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EM BUSCA DA BELEZA Poema de: Fernando
Pessoa Ortónimo
SONETO A ANALISAR
I
Soam vãos, dolorido epicurista,
os versos teus, que a minha dor despreza;
já tive a alma sem descrença presa
desse teu sonho, que perturba a vista.
Da perfeição segui em vã conquista,
mas vi depressa, já sem a alma acesa,
que a própria ideia em nós dessa beleza
um infinito de nós mesmos dista.
Nem à nossa alma definir podemos
a perfeição em cuja estrada a vida,
achando-a intérmina, a chorar perdemos.
O mar tem fim, o céu talvez o tenha,
mas não a ânsia da cousa indefinida
que o ser indefinida faz tamanha.
ESTRUTURA EXTERNA
- O poema é constituído por 6 sonetos;
- Ou seja, 6 conjuntos de:
- 2 quadras e 2 tercetos decassilábicas
Ex:
- “Os / ver/sos/ teus,/ que a/ mi/nha/ dor/
des/pre/za;”
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
- “ A/ Per/fei/ção/ em/ cu/ja es/tra/da a/ vi/da,”
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
RIMA:
- abba/abba/cdc/ede
- Ou seja:
- interpolada no 1º e 4º verso
- emparelhada no 2º e 3º
verso - cruzada nos tercetos
- interpolada entre os
tercetos
ESTRUTURA INTERNA
O primeiro soneto pode-se dividir em 3 partes:
 1ª Parte
Soam vãos, dolorido epicurista,
os versos teus, que a minha dor despreza;
já tive a alma sem descrença presa
desse teu sonho, que perturba a vista.
Sujeito
Poético
Conflito entre o “eu”
antigo e o “eu”
presente
“eu”
passad
o
“Já tive a alma sem descrença
presa”
Fé no sonho da perfeição
“eu”
present
e
“Soam vãos, (…) / Os versos teus, que a minha dor
despreza;”
Desdém pelo sonho utópico da perfeição
ESTRUTURA INTERNA
 2ª Parte:
 Inclui a 2ª quadra e o 1º terceto;
 O sujeito poético aborda a impossibilidade de saber o
verdadeiro significado da Perfeição
 Ex:
 “Um infinito de nós mesmos dista”
 Recurso a verbos conjugados na 1ª pessoa do singular:
 Ex:
 “Da Perfeição segui em vã conquista,”
 “Mas vi depressa, (...)”
Procura da
perfeição
Revela-se inútil
“Nem à nossa alma definir
podemos”
Dor de pensar / Impotência
Afastamento do
destinatário
Perdido no seu
pensamento
“…A chorar
perdemos”
-
Desmotivação
e negativismo
Da perfeição segui em vã conquista,
mas vi depressa, já sem a alma acesa,
que a própria ideia em nós dessa beleza
um infinito de nós mesmos dista.
Nem à nossa alma definir podemos
a perfeição em cuja estrada a vida,
achando-a intérmina, a chorar perdemos.
ESTRUTURA INTERNA
 3ª Parte
 Inclui o último terceto;
 O sujeito lírico aborda a consequência da impossibilidade de definir
a Perfeição;
 Esta indefinição amplifica a ansiedade presente no sujeito poético.
 Logo, o sujeito debate-se com a dor de pensar – devido à
obsessiva intelectualização do exterior e introspeção realizada
pelo ”eu”.
 Estabelece a conclusão Chave de Ouro do primeiro soneto “Que o
ser indefinida faz tamanha”
É a indefinição de
perfeição que inquieta o
‘eu’ poético
Se desconhece a
definição, então
encontra-se perdido
O mar tem fim, o céu talvez o tenha,
mas não a ânsia da cousa indefinida
que o ser indefinida faz tamanha.
