8. Realismo – Contexto histórico
• Revolução industrial;
• Progresso tecnológico;
• Migração do campo para a cidade;
• Problemas sociais;
• Aumento da vida noturna;
• Desenvolvimento de teorias científicas.
9.
10. Realismo
• Marco inicial (na literatura):
▫ Portugal:
1865 – O poeta Antero Quantal publica seu livro de
poemas Odes Modernas
1890 – A publicação da obra Oaristos, de Eugênio de
Castro, marca o início do simbolismo
▫ Brasil:
1881 – Publicação de O Mulato de Aluísio Azevedo e
Memórias Póstumas de Brás Cubas
11. Realismo – Questão Coimbrã
• Coimbrã – aqueles de
Coimbra.
• Embate ideológico entre os
jovens estudantes de Coimbra
com os defensores do
romantismo:
▫ A nova estética x A velha
estética.
• Conferências do Cassino de
Lisboa.
• “Paro aqui, Exmo. Sr.. Muito
tenha eu ainda que dizer: mas
temo, no ardo de discursos,
faltar ao respeito a V. Exa.,
aos seus cabelos brancos”
12. Realismo – Características principais
• Cientificismo.
• Verossimilhança.
• Detalhamento.
• Impessoalidade.
• Materialismo.
• Psicologismo.
• Senso de contemporaneidade.
• Crítica e denúncia social.
13. O Escrivão Coimbra – Machado de Assis
Aparentemente há poucos espetáculos tão melancólicos como um ancião comprando
um bilhete de loteria. Bem considerado, é alegre; essa persistência em crer, quando
tudo se ajusta ao descrer, mostra que a pessoa é ainda forte e moça. Que os dias passem
e com eles os bilhetes brancos, pouco importa; o ancião estende os dedos para escolher
o número que há de dar a sorte grande amanhã — ou depois — um dia enfim, porque
todas as coisas podem falhar neste mundo, menos a sorte grande a quem compra um
bilhete com fé.
Não era a fé que faltava ao escrivão Coimbra. Também não era a esperança. Uma coisa
não vai sem outra. Não confundas a fé na Fortuna com a fé religiosa. Também tivera
esta em anos verdes e maduros, chegando a fundar uma irmandade, a irmandade de S.
Bernardo, que era o santo de seu nome; mas aos cinquenta, por efeito do tempo ou de
leituras, achou-se incrédulo. Não deixou logo a irmandade; a esposa pôde contê-lo no
exercício do cargo de mesário e levava-o às festas do santo; ela, porém, morreu, e o
viúvo rompeu de vez com o santo e o culto. Resignou o cargo da mesa e fez-se irmão
remido para não tornar lá. Não buscou arrastar outros nem obstruir o caminho da
oração; ele é que já não rezava por si nem por ninguém. Com amigos, se eram do
mesmo estado de alma, confessava o mal que sentia da religião. Com familiares,
gostava de dizer pilhérias sobre devotas e padres.
Aos sessenta anos já não cria em nada, fosse do céu ou da terra, exceto a loteria. A
loteria, sim, tinha toda a sua fé e esperança. Poucos bilhetes comprava a princípio, mas
a idade, e depois a solidão, vieram apurando aquele costume e o levaram a não deixar
passar loteria sem bilhete.
14. Tarefa – Para ser entregue em 12/02
• Questão 12 – pág. 291
• Questão 13 – pág. 291
• Você deverá copiar o enunciado da questão e a
alternativa que julgar correta.
• Logo em seguida, deverá construir um texto, de
5 a 10 linhas, justificando sua resposta,
defendendo seu ponto de vista
• Não é necessário justificar item por item.
Notas do Editor
A intenção é fazer os alunos associarem livremente o termo “realista” com as características principais dessa escola literária. Eles devem perceber que o Realismo diz respeito ao que é mais próximo do real, no sentido de não ser idealizado e estar relacionado ao próprio dia a dia, à vida cotidiana.
O termo “realista” normalmente é aplicado a alguém ou a alguma situação que não é fantasiada ou imaginada, mas que pode ser identificada na vida “real”, (cotidiana e comum) das pessoas.
A escola realista surge em oposição ao Romantismo, que os alunos já estudaram. Nesse momento, o objetivo é levar os alunos a refletirem sobre essa oposição: real x imaginado; idealização x cotidiano; subjetivo x objetivo.
Mostrar para os alunos o exemplo do quadro realista, de Gustav Courbet e mostrar como o quadro representa uma cena de trabalhadores, pessoas do povo, sem qualquer destaque social ou representação individual. Essa nova perspectiva, mais popular, vai caracterizar as pinturas do realismo.
O Realismo deve ser analisado em oposição ao Romantismo, para que os alunos entendam as características essenciais desse período. A imagem desse slide e a do slide seguinte devem ser analisadas também comparativamente, para que eles percebam como o Realismo é mais objetivo e mais voltado ao cotidiano, sem qualquer tipo de ornamento e idealização, como acontece no Romantismo.
