SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 20
Baixar para ler offline
42
3
Cordel
O que você vai estudar
neste capítulo
Cordel
‚
‚ Elementos‚característicos‚‚
dos‚folhetos
‚
‚ A‚leitura‚expressiva
‚
‚ Heróis,‚vilões‚e‚anti-heróis
‚
‚ A‚função‚de‚entreter‚e‚de‚
criticar
‚
‚ Contexto‚de‚produção‚e‚‚
de‚circulação
‚
‚ O‚diálogo‚com‚o‚leitor
Cultura popular
‚
‚ Origem‚da‚literatura‚de‚cordel
‚
‚ Textos‚e‚autores
Reflexões gramaticais
‚
‚ A‚variação‚linguística
‚
‚ As‚expressões‚idiomáticas:‚
usos‚e‚efeitos‚de‚sentido
‚
‚ Algumas‚particularidades‚do‚
texto‚em‚registro‚informal
‚
‚ A‚escolha‚e‚a‚ordem‚das‚
palavras‚no‚verso‚e‚seus‚
efeitos‚de‚sentido
‚
‚ A‚rima‚e‚a‚métrica
Você já ouviu falar que a melhor propaganda é feita no “boca a
boca”? Conhece o ditado que diz “quem tem boca vai a Roma”? As
palavras voam como o vento. As lendas, os mitos, as cantigas, os di-
tados populares não morrem porque passam de geração em geração
por meio da oralidade. Os poemas que vamos ler nesta unidade nas-
ceram assim, na boca do povo, e foram passando de boca em boca...
Se isso não tivesse acontecido, nunca conheceríamos essas histórias.
Divirta-se!
Antes da leitura
Observe a imagem e responda às perguntas oralmente.
J. Borges. O cordelista na feira.
1.‚ A‚cena‚revela‚uma‚personagem‚em‚destaque.‚Qual?
2.‚ O‚que‚essa‚personagem‚está‚fazendo?‚Em‚que‚elementos‚você‚se‚baseou‚para‚responder?
3.‚ Como‚as‚demais‚personagens‚reagem‚a‚essa‚ação?
4.‚ Onde‚se‚passa‚a‚cena‚retratada?
5.‚ Você‚vai‚ler‚um‚texto‚chamado‚Travessuras de Pedro Malasartes e a sopa de pedras.‚O‚que‚
você‚espera‚encontrar‚em‚uma‚história‚com‚esse‚título?
Poemas ao vento
J.Borges/Acervo
do
artista
43
Durante a leitura
Você sabe o que é cordel? Narrados em verso, os cordéis são his-
tórias populares que costumam ser cantadas e recitadas em feiras e
praças públicas, por artistas conhecidos como cordelistas. Agora, é
a sua vez de ganhar a praça, lendo um folheto de cordel para a sua
turma. Para se dar bem como cordelista, leia as informações e ins-
truções a seguir.
Leitura de cordel em praça pública
Imagine que você está em um local público, como o retratado
na xilogravura de J. Borges, na página 42. Você e um colega querem
vender um folheto de cordel e, para isso, vão ler um pedaço
da história para a turma. Cada um deve ler uma estrofe.
A turma será o público e vai decidir se comprará ou não
o folheto.
Veja como preparar sua leitura.
x Leia o texto, procurando torná-lo compreensível
para você e para os ouvintes.
x Use entonações diferentes para que o texto
não fique cansativo e monótono.
x Enfatize, pela entonação, uma palavra ou ex-
pressão, de acordo com o efeito de sentido
que você queira produzir em seu ouvinte.
x Pronuncie todas as palavras de forma clara.
x Planeje as pausas, que devem respeitar a
pontuação, para que você possa respirar e
ganhar fôlego, assim como controlar o rit-
mo da leitura.
x Evite postura curvada, cabeça baixa e
mão na boca.
x Faça uma leitura expressiva, indicando o sentido emocional dos
versos. Por exemplo, se eles expressam tristeza e sofrimento, o
tom de sua voz deve ser triste (ou seja, não leia de maneira en-
tusiasmada, como se estivesse falando de coisas boas e alegres).
É importante saber
Escrito pelo mineiro Olegário Alfredo, também conhecido como
Mestre Gaio, o folheto Travessuras de Pedro Malasartes e a sopa
de pedras apresenta algumas características da fala de um grupo
específico de falantes. Para dar a ideia exata do som da fala dessas
pessoas, algumas regras ortográficas são intencionalmente quebra-
das. Veja um exemplo: “Pedro juntou suas tráias”. Confira a história
a seguir!
Navegue no livro
No final desta unidade,
você e a turma vão
produzir um sarau
para leitura de textos
literários. Se quiser obter
mais informações sobre
como preparar a leitura
de um texto em voz alta,
veja algumas dicas nas
páginas 63 e 64.
Capa do folheto Travessuras de
Pedro Malasartes e a sopa de pedras,
com xilogravura de Milton Ferro.
Cris
álid
a/A
rqu
ivo
da
edit
ora
Robson
Araújo/ID/BR
Veja também o objeto educacional
digital “Pedro Malasartes e a sopa
de pedras”.
UV_P6_LA_C03_042A065.indd 43 4/15/12 11:20 AM
44
Fique antenado
Em Portugal, os folhetos
de cordel, ou folhetos de
feira, eram pendurados
em cordas (ou cordéis)
para serem vendidos.
Trazidos ao Brasil
pelos colonizadores
portugueses, passaram
a ser comercializados
em feiras populares
pelos próprios poetas
ou por vendedores
ambulantes, que
expunham os folhetos
sobre maletas. Os temas
dos cordéis são variados:
animais falantes, lutas
e batalhas, histórias de
amor, acontecimentos
históricos, biografia de
personalidades, etc. Ler
um trecho da história
em público era uma
maneira de os cordelistas
atiçarem a curiosidade
das pessoas, que teriam
de comprar o folheto para
saber o final da narrativa.
Embora o cordel seja
uma literatura típica
do Nordeste, pode ser
encontrado no Rio Grande
do Sul, interior de São
Paulo, norte do Paraná,
Mato Grosso, Mato Grosso
do Sul e parte de Minas
Gerais e Goiás.
Flávio
Veloso/Opção
Brasil
Imagens
Folhetos de cordel na Feira
do Centro Luiz Gonzaga
de Tradições Nordestinas
(Feira de São Cristóvão), Rio
de Janeiro (RJ). Fotografia
de fevereiro de 2011.
Leitura
O tempo do tempo antigo
Foi o tempo da palmatória
Nas varandas ou nas fogueiras
Se ouvia muita história
Pode o homem apagar tudo
Só não apaga a memória.
Malasartes é bem lembrado
No folclore brasileiro
No tempo em que viveu
Foi moleque por inteiro
Já fez urubu falar
Pra ganhar muito dinheiro.
Muita gente então conhece
Quem é Pedro Malasartes
Este pixote danado
Viveu para fazer arte
Seus causos de peraltice
São visto por toda parte.
Outro igual ao Malasartes
Ainda está para nascer
Uma cantiga inventada
Ele sabia vender
Passava todos para trás
Tinha o dom de convencer.
Em matéria de enganar
Malasartes é o primeiro
O povo do mundo todo
Se divertem por inteiro
Ao escutar as peripécias
Do pequeno trapaceiro.
Malasartes nunca teve
Um sentimento profundo
Na lida de zombateiro
Enganava Deus e o mundo
Queria ser não conseguia
Como o mineiro Giramundo.
Diz o povo estudioso
E também o baluarte
De ter vindo da Europa
Este Pedro Malasartes
No Brasil, cá se deu bem
De ganhar a outra parte.
No nordeste brasileiro
E nas bandas dos Gerais
O tal Pedro Malasartes
Já bagunçou até demais
Deixou padre e fazendeiros
Sem suas credenciais
A figura do bichinho
Era mesmo de dá dó
Rosto longo e nariz fino
Cambito de mocotó
Atrevido e malcriado
Cabeça de sarapó.
Já nasceu Macunaíma
Suspirando lá preguiça
Não queria vir pra fora
Na saída, logo enguiça
Até que pulou pra fora
Tão leve como cortiça.
Era o pai de Malasartes
Um pobre trabalhador
Trabalhava na lavoura
Como um bom agricultor
Teve na vida dois filhos
João e Pedro com amor.
Tanto João como o Pedro
Cresceram com a pobreza
Pedro era espertalhão
João vivia na moleza
Pedro cresceu trapaceiro
João foi-se com a tristeza.
O seu viver na infância
Noutro cordel vou contar
Pulo já pra adolescência
Pois é a idade de lascar
É sobre a sopa de pedra
Que já-já irei narrar.
Malasartes traquineiro
Tinha o dom da atração
Pedro Malasartes e a sopa de pedras
45
Na web
Os cordéis possuem
ilustrações bem
características: as
xilogravuras (ou gravuras
em madeira). No Brasil,
a primeira xilogravura
a ilustrar um cordel
foi publicada em 1907.
Um século depois, a
exposição “100 anos de
xilogravura na literatura
de cordel”, realizada em
2007, em Brasília, reuniu
mais de 150 trabalhos
em xilogravuras. O site da
mostra traz informações
sobre o surgimento da
técnica no Brasil, os
principais xilogravadores
do país, além de fotos
e muitas imagens
de xilogravuras.
Site 100 anos de xilogravura
na literatura de cordel.
Disponível em: <http://
www.100anosxilogravurano
cordel.com.br/index.html>.
Acesso em: 1o
fev. 2012.
Fac-símile/<www.100anos
xilogravuranocordel.com.br>
Então, você ficou curioso? Quem vai ganhar a aposta, Pedro Mala-
sartes ou os matutos do armazém? Você compraria esse cordel para
saber o final da história?
Contava muita lorota
Também era brincalhão
Seja lá o que tivesse
Resolvia a questão.
Malasartes caiu no mundo
Causa da desigualdade
Uns ralando feito burro
Sem ver a prosperidade
O patrão pagando nada
Sem perdão sem piedade.
Malasartes foi parando
Bem pertinho de uma venda
Lá estava a matutada
Falando feito parlenda
Malasartes abriu os ouvido
Para escutar a lenga-lenga.
Os matutos lá falavam
Duma velha avarenta
A idade da donzela
Já passava dos noventa
Era tão unha de fome
Nem aos cães dava polenta.
A fofoca lá na venda
Agitava a vizinhança
Malasartes só espiando
E ganhando segurança
Malasartes tinha fome
Precisava encher a pança.
Um caboclo foi dizendo:
— Eu conheço essa velhinha
Ela é mesmo pão-duro
Ela é mão de galinha
Nem bom dia ela dá
Para não perder a linha.
Malasartes só ouvindo
Só ouvindo e matutando
Dá o bote na hora certa
Quieto ficou esperando
Quando logo abriu a brecha
Malasartes foi falando:
— Esta velha de que dizem
Vai cair no meu gogó
Eu sou Pedro Malasartes
Não dou ponto sem dá nó
Ela vai ter de me dar
Farinha de mocotó.
O que se ouviu no armazém
Foi uma grande gargalhada:
— Quem és tu cabra mofino
Tu pra nós não tá com nada
Apostamos qualquer coisa
Nossa sorte é chegada.
Sabes tu que a velhinha
Não dá mesmo nem risada
Apostamos coisa grande
Ganharemos a parada
Daquela velha pão-duro
Só se ganha porretada.
Os matutos apostaram
Na certeza de ganhar
A turma temia um pouco
Se lá o Pedro, iria pagar.
O Pedro muito matreiro
Um plano pôs-se a bolar.
[...]
Xilogravura de J. Victtor para
o cordel O velho Raimundo
e o anel misterioso, 2005.
Olegário Alfredo. Travessuras de Pedro Malasartes e a sopa de pedras.
Belo Horizonte: Crisálida, 2004. p. 1-6.
J.Victtor.
Fotografia:
ID/BR
46
Leitura
Agora, leia individualmente o restante da história e confira o que
aconteceu com Pedro Malasartes.
[...]
O Pedro juntou suas tráias
Bem no fundo do bornal
Tinha uma panela grande
Mais uns gravetos de pau
Rumou pra casa da velha
Acampou lá no quintal.
Malasartes bolou um plano
De engambelar a velhota
Malasartes sem preguiça
Com a cara de janota
Começou falar sozinho
Só balera com lorota.
Pegou sua panela velha
Fez um fogo pelo chão
Botou água pra ferver
Cutucava com tição
A velhota vendo aquilo
Despertou sua atenção.
O dia inteiro Malasartes
Ficou sentado esperando
A velha viu da lonjura
A panela fumegando
Dentro daquela panela
Só tinha água cozinhando.
Ter paciência na vida
É coisa tão gloriosa
Malasartes sabendo disto
Abusava da jeitosa
Toda sua persistência
Deixou a velha curiosa.
Foi grande a curiosidade
Que a velha não aguentou
Chegou perto, deu olhadela
E ligeira retirou
Malasartes ficou firme
Até mais fogo atiçou.
Pela noite não dormiu
Para o fogo não apagar
A água sempre fervendo
E a fumaça a fumegar
O dia logo amanheceu
E a velha pôs-se a espiar.
Malasartes pressentiu
Que o novo dia era fatal
Sentado e cantarolando
Como a mãe para o pardal
Até que venha o gatinho
E dar o bote final.
Malasartes sempre acerta
Com toda premunição
A velhoca chegou perto
Perguntou no sopetão:
— Que tanto estás a cozinhar
Nesta panela aí no chão?
— Cozinho sopa de pedra
Bem aqui no seu quintal
Disse Pedro Malasartes
Na maior cara de pau
É a sopa melhor do mundo
Quem come não passa mal.
Malasartes bem depressa
Catou mais pedras no chão
Jogou dentro da panela
Remexeu com o tição
Com cara de satisfeito
Assobiava uma canção.
J.
Victtor.
Fotografia:
ID/BR
XilogravuradeJ.Victtorcriadaparao
Encontrodepoetaspopulareserodas
decantoria,realizadopelaAcademia
BrasileiradeLiteraturadeCordelem2011.
47
Na telona
O comediante Amácio
Mazzaropi (1912-1981),
diretor e protagonista
do filme As aventuras de
Pedro Malasartes (1960,
90 min), eternizou a
personagem no cinema.
No filme, Pedro é
enganado pelos irmãos e
passa a viver sozinho. Em
busca de uma vida melhor,
encontra um grupo de
crianças, afeiçoa-se a elas
e as ajuda a sobreviver
por meio de pequenos
golpes e traquinagens.
Capa do DVD As aventuras
de Pedro Malasartes.
— Se come sopa de pedra?
Disse a velha interessada.
— É claro minha senhora
Inda mais bem temperada.
Respondeu Malasartes
Pensando na trapaçada.
— Estou muito curiosa
Pra provar desta provinha
Vou em casa vou correndo
Pegar salsa e cebolinha
Disse a velha a Malasartes
Bem ali naquela horinha.
Sopa melhor que a minha
Não se acha em qualquer parte
Ora pois, minha senhora
Sou o famoso Malasartes
Minha fama corre mundo
Cá na terra, lá em Marte.
— Esta tal sopa de pedra
Cozinhar ela demora?
Disse a velha já querendo
Degustar naquela hora
A sopa pois já cheira
Pela redondeza afora.
— Agorinha fica pronta
Só resta mais um pouquinho
Ela vai ficar melhor
Com um naco de toucinho
— Vou buscar na minha casa
Ontem matei um porquinho.
Aproveita a caminhada
Traga tomate também
Vou por tudo na panela
Misturar como convém
É a sopa mais barata
Vamos todos passar bem.
Desta forma Malasartes
Foi a velha engabelando
Cada caldo que trazia
A sopa ia melhorando
A sopa ficar prontinha
A velha estava esperando.
Pedro Malasartes disse:
— Traga agora macarrão
Se tiver traga batata
Estou fazendo um caldão
A senhora vai comer
Até arrastar no chão.
Malasartes bem depois
Foi dizendo à mulher:
— A sopa está prontinha
Traga o prato e a colher
Vamos servir para nós dois
E para quem mais vier.
Malasartes foi servindo
Logo, logo encheu o prato,
Separou todas as pedras
Jogou todas lá no mato
A velhinha perguntando
Qual a razão daquele fato.
As pedras você não come?
Disse a velha dando um bote.
— Cê tá doida minha velha,
O meu dente é serrote?
Disse Pedro Malasartes
Preparando pro pinote.
E tratou-se de mandar
Foi correndo bem ligeiro
Atrás da aposta grande
Foi dizendo ao companheiro
A velha me deu jantar
Vim buscar o meu dinheiro.
Desta feita Malasartes
Foi gastar o seu tutu
Caminhando pelo mundo
Achou no chão um urubu
Viu que com o bicho podia
Dá o golpe do baú.
Fim.
(Próximo cordel: de como
Malasartes fez o urubu falar.)
Olegário Alfredo (membro da ABLC).
Travessuras de Pedro Malasartes e a sopa
de pedras. Belo Horizonte: Crisálida, 2004. p. 6-12.
(Xilogravura: Milton Ferro.)
Cinem
agia/I
D/BR
Mirella
Spinelli/ID/BR
48
Depois da leitura
Responda às questões a seguir em seu caderno.
A reconstrução dos sentidos do texto
1.‚ Para‚começar,‚responda:‚Quem‚ganhou‚a‚aposta?‚Você‚estava‚certo‚
sobre‚o‚final‚da‚história?
2.‚ Como‚o‚vencedor‚ganhou‚a‚aposta?
3.‚ Releia‚a‚última‚estrofe‚da‚história.
“Desta feita Malasartes
Foi gastar o seu tutu
Caminhando pelo mundo
Achou no chão um urubu
Viu que com o bicho podia
Dá o golpe do baú.”
No‚trecho,‚o‚que‚significa‚a‚palavra‚tutu?
‚ Relacione‚as‚palavras‚tutu‚e‚gastar.
4.‚ Por‚que‚o‚narrador‚terminou‚a‚história‚de‚Malasartes‚iniciando‚outra?
‚ Relacione‚a‚estrofe‚com‚as‚informações‚que‚estão‚entre‚parênteses‚no‚final‚
do‚texto.
