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Caro aluno
Ao elaborar o seu material inovador,completo e moderno,o Hexag considerou como principal diferencial sua exclusiva metodologia em período integral,com aulas e Estudo
Orientado (E.O.),e seu plantão de dúvidas personalizado.O material didático é composto por 6 cadernos de aula e 107 livros,totalizando uma coleção com 113 exemplares.
O conteúdo dos livros é organizado por aulas temáticas. Cada assunto contém uma rica teoria que contempla, de forma objetiva e transversal, as reais necessidades dos
alunos,dispensando qualquer tipo de material alternativo complementar.Para melhorar a aprendizagem,as aulas possuem seções específicas com determinadas finalidades.
A seguir, apresentamos cada seção:
De forma simples, resumida e dinâmica, essa seção foi desen-
volvida para sinalizar os assuntos mais abordados no Enem e
nos principais vestibulares voltados para o curso de Medicina
em todo o território nacional.
INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS
Todo o desenvolvimento dos conteúdos teóricos de cada co-
leção tem como principal objetivo apoiar o aluno na resolu-
ção das questões propostas. Os textos dos livros são de fácil
compreensão, completos e organizados. Além disso, contam
com imagens ilustrativas que complementam as explicações
dadas em sala de aula. Quadros, mapas e organogramas, em
cores nítidas, também são usados e compõem um conjunto
abrangente de informações para o aluno que vai se dedicar
à rotina intensa de estudos.
TEORIA
No decorrer das teorias apresentadas, oferecemos uma cui-
dadosa seleção de conteúdos multimídia para complementar
o repertório do aluno, apresentada em boxes para facilitar a
compreensão, com indicação de vídeos, sites, filmes, músicas,
livros, etc. Tudo isso é encontrado em subcategorias que fa-
cilitam o aprofundamento nos temas estudados – há obras
de arte, poemas, imagens, artigos e até sugestões de aplicati-
vos que facilitam os estudos, com conteúdos essenciais para
ampliar as habilidades de análise e reflexão crítica, em uma
seleção realizada com finos critérios para apurar ainda mais
o conhecimento do nosso aluno.
MULTIMÍDIA
Atento às constantes mudanças dos grandes vestibulares, é
elaborada, a cada aula e sempre que possível, uma seção que
trata de interdisciplinaridade. As questões dos vestibulares
atuais não exigem mais dos candidatos apenas o puro co-
nhecimento dos conteúdos de cada área, de cada disciplina.
Atualmente há muitas perguntas interdisciplinares que abran-
gem conteúdos de diferentes áreas em uma mesma questão,
como Biologia e Química, História e Geografia, Biologia e Ma-
temática, entre outras. Nesse espaço, o aluno inicia o contato
com essa realidade por meio de explicações que relacionam
a aula do dia com aulas de outras disciplinas e conteúdos de
outros livros, sempre utilizando temas da atualidade. Assim,
o aluno consegue entender que cada disciplina não existe de
forma isolada, mas faz parte de uma grande engrenagem no
mundo em que ele vive.
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS
Um dos grandes problemas do conhecimento acadêmico
é o seu distanciamento da realidade cotidiana, o que difi-
culta a compreensão de determinados conceitos e impede
o aprofundamento nos temas para além da superficial me-
morização de fórmulas ou regras. Para evitar bloqueios na
aprendizagem dos conteúdos, foi desenvolvida a seção “Vi-
venciando“. Como o próprio nome já aponta, há uma preo-
cupação em levar aos nossos alunos a clareza das relações
entre aquilo que eles aprendem e aquilo com que eles têm
contato em seu dia a dia.
VIVENCIANDO
Essa seção foi desenvolvida com foco nas disciplinas que fa-
zem parte das Ciências da Natureza e da Matemática. Nos
compilados, deparamos-nos com modelos de exercícios re-
solvidos e comentados, fazendo com que aquilo que pareça
abstrato e de difícil compreensão torne-se mais acessível e
de bom entendimento aos olhos do aluno. Por meio dessas
resoluções, é possível rever, a qualquer momento, as explica-
ções dadas em sala de aula.
APLICAÇÃO DO CONTEÚDO
Sabendo que o Enem tem o objetivo de avaliar o desem-
penho ao fim da escolaridade básica, organizamos essa
seção para que o aluno conheça as diversas habilidades e
competências abordadas na prova. Os livros da “Coleção
Vestibulares de Medicina” contêm, a cada aula, algumas
dessas habilidades. No compilado “Áreas de Conhecimento
do Enem” há modelos de exercícios que não são apenas
resolvidos, mas também analisados de maneira expositiva e
descritos passo a passo à luz das habilidades estudadas no
dia. Esse recurso constrói para o estudante um roteiro para
ajudá-lo a apurar as questões na prática, a identificá-las na
prova e a resolvê-las com tranquilidade.
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM
Cada pessoa tem sua própria forma de aprendizado. Por isso,
criamos para os nossos alunos o máximo de recursos para
orientá-los em suas trajetórias. Um deles é o ”Diagrama de
Ideias”, para aqueles que aprendem visualmente os conte-
údos e processos por meio de esquemas cognitivos, mapas
mentais e fluxogramas.
Além disso, esse compilado é um resumo de todo o conteúdo
da aula. Por meio dele, pode-se fazer uma rápida consulta
aos principais conteúdos ensinados no dia, o que facilita a
organização dos estudos e até a resolução dos exercícios.
DIAGRAMA DE IDEIAS
© Hexag SiStema de enSino, 2018
Direitos desta edição: Hexag Sistema de Ensino, São Paulo, 2022
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Raphael de Souza Motta
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editoração eletrôniCa
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Letícia de Brito Ferreira
Matheus Franco da Silveira
projeto gráfiCo e Capa
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imagenS
Freepik (https://www.freepik.com)
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ISBN: 978-65-88825-97-6
Todas as citações de textos contidas neste livro didático estão de acordo com a legislação, tendo por fim único e exclusi-
vo o ensino. Caso exista algum texto a respeito do qual seja necessária a inclusão de informação adicional, ficamos à dis-
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SUMÁRIO
ENTRE LETRAS
GRAMÁTICA									 5
AULAS 1 E 2: FORMAÇÃO DE PALAVRAS 7
AULAS 3 E 4: ARTIGOS, SUBSTANTIVOS E ADJETIVOS 15
AULAS 5 E 6: VERBOS: NOÇÕES PRELIMINARES E MODOS INDICATIVO E SUBJUNTIVO 23
AULAS 7 E 8: VERBOS: MODO IMPERATIVO E VOZES VERBAIS 30
INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS						33
AULA 1: FUNÇÕES DA LINGUAGEM I 35
AULA 2: FUNÇÕES DA LINGUAGEM II 38
AULA 3: VARIAÇÃO LINGUÍSTICA I 40
AULA 4: VARIAÇÃO LINGUÍSTICA II 42
LITERATURA									43
AULAS 1 E 2: FUNDAMENTOS PARA O ESTUDO LITERÁRIO: ARTE E TÉCNICA 45
AULAS 3 E 4: TROVADORISMO E HUMANISMO 54
AULAS 5 E 6: RENASCIMENTO: CLASSICISMO E LUÍS VAZ DE CAMÕES 63
AULAS 7 E 8: QUINHENTISMO E ESTÉTICA BARROCA 70
C
ompetência
1
Aplicar as tecnologias da comunicação e da informação na escola, no trabalho e em outros contextos relevantes para sua vida.
H1 Identificar as diferentes linguagens e seus recursos expressivos como elementos de caracterização dos sistemas de comunicação.
H2 Recorrer aos conhecimentos sobre as linguagens dos sistemas de comunicação e informação para resolver problemas sociais.
H3 Relacionar informações geradas nos sistemas de comunicação e informação, considerando a função social desses sistemas.
H4 Reconhecer posições críticas aos usos sociais que são feitos das linguagens e dos sistemas de comunicação e informação.
C
ompetência
2
Conhecer e usar língua(s) estrangeira(s) moderna(s) como instrumento de acesso a informações e a outras culturas e grupos sociais.
H5 Associar vocábulos e expressões de um texto em LEM ao seu tema.
H6 Utilizar os conhecimentos da LEM e de seus mecanismos como meio de ampliar as possibilidades de acesso a informações, tecnologias e culturas.
H7 Relacionar um texto em LEM, as estruturas linguísticas, sua função e seu uso social.
H8 Reconhecer a importância da produção cultural em LEM como representação da diversidade cultural e linguística.
C
ompetência
3
Compreender e usar a linguagem corporal como relevante para a própria vida, integradora social e formadora da identidade.
H9 Reconhecer as manifestações corporais de movimento como originárias de necessidades cotidianas de um grupo social.
H10 Reconhecer a necessidade de transformação de hábitos corporais em função das necessidades cinestésicas.
H11
Reconhecer a linguagem corporal como meio de interação social, considerando os limites de desempenho e as alternativas de adaptação para
diferentes indivíduos.
C
ompetência
4
Compreender a arte como saber cultural e estético gerador de significação e integrador da organização do mundo e da própria identidade.
H12 Reconhecer diferentes funções da arte, do trabalho da produção dos artistas em seus meios culturais.
H13 Analisar as diversas produções artísticas como meio de explicar diferentes culturas, padrões de beleza e preconceitos.
H14
Reconhecer o valor da diversidade artística e das inter-relações de elementos que se apresentam nas manifestações de vários grupos sociais e
étnicos.
C
ompetência
5
Analisar, interpretar e aplicar recursos expressivos das linguagens, relacionando textos com seus contextos, mediante a natureza, função,
organização, estrutura das manifestações, de acordo com as condições de produção e recepção.
H15 Estabelecer relações entre o texto literário e o momento de sua produção, situando aspectos do contexto histórico, social e político.
H16 Relacionar informações sobre concepções artísticas e procedimentos de construçãodo texto literário.
H17 Reconhecer a presença de valores sociais e humanos atualizáveis e permanentes no patrimônio literário nacional.
C
ompetência
6
Compreender e usar os sistemas simbólicos das diferentes linguagens como meios de organização cognitiva da realidade pela constitu-
ição de significados, expressão, comunicação e informação.
H18 Identificar os elementos que concorrem para a progressão temática e para a organização e estruturação de textos de diferentes gêneros e tipos.
H19 Analisar a função da linguagem predominante nos textos em situações específicas de interlocução.
H20 Reconhecer a importância do patrimônio linguístico para a preservação da memória e da identidade nacional.
C
ompetência
7
Confrontar opiniões e pontos de vista sobre as diferentes linguagens e suas manifestações específicas.
H21 Reconhecer em textos de diferentes gêneros, recursos verbais e não-verbais utilizados com a finalidade de criar e mudar comportamentos e hábitos.
H22 Relacionar, em diferentes textos, opiniões, temas, assuntos e recursos linguísticos.
H23 Inferir em um texto quais são os objetivos de seu produtor e quem é seu público alvo, pela análise dos procedimentos argumentativos utilizados.
H24
Reconhecer no texto estratégias argumentativas empregadas para o convencimento do público, tais como a intimidação, sedução, comoção,
chantagem, entre outras.
C
ompetência
8
Compreender e usar a língua portuguesa como língua materna, geradora de significação e integradora da organização do mundo e da
própria identidade.
H25 Identificar, em textos de diferentes gêneros, as marcas linguísticas que singularizam as variedades linguísticas sociais, regionais e de registro.
H26 Relacionar as variedades linguísticas a situações específicas de uso social.
H27 Reconhecer os usos da norma padrão da língua portuguesa nas diferentes situações de comunicação.
C
ompetência
9
Entender os princípios, a natureza, a função e o impacto das tecnologias da comunicação e da informação na sua vida pessoal e social,
no desenvolvimento do conhecimento, associando-o aos conhecimentos científicos, às linguagens que lhes dão suporte, às demais tec-
nologias, aos processos de produção e aos problemas que se propõem solucionar.
H28 Reconhecer a função e o impacto social das diferentes tecnologias da comunicação e informação.
H29 Identificar pela análise de suas linguagens, as tecnologias da comunicação e informação.
H30 Relacionar as tecnologias de comunicação e informação ao desenvolvimento das sociedades e ao conhecimento que elas produzem.
MATRIZ DE REFERÊNCIA DO ENEM
LINGUAGENS
CÓDIGOS
e suas tecnologias
ENTRE
ENTRE
LETRAS
LETRAS
TEORiA
DE
DE AULA
AULA
GRAMÁTICA
6
VOLUME
1

LINGUAGENS,
CÓDIGOS
e
suas
tecnologias
INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS
UFMG
Dentre os temas abordados neste ca-
derno, o de maior incidência no ENEM
é o uso de tempos verbais. Os demais
temas são de aplicação bastante es-
porádica.
As maiores ocorrências no vestibular da
Fuvest são regência verbal e normas pa-
drão e coloquial. É comum que a prova
exija do candidato conhecimentos sobre
aspectos morfossintáticos. Convém aten-
tar-se sobre advérbios, tempos e vozes
verbais.
Como uma prova transversal, a exigência
de conhecimentos tende a se alargar a
outros assuntos. Dessa maneira, é com-
preensível que se veja os significados
textuais que a mudança de classes de
palavras, a pontuação ou mesmo aspec-
tos coesivos podem provocar
no texto.
Vê-se maior incidência de temas que se
orientam sobre os processos de forma-
ção de palavras e a utilização das vozes
verbais. No mais, assuntos como a apli-
cação de classes de palavras em determi-
nados contextos surgem com frequência.
Bastante objetivo, o vestibular da Unesp
exige domínio acerca dos sentidos deno-
tativos e conotativos que uma palavra
pode ter em determinado contexto, além
da compreensão de classes gramaticais.
Tempos verbais e suas aplicações tam-
bém são frequentes.
Nesse vestibular, aspectos semânticos de
um termo dentro de seu contexto são o
ponto de partida para a resolução das
questões.Também, poderá ser exigido do
candidato compreender as possibilidades
de variação linguística.
Os temas de maior incidência são a com-
preensão conotativa e denotativa de ter-
mos no âmbito de determinado texto e
o uso das pontuações para a construção
de sentido. Além disso, temas que atra-
vessam conhecimentos a respeito das
classes gramaticais.
Concordâncias verbal e nominal, regên-
cia e aspectos sintáticos na dinâmica
de um texto aparecem com frequência
nas provas. De igual modo, as diferentes
situações que conduzem a pontuação
também aparecem com frequência.
Bastante direto e objetivo, o vestibular
da Santa Casa faz exigências de com-
preensão sobre vozes verbais e classes
gramaticais. É seguro, então, entender os
procedimentos textuais que configuram
as especificidades destes temas. Tam-
bém, a atenção à pontuação
é uma constante.
A prova da UEL cobra conhecimentos
gramaticais apenas na segunda fase.
Questões que associam a semântica à
interpretação de textos literários são co-
muns, além de um trabalho mais direcio-
nado à formação de palavras e às classes
gramaticais (substantivo, adje-
tivo e verbo).
A Semântica é trabalhada em contexto,
sempre em comparação e por relações de
equivalência.Além disso, questões objeti-
vas que abordem a Morfologia do portu-
guês podem, também, aparecer com uma
grande incidência.
Questões que exigem conhecimentos
sobre elementos coesivos e figuras de
linguagem, bem como aspectos se-
mânticos que podem aparecer em um
texto, seja por expressões denotativa ou
conotativa.
O uso de vozes verbais e os processos
de formação de palavras. Igualmente, o
sentido de determinado tempo verbal na
dinâmica textual, bem como os prejuízos
que a mudança de um modo verbal a
outro pode provocar a um texto.
Os temas de maior incidência são classes
de palavras e pontuação. Por isso, com-
preender aspectos morfológicos e recur-
sos coesivos é essencial para a resolução
de suas questões.
Essa prova é bastante flexível no que diz
respeito aos temas que aborda. Faz exi-
gências sobre tempos e modos verbais,
elementos coesivos e funções sintáticas.
Apesardisso,demodogeral,suasquestões
são bastante objetivas.
7
VOLUME
1

LINGUAGENS,
CÓDIGOS
e
suas
tecnologias
1. Morfologia:
formação de palavras
Neste tópico, estudaremos os processos de estruturação e
formação de uma palavra em língua portuguesa.
Palavra: unidade linguística de som e significado que
entra na composição dos enunciados da língua.
Embora representem uma totalidade, as palavras podem
ser decompostas de modo que reconheçamos as unida-
des menores que as compõem. Esses elementos menores
são todos dotados de significação e recebem o nome de
morfemas.
Morfema:unidades mínimas de uma palavra,que pos-
suem significação.
1.1. Morfemas
§ Radical (morfema lexical): é a parte da palavra que
contém o seu significado básico e também é comum
às palavras chamadas de cognatas (que pertencem à
mesma família etimológica).
Exemplos:
terra; terreiro; terrestre; enterrar.
§ Afixos (morfemas gramaticais): são elementos
que se juntam ao radical para formar novas palavras.
Podem aparecer antes do radical (prefixos) ou depois
do radical (sufixos).
Exemplos:
desfazer (radical com encaixe de um prefixo)
recentemente(radicalcomencaixedeumsufixo)
§ Desinências: são os morfemas que indicam flexões de
palavras variáveis. São subdivididas em desinência-
-nominal (em que ocorrem flexões de gênero e de nú-
mero) e desinência-verbal (com flexão modo-tempo
e número pessoa).
Exemplos:
a)desinência-nominal:garota/garotas/exaus-
ta / exaustas
b) desinência-verbal: derrubar / derrubamos
/ derrubassem / derrubaria
§ Vogal temática: é um morfema vocálico que se
acrescenta aos radicais antes das desinências. Temos
dois tipos:
a) Vogal temática nominal
Em radicais nominais (paroxítonos ou proparoxítonos) são
acrescentadas as vogais átonas “-a”,“-e” ou “-o” que in-
dicarão classe gramatical.
Exemplo:
revista / inteligente
b) Vogal temática verbal
Indicam a conjugação dos verbos. Funcionam da seguinte
maneira: Vogal “-a” = (1ª conjugação) / Vogal “-e” = (2ª
conjugação) /Vogal “-i” = (3ª conjugação)
Exemplo:
convida / escreve / sorri
Palavras primitivas e derivadas
O conceito de palavras primitivas e derivadas é bastan-
te complexo e maleável, dependendo de uma observa-
ção cuidadosa de determinadas palavras.
No geral,palavras primitivas são aquelas que não de-
rivam de outras;já as palavras derivadas,originam-se
de palavras primitivas. Em geral, são consideradas pala-
vras primitivas substantivos que designam objetos, es-
paços,materiais ou circunstâncias (Exemplos:flor,pedra,
banana, avião, tempo, ano, dia, mar, ferro, chuva, entre
FORMAÇÃO DE
PALAVRAS
COMPETÊNCIA(s)
1 e 8
HABILIDADE(s)
1, 2, 3, 4, 26 e 27
LC AULAS
1 E 2
8
VOLUME
1

LINGUAGENS,
CÓDIGOS
e
suas
tecnologias
outras palavras). São dessas palavras anteriormente
citadas que surgem as palavras derivadas (Exemplos:
florista, pedreiro, bananeiro, temporal, diário, marítimo,
chuvoso, entre outras).
Também temos tempos verbais primitivos. Em geral,
são verbos no infinitivo onde não seja possível pres-
supor a existência de um substantivo que se refira a
algum objeto (Exemplo: falar, dançar, cair, correr, seriam
verbos primitivos.Já um verbo como“ancorar”nos per-
mite recuperar um substantivo primitivo que designa
um objeto:“âncora”).
§ Vogal e consoante de ligação
As vogais e consoantes de ligação são elementos que
unem determinados radicais a certos sufixos que facilitam
ou, ainda, possibilitam a leitura de uma palavra. Não são
considerados morfemas, uma vez que não possuem se-
mântica / sentido.
Exemplo 1:
trico – t – ar (a letra“t”é a consoante que liga
o radical“tricô”ao sufixo formador de verbos no
infinitivo “-ar”.
Exemplo 2:
gas – ô – metro (a letra“o”é a vogal que liga o
radical“gás”ao sufixo formador de substantivos
“-metro”.
1.2. Processos de formação
Basicamente,aspalavrasdalínguaportuguesasãofor­madas
pelos processos de derivação e composição. Além des-
ses,também temos outros processos que contribuem para a
criaçãodenovaspalavras,comoaonomatopeia,oneolo­
gismo e o hibridismo.
1.2.1. Formação por derivação
Em geral, no processo de formação por derivação, a pala-
vra primiti­
va (primeiro radical) sofre acréscimo de afixos.
Há também outros processos que não envolvem encaixe
de prefixo ou sufixo.Vejamos:
§ Derivação prefixal: acréscimo de prefixo à palavra
primitiva.
Exemplo:
in-capaz.
§ Derivação sufixal: acréscimo de sufixo à palavra
primitiva.
Exemplo:
papel-aria.
§ Derivação prefixal + sufixal: acrescenta-se um prefi-
xo e um sufixo a um mesmo radical de modo sequencial,
ou seja,os afixos não são encaixados ao mesmo tempo.
Percebe-se facilmente, ao remover um dos afixos, a pre-
sença de uma palavra com sentido completo.
Exemplo:
in-feliz-mente.
§ Derivaçãoparassintética:acréscimosimultâneodeum
prefixo e de um sufixo a um mesmo radical ou à palavra
primitiva.Emgeral,asformaçõesparassintéticasoriginam-
-se de substantivos ou adjetivos para formarem verbos.
Exemplo:
en-triste-cer.
§ Derivação regressiva: ocorre redução da palavra pri-
mitiva. Nesse processo, formam-se substantivos abstra-
tos por derivação regressiva de formas verbais.
Exemplo:
ajudar >>> (a) ajuda.
§ Derivação imprópria: ocorre a alteração da classe
gramatical da palavra primitiva.
Exemplo:
olhar (verbo) >>> (o) olhar (substantivo).
1.2.2. Formação por composição
Nos processos de formação de palavras por composição,
ocorre a junção de dois ou mais radicais. Palavras com
significados distintos formam uma nova palavra com um
novo significado.
São dois os processos de formação por composição:
§ Composição por justaposição: quando não ocorre
a alteração fonética das palavras. A justaposição tam-
bém pode ocorrer por hifenização.
Exemplos:
girassol(gira+sol);guarda-chuva(guarda+chuva).
§ Composição por aglutinação: quando ocorre alte-
ração fonética, em decorrência da perda de elementos
das palavras.
9
VOLUME
1

LINGUAGENS,
CÓDIGOS
e
suas
tecnologias
Exemplos:
aguardente (água + ardente);embora (em + boa
+ hora).
1.3. Outros processos
1.3.1. Hibridismo
No processo de formação por hibridismo, as palavras
compostas ou derivadas são constituídas por elementos
originários de línguas diferentes:
§ grego + latim: automóvel e monóculo
§ latim + grego: sociologia, bicicleta
§ árabe + grego: alcaloide, alcoômetro
§ tupi + grego: caiporismo
§ africano + latim: bananal
§ africano + grego: sambódromo
§ francês + grego: burocracia
1.3.2. Neologismo
Neologismo é o nome dado ao processo de criação de
novas palavras. São três tipos: Semântico (a palavra já
existe no dicionário,mas adquire um novo significado);Le-
xical (criação de uma palavra nova, sem necessariamente
seguir regras formais); Sintático (construção sintática que
passa a ter um significado específico).
Exemplos:
Originalmente, a palavra bonde significava certo
veículo utilizado como meio de transporte. Hoje,
na variedade linguística utilizada por falantes inse-
ridos no estilo do funk carioca, foi dado um novo
significado para a palavra bonde:turma,galera.
É comum formar verbos a partir de palavras do
meio da informática, como googlar (procurar
no Google), twittar (escrever no Twitter) ou
resetar (de reset).
Neste poema, o autor joga com os diferentes sentidos
produzidos por morfemas iguais ou semelhantes.
Diversonagens suspersas (Paulo Leminski)
Meu verso, temo, vem do berço.
Não versejo porque eu quero,
versejo quando converso
e converso por conversar.
Pra que sirvo senão pra isto,
pra ser vinte e pra ser visto,
pra ser versa e pra ser vice,
pra ser a super-superfície
onde o verbo vem ser mais?
Não sirvo pra observar.
Verso, persevero e conservo
um susto de quem se perde
no exato lugar onde está.
Onde estará meu verso?
Em algum lugar de um lugar,
onde o avesso do inverso
começa a ver e ficar.
Por mais prosas que eu perverta,
não permita Deus que eu perca
meu jeito de versejar.
(Paulo Leminski, in:Toda Poesia)
multimídia: poema • poesia
10
VOLUME
1

LINGUAGENS,
CÓDIGOS
e
suas
tecnologias
VIVENCIANDO
A tabela abaixo traz significados de prefixos e radicais, alguns frequentemente usados no dia a dia.
