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FIM DA ERA COLONIAL
Durante a colonização da África, notamos que as grandes nações europeias impuseram formas de
organização política que modificaram radicalmente o modo de vida desse povo. As antigas tradições e
experiências históricas construídas ao longo do tempo eram arbitrariamente ignoradas e substituídas
por modelos civilizatórios comprometidos com a exploração das riquezas desse povo. Em muitos casos,
fronteiras étnicas e culturais eram desconsideradas na organização desses espaços.
Reproduzindo seu ideal de superioridade ao longo do processo colonial, muitas potências europeias não
se limitaram a estabelecer a completa dominação das etnias africanas. Em muitos casos, o controle da
administração colonial era partilhado com o auxílio de alguns povos naquela região. Dessa forma, a ação
colonial determinava o desenvolvimento de novas rivalidades entre os povos africanos que habitavam
uma mesma região colonizada.
No pós-Segunda Guerra Mundial, o processo de descolonização foi influenciado pelo fato de
importantes nações colonialistas terem lutado em defesa das nações subjugadas ao totalitarismo. Desse
modo, o fim da colonização acabou se transformando em um tipo de postura política coerente aos
ideais de defesa da liberdade e soberania dos povos. Ainda assim, podemos ver que em algumas
regiões, principalmente de colonização francesa, a descolonização ficou marcada pelo conflito.
França na África : A partir da segunda metade do século XIX, a França conquistou vastas
extensões territoriais na África. Sua expansão se deu de forma mais intensa na África Ocidental e na
África Central, além de conquistar também territórios insulares, como Comores, Madagascar e Ilha
Reunião. De certa forma, foram as iniciativas colonialistas francesas que deram partida para a corrida
em direção ao continente africano, que teve seu ponto culminante com a partilha do continente,
organizada durante a Conferência de Berlim (1884-1885).
A política colonial francesa foi muito intensa, embora tenha variado de acordo com a área colonial. Com
efeito, algumas colônias receberam mais atenção e outras, menos. De forma geral, o colonialismo
francês é descrito como um sistema de dominação e administração direta, que interferia em
profundidade nas estruturas autóctones africanas. Esse sistema, por exemplo, tinha uma política de
assimilação cultural e os territórios africanos eram vistos como partes da França. Nesse sentido, o
legado colonial francês também se distinguiu dos demais colonialismos, sobretudo porque a França,
como ex-metrópole, fez questão de manter fortes laços com suas antigas colônias, envolvendo-as em
sua estratégia de inserção internacional como potência mundial, mesmo que mediana, se comparada
com os Estados Unidos e com a então União Soviética no contexto da Guerra Fria.
Após a Segunda Guerra Mundial a França, que já se encontrava com a insurreição na Argélia e na
Indochina e depois de já ter perdido Marrocos e a Tunísia, em 1956, como resultado de movimentos
independentistas aos quais foi obrigada a ceder, tentou em Setembro de 1958, através de um referendo
uma manobra de dar uma “autonomia” às suas colónias, que continuariam a fazer parte da
“Comunidade Francesa”. Com excepção da Guiné, que votou pela independência imediata, a Costa do
Marfin , o Níger, o Alto Volta e o Daomé decidiram formar a “União Sahel-Benin” e, mais tarde, o
“Conselho do Entendimento”, enquanto o Senegal se unia ao “Sudão Francês” para formar a “Federação
do Mali”. Estas uniões não duraram muito tempo.
A descolonização das áreas ocupadas pelos franceses na África não foi um processo fácil,
principalmente diante da reação de Paris para com dois casos em particular. Nesse contexto, destacam-
se as independências da Guiné (Conakri, 1958) e, mais ainda, da Argélia (1962).
Na Guiné, durante o governo de Sékou Touré, os guineenses tiveram a “ousadia” de dizer não para os
franceses quando do referendo de 1958, pelo qual o governo francês, sob a administração do general
De Gaulle, pretendia manter vínculos especiais do novo país com a França, sendo que tais vínculos são
mantidos até hoje com a maioria das ex-colônias.
Com o aval da esmagadora maioria da população guineense, Sékou Touré, líder do Partido Democrático
da Guiné, rejeitou, a 28 de setembro de 1958, a proposta do general Charles De Gaulle para que a Guiné
integrasse uma Comunidade Francesa. Sékou Touré optava assim pela independência da Guiné-Conacri,
que acabou por ser decretada quatro dias depois, a 2 de outubro.
A negativa no referendo, que buscava um novo começo para a sociedade guineense, livre da influência
europeia em seus assuntos políticos, chocou os franceses e provocou uma reação absurdamente
desproporcional e indicativa da forma como a França encarava os novos Estados africanos .
Depois do "não" ao general Charles de Gaulle, o Executivo francês recrutou mercenários e opositores
guineenses que queriam afundar o regime de Touré, como o próprio denunciou: "Queriam destruir o
regime guineense porque a Guiné era o trampolim para os nacionalistas que lutavam pela
independência dos seus países", afirmou.
Antes de saírem, trezentos mil franceses cheios de fúria odiosa deixaram o país destruído, reduzido a
pó. Queimaram tudo que estava na frente: livros, tratores, prédios, máquinas, plantações, bibliotecas,
os alimentos estocados, o gado foi massacrado e os hospitais depredados com seus aparelhos.
Queimaram e destruíram tudo que a colônia havia construído com o dinheiro e o trabalho locais ou com
aquele trazido da França.
O país ficou arrasado. O propósito dessa devastação era dar um recado às outras colônias do que
aconteceria se ousassem querer a independência.
Sob o governo de Touré, a Guiné-Conacri se tornou uma ditadura de partido único, com uma economia
fechada de caráter socialista e intolerante a direitos humanos, liberdade de expressão ou oposição
política. Sékou Touré morreu em 1984, e uma junta militar encabeçada pelo coronel Lansana Conté
tomou o poder.
Na Argélia foi ainda pior, haja vista que nesse território os interesses franceses eram muito mais
intensos e estavam arraigados há muito mais tempo. Além dos interesses econômicos, havia na Argélia
uma considerável população francesa ou de origem francesa, que beirava um milhão de pessoas, o que
certamente agravou a resistência de Paris em aceitar negociar a independência da colônia, levando a
uma longa e desgastante guerra.
A guerra da Argélia foi uma das mais terríveis guerras de independência da África no contexto da
descolonização. Os franceses se recusavam a aceitar a independência e a Frente de Libertação Nacional
(FLN) argelina lutou com determinação para atingir o seu objetivo. O resultado foi um elevado saldo de
mortos dos dois lados, sendo que cerca de 300 mil argelinos perderam suas vidas durante o conflito,
contra aproximadamente 30 mil franceses. De toda forma, a guerra demonstrou que mesmo para um
país poderoso como a França havia limites, isto é, que o movimento pela descolonização não poderia ser
contido por meio da repressão, por mais violenta que fosse. A negociação política era um imperativo e
as antigas potências coloniais deveriam pensar em uma nova estratégia no seu relacionamento com os
novos Estados africanos.
A derrota na guerra da Argélia mexeu com os brios franceses, principalmente dos militares, mas com
evidente impacto em suas elites políticas e que certamente tiveram repercussões para o futuro
relacionamento entre a França e os territórios africanos em processo de descolonização, podendo ser o
ponto chave para revisão das estratégias de colonização e de negociação para não perder as outras
colônias sob seu domínio. Ou seja, ela ocorreu como coroamento de uma série de duas grandes
derrotas militares que humilharam a França, sendo que a primeira delas foi a acachapante capitulação
diante da Alemanha nazista, em 1940; e a segunda, o tropeço militar na guerra da Indochina, quando os
franceses foram derrotados na batalha de Dien Bien Phu, em 1954, e forçados a abandonar a Indochina
(Vietnã, Camboja e Laos).
Durante a guerra contra Argélia, em 1956 o Marrocos torna-se independente, já que a França não teria
mais condições de lutar contra outra colônia. Em 1959 a confederação do Mali, composto pelas colônias
Alto Volta (Burkina Faso), Daomé (Benin), Senegal e Mali, pede ao governo De Gaule pela sua
independência, que a concede em 1960.
Outras colônias francesas também têm suas independências reconhecidas no mesmo ano, como: Costa
do Marfim, Mauritânia, Níger, Togo, Chade, Camarões, Gabão, República do Congo, Madagascar, Ubangui-
Char tornou-se a República Centro Africana após a independência. O ano de 1960 foi reconhecido como
“o ano Africano”, pois foi um momento de conquista dos vários anos de submissão aos franceses por meio
de oposições pacíficas. Comores foi a última colônia francesa no continente africano, e teve sua
independência em 1975.
