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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
INSTITUTO DE TECNOLOGIA
FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO II
Profº Dr. RONALDO NONATO FERREIRA MARQUES DE CARVALHO
Profº Dr. MANOEL DA SILVA FILHO
LEONARDO MIRANDA ABDON – Nº DE MATRÍCULA: 201404340038
TECNOLOGIA ASSISTIVA NA ARQUITETURA DAS SMART HOMES: O USO DE
SENSORES PARA APLICAÇÃO NO AMBIENTE INTERNO DE INSTITUIÇÕES DE
LONGA PERMANÊNCIA PARA IDOSOS
BELÉM – PA
2019
LEONARDO MIRANDA ABDON - 201404340038
TECNOLOGIA ASSISTIVA NA ARQUITETURA DAS SMART HOMES: O USO DE
SENSORES PARA APLICAÇÃO NO AMBIENTE INTERNO DE INSTITUIÇÕES DE
LONGA PERMANÊNCIA PARA IDOSOS
Trabalho apresentado à disciplina Trabalho de
Conclusão de Curso II, sob a orientação do
Professor Doutor Ronaldo Nonato Ferreira
Marques de Carvalho e coorientação do
Professor Doutor Manoel da Silva Filho, como
requisito de avaliação.
BELÉM – PA
2019
LEONARDO MIRANDA ABDON - 201404340038
TECNOLOGIA ASSISTIVA NA ARQUITETURA DAS SMART HOMES: O USO DE
SENSORES PARA APLICAÇÃO NO AMBIENTE INTERNO DE INSTITUIÇÕES DE
LONGA PERMANÊNCIA PARA IDOSOS
Trabalho apresentado à disciplina Trabalho de
Conclusão de Curso II, sob a orientação do
Professor Doutor Ronaldo Nonato Ferreira
Marques de Carvalho e coorientação do
Professor Doutor Manoel da Silva Filho, como
requisito de avaliação.
Belém, _____de março de 2019.
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________________ - Orientador
Prof. Dr. Ronaldo Nonato Ferreira Marques de Carvalho
Universidade Federal do Pará - UFPA
___________________________________________________ - Coorientador
Prof. Dr. Manoel da Silva Filho
Universidade Federal do Pará - UFPA
_______________________________________________
Prof. Dr. Fabiano Homobono Paes de Andrade
Universidade Federal do Pará – UFPA
_______________________________________________
Prof. Dr. Márcio Santos Barata
Universidade Federal do Pará - UFPA
“Ter sonhos é normal.
Lembrar-se deles é um dom.
Vivê-los é uma benção.”
Leonardo Miranda
AGRADECIMENTOS E DEDICATÓRIA
À minha família, principalmente minha mãe, minha irmã, meu cunhado e minha avó,
agradeço pelo apoio emocional constante, por entender meus momentos de frustração e de
felicidade, e por me ajudar até mesmo no conteúdo deste trabalho.
Ao meu amigo mais próximo, Paulo Vitor, por estar comigo há 13 anos, me divertindo
com suas piadas, ouvindo minhas histórias e dividindo um imenso interesse pela tecnologia,
levando-me a este trabalho.
Aos meus amigos da época de colégio, Leon, Toshiaki, Allan, Gabriel e Letícia, por
saberem como me alegrar sempre que eu parecia exausto demais dos dias de trabalho.
Aos meus amigos da Faculdade de Direito, Rafael e Alone, que muito me
incentivaram a seguir meus sonhos e buscar no curso de Arquitetura e Urbanismo o
profissional que eu almejava ser.
Aos meus amigos da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Fernanda, Ruan, Renan,
Rafael, Gabriela, Inês, Larissa, Letícia, Mariana e Katrine, por enfrentarem comigo os 5
árduos anos de ensino superior desse curso que tanto amamos.
Aos meus amigos do laboratório LAMEMO, que me mostraram o mundo de
novidades e uma carreira inteira no campo acadêmico que eu posso seguir no futuro.
Ao meu amigo de Laboratório de Neuroengenharia, Rafael, por ter me ensinado
muitas coisas que eu precisava saber para mexer com placas Arduino e módulos acessórios.
Aos meus amigos do Laboratório de Neuroengenharia, por me ensinarem tanto em tão
pouco tempo.
Aos meus professores Márcio Barata, Jorge Eiró, Luciano, Fabiano Homobono,
Kostas e Roseane Norat por terem sido os melhores mentores de minhas disciplinas favoritas
e delas ter tirado inspiração para a produção deste trabalho.
Ao meu professor orientador, Ronaldo Nonato, por sempre me incentivar a buscar
novos horizontes fora do curso de Arquitetura e Urbanismo para tornar meu trabalho único e
novo em todos os aspectos, desde a ideia inicial de fazer uma pesquisa em jogos eletrônicos
até o presente trabalho de tecnologia de smart homes.
E ao meu professor co-orientador, Manoel da Silva, por me introduzir ao campo do
desenvolvimento de tecnologias, por me ensinar o que posso fazer pelo mundo através dos
meus conhecimentos, por sempre incentivar a sabedoria e o estudo e por sempre fazer as
piadas mais inesperadas durante os dias de laboratório.
Dedico este trabalho a vocês, minha família, meus amigos e meus mentores, que me
permitiram, me acompanharam e me ajudaram a realizar o sonho de me tornar um arquiteto.
RESUMO
Este trabalho busca analisar as transformações tecnológicas advindas das smart homes
e suas particularidades, assim como aprofundar-se no estudo de tecnologias assistivas, a fim
de criar um objeto tecnológico voltado a Instituições de Longa Permanência para Idosos
(ILPI). Este estudo também busca analisar as características próprias de uma ILPI através de
estudos teóricos, leitura das normas disponíveis e estudo de campo, com visitações à ILPI do
Pão de Santo Antônio para melhor percepção de suas realidades e necessidades, de modo a
guiarem o desenvolvimento de um objeto em prol dos pontos apresentados. Por fim, pretende-
se realizar a criação deste objeto voltado para atender problemas pontuais e, uma vez
finalizado, estudar suas capacidades de atuação em simulação de projeto arquitetônico de
dormitório tipo criado com base nos estudos realizados.
Palavras-Chave: Instituições de Longa Permanência para Idosos, Tecnologia Assistiva, Smart
Homes, Idosos, Tecnologia na Arquitetura.
ABSTRACT
This work seeks to analyze the technological changes coming from smart homes and
their particularities, as well as to deepen the study of assistive technologies, in order to create
a technological object aimed at Long-Term Care for the Elderly (LTCE). This study also
seeks to analyze the characteristics of an ILPI through theoretical studies, reading of available
standards and field study, as well as visits to Pão de Santo Antônio LTCE for better
understanding of their realities and needs, in order to guide the development of an object
designed under these presented guidances. Finally, it’s intended to create this object to solve
specific problems and, once finalized, to study its capacities in a simulation of architectural
project for a dormitory created based on the what was researched during this labor.
