Este documento resume dois importantes autores clássicos portugueses: Fernão Mendes Pinto e António Ferreira. Detalha as vidas e obras destes dois exploradores e escritores do século XVI, incluindo as aventuras globais de Fernão Mendes Pinto e a famosa tragédia de António Ferreira sobre Inês de Castro.
2. Literatura Clássica (Séc. XVI a
XVIII)
A designação de época clássica, refere-se à tendência estética e cultural que proliferou
na Europa, desde meados do século XVI até finais do século XVIII.
Defendia e cultivava a recuperação da cultura clássica greco-romana, no que toca às
referências estéticas e culturais, e do Renascimento italiano, no que toca à adopção de
formas e géneros.
A sua linguagem formal, encontra paralelismos na pintura, na arquitectura e na
literatura, sem, no entanto, corresponder a um movimento unitário ou concertado no
tempo ou no espaço.
Considera-se que o início da época clássica da literatura portuguesa esteja relacionado
com a propagação das novas formas literárias do Renascimento italiano em Portugal
introduzidas por Sá de Miranda, após o seu regresso, em 1526, da sua viagem à Itália,
que vai estender-se, em toda a sua diversidade, até meados do século XIX.
Os principais movimentos estéticos que proliferaram durante este período são: o
classicismo, o maneirismo, o barroco, o neoclassicismo.
3. Classicismo
Termo que se generalizou, ao longo do século XIX, para designar uma tendência
estética e cultural.que abarca o barroco e o maneirismo e coincide, de uma forma
geral, com o período renascentista; com a recuperação de modelos e valores da cultura
antiga greco-latina e pelo crescimento do interesse pelo humano, estranho à tradição
escolástica medieval.
Na poesia o classicismo, está estreitamente ligado ao debate em torno da Poética de
Aristóteles, onde se colheram as regras formais e temáticas dos vários géneros.
Contudo a introdução destas novas formulas não implicou o desaparecimento das
formas tradicionais nem de certos temas e motivos, pelo que encontramos autores de
sonetos, ou de outras formas do classicismo a escreverem também redondilhas e
vilancetes.
Esta coexistência verifica-se em vários autores do século XVI, como o próprio Sá de
Miranda e Camões.
Em finais do século XVIII, o classicismo renova-se com o neoclassicismo.
5. Sobre Ele
Sabe-se hoje que não fez realmente parte da primeira expedição portuguesa
que logrou alcançar o Japão, em 1542, mas sim de uma das primeiras.
Acontece que os governantes locais que o receberam não tinham ainda visto
outros ocidentais e por isso reagiram dizendo-lhe que tinha sido o primeiro a
chegar àquelas paragens. A chegada dos portugueses ao Japão foi muito
celebrado, e perdura ainda na memória cultural japonesa, porque foi o episódio
que permitiu a introdução das armas de fogo naquele país. O próprio Fernão
Mendes Pinto insere-se nesse papel, descrevendo o espanto e o interesse do
dito rei local (na verdade um daimio) quando viu um dos seus companheiros
disparar uma arma enquanto caçava.
Ainda pequeno, um seu tio levou-o para Lisboa onde o pôs ao serviço na casa
de D. Jorge de Lencastre, Duque de Aveiro, filho do rei D. João II. Manteve-se
aqui durante cerca de cinco anos, dois dos quais como moço de câmara do
próprio D. Jorge, facto importante para a comprovação da sua descendência de
uma classe social que contradizia a precária situação económica que a família
então detinha.
6. Em 1537, parte para a Índia, ao encontro dos seus dois irmãos. De
acordo com os relatos da sua obra Peregrinação, foi durante uma
expedição ao mar Vermelho em 1538, Mendes Pinto participou num
combate naval com os otomanos, onde foi feito prisioneiro e vendido
a um grego e por este a um judeu que o levou para Ormuz, onde foi
resgatado por portugueses.
Acompanhou a Malaca Pedro de Faria, de onde fez o ponto de
partida para as suas aventuras, tendo percorrido, durante 21
acidentados anos, as costas da Birmânia, Sião,arquipélago de
Sunda, Molucas, China e Japão. Numa das suas viagens a este país
conheceu S. Francisco Xavier e, influenciado pela personalidade,
decidiu entrar para aCompanhia de Jesus e promover uma missão
jesuíta no Japão.
Em 1554, depois de libertar os seus escravos, vai para o Japão
como noviço da Companhia de Jesus e como embaixador do vice-rei
D. Afonso de Noronha junto do daimyo de Bungo. Esta viagem
constituiu um desencanto para ele, quer no que se refere ao
comportamento do seu companheiro, quer no que respeita ao
comportamento da própria Companhia. Desgostoso, abandona o
noviciado e regressa a Portugal.
