2. Saber Viver Não sei... Se a vida é curta ou longa demais pra nós, mas sei que nada do que vivemos tem sentido, se não tocamos o coração das pessoas. Muitas vezes basta ser: colo que acolhe, braço que envolve, palavra que conforta, silêncio que respeita, alegria que contagia, lágrima que corre, olhar que acaricia, desejo que sacia, amor que promove. E isso não é coisa de outro mundo, é o que dá sentido à vida. É o que faz com que ela não seja nem curta, nem longa demais, mas que seja intensa, verdadeira, pura... Enquanto durar Cora Coralina 01 de junho
3. Tarde demais... Quando chegaste enfim, para te ver Abriu-se a noite em mágico luar; E para o som dos seus passos conhecer Pôs-se o silêncio, em volta, a escutar... Chegaste, enfim! Milagre de endoidar! Viu-se nessa hora o que não pode ser: Em plena noite, a noite iluminar E as pedras do caminho florescer! Beijando a areia de oiro dos desertos Procurava-te em vão! Braços abertos, Pés nus, olhos a rir, boca em flor! E há cem anos que eu era nova e linda!... E a minha boca morta grita ainda: Porque chegaste tarde, ó meu Amor?!... Florbela Espanca 02 de junho
4. Presença É preciso que a saudade desenhe tuas linhas perfeitas, teu perfil exato e que, apenas, levemente, o vento das horas ponha um frêmito em teus cabelos... É preciso que a tua ausência trescale sutilmente, no ar, o trevo machucado, as folhas de alecrim desde há muito guardadas não se sabe por quem nalgum móvel antigo... Mas é preciso, também, que seja como abrir uma janela e respirar-te, azul e luminosa, no ar. É preciso a saudade para eu te sentir como sinto – em mim – a presença misteriosa da vida... Mas quando surges és tão outra e múltipla e imprevista que nunca de pareces com o teu retrato... E eu tenho de fechar meus olhos para ver-te! Mário Quintana 03 de junho
5. Duas pessoas maduras em verdadeiro amor ajudam-se mutuamente a se tornarem mais livres, mais plenas, mais completas. Osho 04 de junho
6. Quem não compreende um olhartampouco compreenderáuma longa explicação. Mario Quintana 05 de junho
7. Mensagem a um desconhecido Teu bom pensamento longínquo me emociona. Tu, que apenas me leste, Acreditaste em mim, e me entendeste profundamente. Isso me consola dos que me viram, A quem mostrei toda a minha alma, E continuaram ignorantes de tudo que sou, Como se nunca me tivessem encontrado. Cecília Meireles 06 de junho
8. Para estar junto não é preciso estar pertoe sim do lado de dentro.Leonardo da Vinci 07 de junho
9. Desejo que a vida se torne um canteiro de oportunidades para você ser feliz... Que nas suas primaveras você seja amante da alegria. Que nos invernos você seja amigo da sabedoria. E, quando você errar o caminho, recomece tudo de novo. Pois assim você será cada vez mais apaixonado pela vida. E descobrirá que... Ser feliz não é ter uma vida perfeita. Mas usar as lágrimas para irrigar a tolerância. Usar as falhas para esculpir a serenidade. Usar a dor para lapidar o prazer. Usar os obstáculos para abrir as janelas da inteligência. Augusto Cury 08 de junho
11. Árvores são poemas que aterra escreve para o céu.Khalil Gibran 10 de junho
12. Daí a alguns séculos ou daí a alguns minutostalvez digamos espantados:E dizer que Deus sempre esteve!Quem esteve pouco fui eu. Clarice Lispector 11 de junho
13. Um Beijo Foste o beijo melhor da minha vida,ou talvez o pior...Glória e tormento,contigo à luz subi do firmamento,contigo fui pela infernal descida!Morreste, e o meu desejo não te olvida:queimas-me o sangue, enches-me o pensamento,e do teu gosto amargo me alimento,e rolo-te na boca malferida.Beijo extremo, meu prêmio e meu castigo,batismo e extrema-unção, naquele instantepor que, feliz, eu não morri contigo?Sinto-me o ardor, e o crepitar te escuto,beijo divino! e anseio delirante,na perpétua saudade de um minuto... Olavo Bilac 12 de junho
14.