Keywords: Long-Term Care for the Elderly, Assistive Technologies, Smart Homes, Elderly,
Technology in Architecture.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO........................................................................................................................ 8
TÍTULO DO TRABALHO.............................................................................................. 8
DELIMITAÇÃO DO TEMA........................................................................................... 8
JUSTIFICATIVA............................................................................................................. 8
PROBLEMA DE PESQUISA........................................................................................ 10
OBJETIVOS .................................................................................................................. 11
1. SMART HOMES: O LAR DO FUTURO NO PRESENTE.......................................... 13
1.1. O MUNDO DAS TECNOLOGIAS ....................................................................... 13
1.2. TECNOLOGIAS ASSISTIVAS DAS SMART HOMES...................................... 19
1.3. DISCUSSÕES QUANTO À APLICAÇÃO DA TECNOLOGIA ASSISTIVA.... 22
2. AS NECESSIDADES DAS ILPIS.................................................................................... 25
2.1. ESTUDO DO TIPO ARQUITETÔNICO E SUAS NECESSIDADES................. 25
2.2. ESTUDO DE CAMPO: CASA DO PÃO DE SANTO ANTÔNIO ...................... 28
2.3. ANÁLISE DAS ENTREVISTAS COM A EQUIPE TÉCNICA........................... 34
3. DESENVOLVIMENTO DE OBJETO TECNOLÓGICO............................................ 37
3.1. PROCESSO DE ESCOLHA DA TECNOLOGIA APROPRIADA ...................... 37
3.2. DESENVOLVIMENTO DO OBJETO E TESTES PRÁTICOS........................... 37
3.3. APLICAÇÃO DA TECNOLOGIA EM PROJETO ARQUITETÔNICO ............. 43
3.4. PROJETO DA PULSEIRA E CAIXA DE SOM................................................... 46
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................ 50
TRABALHOS FUTUROS ............................................................................................ 51
BIBLIOGRAFIA.................................................................................................................... 53
APÊNDICES........................................................................................................................... 57
CÓDIGOS DE PROGRAMAÇÃO NO SOFTWARE DO ARDUINO ........................ 57
PLANTAS ARQUITETÔNICAS FEITAS NO SOFTWARE AUTOCAD 2018......... 66
8
INTRODUÇÃO
TÍTULO DO TRABALHO
Tecnologia assistiva na arquitetura das smart homes: o uso de sensores para aplicação
no ambiente interno de instituições de longa permanência para idosos.
DELIMITAÇÃO DO TEMA
Análise espacial do tipo arquitetônico das Instituições de Longa Permanência para
Idosos para identificar as necessidades tecnológicas mais imperativas e buscar soluções em
laboratório com intuito de melhorar o aproveitamento dos espaços para tornar os ambientes
comuns e privativos mais úteis e proveitosos aos seus usuários.
JUSTIFICATIVA
A escolha da temática das tecnologias assistivas para seu uso em ambientes de
convivência frequente de pessoas de idade avançada se deu com o interesse pelo uso de
tecnologias novas dentro de residências, de modo a unificar um sistema de comunicação e
informática entre os mais diversos objetos eletrônicos. No entanto, houve maior interesse não
somente em aplicar esses novos processos numa construção qualquer, somente para facilitar o
cotidiano ou trazer mais comodidade ao usuário, mas de aplicar tais procedimentos em
ambientes onde o indivíduo se encontra numa situação em que até mesmo realizar tarefas
diárias é um ato dificultoso, como é o caso de indivíduos com deficiências motoras ou idosos
com maior necessidade de cuidados específicos.
A temática da tecnologia na arquitetura pode ser considerada uma discussão nova, haja
vista a própria novidade das altas tecnologias residenciais. Sob esta ótica, não se refere neste
trabalho às tecnologias individuais dos móveis do interior de um prédio, como aparelhos
televisores, computadores, eletrodomésticos ou mesmo objetos mais simples, como cadeiras,
mesas e camas. Cada um pode merecer um estudo individual para si, dada tamanha evolução
de formas, estilísticas, materiais e a própria fabricação destes objetos, mas este não pode ser
considerado o foco deste trabalho.
O cerne deste estudo se dá na relação que a alta tecnologia traz com a forma de viver
em casa, com a forma de trabalhar em uma sala específica, com a dependência que a
9
arquitetura cria com os mais diversos objetos que são inventados inicialmente para trazer
conforto, mas eventualmente se tornam partes essenciais do projeto arquitetônico, os quais,
quando ausentes, podem tornar um edifício inteiro completamente ineficiente. Fala-se, então,
neste trabalho de tecnologias que possam mudar o modo de ver e tratar a arte de fazer
arquitetura, que um dia mudaram o trabalho do arquiteto e continuarão a transformar esta
profissão.
Isto será importante a ser ressaltado haja vista a necessidade que a arquitetura tem de
representar em sua construção a vida humana e a ela se adequar em primeiro lugar. Como
arte, ela deve representar um movimento, os estilos e as tendências, de uma determinada
época. Entretanto, sua organização, seu projeto e suas funções representam o modo como
determinada sociedade vive e se organiza no espaço durante tais anos. Acima de tudo, os
edifícios arquitetônicos devem ser feitos por humanos para humanos, e se uma vez construído
não passar a atender às necessidades a que foram planejadas, torna-se apenas um objeto
artístico, uma escultura, pois a arquitetura somente nasce conforme há relação entre o objeto,
o espaço “vazio” dentro desse objeto e o sujeito que o utiliza e como faz uso desse espaço
disponível, como pode ser compreendido nas palavras de Maurício PULS (2006).
Portanto, seguindo esta lógica, se uma sociedade se encontra em profunda relação com
a alta tecnologia, por que suas residências e ambientes de trabalho também não deveriam
estar? E, ainda sob esta ótica, por que também não estender esses ideais tecnológicos àqueles
que mais poderiam se beneficiar com essas novas formas de vivenciar os ambientes
arquitetônicos, como idosos e pessoas com necessidades específicas? Traz-se, portanto, a
importância das tecnologias assistivas em ambientes residenciais.
A temática da tecnologia assistiva em casas de repouso para idosos é bastante
abordada nas pesquisas do professor pós-doutor pela Universidade do Minessota George
DEMIRIS et al (2008), que procura na tecnologia aplicada em smart homes a solução para
uma rotina de preocupações em adultos com mais de 65 anos e independentes de variados
locais, abordando variadas problemáticas em seus estudos, desde preferências por
determinadas tecnologias, preocupação com privacidade, uso pela equipe técnica e pelos
próprios idosos, e recepção de tais tecnologias no ambiente residencial.
Semelhantemente, a problemática da tecnologia assistiva e sua aplicação numa Smart
Home não precisa limitar-se a residências, podendo haver auxílio e monitoramento da rotina
de pessoas com problemas de saúde – como diabetes – remotamente, como é apresentado por
10
Abdelsalam HELAL et al (2009), no qual se utiliza de wearable tech, como relógios, pulseiras
e óculos inteligentes com processadores e tecnologias empregadas dentro desses objetos, em
conjunto com tecnologias dentro das residências, sejam smart homes ou não.
Do mesmo jeito, deve-se compreender a capacidade imensurável que os sistemas de
Arduino, apresentados na pesquisa de Rajeec PIYARE (2013), podem ter quando instalados
em uma Smart Home e associados a celulares com sistema operacional baseados na
plataforma Android. A principal problemática abordada por ele constitui-se na facilidade de
criação de um sistema de controle de funções simples de uma residência, como ligar e
desligar luzes, feito pelo celular, baseando-se a criação deste sistema nas placas Arduino,
conhecidas por seus baixos custos e alta versatilidade.
