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Conto:
“Corre, Corre
Cabacinha”
de Alice Vieira
O que é uma cabacinha?
PersonagensPrincipais do Conto
Velha Lobo
Era uma vez uma velha muito velha, mãe de muitos filhos ,e avó de muitos netos.
Vivia numa casa escondida na floresta
e sabia como ninguém fazer pão-de-ló, arroz-doce, coscorões e papas de
farinha com mel.
De vez em quando, um dos seus muitos filhos batia-lhe à porta e dizia-
lhe:
Nós te fizemos avó
outra vez avó,
nós te fizemos
avó outra vez:
leva pão-de-ló
para o batizado
que é no fim do mês.
Então a velha passava trinta
dias e trinta noites junto
do fogão a fazer pão-de-ló,
arroz-doce, coscorões e
papas de farinha com mel e
no dia aprazado metia tudo
dentro de uma cesta,
agarrava-se ao cajado – que
os anos já pesavam–,
atravessava a floresta e ia
até à aldeia, para o
batizado de mais um neto.
Um dia um dos filhos bateu-lhe à porta e disse:
Nós te fizemos avó
outra vez avó,
nós te fizemos
avó outra vez:
leva pão-de-ló
para o batizado
que é no fim do mês.
Só que desta vez
vais levar também
padrinho a preceito:
já corremos tudo
já tudo corremos
padrinho de jeito
é que nós não temos.
A velha ficou aflita: vivia sozinha e não conhecia ninguém que pudesse servir de
padrinho ao neto acabado de nascer. Mas no dia aprazado, pegou no cajado e pôs-se
a caminho, a cesta bem carregadinha com as iguarias do costume.
Ainda mal acabara de passar a primeira clareira da
floresta quando o lobo lhe salta ao caminho, gritando:
Velha, velhinha
velha, velhão
como-te inteirinha
com cesta e bordão!
Tremendo, tremendo, tremendo de medo, a velha
respondeu:
Estou tão magrinha,
nem terei sabor!
Deixa-me ir à festa,
Voltarei melhor,
Com a barriga cheia
De mel e farinha
Poderás então
comer-me inteirinha
Com cesta e bordão!
O lobo pensou uma, pensou duas,
pensou três vezes e lá deixou a velha
seguir o seu caminho, não sem antes
a ter feito jurar que, assim que o Sol
desaparecesse nas montanhas, ela
voltaria do batizado para ele a comer
e matar finalmente a fome.
Tão assustada a velha ia pelo caminho fora que
nem reparou num vendedor de cabaças que
dela se aproximava, perguntando:
Onde vais, velhinha,
assim tão curvada,
que foi que te pôs
assim assustada?
Tremendo, tremendo, tremendo de medo, a
velha respondeu:
Vou ao batizado
de mais um netinho,
vou cheia de medo
e não acho padrinho.
E logo ali lhe contou o que se tinha passado e
o que prometera ao lobo. O velho conversou
uns minutos com as suas cabaças, e depois
ofereceu-se para padrinho, dizendo-lhe que
não pensasse mais no assunto, que tudo se
resolveria:
Comei e bebei
bebei e comei,
que em chegando a hora
eu vos salvarei!
Batizado foi o neto, e a tarde se passou em danças e folias, com muito pão-de-ló,
arroz-doce, coscorões e papas de farinha com mel.
E, de vez em quando, a velha murmurava:
Compadre, dizei:
em chegando a hora
como escaparei?
Mas o velho bailava, bailava e só respondia:
Comei e bebei
bebei e comei,
que em chegando a hora
eu vos salvarei!
Quando o Sol desapareceu nas montanhas, o velho foi então buscar uma das suas
cabaças, a maior de todas, a mais redondinha e amarela, e disse à velha que se metesse
lá dentro e fosse a rolar pelo caminho fora até casa, sem nunca parar.
E assim a velha foi rolando, rolando,
rolando por caminhos e ladeiras,
atalhos e clareiras, quando de repente
o lobo lhe saltou ao caminho,
perguntando:
Ó cabaça, cabacinha
amarela, redondinha,
não viste no teu caminho
uma velha mirradinha?
Tremendo, tremendo, tremendo de
medo, a velha respondeu:
Não vi velha nem velhinha
não vi velha nem velhão
corre, corre, cabacinha
corre, corre, cabação.
E lá continuou rolando, rolando,
rolando sem parar, por caminhos e
ladeiras, atalhos e clareiras.
Mas o lobo não desistia à primeira. Ia a velha
já a atravessar a segunda clareira da floresta
quando ele lhe saltou de novo ao caminho,
dizendo:
Lembro-me agora que a velha
devia vir mais gordinha:
não viste velha anafada,
ó cabaça, cabacinha?
Tremendo, tremendo, tremendo de medo, a
velha respondeu:
Não vi velha nem velhinha
não vi velha nem velhão
corre, corre, cabacinha
corre, corre, cabação.
Nem mesmo assim o lobo se
convenceu. Estava a velha a atravessar a
última clareira da floresta quando ele lhe
salta de novo ao caminho, gritando:
Gorda ou magra, tanto faz,
Se velha não tenho, tu me bastarás!
E com um salto preparava-se para lhe
cair em cima quando a cabaça, com a
velha dentro, veio a rolar, a rolar, a rolar
pela ladeira abaixo, sempre mais
depressa, entrando de rompante pela
casa dentro, deixando o lobo a perder de
vista.
Logo a velha para fora da cabaça pulou,
a porta trancou e de alegria bailou.
E quando, meses depois, outro dos seus filhos lhe bateu à porta para lhe
anunciar o nascimento de mais outro neto, ainda ela cantava:
Não vi velha nem velhinha
não vi velha nem velhão
corre, corre, cabacinha
corre, corre, cabação.