FIGURAS DE ESTILO
 Apóstrofe:
 “…dolorido epicurista”;
 Gradação:
 “O mar tem fim, o céu talvez o
tenha,/ Mas não a ânsia da Coisa
indefinida;
 Metáfora:
 “…já sem a alma acesa”;
 Hipérbato:
 “ os versos teus…”;
 “… a chorar perdemos…”;
Referência a Ricardo Reis
Comparação da alma a um fogo que
perdeu a força

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  • 1. EM BUSCA DA BELEZA Poema de: Fernando Pessoa Ortónimo
  • 2. SONETO A ANALISAR I Soam vãos, dolorido epicurista, os versos teus, que a minha dor despreza; já tive a alma sem descrença presa desse teu sonho, que perturba a vista. Da perfeição segui em vã conquista, mas vi depressa, já sem a alma acesa, que a própria ideia em nós dessa beleza um infinito de nós mesmos dista. Nem à nossa alma definir podemos a perfeição em cuja estrada a vida, achando-a intérmina, a chorar perdemos. O mar tem fim, o céu talvez o tenha, mas não a ânsia da cousa indefinida que o ser indefinida faz tamanha.
  • 3. ESTRUTURA EXTERNA - O poema é constituído por 6 sonetos; - Ou seja, 6 conjuntos de: - 2 quadras e 2 tercetos decassilábicas Ex: - “Os / ver/sos/ teus,/ que a/ mi/nha/ dor/ des/pre/za;” 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 - “ A/ Per/fei/ção/ em/ cu/ja es/tra/da a/ vi/da,” 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 RIMA: - abba/abba/cdc/ede - Ou seja: - interpolada no 1º e 4º verso - emparelhada no 2º e 3º verso - cruzada nos tercetos - interpolada entre os tercetos
  • 4. ESTRUTURA INTERNA O primeiro soneto pode-se dividir em 3 partes:  1ª Parte Soam vãos, dolorido epicurista, os versos teus, que a minha dor despreza; já tive a alma sem descrença presa desse teu sonho, que perturba a vista. Sujeito Poético Conflito entre o “eu” antigo e o “eu” presente “eu” passad o “Já tive a alma sem descrença presa” Fé no sonho da perfeição “eu” present e “Soam vãos, (…) / Os versos teus, que a minha dor despreza;” Desdém pelo sonho utópico da perfeição
  • 5. ESTRUTURA INTERNA  2ª Parte:  Inclui a 2ª quadra e o 1º terceto;  O sujeito poético aborda a impossibilidade de saber o verdadeiro significado da Perfeição  Ex:  “Um infinito de nós mesmos dista”  Recurso a verbos conjugados na 1ª pessoa do singular:  Ex:  “Da Perfeição segui em vã conquista,”  “Mas vi depressa, (...)” Procura da perfeição Revela-se inútil “Nem à nossa alma definir podemos” Dor de pensar / Impotência Afastamento do destinatário Perdido no seu pensamento “…A chorar perdemos” - Desmotivação e negativismo Da perfeição segui em vã conquista, mas vi depressa, já sem a alma acesa, que a própria ideia em nós dessa beleza um infinito de nós mesmos dista. Nem à nossa alma definir podemos a perfeição em cuja estrada a vida, achando-a intérmina, a chorar perdemos.
  • 6. ESTRUTURA INTERNA  3ª Parte  Inclui o último terceto;  O sujeito lírico aborda a consequência da impossibilidade de definir a Perfeição;  Esta indefinição amplifica a ansiedade presente no sujeito poético.  Logo, o sujeito debate-se com a dor de pensar – devido à obsessiva intelectualização do exterior e introspeção realizada pelo ”eu”.  Estabelece a conclusão Chave de Ouro do primeiro soneto “Que o ser indefinida faz tamanha” É a indefinição de perfeição que inquieta o ‘eu’ poético Se desconhece a definição, então encontra-se perdido O mar tem fim, o céu talvez o tenha, mas não a ânsia da cousa indefinida que o ser indefinida faz tamanha.
  • 7. FIGURAS DE ESTILO  Apóstrofe:  “…dolorido epicurista”;  Gradação:  “O mar tem fim, o céu talvez o tenha,/ Mas não a ânsia da Coisa indefinida;  Metáfora:  “…já sem a alma acesa”;  Hipérbato:  “ os versos teus…”;  “… a chorar perdemos…”; Referência a Ricardo Reis Comparação da alma a um fogo que perdeu a força