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APCD Jornal // Abril 201410
Quais os sintomas e como tratar a
doença celíaca?
// Texto Mariana Pantano //
Em novembro de 2007, du-
rante o pós-parto, a blogueira
paulistana, Janaína Branco, co-
meçou a apresentar os sintomas
clássicos da doença celíaca. Pas-
sou em consulta com dez médi-
cos e nenhum deles diagnosticou
a doença, até que resolveu pes-
quisar na Internet o que estava
sentindo, e o primeiro link que
apareceu foi a doença celíaca.
Pegou a lista de exames e foi a
um gastroenterologista, explicou
o que estava acontecendo, foi
examinada e já no consultório
o médico disse que concordava
com a suspeita.
“Fiz os exames sorológicos,
e o que confirmou a doença
foi a endoscopia com biópsia.
Consegui fechar o diagnóstico
exatamente um ano após apa-
recer os sintomas clássicos. Foi
um alívio! Chorei de alegria por
enfim descobrir qual era o pro-
blema, e chorei de raiva de cada
médico que me tratou com
desprezo e pouco caso durante
aqueles meses de peregrinação.
Enfim eu sabia o que eu tinha,
e sabia que não era psicológi-
co, como alguns médicos che-
garam a me dizer. Descobri que
sempre tive sintomas de doença
celíaca, porém, antes de engra-
vidar, meus sintomas não eram
os clássicos e, por isso, sempre
eram associados a alergias, rini-
te etc.”, relata Janaína.
De acordo com a gastroente-
rologia pediátrica, Jacy Andrade,
a doença celíaca tem origem ge-
nética e se refere à intolerância
permanente ao glúten que é uma
proteína presente no trigo, aveia,
centeio, cevada e no malte, ce-
reais amplamente utilizados na
composição de alimentos. Geral-
mente esta patologia se manifes-
ta na infância, entre o primeiro
e terceiro ano de vida, podendo,
entretanto, surgir em qualquer
idade, inclusive na vida adulta.
A nutricionista clínica e esté-
tica, Ana Carolina Oliveira, expli-
ca que a doença celíaca é definida
como uma patologia autoimune,
e afeta o intestino de indivíduos
geneticamente predispostos, em
sua maioria do sexo feminino, le-
vando a atrofia das vilosidades da
mucosa. Uma vez danificadas, as
vilosidades intestinais diminuem
sua capacidade absortiva, resul-
tando em prejuízo na absorção
de diversos nutrientes.
Segundo a nutricionista es-
pecializada em exercício físico,
nutrição, medicina na saúde e no
esporte, e especializada em ali-
mentos funcionais, fitoterapia e
suplementação, Mariana Lopes
Pagnani, a doença celíaca aco-
mete tanto crianças como adul-
tos, alterando a absorção normal
na primeira porção do intestino.
“Esta doença é comum, embora
seja pouco diagnosticada, já que
a maioria dos portadores não
apresenta sintomas ou só os
tem em grau mínimo. Em
geral, se manifesta entre
o primeiro e terceiro ano
de vida, ocasião em que
o glúten é introduzido
na alimentação da criança.”
Jacy Andrade diz que o qua-
dro clínico da doença se manifes-
ta com ou sem sintomas e tem di-
ferentes formas de manifestação:
Clássica: é muito frequente
entre as crianças, e se manifesta
após a introdução da alimentação
à base de pães, macarrão, bola-
chas e industrializados com os ce-
reais proibidos. Caracteriza-se por
diarreia crônica, desnutrição com
emagrecimento e déficit de cresci-
mento, falta de apetite, distensão
abdominal, vômitos, dor abdomi-
nal, atrofia dos glúteos e apatia.
Uma crise pode levar o paciente
à morte na falta de diagnóstico e
tratamento. Entre os adultos pode
aparecer a osteoporose, a esterili-
dade e abortos de repetição.
Atípica: apresenta manifes-
tações extraintestinais, com al-
terações gastrintestinais não tão
significativas. A criança pode
apresentar anemia resistente ao
tratamento com ferro, irritabi-
lidade, fadiga, baixo ganho de
peso e estatura, prisão de ventre,
constipação intestinal crônica e
alterações do esmalte dentário.
Os adultos podem manifestar a
doença por esterilidade e osteo-
porose antes da menopausa.
