 1 colher (pequena) de canela
Modo de preparo:
1. Finalmente, coloque a mistura por cima da maçã e
leve ao forno durante 20-30 minutos.
2. Pode ser servido com natas ou com bola de sorvete.
3. Em uma taça, misture o açúcar, a margarina derre-
tida, a aveia e a canela.
4. Amasse tudo até ligar e despegar das mãos.
5. A seguir, coloque-as em um recipiente transparen-
te de ir ao forno.
6. Inicialmente, descasque as maçãs e corte-as em
fatias.
A receita acima é impraticável, pois a ordem dos
parágrafos foi alterada, afetando a coesão e a coerên-
cia; na realidade a receita foi escrita assim:
Orientações
Nessa aula, tratar o papel do conhecimento de mundo na compreensão de um texto, de sua fonte (livros,
jornais, revistas, sites etc.), da diferença entre significados explícitos e implícitos (no caso destes, ressaltar
ainda o uso de verbos, advérbios e adjetivos como “palavras-gatilho”) e da importância da coesão e coerência
para se obter uma progressão textual.
14
74 INT. DE TEXTO
Aula
2
6. Inicialmente, descasque as maçãs e corte-as em
fatias.
5. A seguir, coloque-as em um recipiente transparen-
te de ir ao forno.
3. Em uma taça, misture o açúcar, a margarina derre-
tida, a aveia e a canela.
4. Amasse tudo até ligar e despegar das mãos.
1. Finalmente, coloque a mistura por cima da maçã e
leve ao forno durante 20-30 minutos.
2. Pode ser servido com natas ou com bola de sorvete.
Para compreensão da receita foram empregados
elementos coesivos, que possuem a função de ligar as
partes do texto, e marcadores temporais, que possuem
a finalidade de estabelecer a progressão temporal.
Assim, o pronome oblíquo átono “as”, em 5, retoma o
substantivo “fatias” citado em 6; o pronome indefinido
“tudo”, em 4, recupera o substantivo “mistura”
(açúcar, margarina derretida, aveia e canela) referido
em 3; o substantivo “mistura”, em 1, retoma o pronome
indefinido “tudo”, presente em 4 e o sujeito elíptico
da forma verbal “pode ser servido”, em 2, refere-se ao
substantivo “mistura” (depois de a mistura ser levada
ao forno), citado em 1.Aprogressão temporal do texto
é concretizada, fundamentalmente, por advérbios e
locuções adverbiais, como “inicialmente”, “a seguir”
e “finalmente”. Na aula de narração, estudar-se-á a
progressão temporal no texto narrativo; na aula de
dissertação, analisar-se-á a progressão lógica no texto
argumentativo.
Exercícios de Sala
1 Fuvest 2013 (Adapt.)
Vivendo e...
Eu sabia fazer pipa e hoje não sei mais. Duvido que
se hoje pegasse uma bola de gude conseguisse equi-
librá-la na dobra do dedo indicador sobre a unha do
polegar, quanto mais jogá-la com a precisão que tinha
quando era garoto. [...]
Juntando-se as duas mãos de um determinado jeito,
com os polegares para dentro, e assoprando pelo bura-
quinho, tirava-se um silvo bonito que inclusive variava de
tom conforme o posicionamento das mãos. Hoje não sei
mais que jeito é esse. Eu sabia a fórmula de fazer cola
caseira. Algo envolvendo farinha e água e muita confu-
são na cozinha, de onde éramos expulsos sob ameaças.
Hoje não sei mais. A gente começava a contar depois de
ver um relâmpago e o número a que chegasse quando
ouvia a trovoada, multiplicado por outro número, dava a
distância exata do relâmpago. Não me lembro mais dos
números. [...]
Lembro o orgulho com que consegui, pela primeira
vez, cuspir corretamente pelo espaço adequado entre os
dentes de cima e a ponta da língua de modo que o cuspe
ganhasse distância e pudesse ser mirado. Com prática,
conseguia-se controlar a trajetória elíptica da cusparada
com uma mínima margem de erro. Era puro instinto. Hoje
o mesmo feito requereria complicados cálculos de balís-
tica, e eu provavelmente só acertaria a frente da minha
camisa. Outra habilidade perdida.
Na verdade, deve-se revisar aquela antiga frase.
É vivendo e ... Não falo daquelas coisas que deixamos
de fazer porque não temos mais as condições físicas e a
coragem de antigamente, como subir em bonde andan-
do – mesmo porque não há mais bondes andando. Falo
da sabedoria desperdiçada, das artes que nos abando-
naram. Algumas até úteis. Quem nunca desejou ainda
ter o cuspe certeiro de garoto para acertarem algum alvo
contemporâneo, bem no olho, e depois sair correndo?
Eu já.
Luis F. Veríssimo. Comédias para se ler na escola.
A palavra que o cronista omite no título, substituindo-
-a por reticências, ele a emprega no último parágrafo,
na posição marcada com pontilhado. Tendo em vista o
contexto, conclui-se que se trata da palavra:
(a) desanimando.
(b) crescendo.
(c) inventando.
(d) brincando.
(e) desaprendendo.
Anotações
15
75MEDICINA I INT. DE TEXTO
2
Aula
2 Fuvest 2013 (Adapt.) A essência da teoria democrá-
tica é a supressão de qualquer imposição de classe, fun-
dada no postulado ou na crença de que os conflitos e
problemas humanos econômicos, políticos ou sociais são
solucionáveis pela educação, isto é, pela cooperação vo-
luntária, mobilizada pela opinião pública esclarecida.
Está claro que essa opinião pública terá de ser formada
à luz dos melhores conhecimentos existentes e, assim, a
pesquisa científica nos campos das ciências naturais e
das chamadas ciências sociais deverá se fazer a mais
ampla, a mais vigorosa, a mais livre, e a difusão desses
conhecimentos, a mais completa, a mais imparcial e em
termos que os tornem acessíveis a todos.
Anísio Teixeira. Educação é um direito. (Adapt.).
De acordo com o texto, a sociedade será democrática
quando:
(a) sua base for a educação sólida do povo, realizada
por meio da ampla difusão do conhecimento.
(b) a parcela do público que detém acesso ao conhe-
cimento científico e político passar a controlar a
opinião pública.
(c) a opinião pública se formar com base tanto no
respeito às crenças religiosas de todos quanto no
conhecimento científico.
(d) a desigualdade econômica for eliminada, criando-
-se, assim, a condição necessária para que o povo
seja livremente educado.
(e) a propriedade dos meios de comunicação e difu-
são do conhecimento se tornar pública.
3 Fuvest 2013 (Adapt.)
Ata
Acredito que o mau tempo haja concorrido para
que os sabadoyleanos hoje não estivessem na casa de
José Mindlin, em São Paulo, gozando das delícias do
cuscuz paulista aqui amavelmente prometido. Depois do
almoço, visita aos livros dialogantes, na expressão de
Drummond, não sabemos se no rigoroso sistema de vi-
gilância de Plínio Doyle, mas de qualquer forma com as
gentilezas das reuniões cariocas. Para o amigo de São
Paulo as saudações afetuosas dos ausentes presentes,
que neste instante todos nos voltamos para o seu palá-
cio, aquele que se iria desvestir dos ares aristocráticos
para receber camaradescamente os descamisados da
Rua Barão de Jaguaribe. Guarde, amigo Mindlin, para
breve o cuscuz da tradição bandeirante, que hoje nos
conformamos com os biscoitos à la Plínio Doyle.
Rio, 20-11-1976.
Signatários: Carlos Drummond de Andrade, Gilberto de
Mendonça Teles, Plínio Doyle e outros.
Cartas da biblioteca Guita e José Mindlin. (Adapt.).
Da leitura do texto, depreende-se que:
(a) o anfitrião carioca, embora gentil, é cioso de sua
biblioteca.
(b) o anfitrião paulista recebeu com honrarias os ami-
gos cariocas, que visitaram a sua biblioteca.
(c) os cariocas não se sentiram à vontade na casa do
paulista, a qual, na verdade, era uma mansão.
(d) os cariocas preferiram ficar no Rio de Janeiro, em-
bora a recepção em São Paulo fosse convidativa.
(e) o fracasso da visita dos cariocas a São Paulo aba-
lou a amizade dos bibliófilos.
4 Enem 2012
Logia e mitologia
Meu coração
de mil e novecentos e setenta e dois
já não palpita fagueiro
sabe que há morcegos de pesadas olheiras
que há cabras malignas que há
cardumes de hienas infiltradas
no vão da unha na alma
um porco belicoso de radar
e que sangra e ri
e que sangra e ri
a vida anoitece provisória
centuriões sentinelas
do Oiapoque ao Chuí.
Cacaso. Lero-lero. Rio de Janeiro:
7Letras; São Paulo: Cosac & Naify, 2002.
O título do poema explora a expressividade de termos
que representam o conflito do momento histórico vi-
vido pelo poeta na década de 1970. Nesse contexto, é
correto afirmar que:
(a) o poeta utiliza uma série de metáforas zoológicas
com significado impreciso.
(b) “morcegos”, “cabras” e “hienas” metaforizam as
vítimas do regime militar vigente.
(c) o “porco”, animal difícil de domesticar, represen-
ta os movimentos de resistência.
(d) o poeta caracteriza o momento de opressão atra-
vés de alegorias de forte poder de impacto.
(e) “centuriões” e “sentinelas” simbolizam os agentes
que garantem a paz social experimentada.
sabadoyleanos: frequentadores do sabadoyle, nome dado ao
encontro de intelectuais, especialmente escritores, realizado habitu-
almente aos sábados, na casa do bibliófilo Plínio Doyle, situada no
Rio de Janeiro.
Anotações
16
76 INT. DE TEXTO
Aula
2
5 Fuvest 2013 Examine o seguinte anúncio publicitário.
Revista Valor (Especial), jul. 2011. (Adapt.).
a) Qual é a relação de sentido existente entre a ima-
gem de uma folha de árvore e as expressões “Ma-
peamento logístico” e “caminho”, empregadas no
texto que compõe o anúncio acima reproduzido?
b) Aque se refere o advérbio “aqui”, presente no texto
do anúncio?
GUIA DE ESTUDO
Int. de texto / Livro Único / Frente Única / Capítulo 1
I. Leia as páginas de 8 a 11.
II. Faça os exercícios 3 e 4 da seção “Revisando”.
III. Faça os exercícios propostos de 8 a 11.
Anotações
17
Resoluções Exercícios de Sala
1 Alternativa: E.
O autor enfatiza, ao longo do texto, que o adulto desaprende a lidar com muitas coisas com as quais, na juventude, tinha
facilidade.
2 Alternativa: A.
O que se afirma na alternativa a está contemplado no seguinte trecho: “Está claro que essa opinião pública terá de ser
formada à luz dos melhores conhecimentos existentes”.
3 Alternativa: A.
No trecho “[...] no rigoroso sistema de vigilância de Plínio Doyle [...]”, encontra-se uma expressão que adjetiva de forma
similar os termos gentil e cioso, que poderiam ser substituídos por cuidadoso, ou mesmo por rigoroso.
4 Alternativa: D.
Os animais constituem-se em uma alegoria da opressão: “morcegos de pesadas olheiras/que há cabras malignas que há/
cardumes de hienas infiltradas no vão da unha na alma/um porco belicoso de radar”.
5 a) No anúncio, retirado do site da Confederação Nacional da Indústria, a imagem da folha, vista de forma aproximada,
lembra, em função das divisões, tanto caminhos a serem percorridos quanto um mapa. A folha representa,
sinedoquicamente, a Amazônia: a sinédoque consiste na metonímia que retrata a relação parte/todo. Afirma-se que é
necessário conhecer muito bem a região para que se respeitem os princípios ecológicos e para que a indústria possa
explorar o “pulmão do mundo” de forma inteligente, com respeito à natureza. O caminho para tornar a indústria mais
competitiva é, portanto, fazer o mapeamento logístico da região.
b) O advérbio aqui refere-se à folha, metonímia da natureza (o respeito à natureza) e ao mapeamento logístico (o estudo
da região com objetivo de a indústria se servir de forma inteligente).
Anotações
18
Anotações
19
77INT. DE TEXTOMEDICINA I
INTERPRETAÇÃO
DE TEXTO
Aula
3
Aspectos do texto III
Esta aula trabalhará com o nível fundamental do
texto, no qual se encontram as oposições semânticas.
Neste nível de análise, as oposições serão interpreta-
das de forma abstrata e serão associadas às categorias
tímicas: a euforia (positividade) e a disforia (negati-
vidade).
Oposições semânticas
A busca pelas oposições abstratas justifica-se,
pois o sentido nasce das oposições, interpretamos o
mundo por meio delas. Se reconhecemos o grande, o
alto, o gordo, é porque temos a medida do pequeno,
do baixo e do magro; se o texto discute a guerra, de
forma implícita ele também discute a paz, pois aque-
la é o cessar desta. Todo texto apresenta uma oposi-
ção de ordem abstrata, seja um conto, uma poesia,
uma peça de teatro ou um quadro de pintura.
Categorias tímicas
As categorias tímicas do texto são a euforia (es-
tado de positividade) e a disforia (estado de negati-
vidade). Um texto pode explorar a positividade, o
bem-estar, a alegria, isto é a euforia; mas também
pode enfatizar estados de negatividade, tristeza, pes-
simismo, melancolia, ou seja, a disforia. É possível,
ainda, haver os dois estados presentes.
Transformação tímica
Considere esse excerto de “Dom Casmurro”.
– Toma outra xícara, meia xícara só.
– E papai?
– Eu mando vir mais; anda, bebe!
Ezequiel abriu a boca. Cheguei-lhe a xícara, tão trêmulo
que quase a entornei, mas disposto a fazê-la cair pela
goela abaixo, caso o sabor lhe repugnasse, ou a tempe-
ratura, porque o café estava frio... Mas não sei que senti
que me fez recuar. Pus a xícara em cima da mesa, e dei
por mim a beijar doidamente a cabeça do menino.
– Papai! papai! exclamava Ezequiel.
– Não, não, eu não sou teu pai!
[...]
Machado de Assis. Dom Casmurro. 27 ed.
São Paulo: Ática, 1994. p.173.
A transformação tímica ocorre quando se passa de
um estado (euforia ou disforia) para outro, como no
exemplo citado; a personagem passa da raiva para o
carinho; essa transformação tímica auxilia na constru-
ção do sentido: a personagem está dividida.
Tipos de oposição
Todo texto traz uma oposição semântica implíci-
ta ou explícita, essa oposição pode aparecer de forma
concreta ou abstrata. Se concreta, convém torná-la
abstrata. Tome como exemplo o excerto a seguir.
Aqui nessa tribo ninguém quer a sua catequização
Falamos a sua língua mas não entendemos seu sermão
Arnaldo Antunes. “Volte para o seu lar”. Um som, BMG, 1998.
No texto de Arnaldo Antunes, observa-se a oposi-
ção liberdade versus opressão, os termos “catequiza-
ção” e “sermão” são entendidos como uma restrição
(opressão) à liberdade da “tribo”. Oposições como
“vida/morte”, “aparência/essência”, “humano/divi-
no”, “civilização/natureza” são comuns em textos
literários e científicos.
Conectivos da oposição
A conjunção é um conectivo da língua, pois faz
a ligação entre palavras e orações; as conjunções
coordenativas sindéticas adversativas (mas, todavia,
contudo, no entanto, entretanto...) e as conjunções su-
bordinativas adverbiais concessivas (embora, ainda
que, apesar de que, por mais que, conquanto...) esta-
belecem oposição semântica entre palavras e orações.
A conjunção coordenativa “mas” introduz o argumen-
to mais forte; já a conjunção subordinativa “embora”,
o argumento mais fraco, observe:
a) O Brasil jogou bem, mas não conseguiu marcar.
b) O Brasil não conseguiu marcar, mas jogou bem.
Na primeira oração, enfatiza-se o fato de o Brasil
não ter conseguido marcar; na segunda, destaca-se o
fato de a seleção ter jogado bem. Veja agora as duas
frases com conjunção concessiva.
Orientações
Nessa aula, explicar a importância das oposições semânticas na construção do significado, definindo as
categorias tímicas (euforia e disforia). Tratar ainda dos diferentes sentidos obtidos a partir do emprego dos
conectivos (conjunções adversativas e concessivas) e das figuras de linguagem (paradoxo e antítese) que
trabalham com a oposição.
20
78 INT. DE TEXTO
Aula
3
c) O Brasil jogou bem, embora não tenha marcado.
d) O Brasil não conseguiu marcar, embora tenha jo-
gado bem.
Na primeira oração, o fato de não ter marcado é
argumento mais fraco; na segunda, o fato de ter joga-
do bem cumpre esse papel. Em síntese, b e c equiva-
lem-se semanticamente, “jogar bem” é o argumento
mais forte; a e d também apresentam equivalência,
“não marcar” é o argumento mais forte.
Figuras de linguagem da oposição
Entre as figuras de linguagem que trabalham com
a oposição, duas se destacam: o paradoxo e a antítese.
A primeira estabelece uma contradição de ideias; a
segunda estabelece simplesmente uma oposição de
sentido, sem contradição. No paradoxo literário, a
contradição é desfeita à luz do contexto, mas ao pé da
letra, temos uma ideia contraditória, incoerente, veja:
É ferida que dói e não se sente
É um contentamento descontente
Luís Vaz de Camões.
O texto acima apresenta paradoxos, pois o doer é
incompatível com não sentir, e o substantivo conten-
tamento é um incompatível com o adjetivo desconten-
te; há, portanto, uma ideia contraditória, incoerente.
Observe agora este outro exemplo.
De repente do riso fez-se o pranto
Vinicius de Moraes. Soneto de Separação.
Nesse segundo exemplo, temos uma oposição de
sentido entre “riso” e “pranto”. Entretanto, não há
contradição de ideias, o poeta marca a passagem de
uma coisa ao seu oposto: “do riso ao pranto”. Se o
poeta dissesse que era um riso cheio de pranto, tería-
mos um paradoxo.
Exercícios de Sala
1 Unifesp 2013 (Adapt.)
Do chuchu ao xixi
A concessionária Orla Rio subiu em 50%, de R$ 1
para R$ 1,50, o uso do banheiro público e de 60 para
65 anos o privilégio da gratuidade. A idade foi elevada
com base em lei estadual de 2002, um ano antes de o
Estatuto do Idoso (2003) favorecer pessoas “com idade
igual ou superior a 60 anos”. Se o mal está feito, os eco-
nomistas devem agora se preocupar com o choque do
preço do uso do banheiro público na meta da inflação.
Em 1977, rimos quando a ditadura culpou o chuchu.
Não seria o caso de rir, na democracia, do impacto do
xixi no custo de vida?
Carta Capital, 27 jun. 2012.
A relação de sentido entre “ditadura” e “democracia”,
estabelecida no último parágrafo do texto, também
ocorre na seguinte passagem, extraída do jornal Folha
de S.Paulo, de 11 de setembro de 2012:
(a) Alguns fatos empolgavam o país até outro dia.
A volta do crescimento econômico, a descoberta do
Pré-sal, o desvencilhamento dos credores.
(b) Levantamento feito por esta Folha em todos os esta-
dos do país mostrou que a Lei da Ficha Limpa barrou,
até agora, 317 candidatos entre os 15.551 que dis-
putam as prefeituras brasileiras.
(c) O dinheiro perdeu sua qualidade narrativa, tal como
aconteceu com a pintura antes. O dinheiro agora
fala sozinho.
(d) A evasão nas graduações em engenharia, assinalam
os professores, é alta demais. Só um quinto a um
quarto dos ingressantes termina por formar-se –
segundo os autores, porque lhes faltam noções
básicas de matemática, que deveriam adquirir no
ensino médio.
(e) “Até nas flores se encontra a diferença da sorte:
umas enfeitam a vida, outras enfeitam a morte.” Esse
poema se aprendia nas escolas do passado. Hoje,
a diferença da sorte atinge até mesmo os partidos
políticos, que podem ser resumidos em situação e
oposição.
Anotações
21
79MEDICINA I INT. DE TEXTO
3
Aula
2 Fuvest 2013 (Adapt.)
Vivendo e...
Eu sabia fazer pipa e hoje não sei mais. Duvido que
se hoje pegasse uma bola de gude conseguisse equilibrá-
-la na dobra de dedo indicador sobre a unha do polegar,
quanto mais jogá-la com a precisão que tinha quando
era garoto. [...]
Juntando-se as duas mãos de um determinado jeito,
com os polegares para dentro, e assoprando pelo bura-
quinho, tirava-se um silvo bonito que inclusive variava de
tom conforme o posicionamento das mãos. Hoje não sei
mais que jeito é esse. Eu sabia a fórmula de fazer cola
caseira. Algo envolvendo farinha e água muita confusão
na cozinha, de onde éramos expulsos sob ameaças. Hoje
não sei mais. A gente começava a contar depois de ver
um relâmpago e o número a que chegasse quando ou-
via a trovoada, multiplicado por outro número, dava a
distância exata do relâmpago. Não me lembro mais dos
números. [...]
Lembro o orgulho com que consegui, pela primeira
vez, cuspir corretamente pelo espaço adequado entre os
dentes de cima e a ponta da língua de modo que o cuspe
ganhasse distância e pudesse ser mirado. Com prática,
conseguia-se controlar a trajetória elíptica da cusparada
com uma mínima margem de erro. Era puro instinto. Hoje
o mesmo feito requereria complicados cálculos de balís-
tica, e eu provavelmente só acertaria a frente da minha
camisa. Outra habilidade perdida.