5.‚ Observe‚o‚significado‚de‚algumas‚palavras‚e‚expressões‚do‚texto.
Pixote Menino‚novo
Danado Levado,‚esperto
Peraltice Esperteza,‚molecagem
Peripécias Aventuras
Trapaceiro Indivíduo‚que‚faz‚trapaças,‚que‚engana
Zombateiro/zombeteiro Indivíduo‚que‚zomba,‚que‚faz‚gozação
Cambito de mocotó Perna‚fina
Cabeça de sarapó Cabeça‚pequena
Traquineiro Indivíduo‚que‚faz‚trambiques,‚malandro
Contar lorota Falar‚mentira
Mofino Medroso,‚covarde
Matreiro Esperto,‚astuto,‚experiente
Engambelar/engabelar Enganar
Cara de pau Indivíduo‚que‚não‚tem‚vergonha
Cara de janota Aparência‚de‚bom‚moço,‚de‚pessoa‚inofensiva
a)‚ Esses‚termos‚estão‚relacionados‚a‚que‚personagem?
b)‚Quais‚termos‚se‚referem‚a‚características‚físicas‚da‚personagem?
c)‚ Quais‚termos‚se‚referem‚a‚características‚de‚comportamento?‚
d)‚Que‚termos‚indicam‚ações‚da‚personagem?‚
e)‚O‚conjunto‚de‚palavras‚dá‚uma‚ideia‚positiva‚ou‚negativa‚da‚perso-
nagem?‚Justifique.
Na estante
O Dicionário do
Nordeste, do jornalista
recifense Fred Navarro
(Estação Liberdade,
2004), traz 5 mil palavras
e expressões que, com
sentidos variados nas
diferentes regiões
nordestinas, caracterizam
de maneira particular
esses grupos de falantes
da língua portuguesa.
Capa do Dicionário
do Nordeste.
Est
açã
o
Lib
erd
ade
/Ar
qui
vo
da
edi
tor
a
ID/BR
49
Escuta essa
No início dos anos 2000,
o grupo pernambucano
Cordel do Fogo Encantado
fez grande sucesso
de público e crítica ao
misturar o lirismo das
composições a diferentes
ritmos e instrumentos.
Nascido de um espetáculo
teatral de mesmo nome, o
grupo lançou seu primeiro
CD em 2001. Em 2005,
foi lançado o primeiro
DVD, gravado durante o
espetáculo A trajetória da
Terra, em São Paulo.
Fac-símile/Trama
Capa do DVD MTV apresenta
Cordel do Fogo Encantado.
6.‚ Releia‚a‚definição‚de‚herói‚apresentada‚no‚boxe‚Fim de papo‚do‚capí-
tulo‚1,‚página‚29.‚Em‚seguida,‚compare-a‚às‚definições‚de‚anti-herói
e‚vilão‚a‚seguir.‚
an.ti-he.rói s.m. (o) Protagonista de novela, filme, etc. caracteri-
zado pela falta das qualidades heroicas tradicionais, como idealismo,
coragem e audácia.
LuizAntonioSacconi.MíniSacconi:oseudicionáriodelínguaportuguesa.11.ed.
SãoPaulo:NovaGeração,2009.p.89.
vi.lão adj. e s.m. (o) 1. Que ou aquele que vive numa vila. 2. Que
ou aquele que é cruel e dado a cometer crimes de todos os tipos;
bandido. 3. Baixo, sórdido.
Luiz Antonio Sacconi. Míni Sacconi: o seu dicionário de língua portuguesa.
11. ed. São Paulo: Nova Geração, 2009. p. 1203.
a)‚ Pedro‚Malasartes‚se‚encaixa‚em‚qual‚definição?‚Justifique‚e‚explique‚
por‚que‚ele‚não‚se‚encaixa‚nas‚outras‚duas‚definições.‚
b)‚Você‚conhece‚personagens‚de‚outras‚histórias‚que‚se‚comportam‚
como‚Malasartes?‚Quais?
7.‚ Identifique,‚entre‚as‚opções‚a‚seguir,‚o‚tema‚central‚da‚história‚e‚
escreva-o‚em‚seu‚caderno.
a)‚ A‚bela‚amizade‚entre‚os‚irmãos,‚Pedro‚e‚João.
b)‚A‚esperteza‚como‚meio‚de‚adaptação‚e‚sobrevivência.
c)‚ O‚ódio‚entre‚classes‚sociais‚distintas‚que‚gera‚a‚vingança.
8.‚ Em‚sua‚opinião,‚o‚fato‚de‚a‚velha‚ser‚avarenta‚e‚
mesquinha‚justifica‚a‚atitude‚de‚Malasartes?‚
Explique.‚
9.‚ Qual‚é‚a‚finalidade‚desse‚poema?
10.‚Releia‚esta‚estrofe‚do‚poema.‚
“Era o pai de Malasartes
Um pobre trabalhador
Trabalhava na lavoura
Como um bom agricultor
Teve na vida dois filhos
João e Pedro com amor.”
a)‚ Há‚três‚informações‚nessa‚estrofe.‚Quais‚são‚elas?
b)‚As‚informações‚são‚apresentadas‚em‚duplas‚de‚versos.‚Em‚que‚
dupla‚se‚encontra‚cada‚informação?
c)‚ Pensando‚nas‚suas‚respostas‚anteriores,‚o‚que‚é‚possível‚concluir‚
sobre‚o‚modo‚de‚ler‚textos‚em‚versos?
Mirella
Spinelli/ID/BR
50
A gramática na reconstrução dos sentidos do texto
1.‚ Segundo‚o‚texto,‚Malasartes‚“passava‚todos‚para‚trás”.
a)‚ Se‚você‚pedisse‚ao‚colega‚sentado‚à‚sua‚frente‚para‚“passar‚a‚bor-
racha‚para‚trás”,‚qual‚seria‚o‚significado‚dessa‚expressão?
b)‚Se‚você‚dissesse‚que‚foi‚“passado‚para‚trás”‚ao‚comprar‚um‚pro-
duto‚com‚defeito,‚qual‚seria‚o‚significado‚da‚expressão?
c)‚Qual‚dos‚dois‚sentidos‚da‚expressão‚você‚acha‚que‚seria‚mais‚
difícil‚de‚traduzir‚para‚outra‚língua?‚Por‚quê?
ARQUIVO
Expressão idiomática‚é‚o‚nome‚dado‚a‚um‚conjunto‚de‚palavras‚da‚língua‚que‚
produz‚um‚significado‚diferente‚do‚sentido‚extraído‚de‚cada‚um‚de‚seus‚termos‚
isoladamente.
2.‚ Copie‚e‚preencha‚o‚quadro‚abaixo‚em‚seu‚caderno.‚Siga‚o‚exemplo.
REgistRo dE ExpREssõEs idiomáticas
Expressão Exemplo do texto Significado Exemplo novo
Fazer‚arte
[Malasartes]‚viveu‚
para‚fazer‚arte
Viveu‚para‚fazer‚
coisas‚erradas
Você‚está‚com‚cara‚
de‚quem‚fez‚arte
Está‚para‚nascer‚ ‚ ‚ ‚
Ter‚credenciais ‚ ‚ ‚
Algo‚de‚lascar ‚ ‚ ‚
Cair‚no‚mundo ‚ ‚ ‚
Ralar‚feito‚burro ‚ ‚ ‚
Escutar‚lenga-lenga ‚ ‚ ‚
Encher‚a‚pança ‚ ‚ ‚
Perder‚a‚linha ‚ ‚ ‚
Dar‚o‚bote ‚ ‚ ‚
Abrir‚brecha ‚ ‚ ‚
Cair‚no‚meu‚gogó ‚ ‚ ‚
Não‚dar‚ponto‚sem‚nó ‚ ‚ ‚
Não‚tá‚com‚nada ‚ ‚ ‚
Dar‚o‚golpe‚do‚baú ‚ ‚ ‚
3.‚ Por‚que‚o‚texto‚tem‚muitas‚expressões‚idiomáticas?
ARQUIVO
As‚expressões idiomáticas‚refletem‚a‚visão‚de‚mundo‚de‚uma‚comunidade.‚Elas‚
podem‚enriquecer‚e‚tornar‚mais‚expressivo‚um‚discurso,‚e‚são‚adequadas‚ao‚uso‚
cotidiano‚e‚informal‚da‚língua.
4.‚ Os‚termos‚pão-duro,‚mão de galinha,‚unha de fome‚e‚avarenta‚foram‚
utilizados‚para‚caracterizar‚a‚velha.
a)‚ Qual‚é‚o‚sentido‚desses‚termos?‚Que‚relação‚eles‚têm‚entre‚si?
Multimídia
Em dupla, escolha uma
expressão idiomática da
língua portuguesa. Com
criatividade e a ajuda de
programas de edição de
imagens, crie com o seu
colega uma ilustração
que traduza literalmente
a expressão escolhida.
Utilize diferentes
ferramentas para
produzir um desenho
totalmente original ou
faça “colagens” a partir de
imagens digitalizadas ou
selecionadas da internet.
Ao final, compartilhe seu
trabalho com a turma.
Mirella
Spinelli/ID/BR
ID/BR
51
b)‚Em‚que‚situação‚a‚palavra‚avarenta‚seria‚mais‚adequada‚para‚se‚
referir‚a‚alguém‚do‚que‚os‚outros‚três‚termos?‚Explique.‚
‚ Assim‚como‚mudamos‚de‚roupa‚para‚ir‚a‚uma‚festa‚ou‚à‚padaria,‚as‚palavras‚
que‚escolhemos‚devem‚variar‚de‚acordo‚com‚a‚situação.
5.‚ Para‚se‚aproximar‚mais‚da‚fala‚cotidiana,‚além‚das‚expressões‚idio-
máticas,‚o‚texto‚possui‚palavras‚abreviadas‚como‚pra‚em‚vez‚de‚para.
Retire‚do‚texto‚outros‚exemplos‚de‚palavras‚abreviadas.
ARQUIVO
A‚maneira‚como‚nos‚expressamos‚pode‚seguir‚o‚registro formal‚ou‚o‚registro infor-
mal‚da‚língua.‚O‚registro‚formal‚é‚adequado‚para‚situações‚de‚pouca‚intimidade‚entre‚
as‚pessoas,‚como‚reuniões,‚apresentações‚de‚trabalho,‚discursos‚de‚formatura,‚etc.‚
Já‚o‚registro‚informal‚é‚utilizado‚entre‚pessoas‚próximas,‚como‚em‚situações‚de‚con-
versas‚e‚encontros‚entre‚amigos‚e‚familiares.‚Esses‚registros‚estão‚presentes‚tanto‚
na‚oralidade‚como‚na‚escrita.‚
6.‚ Releia‚a‚estrofe‚a‚seguir.
“Tanto João como o Pedro
Cresceram com a pobreza
Pedro era espertalhão
João vivia na moleza
Pedro cresceu trapaceiro
João foi-se com a tristeza.”
a)‚As‚características‚de‚João‚e‚Pedro‚são‚opostas‚e‚se‚relacionam‚
a‚seus‚destinos.‚Como‚isso‚acontece?
b)‚Observe‚a‚mesma‚estrofe‚com‚algumas‚palavras‚
substituídas‚por‚seus‚sinônimos.
Tanto‚João‚como‚o‚Pedro
Cresceram‚com‚poucos recursos
Pedro‚era‚espertalhão‚
João‚vivia‚na‚apatia
Pedro‚cresceu‚trapaceiro
João‚foi-se‚com‚a‚tristeza
As‚palavras‚pobreza‚e‚moleza‚foram‚trocadas‚por‚poucos
recursos‚e‚apatia.‚Como‚essas‚mudanças‚afetam‚o‚texto?
c)‚ Agora,‚em‚vez‚de‚trocar‚uma‚palavra‚por‚outra,‚vamos‚trocar‚as‚palavras‚
de‚lugar.
Tanto‚João‚como‚o‚Pedro
Com‚a‚pobreza‚cresceram
Pedro‚era‚espertalhão
Na‚moleza‚João‚vivia
Pedro‚cresceu‚trapaceiro
Com‚a‚tristeza‚João‚foi-se.
Releia‚em‚voz‚alta‚o‚trecho‚original‚e‚a‚versão‚acima.‚Explique‚como‚a‚
mudança‚de‚ordem‚das‚palavras‚alterou‚a‚sonoridade‚do‚texto.
d)‚Conclua:‚além‚do‚significado‚das‚palavras,‚o‚que‚é‚levado‚em‚conta‚
na‚escolha‚e‚na‚ordem‚das‚palavras‚do‚texto?
Mais gramática
Faça as atividades
das páginas 231 e 232
para construir o seu
conhecimento sobre
a variação linguística.
Depois, responda:
Qual é a relação entre
a variação linguística
e as expressões
idiomáticas?
Mirella
Spinelli/ID/BR
52
Avalie o que você aprendeu
Na seção anterior, você conheceu as expressões idiomáticas, algumas caracterís-
ticas do texto informal e a importância da escolha e da posição das palavras nos tex-
tos. Leia o texto a seguir, sobre uma conhecida figura do Ceará, para fazer as atividades.
Seu Lunga: o rei do mau humor
Para atender aos pedidos
Do grande público leitor
Volto a falar de Seu Lunga
Nosso rei do mau humor
E o velho nesta edição
De raiva e afobação
Chega até mudar de cor
[...]
Vai Seu Lunga comprar óculos
Pergunta a moça primeiro:
— Óculos pra longe ou pra perto?
Diz ele: — É pro Juazeiro.
— Mas eu me refiro a lente;
— Eu quero duas na frente
Diz Seu Lunga zombeteiro.
[...]
Na budega de Seu Lunga
Um cliente vem comprar
Algo para tira-gosto
Usa gíria ao se expressar:
— Seu Lunga, meu companheiro,
Me venda aí bem ligeiro
Algo para “beliscar”.
Lunga pega um alicate
Joga em cima do balcão
E rude pergunta ao moço:
— Isto serve cidadão?
O rapaz num rebuliço
Diz: — Valei-me “Padim Ciço”,
Ó velho bruto do Cão!
[...]
Rouxinol do Rinaré. Seu Lunga: o rei do mau humor. 9. ed.
Fortaleza: Tupynanquim, 2008. p. 1-14.
1.‚ Explique‚como‚o‚autor‚faz‚para‚tornar‚seu‚texto‚mais‚sonoro.
2.‚ Retire‚do‚texto‚palavras‚e‚expressões‚que‚comprovem‚a‚utilização‚do‚registro‚informal.
PARA tIRAR CONCLUSõES
Vamos fazer uma síntese do que vimos.
1.‚ Escreva‚em‚seu‚caderno:‚“O‚que‚aprendemos‚sobre‚gramática‚no‚capítulo‚3”.
2.‚ Responda‚aos‚itens‚a‚seguir.
a)‚ O‚que‚é‚uma‚expressão‚idiomática?
b)‚Que‚função‚as‚expressões‚idiomáticas‚podem‚ter‚em‚um‚texto?
c)‚ Dê‚exemplo‚de‚cinco‚expressões‚idiomáticas‚que‚você‚usa‚e‚explique‚o‚seu‚significado.
d)‚Quais‚características‚um‚texto‚informal‚apresenta?
e)‚Explique‚de‚que‚maneira‚a‚escolha‚das‚palavras‚e‚a‚sua‚posição‚nos‚versos‚interfere‚na‚so-
noridade‚de‚um‚texto.
Mirella
Spinelli/ID/BR
53
Oficina de textos
Qual é o gênero?
Se você quisesse contar uma história por meio de versos, com uso de registro informal da língua, para fazer as
pessoas rirem e refletirem sobre uma questão, você escreveria:
a) uma piada. b) um cordel. c) uma resenha. d) um artigo de opinião.
Apresentação da situação
Imagine que você é um cordelista que vai escrever um folheto de cordel para contar os princi-
pais fatos e realizações da vida de uma grande personalidade. Depois de prontos, os folhetos pro-
duzidos pela turma serão dispostos em cordéis instalados em espaços de circulação da escola.
Definição do projeto de comunicação
Gênero Cordel
Tema Uma‚grande‚personalidade
Objetivo da produção final Escrever‚um‚cordel‚para‚homenagear‚uma‚personalidade
Leitores Alunos‚e‚funcionários‚da‚escola
Produção Em‚dupla
Preparação de conteúdos
Você e sua dupla devem fazer um levantamento de informações sobre a vida da personali-
dade que escolheram.
1.‚ Vá‚à‚biblioteca‚da‚escola‚para‚pesquisar‚informações‚em‚livros‚e‚revistas‚especializados.‚Por‚
exemplo,‚se‚a‚personalidade‚escolhida‚é‚um‚piloto‚de‚corrida,‚procure‚por‚revistas‚de‚automo-
bilismo‚ou‚de‚práticas‚esportivas.
2.‚ Incremente‚sua‚pesquisa‚em‚um‚site‚de‚buscas.‚Prefira‚sites‚oficiais,‚de‚instituições‚reconheci-
das‚e‚de‚notícias.
3.‚ Selecione‚as‚informações‚mais‚importantes.‚Veja‚alguns‚exemplos.
a)‚ Onde‚e‚quando‚nasceu‚o‚homenageado.
b)‚Como‚foi‚a‚trajetória‚dele‚para‚alcançar‚o‚reconhecimento‚público‚e‚quais‚foram‚as‚dificuldades‚
enfrentadas‚nesse‚percurso.
c)‚ De‚que‚maneira‚as‚atividades‚realizadas‚por‚essa‚pessoa‚se‚destacam‚em‚relação‚às‚outras‚pes-
soas‚da‚mesma‚área.
d)‚Características‚físicas‚e‚comportamentais.
e)‚Acontecimentos‚marcantes‚na‚vida‚da‚personalidade.
f)‚ Se‚for‚escritor‚ou‚cantor,‚nome‚ou‚trechos‚de‚textos‚ou‚músicas‚importantes.
g)‚Se‚já‚faleceu,‚quando‚e‚como‚morreu.
A primeira produção
Escreva, com o colega, a primeira versão do seu cordel. Utilize as informações que você pes-
quisou, mas sem copiá-las. Não se esqueça de que o texto deve ser escrito em versos.
Mi
rel
la
Sp
ine
lli/I
D/
BR
ID/BR
54
Criando soluções para os problemas
Agora você vai refletir a respeito da sua produção inicial e avaliar
se ela ficou mesmo parecida com os cordéis.
Módulo I – A estrutura do texto
Vamos retomar as principais características do cordel. Leia o texto
a seguir e observe os elementos destacados.
Leitura
É importante saber
O folheto Patativa do Assaré: vida e obra do poeta do povo foi escrito por Evaristo
Geraldo da Silva. O cordelista nasceu em Quixadá, no Ceará, e faz parte da Sociedade dos
Poetas e Escritores de Maracanaú.
Capa do folheto.
Klé
viss
on
Via
na/
Tup
yna
nqu
im
Nesse cordel falarei
De uma forma expressiva
Sobre uma pessoa simples
Porém de voz muito altiva
Falo aqui dum grande homem,
O poeta Patativa.
[...]
Nasceu então Patativa
Lá na Serra de Santana
Bem próximo de Assaré
Uma cidade bacana
Que devido ao Patativa
Ganhou fama soberana.
A data do nascimento,
Veja leitor e me aprove,
Foi exatamente em mil
E novecentos e nove
Aos cinco do mês de março
Quem já leu então comprove.
Seu nome Antonio Gonçalves
Da Silva, é assim que é,
Mas ao crescer foi chamando
Patativa do Assaré
Foi defensor do roceiro
Com coragem, garra e fé.
Era o pai de Patativa
Homem de pouca cultura
Chamado Pedro Gonçalves
E viveu da agricultura
Sua mãe Maria Pereira
Outra boa criatura.
Nosso grande Patativa
Teve uma infância pobre
Porque seu pai foi um homem
Sem fama, riqueza ou cobre
Mas Patativa provou
Que tinha um espírito nobre.
[...]
O menino Patativa
Perdeu dum olho a visão
Quando ainda iniciava
A troca da dentição
Por causa de uma doença
Comum no nosso sertão.
[...]
Patativa só passou
Quatro meses estudando
Pois junto ao irmão mais velho
Tinha que estar trabalhando
Roçando, limpando mato,
Botando água e plantando.
[...]
Patativa desde cedo
Já sabia o que queria
E logo se apaixonou
Patativa do assaré:
Vida e obra do poeta do povo
Título que destaca
o tema do cordel:
a vida e a obra do
poeta Patativa do
Assaré.
Patativa é apresen-
tado ao leitor. Como
o cordel está ligado
à oralidade, o tom é
de conversa entre
autor e leitor.
Informações sobre
o local onde o escri-
tor nasceu.
Data de nascimento
do escritor. O autor
se aproxima do lei-
tor, buscando dia-
logar com ele: “veja
leitor e me aprove”.
Menção do verda-
deiro nome de Pata-
tiva com destaque
para suas qualida-
des: coragem, garra
e fé.
Informações sobre
os pais de Patativa.
Exaltação de Pata-
tiva, que consegue
enfrentar a infância
pobre.
Menção a um acon-
tecimento trágico:
perda da visão de
um olho.
Informação que res-
salta a genialidade de
Patativa,pois,mesmo
com pouco estudo,
torna-se um grande
poeta.
Informações sobre
os pais de Patativa.
55
Pela boa poesia
Lendo cordel e escutando
Violeiro em cantoria.
[...]
De treze aos quatorze anos
Começou a fazer verso
Brincando com os amigos
Num mar de rimas imerso
Da vida do nordestino
Relata todo o universo.
[...]
Quando o jovem Patativa