Da década de 1960 até meados dos anos 1990, a França persistiu em suas intervenções militares em países
africanos. Suas motivações e justificativas variavam um pouco, mas o essencial se resumia a seis pontos:
defender seus interesses econômicos, proteger os seus cidadãos, defender os regimes africanos que
mantêm relações especiais, tanto políticas, econômicas e estratégicas com Paris, expandir sua esfera de
influência sobre a África dita francófona, lutar contra grupos rebeldes que ameacem os regimes aliados,
aumentar sua influência mundial por meio de uma ativa política africana .
Foi nesse sentido que se deu a desastrosa – e até mesmo criminosa – intervenção francesa em Ruanda
no final da década de 1980 e início dos anos 1990. Como a Frente Patriótica Ruandesa (FPR), liderada
por Paul Kagame – atual presidente de Ruanda, no cargo desde o ano 2000 –, ameaçava concretamente
o governo do presidente Juvenal Habyarimana, os franceses resolveram agir para socorrer o seu
protegido, seguindo a lógica das relações pessoais e semi-institucionalizadas que regiam as relações
franco-africanas e em nome da preservação, claro, dos interesses da França em África.
A questão do genocídio em Ruanda é importante para a análise das intervenções francesas na África,
porque parece ser um ponto de ruptura dessa política, principalmente pelo desgaste provocado para a
imagem do governo francês, tanto na perspectiva doméstica, como no plano externo. Mas, como será
visto a seguir, nem mesmo o fiasco diante do genocídio ruandês foi capaz de modificar o modus
operandi da França na África, embora tenha, pelo menos temporariamente, recolocado o tema em
discussão na própria França.
Os franceses iniciaram ingerências militares nos assuntos de Ruanda quando as tropas da FPR passaram
a ameaçar o governo de Habyarimana, ditador que era considerado amigo pessoal do ex-presidente
francês François Mitterrand. Como citado, quem ameaçava o governo de Habyarimana era Paul Kagame,
comandante da Frente Patriótica e que conseguiu organizar e armar adequadamente as suas tropas a
partir dos campos de refugiados Tutsis em Uganda (claro, certamente com apoio do governo do país) e
de lá lançar operações militares bem sucedidas contra o fraco exército de Ruanda.
Guerra da Indochina
Na Guerra da Indochina, ocorrida de 1946 a 1954, vietnamitas (em geral, comunistas) lutaram contra
tropas francesas pela independência do Vietnã e pelo fim do domínio francês na região chamada
Indochina Francesa. Esse conflito resultou na independência de Vietnã, Laos e Camboja e pode ter
causado até 400 mil mortes.
A Indochina Francesa era uma colônia da França formada por Laos, Camboja, três reinos vietnamitas
(Tonquim, Annam e Conchinchina) e um protetorado cedido pelos chineses, chamado Guangzhouwan.
O domínio dos franceses estendeu-se até 1940, quando essa região foi atacada e conquistada pelos
japoneses durante a Segunda Guerra Mundial. Esse ataque decorreu das ambições imperialistas dos
japoneses no Sudeste Asiático e também buscou fechar rotas utilizadas pelos Estados Unidos para
fornecer armas para os chineses durante a Segunda Guerra sino-japonesa (1937-1945).
A invasão dos japoneses contribuiu para o fortalecimento do movimento nacionalista vietmanita,
organizado em torno de grupos comunistas.
Além de expulsar os japoneses, os nacionalistas vietnamitas tinham como objetivo alcançar a
independência do Vietnã e, assim, pôr fim ao domínio colonial dos franceses. Para alcançar esses
objetivos, foi formada a Liga Revolucionária para a Independência do Vietnã, conhecida como Vietminh.
O Vietminh, liderado por Ho Chi Minh, aliou-se com os Estados Unidos, a China e os franceses de De Gaulle
e passou a lutar contra os invasores japoneses.
Ao final da guerra, e com a derrota e expulsão dos japoneses, o Vietminh estabeleceu-se ao norte do
Vietnã e, após declaração de Ho Chi Minh, fundaram uma república nessa região.
A república criada pelos comunistas instalou-se na região que, de acordo com os Aliados, deveria ser
ocupada pelos franceses. Os Aliados haviam definido uma divisão do Vietnã a partir do chamado paralelo
17ºN. A parte sul do país continuou sob domínio francês (apesar de ocupada pelos britânicos).
Com o norte ocupado pelos comunistas do Vietminh, os franceses iniciaram o ataque da região em
novembro de 1946, quando realizaram um intenso bombardeio sobre o porto de Haphong, no norte do
Vietnã.
A Guerra da Indochina colocou frente a frente duas forças completamente díspares e desiguais em força.
Os franceses possuíam um exército formado por soldados oriundos de diferentes colônias francesas na
África e na Ásia e apresentavam poder de fogo superior, além de contarem com o apoio dos Estados
Unidos a partir de 1949.
O exército do Vietminh, liderado por Vo Nguyen Giap, sabia que não seria capaz de manter um combate
aberto contra as tropas francesas. Assim, o Vietminh adotou a tática de guerrilha e promoveu operações
de sabotagem contra os franceses e ataques surpresa de grande intensidade, seguidos de fugas
estratégicas pela floresta densa ou regiões montanhosas do Vietnã.
Para derrotar os guerrilheiros vietnamitas, a França enviou cerca de 200 mil soldados para o Vietnã e
instalou-os ao norte, em Hanói e Haphong. Seus exércitos saíam-se bem em locais com linhas defensivas
bem estabelecidas, mas nas regiões de montanha e floresta densa as vitórias eram, em geral, dos
guerrilheiros do Vietminh.
Com a vitória dos comunistas na Revolução Chinesa de 1949, o equilíbrio de forças no conflito foi alterado,
e o Vietminh passou a receber apoio dos chineses e dos soviéticos. Em 1953, o a França estava com cerca
de 450 mil soldados no Vietnã. No entanto, a opinião pública francesa começava a pressionar o governo
pelo fim da guerra.
Para derrotar os guerrilheiros vietnamitas, a França enviou cerca de 200 mil soldados para o Vietnã e
instalou-os ao norte, em Hanói e Haphong. Seus exércitos saíam-se bem em locais com linhas defensivas
bem estabelecidas, mas nas regiões de montanha e floresta densa as vitórias eram, em geral, dos
guerrilheiros do Vietminh.
O estabelecimento dos franceses em Dien Bien Phu, contudo, foi um retumbante fracasso. A cidade,
ocupada por 16 mil franceses, foi cercada por mais de 50 mil soldados do Vietminh, que promoveram
intenso bombardeio.
Os bombardeios, aliados ao assalto final que ocorreu em 1945, forçaram os franceses a abandonarem a
cidade de Dien Bien Phu e a amargarem um total de dois mil mortos. Com a opinião pública negativa e
com a derrota humilhante em Dien Bien Phu, os franceses aceitaram negociar um cessar-fogo com os
vietnamitas. As negociações pelo cessar-fogo aconteceram em 1954, durante a Conferência de Genebra,
na Suíça.
Durante a Conferência de Genebra, foi ratificada a independência do Vietnã, bem como as independências
de Laos e Camboja. No entanto, a antiga divisão estabelecida em 1945 no paralelo 17, no Vietnã, foi
mantida e, assim, dois governos foram formados. O Vietnã do Norte passou a ser governado por Ho Chi
Minh e o Vietnã do Sul foi governado por Bao Dai.
Essa nova configuração do Vietnã, somada às tensões do período da Guerra Fria, levou o Vietnã a um novo
conflito a partir de 1959, quando os dois governos estabelecidos entraram em guerra. A unificação do
Vietnã, definida para ocorrer em 1955, só foi ocorrer em 1976, após a Guerra do Vietnã (1959-1975).
COLÔNIAS BRITANICAS
Estes foram os países africanos colonizados pelos ingleses, com os respectivos anos em que conquistaram
liberdade:
África do Sul – 1910, Égito - 1922, Líbia - 1951, Sudão - 1956, Gana – 1957,Somália - 1960, Nigéria -
1960,Serra Leoa – 1961,Camarões - 1961, Tanzânia - 1961, Uganda – 1962, Quênia - 1963,Malawi – 1964,
Zâmbia - 1964,Gambia – 1965, Botswana – 1966, Lesoto – 1966, Ilhas Maurício - 1968, Eswatini (ex—
Suazilândia) - 1968, Seychelles – 1976, Zimbabwe – 1980.