Prefixos latinos Significados Exemplos
a–, ab–, abs– afastamento, separação abstenção, abdicar
a–, ad–, ar–, as– aproximação, direção adjunto, advogado, arribar, assentir
ambi– ambiguidade, duplicidade ambivalente, ambíguo
ante– anterioridade anteontem, antepassado
aquém– do lado de cá aquém-mar
bene–, bem– excelência, bem beneficente, benfeitor
bis–, bi– dois, duas vezes, repetição bípede, binário, bienal
com– (con–), co– (cor–) companhia, contiguidade compor, conter, cooperar
contra– oposição controvérsia, contraveneno
cis– posição, aquém de cisandino, cisalpino
de–, des–
separação,privação,negação,movimento
decimaparabaixo
deportar, demente, descrer, decair, decrescer, demolir
dis– separação, negação dissidência, disforme
e– ,en– ,em– introdução, superposição engarrafar, empilhar
e–, es–, ex– movimento para fora, privação emergir, expelir, escorrer, extrair, exportar, esvaziar, esconder, explodir
extra– posição exterior, excesso extraconjugal, extravagância
intra–, posição interior intrapulmonar, intravenoso
i–, im–, in– negação, mudança ilegal, imberbe, incinerar
infra– abaixo, na parte inferior infravermelho, infraestrutura
justa– posição ao lado justalinear, justapor
o–, ob– posição em frente, oposição obstáculo, obsceno, opor, ocorrer
per– movimento através de perpassar, pernoite
pos– ação posterior, em seguida pós-datar, póstumo
pre– anterioridade, superioridade pré-natal, predomínio
pro– antes, em frente, intensidade projetar, progresso, prolongar
preter–, pro– além de, mais para frente prosseguir
re– repetição, para trás recomeço, regredir
retro– movimento mais para trás retrospectivo
Radicais latinos Significados Exemplos
aristo– melhor, nobre aristocracia
arqueo– antigo arqueologia, arqueólogo
anthos– flor antologia, crisântemo, perianto
atmo– ar atmosfera
auto– mesmo, próprio autoajuda, autômato
baro– peso, pressão barômetro, barítono
biblio– livro bibliófilo, biblioteca
11
VOLUME
1

LINGUAGENS,
CÓDIGOS
e
suas
tecnologias
VIVENCIANDO
Radicais latinos Significados Exemplos
bio– vida biologia, anfíbio
caco– mau cacofonia, cacoete
cali– belo caligrafia, calígrafo
carpo– fruto pericarpo
céfalo– cabeça cefalópodes, cefaleia, acéfalo
cito– célula citoplasma, citologia
copro– fezes coprologia, coprófagas
cosmo– mundo microcosmo, cosmonauta
crono– tempo cronômetro, diacrônico
dico– em duas partes dicotomia, dicogamia
eno– vinho enologia, enólogo
entero– intestino enterite, disenteria
etno– povo étnico, etnia, etnografia
filo–, filia– amigo, amizade filósofo, filantropia
fono– som, voz fonética, disfônica
gastro– estômago gastrite, gastronomia
hemo– sangue hemorragia, hemodiálise
hidro– água hidravião, hidratação
higro– úmido higrófito, higrômetro
hipo– cavalo hipódromo, hipopótamo
–ambulo que anda noctâmbulo, sonâmbulo
–cida que mata fraticida, inseticida
–cola que habita arborícola, silvícola
–cultura que cultiva triticultura, vinicultura
–evo idade longeva, longevidade
–fero que contém ou produz mamífero, aurífero
–fico que faz ou produz benéfico, maléfico
–forme que tem a forma cordiforme, uniforme
–fugo que foge vermífugo, centrífugo
–grado grau, passo centígrado
–luquo que fala ventríloquo
–paro que produz ovíparo
–pede pé velocípede, bípede
–sono que soa uníssono
–vago que vaga noctívago
–voro que come carnívoro, herbívoro, onívoro
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LINGUAGENS,
CÓDIGOS
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suas
tecnologias
VIVENCIANDO
Prefixos gregos Significados Exemplos
acro– alto acrobata, acrópole
aero– ar aerodinâmica
agro– campo agrônomo, agricultura
antropo– homem antropofagia, filantropo
homo– igual homônimo, homógrafo
idio– próprio idioma, idioblasto
macro–, megalo– grande, longo macronúcleo, megalópole
metra– mãe, útero endométrio, metrópole
meso– meio mesóclise, mesoderma
micro– pequeno micróbio, microscópio
mono– um monarquia, monarca
necro– morto necrópole, necrofilia, necropsia
nefro– rim nefrite, nefrologia
odonto– dente odontalgia, odontologia
oftalmo– olho oftalmologia, oftalmoscópio
onto– ser, indivíduo ontologia
orto– correto ortópteros, ortodoxo, ortodontia
pneumo– pulmão pneumonia, dispneia
Radicais gregos Significados Exemplos
–agogo o que conduz demagogo, pedagogo
–alg, –algia sofrimento, dor analgésico, cefalalgia, lombalgia
–arca o que comanda monarca, heresiarca
–arquia comando, governo anarquia, autarquia, monarquia
–cracia autoridade, poder aristocracia, plutocracia, gerontocracia
–doxo que opina paradoxo, heterodoxo
–dromo corrida, pista hipódromo
–fagia ato de comer antropofagia, necrofagia
–fago que come antropófago, necrófago
–filo, –filia amigo, amizade bibliófilo, xenófilo, lusofilia
–fobia inimizade, ódio, temor xenofobia
–fobo aquele que odeia xenófobo, hidrófobo
–gamia casamento monogamia, poligamia
–gene que gera, origem heterogêneo, alienígena
–gênese geração esquizogênese, metagênese
–gine mulher andrógino, ginecóforo
–grafia descrição, escrita caligrafia, geografia
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VIVENCIANDO
Radicais gregos Significados Exemplos
–gono ângulo pentágono, eneágono
–latria que cultiva idolatria
–log, –logia que trata, estudo psicólogo, andrologia
–mancia adivinhação cartomante, quiromancia
–mani loucura, tendência megalomaníaco
–mania loucura, tendência cleptomania
–metro que mede barômetro, termômetro
–morfo forma, que tem a forma amorfa, zoomórfico
–onimo nome sinônimo, topônimo
–polis, –pole cidade metrópole
–potamo rio mesopotâmia, hipopótamo
–ptero asa helicóptero
–scopia o que faz ver endoscopia, telescópio
–sofia sabedoria, saber filosofia, teosofia
–soma corpo cromossomo
–stico verso monóstico, dístico
–teca lugar, coleção biblioteca, hemeroteca
–terapia cura, tratamento hidroterapia
–tomia corte, divisão vasectomia, anatomia
–topo lugar topografia, topônimo
–tono tom barítono, monótono
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DIAGRAMA DE IDEIAS
GRAMÁTICA
NORMATIVA
MORFOLOGIA
FORMAÇÃO DE
PALAVRAS
COMPOSIÇÃO
ARTIGO
SUBSTANTIVO
ADJETIVO
VERBO
ADVÉRBIO
PRONOME
NUMERAL
PREPOSIÇÃO
CONJUNÇÃO
INTERJEIÇÃO
DERIVAÇÃO
• SUFIXAL
• PREFIXAL
• IMPRÓPRIA
• REGRESSIVA
• PARASSINTÉTICA
FORMAÇÃO DE PALAVRASA
PARTIR DE UM ÚNICO RADICAL
FORMAÇÃO DE PALAVRAS
COM MAIS DE UM RADICAL
CLASSES DE
PALAVRAS
ESTUDO DOS PROCESSOS DE
FORMAÇÃO DE PALAVRAS
• JUSTAPOSIÇÃO
• AGLUTINAÇÃO
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1. Artigo
Artigo é a palavra que se antepõe a um substantivo (é um
marcador pré-nominal),com a função inicial de determiná-
-lo ou indeterminá-lo. Subdivide-se em dois grupos: defini-
dos e indefinidos.
§ Artigos definidos: determinam o substantivo de ma-
neira precisa. São eles: o(s), a(s).
Exemplo:
Preciso que você me traga a cadeira branca. (O
artigo definido marca a necessidade de se pegar
uma cadeira determinada.)
§ Artigos indefinidos: dão ao substantivo um caráter
vago / impreciso. São eles: um(uns), uma(s).
Exemplo:
Preciso que você me traga uma cadeira branca.(O
artigo indefinido marca a possibilidade de se pegar
uma cadeira qualquer,indeterminada.)
1.1. Artigo combinado com preposições
A contração de artigos com preposições é um movimento
essencial para a demarcação de sentido em construções
textuais. Muitas vezes, fazer ou não fazer a contração do
artigo com a preposição pode alterar significativamente o
entendimento que se tem de um texto. Esses eventos tex-
tuais serão discutidos no próximo tópico (o artigo aplicado
ao texto). Ficaremos aqui com as possibilidades de contra-
ção do artigo com a preposição.
Preposições
Artigos
o, os a, as *
um,
uns
uma, umas
a ao, aos à, às * — —
de do, dos da, das
dum,
duns
duma, dumas
em no, nos na, nas
num,
nuns
numa,numas
por pelo,
pelos
pela, pelas — —
* A junção de “a” (preposição) + “a” (artigo) é o que dá origem
ao fenômeno da crase, que será discutido em momento oportuno.
1.2. Artigo aplicado ao texto
O artigo talvez seja uma das classes gramaticais mais su-
bestimadas da língua portuguesa, e isso ocorre, principal-
mente, pelo fato de, em âmbito escolar, ser apresentado
apenas em suas características estruturais mais básicas,
sem o devido aprofundamento semântico ou textual que
os vestibulares costumam abordar. Por esse motivo, apre-
sentaremos a seguir as aplicações textuais do artigo.
1.2.1. Artigo como marcador de quantidade
A presença ou ausência do artigo pode servir como quan-
tificador de elementos.
Exemplos:
Casa de câmbio da Rua do Ouvidor foi assalta-
da. (A ausência de artigo indica que há mais de
uma casa de câmbio na rua).
A casa de câmbio da Rua do Ouvidor foi assal-
tada.(A presença de artigo indica que há apenas
uma casa de câmbio na rua).
1.2.2. Artigo como marcador
de convívio/intimidade
A presença ou ausência do artigo pode servir como algo
que marca certos afetos em relação aos indivíduos.
Exemplos:
A gerência será assumida por Gerson Soares,
do almoxarifado. (A ausência de artigo indica
distanciamento de Gerson, marcando o fato de
que, possivelmente, nem todos o conheçam.)
A gerência será assumida pelo Gerson Soares, do
almoxarifado.(Apresençadeartigoindicaintimida-
de com Gerson, podendo demarcar a ideia de que
muitas pessoas da empresa conhecem o Gerson.)
ARTIGOS,
SUBSTANTIVOS
E ADJETIVOS
COMPETÊNCIA(s)
1 e 8
HABILIDADE(s)
1, 2, 3, 4, 26 e 27
LC AULAS
3 E 4
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1.2.3. Artigo marcando conhecimento
ou desconhecimento de substantivos
Os artigos definido e indefinido podem marcar o conheci-
mento ou o desconhecimento de certos assuntos conduzi-
dos por substantivos.
Exemplos:
Foi localizado, ontem, o jovem serial-killer que
havia fugido da cadeia. (O artigo definido nos
transmite a ideia de que a notícia da fuga do jo-
vem era de conhecimento dos leitores, ou seja, o
substantivo era conhecido.)
Foi localizado, ontem, um jovem serial-killer que
havia fugido da cadeia. (O artigo indefinido nos
transmite a ideia de que a fuga do jovem era no-
vidade para os leitores,ou seja,o substantivo era
desconhecido.)
1.2.4.Artigocomoparticularizadorougeneralizador
Exemplos:
Garfield é um gato. (O artigo indefinido marca a
ideiadequeGarfieldémaisumentreosváriosga-
tos no mundo,ou seja,generaliza o substantivo.)
Garfield é o gato.(O artigo definido marca a ideia
de que Garfield é um gato especial em relação a
outros gatos, ou seja, particulariza e destaca o
substantivo.)
1.2.5.Artigocomomarcadordecoerênciatextual
Para marcarmos coerência textual, muitas vezes nos vale-
mos das capacidades de determinação e indeterminação
dos artigos.
Exemplos:
Uma feira de livros usados terá início nesse fim
de semana, em Sorocaba. A feira contará com a
participação de sebos e livrarias da região...
No exemplo apresentado, constatamos que, quando pre­
cisamos introduzir uma informação que nosso interlocu-
tor desconhece, utilizamos primeiro um artigo indefinido
e, depois de apresentado o substantivo, (no caso, “feira”)
começamos a demarcá-lo a partir do artigo definido. Há
também outra possibilidade de organização:
Exemplos:
— Então, como é o sítio?
— Bem, é um sítio antigo, retiramos a água do
poço, mas é bastante tranquilo...
Nesse segundo exemplo, a coerência textual é definida
quando é apresentado um substantivo definido que nosso
interlocutor conhece. Para satisfazer a demanda de expli-
cação,o interlocutor abre sua explicação marcando o subs-
tantivo com artigo indefinido.
Fonte:Youtube
A canção,em seu refrão,recorre às propriedades semân-
ticas do emprego dos artigos: “Ele é o homem /Eu sou
apenas uma mulher”.
Esse cara (Caetano Veloso)
Ah! Que esse cara tem me consumido
A mim e a tudo que eu quis
Com seus olhinhos infantis
Como os olhos de um bandido
Ele está na minha vida porque quer
Eu estou pra o que der e vier
Ele chega ao anoitecer
Quando vem a madrugada ele some
Ele é quem quer
Ele é o homem
Eu sou apenas uma mulher
multimídia: letra e música
2. Substantivo
Classe de palavras variável que dá nome a seres reais ou
imaginários (pessoas, animais ou objetos), lugares, quali-
dades, ações ou sentimentos. Em suma, que pode ter exis-
tência concreta ou abstrata.
É importante, pensando em provas de vestibular, que
consigamos entender que os conhecimentos a respeito
de elementos mais básicos de classificação de substanti-
vos (ligados à morfologia) não são efetivamente exi-
gidos em provas de vestibulares.Hoje em dia,as pro-
vas esperam que os alunos saibam localizar substantivos
com precisão, a fim de que sejam capazes de resolver
exercícios de compreensão textual (por exemplo, enten-
der as funções textuais de um substantivo) ou mesmo de
sintaxe. Em suma, dividiremos o conteúdo a seguir en-
tre os conteúdos de baixa incidência em provas de
vestibular e os conteúdos de maior incidência em
provas de vestibular.Vejamos então:
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LINGUAGENS,
CÓDIGOS
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I. Conteúdos de baixa incidência em provas de
vestibular.
2.1. Classificação de substantivos
§ Próprio: nomeia determinados indivíduos de uma es-
pécie (designação específica), como um homem, um
país ou uma cidade específicos.
Exemplos:
Paulo;Pedro;Roma;Folha de S.Paulo.
§ Comum: nomeia,sem distinção,todos os seres de uma
espécie (designação genérica).
Exemplos:
cadeira; porta; sala; cidade; homem.
§ Concreto: nomeia os seres de existência concreta,
real, palpável “a pedra” ou “a porta”, por exemplo e
também seres dos quais já se constituiu uma imagem
histórica “a bruxa” ou “a fada”, por exemplo.
§ Abstrato: nomeia elementos não palpáveis, como sen-
timentos,sensações,qualidades,estados,noções e ações.
Exemplos:
maldade; compaixão; beijo; largura.
2.2. Flexão dos substantivos
2.2.1. Número
Os substantivos podem se flexionar em número, indi-
cando quantidades de certos termos/elementos. Existe, a
princípio, uma regra geral, e também algumas variantes
que são apresentadas a seguir:
§ Regra geral: o plural dos substantivos terminados em
vogal ou ditongo exige o acréscimo do sufixo marcador
de plural “–s”.
Exemplos:
cadeira – cadeiras;mãe – mães;
perna – pernas.
Substantivos terminados em ”–ão”
§ Fazem o plural em “–ãos”.
Exemplos:
cidadão–cidadãos;irmão–irmãos;órgão–órgãos.
§ Fazem o plural em “–ães”.
Exemplos:
escrivão – escrivães; cão – cães;
alemão – alemães.
§ Fazem o plural em “–ões”.
Exemplos:
canção – canções; gavião – gaviões; botão –
botões.
Fonte:Youtube
A canção é composta por substantivos de diferentes
naturezas.
Nome das coisas (Karnak)
Nomes se dão às coisas / Nomes se dão
Nomes se dão às pessoas / Nomes se dão
Nomes se dão aos deuses / na imensidão do céu
Nomessedãoaosbarquinhos/naimensidãodomar
Nomes se dão às doenças / na imensidão da dor
Nomes se dão às crianças / na imensidão do amor
You and me
Salame / Batata / Barata / Bigorna / Casa / Comida / Bicho
/ Paçoca /Tampinha de caneta / Bolinha de sabão / Rabo de
galo /Circo / Pão / Conchinha de galinha / Coxinha do mar /
Linha / Palito / Terra / Água / Ar / Seriema / Tatu / Mertiolate /
Saci / Rocambole de laranja / Revista / Gibi / Pipoca / Margari-
na / Lentilha / Leitão / Carrinho de feira /Terremoto / Furacão
/ Centopeia / Isqueiro / Cefaleia / Blefarite / Cimento / Colar
/ Rissole / Rinite / Armário / Geladeira / Furadeira / Cobertor
/ Ladeira / Pedreira / Fogueira / Extintor / Jetom / Bazuca /
Suporte / Argamassa / Fio de nylon / Lamparina / Chocolate /
Queratina / Juliana / Cadarço / Picareta / Beija-flor / Convida-
dos / Esfiha / Chupeta / Fruta-cor /Trompete / Arame / Hepa-
tite / Fac-símile / Chocalho / Geleia / Biga / Mocreia / Apolo /
Nostradamus / Filarmônica / Marisa / Biriba / Pelé / Afrodite /
José / Filho /Veleiro /Alá / Deus / Salomão / Peixe / Pão
multimídia: letra e música
Substantivos terminados em consoantes
§ “r“,“z“ e “n“ fazem o plural em “–es“.
Exemplos:
mar – mares; rapaz – rapazes.
§ Substantivos oxítonos terminados em “–s“ e “–z“ fa-
zem o plural em “–es“.
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Exemplos:
país – países; raiz – raízes.
§ Substantivos paroxítonos terminados em “–s“ são
invariáveis.
Exemplos:
atlas – atlas; lápis – lápis.
§ Substantivos terminados em “–al“, “–el“, “–ol“ e
“–ul“ substituem no plural o “–l“ por “–is“.
Exemplo:
animal – animais.
§ Substantivos oxítonos terminados em “–il“ fazem o
plural em “–s“.
Exemplos:
ardil – ardis; funil – funis.
§ Substantivos paroxítonos terminados em“–il“ fazem o
plural em “–eis“.
Exemplos:
fóssil – fósseis.
2.2.2. Gênero
Há dois gêneros na língua portuguesa: o masculino e o
feminino. Também existe uma regra geral e algumas va-
riantes a serem observadas:
§ Regra geral: são masculinos os substantivos que po-
dem ser precedidos pelo artigo“–o”e femininos os que
podem ser precedidos pelo artigo“–a”.
Exemplos:
o poema; o pão (masculinos); a mão; a fruta
(femininos).
Substantivos biformes
Possuem duas formas diferentes para designação de gê-
nero e geralmente são formados pela substituição da desi-
nência “–o” pela desinência “-a”.
Exemplos:
menino – menina; garoto – garota.
Há também substantivos biformes formados por radicais
diferentes.
Exemplos:
homem – mulher;cavalheiro – dama.
Substantivos uniformes
São aqueles que apresentam uma única forma para mar-
cação de gênero:
§ Epicenos: usados para nomes de animais de um só
gênero que designam ambos os sexos.
Exemplos:
a águia;a mosca;o condor; o gavião.
§ Comuns de dois: a marcação de gênero é feita ex-
clusivamente pelos artigos. O substantivo se mantém.
Exemplos:
o agente – a agente; o gerente – a gerente.
§ Sobrecomuns: apresentam um só termo para os gê-
neros masculino e feminino.
Exemplos:
a criança; a testemunha; o cônjuge.
Observação
Caso haja necessidade de especificar o sexo do ani-
mal, juntam-se aos substantivos os adjetivos macho
ou fêmea:
Exemplos:
gavião macho – gavião fêmea; tatu
macho – tatu fêmea.
2.2.3. Grau
Os substantivos se flexionam em grau,que marca aumento
ou diminuição:
§ Grau normal: homem; boca.
§ Grau aumentativo: homenzarrão; bocarra.
§ Grau diminutivo: homenzinho; boquinha.
§ Grau diminutivo / aumentativo sintético (subs-
tantivo acrescido de um sufixo que indica aumento ou
diminuição): chapeuzinho, chapelão; homúnculo, ho-
menzarrão; boquinha, bocarra.
§ Grau diminutivo / aumentativo analítico (subs-
tantivo acompanhado de um adjetivo que indica au-
mento ou diminuição): boca grande; homem pequeno.
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LINGUAGENS,
CÓDIGOS
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II. Conteúdos de maior incidência em provas de
vestibular
a) Lembrar que o substantivo é chamado também de
“nome”
Nos estudos gramaticais, em geral, alguns elementos que
não fazem parte da categoria “verbos” são denominados
como elementos nominais. No entanto, vale ressaltar
que o elemento nominal “por excelência” é o substanti-
vo, pois ele é o elemento “nomeador” da língua. Embora
seja uma informação simples (lembrar que o substantivo é
chamado de“nome”),tal informação será essencial para a
melhor organização dos estudos em sintaxe. Por exemplo,
a categoria conhecida como adjunto adnominal é com-
posta por itens que “acompanham”, que “estão juntos”,
que “estão ao lado” de um elemento nominal (em ter-
mos mais práticos,um“adjunto adnominal”é um item que
fica “junto” do “nome”, ou “junto” do “substantivo”).
Ter essa noção, ajuda a diluir a confusão que comumente
ocorre quando precisamos, mais adiante, nomear determi-
nadas categorias sintáticas.
b) Saber que o substantivo é precedido de artigo (e que
pode vir também precedido ou acompanhado de outras
categorias gramaticais)
O método mais prático para confirmarmos se uma palavra
é, ou não, um substantivo consiste em inserirmos diante
dela um artigo (o,a,um,uma ou as formas plurais desses
itens). Por exemplo, desejo saber se “floresta” é um subs-
tantivo. Pronuncio, então: “a floresta”. Funcionando, te-
nho a confirmação de que “floresta” é um substantivo.
Tal procedimento não funcionaria, por exemplo, diante de
um “verbo” (por exemplo, a construção “a dormir”, não
existe em português).
Outro ponto relevante é que, embora seja comum utilizar-
mos artigos com elementos que precedem substantivos,
tambémpodemosteroutrascategoriasque“acompanham”
substantivos, como pronomes (“essa floresta”), numerais
(“duas florestas”) e adjetivos (“florestas imensas”).
c) Saber que o substantivo será o núcleo diversas funções
sintáticas que serão estudadas em tópicos futuros
Muitas vezes saímos da escola “abarrotados” de nomen-
claturas sintáticas na cabeça, que muitas vezes temos di-
ficuldade em organizar e dominar.Algo que ajudará nes-
se processo é entender que, uma vez que você se torne
um bom “localizador” de substantivos, você está a meio
caminho de se tornar um bom “localizador” de determi-
nadas categorias sintáticas. Isso porque o substantivo é
núcleo (parte essencial de uma categoria sintática, que
comporta maior carga de sentido) de categorias que es-
tudaremos mais adiante como sujeito, objeto direto,
objeto indireto, complemento nominal, entre ou-
tras.Vejamos alguns exemplos:
Exemplos:
O agricultor cuida do solo
Substantivo é núcleo do sujeito
O agricultor cuida do solo
Substantivo também é núcleo do objeto indireto
d) O substantivo possui funções de organização textual
A construção de um texto depende essencialmente dos
substantivos, pois é deles que parte o processo de refe-
rencialidade.
Entende-se por referencialidade a capacidade que os subs-
tantivos têm de apontar para os elementos do mundo que
compõem sentido, e também de fazer com que esses sen-
tidos sejam construídos à medida que novos substantivos
apareçam no texto.O movimento de referencialidade parte
de três pressupostos importantes:
§ Introdução/construção: apresenta um ou mais
substantivos no texto que servirão não apenas de intro-
dução, mas também como elementos que constituem /
fundamentam uma ideia. É a partir desse(s) substanti-
vo(s) que o texto e seu sentido são construídos.
§ Retomada/manutenção: usam-se outros substan¬-
tivos muito similares ao(s) primeiro(s) apresentados no
início do texto, que permitirão reto¬mar a ideia inicial-
mente apresentada (o que contribui para a manuten-
ção de sentido).