Com base nesses estudos, houve grande interesse em estudar pessoalmente o ambiente
de uma Instituição de Longa Permanência para Idosos, ou ILPI, também conhecidas como
casas de repouso, e antigamente nominadas como “asilos”, termo hoje abandonado por sua
carga pejorativa. Com o objeto de estudo delimitado, escolheu-se a ILPI do Pão de Santo
Antônio, situada na Avenida José Bonifácio, Bairro do Guamá, cidade de Belém do Pará. Tal
escolha adotada em virtude da notoriedade do local, na comunidade como um lugar conhecido
por acolher idosos e oferecer os cuidados adequados para lhes dar um cotidiano digno.
Portanto, o interesse pela possibilidade da aplicação da tecnologia assistiva no local se deu
tanto pela novidade destas práticas no cenário municipal, quanto pela possibilidade do seu
emprego na instituição para tornar mais cômoda a vida de seus residentes.
Por fim, dada a novidade de tais técnicas no ambiente residencial para pessoas com
necessidade de acompanhamento médico constante, justifica-se a importância deste trabalho
através do estudo da necessidade de tecnologia assistiva como possível equipamento para
garantia de maior segurança, conforto e mínimo de intrusão à sua privacidade, permitindo-as
melhor acesso ao tratamento à saúde que lhes é devido dentro de suas próprias residências.
PROBLEMA DE PESQUISA
A questão a ser discutida neste trabalho trata-se de como utilizar a tecnologia assistiva,
como sensores e outros aparelhos, para trazer conforto às Instituições de Longa Permanência
para Idosos (ILPI) através da modernização dos ambientes internos, onde a maior parte dos
frequentadores possui idade avançada, possivelmente acompanhada de algum problema de
saúde grave.
11
O tipo arquitetônico do ILPI foi escolhido também devido este ser um local dedicado a
atender idosos de maneira confortável e digna, atendendo, muitas vezes, indivíduos que são
levados a essas instituições por seus parentes que não sabem como tratá-los e como atender as
suas necessidades. Essa questão também é trazida para demonstrar a importância do
funcionamento das ILPIs locais, pois, mesmo que ainda se encontrem em boas condições,
existem situações que ainda precisam melhorar para atender as necessidades de seus
residentes adequadamente.
Deve-se levar em conta também seus gastos, logo, a questão da tecnologia é um fator
que poucos aplicaram de fato, se é que optaram por aderir. Os custos da tecnologia assistiva
como se encontram no mercado os impedem de custeá-las sem ter que afetar as economias das
pessoas que moram no local e o salário dos que trabalham neles. Portanto, a necessidade de
uma tecnologia com custo acessível é tão importante quanto a própria tecnologia assistiva em
si e também o conforto das pessoas que possivelmente virão a usufruir dela.
OBJETIVOS
Gerais
 Desenvolver tecnologia assistiva que tenha funcionamento associado à sua
instalação em ambiente interno de uma construção e que seja controlada de
maneira a realizar tarefa específica conforme comandos feitos pelo usuário.
Específicos
 Estudar as condições atuais das ILPIs, como a Instituição de Longa
Permanência para Idoso do Pão de Santo Antônio, em busca de necessidades
tecnológicas.
 Conhecer as necessidades das pessoas de idade avançada que vivem nesses
lugares, o que a equipe técnica mais precisa para assisti-las e o que tornaria o
ambiente mais confortável e adequado para uso de modos específicos.
 Desenvolver projeto de tecnologia assistiva criada ou adaptada para as
necessidades encontradas nas pesquisas realizadas, tanto nas referências quanto
na pesquisa em campo.
 Produzir artigo científico divulgando os resultados alcançados.
12
METODOLOGIA
Os procedimentos metodológicos que serão realizados para o desenvolvimento das
tarefas que constituem esta pesquisa consistem em:
 Elaboração de referencial teórico a respeito do contexto atual das altas
tecnologias e seus usos nas smart homes.
 Elaboração de referencial teórico a respeito do contexto atual do uso de
tecnologias assistivas em ambientes residenciais.
 Elaboração de referencial teórico a respeito do contexto histórico das ILPIs,
com destaque para a Instituição de Longa Permanência para Idoso do Pão de
Santo Antônio.
 Realização de visitas a campo para análise do espaço e realização de entrevista
com a equipe técnica da instituição.
 Análise dos dados coletados.
 Estudo laboratorial para desenvolvimento de um objeto tecnológico voltado
para assistência na solução dos problemas mais pontuados pelos residentes e
equipe técnica.
 Análise dos resultados alcançados.
13
1. SMART HOMES: O LAR DO FUTURO NO PRESENTE
1.1. O MUNDO DAS TECNOLOGIAS
Os avanços científicos em todos os campos de conhecimento são mais frequentes
desde que o mundo se globalizou, com o auxílio da evolução dos meios de comunicação,
destacando-se o papel da internet. Demonstrações dessas tecnologias são rotineiras na vida
das pessoas, existem as pequenas mudanças, como um alarme e cronômetro em fogões de
cozinha, para que seus usuários sejam avisados da finalização do processo de cozimento de
seus alimentos, ou mudanças mais notáveis, como a transição de motores automotivos
movidos a combustível fóssil para motores elétricos silenciosos e eficientes, além de
perfeitamente limpos do ponto de vista ecológico.
Deve-se dar destaque excepcional, no entanto, para os objetos com os quais
convivemos diariamente, cuja evolução e desenvolvimento costumam demonstrar melhor o
quanto a criatividade humana ainda é capaz de criar soluções para diferentes problemas e
novos modos de interação com o mundo, como é o caso dos aplicativos de telefones celulares
atuais, seja através da organização da vida cotidiana, grande integração entre as esferas da
vida pessoal e profissional, ou também da possibilidade que se tem de conectar-se a outros
objetos tecnológicos com um breve toque na tela do dispositivo. Uma das melhores
demonstrações da capacidade desses objetos são as chamadas “virtualizações” da realidade
feita por eles: seja modificando-a dentro da tela do dispositivo, com adição de efeitos e
modelos em três dimensões à fotos e vídeos, ou criando avatares virtuais (interpretações
feitas pelos usuários deles mesmos) e interagir com o mundo online através deles, ou os
softwares capazes de levar aqueles que o usam ao limite da noção de realidade, mexendo
diretamente com seus sentidos mais básicos, como um aplicativo ou jogo de realidade virtual.
Entretanto, outros fatores devem ser levados em consideração quando se fala em
tecnologia de ponta com acesso livre para a população. O primeiro destes se refere ao fator
econômico. Boa parte dos objetos tecnológicos lançados no mercado atualmente possui alto
valor agregado, gerando lucros elevados para as empresas que os produzem e limitando o
acesso para a parcela mais abastada dos consumidores. Por sua vez, aqueles que desejam
usufruir dessas tecnologias de ponta deverão investir grande capital. Todavia quando não
possuem o suficiente, comumente entram em endividamentos para aproveitar tais mordomias,
sacrificando algo no lugar da promessa de novas funções e acessórios, o que corrobora para
um ciclo vicioso de consumo. Aqueles que não desejam o melhor do mercado, no entanto,
14
ainda conseguem usufruir de parte dessa cultura tecnológica crescente, apoderando-se de
modelos antigos menos custosos, que, por vezes, recebem atualizações e funções reduzidas
dos modelos mais novos e permitem ao usuário parte do acesso às novas tecnologias.
Contudo, é notável o quão excludente é o acesso às novas tecnologias, e, outrossim, mais
forte esse processo se torna com o passar do tempo, graças à velocidade com que todos os
objetos de consumo se desenvolvem.