EGITO: O ponto de partida do Egito moderno, independente, deu-se com os Motins de Cairo, ocorridos
entre os dias 26 e 27 de janeiro de 1952. Naquela ocasião milhares de cairotas, seguidos por seus
compatriotas de outras cidades, saíram para as ruas, em fúria, para manifestar sua indignação com a
continuidade do mando britânico sobre o país dos faraós. A explosão popular selou para sempre a sorte
da monarquia colaboracionista do rei Faruk, logo derrubada por um golpe militar nacionalista no dia 22
de junho de 1952. Ação que pôs fim ao domínio de 70 anos dos britânicos sobre o Egito.
Todavia, os egípcios, tal como ocorrera no final da Primeira Guerra Mundial, tinham enormes expectativas
de poder, enfim, ver os britânicos pelas costas. Entretanto, sete anos já se haviam passado desde a derrota
final de Hitler, em 1945, e nada dos britânicos acenarem com um adeus definitivo.
O grande impulsionador da independência do Egito foi Gamal Abder Nasser, o verdadeiro líder da nação
que dirigiu o Conselho do Comando Revolucionário (Revolutionary Command Council), e que conspirou
para fazer a revolução libertadora. Apesar de Nasser ser o protagonista do movimento de independência,
o primeiro presidente egípcio foi o general Muhammad Naguib, outra das figuras fulcrais deste período.
Nasser chegou assumiu o seu primeiro cargo político importante em 1954, quando foi eleito primeiro-
ministro, no mês de novembro do mesmo ano Naguib foi deposto, e o seu lugar reocupado por Nasser,
empossado de uma autoridade total. Dois anos depois foi oficialmente eleito presidente (1956) do Egito.
De início, as linhas gerais da sua política estavam bastante próximas do mundo ocidental, mas cedo trocou
esta política ocidentalizante por uma política neutral, de aberta cooperação com os países da África e da
Ásia, vindo a afirmar-se como árbitro e advogado da União Árabe.
O Egito olhara com esperanças para a Índia, que conquistara a independência por meio de um a
negociação acertada entre Gandhi e Lord Mountbatten, em 1947, e desejava o mesmo para o Egito .
Um desacerto entre as tropas inglesas do tenente-general Sir George Erskine e a guarnição egípcia na
cidade de Ismailia - que desandou num choque armado no qual 50 policiais foram mortos e outros 100
restaram feridos pelos ocupantes -, foi a faísca que faltava para tudo explodir pelo país (o comandante
britânico justificou a brutal ação do ataque ao acampamento dos policias egípcios como "necessária para
prevenir futuros ataques terroristas contra os seus soldados"). Dai entender-se a reação da violência anti-
britânica de 26 e 27 de janeiro de 1952.
Os civis ingleses, por razões de sobrevivência, pois muitos deles foram mortos nas ruas, recuaram para a
Zona do Canal do Suez para protegerem-se, tornando-a área separada do restante do país (para isto
alegaram estar no direito deles apoderarem-se do Canal, visto que assim concordara o rei Faruk ao assinar
o Tratado Anglo-egípcio de 1936). No total, 750 estabelecimentos de todo o tipo forma destruídos pela
multidão possessa dando um prejuízo estimado em 50 milhões de libras esterlinas.
O rei Faruk tentou apaziguar a massa demitindo o primeiro-ministro Nahas Pacha que havia classificado
os amotinados como "traidores" cuja intenção verdadeira era depor a monarquia. Seja como for a
leniência de Faruk em tomar qualquer medida enérgica contra a continuidade da presença inglesa - que
ainda havia recebido um reforço de 6 mil soldados vindos via aérea da ilha de Malta para conter a multidão
- , expôs a fragilidade dele aos olhos de todos. O governo dele tornou-se inútil, não servindo nem mais
para garantir os interesses britânicos e menos ainda para satisfazer o povo em seu anseio de liberdade.
Desde a derrota das monarquias árabes frente ao novo Estado de Israel, na guerra de 1948, formou-se
em meio da oficialidade egípcia um pequeno grupo de militares do alto escalão e do setor intermediário
das Forças Armadas - generais e principalmente coronéis - que passaram a conspirar contra o rei fantoche.
O líder deles, dos auto-designados Oficiais Livres, uma organização secreta, era o coronel Gamal Abdel
Nasser, que se escorava por detrás do major-general Mohammed Naguib. Eles estavam fartos da grossa
corrupção, do servilismo e da incompetência generalizada do regime de Faruk.
Viram-se também como reformadores sociais, não como possíveis golpistas, tanto assim que, depois,
propuseram um "socialismo árabe", cuja maior proeminência programática era realizar uma reforma
agrária total ao tempo em que se apresentavam como campeões do pan-arabismo. Posicionavam-se
como nacionalistas frente ao domínio britânico e socialistas frente ao poder dos latifundiários do país.
No dia 22 de junho de 1952, aproveitando-se do estado de inanição da monarquia Faruk, abalada pelo
Motim do Cairo, as tropas comandadas por eles cercaram com seus tanques o Palácio Real de Abdin. Na
manhã do dia 23, Anwar el-Sadat, colega e seguidor mais próximo de Nasser, anunciou pelo rádio o
programa dos Oficiais Livres. O rei ainda tentou manter a coroa para o seu herdeiro Ahmed Fouad, mas
foi forçado no dia 26 de junho de 1952, a ir para o exílio
A recém-formada Comissão do Conselho Revolucionário (CCR), que destronara Faruk, indicou o major-
general Mohammed Naguib como o chefe do processo, tendo Nasser na retaguarda como a poderosa
sombra do movimento de emancipação. Num só golpe de força, sem derramamento de sangue,
Os 30 anos do reinado fantoche criado pelos britânicos em 1922, desaparecera do horizonte dos egípcios,
enquanto o coronel Nasser, com apenas 34 anos, deixava o anonimato da vida de conspirador para vir a
tornar-se o rais, o caudilho, o maior nome do Egito moderno e um dos mais consagrados líderes da
emancipação do Terceiro Mundo. No dia 8 de junho de 1953, em seguida ao afastamento definitivo do
herdeiro Fuad, a República do Egito foi proclamada.
Independência da África do Sul : Tecnicamente, o período colonial na África do Sul
acabou em 1910, quando os ingleses fundaram a União da África do Sul. Diz-se “tecnicamente” porque o
território continuou sob o domínio do Império Britânico. Em 1931, a União tornou-se independente da
metrópole por meio do Estatuto de Westminster. O documento, elaborado pelo Parlamento do Reino
Unido, concedeu aos seus domínios independentes a posição de igualdade em relação a outros domínios
do Império Britânico e ao próprio Reino Unido.
Em 1961 aconteceu a proclamação da república e a saída da África do Sul da Commonwealth. Essa decisão
foi tomada em um referendo, no qual só a comunidade branca do país votou, já que o apartheid vigorava
no país.
A descoberta de diamantes gerou um crescente fluxo de pessoas para estas repúblicas e estimulou o
primeiro-ministro da Colônia do Cabo, Cecil Rhodes, a conspirar a anexação destes territórios. A guerra
os expansionistas britânicos chamavam de “inevitável" contra os Bôeres eclodiu no dia 11 de outubro de
1899. A derrota dos Bôeres, em 1902, levou à união da África do Sul, que passou a ser composta por
quatro províncias, as duas repúblicas anteriores e as antigas Colônias do Cabo e Natal. Louis Botha tornou-
se o primeiro-ministro.
A organização das atividades políticas africanas foi estabelecida no Congresso Nacional Africano, em 1912.
Jan Smuts, sucessor de Louis Botha, colocou a nação na Segunda Guerra Mundial ao lado dos aliados e,
em 1945, a África do Sul tornou-se membro das Nações Unidas. No entanto, o primeiro-ministro recusou-
se a assinar a Declaração Universal dos Direitos Humanos. O Apartheid, separação racial, passou a
dominar a política do país. Os nacionalistas impuseram severas restrições aos Bantus (africanos negros),
asiáticos e Coloreds (pessoas não brancas). Os eleitores negros foram proibidos de votar. Por mais de
meio século, a população não branca foi forçada a abandonar as “áreas brancas”.
No ano seguinte (1911), foi promulgada a Lei de Regulamentação do Trabalho Indígena, perante a qual
somente se configurava o crime de quebra de contrato de trabalho quando os trabalhadores eram
africanos.
A Lei da Terra de 1913 delimitou a posse de terras entre negros e brancos, onde os primeiros ficavam com
7,5 % dos territórios e os outros com 92,5 %. Em 1917, o Primeiro Ministro Jan Smuts já empregava
abertamente a palavra “apartheid” em seus discursos.