Fez seus vinte anos de idade
Um parente dele veio
Visitá-lo na cidade
Com a intenção de levá-lo
Pra sua localidade.
[...]
Quando chegou no Pará
Foi Patativa levado
A um tal José Carvalho
Tabelião renomado
Que estava para lançar
Um livro naquele Estado.
[...]
Patativa nesse livro
É mencionado então
Carvalho diz o porquê
Dele estar na região
E de como ele fazia
Versos de improvisação.
Foi esse José Carvalho
Quem, de forma positiva,
Deu para o nosso poeta
O nome de Patativa
Comparando ele ao pássaro
Por sua voz expressiva.
[...]
Quando o poeta chegou
Em sua terra natal
Sua fama então cresceu
De forma fenomenal
Mas nunca deixou de ser
Gentil, cortez e leal.
[...]
Patativa tem assim
Grande popularidade
O seu nome é conhecido
No sertão e na cidade
E hoje ele é estudado
Quase em toda faculdade.
[...]
Sua voz passou pro papel
Em várias publicações
E “Inspiração Nordestina”
Ganha grandes dimensões
Pois foi o melhor trabalho
De todas as edições.
[...]
Ao som “Triste partida”
Ele relata o sofrer
Dum roceiro que viaja
Tentando sobreviver
Pois devido à cruel seca
Faltava o pão pra comer.
Porém a morte levou
O poeta resoluto
Aos oito do mês de julho
Fica o Nordeste de luto
Porque se calou pra sempre
Nosso poeta matuto.
No ano dois mil e dois
A morte vil e assassina
Calou o poeta arguto
De voz tão canora e fina
O defensor do roceiro
Dessa nação nordestina.
[...]
Deixo enfim para os leitores
Este singelo cordel
Que falou dum grande homem
Um sertanejo fiel
O poeta, o homem, o mito,
Patativa o menestrel.
Evaristo Geraldo da Silva. Patativa do Assaré:
vida e obra do poeta do povo. Fortaleza:
Tupynanquim, 2007. p. 1-16.
‚
ƒ Com‚base‚nesse‚exemplo,‚indique,‚em‚seu‚caderno,‚as‚partes‚que‚podem‚compor‚a‚estrutura‚de‚
um‚cordel‚que‚conta‚a‚vida‚de‚uma‚personalidade.
Informações sobre
as referências do
poeta: os cordéis e
os violeiros.
Informações sobre
aquele que vai ser
o principal tema de
seus versos: a vida
dos nordestinos.
Informaçõessobreo
iníciodatrajetóriade
Patativa como cor-
delistaconhecido.
Informações sobre
o codinome Patati-
va: quem lhe deu e
porquê.
Destaque para uma
qualidade de Pata-
tiva: a humildade.
Informação sobre o
interesse dos uni-
versitários em estu-
dar a obra do poeta
popular.
Destaque para a
repercussãodome-
lhor trabalho de Pa-
tativa: “Inspiração
Nordestina”.
Informação sobre
a temática de “Tris-
te partida”.
Informações sobre
a morte do escritor
e sua repercussão
no Nordeste.
Lamentação pela
morte de Patativa.
O cordelista fala
sobre o cordel que
escreveu para ho-
menagear Patativa
e retoma o diálogo
com o leitor: “deixo
enfim para os lei-
tores”.
Robson
Araújo/ID/BR
56
Módulo II – A gramática na construção dos sentidos do texto
1.‚ Os‚versos‚nos‚cordéis‚são‚metrificados:‚possuem‚estrofes‚com‚o‚mesmo‚número‚de‚
versos‚e,‚também,‚‚versos‚com‚o‚mesmo‚número‚de‚sílabas‚poéticas.‚Observe‚como‚
se‚faz‚a‚contagem‚de‚sílabas‚poéticas.
1 2 3 4 5 6 7
‚A‚/ tre‚/ vi‚/ do‚e‚/‚‚ mal‚/ cri‚/ a‚/ ‚do‚
Duas vogais
pronunciadas
juntas = 1 sílaba
poética
Duas vogais
pronunciadas
separadas =
2 sílabas poéticas
Contar só até
a última
sílaba tônica
Quantas‚sílabas‚poéticas‚têm‚os‚versos‚a‚seguir?
Como pode o peixe vivo
Viver fora da água fria?
Como poderei viver
Sem a tua companhia?
[...]
Cantiga popular. Domínio público.
Vou depressa
Vou correndo
Vou na toda
Que só levo
Pouca gente
[...]
2.‚ Os‚versos‚do‚cordel‚também‚contam‚com‚rimas,‚que‚se‚repetem‚nas‚estrofes‚de‚for-
ma‚regular,‚formando‚um‚esquema.‚Veja‚um‚exemplo.‚Letras‚iguais‚indicam‚versos‚
que‚rimam‚entre‚si.
[...]
Numa ação tão envolvente
Vai andar nosso João
Personagem principal
Desta nossa narração
Tem um nome engraçado
Vive sempre esfomeado
Rodar mundo é a vocação.
[...]
César Obeid. A história de João Grilo e dos três irmãos
gigantes. São Paulo: Editora do Brasil, 2010. p. 7.
Copie‚no‚caderno‚a‚primeira‚estrofe‚do‚cordel‚de‚Olegário‚Alfredo‚(página‚44)‚e‚identi-
fique‚o‚esquema‚de‚rimas‚utilizado.
3.‚ O‚narrador‚do‚cordel‚pode‚“conversar”‚com‚o‚leitor.‚Identifique,‚no‚trecho‚abaixo,‚as‚
marcas‚linguísticas‚que‚sinalizam‚esse‚diálogo.
O que ponho no papel
Caro leitor foi passado
Escrevo sobre Seu Lunga
Depois de ter pesquisado [...]
Manuel Bandeira. Meus poemas preferidos.
Rio de Janeiro: Ediouro, 2002. p. 67-68.
Rouxinol do Rinaré. Seu Lunga: o rei do mau humor. 9. ed. Fortaleza: Tupynanquim, 2008. p. 1.
Esquema de rimas
a (o verso termina com o som ente)
B (o verso termina com o som ão)
c (o verso termina com o som al)
B (o verso termina com o som ão)
d (o verso termina com o som ado)
d (o verso termina com o som ado)
B (o verso termina com o som ão)
57
4. OsdoistrechosaseguirnarramomesmoepisódiodavidadePatativadoAssaré,mascom
linguagemdiferente. Compare-os. O segundo trechofoi retiradodocordel da página55.
Foi nessa ocasião que conheceu o escritor cearense José Carvalho de Brito, que
lhe consagrou um capítulo em seu livro intitulado O matuto cearense e o caboclo do
Pará. Além disso, este publica os primeiros textos de Antônio Gonçalves da Silva no
Correio do Ceará, no qual colaborava. Esses textos foram acompanhados de comen-
tários nos quais José Carvalho de Brito comparava a poesia espontânea de Antônio
Gonçalves da Silva à pureza do canto da patativa, pássaro do Nordeste. Foi assim
que nasceu o pseudônimo de Patativa. E, para distingui-lo de outros improvisado-
res, acrescia-se o topônimo de sua vila natal: Assaré.
Sylvie Debs. Em: Patativa do Assaré. Patativa do Assaré: uma voz do Nordeste. São Paulo: Hedra, 2000. p. 17.
“Quando chegou no Pará
Foi Patativa levado
A um tal José Carvalho
Tabelião renomado
Que estava para lançar
Um livro naquele Estado.
[...]
Patativa nesse livro
É mencionado então
Carvalho diz o porquê
Dele estar na região
E de como ele fazia
Versos de improvisação.
Foi esse José Carvalho
Quem, de forma positiva,
Deu para o nosso poeta
O nome de Patativa
Comparando ele ao pássaro
Por sua voz expressiva.”
a) Emqualdostextosaspalavrasestãoemumaordemmenosusual?Justifique.
b) Por que a ordem menos comum é mais utilizada em textos em versos?
5. Leia a estrofe de cordel a seguir.
Um espectro de mulher
Ronda na Venezuela
Nas matas e povoados
Com feições de moça bela
Porém sempre encontra a morte
Quem olha na cara dela.
[...]
Sua missão agora será organizar em seu caderno a segunda estrofe desse poema,
já que os versos apresentados estão com as palavras fora de ordem. Siga as pistas.
x 1a
pista: cada verso da estrofe tem sete sílabas poéticas
x 2a
pista: o esquema rímico é ABCBDB
x 3a
pista: a única rima da estrofe é eira.
Para as vítimas mostra quando
Sua verdadeira cara
Em lugar dos olhos tem fogo
E de caveira um rosto
Pega sua presa quando
Da pior maneira mata
Rouxinol do Rinaré. Saiona: a mulher dos olhos de fogo. Fortaleza: Tupynanquim, 2005. p. 2.
Mirella
Spinelli/ID/BR
UV_P6_LA_C03_042A065.indd 57 3/23/12 6:55 PM
58
Módulo III – Avaliando a produção inicial
Releia a sua primeira produção.
1.‚‚‚‚Retome‚suas‚anotações‚sobre‚a‚estrutura‚do‚cordel‚Patativa do As-
saré: vida e obra do poeta do povo‚e‚utilize-as‚para‚avaliar‚sua‚pro-
dução.‚Marque‚tudo‚o‚que‚está‚faltando‚ou‚precisa‚ser‚revisto.
2.‚‚‚‚Certifique-se‚de‚que‚seu‚poema‚tem‚estrofes‚com‚o‚mesmo‚número‚
de‚versos,‚um‚esquema‚de‚rimas‚e‚métrica.
3.‚‚‚‚Verifique,‚ainda,‚se‚você‚utilizou‚alguns‚recursos‚linguísticos‚comuns‚
ao‚cordel:
a)‚‚expressões‚idiomáticas;
b)‚‚registro‚informal;
c)‚‚ordem‚invertida‚(menos‚usual)‚das‚palavras‚nas‚frases;
d)‚‚diálogo‚com‚o‚leitor.
4.‚‚ Por‚último,‚observe‚se‚você‚explicitou‚o‚tema‚de‚seu‚cordel‚no‚título.‚
Módulo IV – Ortografia
Muitos dos erros ortográficos estão relacionados à ideia de que a
escrita é a reprodução da fala. Vamos pensar na relação entre a escri-
ta das letras e seus sons.
1.‚‚‚‚Observe‚e‚pronuncie‚a‚lista‚de‚palavras.
céu‚‚•‚‚anel‚‚•‚‚canal‚‚•‚‚jornal‚‚•‚‚mingau‚‚
•‚‚caracol‚‚•‚‚sarau‚‚•‚‚meu
a)‚‚Embora‚o‚som‚final‚das‚palavras‚seja‚idêntico,‚a‚escrita‚desse‚som‚
não‚é.‚Como‚saber,‚então,‚se‚devemos‚usar‚a‚letra‚l‚ou‚a‚u?
b)‚‚Separe‚as‚palavras‚em‚dois‚grupos:‚palavras‚que‚terminam‚com‚u‚
e‚palavras‚que‚terminam‚com‚l.
c)‚‚Essas‚palavras‚nomeiam‚um‚único‚exemplar‚daquilo‚a‚que‚se‚re-
ferem.‚Como‚você‚se‚referiria‚a‚mais‚de‚um‚exemplar‚de‚cada‚um‚
desses‚elementos?
d)‚‚Que‚‚diferença‚‚você‚‚observa‚‚entre‚‚o‚‚grupo‚
de‚palavras‚que‚termina‚com‚l‚e‚o‚que‚ter-
mina‚com‚u?
e)‚‚A‚palavra‚anel‚deu‚origem‚ao‚termo‚anelar.‚
Pense‚em‚outros‚termos‚derivados‚das‚pa-
lavras‚da‚lista‚que‚terminam‚com‚l.
f)‚‚‚Tente‚‚fazer‚‚o‚‚mesmo‚‚com‚‚as‚‚palavras‚
que‚terminam‚com‚u.
g)‚‚A‚‚que‚‚conclusão‚‚você‚‚chegou‚‚sobre‚
esses‚dois‚grupos‚de‚palavras?
Mais gramática
Por que é errado
pensar que a escrita é a
reprodução da fala? Afinal,
as letras da escrita não
representam os sons da
fala? Descubra por que
nos confundimos com a
ortografia da nossa língua
lendo o tópico Fonema e
letra na página 233.
Mirella
Spinelli/ID/BR
Mirella
Spinelli/ID/BR
59
A produção final
Para escrever a versão definitiva de seu poema, retome com seu colega a avalia-
ção que vocês fizeram da produção inicial da dupla no Módulo III (página 58).
1. Acrescente informações, altere partes, reordene os acontecimentos.
2. Se necessário, reescreva trechos que tenham ficado excessivamente formais ou dis-
tantes da linguagem do cordel.
3. Cuide também da ortografia. Se tiver dúvida quanto à escrita de determinada palavra,
consulte um dicionário.
Elaboração do folheto
Uma vez que o texto tenha sido reescrito, você e o colega se organizarão para
compor o folheto.
1. Não se esqueça de fazer a capa e a quarta capa. Um de vocês pode ilustrar a capa
simulando uma xilogravura.
2. Faça vários exemplares, para que você possa distribuí-los. Veja as orientações.
Sobre a capa
Deve ter título, ilustração e identificação dos autores e do ilustrador.
Deve ter o local e o ano da publicação.
Deve ser feita em um papel de cor diferente.
Sobre a
quarta capa
Pode ter uma breve biografia dos autores.
Pode ter o contato dos autores (telefone e/ou e-mail).
Pode ter propaganda dos cordéis dos colegas.
Pode ter informações sobre a literatura de cordel.
Sobre a
montagem
As páginas devem ser organizadas dentro da capa e grampeadas.
Todas as páginas devem ser numeradas, com exceção da capa e da quarta capa.
Fim de papo
O que há em comum entre as lendas, os mitos, o repente, o rap, o cordel e as cantigas de lavadeira?
Editora, ilustrador, local
e ano de publicação
Título da obra
Autor da obra
Ilustração
Fotografia do
autor
Breve biografia
do autor
Títulos de outros
cordéis do autor
Informações
sobre a editora
Klévisson
Viana/Tupynaquim
Klévisson
Viana/Tupynaquim
ID/BR
UV_P6_LA_C03_042A065.indd 59 4/16/12 1:14 PM
Atividades integradas
60
Responda sempre no caderno.
1.‚ Leia‚um‚trecho‚da‚canção‚“Lendas”.
Lendas
Um velho do mato
Com sangue de índio
Conta suas lendas para os curumins
De um rio doce, meio abarrotado
Dois dragões dourados
Lá de Parintins
Uma moça linda, um moço encantado
Saem da festança
Pra não mais voltar aqui
[...]
Parintins,‚cidade‚amazonense‚citada‚na‚canção,‚realiza‚um‚Festival‚Folclórico‚conhecido‚
nacionalmente:
a)‚ pela‚comemoração‚da‚colheita‚da‚uva,‚remontando‚aos‚primeiros‚imigrantes‚italianos‚que‚ti-
nham‚o‚hábito‚de‚reverenciar‚a‚terra‚e‚a‚colheita.
b)‚pela‚coroação‚do‚rei‚do‚Congo,‚acompanhado‚de‚um‚cortejo‚compassado,‚cavalgadas,‚levan-
tamento‚de‚mastros‚e‚música.
c)‚pela‚rivalidade‚entre‚o‚boi‚Garantido‚e‚o‚boi‚Caprichoso,‚que‚explora‚as‚temáticas‚regionais‚como‚
lendas,‚rituais‚indígenas‚e‚costumes‚dos‚ribeirinhos‚por‚meio‚de‚alegorias‚e‚encenações.
d)‚pelas‚homenagens‚prestadas‚aos‚três‚santos‚católicos:‚São‚João,‚São‚Pedro‚e‚Santo‚Antônio,‚
marcadas‚pelas‚quadrilhas,‚comidas‚típicas,‚bandeirinhas,‚fogueiras.
e)‚pelo‚desfile‚de‚mil‚vaqueiros,‚que‚saem‚em‚procissão‚nos‚seus‚cavalos,‚levando‚suas‚oferen-
das,‚tendo‚origem‚em‚uma‚personagem‚mítica‚dos‚sertões‚–‚Raimundo‚Jacó.
2.‚ Leia‚um‚trecho‚do‚cordel‚“Emigração‚e‚as‚consequências”,‚de‚Patativa‚do‚Assaré.
[...]
Quando há inverno abundante
No meu Nordeste querido
Fica o pobre em um instante
Do sofrimento esquecido
Tudo é graça, paz e riso
Reina um verde paraíso
Por vale, serra e sertão
Porém não havendo inverno
Reina um verdadeiro inferno
De dor e de confusão
Fica tudo transformado
Sofre o velho e sofre o novo
Falta pasto para o gado
E alimento para o povo
E um drama de tristeza
Parece que a natureza
Trata a tudo com rigor
Com esta situação
O desumano patrão
Despede o seu morador
Vendo o flagelo horroroso
Vendo o grande desacato
Infiel e impiedoso
Aquele patrão ingrato
Com quem declara guerra
Expulsa da sua terra
Seu morador camponês
O coitado flagelado
Seu inditoso agregado
Que tanto favor lhe fez
Sem a virtude da chuva
O povo fica a vagar
Como a formiga saúva
Sem folha para cortar
E com a dor que o consome
Obrigado pela fome
E a situação mesquinha
Vai um grupo flagelado
Para atacar o mercado
Da cidade mais vizinha
[...]
O‚texto‚aponta‚como‚uma‚das‚principais‚causas‚do‚êxodo‚rural:
Júnior Lima e Sérgio Albuquerque. Em: Lendas. Intérprete: Antônio Pereira. Store Music, 2000. 1 CD. Faixa 7.
Patativa do Assaré. Patativa do Assaré: uma voz do Nordeste. São Paulo: Hedra, 2006. p. 91-92.
a)‚ a‚desigualdade‚racial.
b)‚a‚formação‚de‚favelas‚em‚
centros‚urbanos.
c)‚ as‚crises‚de‚energia.
d)‚o‚desemprego‚no‚campo.
e)‚o‚desmatamento‚e‚as‚queimadas.
61
4.‚ Observe‚o‚mapa‚ao‚lado.‚Ele‚sina-
liza‚as‚principais‚cidades‚em‚que‚
o‚ repente‚ é‚ produzido.‚ Economi-
camente,‚essa‚região‚se‚sustenta‚
principalmente‚pela:
a)‚ agricultura‚ de‚ subsistência‚ e‚
pela‚indústria‚têxtil.‚
b)‚mineração‚e‚pela‚indústria‚têxtil.
c)‚ mineração‚e‚pelo‚ecoturismo.
d)‚pecuária‚de‚subsistência‚e‚pelo‚
ecoturismo.‚
e)‚pecuária‚ e‚ pela‚ agricultura‚ de‚
subsistência.
3.‚ Releia‚a‚primeira‚estrofe‚do‚cordel.
“Quando há inverno abundante
No meu Nordeste querido
Fica o pobre em um instante
Do sofrimento esquecido
Tudo é graça, paz e riso
Reina um verde paraíso
Por vale, serra e sertão
Porém não havendo inverno
Reina um verdadeiro inferno
De dor e de confusão”
Qual‚das‚imagens‚a‚seguir‚retrata‚o‚tipo‚de‚vegetação‚referido‚no‚trecho?
‚ a)‚ b)
c) d) e)
Marcos
Issa/Argosfoto
Ernesto
Reghran/Pulsar
Imagens
Zig
Koch/Natureza
Brasileira
ID/BR
Zig
Koch/Natureza
Brasileira
Marcos
Issa/Argosfoto
PIAUÍ
CEARÁ
40°O
7°S
9°S
OCEANO
ATLÂNTICO
38°O 36°O
RIO GRANDE
DO NORTE
PARAÍBA
PERNAMBUCO
SERGIPE
BAHIA
ALAGOAS
Tabira
Triunfo Monteiro
Teixeira
Itapetim
São José do Egito
Sertânia
Arcoverde
0 90 180 km
1 cm – 90 km
02_c_0013_BBP6_000_LA
Fontedepesquisa:Poetasdorepente.FundaçãoJoaquimNabuco.
Recife:Massangana,2008.
MAPA DO REPENtE NO NORDEStE
Serra do Amolar (MS), 2008. Olho D’água do Casado (AL), 2007.
Parque Estadual da Serra dos
Pireneus (GO), 2008.
Proximidades de Manaus
(AM), 2009.
Parque Nacional de São Joaquim
(SC), 2002.