§ Desfocalização: é o momento do texto em que en-
tram em cena novos substantivos que tomam o foco
para si e ampliam os sentidos do texto.
3. Adjetivo
Classe de palavras variável que acompanha e modifica o
substantivo, podendo caracterizá-lo ou qualificá-lo.
Assim como alertamos mais acima, pensando em pro-
vas de vestibular, é importante que consigamos enten-
der que os conhecimentos a respeito de elementos mais
básicos de classificação de adjetivos (ligados à morfolo-
gia) não são efetivamente exigidos em provas de
vestibulares. Hoje em dia, as provas esperam que os
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LINGUAGENS,
CÓDIGOS
e
suas
tecnologias
alunos saibam localizar adjetivos e locuções adjetivas
com precisão, a fim de que sejam capazes de resolver
exercícios de compreensão textual (por exemplo, en-
tender as funções textuais de um adjetivo) ou mesmo
de sintaxe. Desse modo, aqui no tópico de “Adjetivos”,
também dividiremos o conteúdo a seguir entre os con-
teúdos de baixa incidência em provas de vestibu-
lar e os conteúdos de maior incidência em provas
de vestibular.Vejamos então:
I.Conteúdos de baixa incidência em provas de ves-
tibular.
3.1. Nomes substantivos
e nomes adjetivos
No contexto de uma frase, é possível identificar palavras de
outras classes, entre elas os adjetivos, que se transformam
emnomes(substantivos)desdequeprecedidasdeumartigo.
Exemplos:
ojovemdesempregado;umdesempregadojovem.
§ Adjetivos Pátrios e Gentílicos
Derivados de substantivos, os adjetivos que in-
dicam a nacionalidade de pessoas e coisas são
chamados pátrios.Exemplos: brasileiro;mineiro;
paranaense; paulista; português.
Os que indicam etnias e povos são os adjetivos
gentílicos. Exemplos: israelita; semita; europeu;
africano; curdo.
§ Adjetivos pátrios e gentílicos compostos
Exemplos:
luso-brasileiro; euro-asiático; teuto-brasileiro; afro-
-americano; franco-suíço; hispano-americano; aus-
tro-húngaro;indo-europeu,anglo-americano.
3.1.1. Flexão do adjetivo
§ Número: o adjetivo toma a forma singular ou plural
do substantivo que ele determina.
Exemplos:
aluno estudioso – alunos estudiosos; aluna apli-
cada – alunas aplicadas; perfume francês – per-
fumes franceses.
§ Plural dos adjetivos compostos: apenas o último
elemento vai para o plural.
Exemplos:
clínicasmédico-dentárias;institutosítalo-brasileiros.
Memórias Póstumas de Brás
Cubas (Machado de Assis)
No primeiro capítulo, o autor trabalha com os sentidos
das palavras “autor” e “defunto” em diferentes classes
gramaticais.
Capítulo I - ÓBITO DO AUTOR
[...] Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento,
duas considerações me levaram a adotar diferente mé-
todo: a primeira é que eu não sou propriamente um au-
tor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa
foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim
mais galante e mais novo. [...]
multimídia: livro
3.1.2. Grau dos adjetivos
§ Comparativo: indica determinada qualidade em grau
igual, superior ou inferior a outra (Comparativo de
Igualdade, de Superioridade e de Inferioridade).
Exemplos:
Pedroétãoestudiosocomo(ouquanto)Rodrigo.
Pedro é mais estudioso do que Rodrigo.
Pedro é menos estudioso do que Rodrigo.
§ Superlativo: expressa determinada qualidade em grau
elevado.Pode ser SuperlativoAbsoluto ou Relativo.
O Superlativo Absoluto se apresenta como Sinté-
tico (com o acréscimo de sufixos) e Analítico (com o
auxílio de advérbios que dão ideia de intensidade).
Exemplos:
Pedro é inteligentíssimo. (Superlativo Absolu-
to Sintético).
Rodrigo é muito inteligente. (Superlativo Ab-
solutoAnalítico).
O Superlativo Relativo indica qualidade em
grau mais ou menos elevado em comparação à
totalidade dos seres. Pode ser: Relativo de Su-
perioridade e de Inferioridade.
21
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LINGUAGENS,
CÓDIGOS
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Exemplos:
João é o aluno mais estudioso da classe. (Superlativo Relativo de Superioridade).
João é o aluno menos estudioso da classe.(Superlativo Relativo de Inferioridade).
Observação 1
Há uma exceção: surdo-mudo / surdos-mudos.
Observação 2
São invariáveis os adjetivos referentes a cores se o último elemento ou ambos forem substantivos: blusas vermelho-sangue;
vestidos cor de rosa; blusas verde-limão.
II. Conteúdos de maior incidência em provas de vestibular
a) Lembrar que a posição de um adjetivo em relação a um substantivo “pode” modificar as relações de sentido.
Exemplos
Ele é um atleta pobre (sem recursos financeiros / sem dinheiro)
Ele é um pobre atleta (um atleta medíocre / sem grandes habilidades)
Embora a posição mais tradicional de inserção do adjetivo seja posterior ao substantivo, a gramática normativa autoriza
a inversão de posições; desde que, é claro, estejamos atentos sobre possíveis mudanças de sentido. Nos exemplos apresen-
tados acima, a mudança de posição entre as palavras “atleta” e “pobre” criou nuances variadas de sentido. É importante
ressaltar que isso não ocorrerá sempre.Por exemplo, dizer que“o Brasil precisa de um jornalismo novo” e dizer que“o
Brasil precisa de um novo jornalismo” (em que modificamos as posições do adjetivo “novo” em relação ao substantivo
“jornalismo”) não muda efetivamente nada do ponto de vista do sentido.
b) O adjetivo possui funções de organização textual
Os adjetivos exercem o importante papel de auxiliar nos processos descritivos de um texto.Em termos mais claros,os adjeti-
vos são responsáveis por compor sentenças que, por exemplo, caracterizem os personagens de uma narrativa (suas roupas,
atitudes, etc.) ou que apresentem detalhes a respeito de uma localização (detalhes de uma cidade, ou ambiente florestal),
entre outras caracterizações. Em textos literários brasileiros do período romântico, por exemplo, havia a necessidade de se
evidenciar características que valorizassem a nação. Por esse motivo, encontramos obras em que há grandes processos de
adjetivação caracterizando o ambiente brasileiro (o livro Iracema, de José deAlencar, é um grande exemplo).
c)A locução adjetiva
Alocução adjetivaéumacategoriamorfológicaem que utilizamosduasestruturas(emgeral,umapreposição +umsubstan-
tivo) que,no final,funcionam como um único adjetivo (caracterizando um substantivo).Um detalhe importante é que a es-
truturaquefunciona locução adjetivanospermite,emalgunscasos,“enxergar”umadjetivoportrásdela.Vejamosexemplos:
Exemplos
Preciso imprimir a fatura do mês
substantivo locução adjetiva (equivale ao adjetivo “mensal”)
Eu levantei uma parede de concreto
substantivo locução adjetiva (não há adjetivo equivalente)
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LINGUAGENS,
CÓDIGOS
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DIAGRAMA DE IDEIAS
ESTUDO DOS PROCESSOS DE
FORMAÇÃO DE PALAVRAS
SUBSTANTIVO ADJETIVO
CLASSE DAS
PALAVRAS
ARTIGO PALAVRAVARIÁVEL QUE
DÁ NOMEA SERES REAIS,
IMAGINÁRIOS OU IDEIAS
PALAVRAVARIÁVEL
QUE SEANTEPÕE
AO SUBSTANTIVO,
DETERMINANDO-O
PALAVRAVARIÁVEL
QUE ESPECIFICA
O SUBSTANTIVO,
CARACTERIZANDO-O
MORFOLOGIA
GRAMÁTICA
NORMATIVA
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VOLUME
1

LINGUAGENS,
CÓDIGOS
e
suas
tecnologias
1. Verbo
Verbo é a classe de palavras que, do ponto de vista se-
mântico e morfológico, contém as noções de ação, proces-
so,estado,mudança de estado e manifestação de fenôme-
nos da natureza. É variável e suas flexões marcam:
§ pessoa: indica o emissor, o destinatário ou o ser do
qual se fala. Os pronomes pessoais do caso reto in-
dicam as pessoas do verbo – eu, tu, ele(a), nós, vós,
eles(as);
§ número: indica se o sujeito gramatical está no singu-
lar ou no plural;
§ tempo: localiza a ação, o processo ou o estado em
relação ao momento do enunciado. Os tempos verbais
são seis: presente, pretérito perfeito, pretérito imper-
feito, pretérito mais-que-perfeito, futuro do presente e
futuro do pretérito;
§ modo: indica a atitude do emissor quanto ao fato por
ele enunciado, que pode ser de certeza, dúvida, temor,
desejo, ordem, etc. Os modos verbais são: indicativo,
subjuntivo e imperativo;
§ voz: indica o comportamento do sujeito em rela-
ção ao verbo (agente, paciente ou ambos, simulta-
neamente).
1.1. Conjugações verbais
Conjugar um verbo compreende adicionar ao seu radical
a vogal temática da conjugação ou classe a que pertence
somada aos sufixos modo-temporal e número-pessoal que
lhe são permitidos.Existem três conjugações verbais na lín-
gua portuguesa:
§ 1.a
conjugação: indicada pela vogal temática –a–
amar, brincar, falar
§ 2.a
conjugação: indicada pela vogal temática –e–
nascer, crescer, morrer
§ 3.a
conjugação: indicada pela vogal temática –i–
dormir, sorrir, partir
O verbo pôr e seus derivados são considerados de 2.ª
conjugação por conta de um processo fonológico ao
longo da história que suprimiu a vogal temática –e–.
Em um estágio anterior da língua portuguesa, a sua
forma original era poer.
1.2. Classificação dos verbos
1.2.1. Verbos regulares
Os verbos regulares não sofrem alteração do radical e das
desinências nos diferentes tempos, modos e pessoas. O
radical do verbo é obtido pela supressão das terminações
do infinitivo (–r):
eu mand(o) / tu mand(as) / ele mand(a) / nós
mand(amos)
1.2.2. Verbos irregulares
Os verbos irregulares sofrem alteração do radical e das de-
sinências nos diferentes tempos, modos e pessoas.
§ fazer: faço, faria, fazia;
§ estar: estou, estive, estarei;
§ saber: sei, soubera, saiba.
1.2.3. Verbos anômalos
Os verbos anômalos apresentam radicais diferentes ao lon-
go da conjugação:
§ ser: sou, é, fomos;
§ ir: vou, fui, ia.
1.2.4. Verbos defectivos
Os verbos defectivos não possuem todas as as formas para
conjugação (não costumam apresentar, por exemplo pri-
meira pessoa do singular):
VERBOS:
NOÇÕESPRELIMINARES
E MODOS INDICATIVO
E SUBJUNTIVO
COMPETÊNCIA(s)
1 e 8
HABILIDADE(s)
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e
suas
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§ reaver (composto de haver, tem apenas as formas em
“v“): reavemos, reavia, reaverá;
§ precaver: precavemos, precavia, precavi;
§ latir: lates, late, latimos;
§ colorir: colores, colore, colorimos, coloris.
OBSERVAÇÃO: Entre os verbos defectivos estão inclu-
ídos os chamados verbos impessoais, usados apenas
na terceira pessoa do singular: chover, trovejar, ventar,
haver (existir),fazer (refere-se ao clima:faz frio;ao tem-
po: faz dez anos).
1.2.5. Verbos auxiliares
Os verbos auxiliares formam os tempos compostos ou lo-
cuções verbais com os verbos principais:
§ ser (pago);
§ estar (curado);
§ ter (estudado);
§ haver (prometido).
1.2.6. Verbos abundantes
Os verbos abundantes apresentam mais de uma forma,
especificamente de particípio:
§ cozido e cozinhado;
§ morto e morrido;
§ imprimido e impresso.
Os particípios abundantes são classificados em regula-
res e irregulares.
a) As formas regulares terminadas em –ado e –ido,
não contraídas, acompanham os verbos auxiliares
ter e haver.
Ele já havia pagado a dívida.
Tínhamos aceitado o convite.
b)As formas irregulares, contraídas, acompanham os
verbos auxiliares ser e estar.
O feijão foi cozido na panela de pressão.
A lâmpada foi acesa.
1.3. Formas nominais do verbo
O infinitivo, o particípio (regular e irregular) e o gerúndio
são chamados formas nominais do verbo porque podem
funcionar como nomes – substantivo, adjetivo, advérbio.
§ Infinitivo
O comer demais faz mal. (substantivo)
O viver é bom. (substantivo)
§ Gerúndio
Ela bebeu chá fervendo. (advérbio)
Fervendo, desligue. (advérbio)
§ Particípio
A feira foi inaugurada. (adjetivo)
O parque foi inaugurado. (adjetivo)
1.4. Locução verbal
Expressão formada por mais de um verbo,O primeiro verbo
da sequência é chamado de auxiliar e pode apresentar
flexões (de tempo, modo e pessoa); o segundo é chamado
de principal e assumirá alguma das formas nominais (in-
finitivo, gerúndio ou particípio).
Exemplos:
Eu irei estudar mais tarde.
Ele está pensando que é adulto.
Estamos preocupados com a situação.
1.5. Modos verbais
Os modos verbais têm como objetivo indicar o “com-
portamento” dos verbos em relação aos tempos (exce-
to no modo imperativo, que será estudado na próxima
aula). São os modos verbais que nos permitem saber
se tempo utilizado em uma sentença refere-se a uma
situação de certeza dos acontecimentos (modo indicati-
vo) ou incerteza dos acontecimentos (modo subjuntivo).
Vamos conhecê-los:
1.5.1. Tempos do modo indicativo
Presente: em sua designação padrão, indica ação simul-
tânea ao momento de fala.
Exemplo:
Só passa ônibus lotado! Por isso o ponto con-
tinua cheio.
Também é utilizado para exprimir outras situações além da
anteriormente mencionada:
a) Presente histórico ou narrativo: é articulado com
informações no passado. Muito usado em narrativas para
criar uma aproximação entre o fato passado e o leitor /
espectador do presente.
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Exemplo:
Em 1970, O Brasil vence a Copa do México
evento passado verbo no presente
b) Presente com valor de futuro: é articulado com informações no futuro. Encontramos em situações variadas, desde
construções literárias mais sofisticadas, até construções mais oralizadas.
Exemplo:
Pode deixar, amanhã eu falo com o Roberto.
evento passado verbo no presente
c) Presente frequentativo ou habitual: é articulado com “marcadores linguísticos de hábito” (elementos como “todo
dia”,“toda hora”,“a todo o momento”,“sempre”,entre outros).Dá ao verbo no presente a sensação de ação que é realizada
frequentemente,como um hábito.
Exemplo:
Sempre viajamos com nossos pais para Aparecida do Norte
marcador verbo no presente
de hábito
d) Presente durativo ou universal: é articulado em fenômenos pontuais em que conseguimos perceber uma situação
que seria “imutável”. É muito comum em sentenças que apontam verdades universais, provérbios e teoremas. Ocorre fre-
quentemente com verbo “ser”, mas admite outras construções.
Exemplo:
A soma dos quadrados dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa.
Presente durativo (verdade universal / imutável)
Pretérito: indica ação anterior ao momento de fala. No modo indicativo, temos três modalidades:
a) Pretérito perfeito: ação passada pontual, encerrada, já concluída. Não apresenta referência a outra ação anterior ou
contemporânea.
Exemplo:
O gerente indicou um candidato para a vaga.
pretérito perfeito (ação passada concluída)
Apresenta forma composta!
O pretérito perfeito composto é estruturado a partir de verbo “ter” + “particípio” e exprime um passado que continua
a se repetir no presente.
Exemplo:
O novo filme deAlmodóvar tem agradado crítica e público.
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b) Pretérito imperfeito: em sua designação mais comum, indica ação passada não encerrada, mas também apresenta
outras nuances de sentido.Vejamos:
Exemplo:
Ele caminhava quando o foi atingido por uma bicicleta.
pretérito imperfeito (ação passada não encerrada / interrompida)
Exemplo:
Enquanto existiram, as LojasArapuã abriam as portas às 10 horas.
pretérito imperfeito (ação habitual / frequente no passado)
Exemplo:
Pretendíamos ir à Bahia, mas os preços subiram muito.
pretérito imperfeito (ação idealizada / imprecisa / vaga / não realizada)
c) Pretérito mais-que-perfeito: trata-se de uma ação passada anterior a outra ação também passada.Vejamos:
Exemplo:
O avião já decolara quando o passageiro atrasado chegou.
pretérito mais-que-perfeito (simples) outra forma de passado
Apresenta forma composta!
O pretérito mais-que-perfeito composto é estruturado a partir dos verbos “ter” ou “haver” + “particípio” e indica o
mesmo que a forma simples, no entanto, é mais frequentemente usado na linguagem cotidiana.
Exemplo:
O avião já tinha / havia decolado quando o passageiro atrasado chegou.
pretérito mais-que-perfeito (composto) outra forma de passado
Futuro: indica ação posterior ao momento de fala.
a) Futuro do presente: indica ação futura (de realização material certa ou incerta) em relação ao presente. Apresenta
também alguns usos particulares que veremos a seguir:
Exemplo:
O medicamento estará disponível no mercado em setembro.
futuro do presente (ação futura enunciada)
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Exemplo:
Conseguirá o grande varejista manter-se no topo?
futuro do presente (usado estilisticamente para indicar incerteza)
Exemplo:
NaÁfrica, quantos não estarão mortos de fome!
futuro do presente (usado para enfatizar fato futuro aproximado)
Apresenta forma composta!
O futuro do presente composto é estruturado a partir de verbo “ter” + “particípio” e exprime um fato que estará
concluído antes de outro.
Exemplo:
Em dois anos, você terá terminado o seu mestrado.
b) Futuro do pretérito: indica ação futura que não se concretizará por conta de uma relação com fato passado. Sua
estrutura apresenta também alguns outros usos particulares que veremos a seguir:
Exemplo:
Eu participaria da São Silvestre se não tivesse torcido o tornozelo.
futuro do pretérito ação passada que compromete ação futura
Exemplo:
O suspeito teria sido visto próximo à residência da vítima alguns dias antes.
futuro do pretérito (indicando incerteza / condição subentendida)
Exemplo:
Poderia me passar os talheres, por gentileza?
futuro do pretérito (recurso de polidez / delicadeza)
Apresenta forma composta!
O futuro do pretérito composto é estruturado a
partir de verbo “ter” + “particípio” e exprime um fato
que poderia ter acontecido após outro fato passado.
Exemplo:
a crise teria quebrado a empresa,se não fos-
se o auxílio dos investidores.
Fonte:Youtube
Jornalista - Veja o uso do futuro do pretérito
multimídia: vídeo
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1.5.2. Tempos do modo subjuntivo
O modo subjuntivo indica, em qualquer tempo que atue, nuances de incerteza (hipóteses, suposições, fatos duvidosos, etc.).
Sua adequada conjugação depende de algum elemento que,além de reafirmar a incerteza,contribua para a expressão verbal.
Não há a mesma quantidade de conjugações que vimos no modo indicativo. Trabalha-se, habitualmente, com
três: Presente, Pretérito Imperfeito e Futuro (há formas compostas, menos usadas, mas que também serão apresentadas).
Presente
Exemplo:Ainda que eu compre um novo carro, não sei se seria mesma coisa
elemento de suporte presente do subjuntivo
Pretérito Imperfeito
Exemplo: Se houvesse tempo, eu também iria ao show
elemento pretérito imperfeito do subjuntivo
de suporte
Futuro
Exemplo: Quando mudar de ideia, ligue para o seu gerente.
elemento futuro do subjuntivo
de suporte
Formas compostas
As formas compostas do subjuntivo também indicam nuances de incerteza e dependem de algum elemento de suporte
para realização da conjugação. São apenas três tempos utilizados: Pretérito perfeito composto, Pretérito mais-que-
-perfeito composto e Futuro composto.Vejamos:
Exemplo: É essencial que tenham discutido esse problema na reunião.
elemento de suporte pretérito perfeito composto do subjuntivo
Exemplo: Se você tivesse comprado na semana passada, teria pago mais barato.
elemento de suporte pretérito mais-que-perfeito composto do subjuntivo
Exemplo: Daremos a resposta assim que tivermos recebido o orçamento da reforma.
elemento de suporte futuro composto do subjuntivo
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LINGUAGENS,
CÓDIGOS
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tecnologias
DIAGRAMA DE IDEIAS
VERBOS
MODOS
SUBJUNTIVO IMPERATIVO
INDICATIVO
• PRESENTE
• PRETÉRITO
PERFEITO
IMPERFEITO
MAIS-QUE-PERFEITO
• FUTURO
DO PRESENTE
DO PRETÉRITO
TEMPOS
• PRESENTE
• PRETÉRITO IMPERFEITO
• FUTURO
TEMPOS
VOZES
MORFOLOGIA
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LINGUAGENS,
CÓDIGOS
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1. Modo imperativo
O modo imperativo manifesta ordem, conselho, súplica ou
exortação do emissor e pode ser imperativo afirmativo ou
imperativo negativo.
§ Se beber, não dirija!
§ Dorme, que já está na hora!
TABELA PARA CONJUGAÇÃO DO MODO IMPERATIVO
presente
do indicativo
imperativo
afirmativo
imperativo
negativo
presente
do subjuntivo
eu compro x x
(ainda que)
eu compre
tu compras compra tu* compres tu
(ainda que)
tu compres
ele compra compre você compre você
(ainda que)
ele compre
nós compramos compremos nós compremos nós
(ainda que)
compremos nós
vós comprais comprai vós* compreis vós
(ainda que)
vós compreis
eles compram comprem vocês comprem vocês
(ainda que)
eles comprem
*As duas passagens do Presente do Indicativo para
o Imperativo Afirmativo implicam na perda do “S”
final que compõe a construção verbal.
Embora a palavra “imperativo” esteja ligada à ideia de co-
mando e ordem,os verbos que compõem essa modalidade
também são empregados para designar pedido, convite,
sugestão, conselho ou súplica.
§ Faça isso agora, amor! (pedido)
§ Faça-nos uma visita! (convite)
§ Meu filho, faça sempre o melhor! (conselho)
§ Senhor, faça-nos esse milagre! (súplica)
2. Vozes
As vozes verbais indicam o comportamento do sujeito (ati-
vo, passivo ou reflexivo) em relação ao verbo apresentado.
Vejamos alguns exemplo iniciais:
§ João cortou árvores.
O fato (cortou) é praticado pelo sujeito (João).
Portanto, o verbo está na voz ativa.
§ Árvores foram cortadas por João.
O sujeito (árvores) é alvo,ou seja,sofre a ação de
João. Portanto, o verbo está na voz passiva.
§ João cortou-se com o machado.
O sujeito (João) é agente e também alvo da ação
de cortar. Portanto, o verbo está na voz reflexiva.
2.1. Voz ativa
Como vimos nos exemplos iniciais,na voz ativa,o sujeito da
construção pratica a ação verbal.Trata-se de uma estrutura
que ocorre prioritariamente com verbos transitivos diretos
(VTD) ou a parte direta dos verbos bitransitivos (VTDI). Ve-
jamos a estrutura:
Filomena comprou mais plantas.
sujeito agente VTD objeto direto
2.2. Voz passiva (analítica)
Também vimos anteriormente, na voz passiva, o sujeito da
construção sofre a ação verbal. Em língua portuguesa, te-
mos dois modelos de voz passiva.Primeiramente,veremos
a voz passiva analítica, que se trata de uma construção
que,além de constatarmos um sujeito“paciente”,que sofre
a ação verbal,visualizamos uma estrutura de locução verbal
formada por verbo“ser”+ verbo no particípio,além de uma
estruturapreposicionada,chamadadeagente da passiva.
Edson foi incentivado pelos colegas.
sujeito verbo “ser” agente
paciente + da passiva
verbo no particípio
Atenção
Em casos mais raros, podemos encontrar construções
passivas analíticas com o verbo “estar” + “particípio”
Exemplo: Os criminosos estavam cercados pelas au-
toridades.
VERBOS:
MODO IMPERATIVO
E VOZES VERBAIS
COMPETÊNCIA(s)
1 e 8
HABILIDADE(s)
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LC AULAS
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LINGUAGENS,
CÓDIGOS
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tecnologias
2.3. Voz passiva (sintética)
Temos um outro modelo de voz passiva em língua portu-
guesa, conhecido como voz passiva sintética. Esse ou-
tro modelo é originário de um fenômeno conhecido como
partícula apassivadora,resultado da junção de um verbo
transitivo direto (VTD) + uma partícula “se”. Dessa junção,
surge um fenômeno que nos permite visualizar um sujeito
“paciente”(que sofre a ação verbal).Vejamos a estrutura.