Outro fator pertinente dentro desse tema é o conhecimento para utilizar as tecnologias.
Se de um lado, há o acesso crescente, ainda que limitado, a essas tecnologias, por outro temos
um elevado número de pessoas que participam do mercado e não sabem utilizar os
dispositivos que compram, muitas vezes adquirindo tais novidades só para utilizá-los da
mesma forma que utilizariam aquele que fora substituído. Novamente trazendo à tona os
telefones celulares, comparando-se os modelos atuais com os de décadas passadas, podem ser
vistas algumas novas funções, tais como: ouvir música, tirar fotos, escrever textos, fazer
trabalhos e outras tarefas profissionais, se conectar a internet, jogar e até interagir com outros
objetos, como carros, computadores ou mesmo uma casa. Todas essas novas formas de uso do
celular, comparadas com a atualmente considerada “simples” operação de “fazer e receber
ligações”, são atos comuns para os padrões contemporâneos. Todavia, muitos compram novos
celulares pela promessa que lhes são feitas por propagandas espalhadas por onde seus olhos
desviam o olhar, sem saber do que esses dispositivos realmente são capazes. Outros
indivíduos usufruem das novas tecnologias simplesmente para substituir uma antiga por
algum motivo diferente, seja pelo surgimento de um defeito, por aquisição como presente ou
prêmio de alguma natureza, ou mesmo por real desejo de desfrutar do que há de mais novo no
mercado.
Aliado a essa temática, há ainda a sabedoria para usar conscientemente esses novos
objetos. Há aqueles que se utilizam da tecnologia para causar alardes, pânico, com uso de fake
news para enganar uma multidão de pessoas que, por não saber como comprovar a veracidade
dessas notícias, optam por disseminá-las. Outros exemplos mais comuns são os acessos não
autorizados de informações que os objetos tecnológicos colhem diariamente: vírus de
computadores, hackers e crackers, sites falsos e variados modos de ludibriar alguém não
familiarizado com esse novo ambiente a dar informações pessoais ou roubá-las diretamente
dos dispositivos sem que o indivíduo sequer perceba. Portanto, para melhor aproveitar as
novidades, torna-se quase pré-requisito que os indivíduos que as utilizem sejam plenamente
capazes de controlar o fluxo de informações a que permitem o acesso, bem como, saibam
diferenciar práticas ruins das saudáveis em ambiente virtual e compreendam como utilizar
15
seus aparelhos e diagnosticar quaisquer problemas relacionados ao seu uso cotidiano. Por este
motivo, a tecnologia em seu estado atual pode ser considerada inclusiva e exclusiva ao mesmo
tempo.
As smart homes são um conceito que se encaixa integralmente neste campo da
tecnologia até então apresentado. Esse termo faz referência ao uso de tecnologias em uma
residência, transformando o ato de “ficar em casa” em uma constante convivência com o
campo tecnológico. Contudo, no contexto atual, muitas dessas mordomias criadas através do
desenvolvimento intenso da ciência são consideradas por muitos apenas como “móveis”,
objetos que qualquer um poderia adquirir e trazer para o ambiente privado sem qualquer
noção de quais mudanças tais tecnologias poderiam trazer para sua rotina e,
consequentemente, para o futuro padrão que está sendo construído, o qual definirá um “lar”
no futuro.
Com o computador e o celular tornando-se o centro do ambiente residencial, os
próprios hábitos começam a se modificar: atos que requeriam que o usuário se locomovesse
para determinados ambientes para realizar determinadas tarefas se extinguem, como é o caso
de casas onde o usuário pode comandar as lâmpadas, televisores e até lareiras – em
determinados países de temperatura mais fria – antes mesmo de entrar em casa. Faxina pode
ser feita por aspiradores de pó autônomos, assim como, a presença de uma pessoa num
determinado ambiente pode ligar ou desligar os equipamentos do local, através de sensores de
movimento ligados ao registro elétrico. Esses e muitos outros exemplos podem ser
mencionados neste estudo, porém não constituem o ponto central do que será desenvolvido
adiante.
Fala-se neste trabalho de objetos que alteram não somente como as pessoas interagem
com seus pertences privativos, como também modificam como se comportam frente às novas
construções arquitetônicas, particulares, públicas ou comerciais, sejam construídas do
primeiro tijolo ao último parafuso de uma esquadria ou sejam reformadas arduamente para
restaurar uma obra do passado e readequar seu uso ao presente, tendo como foco a arquitetura
contemporânea e como seus artifícios transformam nossa profissão diariamente.
Para melhor contextualizar tais transformações, citam-se alguns exemplos dos
períodos moderno e pós-moderno. Primeiramente, os elevadores: capazes de levar as pessoas
ao topo dos mais altos arranha-céus em segundos ou de fazê-las descer dezenas de metros no
subterrâneo. Como também, os aparelhos de ar-condicionado e aquecedores, que permitem
controle da climatização dos ambientes internos ao ponto em que construções de vidro
parecidas com estufas possam ser erguidas em áreas equatoriais ou permitindo o simples
16
prazer de desfrutar um conjunto de roupas leves no interior de uma residência de uma região
que sofre com intensos invernos. E, mais recentemente, os eletrônicos integrados por internet,
que podem se interligar de tal modo a permitir que uma fala ou um gesto de mãos controle os
sistemas de luz, água e até mesmo portas e janelas, transformando o ato de ficar em casa ou
de garantir sigilo numa sala de reuniões numa constante relação intrínseca com a tecnologia.
Tais tecnologias residenciais, atualmente, podem ser consideradas apenas um conforto
ou um luxo numa residência, mas certamente no futuro não será fantástico se uma construção,
sozinha, abrir ou fechar esquadrias quando uma pessoa entrar ou sair dela. Com a relação que
a sociedade contemporânea está construindo com a tecnologia, pode ser que este seja o futuro
dos lares e ambientes de trabalho. A própria ficção científica, presente em todas as formas de
mídia, muito já trabalha isso e nos dias atuais os indivíduos mais jovens não mais se encantam
com essas fantasias, uma vez que nasceram num mundo tecnológico em constante evolução,
ao ponto em que poucos anos separam um computador de mesa grande, que costumava
ocupar toda a superfície de uma mesa, de um smartphone de igual ou superior potência,
pequeno o suficiente para caber num bolso de calça.
Não há necessidade de imaginar como essas transformações serão, uma vez que já
podem ser presenciadas residências clássicas e neo-coloniais transformadas em agências de
banco, escritórios, lanchonetes e até mesmo continuando a ser residências privativas, mas
transformadas para acomodar eletricidade, sistemas de climatização, cortinas de vidro e salas
de servidores. No futuro, possivelmente as residências que hoje conhecemos também serão
adaptadas para acomodar as mais variadas tecnologias que são introduzidas no mercado,
como o crescimento de assistentes virtuais embutidas em objetos variados, como a “Alexa”,
da empresa Amazon, que está presente em objetos como relógios, televisores e até mesmo
porta-retratos, responsável por fazer funções como ligar luzes, lareiras e outros aparelhos
específicos e, até mesmo, conversar e tirar dúvidas de seus usuários com auxílio de internet,
tudo executado por comandos de voz.