Este regime é admitido de fato em 1944, contudo, na medida em que era visto como uma forma de
combater o comunismo, foi aceito pelas potencias mundiais durante toda Guerra Fria.
Posteriormente, no ano de 1972, ela foi impedida de participar dos Jogos Olímpicos de Munique,
mediante um boicote de outros países africanos.
Um dos últimos esforços pelo apartheid foi a Lei da Proibição dos Casamentos Mistos de 1991.
O Ato das Terras Nativas retirou, entre 1950 e 1986, cerca de 1,5 milhão de africanos das cidades,
enviando-os para a zona rural, onde viviam na completa pobreza e sob severas leis. A supremacia branca
do Partido Nacional continuaria pelas próximas três décadas.
Em 1960, setenta manifestantes negros foram mortos durante um ato pacífico em Shaperville. O
Congresso Nacional Africano (ANC), a principal organização antiapartheid, entrou na ilegalidade e seu
líder, Nelson Mandela, foi condenado à prisão perpétua. Os protestos contra o regime racista cresceram
e ficaram cada vez mais violentos. Em 1976, uma rebelião, no distrito negro de Soweto e em outros
municípios, terminou com 600 mortos.
No começo dos anos 60, a oposição internacional contra o apartheid foi intensificada. A ONU impôs
sanções e diversas nações romperam com a África do Sul. A pressão contra o apartheid começou a dar
resultados quando F. W. de Klerk substituiu P. W. Botha na presidência do país, em 1989. Klerk retirou o
ANC da ilegalidade e libertou Nelson Mandela, após de 27 anos de prisão.
Em 1991, um fórum multirracial dirigido por Klerk e Mandela, a Convenção para a Democracia da África
do Sul, começou a elaborar a nova constituição. Em 1993, a constituição foi aprovada, acabando com o
apartheid e estabelecendo uma democracia multirracial. Neste mesmo ano, Mandela e Klerk ganharam o
Prêmio Nobel da Paz. A eleição presidencial de 1994, a primeira multirracial do país, deu a vitória a Nelson
Mandela.
A descolonização da Ásia: Ainda antes da Segunda Guerra Mundial, ex-colônias
britânicas, como Egito e Iraque, conquistaram suas independências, em 1922 e 1932,
respectivamente.
Na década de 1940, outros territórios como a Transjordânia, Palestina e Líbano também se
libertaram da dominação colonial. Com isso, percebemos que a luta pela independência do
domínio colonial esteve presente na disputa política em diferentes momentos do século XX.
Contudo, mesmo após a Segunda Guerra, o grande território colonial inglês, a Índia,
permanecia sob condição de dominação. Nesse país, os movimentos contra a colonização já
atuavam desde o século XIX, mas ainda sem obter sucesso.
Índia x Paquistão: Na Índia convivem várias religiões como a bramânica, jansenista, budista,
siquista, hinduísta e muçulmana. Essas duas eram majoritárias e completamente distintas entre si.Os
muçulmanos, que eram a elite durante o Império mongol, viram os britânicos como ameaça ao seu
sistema educativo e à sua religião.
Por sua parte, os hindus aceitaram a educação britânica e se transformam no principal esteio da
dominação inglesa, participando como funcionários da administração colonial. No entanto, a educação
recebida por esta elite hindu, se torna uma faca de dois gumes. Os mesmo hindus que se formaram nas
universidades inglesas vão se dar conta que estão servindo ao dominador e traindo o povo a qual
pertencem.
Esses universitários fundam o Congresso Nacional Indiano, em 1885, com o apoio dos liberais britânicos
e vão questionar a ocupação inglesa.
Surgem lideranças como Gandhi, um advogado, que vai percorrer o país pregando uma revolução não-
violenta contra os ingleses. Existiam aqueles que primeiro desejam uma auto-determinação mínima e
formar parte do Império Britânico, outros, com o Partido Nacional do Congresso, de Nehru e Gandhi,
percebem que o colonialismo deve acabar e a Índia se tornar um país independente.
A partir da década de 1940, os líderes hindus Mahatma Gandhi e Jawaharial Nehru intensificaram os
protestos pela independência indiana. A marca de suas ações era a desobediência civil: ao contrário de
outros movimentos de libertação nacional, Gandhi pregava a resistência através do não pagamento de
impostos e do boicote aos produtos ingleses, por exemplo.
Gandhi lidera três grandes campanhas anti-britânicas:
• 1919 – Greve Geral de vários setores como transportes e limpeza;
• 1920 e 1922 – Resistência pacífica: não colaborar com os ingleses como não votar;
• 1930 e 1934 – a desobediência civil: consiste em transgredir as leis. A mais famosa delas talvez
seja a Marcha do Sal onde Gandhi, acompanhado por seus seguidores, recolhe sal de uma salina
e o vende, algo que estava proibido aos indianos, e é preso.
Por sua participação nesses atos, Gandhi passará vários períodos na prisão junto com outros líderes
políticos indianos. Entre eles, Nehru, que se tornaria o primeiro-ministro da índia independente, além de
fundar uma dinastia de políticos.
Mais tarde, em plena Segunda Guerra Mundial, a ruptura entre o povo indiano e os ingleses chegou ao
limite. O governo britânico sabia que a independência da Índia seria uma questão de tempo e resolveu
estabelecer uma saída negociada.
A descolonização da Índia deve ser entendida no contexto pós-guerra quando se passou a considerar
inaceitável colonialismo. Duas grandes correntes se formaram: a primeira, defendida por Gandhi,
advogava por uma Índia unitária.
A segunda, reivindicada pelos muçulmanos, liderados por Muhammad Ali Jinnah, pediam um estado
independente, que se chamaria Paquistão. Os principados que eram independentes teriam que escolher
a qual dos países gostariam de pertencer.
Apoiados pelos britânicos, a segunda proposta venceu. Isto causou um caos no país, pois milhares de
muçulmanos deixaram suas terras para se dirigir ao futuro país.
Por outro lado, os hindus fizeram o mesmo. Não era raro as duas colunas de imigrantes encontrarem-se
caminhando em direção oposta e as provocações terminarem em brigas.
Em resposta a ação desses grupos, para manter seu o domínio na Índia, a Inglaterra fez uso de
expedientes como a exploração dos conflitos entre os hindus e os muçulmanos, que também viviam no
país e eram liderados por Muhammad Ali Jinnah.
A independência da Índia foi alcançada em 15 de agosto de 1947 após um longo processo de lutas.
Além da República da Índia, majoritariamente hindu, foi criada a República Muçulmana do Paquistão,
país de maioria muçulmana.
Mesmo com a conquista de seus estados nacionais, o conflito entre hindus e muçulmanos persistiu, o
que culminou com o assassinato de Gandhi em 1948 por um militante de um grupo hindu radical, que
discordava da política pacifista do líder indiano.
As desavenças entre Índia e Paquistão persistiram após a morte de Gandhi, e resultaram em uma guerra
em 1965. As constantes ameaças entre os dois países fizeram com que ambos passassem a investir no
desenvolvimento de armas nucleares, criando um cenário de tensão permanente na região.
Independência das Colónias Portuguesas em África
Moçambique e Angola, duas colónias portuguesas, situadas respetivamente no Oceano Índico e no
Oceano Atlântico, depois de um período de lutas de guerrilha tornaram-se independentes de Portugal
em 1975. O processo de independência destas ex-colónias ocorreu numa altura em que Portugal vivia a
tubulencia política de um golpe de Estado, que depôs o regime ditatorial de António de Oliveira Salazar
em 1968 e o substituiu por uma nova República, inicialmente de tipo socialista.
A Revolução do 25 de abril possibilitou a descolonização, que se fazia com grande atraso relativamente a
outras ex-colónias europeias. Este atraso devia-se às dificuldades e entraves do Estado Novo e do
processo de democratização do país antes de 1974. Neste processo foram libertadas todas as ex-
colónias portuguesas, exceto Timor, e voltaram para Portugal, em circunstâncias dramáticas, cerca de
um milhão de portugueses que se tinham fixado no ultramar.
Angola e Moçambique conseguiram a independência em 1975 e logo de seguida estes dois países
instauraram um regime político pró-soviético, enquanto que em Portugal o modelo socialista pós-
revolução era progressivamente abandonado, dando lugar a um regime democrático.
As outras ex-colónias africanas, Guiné-Bissau, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe, também enveredaram
por este tipo de regime. Embora partissem do mesmo modelo, cada uma das novas nações adaptou-o
consoante as suas experiências e as exigências conjunturais.