Na verdade, deve-se revisar aquela antiga frase.
É vivendo e ... Não falo daquelas coisas que deixamos
de fazer porque não temos mais as condições físicas e a
coragem de antigamente, como subir em bonde andando
– mesmo porque não há mais bondes andando. Falo da
sabedoria desperdiçada, das artes que nos abandona-
ram. Algumas até úteis. Quem nunca desejou ainda ter o
cuspe certeiro de garoto para acertarem algum alvo con-
temporâneo, bem no olho, e depois sair correndo? Eu já.
Luis F. Veríssimo. Comédias para se ler na escola.
Um dos contrastes entre passado e presente que carac-
terizam o desenvolvimento do texto manifesta-se na
oposição entre as seguintes expressões:
(a) precisão / fórmula
(b) muita confusão / distância exata
(c) trajetória elíptica / mínima margem de erro
(d) puro instinto / complicados cálculos
(e) habilidade perdida / artes que nos abandonaram
3 Enem 2014
Texto I
João Guedes, um dos assíduos frequentadores do
boliche do capitão, mudara-se da campanha havia três
anos. Três anos de pobreza na cidade bastaram para o
degradar. Ao morrer, não tinha um vintém nos bolsos e
fazia dois meses que saíra da cadeia, onde estivera preso
por roubo de ovelha.
A história de sua desgraça se confunde com a da
maioria dos que povoam a aldeia de Boa Ventura, uma
cidadezinha distante, triste e precocemente envelhecida,
situada nos confins da fronteira do Brasil com o Uruguai.
C. Martins. Porteira fechada. Porto Alegre:
Movimento, 2001 (fragmento).
Texto II
Comecei a procurar emprego, já topando o que
desse e viesse, menos complicação com os homens, mas
não tava fácil. Fui na feira, fui nos bancos de sangue, fui
nesses lugares que sempre dão para descolar algum,
fui de porta em porta me oferecendo de faxineiro, mas
tava todo mundo escabreado pedindo referências, e
referências eu só tinha do diretor do presídio.
R. Fonseca. Feliz ano novo. São Paulo: Cia. das Letras,
1989 (fragmento).
A oposição entre campo e cidade esteve entre as te-
máticas tradicionais da literatura brasileira. Nos frag-
mentos dos dois autores contemporâneos, esse embate
incorpora um elemento novo: a questão da violência
e do desemprego. As narrativas apresentam confluên-
cia, pois nelas o(a)
(a) criminalidade é algo inerente ao ser humano, que
sucumbe a suas manifestações.
(b) meio urbano, especialmente o das grandes cida-
des, estimula uma vida mais violenta.
(c) falta de oportunidades na cidade dialoga com a
pobreza do campo rumo à criminalidade.
(d) êxodo rural e a falta de escolaridade são causas da
violência nas grandes cidades.
(e) complacência das leis e a inércia das personagens
são estímulos à prática criminosa.
Anotações
22
80 INT. DE TEXTO
Aula
3
4 Enem 2012
Das irmãs
os meus irmãos sujando-se
na lama
e eis-me aqui cercada
de alvura e enxovais
eles se provocando e provando
do fogo
e eu aqui fechada
provendo a comida
eles se lambuzando e arrotando
na mesa
e eu a temperada
servindo, contida
os meus irmãos jogando-se
na cama
e eis-me afiançada
por dote e marido
S. Queiroz. O sacro ofício. Belo Horizonte: Comunicação, 1980.
O poema de Sonia Queiroz apresenta uma voz lírica
feminina que contrapõe o estilo de vida do homem ao
modelo reservado à mulher. Nessa contraposição, ela
conclui que:
(a) a mulher deve conservar uma assepsia que a dis-
tingue de homens, que podem se jogar na lama.
(b) a palavra “fogo” é uma metáfora que remete ao
ato de cozinhar, tarefa destinada às mulheres.
(c) a luta pela igualdade entre os gêneros depende da
ascensão financeira e social das mulheres.
(d) a cama, como sua “alvura e enxovais”, é um símbolo
da fragilidade feminina no espaço doméstico.
(e) os papéis sociais destinados aos gêneros produ-
zem efeitos e graus de autorrealização desiguais.
5 Unicamp 2012 O parágrafo reproduzido abaixo in-
troduz a crônica intitulada “Tragédia concretista”, de
Luís Martins.
O poeta concretista acordou inspirado. Sonhara a noi-
te toda com a namorada. E pensou: lábio, lábia. O lábio
em que pensou era o da namorada, a lábia era a própria.
Em todo o caso, na pior das hipóteses, já tinha um bom
começo de poema. Todavia, cada vez mais obcecado pela
lembrança daqueles lábios, achou que podia aproveitar
a sua lábia e, provisoriamente desinteressado da poesia
pura, resolveu telefonar à criatura amada, na esperança
de maiores intimidades e vantagens. Até os poetas concre-
tistas podem ser homens práticos.
Luís Martins. “Tragédia concretista”. In: As cem melhores crônicas
brasileiras. Rio de Janeiro: Objetiva, 2007. p. 132.
Explique por que a palavra “todavia” (linha 5) é usada
para introduzir um dos enunciados da crônica.
GUIA DE ESTUDO
Int. de texto / Livro Único / Frente Única / Capítulo 1
I. Leia as páginas de 11 a 14.
II. Faça o exercício 5 da seção “Revisando”.
III. Faça os exercícios propostos de 16 a 20.
Anotações
23
Resoluções Exercícios de Sala
1 Alternativa: E.
A relação de oposição entre “ditadura” e “democracia”, estabelecida no último parágrafo do texto, também ocorre na
seguinte passagem: “[…] umas enfeitam a vida, outras enfeitam a morte.”.
2 Alternativa: D.
Em “puro instinto / complicados cálculos”, temos oposição entre infância e vida adulta.
3 Alternativa: C.
Ambos os textos exploram a temática da criminalidade que ocorre tanto no meio urbano quanto no rural, chamando a
atenção para um problema recorrente no país.
4 Alternativa: E.
A estaticidade feminina entra em oposição ao ser masculino, deixando clara a desigualdade entre os sexos. Dessa forma,
a oposição serve como crítica.
5 A palavra todavia pressupõe uma mudança de direcionalidade. O poeta, ao sonhar com a namorada, encontrou inspiração
para construir um poema, mas, ao se lembrar dos lábios dela, muda a ação da criação poética para a de telefonar para a
amada, com o intuito de encontrar-se com ela.
Anotações
24
Anotações
25
81INT. DE TEXTOMEDICINA I
INTERPRETAÇÃO
DE TEXTO
Aula
4
A descrição
Características do texto descritivo
• É um retrato físico, social ou psicológico;
• Não há progressão temporal;
• Não há mudança de estado;
• Os dados são simultâneos;
• Particulariza o ser.
Exemplo:
Estávamos sobre a pedra do Calvário. Em torno, a
capela que a abriga, resplandecia com um luxo sensual
e pagão. No teto azul-ferrete brilhavam sóis de prata,
signos do zodíaco, estrelas, asas de anjos, flores de púr-
pura; e, dentre este fausto sideral, pendiam de correntes
de pérolas os velhos símbolos da fecundidade, os ovos
de avestruz, ovos sacros de Astarté e Baco de ouro. [...]
Globos espelhados, pousando sobre peanhas de ébano,
refletiam as joias dos retábulos, a refulgência das pare-
des revestidas de jaspe, de nácar e de ágata. E no chão,
no meio deste clarão, precioso de pedraria e luz, emer-
gindo dentre as lajes de mármore branco, destacava um
bocado de rocha bruta e brava, com uma fenda alargada
e polida por longos séculos de beijos e afagos beatos.
Eça de Queiroz. A relíquia.
O texto anterior faz uma descrição do espaço;
o narrador dá informações sobre a capela. Os dados
são simultâneos, não há progressão temporal e, por
conseguinte, também não há mudança de estado, mas
apenas uma caracterização do local de forma poética.
Ferramentas gramaticais da descrição
a) Uso do pretérito imperfeito do indicativo (passado
durativo) com a finalidade de passar os hábitos e
características das personagens.
Ricordanza della mia gioventu
A minha ama-de-leite Guilhermina
Furtava as moedas que o Doutor me dava.
Sinhá-Mocinha, minha mãe, ralhava...
Via naquilo a minha própria ruína!
[...]
Augusto dos Anjos. Lembrança da minha juventude. Disponível em:
<www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bn00054a.pdf>.
Ricordanza della mia gioventu: Lembrança da minha juventude.
b) Uso de verbos de ligação com o objetivo de intro-
duzir características do ser.
Policarpo era patriota. Desde moço, aí pelos vinte
anos, o amor da Pátria tomou-o todo inteiro. Não fora o
amor comum, palrador e vazio; fora um sentimento sério,
grave e absorvente. [...] o que o patriotismo o fez pensar,
foi num conhecimento inteiro de Brasil. [...] Não se sabia
bem onde nascera, mas não fora decerto em São Paulo,
nem no Rio Grande do Sul, nem no Pará. Errava quem
quisesse encontrar nele qualquer regionalismo: Quaresma
era antes de tudo brasileiro.
Lima Barreto. Triste fim de Policarpo Quaresma.
São Paulo: Scipione, 1997.
c) Uso considerável de adjetivos e formas adjetivas
com intuito de caracterizar o ser.
Em marcha para Canudos
Foi nestas condições desfavoráveis que partiram a
12 de janeiro de 1897.
Tomaram pela Estrada de Cambaio.
É a mais curta e a mais acidentada. Ilude a princípio,
perlongando o vale de Cariacá, numa cinta de terrenos
férteis sombreados de cerradões que prefiguram verda-
deiras matas.
Transcorridos alguns quilômetros, porém, acidenta-se;
perturba-se em trilhas pedregosas e torna-se menos pra-
ticável à medida que se avizinha do sopé da serra do
Acaru. [...]
Euclides da Cunha. Os sertões. São Paulo: Ateliê Editorial, 2001. p. 385.
d) Uso do presente do indicativo com o objetivo de
se descrever a realidade presente ou de se criar um
efeito de aproximação (ênfase ao passado, pois
ele tem ressonância até os dias de hoje).
No adro da janela há pinga, café,
imagens, fenômenos, baralhos, cigarros
e um sol imenso que lambuza de ouro
o pó das feridas e o pó das muletas.
Carlos Drummond de Andrade. "Romaria". In: Poesia Completa.
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2002. p. 38.
Orientações
Ao longo dessa aula, faz-se necessário apresentar ao aluno as principais características que lhe permitem
reconhecer um texto descritivo (sem progressão temporal, dados simultâneos etc.), bem como o uso de certas
ferramentas gramaticais que auxiliam na elaboração desse tipo de texto (pretérito imperfeito do indicativo
e verbos de ligação, por exemplo). Por fim, abordar os tipos de descrição: física, psicológica e sociológica.
26
82 INT. DE TEXTO
Aula
4
Tipos de descrição
A descrição pode ser física, psicológica ou so-
ciológica. Na primeira, enfatiza-se os aspectos mais
concretos, mais aparentes; na segunda, destacam-se
as características mentais, os traços psicológicos e
estados do ser; na terceira, faz-se referência à classe
social e ao trabalho. Veja o exemplo a seguir:
D. Quinquina (como a chamam suas amigas) con-
versa sofrível e sentimentalmente: é meiga, terna, pudi-
bunda, e mostra ser muito modesta. Seu moral é belo e
lânguido como seu rosto; um apurado observador, por
mais que contra ela se dispusesse, não passaria de clas-
sificá-la entre as sonsas.
Joaquim Manuel de Macedo. Disponível em:
<www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaObraForm.
do?select_action=&co_autor=57>.
Na passagem acima predomina a descrição psi-
cológica. Termos como “meiga”, “terna”, “modesta”,
“sonsas” referem-se a aspectos psicológicos do ser
humano. Veja agora um exemplo de descrição física:
As chamadas baianas não usavam vestidos; traziam
somente umas poucas saias presas à cintura, e que
chegavam pouco abaixo do meio da perna, todas elas
ornadas de magníficas rendas; da cintura para cima traziam
uma finíssima camisa, cuja gola e manga eram também
ornadas de renda; ao pescoço punham um cordão de ouro,
um colar de corais, os mais pobres eram de miçangas;
ornavam a cabeça com uma espécie e turbante a que
davam o nome de trunfas, formado por um grande laço
branco muito teso e engomado; calçavam umas chinelas
de salto alto e tão pequenas que apenas continham os
dedos dos pés, ficando de fora todo o calcanhar; e, além
de tudo isto, envolviam-se graciosamente em uma capa
de pano preto, deixando de fora os braços ornados de
argolas de metal simulando pulseiras.
Manuel Antônio de Almeida. Memórias de um Sargento de
Milícias. Disponível em: <www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/
DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=1969>.
Acaracterização física das baianas ocorre em todo
o trecho, pois faz-se a descrição da indumentária das
personagens. Veja agora um exemplo de descrição
sociológica:
Jeca Tatu passava os dias de cócoras, pitando enor-
mes cigarrões de palha, sem ânimo de fazer coisa ne-
nhuma. Ia ao mato caçar, tirar palmitos, cortar cachos de
brejaúva, mas não tinha ideia de plantar um pé de couve
atrás da casa. Perto um ribeirão, onde ele pescava de vez
em quando uns lambaris e um ou outro bagre. E assim ia
vivendo.
Monteiro Lobato. Jeca Tatu.
No excerto acima, destaca-se a relação persona-
gem-trabalho; faz-se uma abordagem sociológica.
A descrição pode, ainda, ser classificada como
objetiva (descrição utilitária, por exemplo um manual
de instrução) ou subjetiva (literária); dinâmica (com
movimento) ou estática (sem movimento); e cinema-
tográfica (à base de flashes).
Exercícios de Sala
► Texto para as questões 1 e 2.
— É esta! disse aos soldados que, com um gesto,
intimaram a desgraçada a segui-los. — Prendam-na! É
escrava minha!
A negra, imóvel, cercada de escamas e tripas de
peixe, com uma das mãos espalmada no chão e com a
outra segurando a faca de cozinha, olhou aterrada para
eles, sem pestanejar.
Os policiais, vendo que ela se não despachava, de-
sembainharam os sabres. Bertoleza então, erguendo-se
com ímpeto de anta bravia, recuou de um salto e, antes
que alguém conseguisse alcançá-la, já de um só golpe
certeiro e fundo rasgara o ventre de lado a lado.
E depois embarcou para a frente, rugindo e esfoci-
nhando moribunda numa lameira de sangue.
João Romão fugira até ao canto mais escuro do ar-
mazém, tapando o rosto com as mãos..
Aluísio de Azevedo. O cortiço. Disponível em: <www.dominiopublico.
gov.br/pesquisa/PesquisaObraForm.do?select_action=&co_
autor=2149>.
1 Assinale a alternativa em que se nota uma des-
crição subjetiva, semelhante à utilizada em “rugindo e
esfocinhando moribunda numa lameira de sangue.”.
(a) “A negra, imóvel, cercada de escamas e tripas de
peixe,”
(b) “então, erguendo-se com ímpeto de anta bravia,”
(c) “aterrada para eles, sem pestanejar”
(d) “já de um só golpe certeiro e fundo”
(e) “recuou de um salto e, antes que alguém conseguisse”
Anotações
27
83MEDICINA I INT. DE TEXTO
4
Aula
2 Em “olhou aterrada para eles, sem pestanejar”,
o autor faz uso de descrição psicológica em concomi-
tância com a ação da personagem. Assinale a alterna-
tiva em que isso também ocorre.
(a) “E depois embarcou para a frente [...]”
(b) “Bertoleza então, erguendo-se com ímpeto de
anta bravia [...]”
(c) “A negra, imóvel, cercada de escamas e tripas de
peixe [...]”
(d) “[...] com uma das mãos espalmada no chão e com
a outra segurando a faca de cozinha [...]”
(e) “[...] rasgara o ventre de lado a lado [...]”
3 Unesp 2013 O excerto a seguir pertence a Machado
de Assis. Trata-se do capítulo CCXXIII do romance
Dom Casmurro, denominado “Olhos de ressaca”; leia-o.
As minhas [lágrimas] cessaram logo. Fiquei a ver as
dela; Capitu enxugou-as depressa, olhando a furto para a
gente que estava na sala. Redobrou de carícias para a ami-
ga, e quis levá-la; mas o cadáver parece que a retinha tam-
bém. Momento houve em que os olhos de Capitu fitaram
o defunto, quais os da viúva, sem o pranto nem palavras
desta, mas grandes e abertos, como a vaga do mar lá fora,
como se quisesse tragar também o nadador da manhã.
Machado de Assis. Dom Casmurro. Disponível em:
<www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv00180a.pdf>.
No todo, o trecho acima pode ser considerado narra-
tivo, pois há progressão temporal, os fatos se suce-
dem; no entanto, há passagens descritivas. Assinale
a alternativa em que a descrição emprega linguagem
figurada.
(a) “[...] como a vaga do mar lá fora [...]”
(b) “Fiquei a ver as dela [...]”
(c) “Redobrou de carícias para a amiga [...]”
(d) “[...] olhando a furto para a gente [...]”
(e) “[...] sem o pranto nem palavras desta,”
4 Leia o texto a seguir.
A sombra das roças é macia e doce, é como uma
carícia. Os cacaueiros se fecham em folhas grandes que
o sol amarelece. Os galhos se procuram e se abraçam no
ar, parecem uma árvore subindo e descendo o morro, a
sombra de topázio se sucedendo por centenas e centenas
de metros.
Jorge Amado. São Jorge dos Ilhéus. São Paulo: Companhia das
Letras, 2010.
Na descrição acima, não se observa:
(a) descrição por meio de sensações.
(b) personificação dos seres.
(c) comparação entre a natureza e o ser humano.
(d) movimento, dinamicidade.
(e) flashes, efeitos cinematográficos.
► Leia o trecho do conto “O mandarim”, de Eça de
Queirós, para responder à questão 5.
Então começou a minha vida de milionário. Deixei
bem depressa a casa de Madame Marques – que, des-
de que me sabia rico, me tratava todos os dias a arroz-
-doce, e ela mesma me servia, com o seu vestido de seda
dos domingos. Comprei, habitei o palacete amarelo, ao
Loreto: as magnificências da minha instalação são bem
conhecidas pelas gravuras indiscretas da Ilustração Fran-
cesa. Tornou-se famoso na Europa o meu leito, de um
gosto exuberante e bárbaro, com a barra recoberta de
lâminas de ouro lavrado e cortinados de um raro bro-
cado negro onde ondeiam, bordados a pérolas, versos
eróticos de Catulo; uma lâmpada, suspensa no interior,
derrama ali a claridade láctea e amorosa de um luar de
Verão.
[...]
Entretanto Lisboa rojava-se aos meus pés. O pátio
do palacete estava constantemente invadido por uma
turba: olhando-a enfastiado das janelas da galeria, eu
via lá branquejar os peitilhos da Aristocracia, negrejar a
sotaina do Clero, e luzir o suor da Plebe: todos vinham
suplicar, de lábio abjeto, a honra do meu sorriso e
uma participação no meu ouro. Às vezes consentia em
receber algum velho de título histórico: – ele adiantava-
-se pela sala, quase roçando o tapete com os cabelos
brancos, tartamudeando adulações; e imediatamente,
espalmando sobre o peito a mão de fortes veias onde
corria um sangue de três séculos, oferecia-me uma filha
bem-amada para esposa ou para concubina.
Todos os cidadãos me traziam presentes como a
um ídolo sobre o altar – uns odes votivas, outros o meu
monograma bordado a cabelo, alguns chinelas ou bo-
quilhas, cada um a sua consciência. Se o meu olhar
amortecido fixava, por acaso, na rua, uma mulher – era
logo ao outro dia uma carta em que a criatura, esposa ou
prostituta, me ofertava a sua nudez, o seu amor, e todas
as complacências da lascívia.
Os jornalistas esporeavam a imaginação para achar
adjetivos dignos da minha grandeza; fui o sublime
Sr. Teodoro, cheguei a ser o celeste Sr. Teodoro; então,
desvairada, a Gazeta das Locais chamou-me o extraceleste
Sr. Teodoro! Diante de mim nenhuma cabeça ficou jamais
coberta – ou usasse a coroa ou o coco. Todos os dias
me era oferecida uma presidência de Ministério ou uma
direção de confraria. Recusei sempre, com nojo.
Eça de Queirós. O mandarim, s/d.
Anotações
28
84 INT. DE TEXTO
Aula
4
GUIA DE ESTUDO
Int. de texto / Livro Único / Frente Única / Capítulo 2
I. Leia as páginas de 36 a 39.
II. Faça os exercícios 1 e 2 da seção “Revisando”.
III. Faça os exercícios propostos de 1 a 4.
5 Unifesp 2015 Ao descrever a sua vida de milioná-
rio, o narrador
(a) sente-se lisonjeado pelo tratamento cerimonioso
de que é alvo constante, sobretudo porque as pes-
soas são honestas em seu proceder.
(b) reconhece que as pessoas se aproximam dele com
mais respeito e cautela, fato que o deixa descon-
fortável, por sua natureza humilde.
