"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
Governo JK e a construção de Brasília
1. Período pós-Vargas
Juscelino Kubitschek
O governo de Juscelino Kubitschek estendeu-se de 1956 a 1961 e teve como grande
marca o desenvolvimentismo. Kubitschek investiu maciçamente no desenvolvimento de
estradas, no crescimento industrial, sobretudo da indústria pesada, e foi o responsável pelo
ambicioso projeto da construção de Brasília como nova capital do Brasil. Juscelino
Kubitschek (JK) assumiu a presidência brasileira no dia 31 de janeiro de 1956 e em meio a
uma forte crise política, que quase o impediu de tomar posse da presidência do país.
A campanha de Juscelino Kubitschek foi marcada pela defesa da necessidade de se
retomar uma política que desenvolvesse a economia e promovesse a industrialização do
Brasil. Para lançar essa ideia, a candidatura de JK cunhou o slogan que marcou sua
campanha: 50 anos em 5. A ideia do slogan era afirmar que, durante os cinco anos do
governo de JK, o Brasil avançaria seus índices econômicos de maneira considerável.
A campanha de JK teve sucesso, em grande parte, pela habilidade do político mineiro em
articular grupos políticos de diferentes orientações para apoiá-lo. Isso foi evidenciado
porque a candidatura de Kubitschek teve o apoio de grupos da burguesia industrial
brasileira, assim como contou com o apoio dos comunistas e dos militares legalistas.
Logo no início de seu governo, Juscelino Kubitschek apresentou à nação o seu projeto para o
desenvolvimento econômico do Brasil: o Plano de Metas. Esse programa econômico do
governo JK estipulou 31 metas para a promoção do desenvolvimento econômico e da
industrialização do Brasil. O Plano de Metas tinha como prioridade o investimento nas áreas
de energia, transporte, indústria pesada e alimentação.
Outro feito que marcou o governo de JK e foi o símbolo da sua visão de desenvolvimento e
progresso foi a construção da nova capital do Brasil, a cidade de Brasília. A construção de
uma nova capital no interior do país era algo estipulado nas Constituições brasileiras desde
1889. JK apropriou-se dessa ideia e levou-a adiante.
Conforme já mencionado, o governo de JK alcançou resultados impressionantes na
economia, sobretudo na área da indústria, porém, Kubitschek contribuiu abertamente para
agravar alguns problemas crônicos do nosso país. Os baixos investimentos nas áreas de
educação e alimentação contribuíram para agravar o problema da produção de alimentos, da
distribuição das terras produtivas e da disponibilidade de vagas nas universidades. Essas
questões agravaram-se e estouraram durante os anos 1960, principalmente nos anos do
governo de João Goulart.
Além disso, os elevados gastos de Kubitschek em seu governo contribuíram para
aumentar a dívida externa do país (que alcançou a cifra de 3 bilhões de dólares), e as
relações do Brasil com o FMI saíram bastante arranhadas. Mas o fator de maior insatisfação
da população era a inflação: em 1959, a inflação no Brasil alcançou a marca de 39,4% (era
7% em 1957)
Jânio Quadros
O discurso “Varre, varre, vassourinha” para combater a corrupção ganhou uma proporção
enorme no país e Jânio Quadros foi eleito presidente. Alguns problemas fundamentais que
destacaram-se em seu governo são:
Ele se reaproximou da União Soviética; Seu vice, João Goulart, estava na China
tentando uma aproximação política; Ele tentou obter o apoio de Carlos Lacerda, jornalista e
político influente, para fechar o Congresso. Por causa de sua tentativa de fechar o
Congresso, Carlos Lacerda ofereceu que Jânio renunciasse ou que fosse denunciado nos
jornais. Jânio renunciou 25 de agosto de 1961 pensando que o povo iria às ruas pedir seu
retorno e que o Congresso não aceitaria seu pedido. Porém, sua renúncia foi aceita no dia
seguinte e ninguém saiu às ruas. Assim, Jânio perdeu seu cargo.
