SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 7
CINCO LIVROS QUE FALAM DE AMOR
            E, UMA MÃO CHEIA DE POETAS


Cinco livros que falam de diferençados amores - Se de tal verdade
sabemos nós !... - Do primeiro nos dá a nobre Agustina, com a pena
arada de socalcos, uma marcante história de amor duma jovem de
olhos azuis e trágicos.
 Fanny Owen de seu nome, tão delicada e branca, de andar leve e
cultivado que até a gente lusa espanta. Certo dia, do enlevo dos cetins
e do rodopio da valsa, atraiu, sem ser esperado, a gula dum morgado
de herança vasta.

Chamava-se José Augusto – um doido por amores fugazes -, que logo
pensou em ter mais uma cativa ave.
Surge então Camilo – que trindade fenecida -, moderando destas
almas um Castelo de alegrias e penas surgidas: (mas, há lá maior
grilheta para uma mulher, do que de Branco ser amada, por um
letrado, um vate, que a idolatrava!...),
Fenece então a flor, cortada como lírio a Orago, uma capela, um
coração, um destemor, pálida neve no além conservada.

O morgado dá-se ao láudano. Deixa os Rabelos pelo murmúrio das
Tágides. Morre num ignorado mistério, num catre sem cor numa rua
de tavolagem.
Resta o génio das letras. Quanto bebe dali a pena!...Voltar ao exílio do
amor Plácido; vestir dos arcebispos os ares, pensar na sorte dum
poeta, o quanto escrever para a viagem: que encerrado olhar à lauda e
ao sol dos dias está por porvir; num trágico palio de plátanos; oh! Que
desfecho medonhamente anunciado…

Tudo isto nas réstias dum tempo de Patuleia.

Pois décadas mais tarde, já não há do amor tão funesta ideia. De se
envolver por morte e desencanto em cores de negros prantos.

 Vem então, pela mão de Eça, a Luisinha, tão prendada, burguesinha,
sem cautela. E, ele, Basílio, o primo, dono do sorvo coquete dos

                                                                       1
bulevards; do charuto ceptro, da bebida borbulhante, do retiro ninho
em quarto cansado de ais; do ousado contar gabarola entre três
conhaques reais.

Retomam idílio antigo. Como a solidão é tão pertinente de
carinhos!.... Jorge estava longe; e, embora se de amores no Alentejo
distante, o recato dela deveria ser constante. Ao homem ainda tudo é
permitido; amores, amantes, desvarios, ficava tudo como dantes.

Se do inebriar tudo cega, como passarinho que a Gavião se entrega,
descobre Juliana, a criada, dos amantes, as ternas cartas trocadas.
Que martírio sofre a pobre menina. Se a voz propalada, ao convívio
das boas casas, fosse invelada do Carmo à Encarnação?
Falada, adultera, rejeitada, conventualmente internada e emparedada
dos cetins de ocasião.

Basílio parte, ela fica; quanto de mentira havia nos seus juramentos. A
chantagem tão brutal transforma-a. Jorge encontra-a definhada, triste
acabrunhada, um passarinho invernado sem ter nada.
  Decorrem breves sóis; insurge-se o cérebro a tal medida de
acrescentada inrazão de tal pecado.

Perdoa-lhe Jorge no estertor, mas para Luísa já não há mais amor.

Basílio regressa, como marinheiro que colhe a cada porto. Da notícia
da morte de Luísa, toma de tão breve saber, quase como qualquer
recado em jornal amarfanhado, sem préstimo de ler.

E outros amores, mais felizes, no século das luzes se dão:

Passados em casarões de pedras sem idade. Lareiras beirãs, murtas,
heras, mostos e farelos, grasnados pela manhã; cobres areados entre
quadros soturnos de fidalgos acordados; abundâncias de celeiros e
gado. É tão bom o amor maternal!... “Tia Susana meu Amor”… Sou
eu, o António!... Acolha-me!...Desprenda alfazemas antigas das
flanelas do quarto novo.

Como, também, é boa esta deriva do amor sem o resfolgo.