(c) ironiza as relações de interesses decorrentes da
sua nova condição social, deixando evidente que
as pessoas se humilham perante ele.
(d) ignora a forma como os mais pobres o interpelam,
pois não consegue identificar os contatos sem in-
teresses monetários.
(e) despreza a falta de veneração à sua pessoa, prin-
cipalmente pelos mais bem nascidos, que não o
veem como pertencente à aristocracia.
► Texto para a questão 6.
Urubua
Noite. Rua.
Homem mastiga pão.
Solidão escura que caminha, mastiga, caem migalhas.
Urubus cor-de-noite em busca de migalhas amarelas.
Carros cinzas passam.
Migalhas de urubu.
Dia. Amarelo.
Amanhece, urubus vermelhos no asfalto cinza. Cinzas de
urubu na rua. Urubua.
R. Onada.
6 Em relação ao poema acima:
a) Cite três passagens descritivas.
b) Dê dois aspectos do texto que justifique o emprego
de linguagem cinematográfica.
Anotações
29
Resoluções Exercícios de Sala
1 Alternativa: B.
Em ambos os casos, temos uma analogia com o reino animal.
2 Alternativa: B.
O adjetivo bravia aponta um estado psicológico da personagem.
3 Alternativa: A.
O autor faz uma analogia com o mar, empregando uma figura denominada comparação.
4 Alternativa: E.
Temos sensações em “macia e doce”; personificação em “Os galhos se procuram e se abraçam no ar”; comparação em “A
sombra das roças é macia e doce, é como uma carícia.”. A ideia de movimento é dada pelos verbos que traduzem ação.
5 Alternativa: C.
O narrador ironiza a bajulação interesseira que lhe foi dirigida a partir do momento em que ficou rico. Aqueles que o
bajulavam chegavam a se humilhar diante dele, como se observa nos trechos a seguir: “[...] quase roçando o tapete
com os cabelos brancos, tartamudeando adulações; e imediatamente, espalmando sobre o peito a mão de fortes veias
onde corria um sangue de três séculos, oferecia-me uma filha bem-amada para esposa ou para concubina” e “Se o meu
olhar amortecido fixava, por acaso, na rua, uma mulher – era logo ao outro dia uma carta em que a criatura, esposa ou
prostituta, me ofertava a sua nudez, o seu amor, e todas as complacências da lascívia”.
6 a) Trata-se das passagens “Noite. Rua.”, “Migalhas de urubu.” e “urubus vermelhos no asfalto cinza. Cinzas de urubu na rua.
Urubua.”.
b) Falta de conexão sintática entre os versos, descrição à base de flashes.
Anotações
30
Anotações
31
Orientações
Essa aula tem o objetivo de tratar da narração, de modo que devem-se abordar os principais tempos
verbais utilizados nesses textos (o presente e os pretéritos perfeito e imperfeito do indicativo) e os efeitos
pretendidos com isso; os tipos de narrador e suas características (personagem/observador, parcial/imparcial);
e as caracterizações de tempo, espaço e conflito possíveis em um texto narrativo.
85INT. DE TEXTOMEDICINA I
INTERPRETAÇÃO
DE TEXTO
Aula
5
Narração
Características
A narração caracteriza-se, principalmente, pela
progressão temporal, pela mudança de estado e pela
sucessão de fatos. Em uma narração, sempre haverá
um espaço, um tempo, personagens e conflito; o nar-
rador pode estar explícito ou não. O texto narrativo é
considerado figurativo, pois predominam elementos
concretos.
Eis as características do texto narrativo.
• Tempo verbal
O texto narrativo costuma empregar determinados
tempos verbais, como o pretérito perfeito do indicativo,
o pretérito imperfeito do indicativo e o presente do
indicativo.
a) Uso do pretérito perfeito para relatar as transfor-
mações.
O crime do negro abriu uma clareira silenciosa no
meio do povo. Ficaram todos estarrecidos de espanto.
Aníbal Machado. “A morte da porta-estandarte”. In: A morte da porta-
-estandarte e outras histórias. Rio de Janeiro, 1965. p. 231.
b) Uso do pretérito imperfeito do indicativo para a
descrição que acompanha a narração.
O preto ajoelhado bebia-lhe mudamente o último
sorriso, e inclinava a cabeça de um lado para outro como
se estivesse contemplando uma criança. [...]
Aníbal Machado. “A morte da porta-estandarte”. In: A morte da porta-
-estandarte e outras histórias. Rio de Janeiro, 1965, p. 231.
c) Uso do presente para descrições e para criar o
efeito de vivacidade.
Quando Pedro I lança aos ecos o seu grito histórico e
o país desperta esturvinhado à crise de uma mudança de
dono, o caboclo ergue-se, espia e acocora-se, de novo.
Monteiro Lobato. O Urupês. São Paulo: Editora Globo, 2007. p.169.
• Narrador
O narrador pode apresentar-se em primeira pessoa
(narrador-personagem, participa da história) ou em
terceira pessoa (narrador-observador, apenas relata);
o primeiro tende a ser mais parcial; o segundo, mais
imparcial. Veja o exemplo a seguir.
Entra na Pensión Don Marcos. No fim da escada
escura a sala de refeições. Quase dez horas, todos ao
redor das mesas beliscavam furtivamente o pão preto. O
lugar de Pedro ocupado pelo vizinho que tosse. A patroa,
chegando com a primeira terrina, avisa que acolheu no-
vos hóspedes. Ele deve colocar-se à mesa com o outro.
Tem fome e não discute diante dos pensionistas, que o
espreitam de suas cadeiras. A dona pisca o olho verme-
lho e indica, no lugar do tossidor, um casal de amantes,
dando-se as mãos sobre a mesa sem toalha.
Dalton Trevisan. “Noites de Amor em Granada”. In: Novelas nada
exemplares. 4 ed. rev. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
1975. p.136.
No exemplo acima, temos o narrador-observador,
que relata os fatos de forma neutra. Veja agora um
exemplo de narrador-personagem.
Pois tinha sido que eu acabava de sarar duma doença,
e minha mãe feito promessa para eu cumprir quando
ficasse bom: eu carecia de tirar esmola, até perfazer um
tanto – metade para se pagar uma missa, em alguma
igreja, metade para se pôr dentro duma cabaça bem
tapada e breada, que se jogava no São Francisco, a fim
de ir, Bahia abaixo, até esbarrar no Santuário do Santo
Senhor Bom-Jesus da Lapa, que na beira do rio tudo pode.
Ora, lugar de tirar esmola era no porto. Mãe me deu uma
sacola. Eu ia, todos os dias. E esperava por lá, naquele
parado, raro que alguém vinha. Mas eu gostava, queria
novidade quieta para meus olhos.
Guimarães Rosa. "Grande Sertão: Veredas". In: Ficção Completa.
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2009. p. 67.
Nota-se a opinião do narrador nas seguintes pas-
sagens: “Ora, lugar de tirar esmola era no porto [...]
E esperava por lá, naquele parado, raro que alguém
vinha. Mas eu gostava, queria novidade quieta para
meus olhos.”.
O narrador pode estar a par do que se passa no pen-
samento da personagem, bem como estar consciente do
seu passado e das suas emoções; nesse caso, teremos
um narrador onisciente, como no texto a seguir.
32
86 INT. DE TEXTO
Aula
5
Junto da inocente menina adormecida na isenção
de sua alma pura de virgem, velavam três sentimentos
profundos, palpitavam três corações bem diferentes.
Em Loredano, o aventureiro de baixa extração, esse
sentimento era um desejo ardente, uma sede de gozo,
uma febre que lhe requeimava o sangue: o instinto brutal
dessa natureza vigorosa era ainda aumentado pela
impossibilidade moral que a sua condição criava, pela
barreira que se elevava entre ele, pobre colono, e a filha
de D. Antônio de Mariz, rico fidalgo de solar e brasão. [...]
Em Álvaro, cavalheiro delicado e cortês, o sentimento era
uma afeição nobre e pura, cheia de graciosa timidez que
perfuma as primeiras flores do coração, e do entusiasmo
cavalheiresco que tanta poesia dava aos amores daquele
tempo de crença e lealdade. [...] Em Peri, o sentimento
era um culto, espécie de idolatria fanática, na qual não
entrava um só pensamento de egoísmo; amava.
José de Alencar. O guarani. Disponível em: <www.dominiopublico.
gov.br/download/texto/bv000135.pdf>.
O narrador, em José de Alencar, revela os senti-
mentos de cada pretendente, mostrando-se, assim,
onisciente, ou seja, tem conhecimento do que se passa
na mente de cada personagem. Quando há o fluxo
de pensamento da personagem, em primeira pessoa,
temos o monólogo interior.
• Tempo
Trata-se do momento em que ocorrem as ações.
O tempo pode ser concebido das seguintes maneiras:
a) tempo real.
b) tempo psicológico (memória, lembrança).
c) tempo cronológico.
d) inversão temporal (para o passado ou para o futuro).
• Espaço
Trata-se do lugar em que ocorrem as ações. O espaço
pode ser concebido das seguintes maneiras:
a) espaço real.
b) espaço psicológico (memória, lembrança).
• Conflito
O conflito é o obstáculo, o que provoca tensão.
Pode ser de natureza:
a) física (acidente de carro).
b) psicológica (separação de um casal).
c) sociológica (preconceito).
d) soma de várias.
Exercícios de Sala
1 Leia o excerto a seguir, da obra Dom Casmurro, de
Machado de Assis.
Capítulo LXV / A dissimulação
[...] minha mãe, dizendo a tio Cosme que ainda que-
ria ver com que mão havia eu de abençoar o povo à mis-
sa, contou que, dias antes, estando a falar de moças que
se casam cedo, Capitu lhe dissera: “Pois a mim quem me
há de casar há de ser o padre Bentinho, eu espero que
ele se ordene!” Tio Cosme riu da graça, José Dias não
dessorriu, só prima Justina é que franziu a testa, e olhou
para mim interrogativamente. Eu, que havia olhado para
todos, não pude resistir ao gesto da prima, e tratei de
comer. Mas comi mal, estava tão contente com aquela
grande dissimulação de Capitu que não vi mais nada,
e, logo que almocei, corri a referir-lhe a conversa e a
louvar-lhe a astúcia. Capitu sorriu de agradecida.
— Você tem razão, Capitu, concluí eu; vamos enganar
toda esta gente.
— Não é? disse ela com ingenuidade.
Machado de Assis. Dom Casmurro. Disponível em:
<www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv00180a.pdf>.
Assinale a alternativa que traz uma informação não
condizente com o texto.
(a) Emprega-se narrador-personagem, o que confere
certa subjetividade ao narrar.
(b) O uso de discurso direto pode ser entendido como
um efeito de realidade.
(c) O emprego do pretérito perfeito do indicativo, como
em “corri”, possibilita a progressão temporal.
(d) O nome do capítulo, “A dissimulação” encontra
eco na palavra “astúcia”.
(e) Narra-se em primeira pessoa, como atesta a passagem
“eu espero que ele se ordene!”
Anotações
33
Anotações
87MEDICINA I INT. DE TEXTO
5
Aula
2 Assinale a alternativa que apresenta uma
progressão narrativa em O mulato, de Aluísio de
Azevedo (Disponível em: <www.dominiopublico.gov.
br/download/texto/bn000166.pdf>).
(a) Raimundo tinha vinte e seis anos e seria um tipo aca-
bado de brasileiro, se não foram os grandes olhos
azuis, que puxara do pai.
(b) Cabelos muito pretos, lustrosos e crespos, tez morena
e amulatada, mas fina, dentes claros que reluziam
sob a negrura do bigode, estatura alta e elegante,
pescoço largo, nariz direito e fronte espaçosa.
(c) Tinha os gestos bem educados, sóbrios, despidos
de pretensão, falava em voz baixa, distintamente,
sem armar ao efeito, vestia-se com seriedade e bom
gosto; amava os artes, as ciências, a literatura e,
um pouco menos, a política.
(d) O Dias tomara o seu chapéu no corredor e, ao
embarcar no carro, que esperava pelos dois lá
embaixo, Ana Rosa levantara-lhe carinhosamente a
gola da casaca.
3 Leia o excerto a seguir, extraído do romance
Senhora, de José de Alencar.
Aurélia concentra-se de todo dentro de si; ninguém
ao ver essa gentil menina, na aparência tão calma e tran-
quila, acreditaria que nesse momento ela agita e resolve
o problema de sua existência; e prepara-se para sacrifi-
car irremediavelmente todo o seu futuro.
José de Alencar. Senhora. Disponível em: <www.dominiopublico.gov.
br/download/texto/bn000011.pdf>.
Na passagem em questão, observa-se a presença de:
(a) narrador onisciente.
(b) narrador em primeira pessoa.
(c) narrador que dirige-se ao leitor.
(d) narrador-personagem.
(e) narrador implícito.
4 Começo a arrepender-me deste livro. Não que ele
me canse; eu não tenho que fazer; […] Tu tens pressa de
envelhecer, e o livro anda devagar; tu amas a narração
direta e nutrida, o estilo regular e fluente; e este livro e o
meu estilo são como ébrios, guinam à direita e à esquerda.
Machado de Assis. Memórias póstumas de Brás Cubas.
Disponível em: <www.dominiopublico.gov.br/download/texto/
bn000167.pdf>.
Assinale a alternativa que faz uma definição que não
se enquadra no texto acima.
(a) O narrador dialoga com o leitor e estabelece juízos
de valor em relação a ele.
(b) Emprega-se a metalinguagem, pois o narrador
comenta sobre o enredo.
(c) O narrador articula faticamente com o leitor,
criando um efeito de aproximação.
(d) O narrador estabelece com o leitor um canal aberto
à discussão ou participação na matéria narrada.
(e) A voz narrativa conta a história de dentro dela,
falando ao leitor em primeira e segunda pessoa.
GUIA DE ESTUDO
Int. de texto / Livro Único / Frente Única / Capítulo 2
I. Leia as páginas de 39 a 41.
II. Faça os exercícios de 3 a 5 da seção “Revisando”.
III. Faça os exercícios propostos de 7 a 10.
34
Resoluções Exercícios de Sala
1 Alternativa: E.
A primeira pessoa citada é da personagem, não do narrador.
2 Alternativa: D.
É a única alternativa em que se nota a progressão temporal.
3 Alternativa: A.
O narrador tem conhecimento com relação ao que se passa no interior de Aurélia, provando a onisciência.
4 Alternativa: E.
Quem conta a história e participa dela é o narrador personagem, que narra em primeira pessoa.
Anotações
35
Anotações
36
INTERPRETAÇÃO
DE TEXTO
88 INT. DE TEXTO
Aula
6
Narração e dissertação
Narração
Tipos de discurso
Na narração, observam-se três tipos de discurso:
o direto, o indireto e o indireto-livre. Dependendo da
narração, pode-se ter os três presentes.
a) direto: quando se reproduz a voz da personagem.
— Você sabe o que é discurso direto?
— Não sabia, mas agora sei!
b) indireto: quando o narrador fala pela personagem
em terceira pessoa
Ele disse que agora sabe o que é discurso indireto.
c) indireto-livre: quando o pensamento da persona-
gem alterna-se na terceira pessoa com a voz do
narrador, criando uma ambiguidade proposital.
A terceira pessoa substituindo a primeira, o em-
prego do futuro do pretérito e do pretérito im-
perfeito do indicativo e o uso de exclamações e
interrogações são marcas gramaticais do discurso
indireto-livre. É exemplo de discurso indireto-li-
vre o seguinte excerto de Vidas Secas:
Sinhá Vitória desejava possuir uma cama igual à de
seu Tomás da bolandeira. Doidice. Não dizia nada para
não contrariá-la, mas sabia que era doidice. Cambembes
podiam ter luxo? E estavam ali de passagem. Qualquer
dia o patrão os botaria fora, e eles ganhariam o mundo,
sem rumo, nem teriam meio de conduzir os cacarecos.
Graciliano Ramos. Vidas secas. 6 ed. São Paulo: Livraria Martins
Editora, s/d. p. 26.
Monólogo interior
Trata-se também do pensamento da personagem,
mas com algumas características diferentes:
a) fluxo de pensamento da personagem.
b) uso de primeira pessoa.
c) ênfase ao tempo e espaço psicológicos.
d) sintaxe mimetizando o fluxo de pensamento.
Veja o exemplo a seguir.
Perdi alguma coisa que me era essencial, e já não
me é mais. Não me é necessária, assim como se eu tives-
se perdido uma terceira perna que até então me impossi-
bilitava de andar, mas que fazia de mim um tripé estável.
Essa terceira perna eu perdi. E voltei a ser uma pessoa
que nunca fui [...]
Clarice Lispector. A paixão segundo G. H. Rio de Janeiro: Rocco,
1998. p. 11-2.
Dissertação
Características
Se a narração caracteriza-se pela progressão
temporal, a dissertação é identificada pela progres-
são lógica; se na descrição particulariza-se o ser, na
dissertação, generaliza-se. O texto dissertativo serve
para debater um assunto ou simplesmente expô-lo.
Dissertação argumentativa/expositiva
A dissertação pode ser expositiva ou argumenta-
tiva, isso depende das intenções de quem produz o
texto.
a) Argumentativa: o texto argumentativo procura
provar uma tese por meio de provas, denomina-
das argumentos (fatos propriamente ditos, situ-
ações, ilustrações, dados estatísticos, conceitos,
testemunhos).
b) Expositiva: na dissertação expositiva, expõe-se o
assunto sem que se tome abertamente uma posi-
ção. É o caso da maioria dos livros didáticos.
Dissertação objetiva/subjetiva
a) Objetiva: na dissertação objetiva, emprega-se a
denotação, a terceira pessoa e a impessoalidade.
O uso da partícula “se” é uma marca de impesso-
alidade (sabe-se que...).
b) Subjetiva: na dissertação subjetiva, estabelecem-se
juízos de valor, faz-se uso da conotação, empre-
gam-se a primeira e/ou a segunda pessoa.
Orientações
Nessa aula, explicar os tipos de discurso usados na narração: direto, indireto e indireto livre. Reforçar com
os alunos as características que lhes permitem reconhecer o discurso indireto livre, valendo-se, para isso, de
exemplos.Abordar ainda o monólogo interior, ressaltando suas diferenças em relação ao discurso indireto livre.
Sobre a dissertação, apresentá-la como um texto que tem por finalidade debater um assunto ou simplesmente
expô-lo.Alémdisso,apresentar as características dos tipos de dissertação existentes: argumentativa/expositiva
e objetiva/subjetiva.
37
89MEDICINA I INT. DE TEXTO
6
Aula
Exercícios de Sala
1 Leia o trecho a seguir, pertencente à obra Vidas
Secas.
E estavam ali de passagem. Qualquer dia o patrão
os botaria fora, e eles ganhariam o mundo, sem rumo,
nem teriam meio de conduzir os cacarecos.
Graciliano Ramos. Vidas Secas. 6 ed. São Paulo: Livraria Martins
Editora, s/d. p. 26.
Dadas as marcas linguísticas empregadas nesse excerto,
pode-se afirmar que se nota a presença de:
(a) narrador-observador.
(b) diálogo narrador-personagem.
(c) discurso indireto.
(d) discurso direto.
(e) discurso indireto-livre.
2 Leia o excerto a seguir, extraído da crônica
“O sonho do feijão”.
Dona Abigail sentou-se na cama, sobressaltada,
acordou o marido e disse que havia sonhado que iria fal-
tar feijão. Não era a primeira vez que esta cena ocorria.
Dona Abigail, consciente de seus afazeres de dona-de-
-casa, vivia constantemente atormentada por pesadelos
desse gênero. E de outros gêneros, quase todos alimen-
tícios. Ainda bêbado de sono o marido esticou o bra-
ço e apanhou a carteira sobre a mesinha de cabeceira:
‘Quanto é que você quer?’
Carlos Eduardo Novaes. “O sonho do feijão”. In: A travessia da via
crucis. 4 ed. São Paulo: Nórdica, 1975. p. 25.
a) Identifique uma passagem em discurso direto e
outra em discurso indireto.
b) Transforme o discurso indireto escolhido em direto.
► Texto para as questões 3 e 4.
É fácil errar quando uma empresa ou seus dirigentes
não têm clareza sobre o que de fato significam as bonitas
palavras que estão em suas missões e valores ou em seus
relatórios e peças de marketing. Infelizmente, não passa
um dia sem vermos claros sintomas de confusão. O que
dizer de uma empresa que mal começou a praticar coleta
seletiva e já sai por aí se intitulando “sustentável”? Ou da
que anuncia sua “responsabilidade social” divulgando
em caros anúncios os trocados que doou a uma creche ou
campanha de solidariedade? Na melhor das hipóteses,
elas não entenderam o significado desses conceitos.
Ou, se formos um pouco mais críticos, diremos tratar-
-se de oportunismo irresponsável, que não só prejudica
a imagem da empresa mas – principalmente – mina a
credibilidade de algo muito sério e importante. Banaliza
conceitos vitais para a humanidade, reduzindo-os a
expressões efêmeras, vazias.
Guia Exame – Sustentabilidade, out. 2008.
3 Unifesp 2010 (Adapt.) O texto faz uma crítica ao:
(a) uso inexpressivo de expressões efêmeras e vazias,
o que coíbe a prática do oportunismo irresponsável.
(b) trabalho social das empresas, que priorizam ações
sociais sem utilizarem um marketing adequado.