Com o processo de independência em Angola rebentou uma guerra civil entre as diversas fações
independentistas. De um lado estava o MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola), o partido
no poder, pró-soviético, e do outro a UPA (União dos Povos de Angola) e a UNITA (Movimento Nacional
para a Independência Total de Angola), para além da FNLA (Frente Nacional de Libertação de Angola),
estes três últimos mais próximos do Ocidente. Apesar dos esforços de paz internacionais, esta guerra
guerra continua nos dias.
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Fim da era colonial francesa na África

  • 1. FIM DA ERA COLONIAL Durante a colonização da África, notamos que as grandes nações europeias impuseram formas de organização política que modificaram radicalmente o modo de vida desse povo. As antigas tradições e experiências históricas construídas ao longo do tempo eram arbitrariamente ignoradas e substituídas por modelos civilizatórios comprometidos com a exploração das riquezas desse povo. Em muitos casos, fronteiras étnicas e culturais eram desconsideradas na organização desses espaços. Reproduzindo seu ideal de superioridade ao longo do processo colonial, muitas potências europeias não se limitaram a estabelecer a completa dominação das etnias africanas. Em muitos casos, o controle da administração colonial era partilhado com o auxílio de alguns povos naquela região. Dessa forma, a ação colonial determinava o desenvolvimento de novas rivalidades entre os povos africanos que habitavam uma mesma região colonizada. No pós-Segunda Guerra Mundial, o processo de descolonização foi influenciado pelo fato de importantes nações colonialistas terem lutado em defesa das nações subjugadas ao totalitarismo. Desse modo, o fim da colonização acabou se transformando em um tipo de postura política coerente aos ideais de defesa da liberdade e soberania dos povos. Ainda assim, podemos ver que em algumas regiões, principalmente de colonização francesa, a descolonização ficou marcada pelo conflito. França na África : A partir da segunda metade do século XIX, a França conquistou vastas extensões territoriais na África. Sua expansão se deu de forma mais intensa na África Ocidental e na África Central, além de conquistar também territórios insulares, como Comores, Madagascar e Ilha Reunião. De certa forma, foram as iniciativas colonialistas francesas que deram partida para a corrida em direção ao continente africano, que teve seu ponto culminante com a partilha do continente, organizada durante a Conferência de Berlim (1884-1885). A política colonial francesa foi muito intensa, embora tenha variado de acordo com a área colonial. Com efeito, algumas colônias receberam mais atenção e outras, menos. De forma geral, o colonialismo francês é descrito como um sistema de dominação e administração direta, que interferia em profundidade nas estruturas autóctones africanas. Esse sistema, por exemplo, tinha uma política de assimilação cultural e os territórios africanos eram vistos como partes da França. Nesse sentido, o legado colonial francês também se distinguiu dos demais colonialismos, sobretudo porque a França, como ex-metrópole, fez questão de manter fortes laços com suas antigas colônias, envolvendo-as em sua estratégia de inserção internacional como potência mundial, mesmo que mediana, se comparada com os Estados Unidos e com a então União Soviética no contexto da Guerra Fria.
  • 2. Após a Segunda Guerra Mundial a França, que já se encontrava com a insurreição na Argélia e na Indochina e depois de já ter perdido Marrocos e a Tunísia, em 1956, como resultado de movimentos independentistas aos quais foi obrigada a ceder, tentou em Setembro de 1958, através de um referendo uma manobra de dar uma “autonomia” às suas colónias, que continuariam a fazer parte da “Comunidade Francesa”. Com excepção da Guiné, que votou pela independência imediata, a Costa do Marfin , o Níger, o Alto Volta e o Daomé decidiram formar a “União Sahel-Benin” e, mais tarde, o “Conselho do Entendimento”, enquanto o Senegal se unia ao “Sudão Francês” para formar a “Federação do Mali”. Estas uniões não duraram muito tempo. A descolonização das áreas ocupadas pelos franceses na África não foi um processo fácil, principalmente diante da reação de Paris para com dois casos em particular. Nesse contexto, destacam- se as independências da Guiné (Conakri, 1958) e, mais ainda, da Argélia (1962). Na Guiné, durante o governo de Sékou Touré, os guineenses tiveram a “ousadia” de dizer não para os franceses quando do referendo de 1958, pelo qual o governo francês, sob a administração do general De Gaulle, pretendia manter vínculos especiais do novo país com a França, sendo que tais vínculos são mantidos até hoje com a maioria das ex-colônias. Com o aval da esmagadora maioria da população guineense, Sékou Touré, líder do Partido Democrático da Guiné, rejeitou, a 28 de setembro de 1958, a proposta do general Charles De Gaulle para que a Guiné integrasse uma Comunidade Francesa. Sékou Touré optava assim pela independência da Guiné-Conacri, que acabou por ser decretada quatro dias depois, a 2 de outubro. A negativa no referendo, que buscava um novo começo para a sociedade guineense, livre da influência europeia em seus assuntos políticos, chocou os franceses e provocou uma reação absurdamente desproporcional e indicativa da forma como a França encarava os novos Estados africanos . Depois do "não" ao general Charles de Gaulle, o Executivo francês recrutou mercenários e opositores guineenses que queriam afundar o regime de Touré, como o próprio denunciou: "Queriam destruir o regime guineense porque a Guiné era o trampolim para os nacionalistas que lutavam pela independência dos seus países", afirmou. Antes de saírem, trezentos mil franceses cheios de fúria odiosa deixaram o país destruído, reduzido a pó. Queimaram tudo que estava na frente: livros, tratores, prédios, máquinas, plantações, bibliotecas, os alimentos estocados, o gado foi massacrado e os hospitais depredados com seus aparelhos. Queimaram e destruíram tudo que a colônia havia construído com o dinheiro e o trabalho locais ou com aquele trazido da França. O país ficou arrasado. O propósito dessa devastação era dar um recado às outras colônias do que aconteceria se ousassem querer a independência. Sob o governo de Touré, a Guiné-Conacri se tornou uma ditadura de partido único, com uma economia fechada de caráter socialista e intolerante a direitos humanos, liberdade de expressão ou oposição política. Sékou Touré morreu em 1984, e uma junta militar encabeçada pelo coronel Lansana Conté tomou o poder.
  • 3. Na Argélia foi ainda pior, haja vista que nesse território os interesses franceses eram muito mais intensos e estavam arraigados há muito mais tempo. Além dos interesses econômicos, havia na Argélia uma considerável população francesa ou de origem francesa, que beirava um milhão de pessoas, o que certamente agravou a resistência de Paris em aceitar negociar a independência da colônia, levando a uma longa e desgastante guerra. A guerra da Argélia foi uma das mais terríveis guerras de independência da África no contexto da descolonização. Os franceses se recusavam a aceitar a independência e a Frente de Libertação Nacional (FLN) argelina lutou com determinação para atingir o seu objetivo. O resultado foi um elevado saldo de mortos dos dois lados, sendo que cerca de 300 mil argelinos perderam suas vidas durante o conflito, contra aproximadamente 30 mil franceses. De toda forma, a guerra demonstrou que mesmo para um país poderoso como a França havia limites, isto é, que o movimento pela descolonização não poderia ser contido por meio da repressão, por mais violenta que fosse. A negociação política era um imperativo e as antigas potências coloniais deveriam pensar em uma nova estratégia no seu relacionamento com os novos Estados africanos. A derrota na guerra da Argélia mexeu com os brios franceses, principalmente dos militares, mas com evidente impacto em suas elites políticas e que certamente tiveram repercussões para o futuro relacionamento entre a França e os territórios africanos em processo de descolonização, podendo ser o ponto chave para revisão das estratégias de colonização e de negociação para não perder as outras colônias sob seu domínio. Ou seja, ela ocorreu como coroamento de uma série de duas grandes derrotas militares que humilharam a França, sendo que a primeira delas foi a acachapante capitulação diante da Alemanha nazista, em 1940; e a segunda, o tropeço militar na guerra da Indochina, quando os franceses foram derrotados na batalha de Dien Bien Phu, em 1954, e forçados a abandonar a Indochina (Vietnã, Camboja e Laos). Durante a guerra contra Argélia, em 1956 o Marrocos torna-se independente, já que a França não teria mais condições de lutar contra outra colônia. Em 1959 a confederação do Mali, composto pelas colônias Alto Volta (Burkina Faso), Daomé (Benin), Senegal e Mali, pede ao governo De Gaule pela sua independência, que a concede em 1960. Outras colônias francesas também têm suas independências reconhecidas no mesmo ano, como: Costa do Marfim, Mauritânia, Níger, Togo, Chade, Camarões, Gabão, República do Congo, Madagascar, Ubangui- Char tornou-se a República Centro Africana após a independência. O ano de 1960 foi reconhecido como “o ano Africano”, pois foi um momento de conquista dos vários anos de submissão aos franceses por meio de oposições pacíficas. Comores foi a última colônia francesa no continente africano, e teve sua independência em 1975. Da década de 1960 até meados dos anos 1990, a França persistiu em suas intervenções militares em países africanos. Suas motivações e justificativas variavam um pouco, mas o essencial se resumia a seis pontos: defender seus interesses econômicos, proteger os seus cidadãos, defender os regimes africanos que mantêm relações especiais, tanto políticas, econômicas e estratégicas com Paris, expandir sua esfera de influência sobre a África dita francófona, lutar contra grupos rebeldes que ameacem os regimes aliados, aumentar sua influência mundial por meio de uma ativa política africana .