Silenciosa: quando não há
sintomas. São pacientes com
exames laboratoriais e genéticos
alterados e lesões características
na biópsia de intestino.
Potencial: também não mos-
tra sintomas. São pacientes com
exames laboratoriais e genéticos
alterados, mas sem lesões carac-
terísticas na biópsia de intestino
que pode ser normal ou discreta-
mente alterada.
Refratária: pacientes com má
absorção grave que não respon-
dem à dieta de restrição, precisan-
do de tratamento medicamentoso
para controle do quadro.
“A doença também pode se
manifestar por alterações de
pele a que denominamos der-
matite herpetiforme, que pode
ser considerada uma variante da
doença celíaca, onde o pacien-
te apresenta lesões de pele que
coçam e provocam sensação de
queimadura intensa. As lesões
são avermelhadas, salientes, me-
dem habitualmente menos de um
centímetro de diâmetro e con-
tém uma vesícula ou bolha. Se
coçadas, uma crosta aparecerá
na sua superfície e a sensação de
queimadura ou picada pode ser
sentida até 8 a 12 horas antes
do aparecimento da lesão”, relata
Jacy Andrade.
Para o tratamento da doença
celíaca existe um único método:
uma dieta rigorosa, onde devem
ser retirados todos os alimentos
e preparações que contenham o
glúten. Deve-se substituir os in-
gredientes que contenham glú-
ten por outras opções como a
farinha de arroz, farinha e amido
de milho, fubá, farinha de man-
dioca, polvilho, tapioca e fécula
de batata. “A dieta deve ser para
toda a vida. Se não aparecerem
sintomas depois que o paciente
ingerir glúten, isto não signifi-
ca que o alimento não lhe fará
mal. A vigilância da dieta deve
ser permanente, já que a inges-
tão de glúten pode acontecer até
sem que se perceba como, por
exemplo, através de óleo de fri-
tura utilizado no preparo de ali-
mentos com glúten e depois para
a fritura de alguma preparação
sem substância orgânica; utiliza-
ção da mesma faca para se passar
margarina em pão com glúten
e depois passar em bolacha sem
glúten; usar tabuleiros ou for-
mas polvilhadas com farinha de
trigo e depois reutilizá-las para
os produtos sem glúten, sem que
tenham sido bem lavadas. O pa-
ciente deve ter uma alimentação
variada, composta por elemen-
tos ou nutrientes que o ajudem
a crescer, e a retirada do glúten
não atrapalha o processo de
crescimento que se estende até
a adolescência, desde que seja
substituído por outros alimentos
sem glúten”, detalha a médica.
Janaína Branco conta que
quando apresentou a forma clás-
sica da doença, emagreceu mui-
to, sentia muitas dores, coceira
por conta das lesões na pele,
então, fazer a dieta nunca pa-
receu um sacrifício. “Sempre me
senti muito grata por poder ficar
saudável sem ter que tomar re-
médios. A doença celíaca afetou,
principalmente, a minha fertili-
dade; fiquei grávida quatro vezes,
Pessoas intolerantes ao glúten
devem mudar hábitos alimentares
e evitar a substância. Contudo,
restrição da proteína virou moda
entre as dietas radicais para
emagrecer e especialistas
fazem alerta a população
Jornal_APCD_Abril_684.indd 10 28/03/14 14:52
Abril 2014 // APCD Jornal 11
sofri abortos e minhas gestações
foram todas de risco. Tudo isso
faz com que as dificuldades em
relação às restrições por conta da
doença pareçam pequenas e con-
tornáveis. As dificuldades iniciais
que encontrei foi descobrir como
cozinhar sem glúten, onde en-
contrar os ingredientes, aprender
sobre a contaminação cruzada e
como evitá-la. E, principalmente,
como educar as pessoas ao meu
redor para respeitarem a minha
restrição alimentar.”
Em 2012, Janaína criou o blog
“Quitanda Sem Glúten”, como
consequência de um trabalho
que realizou em uma escola em
Belo Horizonte, Minas Gerais.
“Na época, meu filho com quatro
anos já tinha também o diagnós-
tico de doença celíaca e, por isso,
a escola precisaria se adequar
para recebê-lo.”