                                                                      2
São coisas simples que se guardam, viagens, rostos, gentes.
Marmelada cativa e lambareira; a escola o milho a eira.

  Parte António Alçada, para Lisboa, em demanda das laudas da
jurisprudência. Aumentasse-lhe aquele jeito cativante da serra e do
colóquio pensado em urzes e chocalhares de ovelha madrinha. Tem
todos os amigos destas e de outras terras. Conta como ninguém: dum
simples repasto faz um banquete; duma história sertaneja um
brilharete. Dum dia de Portugal em ensaio premente. Que saudades:
“Tia Suzana, Meu Amor “ !...

Então :

“Para Sempre”: não pensem que foi fácil com verdes anos ficar
entregue aos granitos, a Gouveia, à serra, às tias, ao espartar dos
irmãos mais velhos. Sendo Vergílio de apelido Ferreira, pai e mãe
idos às bordas de um outro Atlântico sem Beira.

Remédio foi a sotaina: estudar, comer, ter agasalho dos rigores, ainda
por cima ter latim, estar sob os olhos do tal Senhor, que até as cavacas
nos via apanhar da terra.
Oh!...Quanto serviu na outra escola, todos estes anos trocados p’la
sacola.

Então foi a paixão do ofício: primeiro guardador de livros; tantos,
poeirentos, arrumados, prestáveis, saídos como em funis de apriscos
aos prados de ler. Depois… Que paixão, meu Deus!... Ela pequenina
de nome Sandra: tão esquiva como carpa mondeguina sem provir do
enternecer; mas quando se gosta!... Não há nada a fazer…

Que terrível vingança Ele me fez!...

Levando-a um dia para um campo de crisântemos. Sem se poder
despedir. Escrevi-lhe por intermédio da Xana (a minha filha), antes da
resposta ainda vou decerto encontrá-la ao entardecer.



                                                                       3
E depois dos clarins da liberdade, como é que se arruma tudo isto?

Com “ Um Amor Feliz”: uma ousadia promontórica; um David que
esculpe ( que desfaz o Ballet Rose , a resumo de história), feita de
corpos nus, peitos inflamados. Uma tal trama que é mais do que
versos de fado. Ela como as deusas das Cíclades; loura, rosada, peitos
de abrunhos bem nascidos. Deitada num leito de vingança, dando ao
púbis um valor do imerecido.




Como tudo é então compreendido.



As fáceis eram “ porreirinhas” as difíceis “ peneirentas”.
Os namoros eram fátuos que a vaidade alimenta.

E desponta no látego da calçada o pão da antiga amizade. É o “
Niassa”, o amigo; alguém disse: – de dois seres iguais a lealdade, sem
perigo -, David, corre em busca da amada, Mourão, Ferreira, Algarve,
Estremoz, as pedras do nada.

Como é sempre difícil o amor em Portugal!...



E os poetas!... Onde estão os poetas?

Perguntamos todos à uma, ansiosos como se das portas do Paraíso se
tratasse.
Pois, é de lá que eles convergem. Ele há lá gente que seja mais tu cá
tu lá com os deuses. Que faça corar as virgens; apaladando-se com as
ninfas, sendo reverenciado pelos tritões; dando guarida aos
Unicórnios: até Ninrod não os dispensava quando os degraus de
antigas alturas talhava. Pois, “ 366 Poemas que falam de Amor”; é

                                                                     4
para eles um recreio, uma brincadeira; tudo o que sabem preenche as
idades do mundo, enche as cornucópias de Matusalém é, o registo do
Olimpo. Dão-nos, da fonte dos dias, uma amostra do que reservam
para quem os ame. Haverá quem os possa esquecer?... Não acredito!...
O mundo desapareceria com eles como trago de absinto.




Nota: Este texto foi escrito com o propósito de ser lido na última
sessão da Comunidade de Leitores “ Em Português nos Entendemos” ;
“ O Amor por grandes Escritores da Literatura Portuguesa “ –
Coordenação e apresentação do Prof. Dr. Fernando Pinto do Amaral.

Na ficção:

Fanny Owen / Agustina Bessa- Luís
O Primo Basílio/ Eça de Queirós
Tia Suzana, meu Amor / António Alçada Baptista
Para Sempre/ Vergílio Ferreira
Um Amor Feliz / David Mourão- Ferreira

Na poesia:

366 Poemas que falam de Amor / org. de Vasco Graça Moura


O autor, também, participante na Comunidade de Leitores, quis
homenagear os escritores, especialmente nos seus relatos no feminino,
o Prof. Pinto do Amaral e, todos os colegas, especialmente as
mulheres.