Portanto, se nossos objetos tecnológicos transformam-se em velocidade surpreendente
e mudam todo o ambiente conforme são amplamente aceitos pela população, por que não
incorporá-los desde o início à prática da arquitetura? Isso estaria de acordo com a
conceituação apresentada por PULS (2006) a respeito do que diferencia o “trabalho
arquitetônico” de outros tipos de trabalhos artísticos. Para o autor, as obras de arte ou
qualquer objeto estético, não podem existir sem a ação do homem, uma vez que essas obras
são construídas para terem uma finalidade, qualquer que seja; o que as diferencia das coisas
da natureza, que existem por existir, sem uma finalidade definida. Portanto, a finalidade
17
inicial desses objetos criados é determinada por “aquele” que os criou, para “ele” são voltados
e irão dotar de significados enquanto “ele” existir, sendo “ele” o homem como ser pensante.
Da mesma maneira, a relação entre a arquitetura (como produto humano) e o homem também
deve seguir essa ordem, porém esta relação se demonstra mais difícil.
Caso se encontre finalizada, a arte serve para ser contemplada de forma externa ao
homem. Por outro lado, a arquitetura tem por base não só a contemplação da construção,
como também a experiência vivida que se dá tanto em seu exterior quanto em seu interior, em
função das obras arquitetônicas possuírem em seu cerne a relação do homem com um espaço
“vazio” determinado por limites concretos, constituindo assim um bem (aquilo que possui
valor de uso material) e um signo (aquilo que possui valor de uso ideal). Do mesmo jeito, se a
arte pode ser considerada um reflexo do homem, a arquitetura deveria ser o reflexo de sua
essência, do seu modo de ser e de viver, tornando-se o reflexo não de apenas “um” homem,
mas da sociedade como um todo. A base do “fazer arquitetura” se encontra no “ser humano”,
desde o ponto em que se tem a ideia de um projeto até sua concretização; arquitetura é um
tipo de objeto estético criado para o homem, voltado para ele e baseado para atender todas as
necessidades de vida dele, e aqui se encontra sua função principal.
A utilidade da arquitetura constitui sua condição fundamental de existência. Uma arte
deve ser bela, mas não necessariamente útil para ser considerada “arte”. Obras arquitetônicas,
por outro lado, podem ser consideradas belas, mas obrigatoriamente devem ser consideradas
úteis, de modo que se não constituírem uma função definida ou correspondente às
necessidades de seus usuários, ela é declarada ineficiente e assim se mantém até sofrer uma
transformação que a resignifique para se adequar aos padrões daqueles que a transformarem.
Portanto, a arquitetura, ao se adequar às necessidades daqueles que a criaram, não passa a
expressar tais indivíduos em si, mas a vida humana em toda sua plenitude que habita no
espaço que fora determinado, presenciando desde a monótona rotina aos eventos mais
extraordinários: ambas que se transcorrem não exterior à arquitetura, mas em seu interior, no
espaço “vazio” delimitado por paredes e tetos, diferenciando-se assim fundamentalmente da
arte escultura, que, apesar de se assemelhar no ponto em que ambas as formas de expressão se
dão em construir um objeto utilizando-se da definição de seu volume, constitui-se apenas da
apreensão daquilo que “é”, que existe na forma que foi definida no momento da finalização da
obra.
Portanto, pensando do ponto de vista de que arquitetura é uma construção humana que
tem como princípio maior sua utilidade para o homem, é possível dizer que parte dessa
utilidade se encontra na adequação da obra com a época vigente. Se em determinados anos, o
18
material predominante era madeira, então fazia-se prédios de madeira. Porém, se o material
mais utilizado passa a ser o cimento e concreto, que em determinados casos podem ser
considerados mais adequados para usos específicos, por que insistir em na utilização da
madeira para esses usos em questão, sabendo que seria ineficiente? Apesar de se considerar
extremo o exemplo, no fim é o que pode ser considerado o ponto em que se encontra boa
quantidade dos projetos arquitetônicos contemporâneos: ao considerar luxuoso, desnecessário
ou mesmo exagerado, é inevitável pensar que um dia as obras de arquitetura dotarão de tanta
tecnologia quanto os objetos mencionados no início deste tópico. Se a arquitetura é um
reflexo do modo de vida do homem, a arquitetura atual também deveria refletir os ideais
tecnológicos vigentes em nossa época, sendo necessário um incentivo para seu estudo e sua
prática com o propósito de averiguar seus reais benefícios.
Aqui se imaginou, então, a ideia de adequação de ambientes específicos àqueles como
os das smart homes. A transformação desses ambientes para se adequarem aos moldes
daqueles pertencentes às casas tecnológicas se deu através de sensores específicos, como os
voltados para detectar e analisar movimentos determinados. Objetos como estes são descritos
desde sua projeção mais básica a como funcionam, incluindo como seria seu uso pela
população leiga, no trabalho de PIYARE (2013), que se utiliza de um sistema criado em
placas Arduino e um aplicativo criado para smartphones baseados em sistemas operacionais
Android para acender e desligar luzes dentro de uma casa, como também pode ser usado para
modificar partes da residência que serão comandadas pelo aplicativo, adicionando-se mais
luminárias ou removendo-as conforme necessário. Há menção também do intuito de realizar
mais pesquisas acerca da implementação de comando de voz, o que pode ser feito através da
utilização de outras tecnologias associadas a este sistema.
Tais práticas estão se tornando comuns para a parcela mais rica da população, que opta
por introduzir os novos avanços da indústria em suas casas para torná-las mais “luxuosas” e
agregar-lhes mais valor. Coincidentemente, muitos desses novos proprietários de casas
tecnológicas convivem com a tecnologia diariamente, logo, possivelmente dotam de certo
nível de aprendizado sobre como operar e controlar uma residência dessas, caso contrário,
esses indivíduos podem cair na armadilha de se encantar com o novo e exceder o que podem
controlar, vindo a se tornarem subordinados dessas tecnologias e se desligarem
completamente de tarefas outrora normais para uma convivência saudável com apenas
suporte, não dependência, desses novos modos de interagir com o ambiente construído.
Não obstante, considera-se que o acesso às smart homes é bastante limitado pelo
capital e também pelo conhecimento necessário para melhor usufruir de tudo que é capaz.
19
Mas, considerando-se que tais práticas inegavelmente auxiliam seus usuários a ter uma rotina
mais tranquila e confortável, principalmente quem opta por utilizá-las sabendo do que se
tratam e tendo total controle sobre elas, o que aconteceria se tais tecnologias fossem
implantadas na rotina daqueles cujo dia-a-dia se encontra dificultoso devido a algum
problema de saúde ou mesmo daqueles com idade avançada? Comumente, em tais casos, há
parentes, responsáveis ou cuidadores sempre os acompanhando, auxiliando-os no que
precisarem e no que quiserem fazer. Poucos são aqueles que optam por continuarem
independentes e morarem sozinhos. Além da praticidade que isso traria para ambientes onde
há grande tráfego destas pessoas, como clínicas de tratamento, hospitais e instituições de
longa permanência para idosos, isto seria de imensa contribuição a elas mesmas. Para esses
casos, a resposta encontrada nas smart homes para o conforto dentro do lar, através da
tecnologia, pode ser a saída que muitos desejam para uma vida mais saudável e independente.