A nutricionista especialista
em nutrição clínica e metabolis-
mo pela Universidade Gama Filho,
em alimentos funcionais, fitote-
rapia e suplementação, Carolina
Carvalho de Oliveira, explica que
quando o glúten cai no intestino
delgado, causa naturalmente um
inchaço. “No caso de quem tem
uma intolerância a substância, ou
no dos celíacos, além do inchaço
ocorre a inflamação intestinal, o
que acaba dificultando a absor-
ção de nutrientes. “Para quem
não tem doença celíaca, evitar
o glúten, muitas vezes, é desne-
cessário. A eliminação total do
glúten na dieta, na prática, não é
tão fácil assim, já que muitos dos
alimentos presentes na mesa dos
brasileiros incluem esta proteína.
Evitando alimentos com glúten
pode-se até obter uma perda de
peso, decorrente da diminuição
de alimentos calóricos (como
pães, bolos, pizzas etc.), mas
quem não tem a doença celíaca
não precisa ser tão radical.”
Dieta sem glúten – uma
moda que exige atenção
O glúten tem sido excluído
do cardápio de muitas pessoas,
porém nem sempre é por causa
de alguma doença, mas sim para
emagrecer. Ao retirar por com-
pleto o glúten da alimentação,
um não-celíaco terá emagreci-
mento facilitado, porém a um
preço bastante alto, visto que
grande parte da nossa alimen-
tação contém glúten. “Portanto,
pessoas que não sofrem de do-
ença celíaca ou intolerância ao
glúten, também conhecida por
“espru tropical”, não necessitam
retirar todas as fontes de glú-
ten de sua alimentação, basta
aderir à reeducação alimentar,
onde os alimentos são consu-
midos de forma balanceada em
mas os quilos eliminados podem
ser decorrentes somente da me-
lhora do edema, e não por efeito
do glúten em si.”
Alergias e intolerâncias ali-
mentares são assuntos sérios e de-
vem ser encarados com respeito.
Assim, utilizar-se de argumentos
adotados para orientação de pes-
soas acometidas por essas ques-
tões para determinar ‘linhas’ de
‘dietasparaemagrecimento’éuma
conduta que não deve ser encora-
jada. “De acordo com o Conselho
Regional de Nutricionistas da 3ª
Região (CRN-3), a eliminação do
glúten da dieta só deve acontecer
nos casos de doença celíaca, de
dermatite herpetiforme, de alergia
ao glúten, ou quando eliminada a
hipótese de doença celíaca haja
diagnóstico clínico confirmado de
sensibilidade ao glúten (também
denominada como intolerância ao
glúten–não-celíaca). A dieta deve
ser encarada como um hábito de
caráter pessoal, requerendo orien-
tação nutricional profissional e
personalizada, uma vez que deve
conferir equilíbrio nutricional
aliado ao prazer em se alimentar”,
alerta Ana Carolina de Oliveira.
Maristela de Fátima Damião
Begnami ainda ressalta que na dú-
vida entre ser ou não ser um celíaco
ou intolerante ao glúten, procure
um médico e faça exames espe-
cíficos. ”Esta é a forma segura de
garantir um correto diagnóstico;
caso seja diagnosticado com doen-
ça celíaca ou intolerância ao glúten,
procure um profissional nutricionis-
ta que fará as adaptações corretas e
necessárias à sua dieta.”
A doença celíaca tem origem genética e se refere à
intolerância permanente ao glúten que é uma proteína
presente no trigo, aveia, centeio, cevada e no malte,
cereais amplamente utilizados na composição de
alimentos. Geralmente esta patologia se manifesta na
infância, entre o primeiro e terceiro ano de vida, podendo,
entretanto, surgir em qualquer idade, inclusive na vida
adulta - Jacy Andrade, gastroenterologia pediátrica
quantidade e qualidade, propor-
cionando perda de peso saudá-
vel e sem tantas restrições, es-
pecialmente se essa reeducação
alimentar for orientada por um
nutricionista e associada à ati-
vidade física regular, orientada
por educador físico”, explica a
especialista em nutrição, ativi-
dade física e qualidade de vida,
nutricionista clínica no Sest-Se-
nat (Serviço Social do Transporte
e Serviço Nacional do  Transpor-
te)  em Araraquara, e  professora
no Curso Técnico em Nutrição e
Dietética na Escola Técnica do
Centro Paula Souza: “Professora
Anna de Oliveira Ferraz”, Maris-
tela de Fátima Damião Begnami.