Mais conteúdo relacionado

Semelhante a CORDEL_APRESENTACAO.pdfccccccccccccccccccc

Trabalho de didática - Fábulas by Doug.Albert
Trabalho de didática - Fábulas by Doug.AlbertTrabalho de didática - Fábulas by Doug.Albert
Trabalho de didática - Fábulas by Doug.AlbertDoug Petrova
 
Literaturaoraletradicionaltipologia
LiteraturaoraletradicionaltipologiaLiteraturaoraletradicionaltipologia
Literaturaoraletradicionaltipologiaarmindaalmeida
 
Oficina de leitura literatura de cordel
Oficina de leitura    literatura de cordelOficina de leitura    literatura de cordel
Oficina de leitura literatura de cordelIslânia Castro
 
Produção de paráfrase.ppt
Produção de paráfrase.pptProdução de paráfrase.ppt
Produção de paráfrase.pptAllanPatrick22
 
sequenciasoldadinhodechumbo-131031174900-phpapp02 (2).pdf
sequenciasoldadinhodechumbo-131031174900-phpapp02 (2).pdfsequenciasoldadinhodechumbo-131031174900-phpapp02 (2).pdf
sequenciasoldadinhodechumbo-131031174900-phpapp02 (2).pdfIedaGoethe
 
PNL - AquisiçõEs 20092010
PNL - AquisiçõEs 20092010PNL - AquisiçõEs 20092010
PNL - AquisiçõEs 20092010Paula Morgado
 
Manuel da cachaca contos & casos de boteco
Manuel da cachaca contos & casos de botecoManuel da cachaca contos & casos de boteco
Manuel da cachaca contos & casos de botecoJader Moreira Almeida
 
10 livros da literatura brasileira
10 livros da literatura brasileira10 livros da literatura brasileira
10 livros da literatura brasileiraDiego Peterson
 
Apresentação poesia1
Apresentação poesia1Apresentação poesia1
Apresentação poesia1Soleducador1
 
Largo Das Palmas Cepra 3 V1
Largo Das Palmas   Cepra   3 V1Largo Das Palmas   Cepra   3 V1
Largo Das Palmas Cepra 3 V1Lúcia Dantas
 
Gato caderno didáctico
Gato caderno didácticoGato caderno didáctico
Gato caderno didácticoSao_Carlos
 
Literatura de cordel
Literatura de cordelLiteratura de cordel
Literatura de cordelEdson Alves
 
Estórias com sabor a nordeste
Estórias com  sabor a nordesteEstórias com  sabor a nordeste
Estórias com sabor a nordesteRegina Gouveia
 
Estórias com sabor a nordeste
Estórias com  sabor a nordesteEstórias com  sabor a nordeste
Estórias com sabor a nordesteRegina Gouveia
 
Estórias com sabor a nordeste
Estórias com  sabor a nordesteEstórias com  sabor a nordeste
Estórias com sabor a nordesteRegina Gouveia
 

Semelhante a CORDEL_APRESENTACAO.pdfccccccccccccccccccc (20)

Trabalho de didática - Fábulas by Doug.Albert
Trabalho de didática - Fábulas by Doug.AlbertTrabalho de didática - Fábulas by Doug.Albert
Trabalho de didática - Fábulas by Doug.Albert
 
Literatura de Cordel
Literatura de Cordel Literatura de Cordel
Literatura de Cordel
 
Boletim da Bibliotea 2
Boletim da Bibliotea 2Boletim da Bibliotea 2
Boletim da Bibliotea 2
 
Registos LíNgua
Registos LíNguaRegistos LíNgua
Registos LíNgua
 
Literaturaoraletradicionaltipologia
LiteraturaoraletradicionaltipologiaLiteraturaoraletradicionaltipologia
Literaturaoraletradicionaltipologia
 
Oficina de leitura
Oficina de leituraOficina de leitura
Oficina de leitura
 
Oficina de leitura literatura de cordel
Oficina de leitura    literatura de cordelOficina de leitura    literatura de cordel
Oficina de leitura literatura de cordel
 
Produção de paráfrase.ppt
Produção de paráfrase.pptProdução de paráfrase.ppt
Produção de paráfrase.ppt
 
LITERATURA TRADICIONAL
LITERATURA TRADICIONALLITERATURA TRADICIONAL
LITERATURA TRADICIONAL
 
sequenciasoldadinhodechumbo-131031174900-phpapp02 (2).pdf
sequenciasoldadinhodechumbo-131031174900-phpapp02 (2).pdfsequenciasoldadinhodechumbo-131031174900-phpapp02 (2).pdf
sequenciasoldadinhodechumbo-131031174900-phpapp02 (2).pdf
 
PNL - AquisiçõEs 20092010
PNL - AquisiçõEs 20092010PNL - AquisiçõEs 20092010
PNL - AquisiçõEs 20092010
 
Manuel da cachaca contos & casos de boteco
Manuel da cachaca contos & casos de botecoManuel da cachaca contos & casos de boteco
Manuel da cachaca contos & casos de boteco
 
10 livros da literatura brasileira
10 livros da literatura brasileira10 livros da literatura brasileira
10 livros da literatura brasileira
 
Apresentação poesia1
Apresentação poesia1Apresentação poesia1
Apresentação poesia1
 
Largo Das Palmas Cepra 3 V1
Largo Das Palmas   Cepra   3 V1Largo Das Palmas   Cepra   3 V1
Largo Das Palmas Cepra 3 V1
 
Gato caderno didáctico
Gato caderno didácticoGato caderno didáctico
Gato caderno didáctico
 
Literatura de cordel
Literatura de cordelLiteratura de cordel
Literatura de cordel
 
Estórias com sabor a nordeste
Estórias com  sabor a nordesteEstórias com  sabor a nordeste
Estórias com sabor a nordeste
 
Estórias com sabor a nordeste
Estórias com  sabor a nordesteEstórias com  sabor a nordeste
Estórias com sabor a nordeste
 
Estórias com sabor a nordeste
Estórias com  sabor a nordesteEstórias com  sabor a nordeste
Estórias com sabor a nordeste
 

Mais de IedaGoethe

batalha-numerica458.pptxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
batalha-numerica458.pptxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxbatalha-numerica458.pptxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
batalha-numerica458.pptxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxIedaGoethe
 
8-PLANO-CURRICULAR-MUNICIPAL-AEE-2020-FINAL.pdf
8-PLANO-CURRICULAR-MUNICIPAL-AEE-2020-FINAL.pdf8-PLANO-CURRICULAR-MUNICIPAL-AEE-2020-FINAL.pdf
8-PLANO-CURRICULAR-MUNICIPAL-AEE-2020-FINAL.pdfIedaGoethe
 
PORT CAPA.pdfxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
PORT CAPA.pdfxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxPORT CAPA.pdfxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
PORT CAPA.pdfxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxIedaGoethe
 
cartilha-pdi-plano-de-desenvolvimento-individual-do-estudante.pdf
cartilha-pdi-plano-de-desenvolvimento-individual-do-estudante.pdfcartilha-pdi-plano-de-desenvolvimento-individual-do-estudante.pdf
cartilha-pdi-plano-de-desenvolvimento-individual-do-estudante.pdfIedaGoethe
 
Currículo escolar na perspectiva da educação inclusiva.pdf
Currículo escolar na perspectiva da educação inclusiva.pdfCurrículo escolar na perspectiva da educação inclusiva.pdf
Currículo escolar na perspectiva da educação inclusiva.pdfIedaGoethe
 
diretrizes_publicacao.pdfxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
diretrizes_publicacao.pdfxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxdiretrizes_publicacao.pdfxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
diretrizes_publicacao.pdfxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxIedaGoethe
 
cartilha-pdi-plano-de-desenvolvimento-individual-do-estudante.pdf
cartilha-pdi-plano-de-desenvolvimento-individual-do-estudante.pdfcartilha-pdi-plano-de-desenvolvimento-individual-do-estudante.pdf
cartilha-pdi-plano-de-desenvolvimento-individual-do-estudante.pdfIedaGoethe
 
br-p-1663285404-atividade-escrita-de-frases_ver_1.pdf
br-p-1663285404-atividade-escrita-de-frases_ver_1.pdfbr-p-1663285404-atividade-escrita-de-frases_ver_1.pdf
br-p-1663285404-atividade-escrita-de-frases_ver_1.pdfIedaGoethe
 