Exemplo:
Consertam-se televisores.
VTD partícula sujeito paciente
“se”
VIVENCIANDO
O imperativo é usualmente empregado no universo publicitário.Procure identificar em
qual pessoa gramatical os verbos presentes nas imagens abaixo estão empregados.
2.4. Voz reflexiva
A voz reflexiva, como vimos anteriormente, é um fenô-
meno em que sujeito pratica e sofre a ação realizada. É
estruturada a partir de um verbo pronominalizado (verbo
+ pronomes “me”,“te”,“se”,“nos” e “vos”).Vejamos:
Exemplo:
Acidentalmente, ele se feriu com o aparelho.
pronome reflexivo verbo
DIAGRAMA DE IDEIAS
VERBOS
MODOS
SUBJUNTIVO IMPERATIVO
INDICATIVO
VOZES
NÃOARTICULATEMPO
AFIRMATIVO
NEGATIVO
• ATIVA
• PASSIVA
• REFLEXIVA
MORFOLOGIA
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ANOTAÇÕES
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LINGUAGENS,
CÓDIGOS
e
suas
tecnologias
LINGUAGENS
CÓDIGOS
e suas tecnologias
ENTRE
ENTRE
LETRAS
LETRAS
TEORiA
DE
DE AULA
AULA
INTERPRETAÇÃO
DETEXTOS
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1
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LINGUAGENS,
CÓDIGOS
e
suas
tecnologias
INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS
UFMG
A interpretação de texto é primordial para
a resolução da prova, devendo o aluno
focar não apenas na interpretação dos
textos literários, mas sobre os mais varia-
dos gêneros.Além disso, saber interpretar
o comando das questões, que podem dar
pistas sobre a resposta correta.
No vestibular Fuvest a interpretação de
texto acontece de forma mais prática.
Muitas vezes ligada aos textos literários
ou críticos, a temática aborda de figuras
de linguagem à projeções sobre o senso
comum.
Textos críticos e literários são colocados
em discussão, de modo que não basta
reconhecer os recursos linguísticos. Por-
tanto, notar o contexto é essencial.
Uma vez que a interpretação não ocorre
isolada, é preciso que o aluno repare nos
contextos e nos recursos utilizados para
alcançar os efeitos de sentido, identifi-
cando-os e validando-os
Conduz a interpretação de texto em
paralelo aos textos literários, majorita-
riamente. Crônicas, poemas e pequenos
trechos canônicos podem ser cobrados
pelo vestibular, exigindo, do aluno, não
a leitura integral da obra, mas a capa-
cidade de análise e avaliação
do texto.
Questões que demandam do aluno o
conhecimento sobre os recursos linguís-
ticos costumam aparecer, bem como uma
interpretação de texto basilar ao desen-
volvimento leitor.
Saber ler não só as questões da frente de
Português, mas também as questões ge-
rais, ainda que em linhas bastante curtas
e diretas, será um diferencial. Os recursos
linguísticos ligados à produção de textos
não devem ser esquecidos no momento
da leitura.
A interpretação de textos ocorre de ma-
neira direcionada, focada, sobretudo, aos
recursos linguísticos (como figuras de lin-
guagem e funções linguísticas).Trabalhar
de forma atenta, lembrando e aplicando
os conceitos aprendidos em aula será
fundamental.
As questões de interpretação se tornam
bastante direcionadas. Conhecer os con-
ceitos por trás da produção dos textos
(literários ou não), será uma ferramenta
interessante para que o vestibulando
possa atuar.
Alinha a interpretação de texto às obras
literárias que costuma exigir na sua lista
obrigatória. O conhecimento sobre os re-
cursos literários adquiridos no estudo das
obras será fundamental.
Além de conhecer os recursos linguís-
ticos, é importante lembrar que uma
leitura atenta pode render ao candidato
pontos em questões não apenas na área
de Português, mas nas variadas áreas do
conhecimento.
O exame CMMG é objetivo. Exige do
candidato uma capacidade leitora funda-
mental, que demonstre aptidão em reco-
nhecer os recursos linguísticos dentro das
questões. Assim, lembrar e compreender
serão as duas principais habilidades tra-
balhadas por esse vestibular.
Diversos gêneros textuais podem ser
pedidos, de modo que conhecer os fun-
damentos da produção textual (figuras de
linguagem e funções da linguagem) pode
ser um diferencial. A prova conta ainda
com textos literários, o que demanda
uma interpretação de senti-
do conotativo.
Ter em mente os conceitos de denotação
e conotação renderá, ao aluno, um ponto
de segurança na hora de iniciar a sua in-
terpretação. Lembrar que a interpretação
se liga ao contexto pode ser a chave para
a aprovação.
Ler atentamente, tendo em vista as carac-
terísticas dos principais recursos linguísti-
cos e dos variados gêneros textuais, é um
bom modo de mergulhar na prova. Além
disso, saber interpretar o comando das
questões se mostrará de grande ajuda.
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LINGUAGENS,
CÓDIGOS
e
suas
tecnologias
1. Funções da linguagem
1.1. Introdução
O estudo das funções da linguagem está vinculado ao que
os linguistas denominam teoria da comunicação. As teo-
rias da comunicação têm como objetivo observar o funcio-
namento de processos comunicativos tanto no campo da
fala como no campo da escrita, inclusive observando os
gestos de transposição entre os dois campos; por exem-
plo:que elementos do sistema de fala são encontrados no
sistema de escrita?
O linguista russo Roman Jakobson (1896-1982) foi o
responsável por desenvolver a teoria das funções da lin-
guagem. De acordo com o estudioso, a linguagem apre-
sentaria funções mais amplas do que simplesmente as de
caráter informativo.A partir desse pressuposto, Jakobson
determina que os sistemas comunicativos seriam pauta-
dos por seis funções da linguagem, que seriam determi-
nadas a partir de um “foco” (ou uma ênfase) que recai
em pontos específicos da mensagem observada. As fun-
ções seriam as seguintes:
§ Emotiva ou expressiva: foco no emissor, locutor ou
enunciador (a pessoa que fala ou escreve);
§ Apelativa ou conativa: foco no receptor ou interlo-
cutor (a pessoa para quem se fala ou escreve, ou, em
algumas abordagens, aquele com quem se conversa);
§ Referencial ou denotativa: foco no contexto ou na
referência de mundo (o assunto,situação ou objeto so-
bre o qual se fala);
§ Fática ou de contato:foco no canal de comunicação
ou a partir da abertura de contato (físico ou psicológi-
co) com terceiros;
§ Poética:foco nos modos de elaboração da mensagem
e do texto que a compõe;
§ Metaliguística: foco no código comunicativo (nas
bases prévias de comunicação, sejam elas verbais ou
não verbais).
A partir dessas definições, Roman Jakobson propôs o se-
guinte sistema organizativo:
1.2. Função emotiva ou expressiva
Foco: emissor / locutor / enunciador
A função emotiva, centralizada na figura daquele que fala,
expressa algumas particularidades do enunciador, como
emoções,sentimentos,opiniões a respeito de determinadas
situações, crenças e até mesmo concordâncias e discordân-
cias em relação a certos assuntos. Nela prevalece a 1.ª pes-
soa do singular (eu), podendo, em alguns casos mais raros,
ocorrer com a 1.ª pessoa do plural (casos em que emoções
ou opiniões são mobilizadas de modo coletivo).
Trata-se de uma função que é facilmente identificada nos
processos comunicativos falados. Nos processos escritos,
por sua vez, ela se torna evidente pela presença, no texto,
de interjeições, exclamações, reticências ou outros sinais
que demonstrem a subjetividade do falante.É a linguagem
das biografias, memórias, poesias líricas e cartas de amor.
Desencanto
Eu faço versos como quem chora
De desalento... de desencanto...
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.
Meu verso é sangue.Volúpia ardente...
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias.Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.
E nestes versos de angústia rouca,
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.
– Eu faço versos como quem morre.
Teresópolis, 1912.
(Manuel Bandeira)
1.3. Função apelativa ou conativa
Foco: receptor / ouvinte / interlocutor
A função apelativa,centralizada na figura daquele que ouve,
expressa a tentativa de um falante de interferir, geralmente
FUNÇÕES DA
LINGUAGEM I
COMPETÊNCIA(s)
5
HABILIDADE(s)
15, 16 e 17
LC AULA
1
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LINGUAGENS,
CÓDIGOS
e
suas
tecnologias
de maneira persuasiva,nos sentimentos do interlocutor.Nela
prevalece a 2.ª pessoa do discurso (representada, em portu-
guês,pelos pronomes tu e você).
Trata-se de uma função que, para atingir seus objetivos,
manipula formas imperativas,vocativos e,em casos menos
frequentes, pronomes demonstrativos e possessivos de se-
gunda pessoa. É facilmente identificada em textos publici-
tários, discursos políticos, textos religiosos (sermões), além
de parágrafos específicos de textos argumentativos, como
artigos de opinião e editoriais.
1.4. Função referencial ou denotativa
Foco: referente
A função referencial, centralizada na figura daquilo que
Roman Jakobson definiu como “referente”, consiste no
uso objetivo da linguagem em duas instâncias:
§ indica/aponta elementos que estão no mundo;
§ indica/aponta situações ou acontecimentos no mundo.
Trata-se de uma função que não envolve expressão de
sentimentos (há a neutralização do emissor e do recep-
tor); por isso, diz-se que ela é centrada na 3.ª pessoa do
discurso e transmite uma informação objetiva e direta
sobre um assunto.
É identificada em muitos tipos de texto, como nos téc-
nicos ou científicos (artigos acadêmicos, matérias de
revistas científicas, livros didáticos), nas bulas de re-
médio, nas placas informativas, e também em alguns
subgêneros e gêneros jornalísticos, como a notícia e a
reportagem.
Exemplo:
“Aumenta a pressão sobre o primeiro-ministro
britânico,Tony Blair, para que ele permita uma in-
vestigação independente sobre os aparentes erros
dos seus serviços de inteligência no que se refere
às armas de destruição em massa do Iraque. A
indicação do governo americano, também ques-
tionado sobre a sua avaliação da ameaça iraquia-
na, de que um inquérito pode ser aberto no país,
reforçou o argumento dos críticos de Blair.O Parti-
do Conservador britânico deverá apresentar nesta
semana uma moção pedindo a investigação.”
Fonte: Folha de S. Paulo - 02-02-2004
37
VOLUME
1

LINGUAGENS,
CÓDIGOS
e
suas
tecnologias
DIAGRAMA DE IDEIAS
Função emotiva Função fática Função conativa
Função poética
EMISSOR LOCUTOR
Função metalinguística
Função referencial
CÓDIGO
MENSAGEM
DESTINATÁRIO
INTERLOCUTOR
CONTEXTO REFERENTE
CANAL
38
VOLUME
1

LINGUAGENS,
CÓDIGOS
e
suas
tecnologias
1. Funções da linguagem
(continuação)
Nesta aula, as funções da linguagem de Roman Jakobson
continuarão a ser estudadas.Lembrando que,das seis exis-
tentes, três foram vistas na aula anterior.As três restantes
serão abordadas agora.
1.1. Função fática
Foco: canal de comunicação
A função fática, centralizada no canal de comunicação,
opera em duas instâncias:
§ Verifica o modo como a linguagem opera dentro de de-
terminados canais de comunicação: Roman Jakobson
sugere que, ao se observar pessoas conversando em
determinado canal, é preciso estar atento a particulari-
dades que surgem na manipulação da linguagem. Para
isso,recomenda-se verificar a abertura (como a conversa
começa), a manutenção (quais são as características de
progressão) e seu fechamento (como os falantes encer-
ram a conversa). Um exemplo claro disso é a comunica-
ção por telefone, em que a abertura é feita a partir de
um sinal que não é usado em interações frente a frente
(alô?). Também é perceptível no telefone a emissão de
sinais sonoros durante a conversa que indicam a manu-
tenção/progressão da comunicação (aquele que ouve,
por exemplo,costuma usar sinais como ahã! ahã! ahã!).
§ Verifica estratégias gerais para abertura, manutenção e
encerramento de comunicação.Para abertura comunica-
tiva, por exemplo, há as saudações “olá”,“boa tarde!”,
“tudo certo?”; para manutenção comunicativa, existem
os marcadores conversacionais, que são usados para
“testar” o funcionamento do canal, como “né”, “en-
tendeu?”, “viu?”, “aí”, “tipo”, etc.; e, para fechamen-
to comunicativo, existem recursos de despedida, como
“tchau”,“adeus”,“até logo”,etc.
Trata-se de uma função que encontrada em muitos luga-
res. Basta que, em determinado espaço comunicativo, seja
esboçado algum gesto linguístico que dê margem para o
início de uma conversa (e, posteriormente, outros gestos
que mantenham sua progressão e também a encerrem).
1.2. Função poética
Foco: mensagem
A função poética, centralizada na mensagem, promove
alterações na estrutura da referida mensagem, com o in-
tuito de modificar as relações do ouvinte com o conteúdo
expresso.Por exemplo,um poema feito em estrutura de so-
neto caracteriza-se como função poética pelo fato de usar
uma forma/estrutura comunicativa que difere do modelo
direto (em prosa) habitual.Assim,entende-se que a função
poética suplementa o sentido da mensagem.
FUNÇÕES DA
LINGUAGEM II
COMPETÊNCIA(s)
5
HABILIDADE(s)
15, 16 e 17
LC AULA
2
39
VOLUME
1

LINGUAGENS,
CÓDIGOS
e
suas
tecnologias
Trata-se de uma função que, para atingir seus objetivos,
manipula figuras de linguagem, trocadilhos e quebras ou
distorções de sequências sintáticas. Parte-se do pressupos-
to que todo o poema já é uma função poética. Não obs-
tante, é possível encontrar tal função em prosas poéticas
(como os textos de Guimarães Rosa, por exemplo), ou em
textos publicitários que manipulam trocadilhos nas mensa-
gens de suas propagandas.
(Propaganda com trocadilho)
Sem
Mim
Ando
Com
Igo
Sigo
Sem
Com
Ando
(Arnaldo Antunes)
1.3. Função metalinguística
Foco: código
A função metalinguística, centralizada no código, ocorre
quando se usa um código (algum modelo comunicativo)
por meio do próprio código. É importante salientar que os
referidos códigos (modelos comunicativos) podem ser de
cunho verbal ou não verbal.Assim, é possível chegar às
seguintes conclusões:
§ A pintura,por exemplo,é um tipo de arte que estabele-
ce comunicação. Elas é, portanto, um código. Caso um
pintor deseje registrar em seu quadro um outro pintor
trabalhando, ele estará fazendo referência ao “código
pintura” por meio da própria pintura, o que caracteriza
um gesto metalinguístico (não verbal).
§ Uma crônica, por exemplo, é um gênero que comu-
nica algo. É, portanto, um código. Caso um cronista,
em vez de discutir um fato cotidiano, prefira falar so-
bre a dificuldade de se fazer uma crônica no momento
contemporâneo, ele estará usando o “código crônica”
para falar sobre crônica.Trata-se de um gesto também
metalinguístico (verbal).
A função metalinguística é facilmente encontrada nas artes
em geral; e também em alguns textos instrucionais de de-
terminadas áreas,como os livros de língua portuguesa que
ensinam o que é a língua portuguesa, caracterizando-se
como instrumentos que operam uma metalinguagem.
Razão de ser
Escrevo. E pronto.
Escrevo porque preciso
Preciso porque estou tonto.
Ninguém tem nada com isso.
Escrevo porque amanhece.
E as estrelas lá no céu
Lembram letras no papel,
Quando o poema me anoitece.
A aranha tece teias.
O peixe beija e morde o que vê.
Eu escrevo apenas.
Tem que ter por quê?
(Paulo Leminski)
40
VOLUME
1

LINGUAGENS,
CÓDIGOS
e
suas
tecnologias
1. Variação linguística
A variação linguística é a diversificação dos sistemas de uma
língua em relação às possibilidades de mudança de seus ele-
mentos (vocabulário,fonologia,morfologia,sintaxe).
1.1. Linguagem formal versus
linguagem informal
a.Norma culta/padrão:é a denominação dada à varieda-
de linguística dos membros da classe social de maior prestí-
gio dentro da classe literária.
Observação: não se trata da única forma correta.
b.Linguagem informal/popular: é a denominação dada
àvariedadelinguísticautilizadanocotidianoequenãoexige
a observância total da gramática.
1.2. Língua falada versus língua escrita
a.Língua falada/oral: dispõe de um número incontável de
recursos rítmicos e melódicos – entonação,pausas,ritmo,flu-
ência, gestos – porque, claro, o emissor (pessoa que fala ou
transmite uma mensagem numa dada linguagem) está pre-
sente fisicamente.Algumas das características principais são:
§ frequência da ocorrência de repetições,hesitações e bor-
dõesdefala(“Pois,euaaa...euachoque...pronto,não
sei...“,“Cara,o que é isso,cara?“);
§ frases curtas;
§ frases inacabadas, porque foram cortadas ou inter-
rompidas;
§ uso frequente da omissão de palavras;
Exemplo:
Eu vou com minha mãe e com meu pai;empresta
o seu caderno?
§ formas contraídas;
Exemplo:
prof, med, refri, facul
§ afastamento das regras gramaticais;
Exemplo:
Eu vi ele.
§ possibilidade de adequar o discurso de acordo com as
reações dos ouvintes.
b. Língua escrita: recorre a sinais de pontuação e de
acentuação para exprimir os recursos rítmicos e melódicos
da oralidade:
§ uso de descrições ricas;
§ obedece às regras gramaticais com maior rigor;
§ sinais de pontuação e acentuação para transmitir a ex-
pressividade oral;
§ fraseslongas,apesardetambémpoderusarfrasescurtas;
§ uso de vocabulário mais amplo e cuidadoso;
§ conectivos e estruturas sintáticas para garantir a coe-
são textual.
1.3. Variação diatópica
Também conhecida como variação regional ou variação
geográfica, ocorre quando percebemos que a linguagem
apresenta variações de acordo com o espaço em que ela
é operada. É verificável não apenas entre estados (Rio de
Janeiro × São Paulo), mas também entre regiões em um
mesmo estado (interior de São Paulo × periferia de São
Paulo × litoral de São Paulo). É por meio dessa variação
que estudamos também os sotaques ou dialetos interiora-
nos (como o dialeto caipira).
Exemplos:
I.Diferença de nomes entre regiões para um mes-
mo objeto/item (mandioca × macaxeira × aipim).
II. Diferença de caracteres morfológicos, sintáti-
cos ou semânticos entre regiões (usos de “tu”
no litoral de São Paulo × usos de “você” na ca-
pital de São Paulo).
VARIAÇÃO
LINGUÍSTICA I
COMPETÊNCIA(s)
5
HABILIDADE(s)
15, 16 e 17
LC AULA
3
41
VOLUME
1

LINGUAGENS,
CÓDIGOS
e
suas
tecnologias
1.4. Variação diacrônica
Também conhecida como variação histórica, ocorre quan-
do percebemos que a linguagem apresenta variações de
acordo com o tempo em que ela é operada. Parte-se do
pressuposto que a linguagem é um sistema vivo, constan-
temente mutável, e que seu uso apresenta variações em
três âmbitos:
§ na passagem entre gerações (avós,pais e filhos que uti-
lizam linguagens diferentes);
§ na evolução tecnológica (as novas tecnologias fazem
com que as pessoas passem a utilizar novos termos
linguísticos);
§ nos textos arcaicos (textos que, mesmo pertencendo a
nosso idioma, nos trazem certa dificuldade de compre-
ensão pelo fato de estarem muito afastados temporal-
mente. Um exemplo disso seria o texto Auto da barca
do inferno, de GilVicente, que por estar escrito em por-
tuguês medieval, apresenta muitas diferenças fonológi-
cas em relação ao português contemporâneo).
1.5. Variação diastrática
Também conhecida como variação social, ocorre quando
percebemos que a linguagem apresenta variações por con-
ta de dois fatores mais gerais:
§ fatores socioeconômicos (uma pessoa que, por ques-
tões financeiras, é obrigada a abandonar o espaço es-
colar para trabalhar e ajudar no sustento do lar, pode
apresentar,no futuro,dificuldades no uso da gramática
normativa, por exemplo).
§ uso de socioleto (na linguística, um socioleto é a va-
riante de uma língua falada por um grupo social, uma
classe social ou subcultura. É também entendida como
cada uma das variedades de uma língua usada pelos
grupos de indivíduos que, tendo características sociais
em comum (profissão, passatempos, geração etc.),
usam termos técnicos, ou gírias, ou fraseados que os
distinguem dos demais falantes na sua comunidade).
42
VOLUME
1

LINGUAGENS,
CÓDIGOS
e
suas
tecnologias
1. Variação linguística
(continuação)
Nessaaula,continuaremosaestudarasvariaçõeslinguísticas.
1.1. Variação diafásica
Também conhecida como variação situacional, ocorre quan-
do percebemos que a linguagem apresenta variações de
acordo com o contexto/situação em que ela é usada. É veri-
ficável quando um indivíduo,adaptado a um tipo de uso lin-
guístico, é obrigado a fazer uma alteração momentânea em
seu registro por conta de uma situação de mundo específica.
Por exemplo,alguém que use muitas gírias em seu dia a dia
(registro informal) e que é obrigado a usar um registro mais
formal por conta de uma entrevista de emprego.
1.2. Variação diamésica
Ocorre quando percebemos que a linguagem apresenta
variações de acordo com os diferentes“meios”em que ela
usada, entendendo esses “meios” como espaços de uso
oral da linguagem (fala) e uso escrito. Em geral, consiste
em verificarmos as seguintes possibilidades:
§ A linguagem falada costuma ser entendida como um
sistema normalmente desorganizado, marcado por he-
sitações, reformulações, correções etc. Por conta disso, é
comum encontrarmos recursos diferentes do que vemos
no espaço escrito (alguns, inclusive, não seriam transpo-
níveis, sendo exclusivos do espaço falado, como os mar-
cadores conversacionais).
§ A linguagem escrita costuma ser entendida como um
sistema normalmente organizado,em que,por mais que
pensemos, por exemplo, em repetições de alguma pa-
lavra, efetivamente elas não se materializam na escrita.
Além disso,ao produzir um texto,costumamos organizar
como vamos distribuir certas informações (parágrafos de
introdução,argumentação e conclusão).
1.3. Preconceito linguístico
Denomina-sepreconceito linguísticoaquelegeradope-
las diferenças linguísticas existentes dentre de um mesmo
idioma. Ele está associado a diversas diferenças de base
linguística, especialmente as regionais (envolvendo diale-
tos, socioletos, regionalismos, gírias e sotaques). Também
é gerado em menor grau pelos outros tipos de variação.
O preconceito linguístico tem sido muito praticado na atu-
alidade (de modo voluntário e involuntário), sendo forte
marcador de exclusão social.
Na obra Preconceito linguístico:o que é,como se faz (1999),
o professor, linguista e filólogo Marcos Bagno aborda sobre
os diversos aspectos da língua, especialmente o preconceito
linguístico e suas implicações sociais.
Segundo ele não existe uma forma “certa“ ou “errada“
dos usos da língua e que o preconceito linguístico, gerado
pela ideia de que existe uma única língua correta (baseada
na gramática normativa), colabora com a prática da exclu-
são social. No entanto, devemos lembrar que a língua é
mutável e vai se adaptando ao longo do tempo de acordo
com ações dos falantes.
Além disso, as regras da língua, determinada pela gramá-
tica normativa,não inclui expressões populares e variações
linguísticas, por exemplo as gírias, regionalismos, dialetos,
dentre outros.
VARIAÇÃO
LINGUÍSTICA II
COMPETÊNCIA(s)
5
HABILIDADE(s)
15, 16 e 17
LC AULA
4
LINGUAGENS
CÓDIGOS
e suas tecnologias
ENTRE
ENTRE
LETRAS
LETRAS
TEORiA
DE
DE AULA
AULA
LITERATURA
INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS
UFMG
Como o Enem não possui uma lista
obrigatória de livros, as questões con-
templam o conhecimento acerca dos di-
ferentes gêneros literários e das escolas
literárias, bem como de seus principais
representantes.
A maior parte das questões de literatura
se refere às obras de leitura obrigató-
ria. Neste livro, encontram-se algumas
questões de anos anteriores sobre o
Humanismo, bem como sobre gêneros
literários e as estéticas medieval e qui-
nhentista.
A maior parte das questões de literatura
da Unicamp se refere às obras de leitura
obrigatória. Neste livro, encontram-se
algumas questões de anos anteriores
sobre Humanismo e Classicismo, bem
como sobre gêneros literários e as es-
téticas medieval, clássica e
quinhentista.