5/12/09


José movilha



                                                                    5
6
6

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

E-book de Almeida Garrett, Camões
E-book de Almeida Garrett, CamõesE-book de Almeida Garrett, Camões
E-book de Almeida Garrett, CamõesCarla Crespo
 
Sinopses livros janeiro
Sinopses livros janeiroSinopses livros janeiro
Sinopses livros janeiroSusana Frikh
 
Poema Em Petiz - Cesário Verde
Poema Em Petiz - Cesário VerdePoema Em Petiz - Cesário Verde
Poema Em Petiz - Cesário VerdeAMLDRP
 
La vuelta ao día en ochenta mundos
La vuelta ao día en ochenta mundosLa vuelta ao día en ochenta mundos
La vuelta ao día en ochenta mundosPriscila Stuani
 
A literatura contra o efêmero umberto eco i
A literatura contra o efêmero   umberto eco iA literatura contra o efêmero   umberto eco i
A literatura contra o efêmero umberto eco iLidia Maria de Melo
 
Contos para o ensino médio
Contos para o ensino médioContos para o ensino médio
Contos para o ensino médioEwerton Gindri
 
Conto "Tentação", de Clarice Lispector
Conto "Tentação", de Clarice LispectorConto "Tentação", de Clarice Lispector
Conto "Tentação", de Clarice LispectorJomari
 
"Caminhos Cruzados", de Érico Veríssimo
"Caminhos Cruzados", de Érico Veríssimo"Caminhos Cruzados", de Érico Veríssimo
"Caminhos Cruzados", de Érico Veríssimorafabebum
 
Trecho de Romance de Dom Pantero no Palco dos Pecadores, de Ariano Suassuna
Trecho de Romance de Dom Pantero no Palco dos Pecadores, de Ariano SuassunaTrecho de Romance de Dom Pantero no Palco dos Pecadores, de Ariano Suassuna
Trecho de Romance de Dom Pantero no Palco dos Pecadores, de Ariano SuassunaJornal do Commercio
 
Os maias: Características trágicas da intriga
Os maias: Características trágicas da intrigaOs maias: Características trágicas da intriga
Os maias: Características trágicas da intrigaMariana Silva
 
A concepção de contos estudada na obra de J. K. Rowling
A concepção de contos estudada na obra de J. K. RowlingA concepção de contos estudada na obra de J. K. Rowling
A concepção de contos estudada na obra de J. K. RowlingAna Duarte
 
Os maias trabalho individual
Os maias   trabalho individualOs maias   trabalho individual
Os maias trabalho individualMaria Teixiera
 
Carlos r zafon a sombra do vento
Carlos r zafon   a sombra do ventoCarlos r zafon   a sombra do vento
Carlos r zafon a sombra do ventoAriovaldo Cunha
 
Acre 004 (ago set-out de 2014) e-book revista de arte e poesia em geral circ...
Acre 004 (ago set-out de 2014)  e-book revista de arte e poesia em geral circ...Acre 004 (ago set-out de 2014)  e-book revista de arte e poesia em geral circ...
Acre 004 (ago set-out de 2014) e-book revista de arte e poesia em geral circ...AMEOPOEMA Editora
 

Mais procurados (18)

Amor perdicao
Amor perdicaoAmor perdicao
Amor perdicao
 
E-book de Almeida Garrett, Camões
E-book de Almeida Garrett, CamõesE-book de Almeida Garrett, Camões
E-book de Almeida Garrett, Camões
 
Nonita
NonitaNonita
Nonita
 
Cesário verde
Cesário verdeCesário verde
Cesário verde
 
Sinopses livros janeiro
Sinopses livros janeiroSinopses livros janeiro
Sinopses livros janeiro
 
Poema Em Petiz - Cesário Verde
Poema Em Petiz - Cesário VerdePoema Em Petiz - Cesário Verde
Poema Em Petiz - Cesário Verde
 
Alvares de Azevedo - Macário
Alvares de Azevedo - MacárioAlvares de Azevedo - Macário
Alvares de Azevedo - Macário
 
La vuelta ao día en ochenta mundos
La vuelta ao día en ochenta mundosLa vuelta ao día en ochenta mundos
La vuelta ao día en ochenta mundos
 