15. Mas há a vida que é para ser intensamente vivida, há o amor. Que tem que ser vivido até a última gota. Sem nenhum medo. Não mata.Clarice Lispector 14 de junho
16. Coração é terra que ninguém vê Quis ser um dia, Jardineira de um coração.Sachei, moldei - nada colhi.Nasceram espinhose nos espinhos me feri. Quis ser um dia, Jardineira de um coração.Cavei, plantei.Na terra ingratanada criei. Semeador da Parábola...Lancei a boa sementea gestos largos...Aves do céu levaram.Espinhos do chão cobriram.O resto se perdeuna terra durada ingratidão Coração é terra que ninguém vê- diz o ditado.Plantei, reguei, nada deu, não.Terra de lagedo, de pedregulho,- teu coração. Bati na porta de um coração.Bati. Bati. Nada escutei.Casa vazia. Porta fechada,foi que encontrei... Cora Coralina 15 de junho
17. O que o vento não levou No fim tu hás de ver que as coisas mais leves são as [únicas que o vento não consegue levar: um estribilho antigo um carinho no momento preciso o folhear de um livro de poemas o cheiro que tinha um dia o próprio vento... Mário Quintana 16 de junho
18. HumildadeSenhor, fazei com que eu aceite minha pobreza tal como sempre foi. Que não sinta o que não tenho. Não lamente o que podia ter e se perdeu por caminhos errados e nunca mais voltou. Dai, Senhor, que minha humildade seja como a chuva desejada caindo mansa, longa noite escura numa terra sedenta e num telhado velho. Que eu possa agradecer a Vós, minha cama estreita, minhas coisinhas pobres, minha casa de chão, pedras e tábuas remontadas. E ter sempre um feixe de lenha debaixo do meu fogão de taipa, e acender, eu mesma, o fogo alegre da minha casa na manhã de um novo dia que começa. Cora Coralina 17 de junho
19. Os poemas Os poemas são pássaros que chegamnão se sabe de onde e pousamno livro que lês.Quando fechas o livro, eles alçam vôocomo de um alçapão.Eles não têm pouso nem porto; alimentam-se um instante em cadapar de mãos e partem.E olhas, então, essas tuas mãos vazias,no maravilhado espanto de saberes que o alimento deles já estava em ti... Mario Quintana 18 de junho
20. Renúncia Chora de manso e no íntimo... ProcuraCurtir sem queixa o mal que te crucia:O mundo é sem piedade e até ririaDa tua inconsolável amargura.Só a dor enobrece e é grande e é pura.Aprende a amá-la que a amarás um dia.Então ela será tua alegria,E será, ela só, tua ventura...A vida é vã como a sombra que passa...Sofre sereno e de alma sobranceira,Sem um grito sequer, tua desgraça.Encerra em ti tua tristeza inteira.E pede humildemente a Deus que a faça Tua doce e constante companheira... Manuel Bandeira 19 de junho
21. Rua Procuro a rua que ainda me resta: É longa, é alta, não é essa. Esqueço o nome, por sono ou pressa: é alta, é clara, mas não é esta. Em cada esquina havia uma festa: é clara, é vasta, não é essa. Nunca me lembro onde começa: é vasta, é longa, mas não é esta. Rua que não se manifesta: é longa, é alta, não é essa. Cecília Meireles 20 de junho
22. A atitude otimista tem o poderde dissipar as névoas que turvamnossa visão.O livro das Atitudes 21 de junho
23. O mais importante é a mudança,o movimento,o dinamismo,a energia.Só o que está morto não muda !Repito por pura alegria de viver:a salvação é pelo risco,sem o qual a vida não vale a pena!!! Clarice Lispector 22 de junho