Carolina Carvalho de Oliveira
alerta que glúten pode afetar,
sim, o metabolismo, dificultando
a perda de peso. “Mas o que en-
gorda é o excesso de outros com-
ponentes que fazem parte destes
alimentos, como o carboidrato,
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teínas. E, alguns casos, retirando
alimentos com glúten da dieta, a
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Doença celíaca no jorna da APCD

  • 1. APCD Jornal // Abril 201410 Quais os sintomas e como tratar a doença celíaca? // Texto Mariana Pantano // Em novembro de 2007, du- rante o pós-parto, a blogueira paulistana, Janaína Branco, co- meçou a apresentar os sintomas clássicos da doença celíaca. Pas- sou em consulta com dez médi- cos e nenhum deles diagnosticou a doença, até que resolveu pes- quisar na Internet o que estava sentindo, e o primeiro link que apareceu foi a doença celíaca. Pegou a lista de exames e foi a um gastroenterologista, explicou o que estava acontecendo, foi examinada e já no consultório o médico disse que concordava com a suspeita. “Fiz os exames sorológicos, e o que confirmou a doença foi a endoscopia com biópsia. Consegui fechar o diagnóstico exatamente um ano após apa- recer os sintomas clássicos. Foi um alívio! Chorei de alegria por enfim descobrir qual era o pro- blema, e chorei de raiva de cada médico que me tratou com desprezo e pouco caso durante aqueles meses de peregrinação. Enfim eu sabia o que eu tinha, e sabia que não era psicológi- co, como alguns médicos che- garam a me dizer. Descobri que sempre tive sintomas de doença celíaca, porém, antes de engra- vidar, meus sintomas não eram os clássicos e, por isso, sempre eram associados a alergias, rini- te etc.”, relata Janaína. De acordo com a gastroente- rologia pediátrica, Jacy Andrade, a doença celíaca tem origem ge- nética e se refere à intolerância permanente ao glúten que é uma proteína presente no trigo, aveia, centeio, cevada e no malte, ce- reais amplamente utilizados na composição de alimentos. Geral- mente esta patologia se manifes- ta na infância, entre o primeiro e terceiro ano de vida, podendo, entretanto, surgir em qualquer idade, inclusive na vida adulta. A nutricionista clínica e esté- tica, Ana Carolina Oliveira, expli- ca que a doença celíaca é definida como uma patologia autoimune, e afeta o intestino de indivíduos geneticamente predispostos, em sua maioria do sexo feminino, le- vando a atrofia das vilosidades da mucosa. Uma vez danificadas, as vilosidades intestinais diminuem sua capacidade absortiva, resul- tando em prejuízo na absorção de diversos nutrientes. Segundo a nutricionista es- pecializada em exercício físico, nutrição, medicina na saúde e no esporte, e especializada em ali- mentos funcionais, fitoterapia e suplementação, Mariana Lopes Pagnani, a doença celíaca aco- mete tanto crianças como adul- tos, alterando a absorção normal na primeira porção do intestino. “Esta doença é comum, embora seja pouco diagnosticada, já que a maioria dos portadores não apresenta sintomas ou só os tem em grau mínimo. Em geral, se manifesta entre o primeiro e terceiro ano de vida, ocasião em que o glúten é introduzido na alimentação da criança.” Jacy Andrade diz que o qua- dro clínico da doença se manifes- ta com ou sem sintomas e tem di- ferentes formas de manifestação: Clássica: é muito frequente entre as crianças, e se manifesta após a introdução da alimentação à base de pães, macarrão, bola- chas e industrializados com os ce- reais proibidos. Caracteriza-se por diarreia crônica, desnutrição com emagrecimento e déficit de cresci- mento, falta de apetite, distensão abdominal, vômitos, dor abdomi- nal, atrofia dos glúteos e apatia. Uma crise pode levar o paciente à morte na falta de diagnóstico e tratamento. Entre os adultos pode aparecer a osteoporose, a esterili- dade e abortos de repetição. Atípica: apresenta manifes- tações extraintestinais, com al- terações gastrintestinais não tão significativas. A criança pode apresentar anemia resistente ao tratamento com ferro, irritabi- lidade, fadiga, baixo ganho de peso e estatura, prisão de ventre, constipação intestinal crônica e alterações do esmalte dentário. Os