A literatura contra o efêmero umberto eco i
A literatura contra o efêmero   umberto eco iA literatura contra o efêmero   umberto eco i
A literatura contra o efêmero umberto eco i
 
Contos para o ensino médio
Contos para o ensino médioContos para o ensino médio
Contos para o ensino médio
 
Conto "Tentação", de Clarice Lispector
Conto "Tentação", de Clarice LispectorConto "Tentação", de Clarice Lispector
Conto "Tentação", de Clarice Lispector
 
"Caminhos Cruzados", de Érico Veríssimo
"Caminhos Cruzados", de Érico Veríssimo"Caminhos Cruzados", de Érico Veríssimo
"Caminhos Cruzados", de Érico Veríssimo
 
Trecho de Romance de Dom Pantero no Palco dos Pecadores, de Ariano Suassuna
Trecho de Romance de Dom Pantero no Palco dos Pecadores, de Ariano SuassunaTrecho de Romance de Dom Pantero no Palco dos Pecadores, de Ariano Suassuna
Trecho de Romance de Dom Pantero no Palco dos Pecadores, de Ariano Suassuna
 
Os maias: Características trágicas da intriga
Os maias: Características trágicas da intrigaOs maias: Características trágicas da intriga
Os maias: Características trágicas da intriga
 
A concepção de contos estudada na obra de J. K. Rowling
A concepção de contos estudada na obra de J. K. RowlingA concepção de contos estudada na obra de J. K. Rowling
A concepção de contos estudada na obra de J. K. Rowling
 
Os maias trabalho individual
Os maias   trabalho individualOs maias   trabalho individual
Os maias trabalho individual
 
Carlos r zafon a sombra do vento
Carlos r zafon   a sombra do ventoCarlos r zafon   a sombra do vento
Carlos r zafon a sombra do vento
 
Acre 004 (ago set-out de 2014) e-book revista de arte e poesia em geral circ...
Acre 004 (ago set-out de 2014)  e-book revista de arte e poesia em geral circ...Acre 004 (ago set-out de 2014)  e-book revista de arte e poesia em geral circ...
Acre 004 (ago set-out de 2014) e-book revista de arte e poesia em geral circ...
 

Semelhante a Elegia a cinco livros que falam de amor

Alvares de Azevedo Poemas Malditos
Alvares de Azevedo   Poemas MalditosAlvares de Azevedo   Poemas Malditos
Alvares de Azevedo Poemas MalditosMay Araújo
 
Auta de souza (psicografia chico xavier espirito auta de souza)
Auta de souza (psicografia chico xavier   espirito auta de souza)Auta de souza (psicografia chico xavier   espirito auta de souza)
Auta de souza (psicografia chico xavier espirito auta de souza)Fernando Moraes
 
52714265 jorge-amado-os-pastores-da-noite
52714265 jorge-amado-os-pastores-da-noite52714265 jorge-amado-os-pastores-da-noite
52714265 jorge-amado-os-pastores-da-noiteomoogun olobede
 
Alvares de azevedo poemas malditos
Alvares de azevedo   poemas malditosAlvares de azevedo   poemas malditos
Alvares de azevedo poemas malditosTulipa Zoá
 
Homenagem a Francisco Neves de Macedo
Homenagem a Francisco Neves de MacedoHomenagem a Francisco Neves de Macedo
Homenagem a Francisco Neves de MacedoConfraria Paranaense
 
Realismo_e_Naturalismo_Lista_de_Exercicios_Literatura_ENEM (2) (1).pdf
Realismo_e_Naturalismo_Lista_de_Exercicios_Literatura_ENEM (2) (1).pdfRealismo_e_Naturalismo_Lista_de_Exercicios_Literatura_ENEM (2) (1).pdf
Realismo_e_Naturalismo_Lista_de_Exercicios_Literatura_ENEM (2) (1).pdfCyntiaJorge
 
Reflexões e interferências
Reflexões e interferênciasReflexões e interferências
Reflexões e interferênciasRegina Gouveia
 
Canastra véia - Cosme F. Marques
Canastra véia   - Cosme F. MarquesCanastra véia   - Cosme F. Marques
Canastra véia - Cosme F. MarquesGilberto Dos Santos
 
Canastra véia - Cosme Ferreira Marques
Canastra véia   - Cosme Ferreira MarquesCanastra véia   - Cosme Ferreira Marques
Canastra véia - Cosme Ferreira MarquesGilberto Dos Santos
 