As questões da UNIFESP contemplam o
conhecimento das escolas literárias, bem
como de seus principais representantes.
Neste livro, estão presentes questões so-
bre gêneros literários, Trovadorismo, Hu-
manismo, Classicismo e Quinhentismo.
Como a Unesp não possui uma lista obri-
gatória de livros, as questões contemplam
o conhecimento das escolas literárias,
bem como de seus principais representan-
tes. Neste livro, estão presentes questões
sobre gêneros literários, Trovadorismo,
Humanismo, Classicismo e
Quinhentismo.
A prova em questão exige seus conhe-
cimentos acerca dos gêneros literários
e dos movimentos literários no Brasil e
em Portugal. Neste livro, estão presentes
questões sobre gêneros literários, Tro-
vadorismo, Humanismo, Classicismo e
Quinhentismo.
A maior parte das questões de literatura
se refere às obras de leitura obrigatória.
Neste livro, encontram-se algumas ques-
tões de anos anteriores sobre gêneros
literários e as estéticas medieval, clássica
e quinhentista.
Como a PUC-Camp não possui uma lista
obrigatória de livros, as questões con-
templam o conhecimento acerca dos di-
ferentes gêneros literários e das escolas
literárias, bem como de seus principais
representantes.
A prova da Santa Casa exige seus conhe-
cimentos acerca dos gêneros literários
e dos movimentos literários no Brasil e
em Portugal. Neste livro, estão presentes
questões sobre gêneros literários, Tro-
vadorismo, Humanismo, Classicismo e
Quinhentismo.
Estão presentes questões sobre gêneros
literários, Trovadorismo, Humanismo,
Classicismo e Quinhentismo.
A maior parte das questões de literatu-
ra da UFPR se refere às obras de leitura
obrigatória. Neste livro, estão presentes
questões sobre gêneros literários, Tro-
vadorismo, Humanismo, Classicismo e
Quinhentismo.
A maior parte das questões de literatura
se refere às obras de leitura obrigatória.
Neste livro, encontram-se algumas ques-
tões sobre gêneros literários e as esté-
ticas medieval, clássica e quinhentista.
O vestibular da Uerj não exige os con-
teúdos contidos neste livro, exceto os das
aulas 1 e 2.
Como a Ungranrio não possui uma lista
obrigatória de livros, as questões con-
templam o conhecimento acerca dos di-
ferentes gêneros literários e das escolas
literárias, bem como de seus principais
representantes.
A Souza Marques exige seus conheci-
mentos acerca dos gêneros literários e
dos movimentos literários brasileiros.
Neste livro, estão presentes questões so-
bre gêneros literários e sobre a estética
quinhentista.
LivroTeórico-ELetrasV1_2022.pdf
LivroTeórico-ELetrasV1_2022.pdf
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LivroTeórico-ELetrasV1_2022.pdf

  • 1. Caro aluno Ao elaborar o seu material inovador,completo e moderno,o Hexag considerou como principal diferencial sua exclusiva metodologia em período integral,com aulas e Estudo Orientado (E.O.),e seu plantão de dúvidas personalizado.O material didático é composto por 6 cadernos de aula e 107 livros,totalizando uma coleção com 113 exemplares. O conteúdo dos livros é organizado por aulas temáticas. Cada assunto contém uma rica teoria que contempla, de forma objetiva e transversal, as reais necessidades dos alunos,dispensando qualquer tipo de material alternativo complementar.Para melhorar a aprendizagem,as aulas possuem seções específicas com determinadas finalidades. A seguir, apresentamos cada seção: De forma simples, resumida e dinâmica, essa seção foi desen- volvida para sinalizar os assuntos mais abordados no Enem e nos principais vestibulares voltados para o curso de Medicina em todo o território nacional. INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS Todo o desenvolvimento dos conteúdos teóricos de cada co- leção tem como principal objetivo apoiar o aluno na resolu- ção das questões propostas. Os textos dos livros são de fácil compreensão, completos e organizados. Além disso, contam com imagens ilustrativas que complementam as explicações dadas em sala de aula. Quadros, mapas e organogramas, em cores nítidas, também são usados e compõem um conjunto abrangente de informações para o aluno que vai se dedicar à rotina intensa de estudos. TEORIA No decorrer das teorias apresentadas, oferecemos uma cui- dadosa seleção de conteúdos multimídia para complementar o repertório do aluno, apresentada em boxes para facilitar a compreensão, com indicação de vídeos, sites, filmes, músicas, livros, etc. Tudo isso é encontrado em subcategorias que fa- cilitam o aprofundamento nos temas estudados – há obras de arte, poemas, imagens, artigos e até sugestões de aplicati- vos que facilitam os estudos, com conteúdos essenciais para ampliar as habilidades de análise e reflexão crítica, em uma seleção realizada com finos critérios para apurar ainda mais o conhecimento do nosso aluno. MULTIMÍDIA Atento às constantes mudanças dos grandes vestibulares, é elaborada, a cada aula e sempre que possível, uma seção que trata de interdisciplinaridade. As questões dos vestibulares atuais não exigem mais dos candidatos apenas o puro co- nhecimento dos conteúdos de cada área, de cada disciplina. Atualmente há muitas perguntas interdisciplinares que abran- gem conteúdos de diferentes áreas em uma mesma questão, como Biologia e Química, História e Geografia, Biologia e Ma- temática, entre outras. Nesse espaço, o aluno inicia o contato com essa realidade por meio de explicações que relacionam a aula do dia com aulas de outras disciplinas e conteúdos de outros livros, sempre utilizando temas da atualidade. Assim, o aluno consegue entender que cada disciplina não existe de forma isolada, mas faz parte de uma grande engrenagem no mundo em que ele vive. CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS Um dos grandes problemas do conhecimento acadêmico é o seu distanciamento da realidade cotidiana, o que difi- culta a compreensão de determinados conceitos e impede o aprofundamento nos temas para além da superficial me- morização de fórmulas ou regras. Para evitar bloqueios na aprendizagem dos conteúdos, foi desenvolvida a seção “Vi- venciando“. Como o próprio nome já aponta, há uma preo- cupação em levar aos nossos alunos a clareza das relações entre aquilo que eles aprendem e aquilo com que eles têm contato em seu dia a dia. VIVENCIANDO Essa seção foi desenvolvida com foco nas disciplinas que fa- zem parte das Ciências da Natureza e da Matemática. Nos compilados, deparamos-nos com modelos de exercícios re- solvidos e comentados, fazendo com que aquilo que pareça abstrato e de difícil compreensão torne-se mais acessível e de bom entendimento aos olhos do aluno. Por meio dessas resoluções, é possível rever, a qualquer momento, as explica- ções dadas em sala de aula. APLICAÇÃO DO CONTEÚDO Sabendo que o Enem tem o objetivo de avaliar o desem- penho ao fim da escolaridade básica, organizamos essa seção para que o aluno conheça as diversas habilidades e competências abordadas na prova. Os livros da “Coleção Vestibulares de Medicina” contêm, a cada aula, algumas dessas habilidades. No compilado “Áreas de Conhecimento do Enem” há modelos de exercícios que não são apenas resolvidos, mas também analisados de maneira expositiva e descritos passo a passo à luz das habilidades estudadas no dia. Esse recurso constrói para o estudante um roteiro para ajudá-lo a apurar as questões na prática, a identificá-las na prova e a resolvê-las com tranquilidade. ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM Cada pessoa tem sua própria forma de aprendizado. Por isso, criamos para os nossos alunos o máximo de recursos para orientá-los em suas trajetórias. Um deles é o ”Diagrama de Ideias”, para aqueles que aprendem visualmente os conte- údos e processos por meio de esquemas cognitivos, mapas mentais e fluxogramas. Além disso, esse compilado é um resumo de todo o conteúdo da aula. Por meio dele, pode-se fazer uma rápida consulta aos principais conteúdos ensinados no dia, o que facilita a organização dos estudos e até a resolução dos exercícios. DIAGRAMA DE IDEIAS
  • 2. © Hexag SiStema de enSino, 2018 Direitos desta edição: Hexag Sistema de Ensino, São Paulo, 2022 Todos os direitos reservados. Coordenador-geral Raphael de Souza Motta reSponSabilidade editorial, programação viSual, reviSão e peSquiSa iConográfiCa Hexag Sistema de Ensino editoração eletrôniCa Felipe Lopes Santos Letícia de Brito Ferreira Matheus Franco da Silveira projeto gráfiCo e Capa Raphael de Souza Motta imagenS Freepik (https://www.freepik.com) Shutterstock (https://www.shutterstock.com) Pixabay (https://www.pixabay.com) ISBN: 978-65-88825-97-6 Todas as citações de textos contidas neste livro didático estão de acordo com a legislação, tendo por fim único e exclusi- vo o ensino. Caso exista algum texto a respeito do qual seja necessária a inclusão de informação adicional, ficamos à dis- posição para o contato pertinente. Do mesmo modo, fizemos todos os esforços para identificar e localizar os titulares dos direitos sobre as imagens publicadas e estamos à disposição para suprir eventual omissão de crédito em futuras edições. O material de publicidade e propaganda reproduzido nesta obra é usado apenas para fins didáticos, não repre- sentando qualquer tipo de recomendação de produtos ou empresas por parte do(s) autor(es) e da editora. 2022 Todos os direitos reservados para Hexag Sistema de Ensino. Rua Luís Góis, 853 – Mirandópolis – São Paulo – SP CEP: 04043-300 Telefone: (11) 3259-5005 www.hexag.com.br contato@hexag.com.br
  • 3. SUMÁRIO ENTRE LETRAS GRAMÁTICA 5 AULAS 1 E 2: FORMAÇÃO DE PALAVRAS 7 AULAS 3 E 4: ARTIGOS, SUBSTANTIVOS E ADJETIVOS 15 AULAS 5 E 6: VERBOS: NOÇÕES PRELIMINARES E MODOS INDICATIVO E SUBJUNTIVO 23 AULAS 7 E 8: VERBOS: MODO IMPERATIVO E VOZES VERBAIS 30 INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS 33 AULA 1: FUNÇÕES DA LINGUAGEM I 35 AULA 2: FUNÇÕES DA LINGUAGEM II 38 AULA 3: VARIAÇÃO LINGUÍSTICA I 40 AULA 4: VARIAÇÃO LINGUÍSTICA II 42 LITERATURA 43 AULAS 1 E 2: FUNDAMENTOS PARA O ESTUDO LITERÁRIO: ARTE E TÉCNICA 45 AULAS 3 E 4: TROVADORISMO E HUMANISMO 54 AULAS 5 E 6: RENASCIMENTO: CLASSICISMO E LUÍS VAZ DE CAMÕES 63 AULAS 7 E 8: QUINHENTISMO E ESTÉTICA BARROCA 70
  • 4. C ompetência 1 Aplicar as tecnologias da comunicação e da informação na escola, no trabalho e em outros contextos relevantes para sua vida. H1 Identificar as diferentes linguagens e seus recursos expressivos como elementos de caracterização dos sistemas de comunicação. H2 Recorrer aos conhecimentos sobre as linguagens dos sistemas de comunicação e informação para resolver problemas sociais. H3 Relacionar informações geradas nos sistemas de comunicação e informação, considerando a função social desses sistemas. H4 Reconhecer posições críticas aos usos sociais que são feitos das linguagens e dos sistemas de comunicação e informação. C ompetência 2 Conhecer e usar língua(s) estrangeira(s) moderna(s) como instrumento de acesso a informações e a outras culturas e grupos sociais. H5 Associar vocábulos e expressões de um texto em LEM ao seu tema. H6 Utilizar os conhecimentos da LEM e de seus mecanismos como meio de ampliar as possibilidades de acesso a informações, tecnologias e culturas. H7 Relacionar um texto em LEM, as estruturas linguísticas, sua função e seu uso social. H8 Reconhecer a importância da produção cultural em LEM como representação da diversidade cultural e linguística. C ompetência 3 Compreender e usar a linguagem corporal como relevante para a própria vida, integradora social e formadora da identidade. H9 Reconhecer as manifestações corporais de movimento como originárias de necessidades cotidianas de um grupo social. H10 Reconhecer a necessidade de transformação de hábitos corporais em função das necessidades cinestésicas. H11 Reconhecer a linguagem corporal como meio de interação social, considerando os limites de desempenho e as alternativas de adaptação para diferentes indivíduos. C ompetência 4 Compreender a arte como saber cultural e estético gerador de significação e integrador da organização do mundo e da própria identidade. H12 Reconhecer diferentes funções da arte, do trabalho da produção dos artistas em seus meios culturais. H13 Analisar as diversas produções artísticas como meio de explicar diferentes culturas, padrões de beleza e preconceitos. H14 Reconhecer o valor da diversidade artística e das inter-relações de elementos que se apresentam nas manifestações de vários grupos sociais e étnicos. C ompetência 5 Analisar, interpretar e aplicar recursos expressivos das linguagens, relacionando textos com seus contextos, mediante a natureza, função, organização, estrutura das manifestações, de acordo com as condições de produção e recepção. H15 Estabelecer relações entre o texto literário e o momento de sua produção, situando aspectos do contexto histórico, social e político. H16 Relacionar informações sobre concepções artísticas e procedimentos de construçãodo texto literário. H17 Reconhecer a presença de valores sociais e humanos atualizáveis e permanentes no patrimônio literário nacional. C ompetência 6 Compreender e usar os sistemas simbólicos das diferentes linguagens como meios de organização cognitiva da realidade pela constitu- ição de significados, expressão, comunicação e informação. H18 Identificar os elementos que concorrem para a progressão temática e para a organização e estruturação de textos de diferentes gêneros e tipos. H19 Analisar a função da linguagem predominante nos textos em situações específicas de interlocução. H20 Reconhecer a importância do patrimônio linguístico para a preservação da memória e da identidade nacional. C ompetência 7 Confrontar opiniões e pontos de vista sobre as diferentes linguagens e suas manifestações específicas. H21 Reconhecer em textos de diferentes gêneros, recursos verbais e não-verbais utilizados com a finalidade de criar e mudar comportamentos e hábitos. H22 Relacionar, em diferentes textos, opiniões, temas, assuntos e recursos linguísticos. H23 Inferir em um texto quais são os objetivos de seu produtor e quem é seu público alvo, pela análise dos procedimentos argumentativos utilizados. H24 Reconhecer no texto estratégias argumentativas empregadas para o convencimento do público, tais como a intimidação, sedução, comoção, chantagem, entre outras. C ompetência 8 Compreender e usar a língua portuguesa como língua materna, geradora de significação e integradora da organização do mundo e da própria identidade. H25 Identificar, em textos de diferentes gêneros, as marcas linguísticas que singularizam as variedades linguísticas sociais, regionais e de registro. H26 Relacionar as variedades linguísticas a situações específicas de uso social. H27 Reconhecer os usos da norma padrão da língua portuguesa nas diferentes situações de comunicação. C ompetência 9 Entender os princípios, a natureza, a função e o impacto das tecnologias da comunicação e da informação na sua vida pessoal e social, no desenvolvimento do conhecimento, associando-o aos conhecimentos científicos, às linguagens que lhes dão suporte, às demais tec- nologias, aos processos de produção e aos problemas que se propõem solucionar. H28 Reconhecer a função e o impacto social das diferentes tecnologias da comunicação e informação. H29 Identificar pela análise de suas linguagens, as tecnologias da comunicação e informação. H30 Relacionar as tecnologias de comunicação e informação ao desenvolvimento das sociedades e ao conhecimento que elas produzem. MATRIZ DE REFERÊNCIA DO ENEM
  • 6. 6 VOLUME 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS UFMG Dentre os temas abordados neste ca- derno, o de maior incidência no ENEM é o uso de tempos verbais. Os demais temas são de aplicação bastante es- porádica. As maiores ocorrências no vestibular da Fuvest são regência verbal e normas pa- drão e coloquial. É comum que a prova exija do candidato conhecimentos sobre aspectos morfossintáticos. Convém aten- tar-se sobre advérbios, tempos e vozes verbais. Como uma prova transversal, a exigência de conhecimentos tende a se alargar a outros assuntos. Dessa maneira, é com- preensível que se veja os significados textuais que a mudança de classes de palavras, a pontuação ou mesmo aspec- tos coesivos podem provocar no texto. Vê-se maior incidência de temas que se orientam sobre os processos de forma- ção de palavras e a utilização das vozes verbais. No mais, assuntos como a apli- cação de classes de palavras em determi- nados contextos surgem com frequência. Bastante objetivo, o vestibular da Unesp exige domínio acerca dos sentidos deno- tativos e conotativos que uma palavra pode ter em determinado contexto, além da compreensão de classes gramaticais. Tempos verbais e suas aplicações tam- bém são frequentes. Nesse vestibular, aspectos semânticos de um termo dentro de seu contexto são o ponto de partida para a resolução das questões.Também, poderá ser exigido do candidato compreender as possibilidades de variação linguística. Os temas de maior incidência são a com- preensão conotativa e denotativa de ter- mos no âmbito de determinado texto e o uso das pontuações para a construção de sentido. Além disso, temas que atra- vessam conhecimentos a respeito das classes gramaticais. Concordâncias verbal e nominal, regên- cia e aspectos sintáticos na dinâmica de um texto aparecem com frequência nas provas. De igual modo, as diferentes situações que conduzem a pontuação também aparecem com frequência. Bastante direto e objetivo, o vestibular da Santa Casa faz exigências de com- preensão sobre vozes verbais e classes gramaticais. É seguro, então, entender os procedimentos textuais que configuram as especificidades destes temas. Tam- bém, a atenção à pontuação é uma constante. A prova da UEL cobra conhecimentos gramaticais apenas na segunda fase. Questões que associam a semântica à interpretação de textos literários são co- muns, além de um trabalho mais direcio- nado à formação de palavras e às classes gramaticais (substantivo, adje- tivo e verbo). A Semântica é trabalhada em contexto, sempre em comparação e por relações de equivalência.Além disso, questões objeti- vas que abordem a Morfologia do portu- guês podem, também, aparecer com uma grande incidência. Questões que exigem conhecimentos sobre elementos coesivos e figuras de linguagem, bem como aspectos se- mânticos que podem aparecer em um texto, seja por expressões denotativa ou conotativa. O uso de vozes verbais e os processos de formação de palavras. Igualmente, o sentido de determinado tempo verbal na dinâmica textual, bem como os prejuízos que a mudança de um modo verbal a outro pode provocar a um texto. Os temas de maior incidência são classes de palavras e pontuação. Por isso, com- preender aspectos morfológicos e recur- sos coesivos é essencial para a resolução de suas questões. Essa prova é bastante flexível no que diz respeito aos temas que aborda. Faz exi- gências sobre tempos e modos verbais, elementos coesivos e funções sintáticas. Apesardisso,demodogeral,suasquestões são bastante objetivas.
  • 7. 7 VOLUME 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias 1. Morfologia: formação de palavras Neste tópico, estudaremos os processos de estruturação e formação de uma palavra em língua portuguesa. Palavra: unidade linguística de som e significado que entra na composição dos enunciados da língua. Embora representem uma totalidade, as palavras podem ser decompostas de modo que reconheçamos as unida- des menores que as compõem. Esses elementos menores são todos dotados de significação e recebem o nome de morfemas. Morfema:unidades mínimas de uma palavra,que pos- suem significação. 1.1. Morfemas § Radical (morfema lexical): é a parte da palavra que contém o seu significado básico e também é comum às palavras chamadas de cognatas (que pertencem à mesma família etimológica). Exemplos: terra; terreiro; terrestre; enterrar. § Afixos (morfemas gramaticais): são elementos que se juntam ao radical para formar novas palavras. Podem aparecer antes do radical (prefixos) ou depois do radical (sufixos). Exemplos: desfazer (radical com encaixe de um prefixo) recentemente(radicalcomencaixedeumsufixo) § Desinências: são os morfemas que indicam flexões de palavras variáveis. São subdivididas em desinência- -nominal (em que ocorrem flexões de gênero e de nú- mero) e desinência-verbal (com flexão modo-tempo e número pessoa). Exemplos: a)desinência-nominal:garota/garotas/exaus- ta / exaustas b) desinência-verbal: derrubar / derrubamos / derrubassem / derrubaria § Vogal temática: é um morfema vocálico que se acrescenta aos radicais antes das desinências. Temos dois tipos: a) Vogal temática nominal Em radicais nominais (paroxítonos ou proparoxítonos) são acrescentadas as vogais átonas “-a”,“-e” ou “-o” que in- dicarão classe gramatical. Exemplo: revista / inteligente b) Vogal temática verbal Indicam a conjugação dos verbos. Funcionam da seguinte maneira: Vogal “-a” = (1ª conjugação) / Vogal “-e” = (2ª conjugação) /Vogal “-i” = (3ª conjugação) Exemplo: convida / escreve / sorri Palavras primitivas e derivadas O conceito de palavras primitivas e derivadas é bastan- te complexo e maleável, dependendo de uma observa- ção cuidadosa de determinadas palavras. No geral,palavras primitivas são aquelas que não de- rivam de outras;já as palavras derivadas,originam-se de palavras primitivas. Em geral, são consideradas pala- vras primitivas substantivos que designam objetos, es- paços,materiais ou circunstâncias (Exemplos:flor,pedra, banana, avião, tempo, ano, dia, mar, ferro, chuva, entre FORMAÇÃO DE PALAVRAS COMPETÊNCIA(s) 1 e 8 HABILIDADE(s) 1, 2, 3, 4, 26 e 27 LC AULAS 1 E 2
  • 8. 8 VOLUME 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias outras palavras). São dessas palavras anteriormente citadas que surgem as palavras derivadas (Exemplos: florista, pedreiro, bananeiro, temporal, diário, marítimo, chuvoso, entre outras). Também temos tempos verbais primitivos. Em geral, são verbos no infinitivo onde não seja possível pres- supor a existência de um substantivo que se refira a algum objeto (Exemplo: falar, dançar, cair, correr, seriam verbos primitivos.Já um verbo como“ancorar”nos per- mite recuperar um substantivo primitivo que designa um objeto:“âncora”). § Vogal e consoante de ligação As vogais e consoantes de ligação são elementos que unem determinados radicais a certos sufixos que facilitam ou, ainda, possibilitam a leitura de uma palavra. Não são considerados morfemas, uma vez que não possuem se- mântica / sentido. Exemplo 1: trico – t – ar (a letra“t”é a consoante que liga o radical“tricô”ao sufixo formador de verbos no infinitivo “-ar”. Exemplo 2: gas – ô – metro (a letra“o”é a vogal que liga o radical“gás”ao sufixo formador de substantivos “-metro”. 1.2. Processos de formação Basicamente,aspalavrasdalínguaportuguesasãofor­madas pelos processos de derivação e composição. Além des- ses,também temos outros processos que contribuem para a criaçãodenovaspalavras,comoaonomatopeia,oneolo­ gismo e o hibridismo. 1.2.1. Formação por derivação Em geral, no processo de formação por derivação, a pala- vra primiti­ va (primeiro radical) sofre acréscimo de afixos. Há também outros processos que não envolvem encaixe de prefixo ou sufixo.Vejamos: § Derivação prefixal: acréscimo de prefixo à palavra primitiva. Exemplo: in-capaz. § Derivação sufixal: acréscimo de sufixo à palavra primitiva. Exemplo: papel-aria. § Derivação prefixal + sufixal: acrescenta-se um prefi- xo e um sufixo a um mesmo radical de modo sequencial, ou seja,os afixos não são encaixados ao mesmo tempo. Percebe-se facilmente, ao remover um dos afixos, a pre- sença de uma palavra com sentido completo. Exemplo: in-feliz-mente. § Derivaçãoparassintética:acréscimosimultâneodeum prefixo e de um sufixo a um mesmo radical ou à palavra primitiva.Emgeral,asformaçõesparassintéticasoriginam- -se de substantivos ou adjetivos para formarem verbos. Exemplo: en-triste-cer. § Derivação regressiva: ocorre redução da palavra pri- mitiva. Nesse processo, formam-se substantivos abstra- tos por derivação regressiva de formas verbais. Exemplo: ajudar >>> (a) ajuda. § Derivação imprópria: ocorre a alteração da classe gramatical da palavra primitiva. Exemplo: olhar (verbo) >>> (o) olhar (substantivo). 1.2.2. Formação por composição Nos processos de formação de palavras por composição, ocorre a junção de dois ou mais radicais. Palavras com significados distintos formam uma nova palavra com um novo significado. São dois os processos de formação por composição: § Composição por justaposição: quando não ocorre a alteração fonética das palavras. A justaposição tam- bém pode ocorrer por hifenização. Exemplos: girassol(gira+sol);guarda-chuva(guarda+chuva). § Composição por aglutinação: quando ocorre alte- ração fonética, em decorrência da perda de elementos das palavras.