1.2.TECNOLOGIAS ASSISTIVAS DAS SMART HOMES
No campo bibliográfico, a temática da tecnologia assistiva é considerada
demasiadamente recente, já que a própria tecnologia em questão se trata de uma invenção do
final do século XX e primeira década do século XXI. O termo foi utilizado pela primeira vez
em 1988, vindo do inglês assistive technolgy, que fora registrado em Public Law 100-407 e
renovado em 1998 como Assistive Technology Act of 1998, na Public Law 105-394. Isto é
explicitamente evidenciado no texto legal da P.L. de 1988:
(3) For some individuals with disabilities, assistive technology is a necessity that
enables them to engage in or perform many tasks. The provision of assistive
technology devices and assistive technology services enables some individuals with
disabilities to —
(A) have greater control over their own lives;
(B) participate in and contribute more fully to activities in their home,
school, and work environments, and in their communities;
(C) interact to a greater extent with nondisabled individuals; and
(D) otherwise benefit from opportunities that are taken.
(PUBLIC LAW 100-407-AUG. 19, 1988, p. 1).
E então ressaltado novamente na sua renovação em 1998:
(3) As technology has come to play an increasingly important role in the lives of all
persons in the United States, in the conduct of business, in the functioning of
government, in the fostering of communication, in the conduct of commerce,
and in the provision of education, its impact upon the lives of the more than
50,000,000 individuals with disabilities in the United States has been comparable to
its impact upon the remainder of the citizens of the United States. Any development
20
in mainstream technology would have profound implications for individuals with
disabilities in the United States.
(4) Substantial progress has been made in the development of assistive technology
devices, including adaptations to existing devices that facilitate activities of daily
living, that significantly benefit individuals with disabilities of all ages. Such devices
and adaptations increase the involvement of such individuals in, and reduce
expenditures associated with, programs and activities such as early intervention,
education, rehabilitation and training, employment, residential living, independent
living, and recreation programs and activities, and other aspects of daily living.
(5) All States have comprehensive statewide programs of technology-related
assistance. Federal support for such programs should continue, strengthening the
capacity of each State to assist individuals with disabilities of all ages with their
assistive technology needs.
(PUBLIC LAW 105-394-NOV. 13, 1998, p. 2).
No Brasil, como abordado nos artigos de BERSCH (2014), a tecnologia assistiva é
“um termo ainda novo, utilizado para identificar todo o arsenal de recursos e serviços que
contribuem para proporcionar ou ampliar habilidades funcionais de pessoas com deficiência
e consequentemente promover vida independente e inclusão”. A questão também é abordada
pelo Comitê de Ajudas Técnicas (CAT), através da portaria nº 142 de novembro de 2006, em
que:
Tecnologia Assistiva é uma área do conhecimento, de característica interdisciplinar,
que engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que
objetivam promover a funcionalidade, relacionada à atividade e participação, de
pessoas com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua
autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social. (BRASIL - SDHPR.
– Comitê de Ajudas Técnicas – ATA VII in BERSCH, 2017).
Dada a novidade da prática, sua aplicação encontra-se bastante experimental e
controlada por pesquisadores, além de ser necessária a aprovação do indivíduo como usuário
desta, de modo que sejam averiguados os resultados e que hajam precedentes para
fundamentar uma prática mais geral pela maior parte da população. Tais usos se referem ao
uso de tecnologias que sejam altamente personalizáveis e minimamente intrusivas em respeito
à liberdade de ir e vir e privacidade dos usuários, podendo ser averiguada de maneira remota
diretamente pelos médicos ou tendo seus resultados obtidos por sensores instalados nas
residências dos voluntários, levando os dados adquiridos aos profissionais responsáveis ou à
família do voluntário.
O uso em questão neste trabalho, o de tecnologia assistiva em instituições de repouso
para idosos, é igualmente recente. Tal questão é bastante discutida no trabalho experimental
de DEMIRIS et al (2008) que estuda as necessidades, as perspectivas e as impressões após
aplicação nas pessoas idosas do instituto de repouso independente TigerPlace, no Missouri,
Estados Unidos. O estudo em questão trabalhou a necessidade do uso de sensores para
21
identificar e contornar problemas em potencial que poderiam afetar os idosos partícipes do
experimento. Para tal, foram implantados variados tipos de sensores em suas residências:
sensores de proximidade em infravermelho, sensor de temperatura do fogão e sensores de
cama capazes de detectar presença, respiração, pulso e movimento em cima do colchão
(DEMIRIS et al, 2008).
Os sensores em questão usados têm uma função específica dentro da categoria da
tecnologia assistiva, que não consiste necessariamente em facilitar ou ajudar aos usuários ou
contribuir para um sistema tecnológico residencial unificado com outros objetos. O papel dos
sensores se encaixa mais como um dispositivo tecnológico residencial para acompanhamento
e assistência aos usuários, sendo em maior parte utilizados não pelos residentes, mas por
técnicos e profissionais especializados em identificar e analisar as informações coletadas
pelos sensores. Portanto, eles se apresentam como tecnologia assistiva por sua possibilidade
de identificar problemas de saúde enquanto ainda estão em seu estado inicial, alertando os
profissionais para tratar a adversidade antes que esta afete o modo de viver do residente
analisado (SKUBIC, RANTZ, et al, 2009).
Do mesmo jeito pode ser feito esse acompanhamento associando-se tais sensores a
wearable tech, que possam ser usados pelos pacientes em ambientes inteligentes, como os de
uma smart home, para adquirir e enviar dados
aos profissionais responsáveis remotamente
(ABDELSALAM et al, 2009). No entanto,
para tais tecnologias serem eficientes e
confortáveis ao uso pelo paciente, elas deverão
ser flexíveis, pois deverão ser utilizadas em
qualquer lugar ou momento, assim como
também devem ser acessíveis tanto aos
profissionais quanto ao próprio usuário sem
necessidade de qualquer tipo de configuração
avançada (o chamado “plug and play”, que
significa que uma tecnologia deve ser de
simples instalação e fácil acesso para todos).
Por fim, deve também ser capaz de estender
seu alcance a outras tecnologias e objetos de
forma interoperável, de modo a se criarFigura 1. Sensor de cama. Fonte: DEMIRIS et al,
2008.
22
associações dentro do sistema e permitir dados mais fiéis à realidade, assim como melhor
controle sobre as manutenções necessárias.
1.3. DISCUSSÕES QUANTO À APLICAÇÃO DA TECNOLOGIA ASSISTIVA
Portanto, haja vista a novidade da prática, sua eficácia e aplicação majoritariamente se
traduzem em experimentos controlados por pesquisadores ou desejo voluntário de participar
das pesquisas por parte do indivíduo que usará tais tecnologias. Essa questão é bastante
discutida até mesmo nos Estados Unidos, onde a tecnologia assistiva foi legalizada
pioneiramente, e mesmo assim ainda encontra diversos obstáculos para uma plena
implantação em grande escala ou comércio livre da tecnologia.
Uma das principais questões que a aplicação da tecnologia assistiva enfrenta é seu alto
custo de produção, que apesar de ter diminuído com a introdução de novas ferramentas mais
simples e versáteis como a placa Arduíno, ainda constitui um obstáculo de difícil solução para
aplicação em larga escala. A dificuldade da criação de sistemas específicos para determinados
cuidados, até pouco mais de uma década no passado, poderia se considerar um problema, mas
este também é amenizado com o contato que todas as áreas profissionalizantes já estão
constituindo com a tecnologia em seus respectivos ramos de trabalho durante a produção
deste trabalho. Porém, é ainda bastante discutida a efetividade destas práticas, já que se
constituem de um movimento recente e com poucas pesquisas empíricas realizadas,
impossibilitando uma resposta concreta sobre o potencial que a tecnologia assistiva promove
(MARTIN et al, 2009).