(c) discurso irresponsável das empresas que, na verdade,
destoa das práticas daqueles que o proferem.
(d) excesso de discursos sobre sustentabilidade e res-
ponsabilidade em empresas engajadas em assun-
tos de natureza social.
(e) uso indiscriminado do marketing na divulgação
da responsabilidade social das empresas.
4 Unifesp 2010 (Adapt.) Considerando o ponto de vista
do autor, a frase – O que dizer de uma empresa que
mal começou a praticar coleta seletiva e já sai por aí
se intitulando “sustentável”? – deixa evidente que
uma empresa:
(a) pode prescindir do real sentido do termo “susten-
tável”.
(b) já é sustentável, quando começa a fazer coleta
seletiva.
(c) deve fazer seu marketing desatrelado de sua prática.
(d) deve consolidar suas práticas antes de defini-las.
(e) começa mal, caso se dedique à coleta seletiva.
Anotações
38
90 INT. DE TEXTO
Aula
6
5 Fuvest2008Para Pirandello, o cômico nasce de uma
“percepção do contrário”, como no famoso exemplo de
uma velha já decrépita que se cobre de maquiagem,
veste-se como uma moça e pinta os cabelos. Ao se per-
ceber que aquela senhora velha é o oposto do que uma
respeitável velha senhora deveria ser, produz-se o riso,
que nasce da ruptura das expectativas, mas sobretudo do
sentimento de superioridade. A “percepção do contrário”
pode, porém, transformar-se num “sentimento do contrá-
rio” – quando aquele que ri procura entender as razões
pelas quais a velha se mascara, na ilusão de reconquistar
a juventude perdida. Nesse passo, a velha da anedota
não mais está distante do sujeito que percebe, porque
este pensa que também poderia estar no lugar da velha
— e seu riso se mistura com a compreensão piedosa e se
transforma num sorriso. Para passar da atitude cômica
para a atitude humorística, é preciso renunciar ao distan-
ciamento e ao sentimento de superioridade.
Elias Thomé Saliba. Raízes do riso. (Adapt.).
a) Considerando o que o texto conceitua, explique
brevemente qual a diferença essencial entre a
“percepção do contrário” e o “sentimento do con-
trário”.
b) Ao se perceber que aquela senhora velha é o
oposto do que uma respeitável velha senhora de-
veria ser, produz-se o riso [...]. Sem prejuízo para
o sentido do trecho acima, reescreva-o, substituindo
“se perceber” e “produz-se” por formas verbais
cujo sujeito seja “nós” e “é o oposto” por “não cor-
responde”. Faça as adaptações necessárias.
GUIA DE ESTUDO
Int. de texto / Livro Único / Frente Única / Capítulo 2
I. Leia as páginas de 41 a 45.
II. Faça os exercícios de 7 a 11 da seção “Revisando”.
III. Faça os exercícios propostos 5, 6 e de 12 a 15.
Anotações
39
Resoluções Exercícios de Sala
1 Alternativa: E.
Nesse trecho, há o pensamento da personagem. Marcas como o futuro do pretérito, o pretérito imperfeito do indicativo e o
uso da terceira pessoa servem como pista.
2 a) Discurso direto: “Quanto é que você quer?”. Discurso indireto: “que havia sonhado que iria faltar feijão”.
b) “Dona Abigail sentou-se na cama, sobressaltada, acordou o marido e disse-lhe:
– Sonhei que vai faltar feijão.”
A forma “vai faltar” tem valor de futuro do presente, que se transforma em futuro do pretérito no discurso indireto, como
na narrativa em questão.
3 Alternativa: C.
O texto critica o fato de as empresas praticarem um oportunismo irresponsável com relação a temas sociais, como a coleta
seletiva ou a doação a instituições sociais. Do ponto de vista do enunciador, a prática destoa da teoria.
4 Alternativa: D.
O autor salienta o fato de que as empresas fazem propaganda de ações de caráter social, sem que a prática seja condizente
(no caso, a prática está apenas no início).
5 a) A expressão “percepção do contrário” refere-se ao riso, que é obtido por meio de uma ruptura; nela, há um distanciamento
e o riso; trata-se do cômico. Já a expressão “sentimento do contrário” refere-se ao sorriso que, por outro lado, é obtido
pela aproximação, por como o sujeito se imagina no lugar da personagem, por exemplo; nesse caso, não se trata do
cômico, mas sim do humorístico.
b) Ao percebermos que aquela senhora velha não corresponde ao que uma respeitável velha senhora deveria ser, produzimos
o riso [...].
Anotações
40
Anotações
41
Orientações
Ainda sobre dissertação, explicar os raciocínios indutivo e dedutivo, o silogismo, o falso silogismo
(falácia) – mostrar ao aluno a importância de se atentar para as premissas na conclusão de uma ideia – e
explorar o exemplo dado sobre progressão lógica dos argumentos em um texto dissertativo. Apresentar, por
fim, os quatro passos da metodologia científica.
91INT. DE TEXTOMEDICINA I
INTERPRETAÇÃO
DE TEXTO
Aula
7
Dissertação
Progressão lógica
Trata-se do encadeamento dos argumentos, a pro-
gressão das ideias no texto dissertativo. Segue um
exemplo de progressão lógica:
a) Introdução:
Há três aspectos a serem considerados quando se
prende um criminoso comum: ele é um ser humano,
seu grau de consciência é limitado e não possui uma
profissão certa.
b) Recolha 1:
Por se tratar de um ser humano, ele não se adaptará
a cadeias, que mais parecem jaulas. A consequência
é uma revolta, desejo de fugir.
c) Recolha 2:
Por ter pouca escolaridade, o preso não é cons-
ciente plenamente do que vem a ser viver em socie-
dade. O fato de não ter uma ocupação na cadeia não
favorece uma transformação; pelo contrário, a cela
passa a ser uma escola do crime.
d) Recolha 3:
Finalmente, por não ter uma profissão certa, o
preso não possui um objetivo que possa fazer com
que ele esqueça a atividade criminosa: uma profissão
representa para o homem uma realização, uma ocu-
pação. Não havendo trabalho, as chances de repetir o
delito cometido são muito grandes.
e) Conclusão/proposta:
Em função dos três aspectos discutidos, faz-se ne-
cessária uma acomodação que seja condizente com
um ser humano; uma escolarização do preso e uma
profissionalização do detento. Com essas medidas, o
preso seria menos violento e mais consciente, além de
se evitar a reincidência do crime.
Dissertação
Raciocínio indutivo/dedutivo
• Indução
Na indução, parte-se do particular para o geral: do
efeito chega-se à causa.
• Dedução
Na dedução, parte-se do geral para o particular: da
causa chega-se ao efeito.
Silogismo
O silogismo emprega uma premissa maior – PM –
(generalização), uma premissa menor – Pm – (um ser
que pode estar contido no sujeito da premissa maior)
e uma conclusão – C – (o ser inserido na premissa
menor mais o predicado da premissa maior):
PM: Todo homem é racional.
Pm: Pedro é homem.
C: Pedro é racional.
• Silogismo falso (falácia)
O silogismo é falso quando está construído de for-
ma errada ou quando uma de suas premissas não é
verdadeira:
PM: Todo ginasta é ágil.
Pm: Meu irmão é ágil.
C: Meu irmão é um ginasta!
Na premissa menor está o erro: o correto seria
“meu irmão é ginasta”. A conclusão, portanto, seria
“meu irmão é ágil”. Outro exemplo:
PM: Todo banco antigo é seguro.
Pm: O banco x é antigo.
C: O banco x é seguro.
A premissa maior é falsa, nem todo banco antigo
é seguro.
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  • 1. 11 INTERPRETAÇÃO DE TEXTO C A D E R N O TETRA 1
  • 2. 2 Caro(a) professor(a), O Manual do Professor constitui uma importante ferramenta para o uso dos cadernos de sala da Coleção Pré-vestibular do Sistema de Ensino Poliedro (SEP) pelo corpo docente de nossas Unidades Parceiras. O objetivo é fomentar o conhecimento dos recursos contidos nas coleções para maximizar a utilização dos materiais didáticos e possibilitar maiores resultados pedagógicos. Neste Manual, descrevemos a estrutura e as seções contidas nos cadernos, fornecendo observações que podem ajudá-lo(a) em sua dinâmica de ensino. Apresentamos também as resoluções dos exercícios que serão trabalhados – como norteadoras à prática do professor – e possíveis exercícios opcionais – como oportunidade de aprofundamento e completude do tempo despendido para as aulas. Os cadernos possibilitam uma prática efetiva do aprendizado em sala de aula e, quando utilizados em consonância com a fundamentação teórica contida nos livros de teoria, oferecem ao aluno um aprendizado ainda mais amplo e completo. Estimulamos o uso dos temas das aberturas dos capítulos e dos textos da seção “Texto complementar” como pontos de partida para discussões em sala e como fontes de conhecimento e curiosidades acerca dos assuntos da teoria. Indicamos também o acesso aos diversos recursos que o Portal do Sistema Poliedro (<www.sistemapoliedro.com.br>) oferece ao docente, como a análise de vestibulares, aulas-dica, características e estrutura da coleção, matrizes de aula sugeridas e utilizadas nas Unidades Sede, os Planejamentos dos cadernos de sala para as diferentes turmas, as resoluções das questões presentes nos livros, videoaulas dos autores e também vídeos sobre as disciplinas da coleção. Além desses recursos, oferecemos materiais que complementam o caderno e ampliam a formação dos alunos do PV, tais como: • Minuto de Leitura; • Leia Agora; • Balcão de Redação; e • Banco de Questões. Destacamos a importância da visualização dos relatórios e devolutivas dos simulados contidos no EDROS como insumos para análise docente e da coordenação, visando potencializar as aulas e os resultados acadêmicos. Todas as iniciativas do SEP em oferecer recursos, ferramentas e materiais voltados à formação do aluno, garantindo um rigor acadêmico almejado pelas escolas parceiras, buscam apoiar o docente; mas, vale ressaltar, o professor se mantém como principal protagonista da prática pedagógica, tendo total autonomia na utilização dos recursos oferecidos. Esperamos que explore cada uma das ferramentas disponibilizadas e que conte com o SEP para quaisquer esclarecimentos. Sistema de Ensino Poliedro
  • 3. 3 Sumário Manual do Professor Estrutura geral dos cadernos .................................. 4 Aulas ................................................................... 5 Exercícios de Sala ................................................. 6 Guia de estudo..................................................... 7 Orientações específicas .......................................... 7 Orientações: Aula 1................................................ 8 Resoluções ........................................................... 11 Orientações: Aula 2................................................ 13 Resoluções ........................................................... 17 Orientações: Aula 3 ............................................... 19 Resoluções ........................................................... 23 Orientações: Aula 4................................................ 25 Resoluções ........................................................... 29 Orientações: Aula 5................................................ 31 Resoluções ........................................................... 34 Orientações: Aula 6................................................ 36 Resoluções ........................................................... 39 Orientações: Aula 7................................................ 41 Resoluções ........................................................... 45 Orientações: Aula 8................................................ 47 Resoluções ........................................................... 50 Orientações: Aula 9................................................ 52 Resoluções ........................................................... 55
  • 4. 4 ESTRUTURA GERAL DOS CADERNOS Os cadernos de sala, usados em conjunto com os livros de teoria, sintetizam e facilitam a compreensão dosassuntosestudados.Todasasaulasapresentamosprincipaistópicosdecadatemaabordadoeoferecem exercícios que permitem enriquecer a discussão em sala de aula e contribuir com a fixação do aprendizado. Assim como nos livros, as disciplinas nos cadernos são divididas em frentes, que devem ser trabalhadas paralelamente. Essa divisão não só facilita a organização dos estudos como permite uma visão ainda mais sistêmica dos tópicos abordados em cada disciplina. A organização das atividades foi elaborada para aumentar a eficiência do trabalho em sala: > 2015 > PRÉ VESTIBULAR > CADERNO MEDICINA > MEDICINA 1 / LARGURA: 205 / ALTURA: 275 / ESPIRAL / PAGINAS: 432 / KLEBER / 07-11-2014 (11:14)  O estudo de Interpretação de texto é organizado em frente única. No caderno Medicina 1, as páginas de 69 a 100 contêm as aulas referentes a essa disciplina. 1 Frente da disciplina. 2 Número das aulas. 3 Controle de aulas dadas e tópicos estudados em casa. O sumário, ferramenta que deve ser divulgada pelos professores, conta com um controle no qual o aluno pode organizar sua rotina de aulas e estudos, tendo uma visualização rápida de seu avanço pelos tópicos estudados. INTERPRETAÇÃO DE TEXTO Prof.: Aula Estudo Aula 1 .......................70   Aula 2 .......................73   Aula 3 .......................77   Aula 4 .......................81   Aula 5 .......................85   Aula 6 .......................88   Aula 7 .......................91   Aula 8 .......................95   Aula 9 .......................98   U 1 32
  • 5. 5 INTERPRETAÇÃO DE TEXTO 70 INT. DE TEXTO Aula 1 Aspectos do texto I A relação parte/todo A noção de parte/todo vale para qualquer tipo de texto, seja um poema de Gregório de Matos, seja um quadrinho; a diferença é que neste temos o empre- go da linguagem verbo-visual. Como todo texto, o quadrinho é composto por partes que se articulam e que são colocadas em uma ordem que atende a um objetivo: criar humor por meio de uma quebra de expectativa. Veja o exemplo a seguir, extraído do vestibular da Unicamp. Unicamp 2004 Folha de S.Paulo, 8 out. 2003. p. F8. Jogos de imagens e palavras são característicos da linguagem de história em quadrinhos. Alguns desses jo- gos podem remeter a domínios específicos da linguagem a que temos acesso em nosso cotidiano, tais como a linguagem dos médicos, a linguagem dos economistas, a linguagem dos locutores de futebol, a linguagem dos surfistas, dentre outras. É o que ocorre na tira de Laerte, acima apresentada. a) Transcreva as passagens da tira que remetem a domí- nios específicos e explicite que domínios são esses. b) Levando em consideração as relações entre imagens e palavras, identifique um momento de humor na tira e explique como é produzido. Consideremos apenas o item b. Nota-se que a expectativa foi quebrada no último quadrinho, mo- mento do humor; isso significa que os quadrinhos anteriores precisam ser relidos à luz da totalidade. Assim será com os demais textos verbais, visuais ou verbo-visuais; não se interpreta a parte pela parte. O contexto A palavra “contexto” significa situação. Na teoria da comunicação, contexto é o referente, a situação de comunicação (por exemplo, a sala de aula). A língua varia de acordo com o contexto: emprega-se linguagem coloquial quando o contexto for informal; se formal, utiliza-se a linguagem culta. — Campeão, solta uma gelada! (No botequim.) — Por gentileza, uma cerveja. (Almoçando com o cliente em um restaurante chique.) Se empregamos diferentes maneiras de falar con- soante o contexto, também as palavras podem mudar de significado de acordo com ele. Observe. a) Você gostou da peça? Os atores são ótimos! b) Na agência, o diretor de arte não aprovou a peça. c) Quer bife ou a peça inteira? No primeiro caso, “peça” é o espetáculo teatral; a palavra “atores” contextualiza “peça”. No segundo, a palavra “agência” e a expressão “diretor de arte” possibilitam a contextualização; trata-se de uma peça publicitária, isto é, um comercial, um anúncio, um ou- tdoor etc. Já no terceiro, o vocábulo “bife” deixa claro que “peça” remete a um pedaço da carne. O contexto pode ser entendido como um todo que decodifica o significado da parte; esse “todo” será re- presentado por um texto, um parágrafo, uma frase ou até mesmo uma palavra que ajuda na contextualização da outra, como nos exemplos citados anteriormente. AULAS Respeitando o Planejamento para o Professor disponibilizado na Área Exclusiva, todas as aulas apresentam um resumo esquemático do tópico trabalhado no livro, sintetizando os principais conhecimentos estudados. 1 Disciplina, frente e número das aulas. 2 Título das aulas. 3 Resumo do assunto estudado por meio de tópicos, diagramas e ilustrações. 1 2 3
  • 6. 6 71MEDICINA I INT. DE TEXTO 1 Aula Exercícios de Sala 1 Unifesp 2013 (Adapt.) Há cerca de dois meses, a jornalista britânica Rowenna Davis, 25 anos, foi furtada. Só que não levaram sua carteira ou seu carro, mas sua identidade virtual. Um hacker invadiu e tomou conta de seu e-mail e – além de bisbilhotar suas mensagens e ter acesso a seus dados bancários – passou a escrever aos mais de 5 mil contatos de Rowenna dizendo que ela teria sido assaltada em Madri e pedindo ajuda em dinheiro. Quando ela escreveu para seu endereço de e-mail pe- dindo ao hacker ao menos sua lista de contatos profissio- nais de volta, Rowenna teve como resposta a cobrança de R$ 1,4 mil. Ela se negou a pagar, a polícia não fez nada. A jornalista só retomou o controle do e-mail porque um amigo conhecia um funcionário do provedor da conta, que desati- vou o processo de verificação de senha criado pelo invasor. Galileu, dez. 2011. (Adapt.). As informações do segundo parágrafo permitem con- cluir que o hacker tentou: (a) extorquir a jornalista. (b) pedir um donativo à jornalista. (c) negociar legalmente com a jornalista. (d) eximir-se da culpa pela invasão da conta do e-mail. (e) reconhecer seu erro. 2 Enem 2012 Cartaz afixado nas bibliotecas centrais e setoriais da Universidade Federal de Goiás (UFG), 2011. Considerando-se a finalidade comunicativa comum do gênero e o contexto específico do Sistema de Biblioteca da UFG, esse cartaz tem função predomi- nantemente: (a) socializadora, contribuindo para a popularização da arte. (b) sedutora, considerando a leitura como uma obra de arte. (c) estética, propiciando uma apreciação despreten- siosa da obra. (d) educativa, orientando o comportamento de usuá- rios de um serviço. (e) contemplativa, evidenciando a importância de ar- tistas internacionais. 3 Unifesp 2013 (Adapt.) O silêncio é a matéria signifi- cante por excelência, um continuum significante. O real da comunicação é o silêncio. E como o nosso objeto de reflexão é o discurso, chegamos a uma outra afirmação que sucede a essa: o silêncio é o real do discurso. O ho- mem está “condenado” a significar. Com ou sem palavras, diante do mundo, há uma injunção à “interpretação”: tudo tem de fazer sentido (qualquer que ele seja). O homem está irremediavelmente constituído pela sua relação com o simbólico. Numa certa perspectiva, a dominante nos estu- dos dos signos, se produz uma sobreposição entre lingua- gem (verbal e não verbal) e significação. Disso decorreu um recobrimento dessas duas noções, resultando uma re- dução pela qual qualquer matéria significante fala, isto é, é remetida à linguagem (sobretudo verbal) para que lhe seja atribuído sentido. Nessa mesma direção, coloca-se o “império do verbal” em nossas formas sociais: traduz-se o silêncio em palavras. Vê-se assim o silêncio como lingua- gem e perde-se sua especificidade, enquanto matéria sig- nificante distinta da linguagem. Eni Orlandi. As formas do silêncio, 1997. Ao analisar a prevalência da linguagem verbal na co- municação social, a autora enfatiza que: (a) a exigência da comunicação implica o fim do silêncio. (b) a essência do silêncio se perde quando ele é tradu- zido pelas palavras. (c) a verdadeira linguagem prescinde do silêncio e das palavras. (d) as palavras recuperam satisfatoriamente os senti- dos silenciados. (e) a comunicação pelo silêncio é, de fato, irrealizável. EXERCÍCIOS DE SALA Em cada aula há a proposta de questões, muitas delas retiradas de importantes exames vestibulares de todo o Brasil, a serem feitas com o professor, com toda a classe e/ou individualmente pelos alunos. Nesse momento, aspectos relevantes da aula são retomados, dando oportunidade ao professor e aos alunos de discutirem possíveis dificuldades. Todos os exercícios têm sua resolução apresentada neste Manual. 1 Além das questões do livro, uma seção de exercícios, específicos sobre o assunto das aulas, é apresentada. 2 Questões possibilitam a fixação dos conteúdos estudados e oferecem preparação adicional aos alunos. 1 2
  • 7. 7 GUIA DE ESTUDO Ao final de cada aula, o caderno de sala oferece um guia que orienta o aluno para os estudos que serão realizados em casa. A seção “Guia de estudo” direciona a leitura, no livro de teoria, dos assuntos que foram tratados em aula. Além disso, indica exercícios pertinentes a serem resolvidos, visando consolidar o conhecimento adquirido em sala. Considerando que o tempo de estudo em casa deve ser cumprido de forma satisfatória para o aluno, esse Guia de estudos é pensado com bastante cuidado. Ao indicar o número de exercícios a serem feitos, consideram-se o tempo destinado à leitura da teoria e também o tempo que será despendido para a resolução das questões. Assim, o resultado é a satisfação do aluno, que consegue cumprir suas metas diárias de estudo em um tempo possível. ORIENTAÇÕES ESPECÍFICAS De acordo com a Matriz de Referência de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias proposta pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), as competências de áreas 5, 6, 7 e 8 referem-se, respectivamente, a: 5. Analisar, interpretar e aplicar recursos expressivos das linguagens, relacionando textos com seus contextos, mediante a natureza, função, organização, estrutura das manifestações, de acordo com as condições de produção e recepção. 6. Compreender e usar os sistemas simbólicos das diferentes linguagens como meios de organização cognitiva da realidade pela constituição de significados, expressão, comunicação e informação. 7. Confrontar opiniões e pontos de vista sobre as diferentes linguagens e suas manifestações específicas. 8. Compreender e usar a língua portuguesa como língua materna, geradora de significação e integradora da organização do mundo e da própria identidade. A essas competências correspondem diversas habilidades, tais como reconhecer a existência de valores sociais na produção literária nacional; identificar, em diversos gêneros e tipos de texto, elementos que contribuem para sua organização e progressão temática; a partir da análise dos recursos argumentativos de um texto, identificar o objetivo de seu autor, bem como o público ao qual o texto se destina; reconhecer variedades linguísticas sociais, regionais e de registro em marcas linguísticas presentes em diferentes tipos de texto. Tendo isso em vista, podemos perceber no ensino corrente da Língua Portuguesa uma maior preocupação em desenvolver em sala de aula uma prática pedagógica que vá além do simples esforço – por vezes desestimulante – em incutir nos alunos regras gramaticais e características das escolas literárias. É cada vez mais importante voltar-se para a formação de alunos críticos, capazes de interagir em situações comunicativas por meio de diferentes tipos de texto e que entendam que “ler” não implica apenas em decodificar, mas também em uma série de outras ações, como identificar, relacionar, abstrair, deduzir, comparar, agrupar, hierarquizar etc. Desse modo, criam-se condições para que eles possam relacionar e trabalhar as competências e habilidades empregadas nas diferentes situações de uso da língua, seja em família, com os amigos, no trabalho, na escola etc. Cabe ressaltar ainda que a capacidade de compreender textos é importante não somente na área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, mas em todas as demais áreas do conhecimento. A percepção da estrutura cronológica em vários textos dos livros de História é fundamental para a correta assimilação das informações, assim como a interpretação exata dos dados fornecidos nos problemas de Matemática. Nesse sentido, o livro de Interpretação de texto procura dar ao texto um espaço privilegiado, onde ele passa a ser analisado cientificamente, desde sua estrutura profunda, até a superfície de sua significação. Para tanto, ao longo dos capítulos, são contemplados textos literários, jornalísticos, publicitários, visuais etc., dando ao aluno a possibilidade de se familiarizar com a análise de textos das mais diversas fontes, verbais ou não verbais. Soma-se a isso a seleção cuidadosa de exercícios provenientes de importantes exames vestibulares, possibilitando a professores e alunos um melhor aproveitamento e avaliação dos conteúdos abordados no livro, seja durante a aula, seja durante o estudo em casa. Boas aulas! 1 Indicação de disciplina, livro, frente e capítulo correspondentes à aula. 2 Localização das páginas do livro com a teoria estudada. 3 Seleção de exercícios. GUIA DE ESTUDO Int. de texto / Livro Único / Frente Única / Capítulo 4 I. Leia as páginas de 78 a 80. II. Faça os exercícios de 1 a 6 da seção “Revisando”. III. Faça os exercícios propostos de 1 a 3. 2 1 3
  • 8. 8 INTERPRETAÇÃO DE TEXTO 70 INT. DE TEXTO Aula 1 Aspectos do texto I A relação parte/todo A noção de parte/todo vale para qualquer tipo de texto, seja um poema de Gregório de Matos, seja um quadrinho; a diferença é que neste temos o empre- go da linguagem verbo-visual. Como todo texto, o quadrinho é composto por partes que se articulam e que são colocadas em uma ordem que atende a um objetivo: criar humor por meio de uma quebra de expectativa. Veja o exemplo a seguir, extraído do vestibular da Unicamp. Unicamp 2004 Folha de S.Paulo, 8 out. 2003. p. F8. Jogos de imagens e palavras são característicos da linguagem de história em quadrinhos. Alguns desses jo- gos podem remeter a domínios específicos da linguagem a que temos acesso em nosso cotidiano, tais como a linguagem dos médicos, a linguagem dos economistas, a linguagem dos locutores de futebol, a linguagem dos surfistas, dentre outras. É o que ocorre na tira de Laerte, acima apresentada. a) Transcreva as passagens da tira que remetem a domí- nios específicos e explicite que domínios são esses. b) Levando em consideração as relações entre imagens e palavras, identifique um momento de humor na tira e explique como é produzido. Consideremos apenas o item b. Nota-se que a expectativa foi quebrada no último quadrinho, mo- mento do humor; isso significa que os quadrinhos anteriores precisam ser relidos à luz da totalidade. Assim será com os demais textos verbais, visuais ou verbo-visuais; não se interpreta a parte pela parte. O contexto A palavra “contexto” significa situação. Na teoria da comunicação, contexto é o referente, a situação de comunicação (por exemplo, a sala de aula). A língua varia de acordo com o contexto: emprega-se linguagem coloquial quando o contexto for informal; se formal, utiliza-se a linguagem culta. — Campeão, solta uma gelada! (No botequim.) — Por gentileza, uma cerveja. (Almoçando com o cliente em um restaurante chique.) Se empregamos diferentes maneiras de falar con- soante o contexto, também as palavras podem mudar de significado de acordo com ele. Observe. a) Você gostou da peça? Os atores são ótimos! b) Na agência, o diretor de arte não aprovou a peça. c) Quer bife ou a peça inteira? No primeiro caso, “peça” é o espetáculo teatral; a palavra “atores” contextualiza “peça”. No segundo, a palavra “agência” e a expressão “diretor de arte” possibilitam a contextualização; trata-se de uma peça publicitária, isto é, um comercial, um anúncio, um ou- tdoor etc. Já no terceiro, o vocábulo “bife” deixa claro que “peça” remete a um pedaço da carne. O contexto pode ser entendido como um todo que decodifica o significado da parte; esse “todo” será re- presentado por um texto, um parágrafo, uma frase ou até mesmo uma palavra que ajuda na contextualização da outra, como nos exemplos citados anteriormente. Orientações Nessa aula, abordar a relação parte/todo e explicar a importância de se analisar e interpretar os textos em sua totalidade para compreender seu real significado. Para isso, utilizar o exemplo da tirinha. Explicar ainda o que é contexto usando, para isso, exemplos e mostrando como a contextualização ajuda na correta interpretação de partes de um texto.