  • 9. 9 VOLUME 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias Exemplos: aguardente (água + ardente);embora (em + boa + hora). 1.3. Outros processos 1.3.1. Hibridismo No processo de formação por hibridismo, as palavras compostas ou derivadas são constituídas por elementos originários de línguas diferentes: § grego + latim: automóvel e monóculo § latim + grego: sociologia, bicicleta § árabe + grego: alcaloide, alcoômetro § tupi + grego: caiporismo § africano + latim: bananal § africano + grego: sambódromo § francês + grego: burocracia 1.3.2. Neologismo Neologismo é o nome dado ao processo de criação de novas palavras. São três tipos: Semântico (a palavra já existe no dicionário,mas adquire um novo significado);Le- xical (criação de uma palavra nova, sem necessariamente seguir regras formais); Sintático (construção sintática que passa a ter um significado específico). Exemplos: Originalmente, a palavra bonde significava certo veículo utilizado como meio de transporte. Hoje, na variedade linguística utilizada por falantes inse- ridos no estilo do funk carioca, foi dado um novo significado para a palavra bonde:turma,galera. É comum formar verbos a partir de palavras do meio da informática, como googlar (procurar no Google), twittar (escrever no Twitter) ou resetar (de reset). Neste poema, o autor joga com os diferentes sentidos produzidos por morfemas iguais ou semelhantes. Diversonagens suspersas (Paulo Leminski) Meu verso, temo, vem do berço. Não versejo porque eu quero, versejo quando converso e converso por conversar. Pra que sirvo senão pra isto, pra ser vinte e pra ser visto, pra ser versa e pra ser vice, pra ser a super-superfície onde o verbo vem ser mais? Não sirvo pra observar. Verso, persevero e conservo um susto de quem se perde no exato lugar onde está. Onde estará meu verso? Em algum lugar de um lugar, onde o avesso do inverso começa a ver e ficar. Por mais prosas que eu perverta, não permita Deus que eu perca meu jeito de versejar. (Paulo Leminski, in:Toda Poesia) multimídia: poema • poesia
  • 10. 10 VOLUME 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias VIVENCIANDO A tabela abaixo traz significados de prefixos e radicais, alguns frequentemente usados no dia a dia. Prefixos latinos Significados Exemplos a–, ab–, abs– afastamento, separação abstenção, abdicar a–, ad–, ar–, as– aproximação, direção adjunto, advogado, arribar, assentir ambi– ambiguidade, duplicidade ambivalente, ambíguo ante– anterioridade anteontem, antepassado aquém– do lado de cá aquém-mar bene–, bem– excelência, bem beneficente, benfeitor bis–, bi– dois, duas vezes, repetição bípede, binário, bienal com– (con–), co– (cor–) companhia, contiguidade compor, conter, cooperar contra– oposição controvérsia, contraveneno cis– posição, aquém de cisandino, cisalpino de–, des– separação,privação,negação,movimento decimaparabaixo deportar, demente, descrer, decair, decrescer, demolir dis– separação, negação dissidência, disforme e– ,en– ,em– introdução, superposição engarrafar, empilhar e–, es–, ex– movimento para fora, privação emergir, expelir, escorrer, extrair, exportar, esvaziar, esconder, explodir extra– posição exterior, excesso extraconjugal, extravagância intra–, posição interior intrapulmonar, intravenoso i–, im–, in– negação, mudança ilegal, imberbe, incinerar infra– abaixo, na parte inferior infravermelho, infraestrutura justa– posição ao lado justalinear, justapor o–, ob– posição em frente, oposição obstáculo, obsceno, opor, ocorrer per– movimento através de perpassar, pernoite pos– ação posterior, em seguida pós-datar, póstumo pre– anterioridade, superioridade pré-natal, predomínio pro– antes, em frente, intensidade projetar, progresso, prolongar preter–, pro– além de, mais para frente prosseguir re– repetição, para trás recomeço, regredir retro– movimento mais para trás retrospectivo Radicais latinos Significados Exemplos aristo– melhor, nobre aristocracia arqueo– antigo arqueologia, arqueólogo anthos– flor antologia, crisântemo, perianto atmo– ar atmosfera auto– mesmo, próprio autoajuda, autômato baro– peso, pressão barômetro, barítono biblio– livro bibliófilo, biblioteca
  • 11. 11 VOLUME 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias VIVENCIANDO Radicais latinos Significados Exemplos bio– vida biologia, anfíbio caco– mau cacofonia, cacoete cali– belo caligrafia, calígrafo carpo– fruto pericarpo céfalo– cabeça cefalópodes, cefaleia, acéfalo cito– célula citoplasma, citologia copro– fezes coprologia, coprófagas cosmo– mundo microcosmo, cosmonauta crono– tempo cronômetro, diacrônico dico– em duas partes dicotomia, dicogamia eno– vinho enologia, enólogo entero– intestino enterite, disenteria etno– povo étnico, etnia, etnografia filo–, filia– amigo, amizade filósofo, filantropia fono– som, voz fonética, disfônica gastro– estômago gastrite, gastronomia hemo– sangue hemorragia, hemodiálise hidro– água hidravião, hidratação higro– úmido higrófito, higrômetro hipo– cavalo hipódromo, hipopótamo –ambulo que anda noctâmbulo, sonâmbulo –cida que mata fraticida, inseticida –cola que habita arborícola, silvícola –cultura que cultiva triticultura, vinicultura –evo idade longeva, longevidade –fero que contém ou produz mamífero, aurífero –fico que faz ou produz benéfico, maléfico –forme que tem a forma cordiforme, uniforme –fugo que foge vermífugo, centrífugo –grado grau, passo centígrado –luquo que fala ventríloquo –paro que produz ovíparo –pede pé velocípede, bípede –sono que soa uníssono –vago que vaga noctívago –voro que come carnívoro, herbívoro, onívoro
  • 12. 12 VOLUME 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias VIVENCIANDO Prefixos gregos Significados Exemplos acro– alto acrobata, acrópole aero– ar aerodinâmica agro– campo agrônomo, agricultura antropo– homem antropofagia, filantropo homo– igual homônimo, homógrafo idio– próprio idioma, idioblasto macro–, megalo– grande, longo macronúcleo, megalópole metra– mãe, útero endométrio, metrópole meso– meio mesóclise, mesoderma micro– pequeno micróbio, microscópio mono– um monarquia, monarca necro– morto necrópole, necrofilia, necropsia nefro– rim nefrite, nefrologia odonto– dente odontalgia, odontologia oftalmo– olho oftalmologia, oftalmoscópio onto– ser, indivíduo ontologia orto– correto ortópteros, ortodoxo, ortodontia pneumo– pulmão pneumonia, dispneia Radicais gregos Significados Exemplos –agogo o que conduz demagogo, pedagogo –alg, –algia sofrimento, dor analgésico, cefalalgia, lombalgia –arca o que comanda monarca, heresiarca –arquia comando, governo anarquia, autarquia, monarquia –cracia autoridade, poder aristocracia, plutocracia, gerontocracia –doxo que opina paradoxo, heterodoxo –dromo corrida, pista hipódromo –fagia ato de comer antropofagia, necrofagia –fago que come antropófago, necrófago –filo, –filia amigo, amizade bibliófilo, xenófilo, lusofilia –fobia inimizade, ódio, temor xenofobia –fobo aquele que odeia xenófobo, hidrófobo –gamia casamento monogamia, poligamia –gene que gera, origem heterogêneo, alienígena –gênese geração esquizogênese, metagênese –gine mulher andrógino, ginecóforo –grafia descrição, escrita caligrafia, geografia
  • 13. 13 VOLUME 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias VIVENCIANDO Radicais gregos Significados Exemplos –gono ângulo pentágono, eneágono –latria que cultiva idolatria –log, –logia que trata, estudo psicólogo, andrologia –mancia adivinhação cartomante, quiromancia –mani loucura, tendência megalomaníaco –mania loucura, tendência cleptomania –metro que mede barômetro, termômetro –morfo forma, que tem a forma amorfa, zoomórfico –onimo nome sinônimo, topônimo –polis, –pole cidade metrópole –potamo rio mesopotâmia, hipopótamo –ptero asa helicóptero –scopia o que faz ver endoscopia, telescópio –sofia sabedoria, saber filosofia, teosofia –soma corpo cromossomo –stico verso monóstico, dístico –teca lugar, coleção biblioteca, hemeroteca –terapia cura, tratamento hidroterapia –tomia corte, divisão vasectomia, anatomia –topo lugar topografia, topônimo –tono tom barítono, monótono
  • 14. 14 VOLUME 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias DIAGRAMA DE IDEIAS GRAMÁTICA NORMATIVA MORFOLOGIA FORMAÇÃO DE PALAVRAS COMPOSIÇÃO ARTIGO SUBSTANTIVO ADJETIVO VERBO ADVÉRBIO PRONOME NUMERAL PREPOSIÇÃO CONJUNÇÃO INTERJEIÇÃO DERIVAÇÃO • SUFIXAL • PREFIXAL • IMPRÓPRIA • REGRESSIVA • PARASSINTÉTICA FORMAÇÃO DE PALAVRASA PARTIR DE UM ÚNICO RADICAL FORMAÇÃO DE PALAVRAS COM MAIS DE UM RADICAL CLASSES DE PALAVRAS ESTUDO DOS PROCESSOS DE FORMAÇÃO DE PALAVRAS • JUSTAPOSIÇÃO • AGLUTINAÇÃO
  • 15. 15 VOLUME 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias 1. Artigo Artigo é a palavra que se antepõe a um substantivo (é um marcador pré-nominal),com a função inicial de determiná- -lo ou indeterminá-lo. Subdivide-se em dois grupos: defini- dos e indefinidos. § Artigos definidos: determinam o substantivo de ma- neira precisa. São eles: o(s), a(s). Exemplo: Preciso que você me traga a cadeira branca. (O artigo definido marca a necessidade de se pegar uma cadeira determinada.) § Artigos indefinidos: dão ao substantivo um caráter vago / impreciso. São eles: um(uns), uma(s). Exemplo: Preciso que você me traga uma cadeira branca.(O artigo indefinido marca a possibilidade de se pegar uma cadeira qualquer,indeterminada.) 1.1. Artigo combinado com preposições A contração de artigos com preposições é um movimento essencial para a demarcação de sentido em construções textuais. Muitas vezes, fazer ou não fazer a contração do artigo com a preposição pode alterar significativamente o entendimento que se tem de um texto. Esses eventos tex- tuais serão discutidos no próximo tópico (o artigo aplicado ao texto). Ficaremos aqui com as possibilidades de contra- ção do artigo com a preposição. Preposições Artigos o, os a, as * um, uns uma, umas a ao, aos à, às * — — de do, dos da, das dum, duns duma, dumas em no, nos na, nas num, nuns numa,numas por pelo, pelos pela, pelas — — * A junção de “a” (preposição) + “a” (artigo) é o que dá origem ao fenômeno da crase, que será discutido em momento oportuno. 1.2. Artigo aplicado ao texto O artigo talvez seja uma das classes gramaticais mais su- bestimadas da língua portuguesa, e isso ocorre, principal- mente, pelo fato de, em âmbito escolar, ser apresentado apenas em suas características estruturais mais básicas, sem o devido aprofundamento semântico ou textual que os vestibulares costumam abordar. Por esse motivo, apre- sentaremos a seguir as aplicações textuais do artigo. 1.2.1. Artigo como marcador de quantidade A presença ou ausência do artigo pode servir como quan- tificador de elementos. Exemplos: Casa de câmbio da Rua do Ouvidor foi assalta- da. (A ausência de artigo indica que há mais de uma casa de câmbio na rua). A casa de câmbio da Rua do Ouvidor foi assal- tada.(A presença de artigo indica que há apenas uma casa de câmbio na rua). 1.2.2. Artigo como marcador de convívio/intimidade A presença ou ausência do artigo pode servir como algo que marca certos afetos em relação aos indivíduos. Exemplos: A gerência será assumida por Gerson Soares, do almoxarifado. (A ausência de artigo indica distanciamento de Gerson, marcando o fato de que, possivelmente, nem todos o conheçam.) A gerência será assumida pelo Gerson Soares, do almoxarifado.(Apresençadeartigoindicaintimida- de com Gerson, podendo demarcar a ideia de que muitas pessoas da empresa conhecem o Gerson.) ARTIGOS, SUBSTANTIVOS E ADJETIVOS COMPETÊNCIA(s) 1 e 8 HABILIDADE(s) 1, 2, 3, 4, 26 e 27 LC AULAS 3 E 4
  • 16. 16 VOLUME 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias 1.2.3. Artigo marcando conhecimento ou desconhecimento de substantivos Os artigos definido e indefinido podem marcar o conheci- mento ou o desconhecimento de certos assuntos conduzi- dos por substantivos. Exemplos: Foi localizado, ontem, o jovem serial-killer que havia fugido da cadeia. (O artigo definido nos transmite a ideia de que a notícia da fuga do jo- vem era de conhecimento dos leitores, ou seja, o substantivo era conhecido.) Foi localizado, ontem, um jovem serial-killer que havia fugido da cadeia. (O artigo indefinido nos transmite a ideia de que a fuga do jovem era no- vidade para os leitores,ou seja,o substantivo era desconhecido.) 1.2.4.Artigocomoparticularizadorougeneralizador Exemplos: Garfield é um gato. (O artigo indefinido marca a ideiadequeGarfieldémaisumentreosváriosga- tos no mundo,ou seja,generaliza o substantivo.) Garfield é o gato.(O artigo definido marca a ideia de que Garfield é um gato especial em relação a outros gatos, ou seja, particulariza e destaca o substantivo.) 1.2.5.Artigocomomarcadordecoerênciatextual Para marcarmos coerência textual, muitas vezes nos vale- mos das capacidades de determinação e indeterminação dos artigos. Exemplos: Uma feira de livros usados terá início nesse fim de semana, em Sorocaba. A feira contará com a participação de sebos e livrarias da região... No exemplo apresentado, constatamos que, quando pre­ cisamos introduzir uma informação que nosso interlocu- tor desconhece, utilizamos primeiro um artigo indefinido e, depois de apresentado o substantivo, (no caso, “feira”) começamos a demarcá-lo a partir do artigo definido. Há também outra possibilidade de organização: Exemplos: — Então, como é o sítio? — Bem, é um sítio antigo, retiramos a água do poço, mas é bastante tranquilo... Nesse segundo exemplo, a coerência textual é definida quando é apresentado um substantivo definido que nosso interlocutor conhece. Para satisfazer a demanda de expli- cação,o interlocutor abre sua explicação marcando o subs- tantivo com artigo indefinido. Fonte:Youtube A canção,em seu refrão,recorre às propriedades semân- ticas do emprego dos artigos: “Ele é o homem /Eu sou apenas uma mulher”. Esse cara (Caetano Veloso) Ah! Que esse cara tem me consumido A mim e a tudo que eu quis Com seus olhinhos infantis Como os olhos de um bandido Ele está na minha vida porque quer Eu estou pra o que der e vier Ele chega ao anoitecer Quando vem a madrugada ele some Ele é quem quer Ele é o homem Eu sou apenas uma mulher multimídia: letra e música 2. Substantivo Classe de palavras variável que dá nome a seres reais ou imaginários (pessoas, animais ou objetos), lugares, quali- dades, ações ou sentimentos. Em suma, que pode ter exis- tência concreta ou abstrata. É importante, pensando em provas de vestibular, que consigamos entender que os conhecimentos a respeito de elementos mais básicos de classificação de substanti- vos (ligados à morfologia) não são efetivamente exi- gidos em provas de vestibulares.Hoje em dia,as pro- vas esperam que os alunos saibam localizar substantivos com precisão, a fim de que sejam capazes de resolver exercícios de compreensão textual (por exemplo, enten- der as funções textuais de um substantivo) ou mesmo de sintaxe. Em suma, dividiremos o conteúdo a seguir en- tre os conteúdos de baixa incidência em provas de vestibular e os conteúdos de maior incidência em provas de vestibular.Vejamos então:
  • 17. 17 VOLUME 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias I. Conteúdos de baixa incidência em provas de vestibular. 2.1. Classificação de substantivos § Próprio: nomeia determinados indivíduos de uma es- pécie (designação específica), como um homem, um país ou uma cidade específicos. Exemplos: Paulo;Pedro;Roma;Folha de S.Paulo. § Comum: nomeia,sem distinção,todos os seres de uma espécie (designação genérica). Exemplos: cadeira; porta; sala; cidade; homem. § Concreto: nomeia os seres de existência concreta, real, palpável “a pedra” ou “a porta”, por exemplo e também seres dos quais já se constituiu uma imagem histórica “a bruxa” ou “a fada”, por exemplo. § Abstrato: nomeia elementos não palpáveis, como sen- timentos,sensações,qualidades,estados,noções e ações. Exemplos: maldade; compaixão; beijo; largura. 2.2. Flexão dos substantivos 2.2.1. Número Os substantivos podem se flexionar em número, indi- cando quantidades de certos termos/elementos. Existe, a princípio, uma regra geral, e também algumas variantes que são apresentadas a seguir: § Regra geral: o plural dos substantivos terminados em vogal ou ditongo exige o acréscimo do sufixo marcador de plural “–s”. Exemplos: cadeira – cadeiras;mãe – mães; perna – pernas. Substantivos terminados em ”–ão” § Fazem o plural em “–ãos”. Exemplos: cidadão–cidadãos;irmão–irmãos;órgão–órgãos. § Fazem o plural em “–ães”. Exemplos: escrivão – escrivães; cão – cães; alemão – alemães. § Fazem o plural em “–ões”. Exemplos: canção – canções; gavião – gaviões; botão – botões. Fonte:Youtube A canção é composta por substantivos de diferentes naturezas. Nome das coisas (Karnak) Nomes se dão às coisas / Nomes se dão Nomes se dão às pessoas / Nomes se dão Nomes se dão aos deuses / na imensidão do céu Nomessedãoaosbarquinhos/naimensidãodomar Nomes se dão às doenças / na imensidão da dor Nomes se dão às crianças / na imensidão do amor You and me Salame / Batata / Barata / Bigorna / Casa / Comida / Bicho / Paçoca /Tampinha de caneta / Bolinha de sabão / Rabo de galo /Circo / Pão / Conchinha de galinha / Coxinha do mar / Linha / Palito / Terra / Água / Ar / Seriema / Tatu / Mertiolate / Saci / Rocambole de laranja / Revista / Gibi / Pipoca / Margari- na / Lentilha / Leitão / Carrinho de feira /Terremoto / Furacão / Centopeia / Isqueiro / Cefaleia / Blefarite / Cimento / Colar / Rissole / Rinite / Armário / Geladeira / Furadeira / Cobertor / Ladeira / Pedreira / Fogueira / Extintor / Jetom / Bazuca / Suporte / Argamassa / Fio de nylon / Lamparina / Chocolate / Queratina / Juliana / Cadarço / Picareta / Beija-flor / Convida- dos / Esfiha / Chupeta / Fruta-cor /Trompete / Arame / Hepa- tite / Fac-símile / Chocalho / Geleia / Biga / Mocreia / Apolo / Nostradamus / Filarmônica / Marisa / Biriba / Pelé / Afrodite / José / Filho /Veleiro /Alá / Deus / Salomão / Peixe / Pão multimídia: letra e música Substantivos terminados em consoantes § “r“,“z“ e “n“ fazem o plural em “–es“. Exemplos: mar – mares; rapaz – rapazes. § Substantivos oxítonos terminados em “–s“ e “–z“ fa- zem o plural em “–es“.
  • 18. 18 VOLUME 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias Exemplos: país – países; raiz – raízes. § Substantivos paroxítonos terminados em “–s“ são invariáveis. Exemplos: atlas – atlas; lápis – lápis. § Substantivos terminados em “–al“, “–el“, “–ol“ e “–ul“ substituem no plural o “–l“ por “–is“. Exemplo: animal – animais. § Substantivos oxítonos terminados em “–il“ fazem o plural em “–s“. Exemplos: ardil – ardis; funil – funis. § Substantivos paroxítonos terminados em“–il“ fazem o plural em “–eis“. Exemplos: fóssil – fósseis. 2.2.2. Gênero Há dois gêneros na língua portuguesa: o masculino e o feminino. Também existe uma regra geral e algumas va- riantes a serem observadas: § Regra geral: são masculinos os substantivos que po- dem ser precedidos pelo artigo“–o”e femininos os que podem ser precedidos pelo artigo“–a”. Exemplos: o poema; o pão (masculinos); a mão; a fruta (femininos). Substantivos biformes Possuem duas formas diferentes para designação de gê- nero e geralmente são formados pela substituição da desi- nência “–o” pela desinência “-a”. Exemplos: menino – menina; garoto – garota. Há também substantivos biformes formados por radicais diferentes. Exemplos: homem – mulher;cavalheiro – dama. Substantivos uniformes São aqueles que apresentam uma única forma para mar- cação de gênero: § Epicenos: usados para nomes de animais de um só gênero que designam ambos os sexos. Exemplos: a águia;a mosca;o condor; o gavião. § Comuns de dois: a marcação de gênero é feita ex- clusivamente pelos artigos. O substantivo se mantém. Exemplos: o agente – a agente; o gerente – a gerente. § Sobrecomuns: apresentam um só termo para os gê- neros masculino e feminino. Exemplos: a criança; a testemunha; o cônjuge. Observação Caso haja necessidade de especificar o sexo do ani- mal, juntam-se aos substantivos os adjetivos macho ou fêmea: Exemplos: gavião macho – gavião fêmea; tatu macho – tatu fêmea. 2.2.3. Grau Os substantivos se flexionam em grau,que marca aumento ou diminuição: § Grau normal: homem; boca. § Grau aumentativo: homenzarrão; bocarra. § Grau diminutivo: homenzinho; boquinha. § Grau diminutivo / aumentativo sintético (subs- tantivo acrescido de um sufixo que indica aumento ou diminuição): chapeuzinho, chapelão; homúnculo, ho- menzarrão; boquinha, bocarra. § Grau diminutivo / aumentativo analítico (subs- tantivo acompanhado de um adjetivo que indica au- mento ou diminuição): boca grande; homem pequeno.