530615638-PlanoEducacionalIndividualizadoPEI.pdf
530615638-PlanoEducacionalIndividualizadoPEI.pdf530615638-PlanoEducacionalIndividualizadoPEI.pdf
530615638-PlanoEducacionalIndividualizadoPEI.pdfIedaGoethe
 
121-1565727865.pdfxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
121-1565727865.pdfxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx121-1565727865.pdfxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
121-1565727865.pdfxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxIedaGoethe
 
FCEE - Diretrizes - Autismo.pdf para imprimir
FCEE - Diretrizes - Autismo.pdf para imprimirFCEE - Diretrizes - Autismo.pdf para imprimir
FCEE - Diretrizes - Autismo.pdf para imprimirIedaGoethe
 
DIA DO INDIO - FLIPBOOK PARA IMPRIMIR.pdf
DIA DO INDIO - FLIPBOOK PARA IMPRIMIR.pdfDIA DO INDIO - FLIPBOOK PARA IMPRIMIR.pdf
DIA DO INDIO - FLIPBOOK PARA IMPRIMIR.pdfIedaGoethe
 
18 MARINHO- JOGO DE LABIRINTO.educaçãopdf
18 MARINHO- JOGO DE LABIRINTO.educaçãopdf18 MARINHO- JOGO DE LABIRINTO.educaçãopdf
18 MARINHO- JOGO DE LABIRINTO.educaçãopdfIedaGoethe
 
tabuleiro.pdf para criar e montar e jogar
tabuleiro.pdf para criar e montar e jogartabuleiro.pdf para criar e montar e jogar
tabuleiro.pdf para criar e montar e jogarIedaGoethe
 
Caixa jogo da onça. para imprimir e jogar
Caixa jogo da onça. para imprimir e jogarCaixa jogo da onça. para imprimir e jogar
Caixa jogo da onça. para imprimir e jogarIedaGoethe
 
maleta da leitura sugestão para inclusão
maleta da leitura sugestão para inclusãomaleta da leitura sugestão para inclusão
maleta da leitura sugestão para inclusãoIedaGoethe
 
COORD MOTORA sugestão de atividades para inclusão
COORD MOTORA sugestão de atividades para inclusãoCOORD MOTORA sugestão de atividades para inclusão
COORD MOTORA sugestão de atividades para inclusãoIedaGoethe
 
gatopracaratopralaOBRA (1).pdf
gatopracaratopralaOBRA (1).pdfgatopracaratopralaOBRA (1).pdf
gatopracaratopralaOBRA (1).pdfIedaGoethe
 
Itororó Português 4º ano.pdf
Itororó Português 4º ano.pdfItororó Português 4º ano.pdf
Itororó Português 4º ano.pdfIedaGoethe
 

Mais de IedaGoethe (20)

batalha-numerica458.pptxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
batalha-numerica458.pptxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxbatalha-numerica458.pptxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
batalha-numerica458.pptxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
 
8-PLANO-CURRICULAR-MUNICIPAL-AEE-2020-FINAL.pdf
8-PLANO-CURRICULAR-MUNICIPAL-AEE-2020-FINAL.pdf8-PLANO-CURRICULAR-MUNICIPAL-AEE-2020-FINAL.pdf
8-PLANO-CURRICULAR-MUNICIPAL-AEE-2020-FINAL.pdf
 
PORT CAPA.pdfxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
PORT CAPA.pdfxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxPORT CAPA.pdfxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
PORT CAPA.pdfxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
 
cartilha-pdi-plano-de-desenvolvimento-individual-do-estudante.pdf
cartilha-pdi-plano-de-desenvolvimento-individual-do-estudante.pdfcartilha-pdi-plano-de-desenvolvimento-individual-do-estudante.pdf
cartilha-pdi-plano-de-desenvolvimento-individual-do-estudante.pdf
 
Currículo escolar na perspectiva da educação inclusiva.pdf
Currículo escolar na perspectiva da educação inclusiva.pdfCurrículo escolar na perspectiva da educação inclusiva.pdf
Currículo escolar na perspectiva da educação inclusiva.pdf
 
diretrizes_publicacao.pdfxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
diretrizes_publicacao.pdfxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxdiretrizes_publicacao.pdfxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
diretrizes_publicacao.pdfxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
 
cartilha-pdi-plano-de-desenvolvimento-individual-do-estudante.pdf
cartilha-pdi-plano-de-desenvolvimento-individual-do-estudante.pdfcartilha-pdi-plano-de-desenvolvimento-individual-do-estudante.pdf
cartilha-pdi-plano-de-desenvolvimento-individual-do-estudante.pdf
 
br-p-1663285404-atividade-escrita-de-frases_ver_1.pdf
br-p-1663285404-atividade-escrita-de-frases_ver_1.pdfbr-p-1663285404-atividade-escrita-de-frases_ver_1.pdf
br-p-1663285404-atividade-escrita-de-frases_ver_1.pdf
 
530615638-PlanoEducacionalIndividualizadoPEI.pdf
530615638-PlanoEducacionalIndividualizadoPEI.pdf530615638-PlanoEducacionalIndividualizadoPEI.pdf
530615638-PlanoEducacionalIndividualizadoPEI.pdf
 
121-1565727865.pdfxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
121-1565727865.pdfxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx121-1565727865.pdfxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
121-1565727865.pdfxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
 
FCEE - Diretrizes - Autismo.pdf para imprimir
FCEE - Diretrizes - Autismo.pdf para imprimirFCEE - Diretrizes - Autismo.pdf para imprimir
FCEE - Diretrizes - Autismo.pdf para imprimir
 
DIA DO INDIO - FLIPBOOK PARA IMPRIMIR.pdf
DIA DO INDIO - FLIPBOOK PARA IMPRIMIR.pdfDIA DO INDIO - FLIPBOOK PARA IMPRIMIR.pdf
DIA DO INDIO - FLIPBOOK PARA IMPRIMIR.pdf
 
18 MARINHO- JOGO DE LABIRINTO.educaçãopdf
18 MARINHO- JOGO DE LABIRINTO.educaçãopdf18 MARINHO- JOGO DE LABIRINTO.educaçãopdf
18 MARINHO- JOGO DE LABIRINTO.educaçãopdf
 
tabuleiro.pdf para criar e montar e jogar
tabuleiro.pdf para criar e montar e jogartabuleiro.pdf para criar e montar e jogar
tabuleiro.pdf para criar e montar e jogar
 
Caixa jogo da onça. para imprimir e jogar
Caixa jogo da onça. para imprimir e jogarCaixa jogo da onça. para imprimir e jogar
Caixa jogo da onça. para imprimir e jogar
 
maleta da leitura sugestão para inclusão
maleta da leitura sugestão para inclusãomaleta da leitura sugestão para inclusão
maleta da leitura sugestão para inclusão
 
COORD MOTORA sugestão de atividades para inclusão
COORD MOTORA sugestão de atividades para inclusãoCOORD MOTORA sugestão de atividades para inclusão
COORD MOTORA sugestão de atividades para inclusão
 
34543.pptx
34543.pptx34543.pptx
34543.pptx
 
gatopracaratopralaOBRA (1).pdf
gatopracaratopralaOBRA (1).pdfgatopracaratopralaOBRA (1).pdf
gatopracaratopralaOBRA (1).pdf
 
Itororó Português 4º ano.pdf
Itororó Português 4º ano.pdfItororó Português 4º ano.pdf
Itororó Português 4º ano.pdf
 

Último

Atividade - Letra da música Esperando na Janela.
Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.Mary Alvarenga
 
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...azulassessoria9
 
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfLeloIurk1
 
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfPRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfprofesfrancleite
 
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdfA QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdfAna Lemos
 
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcanteCOMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcanteVanessaCavalcante37
 
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptx
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptxJOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptx
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptxTainTorres4
 
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdf
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdfFicha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdf
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdfFtimaMoreira35
 
421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf
421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf
421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdfLeloIurk1
 
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdfPROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdfMarianaMoraesMathias
 
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdf
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdfplanejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdf
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdfmaurocesarpaesalmeid
 
Slides sobre as Funções da Linguagem.pptx
Slides sobre as Funções da Linguagem.pptxSlides sobre as Funções da Linguagem.pptx
Slides sobre as Funções da Linguagem.pptxMauricioOliveira258223
 
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptx
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptxSlides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptx
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?AnabelaGuerreiro7
 
apostila projeto de vida 2 ano ensino médio
apostila projeto de vida 2 ano ensino médioapostila projeto de vida 2 ano ensino médio
apostila projeto de vida 2 ano ensino médiorosenilrucks
 
ATIVIDADE - CHARGE.pptxDFGHJKLÇ~ÇLJHUFTDRSEDFGJHKLÇ
ATIVIDADE - CHARGE.pptxDFGHJKLÇ~ÇLJHUFTDRSEDFGJHKLÇATIVIDADE - CHARGE.pptxDFGHJKLÇ~ÇLJHUFTDRSEDFGJHKLÇ
ATIVIDADE - CHARGE.pptxDFGHJKLÇ~ÇLJHUFTDRSEDFGJHKLÇJaineCarolaineLima
 
Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)ElliotFerreira
 
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdfProjeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdfHELENO FAVACHO
 

Último (20)

Atividade - Letra da música Esperando na Janela.
Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.
 
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...
 
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdfENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
ENSINO RELIGIOSO 7º ANO INOVE NA ESCOLA.pdf
 
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdfPRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
PRÉDIOS HISTÓRICOS DE ASSARÉ Prof. Francisco Leite.pdf
 
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdfA QUATRO MÃOS  -  MARILDA CASTANHA . pdf
A QUATRO MÃOS - MARILDA CASTANHA . pdf
 
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcanteCOMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
COMPETÊNCIA 2 da redação do enem prodção textual professora vanessa cavalcante
 
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptx
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptxJOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptx
JOGO FATO OU FAKE - ATIVIDADE LUDICA(1).pptx
 
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdf
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdfFicha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdf
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdf
 
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULACINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
 
421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf
421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf
421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf
 
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdfPROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
PROGRAMA DE AÇÃO 2024 - MARIANA DA SILVA MORAES.pdf
 
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdf
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdfplanejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdf
planejamento_estrategico_-_gestao_2021-2024_16015654.pdf
 
Slides sobre as Funções da Linguagem.pptx
Slides sobre as Funções da Linguagem.pptxSlides sobre as Funções da Linguagem.pptx
Slides sobre as Funções da Linguagem.pptx
 
Bullying, sai pra lá
Bullying,  sai pra láBullying,  sai pra lá
Bullying, sai pra lá
 
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptx
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptxSlides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptx
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptx
 
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
 
apostila projeto de vida 2 ano ensino médio
apostila projeto de vida 2 ano ensino médioapostila projeto de vida 2 ano ensino médio
apostila projeto de vida 2 ano ensino médio
 
ATIVIDADE - CHARGE.pptxDFGHJKLÇ~ÇLJHUFTDRSEDFGJHKLÇ
ATIVIDADE - CHARGE.pptxDFGHJKLÇ~ÇLJHUFTDRSEDFGJHKLÇATIVIDADE - CHARGE.pptxDFGHJKLÇ~ÇLJHUFTDRSEDFGJHKLÇ
ATIVIDADE - CHARGE.pptxDFGHJKLÇ~ÇLJHUFTDRSEDFGJHKLÇ
 
Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)Análise poema país de abril (Mauel alegre)
Análise poema país de abril (Mauel alegre)
 
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdfProjeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
 