  • 4. Foi nesse sentido que se deu a desastrosa – e até mesmo criminosa – intervenção francesa em Ruanda no final da década de 1980 e início dos anos 1990. Como a Frente Patriótica Ruandesa (FPR), liderada por Paul Kagame – atual presidente de Ruanda, no cargo desde o ano 2000 –, ameaçava concretamente o governo do presidente Juvenal Habyarimana, os franceses resolveram agir para socorrer o seu protegido, seguindo a lógica das relações pessoais e semi-institucionalizadas que regiam as relações franco-africanas e em nome da preservação, claro, dos interesses da França em África. A questão do genocídio em Ruanda é importante para a análise das intervenções francesas na África, porque parece ser um ponto de ruptura dessa política, principalmente pelo desgaste provocado para a imagem do governo francês, tanto na perspectiva doméstica, como no plano externo. Mas, como será visto a seguir, nem mesmo o fiasco diante do genocídio ruandês foi capaz de modificar o modus operandi da França na África, embora tenha, pelo menos temporariamente, recolocado o tema em discussão na própria França. Os franceses iniciaram ingerências militares nos assuntos de Ruanda quando as tropas da FPR passaram a ameaçar o governo de Habyarimana, ditador que era considerado amigo pessoal do ex-presidente francês François Mitterrand. Como citado, quem ameaçava o governo de Habyarimana era Paul Kagame, comandante da Frente Patriótica e que conseguiu organizar e armar adequadamente as suas tropas a partir dos campos de refugiados Tutsis em Uganda (claro, certamente com apoio do governo do país) e de lá lançar operações militares bem sucedidas contra o fraco exército de Ruanda. Guerra da Indochina Na Guerra da Indochina, ocorrida de 1946 a 1954, vietnamitas (em geral, comunistas) lutaram contra tropas francesas pela independência do Vietnã e pelo fim do domínio francês na região chamada Indochina Francesa. Esse conflito resultou na independência de Vietnã, Laos e Camboja e pode ter causado até 400 mil mortes. A Indochina Francesa era uma colônia da França formada por Laos, Camboja, três reinos vietnamitas (Tonquim, Annam e Conchinchina) e um protetorado cedido pelos chineses, chamado Guangzhouwan. O domínio dos franceses estendeu-se até 1940, quando essa região foi atacada e conquistada pelos japoneses durante a Segunda Guerra Mundial. Esse ataque decorreu das ambições imperialistas dos japoneses no Sudeste Asiático e também buscou fechar rotas utilizadas pelos Estados Unidos para fornecer armas para os chineses durante a Segunda Guerra sino-japonesa (1937-1945). A invasão dos japoneses contribuiu para o fortalecimento do movimento nacionalista vietmanita, organizado em torno de grupos comunistas. Além de expulsar os japoneses, os nacionalistas vietnamitas tinham como objetivo alcançar a independência do Vietnã e, assim, pôr fim ao domínio colonial dos franceses. Para alcançar esses objetivos, foi formada a Liga Revolucionária para a Independência do Vietnã, conhecida como Vietminh. O Vietminh, liderado por Ho Chi Minh, aliou-se com os Estados Unidos, a China e os franceses de De Gaulle e passou a lutar contra os invasores japoneses.
  • 5. Ao final da guerra, e com a derrota e expulsão dos japoneses, o Vietminh estabeleceu-se ao norte do Vietnã e, após declaração de Ho Chi Minh, fundaram uma república nessa região. A república criada pelos comunistas instalou-se na região que, de acordo com os Aliados, deveria ser ocupada pelos franceses. Os Aliados haviam definido uma divisão do Vietnã a partir do chamado paralelo 17ºN. A parte sul do país continuou sob domínio francês (apesar de ocupada pelos britânicos). Com o norte ocupado pelos comunistas do Vietminh, os franceses iniciaram o ataque da região em novembro de 1946, quando realizaram um intenso bombardeio sobre o porto de Haphong, no norte do Vietnã. A Guerra da Indochina colocou frente a frente duas forças completamente díspares e desiguais em força. Os franceses possuíam um exército formado por soldados oriundos de diferentes colônias francesas na África e na Ásia e apresentavam poder de fogo superior, além de contarem com o apoio dos Estados Unidos a partir de 1949. O exército do Vietminh, liderado por Vo Nguyen Giap, sabia que não seria capaz de manter um combate aberto contra as tropas francesas. Assim, o Vietminh adotou a tática de guerrilha e promoveu operações de sabotagem contra os franceses e ataques surpresa de grande intensidade, seguidos de fugas estratégicas pela floresta densa ou regiões montanhosas do Vietnã. Para derrotar os guerrilheiros vietnamitas, a França enviou cerca de 200 mil soldados para o Vietnã e instalou-os ao norte, em Hanói e Haphong. Seus exércitos saíam-se bem em locais com linhas defensivas bem estabelecidas, mas nas regiões de montanha e floresta densa as vitórias eram, em geral, dos guerrilheiros do Vietminh. Com a vitória dos comunistas na Revolução Chinesa de 1949, o equilíbrio de forças no conflito foi alterado, e o Vietminh passou a receber apoio dos chineses e dos soviéticos. Em 1953, o a França estava com cerca de 450 mil soldados no Vietnã. No entanto, a opinião pública francesa começava a pressionar o governo pelo fim da guerra. Para derrotar os guerrilheiros vietnamitas, a França enviou cerca de 200 mil soldados para o Vietnã e instalou-os ao norte, em Hanói e Haphong. Seus exércitos saíam-se bem em locais com linhas defensivas bem estabelecidas, mas nas regiões de montanha e floresta densa as vitórias eram, em geral, dos guerrilheiros do Vietminh. O estabelecimento dos franceses em Dien Bien Phu, contudo, foi um retumbante fracasso. A cidade, ocupada por 16 mil franceses, foi cercada por mais de 50 mil soldados do Vietminh, que promoveram intenso bombardeio. Os bombardeios, aliados ao assalto final que ocorreu em 1945, forçaram os franceses a abandonarem a cidade de Dien Bien Phu e a amargarem um total de dois mil mortos. Com a opinião pública negativa e com a derrota humilhante em Dien Bien Phu, os franceses aceitaram negociar um cessar-fogo com os vietnamitas. As negociações pelo cessar-fogo aconteceram em 1954, durante a Conferência de Genebra, na Suíça.