  • 19. 19 VOLUME 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias II. Conteúdos de maior incidência em provas de vestibular a) Lembrar que o substantivo é chamado também de “nome” Nos estudos gramaticais, em geral, alguns elementos que não fazem parte da categoria “verbos” são denominados como elementos nominais. No entanto, vale ressaltar que o elemento nominal “por excelência” é o substanti- vo, pois ele é o elemento “nomeador” da língua. Embora seja uma informação simples (lembrar que o substantivo é chamado de“nome”),tal informação será essencial para a melhor organização dos estudos em sintaxe. Por exemplo, a categoria conhecida como adjunto adnominal é com- posta por itens que “acompanham”, que “estão juntos”, que “estão ao lado” de um elemento nominal (em ter- mos mais práticos,um“adjunto adnominal”é um item que fica “junto” do “nome”, ou “junto” do “substantivo”). Ter essa noção, ajuda a diluir a confusão que comumente ocorre quando precisamos, mais adiante, nomear determi- nadas categorias sintáticas. b) Saber que o substantivo é precedido de artigo (e que pode vir também precedido ou acompanhado de outras categorias gramaticais) O método mais prático para confirmarmos se uma palavra é, ou não, um substantivo consiste em inserirmos diante dela um artigo (o,a,um,uma ou as formas plurais desses itens). Por exemplo, desejo saber se “floresta” é um subs- tantivo. Pronuncio, então: “a floresta”. Funcionando, te- nho a confirmação de que “floresta” é um substantivo. Tal procedimento não funcionaria, por exemplo, diante de um “verbo” (por exemplo, a construção “a dormir”, não existe em português). Outro ponto relevante é que, embora seja comum utilizar- mos artigos com elementos que precedem substantivos, tambémpodemosteroutrascategoriasque“acompanham” substantivos, como pronomes (“essa floresta”), numerais (“duas florestas”) e adjetivos (“florestas imensas”). c) Saber que o substantivo será o núcleo diversas funções sintáticas que serão estudadas em tópicos futuros Muitas vezes saímos da escola “abarrotados” de nomen- claturas sintáticas na cabeça, que muitas vezes temos di- ficuldade em organizar e dominar.Algo que ajudará nes- se processo é entender que, uma vez que você se torne um bom “localizador” de substantivos, você está a meio caminho de se tornar um bom “localizador” de determi- nadas categorias sintáticas. Isso porque o substantivo é núcleo (parte essencial de uma categoria sintática, que comporta maior carga de sentido) de categorias que es- tudaremos mais adiante como sujeito, objeto direto, objeto indireto, complemento nominal, entre ou- tras.Vejamos alguns exemplos: Exemplos: O agricultor cuida do solo Substantivo é núcleo do sujeito O agricultor cuida do solo Substantivo também é núcleo do objeto indireto d) O substantivo possui funções de organização textual A construção de um texto depende essencialmente dos substantivos, pois é deles que parte o processo de refe- rencialidade. Entende-se por referencialidade a capacidade que os subs- tantivos têm de apontar para os elementos do mundo que compõem sentido, e também de fazer com que esses sen- tidos sejam construídos à medida que novos substantivos apareçam no texto.O movimento de referencialidade parte de três pressupostos importantes: § Introdução/construção: apresenta um ou mais substantivos no texto que servirão não apenas de intro- dução, mas também como elementos que constituem / fundamentam uma ideia. É a partir desse(s) substanti- vo(s) que o texto e seu sentido são construídos. § Retomada/manutenção: usam-se outros substan¬- tivos muito similares ao(s) primeiro(s) apresentados no início do texto, que permitirão reto¬mar a ideia inicial- mente apresentada (o que contribui para a manuten- ção de sentido). § Desfocalização: é o momento do texto em que en- tram em cena novos substantivos que tomam o foco para si e ampliam os sentidos do texto. 3. Adjetivo Classe de palavras variável que acompanha e modifica o substantivo, podendo caracterizá-lo ou qualificá-lo. Assim como alertamos mais acima, pensando em pro- vas de vestibular, é importante que consigamos enten- der que os conhecimentos a respeito de elementos mais básicos de classificação de adjetivos (ligados à morfolo- gia) não são efetivamente exigidos em provas de vestibulares. Hoje em dia, as provas esperam que os
  • 20. 20 VOLUME 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias alunos saibam localizar adjetivos e locuções adjetivas com precisão, a fim de que sejam capazes de resolver exercícios de compreensão textual (por exemplo, en- tender as funções textuais de um adjetivo) ou mesmo de sintaxe. Desse modo, aqui no tópico de “Adjetivos”, também dividiremos o conteúdo a seguir entre os con- teúdos de baixa incidência em provas de vestibu- lar e os conteúdos de maior incidência em provas de vestibular.Vejamos então: I.Conteúdos de baixa incidência em provas de ves- tibular. 3.1. Nomes substantivos e nomes adjetivos No contexto de uma frase, é possível identificar palavras de outras classes, entre elas os adjetivos, que se transformam emnomes(substantivos)desdequeprecedidasdeumartigo. Exemplos: ojovemdesempregado;umdesempregadojovem. § Adjetivos Pátrios e Gentílicos Derivados de substantivos, os adjetivos que in- dicam a nacionalidade de pessoas e coisas são chamados pátrios.Exemplos: brasileiro;mineiro; paranaense; paulista; português. Os que indicam etnias e povos são os adjetivos gentílicos. Exemplos: israelita; semita; europeu; africano; curdo. § Adjetivos pátrios e gentílicos compostos Exemplos: luso-brasileiro; euro-asiático; teuto-brasileiro; afro- -americano; franco-suíço; hispano-americano; aus- tro-húngaro;indo-europeu,anglo-americano. 3.1.1. Flexão do adjetivo § Número: o adjetivo toma a forma singular ou plural do substantivo que ele determina. Exemplos: aluno estudioso – alunos estudiosos; aluna apli- cada – alunas aplicadas; perfume francês – per- fumes franceses. § Plural dos adjetivos compostos: apenas o último elemento vai para o plural. Exemplos: clínicasmédico-dentárias;institutosítalo-brasileiros. Memórias Póstumas de Brás Cubas (Machado de Assis) No primeiro capítulo, o autor trabalha com os sentidos das palavras “autor” e “defunto” em diferentes classes gramaticais. Capítulo I - ÓBITO DO AUTOR [...] Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente mé- todo: a primeira é que eu não sou propriamente um au- tor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo. [...] multimídia: livro 3.1.2. Grau dos adjetivos § Comparativo: indica determinada qualidade em grau igual, superior ou inferior a outra (Comparativo de Igualdade, de Superioridade e de Inferioridade). Exemplos: Pedroétãoestudiosocomo(ouquanto)Rodrigo. Pedro é mais estudioso do que Rodrigo. Pedro é menos estudioso do que Rodrigo. § Superlativo: expressa determinada qualidade em grau elevado.Pode ser SuperlativoAbsoluto ou Relativo. O Superlativo Absoluto se apresenta como Sinté- tico (com o acréscimo de sufixos) e Analítico (com o auxílio de advérbios que dão ideia de intensidade). Exemplos: Pedro é inteligentíssimo. (Superlativo Absolu- to Sintético). Rodrigo é muito inteligente. (Superlativo Ab- solutoAnalítico). O Superlativo Relativo indica qualidade em grau mais ou menos elevado em comparação à totalidade dos seres. Pode ser: Relativo de Su- perioridade e de Inferioridade.
  • 21. 21 VOLUME 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias Exemplos: João é o aluno mais estudioso da classe. (Superlativo Relativo de Superioridade). João é o aluno menos estudioso da classe.(Superlativo Relativo de Inferioridade). Observação 1 Há uma exceção: surdo-mudo / surdos-mudos. Observação 2 São invariáveis os adjetivos referentes a cores se o último elemento ou ambos forem substantivos: blusas vermelho-sangue; vestidos cor de rosa; blusas verde-limão. II. Conteúdos de maior incidência em provas de vestibular a) Lembrar que a posição de um adjetivo em relação a um substantivo “pode” modificar as relações de sentido. Exemplos Ele é um atleta pobre (sem recursos financeiros / sem dinheiro) Ele é um pobre atleta (um atleta medíocre / sem grandes habilidades) Embora a posição mais tradicional de inserção do adjetivo seja posterior ao substantivo, a gramática normativa autoriza a inversão de posições; desde que, é claro, estejamos atentos sobre possíveis mudanças de sentido. Nos exemplos apresen- tados acima, a mudança de posição entre as palavras “atleta” e “pobre” criou nuances variadas de sentido. É importante ressaltar que isso não ocorrerá sempre.Por exemplo, dizer que“o Brasil precisa de um jornalismo novo” e dizer que“o Brasil precisa de um novo jornalismo” (em que modificamos as posições do adjetivo “novo” em relação ao substantivo “jornalismo”) não muda efetivamente nada do ponto de vista do sentido. b) O adjetivo possui funções de organização textual Os adjetivos exercem o importante papel de auxiliar nos processos descritivos de um texto.Em termos mais claros,os adjeti- vos são responsáveis por compor sentenças que, por exemplo, caracterizem os personagens de uma narrativa (suas roupas, atitudes, etc.) ou que apresentem detalhes a respeito de uma localização (detalhes de uma cidade, ou ambiente florestal), entre outras caracterizações. Em textos literários brasileiros do período romântico, por exemplo, havia a necessidade de se evidenciar características que valorizassem a nação. Por esse motivo, encontramos obras em que há grandes processos de adjetivação caracterizando o ambiente brasileiro (o livro Iracema, de José deAlencar, é um grande exemplo). c)A locução adjetiva Alocução adjetivaéumacategoriamorfológicaem que utilizamosduasestruturas(emgeral,umapreposição +umsubstan- tivo) que,no final,funcionam como um único adjetivo (caracterizando um substantivo).Um detalhe importante é que a es- truturaquefunciona locução adjetivanospermite,emalgunscasos,“enxergar”umadjetivoportrásdela.Vejamosexemplos: Exemplos Preciso imprimir a fatura do mês substantivo locução adjetiva (equivale ao adjetivo “mensal”) Eu levantei uma parede de concreto substantivo locução adjetiva (não há adjetivo equivalente)
  • 22. 22 VOLUME 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias DIAGRAMA DE IDEIAS ESTUDO DOS PROCESSOS DE FORMAÇÃO DE PALAVRAS SUBSTANTIVO ADJETIVO CLASSE DAS PALAVRAS ARTIGO PALAVRAVARIÁVEL QUE DÁ NOMEA SERES REAIS, IMAGINÁRIOS OU IDEIAS PALAVRAVARIÁVEL QUE SEANTEPÕE AO SUBSTANTIVO, DETERMINANDO-O PALAVRAVARIÁVEL QUE ESPECIFICA O SUBSTANTIVO, CARACTERIZANDO-O MORFOLOGIA GRAMÁTICA NORMATIVA
  • 23. 23 VOLUME 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias 1. Verbo Verbo é a classe de palavras que, do ponto de vista se- mântico e morfológico, contém as noções de ação, proces- so,estado,mudança de estado e manifestação de fenôme- nos da natureza. É variável e suas flexões marcam: § pessoa: indica o emissor, o destinatário ou o ser do qual se fala. Os pronomes pessoais do caso reto in- dicam as pessoas do verbo – eu, tu, ele(a), nós, vós, eles(as); § número: indica se o sujeito gramatical está no singu- lar ou no plural; § tempo: localiza a ação, o processo ou o estado em relação ao momento do enunciado. Os tempos verbais são seis: presente, pretérito perfeito, pretérito imper- feito, pretérito mais-que-perfeito, futuro do presente e futuro do pretérito; § modo: indica a atitude do emissor quanto ao fato por ele enunciado, que pode ser de certeza, dúvida, temor, desejo, ordem, etc. Os modos verbais são: indicativo, subjuntivo e imperativo; § voz: indica o comportamento do sujeito em rela- ção ao verbo (agente, paciente ou ambos, simulta- neamente). 1.1. Conjugações verbais Conjugar um verbo compreende adicionar ao seu radical a vogal temática da conjugação ou classe a que pertence somada aos sufixos modo-temporal e número-pessoal que lhe são permitidos.Existem três conjugações verbais na lín- gua portuguesa: § 1.a conjugação: indicada pela vogal temática –a– amar, brincar, falar § 2.a conjugação: indicada pela vogal temática –e– nascer, crescer, morrer § 3.a conjugação: indicada pela vogal temática –i– dormir, sorrir, partir O verbo pôr e seus derivados são considerados de 2.ª conjugação por conta de um processo fonológico ao longo da história que suprimiu a vogal temática –e–. Em um estágio anterior da língua portuguesa, a sua forma original era poer. 1.2. Classificação dos verbos 1.2.1. Verbos regulares Os verbos regulares não sofrem alteração do radical e das desinências nos diferentes tempos, modos e pessoas. O radical do verbo é obtido pela supressão das terminações do infinitivo (–r): eu mand(o) / tu mand(as) / ele mand(a) / nós mand(amos) 1.2.2. Verbos irregulares Os verbos irregulares sofrem alteração do radical e das de- sinências nos diferentes tempos, modos e pessoas. § fazer: faço, faria, fazia; § estar: estou, estive, estarei; § saber: sei, soubera, saiba. 1.2.3. Verbos anômalos Os verbos anômalos apresentam radicais diferentes ao lon- go da conjugação: § ser: sou, é, fomos; § ir: vou, fui, ia. 1.2.4. Verbos defectivos Os verbos defectivos não possuem todas as as formas para conjugação (não costumam apresentar, por exemplo pri- meira pessoa do singular): VERBOS: NOÇÕESPRELIMINARES E MODOS INDICATIVO E SUBJUNTIVO COMPETÊNCIA(s) 1 e 8 HABILIDADE(s) 1, 2, 3, 4, 26 e 27 LC AULAS 5 E 6
  • 24. 24 VOLUME 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias § reaver (composto de haver, tem apenas as formas em “v“): reavemos, reavia, reaverá; § precaver: precavemos, precavia, precavi; § latir: lates, late, latimos; § colorir: colores, colore, colorimos, coloris. OBSERVAÇÃO: Entre os verbos defectivos estão inclu- ídos os chamados verbos impessoais, usados apenas na terceira pessoa do singular: chover, trovejar, ventar, haver (existir),fazer (refere-se ao clima:faz frio;ao tem- po: faz dez anos). 1.2.5. Verbos auxiliares Os verbos auxiliares formam os tempos compostos ou lo- cuções verbais com os verbos principais: § ser (pago); § estar (curado); § ter (estudado); § haver (prometido). 1.2.6. Verbos abundantes Os verbos abundantes apresentam mais de uma forma, especificamente de particípio: § cozido e cozinhado; § morto e morrido; § imprimido e impresso. Os particípios abundantes são classificados em regula- res e irregulares. a) As formas regulares terminadas em –ado e –ido, não contraídas, acompanham os verbos auxiliares ter e haver. Ele já havia pagado a dívida. Tínhamos aceitado o convite. b)As formas irregulares, contraídas, acompanham os verbos auxiliares ser e estar. O feijão foi cozido na panela de pressão. A lâmpada foi acesa. 1.3. Formas nominais do verbo O infinitivo, o particípio (regular e irregular) e o gerúndio são chamados formas nominais do verbo porque podem funcionar como nomes – substantivo, adjetivo, advérbio. § Infinitivo O comer demais faz mal. (substantivo) O viver é bom. (substantivo) § Gerúndio Ela bebeu chá fervendo. (advérbio) Fervendo, desligue. (advérbio) § Particípio A feira foi inaugurada. (adjetivo) O parque foi inaugurado. (adjetivo) 1.4. Locução verbal Expressão formada por mais de um verbo,O primeiro verbo da sequência é chamado de auxiliar e pode apresentar flexões (de tempo, modo e pessoa); o segundo é chamado de principal e assumirá alguma das formas nominais (in- finitivo, gerúndio ou particípio). Exemplos: Eu irei estudar mais tarde. Ele está pensando que é adulto. Estamos preocupados com a situação. 1.5. Modos verbais Os modos verbais têm como objetivo indicar o “com- portamento” dos verbos em relação aos tempos (exce- to no modo imperativo, que será estudado na próxima aula). São os modos verbais que nos permitem saber se tempo utilizado em uma sentença refere-se a uma situação de certeza dos acontecimentos (modo indicati- vo) ou incerteza dos acontecimentos (modo subjuntivo). Vamos conhecê-los: 1.5.1. Tempos do modo indicativo Presente: em sua designação padrão, indica ação simul- tânea ao momento de fala. Exemplo: Só passa ônibus lotado! Por isso o ponto con- tinua cheio. Também é utilizado para exprimir outras situações além da anteriormente mencionada: a) Presente histórico ou narrativo: é articulado com informações no passado. Muito usado em narrativas para criar uma aproximação entre o fato passado e o leitor / espectador do presente.
  • 25. 25 VOLUME 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias Exemplo: Em 1970, O Brasil vence a Copa do México evento passado verbo no presente b) Presente com valor de futuro: é articulado com informações no futuro. Encontramos em situações variadas, desde construções literárias mais sofisticadas, até construções mais oralizadas. Exemplo: Pode deixar, amanhã eu falo com o Roberto. evento passado verbo no presente c) Presente frequentativo ou habitual: é articulado com “marcadores linguísticos de hábito” (elementos como “todo dia”,“toda hora”,“a todo o momento”,“sempre”,entre outros).Dá ao verbo no presente a sensação de ação que é realizada frequentemente,como um hábito. Exemplo: Sempre viajamos com nossos pais para Aparecida do Norte marcador verbo no presente de hábito d) Presente durativo ou universal: é articulado em fenômenos pontuais em que conseguimos perceber uma situação que seria “imutável”. É muito comum em sentenças que apontam verdades universais, provérbios e teoremas. Ocorre fre- quentemente com verbo “ser”, mas admite outras construções. Exemplo: A soma dos quadrados dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa. Presente durativo (verdade universal / imutável) Pretérito: indica ação anterior ao momento de fala. No modo indicativo, temos três modalidades: a) Pretérito perfeito: ação passada pontual, encerrada, já concluída. Não apresenta referência a outra ação anterior ou contemporânea. Exemplo: O gerente indicou um candidato para a vaga. pretérito perfeito (ação passada concluída) Apresenta forma composta! O pretérito perfeito composto é estruturado a partir de verbo “ter” + “particípio” e exprime um passado que continua a se repetir no presente. Exemplo: O novo filme deAlmodóvar tem agradado crítica e público.
  • 26. 26 VOLUME 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias b) Pretérito imperfeito: em sua designação mais comum, indica ação passada não encerrada, mas também apresenta outras nuances de sentido.Vejamos: Exemplo: Ele caminhava quando o foi atingido por uma bicicleta. pretérito imperfeito (ação passada não encerrada / interrompida) Exemplo: Enquanto existiram, as LojasArapuã abriam as portas às 10 horas. pretérito imperfeito (ação habitual / frequente no passado) Exemplo: Pretendíamos ir à Bahia, mas os preços subiram muito. pretérito imperfeito (ação idealizada / imprecisa / vaga / não realizada) c) Pretérito mais-que-perfeito: trata-se de uma ação passada anterior a outra ação também passada.Vejamos: Exemplo: O avião já decolara quando o passageiro atrasado chegou. pretérito mais-que-perfeito (simples) outra forma de passado Apresenta forma composta! O pretérito mais-que-perfeito composto é estruturado a partir dos verbos “ter” ou “haver” + “particípio” e indica o mesmo que a forma simples, no entanto, é mais frequentemente usado na linguagem cotidiana. Exemplo: O avião já tinha / havia decolado quando o passageiro atrasado chegou. pretérito mais-que-perfeito (composto) outra forma de passado Futuro: indica ação posterior ao momento de fala. a) Futuro do presente: indica ação futura (de realização material certa ou incerta) em relação ao presente. Apresenta também alguns usos particulares que veremos a seguir: Exemplo: O medicamento estará disponível no mercado em setembro. futuro do presente (ação futura enunciada)
  • 27. 27 VOLUME 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias Exemplo: Conseguirá o grande varejista manter-se no topo? futuro do presente (usado estilisticamente para indicar incerteza) Exemplo: NaÁfrica, quantos não estarão mortos de fome! futuro do presente (usado para enfatizar fato futuro aproximado) Apresenta forma composta! O futuro do presente composto é estruturado a partir de verbo “ter” + “particípio” e exprime um fato que estará concluído antes de outro. Exemplo: Em dois anos, você terá terminado o seu mestrado. b) Futuro do pretérito: indica ação futura que não se concretizará por conta de uma relação com fato passado. Sua estrutura apresenta também alguns outros usos particulares que veremos a seguir: Exemplo: Eu participaria da São Silvestre se não tivesse torcido o tornozelo. futuro do pretérito ação passada que compromete ação futura Exemplo: O suspeito teria sido visto próximo à residência da vítima alguns dias antes. futuro do pretérito (indicando incerteza / condição subentendida) Exemplo: Poderia me passar os talheres, por gentileza? futuro do pretérito (recurso de polidez / delicadeza) Apresenta forma composta! O futuro do pretérito composto é estruturado a partir de verbo “ter” + “particípio” e exprime um fato que poderia ter acontecido após outro fato passado. Exemplo: a crise teria quebrado a empresa,se não fos- se o auxílio dos investidores. Fonte:Youtube Jornalista - Veja o uso do futuro do pretérito multimídia: vídeo
  • 28. 28 VOLUME 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias 1.5.2. Tempos do modo subjuntivo O modo subjuntivo indica, em qualquer tempo que atue, nuances de incerteza (hipóteses, suposições, fatos duvidosos, etc.). Sua adequada conjugação depende de algum elemento que,além de reafirmar a incerteza,contribua para a expressão verbal. Não há a mesma quantidade de conjugações que vimos no modo indicativo. Trabalha-se, habitualmente, com três: Presente, Pretérito Imperfeito e Futuro (há formas compostas, menos usadas, mas que também serão apresentadas). Presente Exemplo:Ainda que eu compre um novo carro, não sei se seria mesma coisa elemento de suporte presente do subjuntivo Pretérito Imperfeito Exemplo: Se houvesse tempo, eu também iria ao show elemento pretérito imperfeito do subjuntivo de suporte Futuro Exemplo: Quando mudar de ideia, ligue para o seu gerente. elemento futuro do subjuntivo de suporte Formas compostas As formas compostas do subjuntivo também indicam nuances de incerteza e dependem de algum elemento de suporte para realização da conjugação. São apenas três tempos utilizados: Pretérito perfeito composto, Pretérito mais-que- -perfeito composto e Futuro composto.Vejamos: Exemplo: É essencial que tenham discutido esse problema na reunião. elemento de suporte pretérito perfeito composto do subjuntivo Exemplo: Se você tivesse comprado na semana passada, teria pago mais barato. elemento de suporte pretérito mais-que-perfeito composto do subjuntivo Exemplo: Daremos a resposta assim que tivermos recebido o orçamento da reforma. elemento de suporte futuro composto do subjuntivo
  • 29. 29 VOLUME 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias DIAGRAMA DE IDEIAS VERBOS MODOS SUBJUNTIVO IMPERATIVO INDICATIVO • PRESENTE • PRETÉRITO PERFEITO IMPERFEITO MAIS-QUE-PERFEITO • FUTURO DO PRESENTE DO PRETÉRITO TEMPOS • PRESENTE • PRETÉRITO IMPERFEITO • FUTURO TEMPOS VOZES MORFOLOGIA
  • 30. 30 VOLUME 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias 1. Modo imperativo O modo imperativo manifesta ordem, conselho, súplica ou exortação do emissor e pode ser imperativo afirmativo ou imperativo negativo. § Se beber, não dirija! § Dorme, que já está na hora! TABELA PARA CONJUGAÇÃO DO MODO IMPERATIVO presente do indicativo imperativo afirmativo imperativo negativo presente do subjuntivo eu compro x x (ainda que) eu compre tu compras compra tu* compres tu (ainda que) tu compres ele compra compre você compre você (ainda que) ele compre nós compramos compremos nós compremos nós (ainda que) compremos nós vós comprais comprai vós* compreis vós (ainda que) vós compreis eles compram comprem vocês comprem vocês (ainda que) eles comprem *As duas passagens do Presente do Indicativo para o Imperativo Afirmativo implicam na perda do “S” final que compõe a construção verbal. Embora a palavra “imperativo” esteja ligada à ideia de co- mando e ordem,os verbos que compõem essa modalidade também são empregados para designar pedido, convite, sugestão, conselho ou súplica. § Faça isso agora, amor! (pedido) § Faça-nos uma visita! (convite) § Meu filho, faça sempre o melhor! (conselho) § Senhor, faça-nos esse milagre! (súplica) 2. Vozes As vozes verbais indicam o comportamento do sujeito (ati- vo, passivo ou reflexivo) em relação ao verbo apresentado. Vejamos alguns exemplo iniciais: § João cortou árvores. O fato (cortou) é praticado pelo sujeito (João). Portanto, o verbo está na voz ativa. § Árvores foram cortadas por João. O sujeito (árvores) é alvo,ou seja,sofre a ação de João. Portanto, o verbo está na voz passiva. § João cortou-se com o machado. O sujeito (João) é agente e também alvo da ação de cortar. Portanto, o verbo está na voz reflexiva. 2.1. Voz ativa Como vimos nos exemplos iniciais,na voz ativa,o sujeito da construção pratica a ação verbal.Trata-se de uma estrutura que ocorre prioritariamente com verbos transitivos diretos (VTD) ou a parte direta dos verbos bitransitivos (VTDI). Ve- jamos a estrutura: Filomena comprou mais plantas. sujeito agente VTD objeto direto 2.2. Voz passiva (analítica) Também vimos anteriormente, na voz passiva, o sujeito da construção sofre a ação verbal. Em língua portuguesa, te- mos dois modelos de voz passiva.Primeiramente,veremos a voz passiva analítica, que se trata de uma construção que,além de constatarmos um sujeito“paciente”,que sofre a ação verbal,visualizamos uma estrutura de locução verbal formada por verbo“ser”+ verbo no particípio,além de uma estruturapreposicionada,chamadadeagente da passiva. Edson foi incentivado pelos colegas. sujeito verbo “ser” agente paciente + da passiva verbo no particípio Atenção Em casos mais raros, podemos encontrar construções passivas analíticas com o verbo “estar” + “particípio” Exemplo: Os criminosos estavam cercados pelas au- toridades. VERBOS: MODO IMPERATIVO E VOZES VERBAIS COMPETÊNCIA(s) 1 e 8 HABILIDADE(s) 1, 2, 3 e 27 LC AULAS 7 E 8
  • 31. 31 VOLUME 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias 2.3. Voz passiva (sintética) Temos um outro modelo de voz passiva em língua portu- guesa, conhecido como voz passiva sintética. Esse ou- tro modelo é originário de um fenômeno conhecido como partícula apassivadora,resultado da junção de um verbo transitivo direto (VTD) + uma partícula “se”. Dessa junção, surge um fenômeno que nos permite visualizar um sujeito “paciente”(que sofre a ação verbal).Vejamos a estrutura. Exemplo: Consertam-se televisores. VTD partícula sujeito paciente “se” VIVENCIANDO O imperativo é usualmente empregado no universo publicitário.Procure identificar em qual pessoa gramatical os verbos presentes nas imagens abaixo estão empregados. 2.4. Voz reflexiva A voz reflexiva, como vimos anteriormente, é um fenô- meno em que sujeito pratica e sofre a ação realizada. É estruturada a partir de um verbo pronominalizado (verbo + pronomes “me”,“te”,“se”,“nos” e “vos”).Vejamos: Exemplo: Acidentalmente, ele se feriu com o aparelho. pronome reflexivo verbo DIAGRAMA DE IDEIAS VERBOS MODOS SUBJUNTIVO IMPERATIVO INDICATIVO VOZES NÃOARTICULATEMPO AFIRMATIVO NEGATIVO • ATIVA • PASSIVA • REFLEXIVA MORFOLOGIA
  • 32. ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ____________________________________________________________ ANOTAÇÕES 32 VOLUME 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias
  • 34. 34 VOLUME 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS UFMG A interpretação de texto é primordial para a resolução da prova, devendo o aluno focar não apenas na interpretação dos textos literários, mas sobre os mais varia- dos gêneros.Além disso, saber interpretar o comando das questões, que podem dar pistas sobre a resposta correta. No vestibular Fuvest a interpretação de texto acontece de forma mais prática. Muitas vezes ligada aos textos literários ou críticos, a temática aborda de figuras de linguagem à projeções sobre o senso comum. Textos críticos e literários são colocados em discussão, de modo que não basta reconhecer os recursos linguísticos. Por- tanto, notar o contexto é essencial. Uma vez que a interpretação não ocorre isolada, é preciso que o aluno repare nos contextos e nos recursos utilizados para alcançar os efeitos de sentido, identifi- cando-os e validando-os Conduz a interpretação de texto em paralelo aos textos literários, majorita- riamente. Crônicas, poemas e pequenos trechos canônicos podem ser cobrados pelo vestibular, exigindo, do aluno, não a leitura integral da obra, mas a capa- cidade de análise e avaliação do texto. Questões que demandam do aluno o conhecimento sobre os recursos linguís- ticos costumam aparecer, bem como uma interpretação de texto basilar ao desen- volvimento leitor. Saber ler não só as questões da frente de Português, mas também as questões ge- rais, ainda que em linhas bastante curtas e diretas, será um diferencial. Os recursos linguísticos ligados à produção de textos não devem ser esquecidos no momento da leitura. A interpretação de textos ocorre de ma- neira direcionada, focada, sobretudo, aos recursos linguísticos (como figuras de lin- guagem e funções linguísticas).Trabalhar de forma atenta, lembrando e aplicando os conceitos aprendidos em aula será fundamental. As questões de interpretação se tornam bastante direcionadas. Conhecer os con- ceitos por trás da produção dos textos (literários ou não), será uma ferramenta interessante para que o vestibulando possa atuar. Alinha a interpretação de texto às obras literárias que costuma exigir na sua lista obrigatória. O conhecimento sobre os re- cursos literários adquiridos no estudo das obras será fundamental. Além de conhecer os recursos linguís- ticos, é importante lembrar que uma leitura atenta pode render ao candidato pontos em questões não apenas na área de Português, mas nas variadas áreas do conhecimento. O exame CMMG é objetivo. Exige do candidato uma capacidade leitora funda- mental, que demonstre aptidão em reco- nhecer os recursos linguísticos dentro das questões. Assim, lembrar e compreender serão as duas principais habilidades tra- balhadas por esse vestibular. Diversos gêneros textuais podem ser pedidos, de modo que conhecer os fun- damentos da produção textual (figuras de linguagem e funções da linguagem) pode ser um diferencial. A prova conta ainda com textos literários, o que demanda uma interpretação de senti- do conotativo. Ter em mente os conceitos de denotação e conotação renderá, ao aluno, um ponto de segurança na hora de iniciar a sua in- terpretação. Lembrar que a interpretação se liga ao contexto pode ser a chave para a aprovação. Ler atentamente, tendo em vista as carac- terísticas dos principais recursos linguísti- cos e dos variados gêneros textuais, é um bom modo de mergulhar na prova. Além disso, saber interpretar o comando das questões se mostrará de grande ajuda.