Canastra véia - De Cosme Ferreira Marques
Canastra véia   - De Cosme Ferreira MarquesCanastra véia   - De Cosme Ferreira Marques
Canastra véia - De Cosme Ferreira MarquesGilberto Dos Santos
 

Semelhante a Elegia a cinco livros que falam de amor (20)

José de Alencar - Ao correr da pena
José de Alencar - Ao correr da penaJosé de Alencar - Ao correr da pena
José de Alencar - Ao correr da pena
 
Alvares de Azevedo Poemas Malditos
Alvares de Azevedo   Poemas MalditosAlvares de Azevedo   Poemas Malditos
Alvares de Azevedo Poemas Malditos
 
Poemas Malditos
Poemas MalditosPoemas Malditos
Poemas Malditos
 
Auta de souza (psicografia chico xavier espirito auta de souza)
Auta de souza (psicografia chico xavier   espirito auta de souza)Auta de souza (psicografia chico xavier   espirito auta de souza)
Auta de souza (psicografia chico xavier espirito auta de souza)
 
52714265 jorge-amado-os-pastores-da-noite
52714265 jorge-amado-os-pastores-da-noite52714265 jorge-amado-os-pastores-da-noite
52714265 jorge-amado-os-pastores-da-noite
 
Chicos 19 janeiro 2009
Chicos 19 janeiro 2009Chicos 19 janeiro 2009
Chicos 19 janeiro 2009
 
Alvares de azevedo poemas malditos
Alvares de azevedo   poemas malditosAlvares de azevedo   poemas malditos
Alvares de azevedo poemas malditos
 
Homenagem a Francisco Neves de Macedo
Homenagem a Francisco Neves de MacedoHomenagem a Francisco Neves de Macedo
Homenagem a Francisco Neves de Macedo
 
Realismo_e_Naturalismo_Lista_de_Exercicios_Literatura_ENEM (2) (1).pdf
Realismo_e_Naturalismo_Lista_de_Exercicios_Literatura_ENEM (2) (1).pdfRealismo_e_Naturalismo_Lista_de_Exercicios_Literatura_ENEM (2) (1).pdf
Realismo_e_Naturalismo_Lista_de_Exercicios_Literatura_ENEM (2) (1).pdf
 
Reflexões e interferências
Reflexões e interferênciasReflexões e interferências
Reflexões e interferências
 
Canastra véia - Cosme F. Marques
Canastra véia   - Cosme F. MarquesCanastra véia   - Cosme F. Marques
Canastra véia - Cosme F. Marques
 
Canastra véia - Cosme Ferreira Marques
Canastra véia   - Cosme Ferreira MarquesCanastra véia   - Cosme Ferreira Marques
Canastra véia - Cosme Ferreira Marques
 
Canastra véia - De Cosme Ferreira Marques
Canastra véia   - De Cosme Ferreira MarquesCanastra véia   - De Cosme Ferreira Marques
Canastra véia - De Cosme Ferreira Marques
 
Proj letura
Proj leturaProj letura
Proj letura
 
Contacto 1.º período
Contacto   1.º períodoContacto   1.º período
Contacto 1.º período
 
Literatura de Cordel
Literatura de CordelLiteratura de Cordel
Literatura de Cordel
 
Honoré de Balzac - O elixir da longa vida
Honoré de Balzac - O elixir da longa vidaHonoré de Balzac - O elixir da longa vida
Honoré de Balzac - O elixir da longa vida
 
Arcadismo
ArcadismoArcadismo
Arcadismo
 
Novas aquisições
Novas aquisiçõesNovas aquisições
Novas aquisições
 
Cortazar
CortazarCortazar
Cortazar
 

Último

D9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptx
D9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptxD9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptx
D9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptxRonys4
 
Portfolio_Trilha_Meio_Ambiente_e_Sociedade.pdf
Portfolio_Trilha_Meio_Ambiente_e_Sociedade.pdfPortfolio_Trilha_Meio_Ambiente_e_Sociedade.pdf
Portfolio_Trilha_Meio_Ambiente_e_Sociedade.pdfjanainadfsilva
 
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptxSlides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números Mary Alvarenga
 