  • 6. Durante a Conferência de Genebra, foi ratificada a independência do Vietnã, bem como as independências de Laos e Camboja. No entanto, a antiga divisão estabelecida em 1945 no paralelo 17, no Vietnã, foi mantida e, assim, dois governos foram formados. O Vietnã do Norte passou a ser governado por Ho Chi Minh e o Vietnã do Sul foi governado por Bao Dai. Essa nova configuração do Vietnã, somada às tensões do período da Guerra Fria, levou o Vietnã a um novo conflito a partir de 1959, quando os dois governos estabelecidos entraram em guerra. A unificação do Vietnã, definida para ocorrer em 1955, só foi ocorrer em 1976, após a Guerra do Vietnã (1959-1975). COLÔNIAS BRITANICAS Estes foram os países africanos colonizados pelos ingleses, com os respectivos anos em que conquistaram liberdade: África do Sul – 1910, Égito - 1922, Líbia - 1951, Sudão - 1956, Gana – 1957,Somália - 1960, Nigéria - 1960,Serra Leoa – 1961,Camarões - 1961, Tanzânia - 1961, Uganda – 1962, Quênia - 1963,Malawi – 1964, Zâmbia - 1964,Gambia – 1965, Botswana – 1966, Lesoto – 1966, Ilhas Maurício - 1968, Eswatini (ex— Suazilândia) - 1968, Seychelles – 1976, Zimbabwe – 1980. EGITO: O ponto de partida do Egito moderno, independente, deu-se com os Motins de Cairo, ocorridos entre os dias 26 e 27 de janeiro de 1952. Naquela ocasião milhares de cairotas, seguidos por seus compatriotas de outras cidades, saíram para as ruas, em fúria, para manifestar sua indignação com a continuidade do mando britânico sobre o país dos faraós. A explosão popular selou para sempre a sorte da monarquia colaboracionista do rei Faruk, logo derrubada por um golpe militar nacionalista no dia 22 de junho de 1952. Ação que pôs fim ao domínio de 70 anos dos britânicos sobre o Egito. Todavia, os egípcios, tal como ocorrera no final da Primeira Guerra Mundial, tinham enormes expectativas de poder, enfim, ver os britânicos pelas costas. Entretanto, sete anos já se haviam passado desde a derrota final de Hitler, em 1945, e nada dos britânicos acenarem com um adeus definitivo. O grande impulsionador da independência do Egito foi Gamal Abder Nasser, o verdadeiro líder da nação que dirigiu o Conselho do Comando Revolucionário (Revolutionary Command Council), e que conspirou para fazer a revolução libertadora. Apesar de Nasser ser o protagonista do movimento de independência, o primeiro presidente egípcio foi o general Muhammad Naguib, outra das figuras fulcrais deste período. Nasser chegou assumiu o seu primeiro cargo político importante em 1954, quando foi eleito primeiro- ministro, no mês de novembro do mesmo ano Naguib foi deposto, e o seu lugar reocupado por Nasser, empossado de uma autoridade total. Dois anos depois foi oficialmente eleito presidente (1956) do Egito. De início, as linhas gerais da sua política estavam bastante próximas do mundo ocidental, mas cedo trocou esta política ocidentalizante por uma política neutral, de aberta cooperação com os países da África e da Ásia, vindo a afirmar-se como árbitro e advogado da União Árabe. O Egito olhara com esperanças para a Índia, que conquistara a independência por meio de um a negociação acertada entre Gandhi e Lord Mountbatten, em 1947, e desejava o mesmo para o Egito .
  • 7. Um desacerto entre as tropas inglesas do tenente-general Sir George Erskine e a guarnição egípcia na cidade de Ismailia - que desandou num choque armado no qual 50 policiais foram mortos e outros 100 restaram feridos pelos ocupantes -, foi a faísca que faltava para tudo explodir pelo país (o comandante britânico justificou a brutal ação do ataque ao acampamento dos policias egípcios como "necessária para prevenir futuros ataques terroristas contra os seus soldados"). Dai entender-se a reação da violência anti- britânica de 26 e 27 de janeiro de 1952. Os civis ingleses, por razões de sobrevivência, pois muitos deles foram mortos nas ruas, recuaram para a Zona do Canal do Suez para protegerem-se, tornando-a área separada do restante do país (para isto alegaram estar no direito deles apoderarem-se do Canal, visto que assim concordara o rei Faruk ao assinar o Tratado Anglo-egípcio de 1936). No total, 750 estabelecimentos de todo o tipo forma destruídos pela multidão possessa dando um prejuízo estimado em 50 milhões de libras esterlinas. O rei Faruk tentou apaziguar a massa demitindo o primeiro-ministro Nahas Pacha que havia classificado os amotinados como "traidores" cuja intenção verdadeira era depor a monarquia. Seja como for a leniência de Faruk em tomar qualquer medida enérgica contra a continuidade da presença inglesa - que ainda havia recebido um reforço de 6 mil soldados vindos via aérea da ilha de Malta para conter a multidão - , expôs a fragilidade dele aos olhos de todos. O governo dele tornou-se inútil, não servindo nem mais para garantir os interesses britânicos e menos ainda para satisfazer o povo em seu anseio de liberdade. Desde a derrota das monarquias árabes frente ao novo Estado de Israel, na guerra de 1948, formou-se em meio da oficialidade egípcia um pequeno grupo de militares do alto escalão e do setor intermediário das Forças Armadas - generais e principalmente coronéis - que passaram a conspirar contra o rei fantoche. O líder deles, dos auto-designados Oficiais Livres, uma organização secreta, era o coronel Gamal Abdel Nasser, que se escorava por detrás do major-general Mohammed Naguib. Eles estavam fartos da grossa corrupção, do servilismo e da incompetência generalizada do regime de Faruk. Viram-se também como reformadores sociais, não como possíveis golpistas, tanto assim que, depois, propuseram um "socialismo árabe", cuja maior proeminência programática era realizar uma reforma agrária total ao tempo em que se apresentavam como campeões do pan-arabismo. Posicionavam-se como nacionalistas frente ao domínio britânico e socialistas frente ao poder dos latifundiários do país. No dia 22 de junho de 1952, aproveitando-se do estado de inanição da monarquia Faruk, abalada pelo Motim do Cairo, as tropas comandadas por eles cercaram com seus tanques o Palácio Real de Abdin. Na manhã do dia 23, Anwar el-Sadat, colega e seguidor mais próximo de Nasser, anunciou pelo rádio o programa dos Oficiais Livres. O rei ainda tentou manter a coroa para o seu herdeiro Ahmed Fouad, mas foi forçado no dia 26 de junho de 1952, a ir para o exílio A recém-formada Comissão do Conselho Revolucionário (CCR), que destronara Faruk, indicou o major- general Mohammed Naguib como o chefe do processo, tendo Nasser na retaguarda como a poderosa sombra do movimento de emancipação. Num só golpe de força, sem derramamento de sangue, Os 30 anos do reinado fantoche criado pelos britânicos em 1922, desaparecera do horizonte dos egípcios, enquanto o coronel Nasser, com apenas 34 anos, deixava o anonimato da vida de conspirador para vir a tornar-se o rais, o caudilho, o maior nome do Egito moderno e um dos mais consagrados líderes da emancipação do Terceiro Mundo. No dia 8 de junho de 1953, em seguida ao afastamento definitivo do herdeiro Fuad, a República do Egito foi proclamada.
  • 8. Independência da África do Sul : Tecnicamente, o período colonial na África do Sul acabou em 1910, quando os ingleses fundaram a União da África do Sul. Diz-se “tecnicamente” porque o território continuou sob o domínio do Império Britânico. Em 1931, a União tornou-se independente da metrópole por meio do Estatuto de Westminster. O documento, elaborado pelo Parlamento do Reino Unido, concedeu aos seus domínios independentes a posição de igualdade em relação a outros domínios do Império Britânico e ao próprio Reino Unido. Em 1961 aconteceu a proclamação da república e a saída da África do Sul da Commonwealth. Essa decisão foi tomada em um referendo, no qual só a comunidade branca do país votou, já que o apartheid vigorava no país. A descoberta de diamantes gerou um crescente fluxo de pessoas para estas repúblicas e estimulou o primeiro-ministro da Colônia do Cabo, Cecil Rhodes, a conspirar a anexação destes territórios. A guerra os expansionistas britânicos chamavam de “inevitável" contra os Bôeres eclodiu no dia 11 de outubro de 1899. A derrota dos Bôeres, em 1902, levou à união da África do Sul, que passou a ser composta por quatro províncias, as duas repúblicas anteriores e as antigas Colônias do Cabo e Natal. Louis Botha tornou- se o primeiro-ministro. A organização das atividades políticas africanas foi estabelecida no Congresso Nacional Africano, em 1912. Jan Smuts, sucessor de Louis Botha, colocou a nação na Segunda Guerra Mundial ao lado dos aliados e, em 1945, a África do Sul tornou-se membro das Nações Unidas. No entanto, o primeiro-ministro recusou- se a assinar a Declaração Universal dos Direitos Humanos. O Apartheid, separação racial, passou a dominar a política do país. Os nacionalistas impuseram severas restrições aos Bantus (africanos negros), asiáticos e Coloreds (pessoas não brancas). Os eleitores negros foram proibidos de votar. Por mais de meio século, a população não branca foi forçada a abandonar as “áreas brancas”. No ano seguinte (1911), foi promulgada a Lei de Regulamentação do Trabalho Indígena, perante a qual somente se configurava o crime de quebra de contrato de trabalho quando os trabalhadores eram africanos. A Lei da Terra de 1913 delimitou a posse de terras entre negros e brancos, onde os primeiros ficavam com 7,5 % dos territórios e os outros com 92,5 %. Em 1917, o Primeiro Ministro Jan Smuts já empregava abertamente a palavra “apartheid” em seus discursos. Este regime é admitido de fato em 1944, contudo, na medida em que era visto como uma forma de combater o comunismo, foi aceito pelas potencias mundiais durante toda Guerra Fria. Posteriormente, no ano de 1972, ela foi impedida de participar dos Jogos Olímpicos de Munique, mediante um boicote de outros países africanos. Um dos últimos esforços pelo apartheid foi a Lei da Proibição dos Casamentos Mistos de 1991. O Ato das Terras Nativas retirou, entre 1950 e 1986, cerca de 1,5 milhão de africanos das cidades, enviando-os para a zona rural, onde viviam na completa pobreza e sob severas leis. A supremacia branca do Partido Nacional continuaria pelas próximas três décadas.