2. João Goulart (Jango)
Com a renúncia de Jânio, quem assumiu foi seu vice, João Goulart, que tinha ligações com
as outras ditaduras populistas latino-americanas. Ele estava na China comunista de Mao
Tsé-Tung quando Jânio Quadros renunciou.
Jango sustentava teses de esquerda, mesmo que o Brasil não as quisesse. Além do que
vimos, ele começou uma política econômica intervencionista, desenvolvimentista,
emissionista e inflacionária. A inflação atingiu 100% ao ano e a situação era insustentável.
Em meio a tudo isso, Goulart concluiu que o melhor era unir-se à extrema esquerda e ainda
encorajava os grupos a fazer greves para pressionar o Congresso.
Com a presença da KGB aqui no Brasil, com guerrilheiros treinados em Cuba e com a ajuda
da STB, as tensões só aumentaram.
Em 1962, já se sabia da existência de pelo menos oito campos de treinamento das ligas
camponesas do Brasil que tiveram treinamento de guerrilha em Cuba.
As reformas de base do governo de João Goulart pregavam:
Reestruturação da Constituição; Mudanças drásticas na política agrária, urbana,
educacional e tributária; Estatização de refinarias; Desapropriação de terras; Fixação do
preço de aluguéis; Congelamento de pagamentos da dívida externa.
Estas medidas eram inconstitucionais e o próprio governo já esperava que elas não fossem
aceitas pelo Congresso. Por esta razão, Jânio pediu a aprovação do Estado de Sítio, uma
medida extremamente autoritária. Ele tentou governar por decretos e isto foi decisivo para
que a oposição se manifestasse contra ele.
Em março de 64 houve o ápice da agitação nas ruas, das greves e da crise em que o país
se encontrava. Junto com Prestes, grupos comunistas e militares insubordinados, João
Goulart organizou comícios em todo Brasil pressionando o Congresso a aprovar as
Reformas de Base.
João Goulart e Leonel Brizola (político brasileiro que era referência na liderança da
esquerda) ainda discursavam em público contra a Constituição e a favor de um plebiscito
para a dissolução do Congresso.
O país sofria uma de suas piores crises, greves, ameaças de guerra civil, caos quase
incontrolável, deterioração econômica e financeira, indisciplina nos quartéis e inflação muito
alta.
Jango estava no Rio de Janeiro quando as forças comandadas pelo General Olímpio
Mourão Filho se aproximaram, para prendê-lo . Ele foi para Brasília e depois para Porto
Alegre, onde se encontrou com o Brizola, que o encorajava a enfrentar.
Segundo a Constituição de 46, se o Presidente da República se ausentasse do país sem
comunicação oficial com a sede do governo, ele estaria impedido. João Goulart estava
ainda em território nacional voando de Brasília para Porto Alegre, quando Auro de Moura
Andrade (presidente do Congresso Nacional) declarou a vacância do cargo.
O Chefe da Casa Civil enviou uma carta ao Congresso dizendo que o presidente estava em
Porto Alegre, em território nacional, ainda no exercício de suas funções, mas ela não foi
acolhida. Naquele momento, os militares entraram com o apoio da sociedade, da Igreja
Católica, da OAB, da imprensa, da UDN e de vários sindicatos.
Goulart foi para São Borja, pouco tempo depois Brizola também foi e juntos partiram para o
Uruguai. Não houve resistência ou pedido de restauração. Nem mesmo a esquerda pediu o
retorno de Jango ao poder, pois queriam alguém com o perfil mais combativo de Brizola.
Para continuar a revolução que ajudaram começar, os líderes das forças armadas
formaram uma junta militar, o Supremo Comando da Revolução, que eram os generais.
Assim o general Castelo Branco cumpriu o mandato de João Goulart e novas eleições
diretas deveriam ser realizadas em 1965. Mas esta ideia não era unânime entre os militares,
diferentes grupos disputavam espaço, exercendo pressão sobre o governo recém-formado e
o governo Castelo Branco teve seu mandato prorrogado, governando de 1964 a 1967 dando
início ao período militar.