adultos podem manifestar a doença por esterilidade e osteo- porose antes da menopausa. Silenciosa: quando não há sintomas. São pacientes com exames laboratoriais e genéticos alterados e lesões características na biópsia de intestino. Potencial: também não mos- tra sintomas. São pacientes com exames laboratoriais e genéticos alterados, mas sem lesões carac- terísticas na biópsia de intestino que pode ser normal ou discreta- mente alterada. Refratária: pacientes com má absorção grave que não respon- dem à dieta de restrição, precisan- do de tratamento medicamentoso para controle do quadro. “A doença também pode se manifestar por alterações de pele a que denominamos der- matite herpetiforme, que pode ser considerada uma variante da doença celíaca, onde o pacien- te apresenta lesões de pele que coçam e provocam sensação de queimadura intensa. As lesões são avermelhadas, salientes, me- dem habitualmente menos de um centímetro de diâmetro e con- tém uma vesícula ou bolha. Se coçadas, uma crosta aparecerá na sua superfície e a sensação de queimadura ou picada pode ser sentida até 8 a 12 horas antes do aparecimento da lesão”, relata Jacy Andrade. Para o tratamento da doença celíaca existe um único método: uma dieta rigorosa, onde devem ser retirados todos os alimentos e preparações que contenham o glúten. Deve-se substituir os in- gredientes que contenham glú- ten por outras opções como a farinha de arroz, farinha e amido de milho, fubá, farinha de man- dioca, polvilho, tapioca e fécula de batata. “A dieta deve ser para toda a vida. Se não aparecerem sintomas depois que o paciente ingerir glúten, isto não signifi- ca que o alimento não lhe fará mal. A vigilância da dieta deve ser permanente, já que a inges- tão de glúten pode acontecer até sem que se perceba como, por exemplo, através de óleo de fri- tura utilizado no preparo de ali- mentos com glúten e depois para a fritura de alguma preparação sem substância orgânica; utiliza- ção da mesma faca para se passar margarina em pão com glúten e depois passar em bolacha sem glúten; usar tabuleiros ou for- mas polvilhadas com farinha de trigo e depois reutilizá-las para os produtos sem glúten, sem que tenham sido bem lavadas. O pa- ciente deve ter uma alimentação variada, composta por elemen- tos ou nutrientes que o ajudem a crescer, e a retirada do glúten não atrapalha o processo de crescimento que se estende até a adolescência, desde que seja substituído por outros alimentos sem glúten”, detalha a médica. Janaína Branco conta que quando apresentou a forma clás- sica da doença, emagreceu mui- to, sentia muitas dores, coceira por conta das lesões na pele, então, fazer a dieta nunca pa- receu um sacrifício. “Sempre me senti muito grata por poder ficar saudável sem ter que tomar re- médios. A doença celíaca afetou, principalmente, a minha fertili- dade; fiquei grávida quatro vezes, Pessoas intolerantes ao glúten devem mudar hábitos alimentares e evitar a substância. Contudo, restrição da proteína virou moda entre as dietas radicais para emagrecer e especialistas fazem alerta a população Jornal_APCD_Abril_684.indd 10 28/03/14 14:52
  • 2. Abril 2014 // APCD Jornal 11 sofri abortos e minhas gestações foram todas de risco. Tudo isso faz com que as dificuldades em relação às restrições por conta da doença pareçam pequenas e con- tornáveis. As dificuldades iniciais que encontrei foi descobrir como cozinhar sem glúten, onde en- contrar os ingredientes, aprender sobre a contaminação cruzada e como evitá-la. E, principalmente, como educar as pessoas ao meu redor para respeitarem a minha restrição alimentar.” Em 2012, Janaína criou o blog “Quitanda Sem Glúten”, como consequência de um trabalho que realizou em uma escola em Belo Horizonte, Minas Gerais. “Na época, meu filho com quatro anos já tinha também o diagnós- tico de doença celíaca e, por isso, a escola precisaria se adequar para recebê-lo.” A nutricionista especialista em nutrição clínica e metabolis- mo pela Universidade Gama Filho, em alimentos funcionais, fitote- rapia e suplementação, Carolina Carvalho de Oliveira, explica que quando o glúten cai no intestino delgado, causa naturalmente um