CORDEL_APRESENTACAO.pdfccccccccccccccccccc

  • 1. 42 3 Cordel O que você vai estudar neste capítulo Cordel ‚ ‚ Elementos‚característicos‚‚ dos‚folhetos ‚ ‚ A‚leitura‚expressiva ‚ ‚ Heróis,‚vilões‚e‚anti-heróis ‚ ‚ A‚função‚de‚entreter‚e‚de‚ criticar ‚ ‚ Contexto‚de‚produção‚e‚‚ de‚circulação ‚ ‚ O‚diálogo‚com‚o‚leitor Cultura popular ‚ ‚ Origem‚da‚literatura‚de‚cordel ‚ ‚ Textos‚e‚autores Reflexões gramaticais ‚ ‚ A‚variação‚linguística ‚ ‚ As‚expressões‚idiomáticas:‚ usos‚e‚efeitos‚de‚sentido ‚ ‚ Algumas‚particularidades‚do‚ texto‚em‚registro‚informal ‚ ‚ A‚escolha‚e‚a‚ordem‚das‚ palavras‚no‚verso‚e‚seus‚ efeitos‚de‚sentido ‚ ‚ A‚rima‚e‚a‚métrica Você já ouviu falar que a melhor propaganda é feita no “boca a boca”? Conhece o ditado que diz “quem tem boca vai a Roma”? As palavras voam como o vento. As lendas, os mitos, as cantigas, os di- tados populares não morrem porque passam de geração em geração por meio da oralidade. Os poemas que vamos ler nesta unidade nas- ceram assim, na boca do povo, e foram passando de boca em boca... Se isso não tivesse acontecido, nunca conheceríamos essas histórias. Divirta-se! Antes da leitura Observe a imagem e responda às perguntas oralmente. J. Borges. O cordelista na feira. 1.‚ A‚cena‚revela‚uma‚personagem‚em‚destaque.‚Qual? 2.‚ O‚que‚essa‚personagem‚está‚fazendo?‚Em‚que‚elementos‚você‚se‚baseou‚para‚responder? 3.‚ Como‚as‚demais‚personagens‚reagem‚a‚essa‚ação? 4.‚ Onde‚se‚passa‚a‚cena‚retratada? 5.‚ Você‚vai‚ler‚um‚texto‚chamado‚Travessuras de Pedro Malasartes e a sopa de pedras.‚O‚que‚ você‚espera‚encontrar‚em‚uma‚história‚com‚esse‚título? Poemas ao vento J.Borges/Acervo do artista
  • 2. 43 Durante a leitura Você sabe o que é cordel? Narrados em verso, os cordéis são his- tórias populares que costumam ser cantadas e recitadas em feiras e praças públicas, por artistas conhecidos como cordelistas. Agora, é a sua vez de ganhar a praça, lendo um folheto de cordel para a sua turma. Para se dar bem como cordelista, leia as informações e ins- truções a seguir. Leitura de cordel em praça pública Imagine que você está em um local público, como o retratado na xilogravura de J. Borges, na página 42. Você e um colega querem vender um folheto de cordel e, para isso, vão ler um pedaço da história para a turma. Cada um deve ler uma estrofe. A turma será o público e vai decidir se comprará ou não o folheto. Veja como preparar sua leitura. x Leia o texto, procurando torná-lo compreensível para você e para os ouvintes. x Use entonações diferentes para que o texto não fique cansativo e monótono. x Enfatize, pela entonação, uma palavra ou ex- pressão, de acordo com o efeito de sentido que você queira produzir em seu ouvinte. x Pronuncie todas as palavras de forma clara. x Planeje as pausas, que devem respeitar a pontuação, para que você possa respirar e ganhar fôlego, assim como controlar o rit- mo da leitura. x Evite postura curvada, cabeça baixa e mão na boca. x Faça uma leitura expressiva, indicando o sentido emocional dos versos. Por exemplo, se eles expressam tristeza e sofrimento, o tom de sua voz deve ser triste (ou seja, não leia de maneira en- tusiasmada, como se estivesse falando de coisas boas e alegres). É importante saber Escrito pelo mineiro Olegário Alfredo, também conhecido como Mestre Gaio, o folheto Travessuras de Pedro Malasartes e a sopa de pedras apresenta algumas características da fala de um grupo específico de falantes. Para dar a ideia exata do som da fala dessas pessoas, algumas regras ortográficas são intencionalmente quebra- das. Veja um exemplo: “Pedro juntou suas tráias”. Confira a história a seguir! Navegue no livro No final desta unidade, você e a turma vão produzir um sarau para leitura de textos literários. Se quiser obter mais informações sobre como preparar a leitura de um texto em voz alta, veja algumas dicas nas páginas 63 e 64. Capa do folheto Travessuras de Pedro Malasartes e a sopa de pedras, com xilogravura de Milton Ferro. Cris álid a/A rqu ivo da edit ora Robson Araújo/ID/BR Veja também o objeto educacional digital “Pedro Malasartes e a sopa de pedras”. UV_P6_LA_C03_042A065.indd 43 4/15/12 11:20 AM
  • 3. 44 Fique antenado Em Portugal, os folhetos de cordel, ou folhetos de feira, eram pendurados em cordas (ou cordéis) para serem vendidos. Trazidos ao Brasil pelos colonizadores portugueses, passaram a ser comercializados em feiras populares pelos próprios poetas ou por vendedores ambulantes, que expunham os folhetos sobre maletas. Os temas dos cordéis são variados: animais falantes, lutas e batalhas, histórias de amor, acontecimentos históricos, biografia de personalidades, etc. Ler um trecho da história em público era uma maneira de os cordelistas atiçarem a curiosidade das pessoas, que teriam de comprar o folheto para saber o final da narrativa. Embora o cordel seja uma literatura típica do Nordeste, pode ser encontrado no Rio Grande do Sul, interior de São Paulo, norte do Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e parte de Minas Gerais e Goiás. Flávio Veloso/Opção Brasil Imagens Folhetos de cordel na Feira do Centro Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas (Feira de São Cristóvão), Rio de Janeiro (RJ). Fotografia de fevereiro de 2011. Leitura O tempo do tempo antigo Foi o tempo da palmatória Nas varandas ou nas fogueiras Se ouvia muita história Pode o homem apagar tudo Só não apaga a memória. Malasartes é bem lembrado No folclore brasileiro No tempo em que viveu Foi moleque por inteiro Já fez urubu falar Pra ganhar muito dinheiro. Muita gente então conhece Quem é Pedro Malasartes Este pixote danado Viveu para fazer arte Seus causos de peraltice São visto por toda parte. Outro igual ao Malasartes Ainda está para nascer Uma cantiga inventada Ele sabia vender Passava todos para trás Tinha o dom de convencer. Em matéria de enganar Malasartes é o primeiro O povo do mundo todo Se divertem por inteiro Ao escutar as peripécias Do pequeno trapaceiro. Malasartes nunca teve Um sentimento profundo Na lida de zombateiro Enganava Deus e o mundo Queria ser não conseguia Como o mineiro Giramundo. Diz o povo estudioso E também o baluarte De ter vindo da Europa Este Pedro Malasartes No Brasil, cá se deu bem De ganhar a outra parte. No nordeste brasileiro E nas bandas dos Gerais O tal Pedro Malasartes Já bagunçou até demais Deixou padre e fazendeiros Sem suas credenciais A figura do bichinho Era mesmo de dá dó Rosto longo e nariz fino Cambito de mocotó Atrevido e malcriado Cabeça de sarapó. Já nasceu Macunaíma Suspirando lá preguiça Não queria vir pra fora Na saída, logo enguiça Até que pulou pra fora Tão leve como cortiça. Era o pai de Malasartes Um pobre trabalhador Trabalhava na lavoura Como um bom agricultor Teve na vida dois filhos João e Pedro com amor. Tanto João como o Pedro Cresceram com a pobreza Pedro era espertalhão João vivia na moleza Pedro cresceu trapaceiro João foi-se com a tristeza. O seu viver na infância Noutro cordel vou contar Pulo já pra adolescência Pois é a idade de lascar É sobre a sopa de pedra Que já-já irei narrar. Malasartes traquineiro Tinha o dom da atração Pedro Malasartes e a sopa de pedras
  • 4. 45 Na web Os cordéis possuem ilustrações bem características: as xilogravuras (ou gravuras em madeira). No Brasil, a primeira xilogravura a ilustrar um cordel foi publicada em 1907. Um século depois, a exposição “100 anos de xilogravura na literatura de cordel”, realizada em 2007, em Brasília, reuniu mais de 150 trabalhos em xilogravuras. O site da mostra traz informações sobre o surgimento da técnica no Brasil, os principais xilogravadores do país, além de fotos e muitas imagens de xilogravuras. Site 100 anos de xilogravura na literatura de cordel. Disponível em: <http:// www.100anosxilogravurano cordel.com.br/index.html>. Acesso em: 1o fev. 2012. Fac-símile/<www.100anos xilogravuranocordel.com.br> Então, você ficou curioso? Quem vai ganhar a aposta, Pedro Mala- sartes ou os matutos do armazém? Você compraria esse cordel para saber o final da história? Contava muita lorota Também era brincalhão Seja lá o que tivesse Resolvia a questão. Malasartes caiu no mundo Causa da desigualdade Uns ralando feito burro Sem ver a prosperidade O patrão pagando nada Sem perdão sem piedade. Malasartes foi parando Bem pertinho de uma venda Lá estava a matutada Falando feito parlenda Malasartes abriu os ouvido Para escutar a lenga-lenga. Os matutos lá falavam Duma velha avarenta A idade da donzela Já passava dos noventa Era tão unha de fome Nem aos cães dava polenta. A fofoca lá na venda Agitava a vizinhança Malasartes só espiando E ganhando segurança Malasartes tinha fome Precisava encher a pança. Um caboclo foi dizendo: — Eu conheço essa velhinha Ela é mesmo pão-duro Ela é mão de galinha Nem bom dia ela dá Para não perder a linha. Malasartes só ouvindo Só ouvindo e matutando Dá o bote na hora certa Quieto ficou esperando Quando logo abriu a brecha Malasartes foi falando: — Esta velha de que dizem Vai cair no meu gogó Eu sou Pedro Malasartes Não dou ponto sem dá nó Ela vai ter de me dar Farinha de mocotó. O que se ouviu no armazém Foi uma grande gargalhada: — Quem és tu cabra mofino Tu pra nós não tá com nada Apostamos qualquer coisa Nossa sorte é chegada. Sabes tu que a velhinha Não dá mesmo nem risada Apostamos coisa grande Ganharemos a parada Daquela velha pão-duro Só se ganha porretada. Os matutos apostaram Na certeza de ganhar A turma temia um pouco Se lá o Pedro, iria pagar. O Pedro muito matreiro Um plano pôs-se a bolar. [...] Xilogravura de J. Victtor para o cordel O velho Raimundo e o anel misterioso, 2005. Olegário Alfredo. Travessuras de Pedro Malasartes e a sopa de pedras. Belo Horizonte: Crisálida, 2004. p. 1-6. J.Victtor. Fotografia: ID/BR
  • 5. 46 Leitura Agora, leia individualmente o restante da história e confira o que aconteceu com Pedro Malasartes. [...] O Pedro juntou suas tráias Bem no fundo do bornal Tinha uma panela grande Mais uns gravetos de pau Rumou pra casa da velha Acampou lá no quintal. Malasartes bolou um plano De engambelar a velhota Malasartes sem preguiça Com a cara de janota Começou falar sozinho Só balera com lorota. Pegou sua panela velha Fez um fogo pelo chão Botou água pra ferver Cutucava com tição A velhota vendo aquilo Despertou sua atenção. O dia inteiro Malasartes Ficou sentado esperando A velha viu da lonjura A panela fumegando Dentro daquela panela Só tinha água cozinhando. Ter paciência na vida É coisa tão gloriosa Malasartes sabendo disto Abusava da jeitosa Toda sua persistência Deixou a velha curiosa. Foi grande a curiosidade Que a velha não aguentou Chegou perto, deu olhadela E ligeira retirou Malasartes ficou firme Até mais fogo atiçou. Pela noite não dormiu Para o fogo não apagar A água sempre fervendo E a fumaça a fumegar O dia logo amanheceu E a velha pôs-se a espiar. Malasartes pressentiu Que o novo dia era fatal Sentado e cantarolando Como a mãe para o pardal Até que venha o gatinho E dar o bote final. Malasartes sempre acerta Com toda premunição A velhoca chegou perto Perguntou no sopetão: — Que tanto estás a cozinhar Nesta panela aí no chão? — Cozinho sopa de pedra Bem aqui no seu quintal Disse Pedro Malasartes Na maior cara de pau É a sopa melhor do mundo Quem come não passa mal. Malasartes bem depressa Catou mais pedras no chão Jogou dentro da panela Remexeu com o tição Com cara de satisfeito Assobiava uma canção. J. Victtor. Fotografia: ID/BR XilogravuradeJ.Victtorcriadaparao Encontrodepoetaspopulareserodas decantoria,realizadopelaAcademia BrasileiradeLiteraturadeCordelem2011.
  • 6. 47 Na telona O comediante Amácio Mazzaropi (1912-1981), diretor e protagonista do filme As aventuras de Pedro Malasartes (1960, 90 min), eternizou a personagem no cinema. No filme, Pedro é enganado pelos irmãos e passa a viver sozinho. Em busca de uma vida melhor, encontra um grupo de crianças, afeiçoa-se a elas e as ajuda a sobreviver por meio de pequenos golpes e traquinagens. Capa do DVD As aventuras de Pedro Malasartes. — Se come sopa de pedra? Disse a velha interessada. — É claro minha senhora Inda mais bem temperada. Respondeu Malasartes Pensando na trapaçada. — Estou muito curiosa Pra provar desta provinha Vou em casa vou correndo Pegar salsa e cebolinha Disse a velha a Malasartes Bem ali naquela horinha. Sopa melhor que a minha Não se acha em qualquer parte Ora pois, minha senhora Sou o famoso Malasartes Minha fama corre mundo Cá na terra, lá em Marte. — Esta tal sopa de pedra Cozinhar ela demora? Disse a velha já querendo Degustar naquela hora A sopa pois já cheira Pela redondeza afora. — Agorinha fica pronta Só resta mais um pouquinho Ela vai ficar melhor Com um naco de toucinho — Vou buscar na minha casa Ontem matei um porquinho. Aproveita a caminhada Traga tomate também Vou por tudo na panela Misturar como convém É a sopa mais barata Vamos todos passar bem. Desta forma Malasartes Foi a velha engabelando Cada caldo que trazia A sopa ia melhorando A sopa ficar prontinha A velha estava esperando. Pedro Malasartes disse: — Traga agora macarrão Se tiver traga batata Estou fazendo um caldão A senhora vai comer Até arrastar no chão. Malasartes bem depois Foi dizendo à mulher: — A sopa está prontinha Traga o prato e a colher Vamos servir para nós dois E para quem mais vier. Malasartes foi servindo Logo, logo encheu o prato, Separou todas as pedras Jogou todas lá no mato A velhinha perguntando Qual a razão daquele fato. As pedras você não come? Disse a velha dando um bote. — Cê tá doida minha velha, O meu dente é serrote? Disse Pedro Malasartes Preparando pro pinote. E tratou-se de mandar Foi correndo bem ligeiro Atrás da aposta grande Foi dizendo ao companheiro A velha me deu jantar Vim buscar o meu dinheiro. Desta feita Malasartes Foi gastar o seu tutu Caminhando pelo mundo Achou no chão um urubu Viu que com o bicho podia Dá o golpe do baú. Fim. (Próximo cordel: de como Malasartes fez o urubu falar.) Olegário Alfredo (membro da ABLC). Travessuras de Pedro Malasartes e a sopa de pedras. Belo Horizonte: Crisálida, 2004. p. 6-12. (Xilogravura: Milton Ferro.) Cinem agia/I D/BR Mirella Spinelli/ID/BR