Analisando essa obra, eles devem perceber que se trata da cena de um enterro, em que pessoas comuns são o centro temático do quadro, bem como as cores são mais escuras e a imagem retratada sem subjetividade eloquente.
A obra de Caspar David Friedrich é um marco do romantismo e se distancia da imagem realista apresentada no slide anterior, porque apresenta um homem solitário no cume de uma montanha. Esses elementos são típicos do Romantismo: a introspecção, a reflexão, o individualismo e a nebulosidade. Seria interessante observar como essa imagem é idealizada em oposição ao enterro, pois apresenta um visão sofisticada e exótica da vida, na qual fatos da vida diária não são representados.
Explicar resumidamente as teorias para os alunos entenderem como esses pensamentos influenciaram as obras literárias do período.
Darwin desenvolveu a Teoria da Evolução das Espécies, segundo a qual, os seres são dotados da capacidade de transformação física para se adequarem às condições climáticas e às adversidades.
O Positivismo, de Comte, pregava que o conhecimento deveria ser adquirido por meio da experiência concreta.
O Determinismo acreditava que o comportamento dos homens era definido pelo meio social em que o indivíduo se encontrava.
Karl Marx percebeu que a história da humanidade se limitava à história da luta de classes, o que será um tema recorrente nas obras realistas, como a disputa pelo poder e a busca de ascensão social.
Também conhecida como questão do Bom Senso e Bom Gosto.
Uma das mais importantes manifestações do “Grupo de 70”.
Pioneiros: António Feliciano de Castilho e os alunos universitários, Antero de Quental, Teófilo Braga e Vieira de Castro.
Foi um dos primeiros sinais da renovação literária e Ideológica ocorrida no séc. XIX.
Estes jovens revoltaram-se contra o atraso cultural do país, afirmando que viviam numa sociedade marcada pela falta de avanços na cultura e alimentada por falsas esperanças dadas pelo romantismo.
Estes jovens escreveram textos e organizaram reuniões a fim de mudarem a atitude nacional.
Cientificismo: a estruturação da sociedade, as personagens e das ações é condicionada aos desígnios do meio físico e social (genética, educação, ambiente, cultura, ...), de acordo com pesquisas e conclusões de ordem científica e/ou filosófica
Verossimilhança: na tentativa de dar à sua obra o caráter de verdade, já que essa obra assumia ideias científicas, o autor, apesar de estar fazendo ficção, procurava conferir à sua narrativa o registro mais próximo da realidade, ou seja, daquilo que é possível, considerando as limitações humanas.
Detalhamento: este traço é consequência do anterior. Na tentativa de tornar sua ficção crível ao entendimento do leitor, a maioria dos narradores estrutura a descrição de ambientes, de ações e a composição física e psicológica de personagens com riquezas de detalhes, os quais, inúmeras vezes, não têm importância no andamento das ações ou na solução da problemática abordada. Servem apenas para isto mesmo: dar “jeito de verdade” à história narrada.
Impessoalidade: como o narrador age como mero reprodutor de fatos sociais e científicos, a obra é tratada como algo externo à sua própria sentimentalidade, como um objeto apenas observado. Assim, ele faz de conta que a sua sentimentalidade pessoal, o seu individualismo e sua visão de mundo não se misturam com o universo da obra que está sendo construída. A arte realista é absolutamente racional.
Materiaslismo: os temas abordados são estritamente ligados a problemáticas reais, sociais e, sobretudo, concretas. Por exemplo: as ideias relativas a religiões são ignoradas, questiona-se a capacidade de casamento de promover a felicidade, nega-se a existência de um ser humano perfeitamente bom, justo ou infalível, mesmo considerando as limitações do gênero humano. O próprio amor tem caráter utilitário: no geral, ele é reproduzido em obras realistas, sempre movido por algum tipo de interesse que nada tem a ver com a manifestação espontânea e/ou espiritual que, em princípio, caracteriza esse sentimento, ao menos na nossa concepção. A emblemática frase de Quincas Borba de Machado de Assis resume corretamente esse aspecto da arte realista: “Ao vencedor as batatas!”
Psicologismo: também como consequência da atitude cientificista dos autores realistas, é comum a tendência de perscrutar as razões íntimas do pensar e do agir do personagens.
Senso de contemporaneidade: os realistas têm absoluta identificação com o tempo em que vivem. Desaparece totalmente o comportamento passadista tão usual na literatura romântica
Crítica e denúncia sociais: este parece ser o traço mais constante da arte literária do Realismo. Ele reflete o compromisso assumido pelos autores desse estilo, com o progresso do homem e, sobretudo, com a melhira do comportamento coletivo da sociedade humana, obejtivadndo a justiça e o respeito pela dignidade do ser social.