  • 35. 35 VOLUME 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias 1. Funções da linguagem 1.1. Introdução O estudo das funções da linguagem está vinculado ao que os linguistas denominam teoria da comunicação. As teo- rias da comunicação têm como objetivo observar o funcio- namento de processos comunicativos tanto no campo da fala como no campo da escrita, inclusive observando os gestos de transposição entre os dois campos; por exem- plo:que elementos do sistema de fala são encontrados no sistema de escrita? O linguista russo Roman Jakobson (1896-1982) foi o responsável por desenvolver a teoria das funções da lin- guagem. De acordo com o estudioso, a linguagem apre- sentaria funções mais amplas do que simplesmente as de caráter informativo.A partir desse pressuposto, Jakobson determina que os sistemas comunicativos seriam pauta- dos por seis funções da linguagem, que seriam determi- nadas a partir de um “foco” (ou uma ênfase) que recai em pontos específicos da mensagem observada. As fun- ções seriam as seguintes: § Emotiva ou expressiva: foco no emissor, locutor ou enunciador (a pessoa que fala ou escreve); § Apelativa ou conativa: foco no receptor ou interlo- cutor (a pessoa para quem se fala ou escreve, ou, em algumas abordagens, aquele com quem se conversa); § Referencial ou denotativa: foco no contexto ou na referência de mundo (o assunto,situação ou objeto so- bre o qual se fala); § Fática ou de contato:foco no canal de comunicação ou a partir da abertura de contato (físico ou psicológi- co) com terceiros; § Poética:foco nos modos de elaboração da mensagem e do texto que a compõe; § Metaliguística: foco no código comunicativo (nas bases prévias de comunicação, sejam elas verbais ou não verbais). A partir dessas definições, Roman Jakobson propôs o se- guinte sistema organizativo: 1.2. Função emotiva ou expressiva Foco: emissor / locutor / enunciador A função emotiva, centralizada na figura daquele que fala, expressa algumas particularidades do enunciador, como emoções,sentimentos,opiniões a respeito de determinadas situações, crenças e até mesmo concordâncias e discordân- cias em relação a certos assuntos. Nela prevalece a 1.ª pes- soa do singular (eu), podendo, em alguns casos mais raros, ocorrer com a 1.ª pessoa do plural (casos em que emoções ou opiniões são mobilizadas de modo coletivo). Trata-se de uma função que é facilmente identificada nos processos comunicativos falados. Nos processos escritos, por sua vez, ela se torna evidente pela presença, no texto, de interjeições, exclamações, reticências ou outros sinais que demonstrem a subjetividade do falante.É a linguagem das biografias, memórias, poesias líricas e cartas de amor. Desencanto Eu faço versos como quem chora De desalento... de desencanto... Fecha o meu livro, se por agora Não tens motivo nenhum de pranto. Meu verso é sangue.Volúpia ardente... Tristeza esparsa... remorso vão... Dói-me nas veias.Amargo e quente, Cai, gota a gota, do coração. E nestes versos de angústia rouca, Assim dos lábios a vida corre, Deixando um acre sabor na boca. – Eu faço versos como quem morre. Teresópolis, 1912. (Manuel Bandeira) 1.3. Função apelativa ou conativa Foco: receptor / ouvinte / interlocutor A função apelativa,centralizada na figura daquele que ouve, expressa a tentativa de um falante de interferir, geralmente FUNÇÕES DA LINGUAGEM I COMPETÊNCIA(s) 5 HABILIDADE(s) 15, 16 e 17 LC AULA 1
  • 36. 36 VOLUME 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias de maneira persuasiva,nos sentimentos do interlocutor.Nela prevalece a 2.ª pessoa do discurso (representada, em portu- guês,pelos pronomes tu e você). Trata-se de uma função que, para atingir seus objetivos, manipula formas imperativas,vocativos e,em casos menos frequentes, pronomes demonstrativos e possessivos de se- gunda pessoa. É facilmente identificada em textos publici- tários, discursos políticos, textos religiosos (sermões), além de parágrafos específicos de textos argumentativos, como artigos de opinião e editoriais. 1.4. Função referencial ou denotativa Foco: referente A função referencial, centralizada na figura daquilo que Roman Jakobson definiu como “referente”, consiste no uso objetivo da linguagem em duas instâncias: § indica/aponta elementos que estão no mundo; § indica/aponta situações ou acontecimentos no mundo. Trata-se de uma função que não envolve expressão de sentimentos (há a neutralização do emissor e do recep- tor); por isso, diz-se que ela é centrada na 3.ª pessoa do discurso e transmite uma informação objetiva e direta sobre um assunto. É identificada em muitos tipos de texto, como nos téc- nicos ou científicos (artigos acadêmicos, matérias de revistas científicas, livros didáticos), nas bulas de re- médio, nas placas informativas, e também em alguns subgêneros e gêneros jornalísticos, como a notícia e a reportagem. Exemplo: “Aumenta a pressão sobre o primeiro-ministro britânico,Tony Blair, para que ele permita uma in- vestigação independente sobre os aparentes erros dos seus serviços de inteligência no que se refere às armas de destruição em massa do Iraque. A indicação do governo americano, também ques- tionado sobre a sua avaliação da ameaça iraquia- na, de que um inquérito pode ser aberto no país, reforçou o argumento dos críticos de Blair.O Parti- do Conservador britânico deverá apresentar nesta semana uma moção pedindo a investigação.” Fonte: Folha de S. Paulo - 02-02-2004
  • 37. 37 VOLUME 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias DIAGRAMA DE IDEIAS Função emotiva Função fática Função conativa Função poética EMISSOR LOCUTOR Função metalinguística Função referencial CÓDIGO MENSAGEM DESTINATÁRIO INTERLOCUTOR CONTEXTO REFERENTE CANAL
  • 38. 38 VOLUME 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias 1. Funções da linguagem (continuação) Nesta aula, as funções da linguagem de Roman Jakobson continuarão a ser estudadas.Lembrando que,das seis exis- tentes, três foram vistas na aula anterior.As três restantes serão abordadas agora. 1.1. Função fática Foco: canal de comunicação A função fática, centralizada no canal de comunicação, opera em duas instâncias: § Verifica o modo como a linguagem opera dentro de de- terminados canais de comunicação: Roman Jakobson sugere que, ao se observar pessoas conversando em determinado canal, é preciso estar atento a particulari- dades que surgem na manipulação da linguagem. Para isso,recomenda-se verificar a abertura (como a conversa começa), a manutenção (quais são as características de progressão) e seu fechamento (como os falantes encer- ram a conversa). Um exemplo claro disso é a comunica- ção por telefone, em que a abertura é feita a partir de um sinal que não é usado em interações frente a frente (alô?). Também é perceptível no telefone a emissão de sinais sonoros durante a conversa que indicam a manu- tenção/progressão da comunicação (aquele que ouve, por exemplo,costuma usar sinais como ahã! ahã! ahã!). § Verifica estratégias gerais para abertura, manutenção e encerramento de comunicação.Para abertura comunica- tiva, por exemplo, há as saudações “olá”,“boa tarde!”, “tudo certo?”; para manutenção comunicativa, existem os marcadores conversacionais, que são usados para “testar” o funcionamento do canal, como “né”, “en- tendeu?”, “viu?”, “aí”, “tipo”, etc.; e, para fechamen- to comunicativo, existem recursos de despedida, como “tchau”,“adeus”,“até logo”,etc. Trata-se de uma função que encontrada em muitos luga- res. Basta que, em determinado espaço comunicativo, seja esboçado algum gesto linguístico que dê margem para o início de uma conversa (e, posteriormente, outros gestos que mantenham sua progressão e também a encerrem). 1.2. Função poética Foco: mensagem A função poética, centralizada na mensagem, promove alterações na estrutura da referida mensagem, com o in- tuito de modificar as relações do ouvinte com o conteúdo expresso.Por exemplo,um poema feito em estrutura de so- neto caracteriza-se como função poética pelo fato de usar uma forma/estrutura comunicativa que difere do modelo direto (em prosa) habitual.Assim,entende-se que a função poética suplementa o sentido da mensagem. FUNÇÕES DA LINGUAGEM II COMPETÊNCIA(s) 5 HABILIDADE(s) 15, 16 e 17 LC AULA 2
  • 39. 39 VOLUME 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias Trata-se de uma função que, para atingir seus objetivos, manipula figuras de linguagem, trocadilhos e quebras ou distorções de sequências sintáticas. Parte-se do pressupos- to que todo o poema já é uma função poética. Não obs- tante, é possível encontrar tal função em prosas poéticas (como os textos de Guimarães Rosa, por exemplo), ou em textos publicitários que manipulam trocadilhos nas mensa- gens de suas propagandas. (Propaganda com trocadilho) Sem Mim Ando Com Igo Sigo Sem Com Ando (Arnaldo Antunes) 1.3. Função metalinguística Foco: código A função metalinguística, centralizada no código, ocorre quando se usa um código (algum modelo comunicativo) por meio do próprio código. É importante salientar que os referidos códigos (modelos comunicativos) podem ser de cunho verbal ou não verbal.Assim, é possível chegar às seguintes conclusões: § A pintura,por exemplo,é um tipo de arte que estabele- ce comunicação. Elas é, portanto, um código. Caso um pintor deseje registrar em seu quadro um outro pintor trabalhando, ele estará fazendo referência ao “código pintura” por meio da própria pintura, o que caracteriza um gesto metalinguístico (não verbal). § Uma crônica, por exemplo, é um gênero que comu- nica algo. É, portanto, um código. Caso um cronista, em vez de discutir um fato cotidiano, prefira falar so- bre a dificuldade de se fazer uma crônica no momento contemporâneo, ele estará usando o “código crônica” para falar sobre crônica.Trata-se de um gesto também metalinguístico (verbal). A função metalinguística é facilmente encontrada nas artes em geral; e também em alguns textos instrucionais de de- terminadas áreas,como os livros de língua portuguesa que ensinam o que é a língua portuguesa, caracterizando-se como instrumentos que operam uma metalinguagem. Razão de ser Escrevo. E pronto. Escrevo porque preciso Preciso porque estou tonto. Ninguém tem nada com isso. Escrevo porque amanhece. E as estrelas lá no céu Lembram letras no papel, Quando o poema me anoitece. A aranha tece teias. O peixe beija e morde o que vê. Eu escrevo apenas. Tem que ter por quê? (Paulo Leminski)
  • 40. 40 VOLUME 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias 1. Variação linguística A variação linguística é a diversificação dos sistemas de uma língua em relação às possibilidades de mudança de seus ele- mentos (vocabulário,fonologia,morfologia,sintaxe). 1.1. Linguagem formal versus linguagem informal a.Norma culta/padrão:é a denominação dada à varieda- de linguística dos membros da classe social de maior prestí- gio dentro da classe literária. Observação: não se trata da única forma correta. b.Linguagem informal/popular: é a denominação dada àvariedadelinguísticautilizadanocotidianoequenãoexige a observância total da gramática. 1.2. Língua falada versus língua escrita a.Língua falada/oral: dispõe de um número incontável de recursos rítmicos e melódicos – entonação,pausas,ritmo,flu- ência, gestos – porque, claro, o emissor (pessoa que fala ou transmite uma mensagem numa dada linguagem) está pre- sente fisicamente.Algumas das características principais são: § frequência da ocorrência de repetições,hesitações e bor- dõesdefala(“Pois,euaaa...euachoque...pronto,não sei...“,“Cara,o que é isso,cara?“); § frases curtas; § frases inacabadas, porque foram cortadas ou inter- rompidas; § uso frequente da omissão de palavras; Exemplo: Eu vou com minha mãe e com meu pai;empresta o seu caderno? § formas contraídas; Exemplo: prof, med, refri, facul § afastamento das regras gramaticais; Exemplo: Eu vi ele. § possibilidade de adequar o discurso de acordo com as reações dos ouvintes. b. Língua escrita: recorre a sinais de pontuação e de acentuação para exprimir os recursos rítmicos e melódicos da oralidade: § uso de descrições ricas; § obedece às regras gramaticais com maior rigor; § sinais de pontuação e acentuação para transmitir a ex- pressividade oral; § fraseslongas,apesardetambémpoderusarfrasescurtas; § uso de vocabulário mais amplo e cuidadoso; § conectivos e estruturas sintáticas para garantir a coe- são textual. 1.3. Variação diatópica Também conhecida como variação regional ou variação geográfica, ocorre quando percebemos que a linguagem apresenta variações de acordo com o espaço em que ela é operada. É verificável não apenas entre estados (Rio de Janeiro × São Paulo), mas também entre regiões em um mesmo estado (interior de São Paulo × periferia de São Paulo × litoral de São Paulo). É por meio dessa variação que estudamos também os sotaques ou dialetos interiora- nos (como o dialeto caipira). Exemplos: I.Diferença de nomes entre regiões para um mes- mo objeto/item (mandioca × macaxeira × aipim). II. Diferença de caracteres morfológicos, sintáti- cos ou semânticos entre regiões (usos de “tu” no litoral de São Paulo × usos de “você” na ca- pital de São Paulo). VARIAÇÃO LINGUÍSTICA I COMPETÊNCIA(s) 5 HABILIDADE(s) 15, 16 e 17 LC AULA 3
  • 41. 41 VOLUME 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias 1.4. Variação diacrônica Também conhecida como variação histórica, ocorre quan- do percebemos que a linguagem apresenta variações de acordo com o tempo em que ela é operada. Parte-se do pressuposto que a linguagem é um sistema vivo, constan- temente mutável, e que seu uso apresenta variações em três âmbitos: § na passagem entre gerações (avós,pais e filhos que uti- lizam linguagens diferentes); § na evolução tecnológica (as novas tecnologias fazem com que as pessoas passem a utilizar novos termos linguísticos); § nos textos arcaicos (textos que, mesmo pertencendo a nosso idioma, nos trazem certa dificuldade de compre- ensão pelo fato de estarem muito afastados temporal- mente. Um exemplo disso seria o texto Auto da barca do inferno, de GilVicente, que por estar escrito em por- tuguês medieval, apresenta muitas diferenças fonológi- cas em relação ao português contemporâneo). 1.5. Variação diastrática Também conhecida como variação social, ocorre quando percebemos que a linguagem apresenta variações por con- ta de dois fatores mais gerais: § fatores socioeconômicos (uma pessoa que, por ques- tões financeiras, é obrigada a abandonar o espaço es- colar para trabalhar e ajudar no sustento do lar, pode apresentar,no futuro,dificuldades no uso da gramática normativa, por exemplo). § uso de socioleto (na linguística, um socioleto é a va- riante de uma língua falada por um grupo social, uma classe social ou subcultura. É também entendida como cada uma das variedades de uma língua usada pelos grupos de indivíduos que, tendo características sociais em comum (profissão, passatempos, geração etc.), usam termos técnicos, ou gírias, ou fraseados que os distinguem dos demais falantes na sua comunidade).
  • 42. 42 VOLUME 1  LINGUAGENS, CÓDIGOS e suas tecnologias 1. Variação linguística (continuação) Nessaaula,continuaremosaestudarasvariaçõeslinguísticas. 1.1. Variação diafásica Também conhecida como variação situacional, ocorre quan- do percebemos que a linguagem apresenta variações de acordo com o contexto/situação em que ela é usada. É veri- ficável quando um indivíduo,adaptado a um tipo de uso lin- guístico, é obrigado a fazer uma alteração momentânea em seu registro por conta de uma situação de mundo específica. Por exemplo,alguém que use muitas gírias em seu dia a dia (registro informal) e que é obrigado a usar um registro mais formal por conta de uma entrevista de emprego. 1.2. Variação diamésica Ocorre quando percebemos que a linguagem apresenta variações de acordo com os diferentes“meios”em que ela usada, entendendo esses “meios” como espaços de uso oral da linguagem (fala) e uso escrito. Em geral, consiste em verificarmos as seguintes possibilidades: § A linguagem falada costuma ser entendida como um sistema normalmente desorganizado, marcado por he- sitações, reformulações, correções etc. Por conta disso, é comum encontrarmos recursos diferentes do que vemos no espaço escrito (alguns, inclusive, não seriam transpo- níveis, sendo exclusivos do espaço falado, como os mar- cadores conversacionais). § A linguagem escrita costuma ser entendida como um sistema normalmente organizado,em que,por mais que pensemos, por exemplo, em repetições de alguma pa- lavra, efetivamente elas não se materializam na escrita. Além disso,ao produzir um texto,costumamos organizar como vamos distribuir certas informações (parágrafos de introdução,argumentação e conclusão). 1.3. Preconceito linguístico Denomina-sepreconceito linguísticoaquelegeradope- las diferenças linguísticas existentes dentre de um mesmo idioma. Ele está associado a diversas diferenças de base linguística, especialmente as regionais (envolvendo diale- tos, socioletos, regionalismos, gírias e sotaques). Também é gerado em menor grau pelos outros tipos de variação. O preconceito linguístico tem sido muito praticado na atu- alidade (de modo voluntário e involuntário), sendo forte marcador de exclusão social. Na obra Preconceito linguístico:o que é,como se faz (1999), o professor, linguista e filólogo Marcos Bagno aborda sobre os diversos aspectos da língua, especialmente o preconceito linguístico e suas implicações sociais. Segundo ele não existe uma forma “certa“ ou “errada“ dos usos da língua e que o preconceito linguístico, gerado pela ideia de que existe uma única língua correta (baseada na gramática normativa), colabora com a prática da exclu- são social. No entanto, devemos lembrar que a língua é mutável e vai se adaptando ao longo do tempo de acordo com ações dos falantes. Além disso, as regras da língua, determinada pela gramá- tica normativa,não inclui expressões populares e variações linguísticas, por exemplo as gírias, regionalismos, dialetos, dentre outros. VARIAÇÃO LINGUÍSTICA II COMPETÊNCIA(s) 5 HABILIDADE(s) 15, 16 e 17 LC AULA 4
  • 44. INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS UFMG Como o Enem não possui uma lista obrigatória de livros, as questões con- templam o conhecimento acerca dos di- ferentes gêneros literários e das escolas literárias, bem como de seus principais representantes. A maior parte das questões de literatura se refere às obras de leitura obrigató- ria. Neste livro, encontram-se algumas questões de anos anteriores sobre o Humanismo, bem como sobre gêneros literários e as estéticas medieval e qui- nhentista. A maior parte das questões de literatura da Unicamp se refere às obras de leitura obrigatória. Neste livro, encontram-se algumas questões de anos anteriores sobre Humanismo e Classicismo, bem como sobre gêneros literários e as es- téticas medieval, clássica e quinhentista. As questões da UNIFESP contemplam o conhecimento das escolas literárias, bem como de seus principais representantes. Neste livro, estão presentes questões so- bre gêneros literários, Trovadorismo, Hu- manismo, Classicismo e Quinhentismo. Como a Unesp não possui uma lista obri- gatória de livros, as questões contemplam o conhecimento das escolas literárias, bem como de seus principais representan- tes. Neste livro, estão presentes questões sobre gêneros literários, Trovadorismo, Humanismo, Classicismo e Quinhentismo. A prova em questão exige seus conhe- cimentos acerca dos gêneros literários e dos movimentos literários no Brasil e em Portugal. Neste livro, estão presentes questões sobre gêneros literários, Tro- vadorismo, Humanismo, Classicismo e Quinhentismo. A maior parte das questões de literatura se refere às obras de leitura obrigatória. Neste livro, encontram-se algumas ques- tões de anos anteriores sobre gêneros literários e as estéticas medieval, clássica e quinhentista. Como a PUC-Camp não possui uma lista obrigatória de livros, as questões con- templam o conhecimento acerca dos di- ferentes gêneros literários e das escolas literárias, bem como de seus principais representantes. A prova da Santa Casa exige seus conhe- cimentos acerca dos gêneros literários e dos movimentos literários no Brasil e em Portugal. Neste livro, estão presentes questões sobre gêneros literários, Tro- vadorismo, Humanismo, Classicismo e Quinhentismo. Estão presentes questões sobre gêneros literários, Trovadorismo, Humanismo, Classicismo e Quinhentismo. A maior parte das questões de literatu- ra da UFPR se refere às obras de leitura obrigatória. Neste livro, estão presentes questões sobre gêneros literários, Tro- vadorismo, Humanismo, Classicismo e Quinhentismo. A maior parte das questões de literatura se refere às obras de leitura obrigatória. Neste livro, encontram-se algumas ques- tões sobre gêneros literários e as esté- ticas medieval, clássica e quinhentista. O vestibular da Uerj não exige os con- teúdos contidos neste livro, exceto os das aulas 1 e 2. Como a Ungranrio não possui uma lista obrigatória de livros, as questões con- templam o conhecimento acerca dos di- ferentes gêneros literários e das escolas literárias, bem como de seus principais representantes. A Souza Marques exige seus conheci- mentos acerca dos gêneros literários e dos movimentos literários brasileiros. Neste livro, estão presentes questões so- bre gêneros literários e sobre a estética quinhentista.