PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
Em busca da beleza - Fernando Pessoa
1. EM BUSCA DA BELEZA Poema de: Fernando
Pessoa Ortónimo
2. SONETO A ANALISAR
I
Soam vãos, dolorido epicurista,
os versos teus, que a minha dor despreza;
já tive a alma sem descrença presa
desse teu sonho, que perturba a vista.
Da perfeição segui em vã conquista,
mas vi depressa, já sem a alma acesa,
que a própria ideia em nós dessa beleza
um infinito de nós mesmos dista.
Nem à nossa alma definir podemos
a perfeição em cuja estrada a vida,
achando-a intérmina, a chorar perdemos.
O mar tem fim, o céu talvez o tenha,
mas não a ânsia da cousa indefinida
que o ser indefinida faz tamanha.
3. ESTRUTURA EXTERNA
- O poema é constituído por 6 sonetos;
- Ou seja, 6 conjuntos de:
- 2 quadras e 2 tercetos decassilábicas
Ex:
- “Os / ver/sos/ teus,/ que a/ mi/nha/ dor/
des/pre/za;”
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
- “ A/ Per/fei/ção/ em/ cu/ja es/tra/da a/ vi/da,”
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
RIMA:
- abba/abba/cdc/ede
- Ou seja:
- interpolada no 1º e 4º verso
- emparelhada no 2º e 3º
verso - cruzada nos tercetos
- interpolada entre os
tercetos
4. ESTRUTURA INTERNA
O primeiro soneto pode-se dividir em 3 partes:
1ª Parte
Soam vãos, dolorido epicurista,
os versos teus, que a minha dor despreza;
já tive a alma sem descrença presa
desse teu sonho, que perturba a vista.
Sujeito
Poético
Conflito entre o “eu”
antigo e o “eu”
presente
“eu”
passad
o
“Já tive a alma sem descrença
presa”
Fé no sonho da perfeição
“eu”
present
e
“Soam vãos, (…) / Os versos teus, que a minha dor
despreza;”
Desdém pelo sonho utópico da perfeição
5. ESTRUTURA INTERNA
2ª Parte:
Inclui a 2ª quadra e o 1º terceto;
O sujeito poético aborda a impossibilidade de saber o
verdadeiro significado da Perfeição
Ex:
“Um infinito de nós mesmos dista”
Recurso a verbos conjugados na 1ª pessoa do singular:
Ex:
“Da Perfeição segui em vã conquista,”
“Mas vi depressa, (...)”
Procura da
perfeição
Revela-se inútil
“Nem à nossa alma definir
podemos”
Dor de pensar / Impotência
Afastamento do
destinatário
Perdido no seu
pensamento
“…A chorar
perdemos”
-
Desmotivação
e negativismo
Da perfeição segui em vã conquista,
mas vi depressa, já sem a alma acesa,
que a própria ideia em nós dessa beleza
um infinito de nós mesmos dista.
Nem à nossa alma definir podemos
a perfeição em cuja estrada a vida,
achando-a intérmina, a chorar perdemos.
6. ESTRUTURA INTERNA
3ª Parte
Inclui o último terceto;
O sujeito lírico aborda a consequência da impossibilidade de definir
a Perfeição;
Esta indefinição amplifica a ansiedade presente no sujeito poético.
Logo, o sujeito debate-se com a dor de pensar – devido à
obsessiva intelectualização do exterior e introspeção realizada
pelo ”eu”.
Estabelece a conclusão Chave de Ouro do primeiro soneto “Que o
ser indefinida faz tamanha”
É a indefinição de
perfeição que inquieta o
‘eu’ poético
Se desconhece a
definição, então
encontra-se perdido
O mar tem fim, o céu talvez o tenha,
mas não a ânsia da cousa indefinida
que o ser indefinida faz tamanha.
7. FIGURAS DE ESTILO
Apóstrofe:
“…dolorido epicurista”;
Gradação:
“O mar tem fim, o céu talvez o
tenha,/ Mas não a ânsia da Coisa
indefinida;
Metáfora:
“…já sem a alma acesa”;
Hipérbato:
“ os versos teus…”;
“… a chorar perdemos…”;
Referência a Ricardo Reis
Comparação da alma a um fogo que
perdeu a força