Transformações isométricas.pptx Geometria
Transformações isométricas.pptx GeometriaTransformações isométricas.pptx Geometria
Transformações isométricas.pptx Geometriajucelio7
 
VARIEDADES LINGUÍSTICAS - 1. pptx
VARIEDADES        LINGUÍSTICAS - 1. pptxVARIEDADES        LINGUÍSTICAS - 1. pptx
VARIEDADES LINGUÍSTICAS - 1. pptxMarlene Cunhada
 
AULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptx
AULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptxAULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptx
AULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptxLaurindo6
 
“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx
“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx
“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptxthaisamaral9365923
 
caderno de matematica com as atividade e refrnciais de matematica ara o fu...
caderno de matematica  com  as atividade  e refrnciais de matematica ara o fu...caderno de matematica  com  as atividade  e refrnciais de matematica ara o fu...
caderno de matematica com as atividade e refrnciais de matematica ara o fu...EvandroAlvesAlves1
 
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envioManual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envioManuais Formação
 
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicasCenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicasRosalina Simão Nunes
 
A Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das MãesA Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das MãesMary Alvarenga
 
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riqueza
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riquezaRotas Transaarianas como o desrto prouz riqueza
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riquezaronaldojacademico
 
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -Aline Santana
 
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASBCRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASBAline Santana
 
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - CartumGÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - CartumAugusto Costa
 
CLASSE DE PALAVRAS completo para b .pptx
CLASSE DE PALAVRAS completo para b .pptxCLASSE DE PALAVRAS completo para b .pptx
CLASSE DE PALAVRAS completo para b .pptxFranciely Carvalho
 
RedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdf
RedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdfRedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdf
RedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdfAlissonMiranda22
 

Último (20)

D9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptx
D9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptxD9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptx
D9 RECONHECER GENERO DISCURSIVO SPA.pptx
 
Portfolio_Trilha_Meio_Ambiente_e_Sociedade.pdf
Portfolio_Trilha_Meio_Ambiente_e_Sociedade.pdfPortfolio_Trilha_Meio_Ambiente_e_Sociedade.pdf
Portfolio_Trilha_Meio_Ambiente_e_Sociedade.pdf
 
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptxSlides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
Slides Lição 04, Central Gospel, O Tribunal De Cristo, 1Tr24.pptx
 
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números CRUZADINHA   -   Leitura e escrita dos números
CRUZADINHA - Leitura e escrita dos números
 
Transformações isométricas.pptx Geometria
Transformações isométricas.pptx GeometriaTransformações isométricas.pptx Geometria
Transformações isométricas.pptx Geometria
 
VARIEDADES LINGUÍSTICAS - 1. pptx
VARIEDADES        LINGUÍSTICAS - 1. pptxVARIEDADES        LINGUÍSTICAS - 1. pptx
VARIEDADES LINGUÍSTICAS - 1. pptx
 
AULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptx
AULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptxAULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptx
AULA SOBRE AMERICA LATINA E ANGLO SAXONICA.pptx
 
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULACINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
 
“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx
“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx
“Sobrou pra mim” - Conto de Ruth Rocha.pptx
 
caderno de matematica com as atividade e refrnciais de matematica ara o fu...
caderno de matematica  com  as atividade  e refrnciais de matematica ara o fu...caderno de matematica  com  as atividade  e refrnciais de matematica ara o fu...
caderno de matematica com as atividade e refrnciais de matematica ara o fu...
 
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envioManual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
Manual da CPSA_1_Agir com Autonomia para envio
 
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicasCenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
Cenários de Aprendizagem - Estratégia para implementação de práticas pedagógicas
 
A Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das MãesA Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
A Arte de Escrever Poemas - Dia das Mães
 
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riqueza
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riquezaRotas Transaarianas como o desrto prouz riqueza
Rotas Transaarianas como o desrto prouz riqueza
 
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -
 
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASBCRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
CRÔNICAS DE UMA TURMA - TURMA DE 9ºANO - EASB
 
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - CartumGÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
 
Bullying, sai pra lá
Bullying,  sai pra láBullying,  sai pra lá
Bullying, sai pra lá
 
CLASSE DE PALAVRAS completo para b .pptx
CLASSE DE PALAVRAS completo para b .pptxCLASSE DE PALAVRAS completo para b .pptx
CLASSE DE PALAVRAS completo para b .pptx
 
RedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdf
RedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdfRedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdf
RedacoesComentadasModeloAnalisarFazer.pdf
 

Elegia a cinco livros que falam de amor

  • 1. CINCO LIVROS QUE FALAM DE AMOR E, UMA MÃO CHEIA DE POETAS Cinco livros que falam de diferençados amores - Se de tal verdade sabemos nós !... - Do primeiro nos dá a nobre Agustina, com a pena arada de socalcos, uma marcante história de amor duma jovem de olhos azuis e trágicos. Fanny Owen de seu nome, tão delicada e branca, de andar leve e cultivado que até a gente lusa espanta. Certo dia, do enlevo dos cetins e do rodopio da valsa, atraiu, sem ser esperado, a gula dum morgado de herança vasta. Chamava-se José Augusto – um doido por amores fugazes -, que logo pensou em ter mais uma cativa ave. Surge então Camilo – que trindade fenecida -, moderando destas almas um Castelo de alegrias e penas surgidas: (mas, há lá maior grilheta para uma mulher, do que de Branco ser amada, por um letrado, um vate, que a idolatrava!...), Fenece então a flor, cortada como lírio a Orago, uma capela, um coração, um destemor, pálida neve no além conservada. O morgado dá-se ao láudano. Deixa os Rabelos pelo murmúrio das Tágides. Morre num ignorado mistério, num catre sem cor numa rua de tavolagem. Resta o génio das letras. Quanto bebe dali a pena!...Voltar ao exílio do amor Plácido; vestir dos arcebispos os ares, pensar na sorte dum poeta, o quanto escrever para a viagem: que encerrado olhar à lauda e ao sol dos dias está por porvir; num trágico palio de plátanos; oh! Que desfecho medonhamente anunciado… Tudo isto nas réstias dum tempo de Patuleia. Pois décadas mais tarde, já não há do amor tão funesta ideia. De se envolver por morte e desencanto em cores de negros prantos. Vem então, pela mão de Eça, a Luisinha, tão prendada, burguesinha, sem cautela. E, ele, Basílio, o primo, dono do sorvo coquete dos 1
  • 2. bulevards; do charuto ceptro, da bebida borbulhante, do retiro ninho em quarto cansado de ais; do ousado contar gabarola entre três conhaques reais. Retomam idílio antigo. Como a solidão é tão pertinente de carinhos!.... Jorge estava longe; e, embora se de amores no Alentejo distante, o recato dela deveria ser constante. Ao homem ainda tudo é permitido; amores, amantes, desvarios, ficava tudo como dantes. Se do inebriar tudo cega, como passarinho que a Gavião se entrega, descobre Juliana, a criada, dos amantes, as ternas cartas trocadas. Que martírio sofre a pobre menina. Se a voz propalada, ao convívio das boas casas, fosse invelada do Carmo à Encarnação? Falada, adultera, rejeitada, conventualmente internada e emparedada dos cetins de ocasião. Basílio parte, ela fica; quanto de mentira havia nos seus juramentos. A chantagem tão brutal transforma-a. Jorge encontra-a definhada, triste acabrunhada, um passarinho invernado sem ter nada. Decorrem breves sóis; insurge-se o cérebro a tal medida de acrescentada inrazão de tal pecado. Perdoa-lhe Jorge no estertor, mas para Luísa já não há mais amor. Basílio regressa, como marinheiro que colhe a cada porto. Da notícia da morte de Luísa, toma de tão breve saber, quase como qualquer recado em jornal amarfanhado, sem préstimo de ler. E outros amores, mais felizes, no século das luzes se dão: Passados em casarões de pedras sem idade. Lareiras beirãs, murtas, heras, mostos e farelos, grasnados pela manhã; cobres areados entre quadros soturnos de fidalgos acordados; abundâncias de celeiros e gado. É tão bom o amor maternal!... “Tia Susana meu Amor”… Sou eu, o António!... Acolha-me!...Desprenda alfazemas antigas das flanelas do quarto novo. Como, também, é boa esta deriva do amor sem o resfolgo. 2