A outra questão de relevância se dá através da proteção à privacidade dos indivíduos.
Melhor abordada nos estudos de Courtney (2008), a questão da tecnologia das smart homes
poder ou não desrespeitar a vida privada dos seus usuários é a principal barreira para
aplicação em larga escala. Para ela, “no contexto das smart homes, privacidade pode afetar a
vontade das pessoas de participar nos projetos de smart home ou em sua aprovação de certos
tipos de smart home IT e [a privacidade] é bastante individualizada” (COURTNEY, K. L.,
2008, in Methods Inf Med 1/2008, p. 77), sendo a expressão apresentada “Smart Home IT”
significando “Smart Home Information Technologies”, ou em tradução livre “Tecnologias de
Informação de Casas Inteligentes”. Nos seus estudos, a representação de privacidade se daria
em diversas dimensões: a psicológica (preocupação com a própria identidade), a social (a
coleta de informações), a física (preocupação com o próprio espaço e seus limites), e
informacional (conteúdo das informações que são analisadas e distribuídas pelos sistemas de
23
smart home IT), havendo destaque em sua pesquisa para a preocupação pela privacidade em
todas essas esferas, salvo pela social. Portanto, para ela, é necessário que o design e a
implantação da tecnologia assistiva nas residências seja feita de tal modo que não seja
intrusivo para o partícipe, não seja notável para observadores casuais e seja fruto da
colaboração entre os usuários, equipes técnicas de cuidadores e profissionais da saúde e
responsáveis em geral.
Apesar de haver concordância em maior parte, Demiris (2008), em suas pesquisas,
introduz outro lado para a privacidade e independências das pessoas idosas, resultado de
entrevista a indivíduos de comunidades de casas de repouso e cuidados a idosos. A questão
aqui apresentada por muitos deles também aborda a invasão de privacidade, como é
apresentado que 10 dentre 14 participantes disseram que não gostariam de ter sensores de
queda baseados em vídeo dentro de suas casas (DEMIRIS, HENSEL et al, 2008), mas suas
pesquisas abordam igualmente a noção de “necessidade”, mencionada por muitos
entrevistados. Em seu estudo em conjunto com Courtney (COURTNEY, DEMIRIS et al,
2008), foi documentada uma preocupação maior com a necessidade de implantação da
tecnologia assistiva que as questões privativas relacionadas à ela, como um dos entrevistados
realça: “Bem, agora, no que diz respeito a algo assim, eu não iria me opor a isso se houvesse
um propósito, como no caso deste senhor [com cirurgia cardíaca recente]. Ele necessitava
disso porque estava doente” (COURTNEY, DEMIRIS et al, 2008, in British Computer
Society, p. 199, tradução nossa). Portanto, o resultado obtido nesse estudo foi de que, caso
houvesse necessidade da implantação da tecnologia assistiva, tal necessidade superaria as
preocupações com privacidade discutida nos trabalhos dos autores pesquisados.
Semelhantemente, há a questão da aprovação dos familiares para submeter os seus
membros mais senis ao acompanhamento por tecnologia. Na pesquisa de Rialle (RIALLE et
al, 2008), foi realizada em Paris uma pesquisa utilizando-se questionário enviado para casas
de famílias em que um ou mais membros sofre de Alzheimer. Dentre os familiares que
escolheram participar, foi constatado que há grande divergência nas opiniões dessas famílias
no que diz respeito a determinadas tecnologias de smart homes, uma vez que as opiniões mais
gerais consistem dos extremos: ou são totalmente a favor ou são totalmente contra, havendo
menor ocorrência de opiniões intermediárias. Isso, portanto, significa que as famílias que
participaram podem ser sensíveis quanto à implantação da tecnologia assistiva, tanto
negativamente quanto positivamente. Isto é, as opiniões poderiam ser divididas em famílias
que entendem a tecnologia assistiva como uma ferramenta que tiraria a privacidade de seus
entes queridos ou que não lhes ajudaria em nada, e em famílias que a aceitam como uma
24
ferramenta que lhes ajudaria a administrar as necessidades de seus parentes ou que lhes
ajudaria a saber onde e como estão com uso de tecnologias e serviços de rastreamento e
contato remoto. Para estas famílias, tecnologias de serviços de comunicação à distância
também seriam extremamente bem recebidas.
Uma última barreira para a adoção dos sistemas tecnológicos assistenciais constitui-se
da percepção dos idosos para as inovações em si. No trabalho de Coughlin (COUGHLIN et al,
2007), é dito que uma possível explicação para a baixa adoção da tecnologia assistiva é que a
percepção dela pelos possíveis usuários não corresponde às suas demandas, seja pela questão
da dificuldade de seu uso ou por causa do seu uso de fato, que impõe necessidade de
instalação, manutenção, uso adequado, assim como a possibilidade da invasão de privacidade,
brechas de segurança nas informações coletadas, já mencionadas anteriormente, até questões
pessoais e sentimentos das pessoas em relação a ser paciente de algum tipo especial de
cuidados, como que “a presença dessas tecnologias na minha casa poderia me ‘rotular’ como
[uma pessoa] frágil” (COUGHLIN et al, 2007, p. 2, tradução nossa).
Seus estudos, então, se concentram em entender melhor essa relação da tecnologia
com a pessoa em si, como ela se sente e o que poderia ser feito em questão a um melhor
desenvolvimento da tecnologia a fim de suprir quaisquer deficiências ou ausência no ponto de
vista dessas pessoas. Como resultado de uma pesquisa auxiliada por entrevistas, Coughlin
percebeu questões quanto à confiabilidade das tecnologias, como trabalham em suas
residências e se haveriam falhas ou diferenças entre um mesmo tipo de aparelho instalado em
casas diferentes. Do mesmo modo, questões éticas foram bastante discutidas entre os
participantes da pesquisa, principalmente abordando a questão da privacidade e liberdade de ir
e vir. Apesar disso, suas percepções como usuários implicaram numa impressão de melhor
segurança de vida, mesmo que o custo a se pagar por ela fosse abrir mão de parte de sua
independência como pessoa. Por causa disso, também foi constatado que a impressão deles
era de que tais objetos tecnológicos eram voltados para os “idosos mais idosos” do que para
os “idosos mais jovens e mais saudáveis”, dando a impressão de que era a necessidade de
cuidados especiais que regia a adoção da tecnologia, como também fora abordado por
Demiris.
A última questão abordada diz respeito a quem exatamente teria controle sobre o
oferecimento e distribuição desses sistemas: se seriam médicos, empresas farmacêuticas ou
agências de seguro e quem seria o responsável por “prescrever” o uso das tecnologias para
determinado acompanhamento. Além disso, houveram perguntas acerca da diferença de
preços, performance e qualidade dos serviços, fosse por empresas privadas ou pelo Estado.
25
Por fim, houve uma pergunta de fins econômicos: “Além do mais, como os benefícios da alta
tecnologia seriam disponibilizados para aqueles de menor renda?” e “Estaríamos
construindo tecnologias somente para os ricos?” (COUGHLIN et al, 2007, p. 5, tradução
nossa). Apesar dessas questões, todos os partícipes do estudo foram a favor do
desenvolvimento e da comercialização das tecnologias assistivas para uso residencial, desde
que fossem construídas tendo em mente as questões por eles levantadas.