  • 7. 48 Depois da leitura Responda às questões a seguir em seu caderno. A reconstrução dos sentidos do texto 1.‚ Para‚começar,‚responda:‚Quem‚ganhou‚a‚aposta?‚Você‚estava‚certo‚ sobre‚o‚final‚da‚história? 2.‚ Como‚o‚vencedor‚ganhou‚a‚aposta? 3.‚ Releia‚a‚última‚estrofe‚da‚história. “Desta feita Malasartes Foi gastar o seu tutu Caminhando pelo mundo Achou no chão um urubu Viu que com o bicho podia Dá o golpe do baú.” No‚trecho,‚o‚que‚significa‚a‚palavra‚tutu? ‚ Relacione‚as‚palavras‚tutu‚e‚gastar. 4.‚ Por‚que‚o‚narrador‚terminou‚a‚história‚de‚Malasartes‚iniciando‚outra? ‚ Relacione‚a‚estrofe‚com‚as‚informações‚que‚estão‚entre‚parênteses‚no‚final‚ do‚texto. 5.‚ Observe‚o‚significado‚de‚algumas‚palavras‚e‚expressões‚do‚texto. Pixote Menino‚novo Danado Levado,‚esperto Peraltice Esperteza,‚molecagem Peripécias Aventuras Trapaceiro Indivíduo‚que‚faz‚trapaças,‚que‚engana Zombateiro/zombeteiro Indivíduo‚que‚zomba,‚que‚faz‚gozação Cambito de mocotó Perna‚fina Cabeça de sarapó Cabeça‚pequena Traquineiro Indivíduo‚que‚faz‚trambiques,‚malandro Contar lorota Falar‚mentira Mofino Medroso,‚covarde Matreiro Esperto,‚astuto,‚experiente Engambelar/engabelar Enganar Cara de pau Indivíduo‚que‚não‚tem‚vergonha Cara de janota Aparência‚de‚bom‚moço,‚de‚pessoa‚inofensiva a)‚ Esses‚termos‚estão‚relacionados‚a‚que‚personagem? b)‚Quais‚termos‚se‚referem‚a‚características‚físicas‚da‚personagem? c)‚ Quais‚termos‚se‚referem‚a‚características‚de‚comportamento?‚ d)‚Que‚termos‚indicam‚ações‚da‚personagem?‚ e)‚O‚conjunto‚de‚palavras‚dá‚uma‚ideia‚positiva‚ou‚negativa‚da‚perso- nagem?‚Justifique. Na estante O Dicionário do Nordeste, do jornalista recifense Fred Navarro (Estação Liberdade, 2004), traz 5 mil palavras e expressões que, com sentidos variados nas diferentes regiões nordestinas, caracterizam de maneira particular esses grupos de falantes da língua portuguesa. Capa do Dicionário do Nordeste. Est açã o Lib erd ade /Ar qui vo da edi tor a ID/BR
  • 8. 49 Escuta essa No início dos anos 2000, o grupo pernambucano Cordel do Fogo Encantado fez grande sucesso de público e crítica ao misturar o lirismo das composições a diferentes ritmos e instrumentos. Nascido de um espetáculo teatral de mesmo nome, o grupo lançou seu primeiro CD em 2001. Em 2005, foi lançado o primeiro DVD, gravado durante o espetáculo A trajetória da Terra, em São Paulo. Fac-símile/Trama Capa do DVD MTV apresenta Cordel do Fogo Encantado. 6.‚ Releia‚a‚definição‚de‚herói‚apresentada‚no‚boxe‚Fim de papo‚do‚capí- tulo‚1,‚página‚29.‚Em‚seguida,‚compare-a‚às‚definições‚de‚anti-herói e‚vilão‚a‚seguir.‚ an.ti-he.rói s.m. (o) Protagonista de novela, filme, etc. caracteri- zado pela falta das qualidades heroicas tradicionais, como idealismo, coragem e audácia. LuizAntonioSacconi.MíniSacconi:oseudicionáriodelínguaportuguesa.11.ed. SãoPaulo:NovaGeração,2009.p.89. vi.lão adj. e s.m. (o) 1. Que ou aquele que vive numa vila. 2. Que ou aquele que é cruel e dado a cometer crimes de todos os tipos; bandido. 3. Baixo, sórdido. Luiz Antonio Sacconi. Míni Sacconi: o seu dicionário de língua portuguesa. 11. ed. São Paulo: Nova Geração, 2009. p. 1203. a)‚ Pedro‚Malasartes‚se‚encaixa‚em‚qual‚definição?‚Justifique‚e‚explique‚ por‚que‚ele‚não‚se‚encaixa‚nas‚outras‚duas‚definições.‚ b)‚Você‚conhece‚personagens‚de‚outras‚histórias‚que‚se‚comportam‚ como‚Malasartes?‚Quais? 7.‚ Identifique,‚entre‚as‚opções‚a‚seguir,‚o‚tema‚central‚da‚história‚e‚ escreva-o‚em‚seu‚caderno. a)‚ A‚bela‚amizade‚entre‚os‚irmãos,‚Pedro‚e‚João. b)‚A‚esperteza‚como‚meio‚de‚adaptação‚e‚sobrevivência. c)‚ O‚ódio‚entre‚classes‚sociais‚distintas‚que‚gera‚a‚vingança. 8.‚ Em‚sua‚opinião,‚o‚fato‚de‚a‚velha‚ser‚avarenta‚e‚ mesquinha‚justifica‚a‚atitude‚de‚Malasartes?‚ Explique.‚ 9.‚ Qual‚é‚a‚finalidade‚desse‚poema? 10.‚Releia‚esta‚estrofe‚do‚poema.‚ “Era o pai de Malasartes Um pobre trabalhador Trabalhava na lavoura Como um bom agricultor Teve na vida dois filhos João e Pedro com amor.” a)‚ Há‚três‚informações‚nessa‚estrofe.‚Quais‚são‚elas? b)‚As‚informações‚são‚apresentadas‚em‚duplas‚de‚versos.‚Em‚que‚ dupla‚se‚encontra‚cada‚informação? c)‚ Pensando‚nas‚suas‚respostas‚anteriores,‚o‚que‚é‚possível‚concluir‚ sobre‚o‚modo‚de‚ler‚textos‚em‚versos? Mirella Spinelli/ID/BR
  • 9. 50 A gramática na reconstrução dos sentidos do texto 1.‚ Segundo‚o‚texto,‚Malasartes‚“passava‚todos‚para‚trás”. a)‚ Se‚você‚pedisse‚ao‚colega‚sentado‚à‚sua‚frente‚para‚“passar‚a‚bor- racha‚para‚trás”,‚qual‚seria‚o‚significado‚dessa‚expressão? b)‚Se‚você‚dissesse‚que‚foi‚“passado‚para‚trás”‚ao‚comprar‚um‚pro- duto‚com‚defeito,‚qual‚seria‚o‚significado‚da‚expressão? c)‚Qual‚dos‚dois‚sentidos‚da‚expressão‚você‚acha‚que‚seria‚mais‚ difícil‚de‚traduzir‚para‚outra‚língua?‚Por‚quê? ARQUIVO Expressão idiomática‚é‚o‚nome‚dado‚a‚um‚conjunto‚de‚palavras‚da‚língua‚que‚ produz‚um‚significado‚diferente‚do‚sentido‚extraído‚de‚cada‚um‚de‚seus‚termos‚ isoladamente. 2.‚ Copie‚e‚preencha‚o‚quadro‚abaixo‚em‚seu‚caderno.‚Siga‚o‚exemplo. REgistRo dE ExpREssõEs idiomáticas Expressão Exemplo do texto Significado Exemplo novo Fazer‚arte [Malasartes]‚viveu‚ para‚fazer‚arte Viveu‚para‚fazer‚ coisas‚erradas Você‚está‚com‚cara‚ de‚quem‚fez‚arte Está‚para‚nascer‚ ‚ ‚ ‚ Ter‚credenciais ‚ ‚ ‚ Algo‚de‚lascar ‚ ‚ ‚ Cair‚no‚mundo ‚ ‚ ‚ Ralar‚feito‚burro ‚ ‚ ‚ Escutar‚lenga-lenga ‚ ‚ ‚ Encher‚a‚pança ‚ ‚ ‚ Perder‚a‚linha ‚ ‚ ‚ Dar‚o‚bote ‚ ‚ ‚ Abrir‚brecha ‚ ‚ ‚ Cair‚no‚meu‚gogó ‚ ‚ ‚ Não‚dar‚ponto‚sem‚nó ‚ ‚ ‚ Não‚tá‚com‚nada ‚ ‚ ‚ Dar‚o‚golpe‚do‚baú ‚ ‚ ‚ 3.‚ Por‚que‚o‚texto‚tem‚muitas‚expressões‚idiomáticas? ARQUIVO As‚expressões idiomáticas‚refletem‚a‚visão‚de‚mundo‚de‚uma‚comunidade.‚Elas‚ podem‚enriquecer‚e‚tornar‚mais‚expressivo‚um‚discurso,‚e‚são‚adequadas‚ao‚uso‚ cotidiano‚e‚informal‚da‚língua. 4.‚ Os‚termos‚pão-duro,‚mão de galinha,‚unha de fome‚e‚avarenta‚foram‚ utilizados‚para‚caracterizar‚a‚velha. a)‚ Qual‚é‚o‚sentido‚desses‚termos?‚Que‚relação‚eles‚têm‚entre‚si? Multimídia Em dupla, escolha uma expressão idiomática da língua portuguesa. Com criatividade e a ajuda de programas de edição de imagens, crie com o seu colega uma ilustração que traduza literalmente a expressão escolhida. Utilize diferentes ferramentas para produzir um desenho totalmente original ou faça “colagens” a partir de imagens digitalizadas ou selecionadas da internet. Ao final, compartilhe seu trabalho com a turma. Mirella Spinelli/ID/BR ID/BR
  • 10. 51 b)‚Em‚que‚situação‚a‚palavra‚avarenta‚seria‚mais‚adequada‚para‚se‚ referir‚a‚alguém‚do‚que‚os‚outros‚três‚termos?‚Explique.‚ ‚ Assim‚como‚mudamos‚de‚roupa‚para‚ir‚a‚uma‚festa‚ou‚à‚padaria,‚as‚palavras‚ que‚escolhemos‚devem‚variar‚de‚acordo‚com‚a‚situação. 5.‚ Para‚se‚aproximar‚mais‚da‚fala‚cotidiana,‚além‚das‚expressões‚idio- máticas,‚o‚texto‚possui‚palavras‚abreviadas‚como‚pra‚em‚vez‚de‚para. Retire‚do‚texto‚outros‚exemplos‚de‚palavras‚abreviadas. ARQUIVO A‚maneira‚como‚nos‚expressamos‚pode‚seguir‚o‚registro formal‚ou‚o‚registro infor- mal‚da‚língua.‚O‚registro‚formal‚é‚adequado‚para‚situações‚de‚pouca‚intimidade‚entre‚ as‚pessoas,‚como‚reuniões,‚apresentações‚de‚trabalho,‚discursos‚de‚formatura,‚etc.‚ Já‚o‚registro‚informal‚é‚utilizado‚entre‚pessoas‚próximas,‚como‚em‚situações‚de‚con- versas‚e‚encontros‚entre‚amigos‚e‚familiares.‚Esses‚registros‚estão‚presentes‚tanto‚ na‚oralidade‚como‚na‚escrita.‚ 6.‚ Releia‚a‚estrofe‚a‚seguir. “Tanto João como o Pedro Cresceram com a pobreza Pedro era espertalhão João vivia na moleza Pedro cresceu trapaceiro João foi-se com a tristeza.” a)‚As‚características‚de‚João‚e‚Pedro‚são‚opostas‚e‚se‚relacionam‚ a‚seus‚destinos.‚Como‚isso‚acontece? b)‚Observe‚a‚mesma‚estrofe‚com‚algumas‚palavras‚ substituídas‚por‚seus‚sinônimos. Tanto‚João‚como‚o‚Pedro Cresceram‚com‚poucos recursos Pedro‚era‚espertalhão‚ João‚vivia‚na‚apatia Pedro‚cresceu‚trapaceiro João‚foi-se‚com‚a‚tristeza As‚palavras‚pobreza‚e‚moleza‚foram‚trocadas‚por‚poucos recursos‚e‚apatia.‚Como‚essas‚mudanças‚afetam‚o‚texto? c)‚ Agora,‚em‚vez‚de‚trocar‚uma‚palavra‚por‚outra,‚vamos‚trocar‚as‚palavras‚ de‚lugar. Tanto‚João‚como‚o‚Pedro Com‚a‚pobreza‚cresceram Pedro‚era‚espertalhão Na‚moleza‚João‚vivia Pedro‚cresceu‚trapaceiro Com‚a‚tristeza‚João‚foi-se. Releia‚em‚voz‚alta‚o‚trecho‚original‚e‚a‚versão‚acima.‚Explique‚como‚a‚ mudança‚de‚ordem‚das‚palavras‚alterou‚a‚sonoridade‚do‚texto. d)‚Conclua:‚além‚do‚significado‚das‚palavras,‚o‚que‚é‚levado‚em‚conta‚ na‚escolha‚e‚na‚ordem‚das‚palavras‚do‚texto? Mais gramática Faça as atividades das páginas 231 e 232 para construir o seu conhecimento sobre a variação linguística. Depois, responda: Qual é a relação entre a variação linguística e as expressões idiomáticas? Mirella Spinelli/ID/BR
  • 11. 52 Avalie o que você aprendeu Na seção anterior, você conheceu as expressões idiomáticas, algumas caracterís- ticas do texto informal e a importância da escolha e da posição das palavras nos tex- tos. Leia o texto a seguir, sobre uma conhecida figura do Ceará, para fazer as atividades. Seu Lunga: o rei do mau humor Para atender aos pedidos Do grande público leitor Volto a falar de Seu Lunga Nosso rei do mau humor E o velho nesta edição De raiva e afobação Chega até mudar de cor [...] Vai Seu Lunga comprar óculos Pergunta a moça primeiro: — Óculos pra longe ou pra perto? Diz ele: — É pro Juazeiro. — Mas eu me refiro a lente; — Eu quero duas na frente Diz Seu Lunga zombeteiro. [...] Na budega de Seu Lunga Um cliente vem comprar Algo para tira-gosto Usa gíria ao se expressar: — Seu Lunga, meu companheiro, Me venda aí bem ligeiro Algo para “beliscar”. Lunga pega um alicate Joga em cima do balcão E rude pergunta ao moço: — Isto serve cidadão? O rapaz num rebuliço Diz: — Valei-me “Padim Ciço”, Ó velho bruto do Cão! [...] Rouxinol do Rinaré. Seu Lunga: o rei do mau humor. 9. ed. Fortaleza: Tupynanquim, 2008. p. 1-14. 1.‚ Explique‚como‚o‚autor‚faz‚para‚tornar‚seu‚texto‚mais‚sonoro. 2.‚ Retire‚do‚texto‚palavras‚e‚expressões‚que‚comprovem‚a‚utilização‚do‚registro‚informal. PARA tIRAR CONCLUSõES Vamos fazer uma síntese do que vimos. 1.‚ Escreva‚em‚seu‚caderno:‚“O‚que‚aprendemos‚sobre‚gramática‚no‚capítulo‚3”. 2.‚ Responda‚aos‚itens‚a‚seguir. a)‚ O‚que‚é‚uma‚expressão‚idiomática? b)‚Que‚função‚as‚expressões‚idiomáticas‚podem‚ter‚em‚um‚texto? c)‚ Dê‚exemplo‚de‚cinco‚expressões‚idiomáticas‚que‚você‚usa‚e‚explique‚o‚seu‚significado. d)‚Quais‚características‚um‚texto‚informal‚apresenta? e)‚Explique‚de‚que‚maneira‚a‚escolha‚das‚palavras‚e‚a‚sua‚posição‚nos‚versos‚interfere‚na‚so- noridade‚de‚um‚texto. Mirella Spinelli/ID/BR
  • 12. 53 Oficina de textos Qual é o gênero? Se você quisesse contar uma história por meio de versos, com uso de registro informal da língua, para fazer as pessoas rirem e refletirem sobre uma questão, você escreveria: a) uma piada. b) um cordel. c) uma resenha. d) um artigo de opinião. Apresentação da situação Imagine que você é um cordelista que vai escrever um folheto de cordel para contar os princi- pais fatos e realizações da vida de uma grande personalidade. Depois de prontos, os folhetos pro- duzidos pela turma serão dispostos em cordéis instalados em espaços de circulação da escola. Definição do projeto de comunicação Gênero Cordel Tema Uma‚grande‚personalidade Objetivo da produção final Escrever‚um‚cordel‚para‚homenagear‚uma‚personalidade Leitores Alunos‚e‚funcionários‚da‚escola Produção Em‚dupla Preparação de conteúdos Você e sua dupla devem fazer um levantamento de informações sobre a vida da personali- dade que escolheram. 1.‚ Vá‚à‚biblioteca‚da‚escola‚para‚pesquisar‚informações‚em‚livros‚e‚revistas‚especializados.‚Por‚ exemplo,‚se‚a‚personalidade‚escolhida‚é‚um‚piloto‚de‚corrida,‚procure‚por‚revistas‚de‚automo- bilismo‚ou‚de‚práticas‚esportivas. 2.‚ Incremente‚sua‚pesquisa‚em‚um‚site‚de‚buscas.‚Prefira‚sites‚oficiais,‚de‚instituições‚reconheci- das‚e‚de‚notícias. 3.‚ Selecione‚as‚informações‚mais‚importantes.‚Veja‚alguns‚exemplos. a)‚ Onde‚e‚quando‚nasceu‚o‚homenageado. b)‚Como‚foi‚a‚trajetória‚dele‚para‚alcançar‚o‚reconhecimento‚público‚e‚quais‚foram‚as‚dificuldades‚ enfrentadas‚nesse‚percurso. c)‚ De‚que‚maneira‚as‚atividades‚realizadas‚por‚essa‚pessoa‚se‚destacam‚em‚relação‚às‚outras‚pes- soas‚da‚mesma‚área. d)‚Características‚físicas‚e‚comportamentais. e)‚Acontecimentos‚marcantes‚na‚vida‚da‚personalidade. f)‚ Se‚for‚escritor‚ou‚cantor,‚nome‚ou‚trechos‚de‚textos‚ou‚músicas‚importantes. g)‚Se‚já‚faleceu,‚quando‚e‚como‚morreu. A primeira produção Escreva, com o colega, a primeira versão do seu cordel. Utilize as informações que você pes- quisou, mas sem copiá-las. Não se esqueça de que o texto deve ser escrito em versos. Mi rel la Sp ine lli/I D/ BR ID/BR
  • 13. 54 Criando soluções para os problemas Agora você vai refletir a respeito da sua produção inicial e avaliar se ela ficou mesmo parecida com os cordéis. Módulo I – A estrutura do texto Vamos retomar as principais características do cordel. Leia o texto a seguir e observe os elementos destacados. Leitura É importante saber O folheto Patativa do Assaré: vida e obra do poeta do povo foi escrito por Evaristo Geraldo da Silva. O cordelista nasceu em Quixadá, no Ceará, e faz parte da Sociedade dos Poetas e Escritores de Maracanaú. Capa do folheto. Klé viss on Via na/ Tup yna nqu im Nesse cordel falarei De uma forma expressiva Sobre uma pessoa simples Porém de voz muito altiva Falo aqui dum grande homem, O poeta Patativa. [...] Nasceu então Patativa Lá na Serra de Santana Bem próximo de Assaré Uma cidade bacana Que devido ao Patativa Ganhou fama soberana. A data do nascimento, Veja leitor e me aprove, Foi exatamente em mil E novecentos e nove Aos cinco do mês de março Quem já leu então comprove. Seu nome Antonio Gonçalves Da Silva, é assim que é, Mas ao crescer foi chamando Patativa do Assaré Foi defensor do roceiro Com coragem, garra e fé. Era o pai de Patativa Homem de pouca cultura Chamado Pedro Gonçalves E viveu da agricultura Sua mãe Maria Pereira Outra boa criatura. Nosso grande Patativa Teve uma infância pobre Porque seu pai foi um homem Sem fama, riqueza ou cobre Mas Patativa provou Que tinha um espírito nobre. [...] O menino Patativa Perdeu dum olho a visão Quando ainda iniciava A troca da dentição Por causa de uma doença Comum no nosso sertão. [...] Patativa só passou Quatro meses estudando Pois junto ao irmão mais velho Tinha que estar trabalhando Roçando, limpando mato, Botando água e plantando. [...] Patativa desde cedo Já sabia o que queria E logo se apaixonou Patativa do assaré: Vida e obra do poeta do povo Título que destaca o tema do cordel: a vida e a obra do poeta Patativa do Assaré. Patativa é apresen- tado ao leitor. Como o cordel está ligado à oralidade, o tom é de conversa entre autor e leitor. Informações sobre o local onde o escri- tor nasceu. Data de nascimento do escritor. O autor se aproxima do lei- tor, buscando dia- logar com ele: “veja leitor e me aprove”. Menção do verda- deiro nome de Pata- tiva com destaque para suas qualida- des: coragem, garra e fé. Informações sobre os pais de Patativa. Exaltação de Pata- tiva, que consegue enfrentar a infância pobre. Menção a um acon- tecimento trágico: perda da visão de um olho. Informação que res- salta a genialidade de Patativa,pois,mesmo com pouco estudo, torna-se um grande poeta. Informações sobre os pais de Patativa.