24. Se dois homens vêm andando por uma estrada, cada um carregando um pão, e, ao se encontrarem, eles trocam os pães,cada um vai embora com um pão...Porém, se dois homens vêm andando por uma estradacada um carregando uma idéia, e, ao se encontrarem,eles trocam as idéias, cada homem vai emboracom duas idéias... Ditado chinês 23 de junho
25. Canção amiga Eu preparo uma canção Em que minha mãe se reconheça Todas as mães se reconheçam E que fale como dois olhos Caminho por uma rua Que passa em muitos países Se não me vêem, eu vejo E saúdo velhos amigos Eu distribuo um segredo Como quem ama ou sorri De um jeito tão natural Dois carinhos se procuram Minha vida, nossas vidas Formam um só diamante Aprendi novas palavras E tornei outras mais belas Eu preparo uma canção Que faça acordar os homens E adormecer as crianças.“ Carlos Drummond de Andrade 24 de junho
26. Há quem diga que todas as noites são de sonhos.Más há também quem garanta que nem todas,só as de verão.No fundo, isso não tem importância.O que interessa mesmonão é a noite em si, são os sonhos.Sonhos que o homemsonha sempre, em todos os lugares,em todas as épocas do ano,dormindo ou acordado. Shakeaspeare 25 de junho
27. Lembro-me de quando era criança e via,como hoje não posso ver, a manhã raiar sobre a cidade. Ela não raiava para mim,mas para a vida. Porque então eu,não sendo consciente, eu era a vida.E via a manhã e tinha alegria. Hoje vejo a manhã, tenho alegria, e fico triste.Eu vejo como via, mas por trás dos olhos, vejo-me vendo. E só com isso,se obscurece o sol, o verde das árvores é velho,e as flores murcham antes de apreciadas.Fernando Pessoa 26 de junho
28. Apresentação Aqui está a minha vida – esta tão clara com desenhos de andar dedicados ao vento. Aqui está a minha voz – esta concha vazia, Sombra de som curtindo o seu próprio lamento. Aqui está a minha dor – este coral quebrado, Sobrevivendo ao seu patético momento. Aqui está a minha herança – este mar solitário, Que de um lado era amor e, do outro, esquecimento. Cecília Meireles 27 de junho
29. Eu conheço a residência da dor é um lugar afastado, sem vizinhos, sem conversa,quase sem lágrimas, com umas imensas vigílias, diante do céu. A dor não tem nome, não se chama, não atende. Ela mesma é solidão: nada mostra, nada pede, não precisa. Vem quando quer. O rosto da dor está voltado sobre um espelho, mas não é rosto de corpo, Nem o seu espelho é do mundo. Conheço pessoalmente a dor. A sua residência, longe, em caminhos inesperados. Às vezes sento-me à sua porta, na sombra das suas árvores. E ouço dizer: “Quem visse, como vês, a dor, já não sofria.” E olho para ela, imensamente. Conheço há muito tempo a dor. Conheço-a de perto. Pessoalmente. Cecília Meireles 28 de junho
30. Presença É preciso que a saudade desenhe tuas linhas perfeitas, teu perfil exato e que, apenas, levemente, o vento das horas ponha um frêmito em teus cabelos... É preciso que a tua ausência trescale sutilmente, no ar, o trevo machucado, as folhas de alecrim desde há muito guardadas não se sabe por quem nalgum móvel antigo... Mas é preciso, também, que seja como abrir uma janela e respirar-te, azul e luminosa, no ar. É preciso a saudade para eu te sentir como sinto – em mim – a presença misteriosa da vida... Mas quando surges és tão outra e múltipla e imprevista que nunca de pareces com o teu retrato... E eu tenho de fechar meus olhos para ver-te! Mário Quintana 29 de junho