  • 9. 9 71MEDICINA I INT. DE TEXTO 1 Aula Exercícios de Sala 1 Unifesp 2013 (Adapt.) Há cerca de dois meses, a jornalista britânica Rowenna Davis, 25 anos, foi furtada. Só que não levaram sua carteira ou seu carro, mas sua identidade virtual. Um hacker invadiu e tomou conta de seu e-mail e – além de bisbilhotar suas mensagens e ter acesso a seus dados bancários – passou a escrever aos mais de 5 mil contatos de Rowenna dizendo que ela teria sido assaltada em Madri e pedindo ajuda em dinheiro. Quando ela escreveu para seu endereço de e-mail pe- dindo ao hacker ao menos sua lista de contatos profissio- nais de volta, Rowenna teve como resposta a cobrança de R$ 1,4 mil. Ela se negou a pagar, a polícia não fez nada. A jornalista só retomou o controle do e-mail porque um amigo conhecia um funcionário do provedor da conta, que desati- vou o processo de verificação de senha criado pelo invasor. Galileu, dez. 2011. (Adapt.). As informações do segundo parágrafo permitem con- cluir que o hacker tentou: (a) extorquir a jornalista. (b) pedir um donativo à jornalista. (c) negociar legalmente com a jornalista. (d) eximir-se da culpa pela invasão da conta do e-mail. (e) reconhecer seu erro. 2 Enem 2012 Cartaz afixado nas bibliotecas centrais e setoriais da Universidade Federal de Goiás (UFG), 2011. Considerando-se a finalidade comunicativa comum do gênero e o contexto específico do Sistema de Biblioteca da UFG, esse cartaz tem função predomi- nantemente: (a) socializadora, contribuindo para a popularização da arte. (b) sedutora, considerando a leitura como uma obra de arte. (c) estética, propiciando uma apreciação despreten- siosa da obra. (d) educativa, orientando o comportamento de usuá- rios de um serviço. (e) contemplativa, evidenciando a importância de ar- tistas internacionais. 3 Unifesp 2013 (Adapt.) O silêncio é a matéria signifi- cante por excelência, um continuum significante. O real da comunicação é o silêncio. E como o nosso objeto de reflexão é o discurso, chegamos a uma outra afirmação que sucede a essa: o silêncio é o real do discurso. O ho- mem está “condenado” a significar. Com ou sem palavras, diante do mundo, há uma injunção à “interpretação”: tudo tem de fazer sentido (qualquer que ele seja). O homem está irremediavelmente constituído pela sua relação com o simbólico. Numa certa perspectiva, a dominante nos estu- dos dos signos, se produz uma sobreposição entre lingua- gem (verbal e não verbal) e significação. Disso decorreu um recobrimento dessas duas noções, resultando uma re- dução pela qual qualquer matéria significante fala, isto é, é remetida à linguagem (sobretudo verbal) para que lhe seja atribuído sentido. Nessa mesma direção, coloca-se o “império do verbal” em nossas formas sociais: traduz-se o silêncio em palavras. Vê-se assim o silêncio como lingua- gem e perde-se sua especificidade, enquanto matéria sig- nificante distinta da linguagem. Eni Orlandi. As formas do silêncio, 1997. Ao analisar a prevalência da linguagem verbal na co- municação social, a autora enfatiza que: (a) a exigência da comunicação implica o fim do silêncio. (b) a essência do silêncio se perde quando ele é tradu- zido pelas palavras. (c) a verdadeira linguagem prescinde do silêncio e das palavras. (d) as palavras recuperam satisfatoriamente os senti- dos silenciados. (e) a comunicação pelo silêncio é, de fato, irrealizável. Anotações
  • 10. 10 72 INT. DE TEXTO Aula 1 GUIA DE ESTUDO Int. de texto / Livro Único / Frente Única / Capítulo 1 I. Leia as páginas 7 e 8. II. Faça os exercícios 1 e 2 da seção “Revisando”. III. Faça os exercícios propostos de 4 a 7. 4 Enem 2012 Disponível em: <www.ivancabral.com>. Acesso em: 27 fev. 2012. O efeito de sentido da charge é provocado pela combi- nação de informações visuais e recursos linguísticos. No contexto da ilustração, a frase proferida recorre à: (a) polissemia, ou seja, aos múltiplos sentidos da ex- pressão “rede social” para transmitir a ideia que pretende veicular. (b) ironia, para conferir um novo significado ao termo “outra coisa”. (c) homonímia, para opor, a partir do advérbio de lugar, o espaço da população pobre e o espaço da popu- lação rica. (d) personificação, para opor o mundo real pobre ao mundo virtual rico. (e) antonímia, para comparar a rede mundial de computadores com a rede caseira de descanso da família. 5 Fuvest 2013 Leia o texto. Na mídia em geral, nos discursos, em mensagens publicitárias, na fala de diferentes atores sociais, enfim, nos diversos contextos em que a comunicação se faz presente, deparamo-nos repetidas vezes com a palavra cidadania. Esse largo uso, porém, não torna seu signi- ficado evidente. Ao contrário, o fato de admitir vários empregos deprecia seu valor conceitual, isto é, sua capa- cidade de nos fazer compreender certa ordem de even- tos. Assim, pode-se dizer que, contemporaneamente, a palavra cidadania atende bem a um dos usos possíveis da linguagem, a comunicação, mas caminha em sentido inverso quando se trata da cognição, do uso cognitivo da linguagem. Por que, então, a palavra cidadania é cons- tantemente evocada, se o seu significado é tão pouco esclarecido? Maria Alice Rezende de Carvalho, Cidadania e direitos. a) Segundo o texto, em que consiste o uso comuni- cativo e o “uso cognitivo” da linguagem? Expli- que resumidamente. b) Responda sucintamente a pergunta que encerra o texto: “Por que, então, a palavra cidadania é cons- tantemente evocada, se o seu significado é tão pouco esclarecido?” Anotações
  • 11. 11 Resoluções Exercícios de Sala 1 Alternativa: A. O hacker tentou extorquir, ou seja, fazer chantagem e exigir, de forma ilícita, uma quantia em dinheiro da jornalista. Essa alternativa está contemplada em “Rowenna teve como resposta a cobrança de R$ 1,4 mil”. 2 Alternativa: D. O uso das imagens de Dalí tem por objetivo orientar os usuários da biblioteca da UFG a cumprirem os prazos de devolução dos empréstimos. Assim, o uso do relógio derretido surrealista tende a reforçar os transtornos acarretados pela demora, funcionando como metonímia. 3 Alternativa: B. Essa alternativa está contemplada em: “traduz-se o silêncio em palavras. Vê-se assim o silêncio como linguagem e perde-se sua especificidade, enquanto matéria significante distinta da linguagem.”. 4 Alternativa: A. O substantivo rede pode fazer referência a um tecido de malha larga usado para o descanso de uma pessoa ou a qualquer conjunto de objetos ou de pessoas que tenham uma relação entre si. A expressão “rede social” está comumente relacionada ao conjunto de indivíduos com o qual uma pessoa tem relações pessoais. No entanto, na charge, a imagem direciona o entendimento do substantivo rede para a designação do tecido sobre o qual se encontra uma família. Isso explica o porquê da proferição da frase: “Rede social aqui em casa é outra coisa!”. Dessa forma, são explorados os diferentes sentidos, isto é, a polissemia, da expressão “rede social” na charge. 5 a) De acordo com o texto, o “uso comunicativo” da linguagem refere-se ao uso comum, cotidiano, não necessariamente conceitual. Já o “uso cognitivo” remete ao sentido denotativo, conceitual da palavra, no caso, “sua capacidade de nos fazer compreender certa ordem de eventos.”. b) Em seu “uso comunicativo”, a palavra cidadania remete a aspectos positivos, atendendo aos apelos da mídia contemporânea. Ao se fazer uso dessa palavra depreciando seu valor conceitual, utilizando como veículo atores e mensagens publicitárias, busca-se atrair a massa a uma ilusão de valorização social, fortalecendo, assim, a imagem de um determinado produto ou serviço. Anotações
  • 13. 13 73INT. DE TEXTOMEDICINA I INTERPRETAÇÃO DE TEXTO Aula 2 Aspectos do texto II Texto e conhecimento de mundo A compreensão de um texto pode exigir do leitor um conhecimento de mundo, que pode estar relacio- nado a uma ciência, a uma arte ou a uma vivência do cotidiano. A questão a seguir é um exemplo. Enem 2012 Assine Nossa Revista e com mais R$ 58,10 ...leve também a versão digital para tablet e PC por 1 ano e meio. Disponível em: <www.assine.abril.com.br>. Acesso em: 29 fev. 2012 (Adapt.). Com o advento da internet, as versões de revistas e livros também se adaptaram às novas tecnologias. A análise do texto publicitário apresentado revela que o surgimento das novas tecnologias: (a) proporcionou mudanças no paradigma de consumo e oferta de revistas e livros. (b) incentivou a desvalorização das revistas e livros im- pressos. (c) viabilizou a aquisição de novos equipamentos digitais. (d) aqueceu o mercado de venda de computadores. (e) diminuiu os incentivos à compra de eletrônicos. Para o entendimento da questão e da própria pu- blicidade, é necessário que se conheça o significado de “tablet” e “PC”, pois as “mudanças no paradigma de consumo e oferta de revistas e livros” (alternativa a) estão relacionadas a essas tecnologias (“tablet” e “PC”). O conhecimento de mundo é adquirido dentro e fora da sala de aula; a leitura de jornais, revistas e livros, por exemplo, ajudam na construção desse co- nhecimento. Significados explícitos e implícitos Há significados que são extraídos da superfície do texto – significados explícitos – e há outros que são depreendidos de suas entrelinhas – significados implícitos. O termo “implícito” é sinônimo de pres- suposto, subentendido. Por não estar na superfície do texto, o implícito é mais difícil de ser percebido. No discurso literário, o implícito está presente na relação que se estabelece entre a obra e o leitor. Ao ler uma poesia, um conto ou um romance, o leitor sempre vai à procura da mensagem que a obra quer passar e do tema tratado, os quais costumam estar implícitos, por exemplo: — Você ainda está fumando? — Sim... — Só você fuma, José! O advérbio “ainda” pressupõe que José fumava; além disso, passa a desaprovação do emissor em re- lação ao ato de fumar. Verbos, advérbios e adjetivos, frequentemente, funcionam como palavras-gatilho, isto é, disparam implícitos. Progressão textual A progressão textual é o encadeamento de ideias de forma lógica e progressiva. Para que isso ocorra, é preciso que haja coerência (compatibilidade de senti- do entre as partes) e coesão (ligação entre palavras e parágrafos). Veja o texto a seguir. Crocante de maçã Ingredientes: • 4 maçãs reinetas • 2 canecas de aveia • 2 canecas de açúcar • 250 g de margarina • 1 colher (pequena) de canela Modo de preparo: 1. Finalmente, coloque a mistura por cima da maçã e leve ao forno durante 20-30 minutos. 2. Pode ser servido com natas ou com bola de sorvete. 3. Em uma taça, misture o açúcar, a margarina derre- tida, a aveia e a canela. 4. Amasse tudo até ligar e despegar das mãos. 5. A seguir, coloque-as em um recipiente transparen- te de ir ao forno. 6. Inicialmente, descasque as maçãs e corte-as em fatias. A receita acima é impraticável, pois a ordem dos parágrafos foi alterada, afetando a coesão e a coerên- cia; na realidade a receita foi escrita assim: Orientações Nessa aula, tratar o papel do conhecimento de mundo na compreensão de um texto, de sua fonte (livros, jornais, revistas, sites etc.), da diferença entre significados explícitos e implícitos (no caso destes, ressaltar ainda o uso de verbos, advérbios e adjetivos como “palavras-gatilho”) e da importância da coesão e coerência para se obter uma progressão textual.