  • 3. São coisas simples que se guardam, viagens, rostos, gentes. Marmelada cativa e lambareira; a escola o milho a eira. Parte António Alçada, para Lisboa, em demanda das laudas da jurisprudência. Aumentasse-lhe aquele jeito cativante da serra e do colóquio pensado em urzes e chocalhares de ovelha madrinha. Tem todos os amigos destas e de outras terras. Conta como ninguém: dum simples repasto faz um banquete; duma história sertaneja um brilharete. Dum dia de Portugal em ensaio premente. Que saudades: “Tia Suzana, Meu Amor “ !... Então : “Para Sempre”: não pensem que foi fácil com verdes anos ficar entregue aos granitos, a Gouveia, à serra, às tias, ao espartar dos irmãos mais velhos. Sendo Vergílio de apelido Ferreira, pai e mãe idos às bordas de um outro Atlântico sem Beira. Remédio foi a sotaina: estudar, comer, ter agasalho dos rigores, ainda por cima ter latim, estar sob os olhos do tal Senhor, que até as cavacas nos via apanhar da terra. Oh!...Quanto serviu na outra escola, todos estes anos trocados p’la sacola. Então foi a paixão do ofício: primeiro guardador de livros; tantos, poeirentos, arrumados, prestáveis, saídos como em funis de apriscos aos prados de ler. Depois… Que paixão, meu Deus!... Ela pequenina de nome Sandra: tão esquiva como carpa mondeguina sem provir do enternecer; mas quando se gosta!... Não há nada a fazer… Que terrível vingança Ele me fez!... Levando-a um dia para um campo de crisântemos. Sem se poder despedir. Escrevi-lhe por intermédio da Xana (a minha filha), antes da resposta ainda vou decerto encontrá-la ao entardecer. 3
  • 4. E depois dos clarins da liberdade, como é que se arruma tudo isto? Com “ Um Amor Feliz”: uma ousadia promontórica; um David que esculpe ( que desfaz o Ballet Rose , a resumo de história), feita de corpos nus, peitos inflamados. Uma tal trama que é mais do que versos de fado. Ela como as deusas das Cíclades; loura, rosada, peitos de abrunhos bem nascidos. Deitada num leito de vingança, dando ao púbis um valor do imerecido. Como tudo é então compreendido. As fáceis eram “ porreirinhas” as difíceis “ peneirentas”. Os namoros eram fátuos que a vaidade alimenta. E desponta no látego da calçada o pão da antiga amizade. É o “ Niassa”, o amigo; alguém disse: – de dois seres iguais a lealdade, sem perigo -, David, corre em busca da amada, Mourão, Ferreira, Algarve, Estremoz, as pedras do nada. Como é sempre difícil o amor em Portugal!... E os poetas!... Onde estão os poetas? Perguntamos todos à uma, ansiosos como se das portas do Paraíso se tratasse. Pois, é de lá que eles convergem. Ele há lá gente que seja mais tu cá tu lá com os deuses. Que faça corar as virgens; apaladando-se com as ninfas, sendo reverenciado pelos tritões; dando guarida aos Unicórnios: até Ninrod não os dispensava quando os degraus de antigas alturas talhava. Pois, “ 366 Poemas que falam de Amor”; é 4
  • 5. para eles um recreio, uma brincadeira; tudo o que sabem preenche as idades do mundo, enche as cornucópias de Matusalém é, o registo do Olimpo. Dão-nos, da fonte dos dias, uma amostra do que reservam para quem os ame. Haverá quem os possa esquecer?... Não acredito!... O mundo desapareceria com eles como trago de absinto. Nota: Este texto foi escrito com o propósito de ser lido na última sessão da Comunidade de Leitores “ Em Português nos Entendemos” ; “ O Amor por grandes Escritores da Literatura Portuguesa “ – Coordenação e apresentação do Prof. Dr. Fernando Pinto do Amaral. Na ficção: Fanny Owen / Agustina Bessa- Luís O Primo Basílio/ Eça de Queirós Tia Suzana, meu Amor / António Alçada Baptista Para Sempre/ Vergílio Ferreira Um Amor Feliz / David Mourão- Ferreira Na poesia: 366 Poemas que falam de Amor / org. de Vasco Graça Moura O autor, também, participante na Comunidade de Leitores, quis homenagear os escritores, especialmente nos seus relatos no feminino, o Prof. Pinto do Amaral e, todos os colegas, especialmente as mulheres. 5/12/09 José movilha 5
  • 6. 6
  • 7. 6