7. Com a ajuda do ex-governador da Índia Francisco Barreto, conseguiu arranjar
documentos comprovativos dos sacrifícios realizados pela pátria, que lhe
deram direito a umatença, que nunca recebeu. Desiludido, foi para Vale de
Rosal, em Almada, onde se manteve até à morte e onde escreveu, entre 1570
e 1578, a obra que nos legou, a sua inimitável Peregrinação. Esta só viria a
ser publicada 20 anos após a morte do autor, receando-se que o original tenha
sofrido alterações às quais não seriam alheios os Jesuítas.
Deixou-nos um relato tão fantástico do que viveu (a Peregrinação, publicada
postumamente em 1614), que durante muito tempo não se acreditou na sua
veracidade; de tal modo que até se fazia um jocoso dito com o seu nome:
Fernão Mendes Minto, ou então ainda: Fernão, mentes? Minto!.
Esta ideia de que o que contava era demasiado fantasioso para poder ter-lhe
realmente acontecido parte do princípio que se pode julgar um texto do séc.
XVI com os critérios de hoje, mas na verdade o texto é uma inestimável fonte
de informação para conhecermos o que sucedia aos navegadores e
aventureiros que íam a caminho do extremo-oriente nas caravelas
portuguesas, mesmo que nem todas essas coisas tenham acontecido
realmente a Fernão Mendes Pinto e que ele tenha compilado alguns relatos
que ouviu as suas losicas.
8. Curiosidades
Fernão Mendes Pinto (Montemor-o-Velho,
1510-14 — Pragal 8 de Julho de 1583) foi um
aventureiro e explorador português. Em 2011 foi
homenageado numa Moeda comemorativa de 2
euros. A TAP Portugal homenageou-o ao
atribuir o seu nome a uma das suas aeronaves.
9. Principais Obras:
A Peregrinação
O mais interessante livro de viagens do século XVI português, e um dos mais
interessantes da literatura mundial, é a Peregrinação, de Fernão Mendes Pinto. Nela o
autor conta sua vida prodigiosa de aventuras : nascido em Montemor-o-Velho, trazido
para Lisboa, logo na infância, é protagonista de uma fuga e vítima de um assalto de
corsários franceses. Serviu na casa do duque D. Jorge, filho de D. João II. Embarcou para
o Oriente em busca de fortuna.
Correu os mares e as Costas desde a Arábia até o Japão, sendo mesmo cativo e vendido
como escravo, o que lhe salvou a vida algumas vezes. Foi um dos primeiros europeus a ir
ao Japão. Numa das viagens para lá encontrou Francisco Xavier, o qual o impressionou
de tal maneira a impulsioná-lo a integrar a Companhia de Jesus, no seio da qual promove
uma missão jesuíta ao Japão.
Ao regressar a Portugal obteve uma tença de Felipe II. Decidiu relatar de forma prosaica
as aventuras no Sudoeste asiático que lhe ocuparam dezessete anos de sua vida. Cogita-
se a possibilidade de cortes, censuras, alterações da parte dos jesuítas nos relatos de
Fernão Mendes Pinto agrupados na Peregrinação. Nela, o autor combina alguma
imaginação e fantasia com grande parte de informações verídicas e palpitantes. Por isso
há quem o chame de Marco Polo português.
10.
11. Fernão Mendes Pinto tinha grande interesse pelas formas de civilização que percorreu. Daí
seu exotismo. Ele não é um mero compilador, tao pouco um simples desfrutador de
curiosidades. Como não tem o preconceito da superioridade de sua civilização ou raça, ele
assume perante os orientais uma atitude admirativa e atenta que o leva a desejar que as leis
chinesas sejam implantadas em Portugal.
Ele põe na boca das personagens orientais comentários depreciativos acerca dos europeus.
No entanto não deixa de chamar a atenção para as terras e riquezas abertas a uma
exploração potencial. Os comentários atribuídos aos orientais limitam-se a tirar conclusão
implícita no relato das ações dos piratas, mercadores ou guerreiros com quem se associou.
Estes homens, levados unicamente pela cobiça cometem atrocidades não respeitando os
vivos nem os mortos, sem esquecer de invocar Deus e a Virgem Maria constantemente. Este
contraste entre um Deus justo e universal e um comportamento bárbaro – que parece passar
despercebido dos europeus da época – é sublinhado por várias personagens na
Peregrinação.
12. A crítica implícita aos compatriotas também reside no tom pícaro com que Fernão Mendes
Pinto tece grande parte de sua obra. Ele aparece sobretudo na estrutura autobiográfica da
narrativa de sua errância que lhe permite conhecer e desvendar diferentes meios sucessivos
e no cinismo com que narra impressionantes atrocidades. O pícaro é o anti-herói, daí o
contraste com os outros livros de viagem. Em contrapartida, o sudeste asiático é relatado
como paraíso utópico de mercadores, ao mesmo tempo aventureiros infatigáveis e muito
sensíveis à diversidade das coisas e das pessoas.