  • 14. 14 74 INT. DE TEXTO Aula 2 6. Inicialmente, descasque as maçãs e corte-as em fatias. 5. A seguir, coloque-as em um recipiente transparen- te de ir ao forno. 3. Em uma taça, misture o açúcar, a margarina derre- tida, a aveia e a canela. 4. Amasse tudo até ligar e despegar das mãos. 1. Finalmente, coloque a mistura por cima da maçã e leve ao forno durante 20-30 minutos. 2. Pode ser servido com natas ou com bola de sorvete. Para compreensão da receita foram empregados elementos coesivos, que possuem a função de ligar as partes do texto, e marcadores temporais, que possuem a finalidade de estabelecer a progressão temporal. Assim, o pronome oblíquo átono “as”, em 5, retoma o substantivo “fatias” citado em 6; o pronome indefinido “tudo”, em 4, recupera o substantivo “mistura” (açúcar, margarina derretida, aveia e canela) referido em 3; o substantivo “mistura”, em 1, retoma o pronome indefinido “tudo”, presente em 4 e o sujeito elíptico da forma verbal “pode ser servido”, em 2, refere-se ao substantivo “mistura” (depois de a mistura ser levada ao forno), citado em 1.Aprogressão temporal do texto é concretizada, fundamentalmente, por advérbios e locuções adverbiais, como “inicialmente”, “a seguir” e “finalmente”. Na aula de narração, estudar-se-á a progressão temporal no texto narrativo; na aula de dissertação, analisar-se-á a progressão lógica no texto argumentativo. Exercícios de Sala 1 Fuvest 2013 (Adapt.) Vivendo e... Eu sabia fazer pipa e hoje não sei mais. Duvido que se hoje pegasse uma bola de gude conseguisse equi- librá-la na dobra do dedo indicador sobre a unha do polegar, quanto mais jogá-la com a precisão que tinha quando era garoto. [...] Juntando-se as duas mãos de um determinado jeito, com os polegares para dentro, e assoprando pelo bura- quinho, tirava-se um silvo bonito que inclusive variava de tom conforme o posicionamento das mãos. Hoje não sei mais que jeito é esse. Eu sabia a fórmula de fazer cola caseira. Algo envolvendo farinha e água e muita confu- são na cozinha, de onde éramos expulsos sob ameaças. Hoje não sei mais. A gente começava a contar depois de ver um relâmpago e o número a que chegasse quando ouvia a trovoada, multiplicado por outro número, dava a distância exata do relâmpago. Não me lembro mais dos números. [...] Lembro o orgulho com que consegui, pela primeira vez, cuspir corretamente pelo espaço adequado entre os dentes de cima e a ponta da língua de modo que o cuspe ganhasse distância e pudesse ser mirado. Com prática, conseguia-se controlar a trajetória elíptica da cusparada com uma mínima margem de erro. Era puro instinto. Hoje o mesmo feito requereria complicados cálculos de balís- tica, e eu provavelmente só acertaria a frente da minha camisa. Outra habilidade perdida. Na verdade, deve-se revisar aquela antiga frase. É vivendo e ... Não falo daquelas coisas que deixamos de fazer porque não temos mais as condições físicas e a coragem de antigamente, como subir em bonde andan- do – mesmo porque não há mais bondes andando. Falo da sabedoria desperdiçada, das artes que nos abando- naram. Algumas até úteis. Quem nunca desejou ainda ter o cuspe certeiro de garoto para acertarem algum alvo contemporâneo, bem no olho, e depois sair correndo? Eu já. Luis F. Veríssimo. Comédias para se ler na escola. A palavra que o cronista omite no título, substituindo- -a por reticências, ele a emprega no último parágrafo, na posição marcada com pontilhado. Tendo em vista o contexto, conclui-se que se trata da palavra: (a) desanimando. (b) crescendo. (c) inventando. (d) brincando. (e) desaprendendo. Anotações
  • 15. 15 75MEDICINA I INT. DE TEXTO 2 Aula 2 Fuvest 2013 (Adapt.) A essência da teoria democrá- tica é a supressão de qualquer imposição de classe, fun- dada no postulado ou na crença de que os conflitos e problemas humanos econômicos, políticos ou sociais são solucionáveis pela educação, isto é, pela cooperação vo- luntária, mobilizada pela opinião pública esclarecida. Está claro que essa opinião pública terá de ser formada à luz dos melhores conhecimentos existentes e, assim, a pesquisa científica nos campos das ciências naturais e das chamadas ciências sociais deverá se fazer a mais ampla, a mais vigorosa, a mais livre, e a difusão desses conhecimentos, a mais completa, a mais imparcial e em termos que os tornem acessíveis a todos. Anísio Teixeira. Educação é um direito. (Adapt.). De acordo com o texto, a sociedade será democrática quando: (a) sua base for a educação sólida do povo, realizada por meio da ampla difusão do conhecimento. (b) a parcela do público que detém acesso ao conhe- cimento científico e político passar a controlar a opinião pública. (c) a opinião pública se formar com base tanto no respeito às crenças religiosas de todos quanto no conhecimento científico. (d) a desigualdade econômica for eliminada, criando- -se, assim, a condição necessária para que o povo seja livremente educado. (e) a propriedade dos meios de comunicação e difu- são do conhecimento se tornar pública. 3 Fuvest 2013 (Adapt.) Ata Acredito que o mau tempo haja concorrido para que os sabadoyleanos hoje não estivessem na casa de José Mindlin, em São Paulo, gozando das delícias do cuscuz paulista aqui amavelmente prometido. Depois do almoço, visita aos livros dialogantes, na expressão de Drummond, não sabemos se no rigoroso sistema de vi- gilância de Plínio Doyle, mas de qualquer forma com as gentilezas das reuniões cariocas. Para o amigo de São Paulo as saudações afetuosas dos ausentes presentes, que neste instante todos nos voltamos para o seu palá- cio, aquele que se iria desvestir dos ares aristocráticos para receber camaradescamente os descamisados da Rua Barão de Jaguaribe. Guarde, amigo Mindlin, para breve o cuscuz da tradição bandeirante, que hoje nos conformamos com os biscoitos à la Plínio Doyle. Rio, 20-11-1976. Signatários: Carlos Drummond de Andrade, Gilberto de Mendonça Teles, Plínio Doyle e outros. Cartas da biblioteca Guita e José Mindlin. (Adapt.). Da leitura do texto, depreende-se que: (a) o anfitrião carioca, embora gentil, é cioso de sua biblioteca. (b) o anfitrião paulista recebeu com honrarias os ami- gos cariocas, que visitaram a sua biblioteca. (c) os cariocas não se sentiram à vontade na casa do paulista, a qual, na verdade, era uma mansão. (d) os cariocas preferiram ficar no Rio de Janeiro, em- bora a recepção em São Paulo fosse convidativa. (e) o fracasso da visita dos cariocas a São Paulo aba- lou a amizade dos bibliófilos. 4 Enem 2012 Logia e mitologia Meu coração de mil e novecentos e setenta e dois já não palpita fagueiro sabe que há morcegos de pesadas olheiras que há cabras malignas que há cardumes de hienas infiltradas no vão da unha na alma um porco belicoso de radar e que sangra e ri e que sangra e ri a vida anoitece provisória centuriões sentinelas do Oiapoque ao Chuí. Cacaso. Lero-lero. Rio de Janeiro: 7Letras; São Paulo: Cosac & Naify, 2002. O título do poema explora a expressividade de termos que representam o conflito do momento histórico vi- vido pelo poeta na década de 1970. Nesse contexto, é correto afirmar que: (a) o poeta utiliza uma série de metáforas zoológicas com significado impreciso. (b) “morcegos”, “cabras” e “hienas” metaforizam as vítimas do regime militar vigente. (c) o “porco”, animal difícil de domesticar, represen- ta os movimentos de resistência. (d) o poeta caracteriza o momento de opressão atra- vés de alegorias de forte poder de impacto. (e) “centuriões” e “sentinelas” simbolizam os agentes que garantem a paz social experimentada. sabadoyleanos: frequentadores do sabadoyle, nome dado ao encontro de intelectuais, especialmente escritores, realizado habitu- almente aos sábados, na casa do bibliófilo Plínio Doyle, situada no Rio de Janeiro. Anotações
  • 16. 16 76 INT. DE TEXTO Aula 2 5 Fuvest 2013 Examine o seguinte anúncio publicitário. Revista Valor (Especial), jul. 2011. (Adapt.). a) Qual é a relação de sentido existente entre a ima- gem de uma folha de árvore e as expressões “Ma- peamento logístico” e “caminho”, empregadas no texto que compõe o anúncio acima reproduzido? b) Aque se refere o advérbio “aqui”, presente no texto do anúncio? GUIA DE ESTUDO Int. de texto / Livro Único / Frente Única / Capítulo 1 I. Leia as páginas de 8 a 11. II. Faça os exercícios 3 e 4 da seção “Revisando”. III. Faça os exercícios propostos de 8 a 11. Anotações
  • 17. 17 Resoluções Exercícios de Sala 1 Alternativa: E. O autor enfatiza, ao longo do texto, que o adulto desaprende a lidar com muitas coisas com as quais, na juventude, tinha facilidade. 2 Alternativa: A. O que se afirma na alternativa a está contemplado no seguinte trecho: “Está claro que essa opinião pública terá de ser formada à luz dos melhores conhecimentos existentes”. 3 Alternativa: A. No trecho “[...] no rigoroso sistema de vigilância de Plínio Doyle [...]”, encontra-se uma expressão que adjetiva de forma similar os termos gentil e cioso, que poderiam ser substituídos por cuidadoso, ou mesmo por rigoroso. 4 Alternativa: D. Os animais constituem-se em uma alegoria da opressão: “morcegos de pesadas olheiras/que há cabras malignas que há/ cardumes de hienas infiltradas no vão da unha na alma/um porco belicoso de radar”. 5 a) No anúncio, retirado do site da Confederação Nacional da Indústria, a imagem da folha, vista de forma aproximada, lembra, em função das divisões, tanto caminhos a serem percorridos quanto um mapa. A folha representa, sinedoquicamente, a Amazônia: a sinédoque consiste na metonímia que retrata a relação parte/todo. Afirma-se que é necessário conhecer muito bem a região para que se respeitem os princípios ecológicos e para que a indústria possa explorar o “pulmão do mundo” de forma inteligente, com respeito à natureza. O caminho para tornar a indústria mais competitiva é, portanto, fazer o mapeamento logístico da região. b) O advérbio aqui refere-se à folha, metonímia da natureza (o respeito à natureza) e ao mapeamento logístico (o estudo da região com objetivo de a indústria se servir de forma inteligente). Anotações
  • 19. 19 77INT. DE TEXTOMEDICINA I INTERPRETAÇÃO DE TEXTO Aula 3 Aspectos do texto III Esta aula trabalhará com o nível fundamental do texto, no qual se encontram as oposições semânticas. Neste nível de análise, as oposições serão interpreta- das de forma abstrata e serão associadas às categorias tímicas: a euforia (positividade) e a disforia (negati- vidade). Oposições semânticas A busca pelas oposições abstratas justifica-se, pois o sentido nasce das oposições, interpretamos o mundo por meio delas. Se reconhecemos o grande, o alto, o gordo, é porque temos a medida do pequeno, do baixo e do magro; se o texto discute a guerra, de forma implícita ele também discute a paz, pois aque- la é o cessar desta. Todo texto apresenta uma oposi- ção de ordem abstrata, seja um conto, uma poesia, uma peça de teatro ou um quadro de pintura. Categorias tímicas As categorias tímicas do texto são a euforia (es- tado de positividade) e a disforia (estado de negati- vidade). Um texto pode explorar a positividade, o bem-estar, a alegria, isto é a euforia; mas também pode enfatizar estados de negatividade, tristeza, pes- simismo, melancolia, ou seja, a disforia. É possível, ainda, haver os dois estados presentes. Transformação tímica Considere esse excerto de “Dom Casmurro”. – Toma outra xícara, meia xícara só. – E papai? – Eu mando vir mais; anda, bebe! Ezequiel abriu a boca. Cheguei-lhe a xícara, tão trêmulo que quase a entornei, mas disposto a fazê-la cair pela goela abaixo, caso o sabor lhe repugnasse, ou a tempe- ratura, porque o café estava frio... Mas não sei que senti que me fez recuar. Pus a xícara em cima da mesa, e dei por mim a beijar doidamente a cabeça do menino. – Papai! papai! exclamava Ezequiel. – Não, não, eu não sou teu pai! [...] Machado de Assis. Dom Casmurro. 27 ed. São Paulo: Ática, 1994. p.173. A transformação tímica ocorre quando se passa de um estado (euforia ou disforia) para outro, como no exemplo citado; a personagem passa da raiva para o carinho; essa transformação tímica auxilia na constru- ção do sentido: a personagem está dividida. Tipos de oposição Todo texto traz uma oposição semântica implíci- ta ou explícita, essa oposição pode aparecer de forma concreta ou abstrata. Se concreta, convém torná-la abstrata. Tome como exemplo o excerto a seguir. Aqui nessa tribo ninguém quer a sua catequização Falamos a sua língua mas não entendemos seu sermão Arnaldo Antunes. “Volte para o seu lar”. Um som, BMG, 1998. No texto de Arnaldo Antunes, observa-se a oposi- ção liberdade versus opressão, os termos “catequiza- ção” e “sermão” são entendidos como uma restrição (opressão) à liberdade da “tribo”. Oposições como “vida/morte”, “aparência/essência”, “humano/divi- no”, “civilização/natureza” são comuns em textos literários e científicos. Conectivos da oposição A conjunção é um conectivo da língua, pois faz a ligação entre palavras e orações; as conjunções coordenativas sindéticas adversativas (mas, todavia, contudo, no entanto, entretanto...) e as conjunções su- bordinativas adverbiais concessivas (embora, ainda que, apesar de que, por mais que, conquanto...) esta- belecem oposição semântica entre palavras e orações. A conjunção coordenativa “mas” introduz o argumen- to mais forte; já a conjunção subordinativa “embora”, o argumento mais fraco, observe: a) O Brasil jogou bem, mas não conseguiu marcar. b) O Brasil não conseguiu marcar, mas jogou bem. Na primeira oração, enfatiza-se o fato de o Brasil não ter conseguido marcar; na segunda, destaca-se o fato de a seleção ter jogado bem. Veja agora as duas frases com conjunção concessiva. Orientações Nessa aula, explicar a importância das oposições semânticas na construção do significado, definindo as categorias tímicas (euforia e disforia). Tratar ainda dos diferentes sentidos obtidos a partir do emprego dos conectivos (conjunções adversativas e concessivas) e das figuras de linguagem (paradoxo e antítese) que trabalham com a oposição.
  • 20. 20 78 INT. DE TEXTO Aula 3 c) O Brasil jogou bem, embora não tenha marcado. d) O Brasil não conseguiu marcar, embora tenha jo- gado bem. Na primeira oração, o fato de não ter marcado é argumento mais fraco; na segunda, o fato de ter joga- do bem cumpre esse papel. Em síntese, b e c equiva- lem-se semanticamente, “jogar bem” é o argumento mais forte; a e d também apresentam equivalência, “não marcar” é o argumento mais forte. Figuras de linguagem da oposição Entre as figuras de linguagem que trabalham com a oposição, duas se destacam: o paradoxo e a antítese. A primeira estabelece uma contradição de ideias; a segunda estabelece simplesmente uma oposição de sentido, sem contradição. No paradoxo literário, a contradição é desfeita à luz do contexto, mas ao pé da letra, temos uma ideia contraditória, incoerente, veja: É ferida que dói e não se sente É um contentamento descontente Luís Vaz de Camões. O texto acima apresenta paradoxos, pois o doer é incompatível com não sentir, e o substantivo conten- tamento é um incompatível com o adjetivo desconten- te; há, portanto, uma ideia contraditória, incoerente. Observe agora este outro exemplo. De repente do riso fez-se o pranto Vinicius de Moraes. Soneto de Separação. Nesse segundo exemplo, temos uma oposição de sentido entre “riso” e “pranto”. Entretanto, não há contradição de ideias, o poeta marca a passagem de uma coisa ao seu oposto: “do riso ao pranto”. Se o poeta dissesse que era um riso cheio de pranto, tería- mos um paradoxo. Exercícios de Sala 1 Unifesp 2013 (Adapt.) Do chuchu ao xixi A concessionária Orla Rio subiu em 50%, de R$ 1 para R$ 1,50, o uso do banheiro público e de 60 para 65 anos o privilégio da gratuidade. A idade foi elevada com base em lei estadual de 2002, um ano antes de o Estatuto do Idoso (2003) favorecer pessoas “com idade igual ou superior a 60 anos”. Se o mal está feito, os eco- nomistas devem agora se preocupar com o choque do preço do uso do banheiro público na meta da inflação. Em 1977, rimos quando a ditadura culpou o chuchu. Não seria o caso de rir, na democracia, do impacto do xixi no custo de vida? Carta Capital, 27 jun. 2012. A relação de sentido entre “ditadura” e “democracia”, estabelecida no último parágrafo do texto, também ocorre na seguinte passagem, extraída do jornal Folha de S.Paulo, de 11 de setembro de 2012: (a) Alguns fatos empolgavam o país até outro dia. A volta do crescimento econômico, a descoberta do Pré-sal, o desvencilhamento dos credores. (b) Levantamento feito por esta Folha em todos os esta- dos do país mostrou que a Lei da Ficha Limpa barrou, até agora, 317 candidatos entre os 15.551 que dis- putam as prefeituras brasileiras. (c) O dinheiro perdeu sua qualidade narrativa, tal como aconteceu com a pintura antes. O dinheiro agora fala sozinho. (d) A evasão nas graduações em engenharia, assinalam os professores, é alta demais. Só um quinto a um quarto dos ingressantes termina por formar-se – segundo os autores, porque lhes faltam noções básicas de matemática, que deveriam adquirir no ensino médio. (e) “Até nas flores se encontra a diferença da sorte: umas enfeitam a vida, outras enfeitam a morte.” Esse poema se aprendia nas escolas do passado. Hoje, a diferença da sorte atinge até mesmo os partidos políticos, que podem ser resumidos em situação e oposição. Anotações
  • 21. 21 79MEDICINA I INT. DE TEXTO 3 Aula 2 Fuvest 2013 (Adapt.) Vivendo e... Eu sabia fazer pipa e hoje não sei mais. Duvido que se hoje pegasse uma bola de gude conseguisse equilibrá- -la na dobra de dedo indicador sobre a unha do polegar, quanto mais jogá-la com a precisão que tinha quando era garoto. [...] Juntando-se as duas mãos de um determinado jeito, com os polegares para dentro, e assoprando pelo bura- quinho, tirava-se um silvo bonito que inclusive variava de tom conforme o posicionamento das mãos. Hoje não sei mais que jeito é esse. Eu sabia a fórmula de fazer cola caseira. Algo envolvendo farinha e água muita confusão na cozinha, de onde éramos expulsos sob ameaças. Hoje não sei mais. A gente começava a contar depois de ver um relâmpago e o número a que chegasse quando ou- via a trovoada, multiplicado por outro número, dava a distância exata do relâmpago. Não me lembro mais dos números. [...] Lembro o orgulho com que consegui, pela primeira vez, cuspir corretamente pelo espaço adequado entre os dentes de cima e a ponta da língua de modo que o cuspe ganhasse distância e pudesse ser mirado. Com prática, conseguia-se controlar a trajetória elíptica da cusparada com uma mínima margem de erro. Era puro instinto. Hoje o mesmo feito requereria complicados cálculos de balís- tica, e eu provavelmente só acertaria a frente da minha camisa. Outra habilidade perdida. Na verdade, deve-se revisar aquela antiga frase. É vivendo e ... Não falo daquelas coisas que deixamos de fazer porque não temos mais as condições físicas e a coragem de antigamente, como subir em bonde andando – mesmo porque não há mais bondes andando. Falo da sabedoria desperdiçada, das artes que nos abandona- ram. Algumas até úteis. Quem nunca desejou ainda ter o cuspe certeiro de garoto para acertarem algum alvo con- temporâneo, bem no olho, e depois sair correndo? Eu já. Luis F. Veríssimo. Comédias para se ler na escola. Um dos contrastes entre passado e presente que carac- terizam o desenvolvimento do texto manifesta-se na oposição entre as seguintes expressões: (a) precisão / fórmula (b) muita confusão / distância exata (c) trajetória elíptica / mínima margem de erro (d) puro instinto / complicados cálculos (e) habilidade perdida / artes que nos abandonaram 3 Enem 2014 Texto I João Guedes, um dos assíduos frequentadores do boliche do capitão, mudara-se da campanha havia três anos. Três anos de pobreza na cidade bastaram para o degradar. Ao morrer, não tinha um vintém nos bolsos e fazia dois meses que saíra da cadeia, onde estivera preso por roubo de ovelha. A história de sua desgraça se confunde com a da maioria dos que povoam a aldeia de Boa Ventura, uma cidadezinha distante, triste e precocemente envelhecida, situada nos confins da fronteira do Brasil com o Uruguai. C. Martins. Porteira fechada. Porto Alegre: Movimento, 2001 (fragmento). Texto II Comecei a procurar emprego, já topando o que desse e viesse, menos complicação com os homens, mas não tava fácil. Fui na feira, fui nos bancos de sangue, fui nesses lugares que sempre dão para descolar algum, fui de porta em porta me oferecendo de faxineiro, mas tava todo mundo escabreado pedindo referências, e referências eu só tinha do diretor do presídio. R. Fonseca. Feliz ano novo. São Paulo: Cia. das Letras, 1989 (fragmento). A oposição entre campo e cidade esteve entre as te- máticas tradicionais da literatura brasileira. Nos frag- mentos dos dois autores contemporâneos, esse embate incorpora um elemento novo: a questão da violência e do desemprego. As narrativas apresentam confluên- cia, pois nelas o(a) (a) criminalidade é algo inerente ao ser humano, que sucumbe a suas manifestações. (b) meio urbano, especialmente o das grandes cida- des, estimula uma vida mais violenta. (c) falta de oportunidades na cidade dialoga com a pobreza do campo rumo à criminalidade. (d) êxodo rural e a falta de escolaridade são causas da violência nas grandes cidades. (e) complacência das leis e a inércia das personagens são estímulos à prática criminosa. Anotações
  • 22. 22 80 INT. DE TEXTO Aula 3 4 Enem 2012 Das irmãs os meus irmãos sujando-se na lama e eis-me aqui cercada de alvura e enxovais eles se provocando e provando do fogo e eu aqui fechada provendo a comida eles se lambuzando e arrotando na mesa e eu a temperada servindo, contida os meus irmãos jogando-se na cama e eis-me afiançada por dote e marido S. Queiroz. O sacro ofício. Belo Horizonte: Comunicação, 1980. O poema de Sonia Queiroz apresenta uma voz lírica feminina que contrapõe o estilo de vida do homem ao modelo reservado à mulher. Nessa contraposição, ela conclui que: (a) a mulher deve conservar uma assepsia que a dis- tingue de homens, que podem se jogar na lama. (b) a palavra “fogo” é uma metáfora que remete ao ato de cozinhar, tarefa destinada às mulheres. (c) a luta pela igualdade entre os gêneros depende da ascensão financeira e social das mulheres. (d) a cama, como sua “alvura e enxovais”, é um símbolo da fragilidade feminina no espaço doméstico. (e) os papéis sociais destinados aos gêneros produ- zem efeitos e graus de autorrealização desiguais. 5 Unicamp 2012 O parágrafo reproduzido abaixo in- troduz a crônica intitulada “Tragédia concretista”, de Luís Martins. O poeta concretista acordou inspirado. Sonhara a noi- te toda com a namorada. E pensou: lábio, lábia. O lábio em que pensou era o da namorada, a lábia era a própria. Em todo o caso, na pior das hipóteses, já tinha um bom começo de poema. Todavia, cada vez mais obcecado pela lembrança daqueles lábios, achou que podia aproveitar a sua lábia e, provisoriamente desinteressado da poesia pura, resolveu telefonar à criatura amada, na esperança de maiores intimidades e vantagens. Até os poetas concre- tistas podem ser homens práticos. Luís Martins. “Tragédia concretista”. In: As cem melhores crônicas brasileiras. Rio de Janeiro: Objetiva, 2007. p. 132. Explique por que a palavra “todavia” (linha 5) é usada para introduzir um dos enunciados da crônica. GUIA DE ESTUDO Int. de texto / Livro Único / Frente Única / Capítulo 1 I. Leia as páginas de 11 a 14. II. Faça o exercício 5 da seção “Revisando”. III. Faça os exercícios propostos de 16 a 20. Anotações
  • 23. 23 Resoluções Exercícios de Sala 1 Alternativa: E. A relação de oposição entre “ditadura” e “democracia”, estabelecida no último parágrafo do texto, também ocorre na seguinte passagem: “[…] umas enfeitam a vida, outras enfeitam a morte.”. 2 Alternativa: D. Em “puro instinto / complicados cálculos”, temos oposição entre infância e vida adulta. 3 Alternativa: C. Ambos os textos exploram a temática da criminalidade que ocorre tanto no meio urbano quanto no rural, chamando a atenção para um problema recorrente no país. 4 Alternativa: E. A estaticidade feminina entra em oposição ao ser masculino, deixando clara a desigualdade entre os sexos. Dessa forma, a oposição serve como crítica. 5 A palavra todavia pressupõe uma mudança de direcionalidade. O poeta, ao sonhar com a namorada, encontrou inspiração para construir um poema, mas, ao se lembrar dos lábios dela, muda a ação da criação poética para a de telefonar para a amada, com o intuito de encontrar-se com ela. Anotações
  • 25. 25 81INT. DE TEXTOMEDICINA I INTERPRETAÇÃO DE TEXTO Aula 4 A descrição Características do texto descritivo • É um retrato físico, social ou psicológico; • Não há progressão temporal; • Não há mudança de estado; • Os dados são simultâneos; • Particulariza o ser. Exemplo: Estávamos sobre a pedra do Calvário. Em torno, a capela que a abriga, resplandecia com um luxo sensual e pagão. No teto azul-ferrete brilhavam sóis de prata, signos do zodíaco, estrelas, asas de anjos, flores de púr- pura; e, dentre este fausto sideral, pendiam de correntes de pérolas os velhos símbolos da fecundidade, os ovos de avestruz, ovos sacros de Astarté e Baco de ouro. [...] Globos espelhados, pousando sobre peanhas de ébano, refletiam as joias dos retábulos, a refulgência das pare- des revestidas de jaspe, de nácar e de ágata. E no chão, no meio deste clarão, precioso de pedraria e luz, emer- gindo dentre as lajes de mármore branco, destacava um bocado de rocha bruta e brava, com uma fenda alargada e polida por longos séculos de beijos e afagos beatos. Eça de Queiroz. A relíquia. O texto anterior faz uma descrição do espaço; o narrador dá informações sobre a capela. Os dados são simultâneos, não há progressão temporal e, por conseguinte, também não há mudança de estado, mas apenas uma caracterização do local de forma poética. Ferramentas gramaticais da descrição a) Uso do pretérito imperfeito do indicativo (passado durativo) com a finalidade de passar os hábitos e características das personagens. Ricordanza della mia gioventu A minha ama-de-leite Guilhermina Furtava as moedas que o Doutor me dava. Sinhá-Mocinha, minha mãe, ralhava... Via naquilo a minha própria ruína! [...] Augusto dos Anjos. Lembrança da minha juventude. Disponível em: <www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bn00054a.pdf>. Ricordanza della mia gioventu: Lembrança da minha juventude. b) Uso de verbos de ligação com o objetivo de intro- duzir características do ser. Policarpo era patriota. Desde moço, aí pelos vinte anos, o amor da Pátria tomou-o todo inteiro. Não fora o amor comum, palrador e vazio; fora um sentimento sério, grave e absorvente. [...] o que o patriotismo o fez pensar, foi num conhecimento inteiro de Brasil. [...] Não se sabia bem onde nascera, mas não fora decerto em São Paulo, nem no Rio Grande do Sul, nem no Pará. Errava quem quisesse encontrar nele qualquer regionalismo: Quaresma era antes de tudo brasileiro. Lima Barreto. Triste fim de Policarpo Quaresma. São Paulo: Scipione, 1997. c) Uso considerável de adjetivos e formas adjetivas com intuito de caracterizar o ser. Em marcha para Canudos Foi nestas condições desfavoráveis que partiram a 12 de janeiro de 1897. Tomaram pela Estrada de Cambaio. É a mais curta e a mais acidentada. Ilude a princípio, perlongando o vale de Cariacá, numa cinta de terrenos férteis sombreados de cerradões que prefiguram verda- deiras matas. Transcorridos alguns quilômetros, porém, acidenta-se; perturba-se em trilhas pedregosas e torna-se menos pra- ticável à medida que se avizinha do sopé da serra do Acaru. [...] Euclides da Cunha. Os sertões. São Paulo: Ateliê Editorial, 2001. p. 385. d) Uso do presente do indicativo com o objetivo de se descrever a realidade presente ou de se criar um efeito de aproximação (ênfase ao passado, pois ele tem ressonância até os dias de hoje). No adro da janela há pinga, café, imagens, fenômenos, baralhos, cigarros e um sol imenso que lambuza de ouro o pó das feridas e o pó das muletas. Carlos Drummond de Andrade. "Romaria". In: Poesia Completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2002. p. 38. Orientações Ao longo dessa aula, faz-se necessário apresentar ao aluno as principais características que lhe permitem reconhecer um texto descritivo (sem progressão temporal, dados simultâneos etc.), bem como o uso de certas ferramentas gramaticais que auxiliam na elaboração desse tipo de texto (pretérito imperfeito do indicativo e verbos de ligação, por exemplo). Por fim, abordar os tipos de descrição: física, psicológica e sociológica.