FIM
Conto Corre Corre Cabacinha

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  • 2. O que é uma cabacinha?
  • 4.
  • 5.
  • 6. Era uma vez uma velha muito velha, mãe de muitos filhos ,e avó de muitos netos.
  • 7. Vivia numa casa escondida na floresta
  • 8. e sabia como ninguém fazer pão-de-ló, arroz-doce, coscorões e papas de farinha com mel.
  • 9. De vez em quando, um dos seus muitos filhos batia-lhe à porta e dizia- lhe: Nós te fizemos avó outra vez avó, nós te fizemos avó outra vez: leva pão-de-ló para o batizado que é no fim do mês.
  • 10. Então a velha passava trinta dias e trinta noites junto do fogão a fazer pão-de-ló, arroz-doce, coscorões e papas de farinha com mel e no dia aprazado metia tudo dentro de uma cesta, agarrava-se ao cajado – que os anos já pesavam–, atravessava a floresta e ia até à aldeia, para o batizado de mais um neto.
  • 11. Um dia um dos filhos bateu-lhe à porta e disse: Nós te fizemos avó outra vez avó, nós te fizemos avó outra vez: leva pão-de-ló para o batizado que é no fim do mês. Só que desta vez vais levar também padrinho a preceito: já corremos tudo já tudo corremos padrinho de jeito é que nós não temos. A velha ficou aflita: vivia sozinha e não conhecia ninguém que pudesse servir de padrinho ao neto acabado de nascer. Mas no dia aprazado, pegou no cajado e pôs-se a caminho, a cesta bem carregadinha com as iguarias do costume.
  • 12. Ainda mal acabara de passar a primeira clareira da floresta quando o lobo lhe salta ao caminho, gritando: Velha, velhinha velha, velhão como-te inteirinha com cesta e bordão! Tremendo, tremendo, tremendo de medo, a velha respondeu: Estou tão magrinha, nem terei sabor! Deixa-me ir à festa, Voltarei melhor, Com a barriga cheia De mel e farinha Poderás então comer-me inteirinha Com cesta e bordão!
  • 13. O lobo pensou uma, pensou duas, pensou três vezes e lá deixou a velha seguir o seu caminho, não sem antes a ter feito jurar que, assim que o Sol desaparecesse nas montanhas, ela voltaria do batizado para ele a comer e matar finalmente a fome.
  • 14. Tão assustada a velha ia pelo caminho fora que nem reparou num vendedor de cabaças que dela se aproximava, perguntando: Onde vais, velhinha, assim tão curvada, que foi que te pôs assim assustada? Tremendo, tremendo, tremendo de medo, a velha respondeu: Vou ao batizado de mais um netinho, vou cheia de medo e não acho padrinho. E logo ali lhe contou o que se tinha passado e o que prometera ao lobo. O velho conversou uns minutos com as suas cabaças, e depois ofereceu-se para padrinho, dizendo-lhe que não pensasse mais no assunto, que tudo se resolveria: Comei e bebei bebei e comei, que em chegando a hora eu vos salvarei!
  • 15. Batizado foi o neto, e a tarde se passou em danças e folias, com muito pão-de-ló, arroz-doce, coscorões e papas de farinha com mel. E, de vez em quando, a velha murmurava: Compadre, dizei: em chegando a hora como escaparei? Mas o velho bailava, bailava e só respondia: Comei e bebei bebei e comei, que em chegando a hora eu vos salvarei!
  • 16. Quando o Sol desapareceu nas montanhas, o velho foi então buscar uma das suas cabaças, a maior de todas, a mais redondinha e amarela, e disse à velha que se metesse lá dentro e fosse a rolar pelo caminho fora até casa, sem nunca parar.
  • 17. E assim a velha foi rolando, rolando, rolando por caminhos e ladeiras, atalhos e clareiras, quando de repente o lobo lhe saltou ao caminho, perguntando: Ó cabaça, cabacinha amarela, redondinha, não viste no teu caminho uma velha mirradinha? Tremendo, tremendo, tremendo de medo, a velha respondeu: Não vi velha nem velhinha não vi velha nem velhão corre, corre, cabacinha corre, corre, cabação. E lá continuou rolando, rolando, rolando sem parar, por caminhos e ladeiras, atalhos e clareiras.
  • 18. Mas o lobo não desistia à primeira. Ia a velha já a atravessar a segunda clareira da floresta quando ele lhe saltou de novo ao caminho, dizendo: Lembro-me agora que a velha devia vir mais gordinha: não viste velha anafada, ó cabaça, cabacinha? Tremendo, tremendo, tremendo de medo, a velha respondeu: Não vi velha nem velhinha não vi velha nem velhão corre, corre, cabacinha corre, corre, cabação.
  • 19. Nem mesmo assim o lobo se convenceu. Estava a velha a atravessar a última clareira da floresta quando ele lhe salta de novo ao caminho, gritando: Gorda ou magra, tanto faz, Se velha não tenho, tu me bastarás! E com um salto preparava-se para lhe cair em cima quando a cabaça, com a velha dentro, veio a rolar, a rolar, a rolar pela ladeira abaixo, sempre mais depressa, entrando de rompante pela casa dentro, deixando o lobo a perder de vista. Logo a velha para fora da cabaça pulou, a porta trancou e de alegria bailou.
  • 20. E quando, meses depois, outro dos seus filhos lhe bateu à porta para lhe anunciar o nascimento de mais outro neto, ainda ela cantava: Não vi velha nem velhinha não vi velha nem velhão corre, corre, cabacinha corre, corre, cabação.
  • 21. FIM