inchaço. “No caso de quem tem uma intolerância a substância, ou no dos celíacos, além do inchaço ocorre a inflamação intestinal, o que acaba dificultando a absor- ção de nutrientes. “Para quem não tem doença celíaca, evitar o glúten, muitas vezes, é desne- cessário. A eliminação total do glúten na dieta, na prática, não é tão fácil assim, já que muitos dos alimentos presentes na mesa dos brasileiros incluem esta proteína. Evitando alimentos com glúten pode-se até obter uma perda de peso, decorrente da diminuição de alimentos calóricos (como pães, bolos, pizzas etc.), mas quem não tem a doença celíaca não precisa ser tão radical.” Dieta sem glúten – uma moda que exige atenção O glúten tem sido excluído do cardápio de muitas pessoas, porém nem sempre é por causa de alguma doença, mas sim para emagrecer. Ao retirar por com- pleto o glúten da alimentação, um não-celíaco terá emagreci- mento facilitado, porém a um preço bastante alto, visto que grande parte da nossa alimen- tação contém glúten. “Portanto, pessoas que não sofrem de do- ença celíaca ou intolerância ao glúten, também conhecida por “espru tropical”, não necessitam retirar todas as fontes de glú- ten de sua alimentação, basta aderir à reeducação alimentar, onde os alimentos são consu- midos de forma balanceada em mas os quilos eliminados podem ser decorrentes somente da me- lhora do edema, e não por efeito do glúten em si.” Alergias e intolerâncias ali- mentares são assuntos sérios e de- vem ser encarados com respeito. Assim, utilizar-se de argumentos adotados para orientação de pes- soas acometidas por essas ques- tões para determinar ‘linhas’ de ‘dietasparaemagrecimento’éuma conduta que não deve ser encora- jada. “De acordo com o Conselho Regional de Nutricionistas da 3ª Região (CRN-3), a eliminação do glúten da dieta só deve acontecer nos casos de doença celíaca, de dermatite herpetiforme, de alergia ao glúten, ou quando eliminada a hipótese de doença celíaca haja diagnóstico clínico confirmado de sensibilidade ao glúten (também denominada como intolerância ao glúten–não-celíaca). A dieta deve ser encarada como um hábito de caráter pessoal, requerendo orien- tação nutricional profissional e personalizada, uma vez que deve conferir equilíbrio nutricional aliado ao prazer em se alimentar”, alerta Ana Carolina de Oliveira. Maristela de Fátima Damião Begnami ainda ressalta que na dú- vida entre ser ou não ser um celíaco ou intolerante ao glúten, procure um médico e faça exames espe- cíficos. ”Esta é a forma segura de garantir um correto diagnóstico; caso seja diagnosticado com doen- ça celíaca ou intolerância ao glúten, procure um profissional nutricionis- ta que fará as adaptações corretas e necessárias à sua dieta.” A doença celíaca tem origem genética e se refere à intolerância permanente ao glúten que é uma proteína presente no trigo, aveia, centeio, cevada e no malte, cereais amplamente utilizados na composição de alimentos. Geralmente esta patologia se manifesta na infância, entre o primeiro e terceiro ano de vida, podendo, entretanto, surgir em qualquer idade, inclusive na vida adulta - Jacy Andrade, gastroenterologia pediátrica quantidade e qualidade, propor- cionando perda de peso saudá- vel e sem tantas restrições, es- pecialmente se essa reeducação alimentar for orientada por um nutricionista e associada à ati- vidade física regular, orientada por educador físico”, explica a especialista em nutrição, ativi- dade física e qualidade de vida, nutricionista clínica no Sest-Se- nat (Serviço Social do Transporte e Serviço Nacional do  Transpor- te)  em Araraquara, e  professora no Curso Técnico em Nutrição e Dietética na Escola Técnica do Centro Paula Souza: “Professora Anna de Oliveira Ferraz”, Maris- tela de Fátima Damião Begnami. Carolina Carvalho de Oliveira alerta que glúten pode afetar, sim, o metabolismo, dificultando a perda de peso. “Mas o que en- gorda é o excesso de outros com- ponentes que fazem parte destes alimentos, como o carboidrato, gorduras e outros tipos de pro- teínas. E, alguns casos, retirando alimentos com glúten da dieta, a pessoa pode, de fato, emagrecer, Jornal_APCD_Abril_684.indd 11 28/03/14 14:52