  • 26. 26 82 INT. DE TEXTO Aula 4 Tipos de descrição A descrição pode ser física, psicológica ou so- ciológica. Na primeira, enfatiza-se os aspectos mais concretos, mais aparentes; na segunda, destacam-se as características mentais, os traços psicológicos e estados do ser; na terceira, faz-se referência à classe social e ao trabalho. Veja o exemplo a seguir: D. Quinquina (como a chamam suas amigas) con- versa sofrível e sentimentalmente: é meiga, terna, pudi- bunda, e mostra ser muito modesta. Seu moral é belo e lânguido como seu rosto; um apurado observador, por mais que contra ela se dispusesse, não passaria de clas- sificá-la entre as sonsas. Joaquim Manuel de Macedo. Disponível em: <www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaObraForm. do?select_action=&co_autor=57>. Na passagem acima predomina a descrição psi- cológica. Termos como “meiga”, “terna”, “modesta”, “sonsas” referem-se a aspectos psicológicos do ser humano. Veja agora um exemplo de descrição física: As chamadas baianas não usavam vestidos; traziam somente umas poucas saias presas à cintura, e que chegavam pouco abaixo do meio da perna, todas elas ornadas de magníficas rendas; da cintura para cima traziam uma finíssima camisa, cuja gola e manga eram também ornadas de renda; ao pescoço punham um cordão de ouro, um colar de corais, os mais pobres eram de miçangas; ornavam a cabeça com uma espécie e turbante a que davam o nome de trunfas, formado por um grande laço branco muito teso e engomado; calçavam umas chinelas de salto alto e tão pequenas que apenas continham os dedos dos pés, ficando de fora todo o calcanhar; e, além de tudo isto, envolviam-se graciosamente em uma capa de pano preto, deixando de fora os braços ornados de argolas de metal simulando pulseiras. Manuel Antônio de Almeida. Memórias de um Sargento de Milícias. Disponível em: <www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/ DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=1969>. Acaracterização física das baianas ocorre em todo o trecho, pois faz-se a descrição da indumentária das personagens. Veja agora um exemplo de descrição sociológica: Jeca Tatu passava os dias de cócoras, pitando enor- mes cigarrões de palha, sem ânimo de fazer coisa ne- nhuma. Ia ao mato caçar, tirar palmitos, cortar cachos de brejaúva, mas não tinha ideia de plantar um pé de couve atrás da casa. Perto um ribeirão, onde ele pescava de vez em quando uns lambaris e um ou outro bagre. E assim ia vivendo. Monteiro Lobato. Jeca Tatu. No excerto acima, destaca-se a relação persona- gem-trabalho; faz-se uma abordagem sociológica. A descrição pode, ainda, ser classificada como objetiva (descrição utilitária, por exemplo um manual de instrução) ou subjetiva (literária); dinâmica (com movimento) ou estática (sem movimento); e cinema- tográfica (à base de flashes). Exercícios de Sala ► Texto para as questões 1 e 2. — É esta! disse aos soldados que, com um gesto, intimaram a desgraçada a segui-los. — Prendam-na! É escrava minha! A negra, imóvel, cercada de escamas e tripas de peixe, com uma das mãos espalmada no chão e com a outra segurando a faca de cozinha, olhou aterrada para eles, sem pestanejar. Os policiais, vendo que ela se não despachava, de- sembainharam os sabres. Bertoleza então, erguendo-se com ímpeto de anta bravia, recuou de um salto e, antes que alguém conseguisse alcançá-la, já de um só golpe certeiro e fundo rasgara o ventre de lado a lado. E depois embarcou para a frente, rugindo e esfoci- nhando moribunda numa lameira de sangue. João Romão fugira até ao canto mais escuro do ar- mazém, tapando o rosto com as mãos.. Aluísio de Azevedo. O cortiço. Disponível em: <www.dominiopublico. gov.br/pesquisa/PesquisaObraForm.do?select_action=&co_ autor=2149>. 1 Assinale a alternativa em que se nota uma des- crição subjetiva, semelhante à utilizada em “rugindo e esfocinhando moribunda numa lameira de sangue.”. (a) “A negra, imóvel, cercada de escamas e tripas de peixe,” (b) “então, erguendo-se com ímpeto de anta bravia,” (c) “aterrada para eles, sem pestanejar” (d) “já de um só golpe certeiro e fundo” (e) “recuou de um salto e, antes que alguém conseguisse” Anotações
  • 27. 27 83MEDICINA I INT. DE TEXTO 4 Aula 2 Em “olhou aterrada para eles, sem pestanejar”, o autor faz uso de descrição psicológica em concomi- tância com a ação da personagem. Assinale a alterna- tiva em que isso também ocorre. (a) “E depois embarcou para a frente [...]” (b) “Bertoleza então, erguendo-se com ímpeto de anta bravia [...]” (c) “A negra, imóvel, cercada de escamas e tripas de peixe [...]” (d) “[...] com uma das mãos espalmada no chão e com a outra segurando a faca de cozinha [...]” (e) “[...] rasgara o ventre de lado a lado [...]” 3 Unesp 2013 O excerto a seguir pertence a Machado de Assis. Trata-se do capítulo CCXXIII do romance Dom Casmurro, denominado “Olhos de ressaca”; leia-o. As minhas [lágrimas] cessaram logo. Fiquei a ver as dela; Capitu enxugou-as depressa, olhando a furto para a gente que estava na sala. Redobrou de carícias para a ami- ga, e quis levá-la; mas o cadáver parece que a retinha tam- bém. Momento houve em que os olhos de Capitu fitaram o defunto, quais os da viúva, sem o pranto nem palavras desta, mas grandes e abertos, como a vaga do mar lá fora, como se quisesse tragar também o nadador da manhã. Machado de Assis. Dom Casmurro. Disponível em: <www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv00180a.pdf>. No todo, o trecho acima pode ser considerado narra- tivo, pois há progressão temporal, os fatos se suce- dem; no entanto, há passagens descritivas. Assinale a alternativa em que a descrição emprega linguagem figurada. (a) “[...] como a vaga do mar lá fora [...]” (b) “Fiquei a ver as dela [...]” (c) “Redobrou de carícias para a amiga [...]” (d) “[...] olhando a furto para a gente [...]” (e) “[...] sem o pranto nem palavras desta,” 4 Leia o texto a seguir. A sombra das roças é macia e doce, é como uma carícia. Os cacaueiros se fecham em folhas grandes que o sol amarelece. Os galhos se procuram e se abraçam no ar, parecem uma árvore subindo e descendo o morro, a sombra de topázio se sucedendo por centenas e centenas de metros. Jorge Amado. São Jorge dos Ilhéus. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. Na descrição acima, não se observa: (a) descrição por meio de sensações. (b) personificação dos seres. (c) comparação entre a natureza e o ser humano. (d) movimento, dinamicidade. (e) flashes, efeitos cinematográficos. ► Leia o trecho do conto “O mandarim”, de Eça de Queirós, para responder à questão 5. Então começou a minha vida de milionário. Deixei bem depressa a casa de Madame Marques – que, des- de que me sabia rico, me tratava todos os dias a arroz- -doce, e ela mesma me servia, com o seu vestido de seda dos domingos. Comprei, habitei o palacete amarelo, ao Loreto: as magnificências da minha instalação são bem conhecidas pelas gravuras indiscretas da Ilustração Fran- cesa. Tornou-se famoso na Europa o meu leito, de um gosto exuberante e bárbaro, com a barra recoberta de lâminas de ouro lavrado e cortinados de um raro bro- cado negro onde ondeiam, bordados a pérolas, versos eróticos de Catulo; uma lâmpada, suspensa no interior, derrama ali a claridade láctea e amorosa de um luar de Verão. [...] Entretanto Lisboa rojava-se aos meus pés. O pátio do palacete estava constantemente invadido por uma turba: olhando-a enfastiado das janelas da galeria, eu via lá branquejar os peitilhos da Aristocracia, negrejar a sotaina do Clero, e luzir o suor da Plebe: todos vinham suplicar, de lábio abjeto, a honra do meu sorriso e uma participação no meu ouro. Às vezes consentia em receber algum velho de título histórico: – ele adiantava- -se pela sala, quase roçando o tapete com os cabelos brancos, tartamudeando adulações; e imediatamente, espalmando sobre o peito a mão de fortes veias onde corria um sangue de três séculos, oferecia-me uma filha bem-amada para esposa ou para concubina. Todos os cidadãos me traziam presentes como a um ídolo sobre o altar – uns odes votivas, outros o meu monograma bordado a cabelo, alguns chinelas ou bo- quilhas, cada um a sua consciência. Se o meu olhar amortecido fixava, por acaso, na rua, uma mulher – era logo ao outro dia uma carta em que a criatura, esposa ou prostituta, me ofertava a sua nudez, o seu amor, e todas as complacências da lascívia. Os jornalistas esporeavam a imaginação para achar adjetivos dignos da minha grandeza; fui o sublime Sr. Teodoro, cheguei a ser o celeste Sr. Teodoro; então, desvairada, a Gazeta das Locais chamou-me o extraceleste Sr. Teodoro! Diante de mim nenhuma cabeça ficou jamais coberta – ou usasse a coroa ou o coco. Todos os dias me era oferecida uma presidência de Ministério ou uma direção de confraria. Recusei sempre, com nojo. Eça de Queirós. O mandarim, s/d. Anotações
  • 28. 28 84 INT. DE TEXTO Aula 4 GUIA DE ESTUDO Int. de texto / Livro Único / Frente Única / Capítulo 2 I. Leia as páginas de 36 a 39. II. Faça os exercícios 1 e 2 da seção “Revisando”. III. Faça os exercícios propostos de 1 a 4. 5 Unifesp 2015 Ao descrever a sua vida de milioná- rio, o narrador (a) sente-se lisonjeado pelo tratamento cerimonioso de que é alvo constante, sobretudo porque as pes- soas são honestas em seu proceder. (b) reconhece que as pessoas se aproximam dele com mais respeito e cautela, fato que o deixa descon- fortável, por sua natureza humilde. (c) ironiza as relações de interesses decorrentes da sua nova condição social, deixando evidente que as pessoas se humilham perante ele. (d) ignora a forma como os mais pobres o interpelam, pois não consegue identificar os contatos sem in- teresses monetários. (e) despreza a falta de veneração à sua pessoa, prin- cipalmente pelos mais bem nascidos, que não o veem como pertencente à aristocracia. ► Texto para a questão 6. Urubua Noite. Rua. Homem mastiga pão. Solidão escura que caminha, mastiga, caem migalhas. Urubus cor-de-noite em busca de migalhas amarelas. Carros cinzas passam. Migalhas de urubu. Dia. Amarelo. Amanhece, urubus vermelhos no asfalto cinza. Cinzas de urubu na rua. Urubua. R. Onada. 6 Em relação ao poema acima: a) Cite três passagens descritivas. b) Dê dois aspectos do texto que justifique o emprego de linguagem cinematográfica. Anotações
  • 29. 29 Resoluções Exercícios de Sala 1 Alternativa: B. Em ambos os casos, temos uma analogia com o reino animal. 2 Alternativa: B. O adjetivo bravia aponta um estado psicológico da personagem. 3 Alternativa: A. O autor faz uma analogia com o mar, empregando uma figura denominada comparação. 4 Alternativa: E. Temos sensações em “macia e doce”; personificação em “Os galhos se procuram e se abraçam no ar”; comparação em “A sombra das roças é macia e doce, é como uma carícia.”. A ideia de movimento é dada pelos verbos que traduzem ação. 5 Alternativa: C. O narrador ironiza a bajulação interesseira que lhe foi dirigida a partir do momento em que ficou rico. Aqueles que o bajulavam chegavam a se humilhar diante dele, como se observa nos trechos a seguir: “[...] quase roçando o tapete com os cabelos brancos, tartamudeando adulações; e imediatamente, espalmando sobre o peito a mão de fortes veias onde corria um sangue de três séculos, oferecia-me uma filha bem-amada para esposa ou para concubina” e “Se o meu olhar amortecido fixava, por acaso, na rua, uma mulher – era logo ao outro dia uma carta em que a criatura, esposa ou prostituta, me ofertava a sua nudez, o seu amor, e todas as complacências da lascívia”. 6 a) Trata-se das passagens “Noite. Rua.”, “Migalhas de urubu.” e “urubus vermelhos no asfalto cinza. Cinzas de urubu na rua. Urubua.”. b) Falta de conexão sintática entre os versos, descrição à base de flashes. Anotações
  • 31. 31 Orientações Essa aula tem o objetivo de tratar da narração, de modo que devem-se abordar os principais tempos verbais utilizados nesses textos (o presente e os pretéritos perfeito e imperfeito do indicativo) e os efeitos pretendidos com isso; os tipos de narrador e suas características (personagem/observador, parcial/imparcial); e as caracterizações de tempo, espaço e conflito possíveis em um texto narrativo. 85INT. DE TEXTOMEDICINA I INTERPRETAÇÃO DE TEXTO Aula 5 Narração Características A narração caracteriza-se, principalmente, pela progressão temporal, pela mudança de estado e pela sucessão de fatos. Em uma narração, sempre haverá um espaço, um tempo, personagens e conflito; o nar- rador pode estar explícito ou não. O texto narrativo é considerado figurativo, pois predominam elementos concretos. Eis as características do texto narrativo. • Tempo verbal O texto narrativo costuma empregar determinados tempos verbais, como o pretérito perfeito do indicativo, o pretérito imperfeito do indicativo e o presente do indicativo. a) Uso do pretérito perfeito para relatar as transfor- mações. O crime do negro abriu uma clareira silenciosa no meio do povo. Ficaram todos estarrecidos de espanto. Aníbal Machado. “A morte da porta-estandarte”. In: A morte da porta- -estandarte e outras histórias. Rio de Janeiro, 1965. p. 231. b) Uso do pretérito imperfeito do indicativo para a descrição que acompanha a narração. O preto ajoelhado bebia-lhe mudamente o último sorriso, e inclinava a cabeça de um lado para outro como se estivesse contemplando uma criança. [...] Aníbal Machado. “A morte da porta-estandarte”. In: A morte da porta- -estandarte e outras histórias. Rio de Janeiro, 1965, p. 231. c) Uso do presente para descrições e para criar o efeito de vivacidade. Quando Pedro I lança aos ecos o seu grito histórico e o país desperta esturvinhado à crise de uma mudança de dono, o caboclo ergue-se, espia e acocora-se, de novo. Monteiro Lobato. O Urupês. São Paulo: Editora Globo, 2007. p.169. • Narrador O narrador pode apresentar-se em primeira pessoa (narrador-personagem, participa da história) ou em terceira pessoa (narrador-observador, apenas relata); o primeiro tende a ser mais parcial; o segundo, mais imparcial. Veja o exemplo a seguir. Entra na Pensión Don Marcos. No fim da escada escura a sala de refeições. Quase dez horas, todos ao redor das mesas beliscavam furtivamente o pão preto. O lugar de Pedro ocupado pelo vizinho que tosse. A patroa, chegando com a primeira terrina, avisa que acolheu no- vos hóspedes. Ele deve colocar-se à mesa com o outro. Tem fome e não discute diante dos pensionistas, que o espreitam de suas cadeiras. A dona pisca o olho verme- lho e indica, no lugar do tossidor, um casal de amantes, dando-se as mãos sobre a mesa sem toalha. Dalton Trevisan. “Noites de Amor em Granada”. In: Novelas nada exemplares. 4 ed. rev. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1975. p.136. No exemplo acima, temos o narrador-observador, que relata os fatos de forma neutra. Veja agora um exemplo de narrador-personagem. Pois tinha sido que eu acabava de sarar duma doença, e minha mãe feito promessa para eu cumprir quando ficasse bom: eu carecia de tirar esmola, até perfazer um tanto – metade para se pagar uma missa, em alguma igreja, metade para se pôr dentro duma cabaça bem tapada e breada, que se jogava no São Francisco, a fim de ir, Bahia abaixo, até esbarrar no Santuário do Santo Senhor Bom-Jesus da Lapa, que na beira do rio tudo pode. Ora, lugar de tirar esmola era no porto. Mãe me deu uma sacola. Eu ia, todos os dias. E esperava por lá, naquele parado, raro que alguém vinha. Mas eu gostava, queria novidade quieta para meus olhos. Guimarães Rosa. "Grande Sertão: Veredas". In: Ficção Completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2009. p. 67. Nota-se a opinião do narrador nas seguintes pas- sagens: “Ora, lugar de tirar esmola era no porto [...] E esperava por lá, naquele parado, raro que alguém vinha. Mas eu gostava, queria novidade quieta para meus olhos.”. O narrador pode estar a par do que se passa no pen- samento da personagem, bem como estar consciente do seu passado e das suas emoções; nesse caso, teremos um narrador onisciente, como no texto a seguir.