  • 9. Em 1960, setenta manifestantes negros foram mortos durante um ato pacífico em Shaperville. O Congresso Nacional Africano (ANC), a principal organização antiapartheid, entrou na ilegalidade e seu líder, Nelson Mandela, foi condenado à prisão perpétua. Os protestos contra o regime racista cresceram e ficaram cada vez mais violentos. Em 1976, uma rebelião, no distrito negro de Soweto e em outros municípios, terminou com 600 mortos. No começo dos anos 60, a oposição internacional contra o apartheid foi intensificada. A ONU impôs sanções e diversas nações romperam com a África do Sul. A pressão contra o apartheid começou a dar resultados quando F. W. de Klerk substituiu P. W. Botha na presidência do país, em 1989. Klerk retirou o ANC da ilegalidade e libertou Nelson Mandela, após de 27 anos de prisão. Em 1991, um fórum multirracial dirigido por Klerk e Mandela, a Convenção para a Democracia da África do Sul, começou a elaborar a nova constituição. Em 1993, a constituição foi aprovada, acabando com o apartheid e estabelecendo uma democracia multirracial. Neste mesmo ano, Mandela e Klerk ganharam o Prêmio Nobel da Paz. A eleição presidencial de 1994, a primeira multirracial do país, deu a vitória a Nelson Mandela. A descolonização da Ásia: Ainda antes da Segunda Guerra Mundial, ex-colônias britânicas, como Egito e Iraque, conquistaram suas independências, em 1922 e 1932, respectivamente. Na década de 1940, outros territórios como a Transjordânia, Palestina e Líbano também se libertaram da dominação colonial. Com isso, percebemos que a luta pela independência do domínio colonial esteve presente na disputa política em diferentes momentos do século XX. Contudo, mesmo após a Segunda Guerra, o grande território colonial inglês, a Índia, permanecia sob condição de dominação. Nesse país, os movimentos contra a colonização já atuavam desde o século XIX, mas ainda sem obter sucesso. Índia x Paquistão: Na Índia convivem várias religiões como a bramânica, jansenista, budista, siquista, hinduísta e muçulmana. Essas duas eram majoritárias e completamente distintas entre si.Os muçulmanos, que eram a elite durante o Império mongol, viram os britânicos como ameaça ao seu sistema educativo e à sua religião. Por sua parte, os hindus aceitaram a educação britânica e se transformam no principal esteio da dominação inglesa, participando como funcionários da administração colonial. No entanto, a educação recebida por esta elite hindu, se torna uma faca de dois gumes. Os mesmo hindus que se formaram nas universidades inglesas vão se dar conta que estão servindo ao dominador e traindo o povo a qual pertencem. Esses universitários fundam o Congresso Nacional Indiano, em 1885, com o apoio dos liberais britânicos e vão questionar a ocupação inglesa.
  • 10. Surgem lideranças como Gandhi, um advogado, que vai percorrer o país pregando uma revolução não- violenta contra os ingleses. Existiam aqueles que primeiro desejam uma auto-determinação mínima e formar parte do Império Britânico, outros, com o Partido Nacional do Congresso, de Nehru e Gandhi, percebem que o colonialismo deve acabar e a Índia se tornar um país independente. A partir da década de 1940, os líderes hindus Mahatma Gandhi e Jawaharial Nehru intensificaram os protestos pela independência indiana. A marca de suas ações era a desobediência civil: ao contrário de outros movimentos de libertação nacional, Gandhi pregava a resistência através do não pagamento de impostos e do boicote aos produtos ingleses, por exemplo. Gandhi lidera três grandes campanhas anti-britânicas: • 1919 – Greve Geral de vários setores como transportes e limpeza; • 1920 e 1922 – Resistência pacífica: não colaborar com os ingleses como não votar; • 1930 e 1934 – a desobediência civil: consiste em transgredir as leis. A mais famosa delas talvez seja a Marcha do Sal onde Gandhi, acompanhado por seus seguidores, recolhe sal de uma salina e o vende, algo que estava proibido aos indianos, e é preso. Por sua participação nesses atos, Gandhi passará vários períodos na prisão junto com outros líderes políticos indianos. Entre eles, Nehru, que se tornaria o primeiro-ministro da índia independente, além de fundar uma dinastia de políticos. Mais tarde, em plena Segunda Guerra Mundial, a ruptura entre o povo indiano e os ingleses chegou ao limite. O governo britânico sabia que a independência da Índia seria uma questão de tempo e resolveu estabelecer uma saída negociada. A descolonização da Índia deve ser entendida no contexto pós-guerra quando se passou a considerar inaceitável colonialismo. Duas grandes correntes se formaram: a primeira, defendida por Gandhi, advogava por uma Índia unitária. A segunda, reivindicada pelos muçulmanos, liderados por Muhammad Ali Jinnah, pediam um estado independente, que se chamaria Paquistão. Os principados que eram independentes teriam que escolher a qual dos países gostariam de pertencer. Apoiados pelos britânicos, a segunda proposta venceu. Isto causou um caos no país, pois milhares de muçulmanos deixaram suas terras para se dirigir ao futuro país. Por outro lado, os hindus fizeram o mesmo. Não era raro as duas colunas de imigrantes encontrarem-se caminhando em direção oposta e as provocações terminarem em brigas. Em resposta a ação desses grupos, para manter seu o domínio na Índia, a Inglaterra fez uso de expedientes como a exploração dos conflitos entre os hindus e os muçulmanos, que também viviam no país e eram liderados por Muhammad Ali Jinnah. A independência da Índia foi alcançada em 15 de agosto de 1947 após um longo processo de lutas.
  • 11. Além da República da Índia, majoritariamente hindu, foi criada a República Muçulmana do Paquistão, país de maioria muçulmana. Mesmo com a conquista de seus estados nacionais, o conflito entre hindus e muçulmanos persistiu, o que culminou com o assassinato de Gandhi em 1948 por um militante de um grupo hindu radical, que discordava da política pacifista do líder indiano. As desavenças entre Índia e Paquistão persistiram após a morte de Gandhi, e resultaram em uma guerra em 1965. As constantes ameaças entre os dois países fizeram com que ambos passassem a investir no desenvolvimento de armas nucleares, criando um cenário de tensão permanente na região. Independência das Colónias Portuguesas em África Moçambique e Angola, duas colónias portuguesas, situadas respetivamente no Oceano Índico e no Oceano Atlântico, depois de um período de lutas de guerrilha tornaram-se independentes de Portugal em 1975. O processo de independência destas ex-colónias ocorreu numa altura em que Portugal vivia a tubulencia política de um golpe de Estado, que depôs o regime ditatorial de António de Oliveira Salazar em 1968 e o substituiu por uma nova República, inicialmente de tipo socialista. A Revolução do 25 de abril possibilitou a descolonização, que se fazia com grande atraso relativamente a outras ex-colónias europeias. Este atraso devia-se às dificuldades e entraves do Estado Novo e do processo de democratização do país antes de 1974. Neste processo foram libertadas todas as ex- colónias portuguesas, exceto Timor, e voltaram para Portugal, em circunstâncias dramáticas, cerca de um milhão de portugueses que se tinham fixado no ultramar. Angola e Moçambique conseguiram a independência em 1975 e logo de seguida estes dois países instauraram um regime político pró-soviético, enquanto que em Portugal o modelo socialista pós- revolução era progressivamente abandonado, dando lugar a um regime democrático. As outras ex-colónias africanas, Guiné-Bissau, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe, também enveredaram por este tipo de regime. Embora partissem do mesmo modelo, cada uma das novas nações adaptou-o consoante as suas experiências e as exigências conjunturais. Com o processo de independência em Angola rebentou uma guerra civil entre as diversas fações independentistas. De um lado estava o MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola), o partido no poder, pró-soviético, e do outro a UPA (União dos Povos de Angola) e a UNITA (Movimento Nacional para a Independência Total de Angola), para além da FNLA (Frente Nacional de Libertação de Angola), estes três últimos mais próximos do Ocidente. Apesar dos esforços de paz internacionais, esta guerra guerra continua nos dias.