  • 14. 55 Pela boa poesia Lendo cordel e escutando Violeiro em cantoria. [...] De treze aos quatorze anos Começou a fazer verso Brincando com os amigos Num mar de rimas imerso Da vida do nordestino Relata todo o universo. [...] Quando o jovem Patativa Fez seus vinte anos de idade Um parente dele veio Visitá-lo na cidade Com a intenção de levá-lo Pra sua localidade. [...] Quando chegou no Pará Foi Patativa levado A um tal José Carvalho Tabelião renomado Que estava para lançar Um livro naquele Estado. [...] Patativa nesse livro É mencionado então Carvalho diz o porquê Dele estar na região E de como ele fazia Versos de improvisação. Foi esse José Carvalho Quem, de forma positiva, Deu para o nosso poeta O nome de Patativa Comparando ele ao pássaro Por sua voz expressiva. [...] Quando o poeta chegou Em sua terra natal Sua fama então cresceu De forma fenomenal Mas nunca deixou de ser Gentil, cortez e leal. [...] Patativa tem assim Grande popularidade O seu nome é conhecido No sertão e na cidade E hoje ele é estudado Quase em toda faculdade. [...] Sua voz passou pro papel Em várias publicações E “Inspiração Nordestina” Ganha grandes dimensões Pois foi o melhor trabalho De todas as edições. [...] Ao som “Triste partida” Ele relata o sofrer Dum roceiro que viaja Tentando sobreviver Pois devido à cruel seca Faltava o pão pra comer. Porém a morte levou O poeta resoluto Aos oito do mês de julho Fica o Nordeste de luto Porque se calou pra sempre Nosso poeta matuto. No ano dois mil e dois A morte vil e assassina Calou o poeta arguto De voz tão canora e fina O defensor do roceiro Dessa nação nordestina. [...] Deixo enfim para os leitores Este singelo cordel Que falou dum grande homem Um sertanejo fiel O poeta, o homem, o mito, Patativa o menestrel. Evaristo Geraldo da Silva. Patativa do Assaré: vida e obra do poeta do povo. Fortaleza: Tupynanquim, 2007. p. 1-16. ‚ ƒ Com‚base‚nesse‚exemplo,‚indique,‚em‚seu‚caderno,‚as‚partes‚que‚podem‚compor‚a‚estrutura‚de‚ um‚cordel‚que‚conta‚a‚vida‚de‚uma‚personalidade. Informações sobre as referências do poeta: os cordéis e os violeiros. Informações sobre aquele que vai ser o principal tema de seus versos: a vida dos nordestinos. Informaçõessobreo iníciodatrajetóriade Patativa como cor- delistaconhecido. Informações sobre o codinome Patati- va: quem lhe deu e porquê. Destaque para uma qualidade de Pata- tiva: a humildade. Informação sobre o interesse dos uni- versitários em estu- dar a obra do poeta popular. Destaque para a repercussãodome- lhor trabalho de Pa- tativa: “Inspiração Nordestina”. Informação sobre a temática de “Tris- te partida”. Informações sobre a morte do escritor e sua repercussão no Nordeste. Lamentação pela morte de Patativa. O cordelista fala sobre o cordel que escreveu para ho- menagear Patativa e retoma o diálogo com o leitor: “deixo enfim para os lei- tores”. Robson Araújo/ID/BR
  • 15. 56 Módulo II – A gramática na construção dos sentidos do texto 1.‚ Os‚versos‚nos‚cordéis‚são‚metrificados:‚possuem‚estrofes‚com‚o‚mesmo‚número‚de‚ versos‚e,‚também,‚‚versos‚com‚o‚mesmo‚número‚de‚sílabas‚poéticas.‚Observe‚como‚ se‚faz‚a‚contagem‚de‚sílabas‚poéticas. 1 2 3 4 5 6 7 ‚A‚/ tre‚/ vi‚/ do‚e‚/‚‚ mal‚/ cri‚/ a‚/ ‚do‚ Duas vogais pronunciadas juntas = 1 sílaba poética Duas vogais pronunciadas separadas = 2 sílabas poéticas Contar só até a última sílaba tônica Quantas‚sílabas‚poéticas‚têm‚os‚versos‚a‚seguir? Como pode o peixe vivo Viver fora da água fria? Como poderei viver Sem a tua companhia? [...] Cantiga popular. Domínio público. Vou depressa Vou correndo Vou na toda Que só levo Pouca gente [...] 2.‚ Os‚versos‚do‚cordel‚também‚contam‚com‚rimas,‚que‚se‚repetem‚nas‚estrofes‚de‚for- ma‚regular,‚formando‚um‚esquema.‚Veja‚um‚exemplo.‚Letras‚iguais‚indicam‚versos‚ que‚rimam‚entre‚si. [...] Numa ação tão envolvente Vai andar nosso João Personagem principal Desta nossa narração Tem um nome engraçado Vive sempre esfomeado Rodar mundo é a vocação. [...] César Obeid. A história de João Grilo e dos três irmãos gigantes. São Paulo: Editora do Brasil, 2010. p. 7. Copie‚no‚caderno‚a‚primeira‚estrofe‚do‚cordel‚de‚Olegário‚Alfredo‚(página‚44)‚e‚identi- fique‚o‚esquema‚de‚rimas‚utilizado. 3.‚ O‚narrador‚do‚cordel‚pode‚“conversar”‚com‚o‚leitor.‚Identifique,‚no‚trecho‚abaixo,‚as‚ marcas‚linguísticas‚que‚sinalizam‚esse‚diálogo. O que ponho no papel Caro leitor foi passado Escrevo sobre Seu Lunga Depois de ter pesquisado [...] Manuel Bandeira. Meus poemas preferidos. Rio de Janeiro: Ediouro, 2002. p. 67-68. Rouxinol do Rinaré. Seu Lunga: o rei do mau humor. 9. ed. Fortaleza: Tupynanquim, 2008. p. 1. Esquema de rimas a (o verso termina com o som ente) B (o verso termina com o som ão) c (o verso termina com o som al) B (o verso termina com o som ão) d (o verso termina com o som ado) d (o verso termina com o som ado) B (o verso termina com o som ão)
  • 16. 57 4. OsdoistrechosaseguirnarramomesmoepisódiodavidadePatativadoAssaré,mascom linguagemdiferente. Compare-os. O segundo trechofoi retiradodocordel da página55. Foi nessa ocasião que conheceu o escritor cearense José Carvalho de Brito, que lhe consagrou um capítulo em seu livro intitulado O matuto cearense e o caboclo do Pará. Além disso, este publica os primeiros textos de Antônio Gonçalves da Silva no Correio do Ceará, no qual colaborava. Esses textos foram acompanhados de comen- tários nos quais José Carvalho de Brito comparava a poesia espontânea de Antônio Gonçalves da Silva à pureza do canto da patativa, pássaro do Nordeste. Foi assim que nasceu o pseudônimo de Patativa. E, para distingui-lo de outros improvisado- res, acrescia-se o topônimo de sua vila natal: Assaré. Sylvie Debs. Em: Patativa do Assaré. Patativa do Assaré: uma voz do Nordeste. São Paulo: Hedra, 2000. p. 17. “Quando chegou no Pará Foi Patativa levado A um tal José Carvalho Tabelião renomado Que estava para lançar Um livro naquele Estado. [...] Patativa nesse livro É mencionado então Carvalho diz o porquê Dele estar na região E de como ele fazia Versos de improvisação. Foi esse José Carvalho Quem, de forma positiva, Deu para o nosso poeta O nome de Patativa Comparando ele ao pássaro Por sua voz expressiva.” a) Emqualdostextosaspalavrasestãoemumaordemmenosusual?Justifique. b) Por que a ordem menos comum é mais utilizada em textos em versos? 5. Leia a estrofe de cordel a seguir. Um espectro de mulher Ronda na Venezuela Nas matas e povoados Com feições de moça bela Porém sempre encontra a morte Quem olha na cara dela. [...] Sua missão agora será organizar em seu caderno a segunda estrofe desse poema, já que os versos apresentados estão com as palavras fora de ordem. Siga as pistas. x 1a pista: cada verso da estrofe tem sete sílabas poéticas x 2a pista: o esquema rímico é ABCBDB x 3a pista: a única rima da estrofe é eira. Para as vítimas mostra quando Sua verdadeira cara Em lugar dos olhos tem fogo E de caveira um rosto Pega sua presa quando Da pior maneira mata Rouxinol do Rinaré. Saiona: a mulher dos olhos de fogo. Fortaleza: Tupynanquim, 2005. p. 2. Mirella Spinelli/ID/BR UV_P6_LA_C03_042A065.indd 57 3/23/12 6:55 PM
  • 17. 58 Módulo III – Avaliando a produção inicial Releia a sua primeira produção. 1.‚‚‚‚Retome‚suas‚anotações‚sobre‚a‚estrutura‚do‚cordel‚Patativa do As- saré: vida e obra do poeta do povo‚e‚utilize-as‚para‚avaliar‚sua‚pro- dução.‚Marque‚tudo‚o‚que‚está‚faltando‚ou‚precisa‚ser‚revisto. 2.‚‚‚‚Certifique-se‚de‚que‚seu‚poema‚tem‚estrofes‚com‚o‚mesmo‚número‚ de‚versos,‚um‚esquema‚de‚rimas‚e‚métrica. 3.‚‚‚‚Verifique,‚ainda,‚se‚você‚utilizou‚alguns‚recursos‚linguísticos‚comuns‚ ao‚cordel: a)‚‚expressões‚idiomáticas; b)‚‚registro‚informal; c)‚‚ordem‚invertida‚(menos‚usual)‚das‚palavras‚nas‚frases; d)‚‚diálogo‚com‚o‚leitor. 4.‚‚ Por‚último,‚observe‚se‚você‚explicitou‚o‚tema‚de‚seu‚cordel‚no‚título.‚ Módulo IV – Ortografia Muitos dos erros ortográficos estão relacionados à ideia de que a escrita é a reprodução da fala. Vamos pensar na relação entre a escri- ta das letras e seus sons. 1.‚‚‚‚Observe‚e‚pronuncie‚a‚lista‚de‚palavras. céu‚‚•‚‚anel‚‚•‚‚canal‚‚•‚‚jornal‚‚•‚‚mingau‚‚ •‚‚caracol‚‚•‚‚sarau‚‚•‚‚meu a)‚‚Embora‚o‚som‚final‚das‚palavras‚seja‚idêntico,‚a‚escrita‚desse‚som‚ não‚é.‚Como‚saber,‚então,‚se‚devemos‚usar‚a‚letra‚l‚ou‚a‚u? b)‚‚Separe‚as‚palavras‚em‚dois‚grupos:‚palavras‚que‚terminam‚com‚u‚ e‚palavras‚que‚terminam‚com‚l. c)‚‚Essas‚palavras‚nomeiam‚um‚único‚exemplar‚daquilo‚a‚que‚se‚re- ferem.‚Como‚você‚se‚referiria‚a‚mais‚de‚um‚exemplar‚de‚cada‚um‚ desses‚elementos? d)‚‚Que‚‚diferença‚‚você‚‚observa‚‚entre‚‚o‚‚grupo‚ de‚palavras‚que‚termina‚com‚l‚e‚o‚que‚ter- mina‚com‚u? e)‚‚A‚palavra‚anel‚deu‚origem‚ao‚termo‚anelar.‚ Pense‚em‚outros‚termos‚derivados‚das‚pa- lavras‚da‚lista‚que‚terminam‚com‚l. f)‚‚‚Tente‚‚fazer‚‚o‚‚mesmo‚‚com‚‚as‚‚palavras‚ que‚terminam‚com‚u. g)‚‚A‚‚que‚‚conclusão‚‚você‚‚chegou‚‚sobre‚ esses‚dois‚grupos‚de‚palavras? Mais gramática Por que é errado pensar que a escrita é a reprodução da fala? Afinal, as letras da escrita não representam os sons da fala? Descubra por que nos confundimos com a ortografia da nossa língua lendo o tópico Fonema e letra na página 233. Mirella Spinelli/ID/BR Mirella Spinelli/ID/BR
  • 18. 59 A produção final Para escrever a versão definitiva de seu poema, retome com seu colega a avalia- ção que vocês fizeram da produção inicial da dupla no Módulo III (página 58). 1. Acrescente informações, altere partes, reordene os acontecimentos. 2. Se necessário, reescreva trechos que tenham ficado excessivamente formais ou dis- tantes da linguagem do cordel. 3. Cuide também da ortografia. Se tiver dúvida quanto à escrita de determinada palavra, consulte um dicionário. Elaboração do folheto Uma vez que o texto tenha sido reescrito, você e o colega se organizarão para compor o folheto. 1. Não se esqueça de fazer a capa e a quarta capa. Um de vocês pode ilustrar a capa simulando uma xilogravura. 2. Faça vários exemplares, para que você possa distribuí-los. Veja as orientações. Sobre a capa Deve ter título, ilustração e identificação dos autores e do ilustrador. Deve ter o local e o ano da publicação. Deve ser feita em um papel de cor diferente. Sobre a quarta capa Pode ter uma breve biografia dos autores. Pode ter o contato dos autores (telefone e/ou e-mail). Pode ter propaganda dos cordéis dos colegas. Pode ter informações sobre a literatura de cordel. Sobre a montagem As páginas devem ser organizadas dentro da capa e grampeadas. Todas as páginas devem ser numeradas, com exceção da capa e da quarta capa. Fim de papo O que há em comum entre as lendas, os mitos, o repente, o rap, o cordel e as cantigas de lavadeira? Editora, ilustrador, local e ano de publicação Título da obra Autor da obra Ilustração Fotografia do autor Breve biografia do autor Títulos de outros cordéis do autor Informações sobre a editora Klévisson Viana/Tupynaquim Klévisson Viana/Tupynaquim ID/BR UV_P6_LA_C03_042A065.indd 59 4/16/12 1:14 PM
  • 19. Atividades integradas 60 Responda sempre no caderno. 1.‚ Leia‚um‚trecho‚da‚canção‚“Lendas”. Lendas Um velho do mato Com sangue de índio Conta suas lendas para os curumins De um rio doce, meio abarrotado Dois dragões dourados Lá de Parintins Uma moça linda, um moço encantado Saem da festança Pra não mais voltar aqui [...] Parintins,‚cidade‚amazonense‚citada‚na‚canção,‚realiza‚um‚Festival‚Folclórico‚conhecido‚ nacionalmente: a)‚ pela‚comemoração‚da‚colheita‚da‚uva,‚remontando‚aos‚primeiros‚imigrantes‚italianos‚que‚ti- nham‚o‚hábito‚de‚reverenciar‚a‚terra‚e‚a‚colheita. b)‚pela‚coroação‚do‚rei‚do‚Congo,‚acompanhado‚de‚um‚cortejo‚compassado,‚cavalgadas,‚levan- tamento‚de‚mastros‚e‚música. c)‚pela‚rivalidade‚entre‚o‚boi‚Garantido‚e‚o‚boi‚Caprichoso,‚que‚explora‚as‚temáticas‚regionais‚como‚ lendas,‚rituais‚indígenas‚e‚costumes‚dos‚ribeirinhos‚por‚meio‚de‚alegorias‚e‚encenações. d)‚pelas‚homenagens‚prestadas‚aos‚três‚santos‚católicos:‚São‚João,‚São‚Pedro‚e‚Santo‚Antônio,‚ marcadas‚pelas‚quadrilhas,‚comidas‚típicas,‚bandeirinhas,‚fogueiras. e)‚pelo‚desfile‚de‚mil‚vaqueiros,‚que‚saem‚em‚procissão‚nos‚seus‚cavalos,‚levando‚suas‚oferen- das,‚tendo‚origem‚em‚uma‚personagem‚mítica‚dos‚sertões‚–‚Raimundo‚Jacó. 2.‚ Leia‚um‚trecho‚do‚cordel‚“Emigração‚e‚as‚consequências”,‚de‚Patativa‚do‚Assaré. [...] Quando há inverno abundante No meu Nordeste querido Fica o pobre em um instante Do sofrimento esquecido Tudo é graça, paz e riso Reina um verde paraíso Por vale, serra e sertão Porém não havendo inverno Reina um verdadeiro inferno De dor e de confusão Fica tudo transformado Sofre o velho e sofre o novo Falta pasto para o gado E alimento para o povo E um drama de tristeza Parece que a natureza Trata a tudo com rigor Com esta situação O desumano patrão Despede o seu morador Vendo o flagelo horroroso Vendo o grande desacato Infiel e impiedoso Aquele patrão ingrato Com quem declara guerra Expulsa da sua terra Seu morador camponês O coitado flagelado Seu inditoso agregado Que tanto favor lhe fez Sem a virtude da chuva O povo fica a vagar Como a formiga saúva Sem folha para cortar E com a dor que o consome Obrigado pela fome E a situação mesquinha Vai um grupo flagelado Para atacar o mercado Da cidade mais vizinha [...] O‚texto‚aponta‚como‚uma‚das‚principais‚causas‚do‚êxodo‚rural: Júnior Lima e Sérgio Albuquerque. Em: Lendas. Intérprete: Antônio Pereira. Store Music, 2000. 1 CD. Faixa 7. Patativa do Assaré. Patativa do Assaré: uma voz do Nordeste. São Paulo: Hedra, 2006. p. 91-92. a)‚ a‚desigualdade‚racial. b)‚a‚formação‚de‚favelas‚em‚ centros‚urbanos. c)‚ as‚crises‚de‚energia. d)‚o‚desemprego‚no‚campo. e)‚o‚desmatamento‚e‚as‚queimadas.
  • 20. 61 4.‚ Observe‚o‚mapa‚ao‚lado.‚Ele‚sina- liza‚as‚principais‚cidades‚em‚que‚ o‚ repente‚ é‚ produzido.‚ Economi- camente,‚essa‚região‚se‚sustenta‚ principalmente‚pela: a)‚ agricultura‚ de‚ subsistência‚ e‚ pela‚indústria‚têxtil.‚ b)‚mineração‚e‚pela‚indústria‚têxtil. c)‚ mineração‚e‚pelo‚ecoturismo. d)‚pecuária‚de‚subsistência‚e‚pelo‚ ecoturismo.‚ e)‚pecuária‚ e‚ pela‚ agricultura‚ de‚ subsistência. 3.‚ Releia‚a‚primeira‚estrofe‚do‚cordel. “Quando há inverno abundante No meu Nordeste querido Fica o pobre em um instante Do sofrimento esquecido Tudo é graça, paz e riso Reina um verde paraíso Por vale, serra e sertão Porém não havendo inverno Reina um verdadeiro inferno De dor e de confusão” Qual‚das‚imagens‚a‚seguir‚retrata‚o‚tipo‚de‚vegetação‚referido‚no‚trecho? ‚ a)‚ b) c) d) e) Marcos Issa/Argosfoto Ernesto Reghran/Pulsar Imagens Zig Koch/Natureza Brasileira ID/BR Zig Koch/Natureza Brasileira Marcos Issa/Argosfoto PIAUÍ CEARÁ 40°O 7°S 9°S OCEANO ATLÂNTICO 38°O 36°O RIO GRANDE DO NORTE PARAÍBA PERNAMBUCO SERGIPE BAHIA ALAGOAS Tabira Triunfo Monteiro Teixeira Itapetim São José do Egito Sertânia Arcoverde 0 90 180 km 1 cm – 90 km 02_c_0013_BBP6_000_LA Fontedepesquisa:Poetasdorepente.FundaçãoJoaquimNabuco. Recife:Massangana,2008. MAPA DO REPENtE NO NORDEStE Serra do Amolar (MS), 2008. Olho D’água do Casado (AL), 2007. Parque Estadual da Serra dos Pireneus (GO), 2008. Proximidades de Manaus (AM), 2009. Parque Nacional de São Joaquim (SC), 2002.