  • 32. 32 86 INT. DE TEXTO Aula 5 Junto da inocente menina adormecida na isenção de sua alma pura de virgem, velavam três sentimentos profundos, palpitavam três corações bem diferentes. Em Loredano, o aventureiro de baixa extração, esse sentimento era um desejo ardente, uma sede de gozo, uma febre que lhe requeimava o sangue: o instinto brutal dessa natureza vigorosa era ainda aumentado pela impossibilidade moral que a sua condição criava, pela barreira que se elevava entre ele, pobre colono, e a filha de D. Antônio de Mariz, rico fidalgo de solar e brasão. [...] Em Álvaro, cavalheiro delicado e cortês, o sentimento era uma afeição nobre e pura, cheia de graciosa timidez que perfuma as primeiras flores do coração, e do entusiasmo cavalheiresco que tanta poesia dava aos amores daquele tempo de crença e lealdade. [...] Em Peri, o sentimento era um culto, espécie de idolatria fanática, na qual não entrava um só pensamento de egoísmo; amava. José de Alencar. O guarani. Disponível em: <www.dominiopublico. gov.br/download/texto/bv000135.pdf>. O narrador, em José de Alencar, revela os senti- mentos de cada pretendente, mostrando-se, assim, onisciente, ou seja, tem conhecimento do que se passa na mente de cada personagem. Quando há o fluxo de pensamento da personagem, em primeira pessoa, temos o monólogo interior. • Tempo Trata-se do momento em que ocorrem as ações. O tempo pode ser concebido das seguintes maneiras: a) tempo real. b) tempo psicológico (memória, lembrança). c) tempo cronológico. d) inversão temporal (para o passado ou para o futuro). • Espaço Trata-se do lugar em que ocorrem as ações. O espaço pode ser concebido das seguintes maneiras: a) espaço real. b) espaço psicológico (memória, lembrança). • Conflito O conflito é o obstáculo, o que provoca tensão. Pode ser de natureza: a) física (acidente de carro). b) psicológica (separação de um casal). c) sociológica (preconceito). d) soma de várias. Exercícios de Sala 1 Leia o excerto a seguir, da obra Dom Casmurro, de Machado de Assis. Capítulo LXV / A dissimulação [...] minha mãe, dizendo a tio Cosme que ainda que- ria ver com que mão havia eu de abençoar o povo à mis- sa, contou que, dias antes, estando a falar de moças que se casam cedo, Capitu lhe dissera: “Pois a mim quem me há de casar há de ser o padre Bentinho, eu espero que ele se ordene!” Tio Cosme riu da graça, José Dias não dessorriu, só prima Justina é que franziu a testa, e olhou para mim interrogativamente. Eu, que havia olhado para todos, não pude resistir ao gesto da prima, e tratei de comer. Mas comi mal, estava tão contente com aquela grande dissimulação de Capitu que não vi mais nada, e, logo que almocei, corri a referir-lhe a conversa e a louvar-lhe a astúcia. Capitu sorriu de agradecida. — Você tem razão, Capitu, concluí eu; vamos enganar toda esta gente. — Não é? disse ela com ingenuidade. Machado de Assis. Dom Casmurro. Disponível em: <www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv00180a.pdf>. Assinale a alternativa que traz uma informação não condizente com o texto. (a) Emprega-se narrador-personagem, o que confere certa subjetividade ao narrar. (b) O uso de discurso direto pode ser entendido como um efeito de realidade. (c) O emprego do pretérito perfeito do indicativo, como em “corri”, possibilita a progressão temporal. (d) O nome do capítulo, “A dissimulação” encontra eco na palavra “astúcia”. (e) Narra-se em primeira pessoa, como atesta a passagem “eu espero que ele se ordene!” Anotações
  • 33. 33 Anotações 87MEDICINA I INT. DE TEXTO 5 Aula 2 Assinale a alternativa que apresenta uma progressão narrativa em O mulato, de Aluísio de Azevedo (Disponível em: <www.dominiopublico.gov. br/download/texto/bn000166.pdf>). (a) Raimundo tinha vinte e seis anos e seria um tipo aca- bado de brasileiro, se não foram os grandes olhos azuis, que puxara do pai. (b) Cabelos muito pretos, lustrosos e crespos, tez morena e amulatada, mas fina, dentes claros que reluziam sob a negrura do bigode, estatura alta e elegante, pescoço largo, nariz direito e fronte espaçosa. (c) Tinha os gestos bem educados, sóbrios, despidos de pretensão, falava em voz baixa, distintamente, sem armar ao efeito, vestia-se com seriedade e bom gosto; amava os artes, as ciências, a literatura e, um pouco menos, a política. (d) O Dias tomara o seu chapéu no corredor e, ao embarcar no carro, que esperava pelos dois lá embaixo, Ana Rosa levantara-lhe carinhosamente a gola da casaca. 3 Leia o excerto a seguir, extraído do romance Senhora, de José de Alencar. Aurélia concentra-se de todo dentro de si; ninguém ao ver essa gentil menina, na aparência tão calma e tran- quila, acreditaria que nesse momento ela agita e resolve o problema de sua existência; e prepara-se para sacrifi- car irremediavelmente todo o seu futuro. José de Alencar. Senhora. Disponível em: <www.dominiopublico.gov. br/download/texto/bn000011.pdf>. Na passagem em questão, observa-se a presença de: (a) narrador onisciente. (b) narrador em primeira pessoa. (c) narrador que dirige-se ao leitor. (d) narrador-personagem. (e) narrador implícito. 4 Começo a arrepender-me deste livro. Não que ele me canse; eu não tenho que fazer; […] Tu tens pressa de envelhecer, e o livro anda devagar; tu amas a narração direta e nutrida, o estilo regular e fluente; e este livro e o meu estilo são como ébrios, guinam à direita e à esquerda. Machado de Assis. Memórias póstumas de Brás Cubas. Disponível em: <www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ bn000167.pdf>. Assinale a alternativa que faz uma definição que não se enquadra no texto acima. (a) O narrador dialoga com o leitor e estabelece juízos de valor em relação a ele. (b) Emprega-se a metalinguagem, pois o narrador comenta sobre o enredo. (c) O narrador articula faticamente com o leitor, criando um efeito de aproximação. (d) O narrador estabelece com o leitor um canal aberto à discussão ou participação na matéria narrada. (e) A voz narrativa conta a história de dentro dela, falando ao leitor em primeira e segunda pessoa. GUIA DE ESTUDO Int. de texto / Livro Único / Frente Única / Capítulo 2 I. Leia as páginas de 39 a 41. II. Faça os exercícios de 3 a 5 da seção “Revisando”. III. Faça os exercícios propostos de 7 a 10.
  • 34. 34 Resoluções Exercícios de Sala 1 Alternativa: E. A primeira pessoa citada é da personagem, não do narrador. 2 Alternativa: D. É a única alternativa em que se nota a progressão temporal. 3 Alternativa: A. O narrador tem conhecimento com relação ao que se passa no interior de Aurélia, provando a onisciência. 4 Alternativa: E. Quem conta a história e participa dela é o narrador personagem, que narra em primeira pessoa. Anotações
  • 36. 36 INTERPRETAÇÃO DE TEXTO 88 INT. DE TEXTO Aula 6 Narração e dissertação Narração Tipos de discurso Na narração, observam-se três tipos de discurso: o direto, o indireto e o indireto-livre. Dependendo da narração, pode-se ter os três presentes. a) direto: quando se reproduz a voz da personagem. — Você sabe o que é discurso direto? — Não sabia, mas agora sei! b) indireto: quando o narrador fala pela personagem em terceira pessoa Ele disse que agora sabe o que é discurso indireto. c) indireto-livre: quando o pensamento da persona- gem alterna-se na terceira pessoa com a voz do narrador, criando uma ambiguidade proposital. A terceira pessoa substituindo a primeira, o em- prego do futuro do pretérito e do pretérito im- perfeito do indicativo e o uso de exclamações e interrogações são marcas gramaticais do discurso indireto-livre. É exemplo de discurso indireto-li- vre o seguinte excerto de Vidas Secas: Sinhá Vitória desejava possuir uma cama igual à de seu Tomás da bolandeira. Doidice. Não dizia nada para não contrariá-la, mas sabia que era doidice. Cambembes podiam ter luxo? E estavam ali de passagem. Qualquer dia o patrão os botaria fora, e eles ganhariam o mundo, sem rumo, nem teriam meio de conduzir os cacarecos. Graciliano Ramos. Vidas secas. 6 ed. São Paulo: Livraria Martins Editora, s/d. p. 26. Monólogo interior Trata-se também do pensamento da personagem, mas com algumas características diferentes: a) fluxo de pensamento da personagem. b) uso de primeira pessoa. c) ênfase ao tempo e espaço psicológicos. d) sintaxe mimetizando o fluxo de pensamento. Veja o exemplo a seguir. Perdi alguma coisa que me era essencial, e já não me é mais. Não me é necessária, assim como se eu tives- se perdido uma terceira perna que até então me impossi- bilitava de andar, mas que fazia de mim um tripé estável. Essa terceira perna eu perdi. E voltei a ser uma pessoa que nunca fui [...] Clarice Lispector. A paixão segundo G. H. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. p. 11-2. Dissertação Características Se a narração caracteriza-se pela progressão temporal, a dissertação é identificada pela progres- são lógica; se na descrição particulariza-se o ser, na dissertação, generaliza-se. O texto dissertativo serve para debater um assunto ou simplesmente expô-lo. Dissertação argumentativa/expositiva A dissertação pode ser expositiva ou argumenta- tiva, isso depende das intenções de quem produz o texto. a) Argumentativa: o texto argumentativo procura provar uma tese por meio de provas, denomina- das argumentos (fatos propriamente ditos, situ- ações, ilustrações, dados estatísticos, conceitos, testemunhos). b) Expositiva: na dissertação expositiva, expõe-se o assunto sem que se tome abertamente uma posi- ção. É o caso da maioria dos livros didáticos. Dissertação objetiva/subjetiva a) Objetiva: na dissertação objetiva, emprega-se a denotação, a terceira pessoa e a impessoalidade. O uso da partícula “se” é uma marca de impesso- alidade (sabe-se que...). b) Subjetiva: na dissertação subjetiva, estabelecem-se juízos de valor, faz-se uso da conotação, empre- gam-se a primeira e/ou a segunda pessoa. Orientações Nessa aula, explicar os tipos de discurso usados na narração: direto, indireto e indireto livre. Reforçar com os alunos as características que lhes permitem reconhecer o discurso indireto livre, valendo-se, para isso, de exemplos.Abordar ainda o monólogo interior, ressaltando suas diferenças em relação ao discurso indireto livre. Sobre a dissertação, apresentá-la como um texto que tem por finalidade debater um assunto ou simplesmente expô-lo.Alémdisso,apresentar as características dos tipos de dissertação existentes: argumentativa/expositiva e objetiva/subjetiva.
  • 37. 37 89MEDICINA I INT. DE TEXTO 6 Aula Exercícios de Sala 1 Leia o trecho a seguir, pertencente à obra Vidas Secas. E estavam ali de passagem. Qualquer dia o patrão os botaria fora, e eles ganhariam o mundo, sem rumo, nem teriam meio de conduzir os cacarecos. Graciliano Ramos. Vidas Secas. 6 ed. São Paulo: Livraria Martins Editora, s/d. p. 26. Dadas as marcas linguísticas empregadas nesse excerto, pode-se afirmar que se nota a presença de: (a) narrador-observador. (b) diálogo narrador-personagem. (c) discurso indireto. (d) discurso direto. (e) discurso indireto-livre. 2 Leia o excerto a seguir, extraído da crônica “O sonho do feijão”. Dona Abigail sentou-se na cama, sobressaltada, acordou o marido e disse que havia sonhado que iria fal- tar feijão. Não era a primeira vez que esta cena ocorria. Dona Abigail, consciente de seus afazeres de dona-de- -casa, vivia constantemente atormentada por pesadelos desse gênero. E de outros gêneros, quase todos alimen- tícios. Ainda bêbado de sono o marido esticou o bra- ço e apanhou a carteira sobre a mesinha de cabeceira: ‘Quanto é que você quer?’ Carlos Eduardo Novaes. “O sonho do feijão”. In: A travessia da via crucis. 4 ed. São Paulo: Nórdica, 1975. p. 25. a) Identifique uma passagem em discurso direto e outra em discurso indireto. b) Transforme o discurso indireto escolhido em direto. ► Texto para as questões 3 e 4. É fácil errar quando uma empresa ou seus dirigentes não têm clareza sobre o que de fato significam as bonitas palavras que estão em suas missões e valores ou em seus relatórios e peças de marketing. Infelizmente, não passa um dia sem vermos claros sintomas de confusão. O que dizer de uma empresa que mal começou a praticar coleta seletiva e já sai por aí se intitulando “sustentável”? Ou da que anuncia sua “responsabilidade social” divulgando em caros anúncios os trocados que doou a uma creche ou campanha de solidariedade? Na melhor das hipóteses, elas não entenderam o significado desses conceitos. Ou, se formos um pouco mais críticos, diremos tratar- -se de oportunismo irresponsável, que não só prejudica a imagem da empresa mas – principalmente – mina a credibilidade de algo muito sério e importante. Banaliza conceitos vitais para a humanidade, reduzindo-os a expressões efêmeras, vazias. Guia Exame – Sustentabilidade, out. 2008. 3 Unifesp 2010 (Adapt.) O texto faz uma crítica ao: (a) uso inexpressivo de expressões efêmeras e vazias, o que coíbe a prática do oportunismo irresponsável. (b) trabalho social das empresas, que priorizam ações sociais sem utilizarem um marketing adequado. (c) discurso irresponsável das empresas que, na verdade, destoa das práticas daqueles que o proferem. (d) excesso de discursos sobre sustentabilidade e res- ponsabilidade em empresas engajadas em assun- tos de natureza social. (e) uso indiscriminado do marketing na divulgação da responsabilidade social das empresas. 4 Unifesp 2010 (Adapt.) Considerando o ponto de vista do autor, a frase – O que dizer de uma empresa que mal começou a praticar coleta seletiva e já sai por aí se intitulando “sustentável”? – deixa evidente que uma empresa: (a) pode prescindir do real sentido do termo “susten- tável”. (b) já é sustentável, quando começa a fazer coleta seletiva. (c) deve fazer seu marketing desatrelado de sua prática. (d) deve consolidar suas práticas antes de defini-las. (e) começa mal, caso se dedique à coleta seletiva. Anotações
  • 38. 38 90 INT. DE TEXTO Aula 6 5 Fuvest2008Para Pirandello, o cômico nasce de uma “percepção do contrário”, como no famoso exemplo de uma velha já decrépita que se cobre de maquiagem, veste-se como uma moça e pinta os cabelos. Ao se per- ceber que aquela senhora velha é o oposto do que uma respeitável velha senhora deveria ser, produz-se o riso, que nasce da ruptura das expectativas, mas sobretudo do sentimento de superioridade. A “percepção do contrário” pode, porém, transformar-se num “sentimento do contrá- rio” – quando aquele que ri procura entender as razões pelas quais a velha se mascara, na ilusão de reconquistar a juventude perdida. Nesse passo, a velha da anedota não mais está distante do sujeito que percebe, porque este pensa que também poderia estar no lugar da velha — e seu riso se mistura com a compreensão piedosa e se transforma num sorriso. Para passar da atitude cômica para a atitude humorística, é preciso renunciar ao distan- ciamento e ao sentimento de superioridade. Elias Thomé Saliba. Raízes do riso. (Adapt.). a) Considerando o que o texto conceitua, explique brevemente qual a diferença essencial entre a “percepção do contrário” e o “sentimento do con- trário”. b) Ao se perceber que aquela senhora velha é o oposto do que uma respeitável velha senhora de- veria ser, produz-se o riso [...]. Sem prejuízo para o sentido do trecho acima, reescreva-o, substituindo “se perceber” e “produz-se” por formas verbais cujo sujeito seja “nós” e “é o oposto” por “não cor- responde”. Faça as adaptações necessárias. GUIA DE ESTUDO Int. de texto / Livro Único / Frente Única / Capítulo 2 I. Leia as páginas de 41 a 45. II. Faça os exercícios de 7 a 11 da seção “Revisando”. III. Faça os exercícios propostos 5, 6 e de 12 a 15. Anotações
  • 39. 39 Resoluções Exercícios de Sala 1 Alternativa: E. Nesse trecho, há o pensamento da personagem. Marcas como o futuro do pretérito, o pretérito imperfeito do indicativo e o uso da terceira pessoa servem como pista. 2 a) Discurso direto: “Quanto é que você quer?”. Discurso indireto: “que havia sonhado que iria faltar feijão”. b) “Dona Abigail sentou-se na cama, sobressaltada, acordou o marido e disse-lhe: – Sonhei que vai faltar feijão.” A forma “vai faltar” tem valor de futuro do presente, que se transforma em futuro do pretérito no discurso indireto, como na narrativa em questão. 3 Alternativa: C. O texto critica o fato de as empresas praticarem um oportunismo irresponsável com relação a temas sociais, como a coleta seletiva ou a doação a instituições sociais. Do ponto de vista do enunciador, a prática destoa da teoria. 4 Alternativa: D. O autor salienta o fato de que as empresas fazem propaganda de ações de caráter social, sem que a prática seja condizente (no caso, a prática está apenas no início). 5 a) A expressão “percepção do contrário” refere-se ao riso, que é obtido por meio de uma ruptura; nela, há um distanciamento e o riso; trata-se do cômico. Já a expressão “sentimento do contrário” refere-se ao sorriso que, por outro lado, é obtido pela aproximação, por como o sujeito se imagina no lugar da personagem, por exemplo; nesse caso, não se trata do cômico, mas sim do humorístico. b) Ao percebermos que aquela senhora velha não corresponde ao que uma respeitável velha senhora deveria ser, produzimos o riso [...]. Anotações
  • 41. 41 Orientações Ainda sobre dissertação, explicar os raciocínios indutivo e dedutivo, o silogismo, o falso silogismo (falácia) – mostrar ao aluno a importância de se atentar para as premissas na conclusão de uma ideia – e explorar o exemplo dado sobre progressão lógica dos argumentos em um texto dissertativo. Apresentar, por fim, os quatro passos da metodologia científica. 91INT. DE TEXTOMEDICINA I INTERPRETAÇÃO DE TEXTO Aula 7 Dissertação Progressão lógica Trata-se do encadeamento dos argumentos, a pro- gressão das ideias no texto dissertativo. Segue um exemplo de progressão lógica: a) Introdução: Há três aspectos a serem considerados quando se prende um criminoso comum: ele é um ser humano, seu grau de consciência é limitado e não possui uma profissão certa. b) Recolha 1: Por se tratar de um ser humano, ele não se adaptará a cadeias, que mais parecem jaulas. A consequência é uma revolta, desejo de fugir. c) Recolha 2: Por ter pouca escolaridade, o preso não é cons- ciente plenamente do que vem a ser viver em socie- dade. O fato de não ter uma ocupação na cadeia não favorece uma transformação; pelo contrário, a cela passa a ser uma escola do crime. d) Recolha 3: Finalmente, por não ter uma profissão certa, o preso não possui um objetivo que possa fazer com que ele esqueça a atividade criminosa: uma profissão representa para o homem uma realização, uma ocu- pação. Não havendo trabalho, as chances de repetir o delito cometido são muito grandes. e) Conclusão/proposta: Em função dos três aspectos discutidos, faz-se ne- cessária uma acomodação que seja condizente com um ser humano; uma escolarização do preso e uma profissionalização do detento. Com essas medidas, o preso seria menos violento e mais consciente, além de se evitar a reincidência do crime. Dissertação Raciocínio indutivo/dedutivo • Indução Na indução, parte-se do particular para o geral: do efeito chega-se à causa. • Dedução Na dedução, parte-se do geral para o particular: da causa chega-se ao efeito. Silogismo O silogismo emprega uma premissa maior – PM – (generalização), uma premissa menor – Pm – (um ser que pode estar contido no sujeito da premissa maior) e uma conclusão – C – (o ser inserido na premissa menor mais o predicado da premissa maior): PM: Todo homem é racional. Pm: Pedro é homem. C: Pedro é racional. • Silogismo falso (falácia) O silogismo é falso quando está construído de for- ma errada ou quando uma de suas premissas não é verdadeira: PM: Todo ginasta é ágil. Pm: Meu irmão é ágil. C: Meu irmão é um ginasta! Na premissa menor está o erro: o correto seria “meu irmão é ginasta”. A conclusão, portanto, seria “meu irmão é ágil”. Outro exemplo: PM: Todo banco antigo é seguro. Pm: O banco x é antigo. C: O banco x é seguro. A premissa maior é falsa, nem todo banco antigo é seguro.