O leitor de Fernão Mendes Pinto depara-se frente a um universo caudaloso e subjugante,
onde estão as maiores cidades e exércitos, os templos, banquetes e festas mais pomposos.
Nesse universo encontram-se pessoas de todos os lugares do mundo, que vivem paixões
assoladoras que ruínam cidades e impérios. É o maior tesouro imaginário da língua
portuguesa.
14. Sobre Ele
Era filho de Martim Ferreira, escrivão de Fazenda de D. Jorge de Lencastre,
duque de Coimbra, e de Mexia Fróis Varela. Em sua educação conviveu com os
filhos do duque e com pessoas de grande relevância nobiliárquica, administrativa
e literária.
Frequentou o curso de Humanidades e Leis na Universidade de Coimbra, onde se
doutorou em Cânones. Foi temporariamente professor na mesma Universidade.
A frequência da Universidade ocorreu no período áureo do Humanismo Bordalês,
em que pontificaram nomes como os Gouveia (André, Marcial, Diogo Júlio), Diogo
de Teive, João da Costa, António Mendes, Jorge Buchanan, Arnaldo Fabrício,
Guilherme de Guérente, Nicolau Grouchy e Elias Vinet.
Parece ter-se enamorado, em Coimbra, de uma senhora de família nobre, de
apelido Serra, que evoca veladamente em algumas de suas poesias.
Desposou, em 1556 D. Maria Pimentel, senhora de Torres Novas, que veio a
falecer no terceiro ano de casamento.
15. Desposou, em segunda núpcias, em 1564, D. Maria
Leite, natural de Lamas de Orelhão, no concelho de
Mirandela, local onde recolheu as informações para a sua
"História de Santa Comba dos Valles", sobre a Lenda de
Santa Comba dos Vales.
Em 1567 foi nomeado desembargador do Tribunal da
Relação de Lisboa.
Faleceu na mesma cidade, vitima de peste, deixando
dois filhos.
16. Curiosidades
Antonio Ferreira (Lisboa, 1528 - 29 de
novembro de 1569) foi um escritor e humanista
português.
É considerado um dos maiores poetas do
classicismo renascentista de língua portuguesa,
conhecido como "o Horácio português".
17. Principais Obras:
A Castro ou Inês de Castro
Como discípulo mais destacado do poeta Sá de Miranda, destacou-se na
elegia, na epístola, nas odes e no teatro.
O seu filho, Miguel Leite Ferreira, publicou postumamente os seus poemas sob
o título de Poemas lusitanos em Lisboa (1598) e as suas comédias apareceram
em 1621 junto com as de Francisco Sá de Miranda.
A sua obra mais conhecida é uma tragédia, "A Castro" ou "Tragédia de Inês de
Castro", de inspiração clássica em cinco actos, na qual aparece um coro grego,
tendo sido escrita em verso polimétrico. O tema, os amores do príncipe D.
Pedro de Portugal pela nobre Inês de Castro e o assassinato desta em 1355 por
razão de estado, por ordem do pai do príncipe, o rei Afonso IV de Portugal, será
depois um dos mais tratados pelos dramaturgos europeus. Esta tragédia só foi
impressa em 1587.
Muita da sua obra está incluída na colecção "Poemas Lusitanos", espécie de
colectânea de "obra completa".
Foi ainda autor de "História de Santa Comba dos Vales", primeiro registo da
lenda de Santa Comba dos Vales.
18.
19. RESUMO DA OBRA
Dama da corte portuguesa nascida em Castela, cujo drama que a levou à morte,
assassinada por motivos políticos, foi imortalizado por Camões em Os lusíadas. Filha
ilegítima de um nobre da Galícia, foi para Portugal (1340) como dama de honra de D.
Constança, filha do infante espanhol D. Juan Manuel, quando esta se casou com o príncipe
herdeiro D. Pedro, filho do rei de Portugal, D. Afonso IV. Na corte tornou-se amante do
príncipe herdeiro, que após a morte de Constança (1345), apesar da oposição do rei,
casaram-se secretamente.
O casal teve quatro filhos e essas crianças e mais a presença em Portugal de seus irmãos
Alfonso e Fernando, provocaram intrigas na corte e alimentaram a suspeição do rei D.
Afonso, que temia pelos direitos sucessórios de seu neto Fernando, filho de Constança.
Numa das ausências de Pedro, conspiradores prenderam-na em Coimbra e o rei ordenou a
execução, morte lamentada por Camões e que demonstrou sua indignação em versos
imortais.
Quando Pedro subiu ao trono (1357) desencadeou sua vingança e mandou executar todos
os matadores de sua amada, além de ordenar que os restos mortais dela fossem
transportados do mosteiro de Santa Clara para Alcobaça, com pompas reais. O seu drama
tornou-se tema de inúmeras peças de teatro, e de outras artes, como a pintura,
imortalizando-a como personagem de uma história real de amor.