2. AS NECESSIDADES DAS ILPIS
2.1. ESTUDO DO TIPO ARQUITETÔNICO E SUAS NECESSIDADES
Tendo em vista todas as capacidades e questões sobre a tecnologia assistiva em sua
aplicação em ambientes de convivência frequente de pessoas idosas, este trabalho visa estudar
uma locação real para analisar suas necessidades com intuito de melhor direcionar o
desenvolvimento de um objeto baseado nos termos da tecnologia assistiva que possa
contribuir de fato para a melhoria da qualidade de vida e maior controle sobre a saúde e
cuidados necessários aos indivíduos idosos residentes. Mas, antes que possa ser apresentado
um local específico para o estudo de campo, faz-se necessária a definição das características
principais do tipo arquitetônico de Instituições de Repouso, especialmente as Instituições de
Longa Permanência para Idosos.
As conceituações principais para o entendimento deste trabalho são encontradas nas
definições apresentadas pela norma RDC Nº 283 de 26 de setembro de 2005, que versa acerca
dos objetivos para o funcionamento de Instituições de Longa Permanência para Idosos.
Segundo a norma, uma ILPI se constitui como:
instituições governamentais ou não governamentais, de caráter residencial, destinada
a domicilio coletivo de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, com ou sem
suporte familiar, em condição de liberdade e dignidade e cidadania.
(BRASIL, RDC Nº 283, DE 26 DE SETEMBRO DE 2005, p. 3).
Outras definições importantes a serem mencionadas são as referentes aos Graus de
Dependência do Idoso. A definição para dependência se refere à “condição do indivíduo que
requer o auxilio de pessoas ou de equipamentos especiais para realização de atividades da
vida diária” (BRASIL, 2005, p. 2) e este conceito se divide em três graus. O primeiro e mais
leve se refere aos idosos independentes, que podem ou não necessitar de equipamentos de
26
autoajuda, como bengalas, andadores, óculos, aparelhos auditivos ou cadeira de rodas. O
segundo grau categoriza os idosos com dependência moderada em certas atividades diárias,
no máximo três, como alimentação, mobilidade e higiene, além de dotar de pouco ou nenhum
comprometimento cognitivo. O terceiro e último grau é representado pelos idosos com
dependência que requerem assistência em todas as atividades diárias, podendo ou não ter
algum nível de comprometimento cognitivo.
A norma também aborda aspectos da infraestrutura física necessária para a ILPI ser
considerada adequada. Além dos preceitos iniciais referentes ao cuidado com aprovações de
órgãos competentes para construções, reformas ou adaptações e oferecer condições suficientes
de habitabilidade, higiene, salubridade, segurança e acessibilidade, logo no início pode ser
ressaltada a atenção ao idoso, de modo que quaisquer desníveis, se presentes no edifício,
devem apresentar rampas para evitar qualquer tipo de acidente. A construção deve estar de
acordo com os preceitos de rampas e escadas de acordo com as especificações da norma NBR
9050/ABNT, para garantia da acessibilidade no local.
Quanto a observações específicas, temos as ressalvas para os dormitórios, que deverão
ser divididos por sexo, voltados para acomodar no máximo 4 indivíduos e devem ter banheiro
próprio, além de que o banheiro não deve ter “qualquer desnível em forma de degrau para
conter a água, nem o uso de revestimentos que produzam brilhos e reflexos” (BRASIL, 2005,
p. 7), ressaltando a necessidade de impedir que os idosos sofram acidentes que possam
machucá-los gravemente. Banheiros coletivos também dotam de características específicas,
sendo necessária a separação por sexo e box com vaso sanitário que permita mobilidade para
transferência de frontal e lateral de indivíduos em cadeira de rodas, também sob
especificações da NBR 9050/ABNT. Uma ressalva a ser feita é que a norma não fala em tipo
de cerâmica de revestimento para piso, porém, graças a pesquisas e conversas com cuidadores
e familiares de idosos (que não necessariamente vivem em ILPIs), pode-se confirmar que há
preferências para os tipos de revestimento antiderrapantes, uma vez que, mesmo molhado,
ainda permite que uma pessoa ande sem escorregar com facilidade. Outro item que foi
ressaltado nessas conversas foram alças e corrimões no box do chuveiro, para ajudar o idoso a
se apoiar enquanto se higieniza. A norma não fala explicitamente sobre este item, mas alguns
cuidadores e familiares também ressaltaram a necessidade de apoio na hora do banho.
A norma aborda também os diversos ambientes que ILPI deve conter, como as áreas
de desenvolvimento de atividades voltadas para residentes com graus de dependência I e II,
como sala de atividades coletivas para até 15 pessoas e sala de convivência. Outros ambientes
específicos abordados na norma são sala para atividades de apoio individual e sócio-familiar,
27
espaço ecumênico, ambientes administrativos e de serviço, refeitório (com espaço para guarda
de lanches e lavatório), área externa descoberta para atividades ao ar livre, sendo que qualquer
um dos ambientes pode ser compartilhado de acordo com a afinidade funcional e em horários
ou situações diferenciadas.
Alguns fatores não abordados na lei também estão sendo estudados e podem ser postos
em questão a fim de melhorar a qualidade de vida das pessoas que vivem numa ILPI. Fora os
itens de tecnologia assistiva mencionados no trabalho, Isabella Sousa e Ivana Maia (2014)
mencionam em seu trabalho conjunto, diversos itens que seriam de grande utilidade na prática
da arquitetura de interiores voltada a ambientes para idosos portadores de Alzheimer. Faixas
de LED para realçar determinadas esquadrias em ambientes noturnos, controlar a quantidade
de entrada de luz com cortinas e lâmpadas foscas em posições afastadas da linha de visão dos
indivíduos, são exemplos de itens que podem ser usados para melhorar a qualidade de vida
dessas pessoas.
Estratégias construtivas também podem ser empregadas com o mesmo propósito,
como: evitar pisos reflexivos, brilhantes, diminuir o uso de móveis frágeis ou que possam
causar acidentes, como tapetes, e evitar quantidades excessivas de móveis para aumentar a
mobilidade dentro do ambiente interno. O uso de cores contrastantes para realçar objetos com
maior importância para garantia de segurança (como corrimões de escadas) também podem se
provar eficientes, assim como, fazer o oposto e evitar tons muito distintos uns dos outros para
portas de ambientes que não devem ser acessados pelos residentes, de modo a diminuir a
Figura 2. Conceito de
iluminação noturna para quarto
de idoso. Fonte: “FIGUEIRO,
MARIANA GROSS. A proposed
24 h lighting scheme for older
adults. Lighting research and
technology, v. 40, n. 2, p 153 -
160, 2008”, in SOUSA, Isabella
Gaspar ; MAIA, Ivana Márcia
Oliveira . Arquitetura de
interiores em ambientes para
idosos portadores da doença de
Alzheimer. Arq.Urb , v. 11, p.
192-207, 2014.
28
atenção para estes espaços. A própria planta arquitetônica pode ser uma ferramenta
imprescindível, pois durante a etapa projetual pode-se planejar um ambiente que possa
garantir grande visibilidade e acesso entre os diferentes cômodos, de modo a facilitar tanto o
uso pelo idoso quanto a rapidez da resposta dos profissionais e familiares em casos de
acidentes.
2.2. ESTUDO DE CAMPO: CASA DO PÃO DE SANTO ANTÔNIO
Apresentadas as necessidades e características principais, foi escolhida para o estudo
de campo a Instituição de Longa Permanência para Idosos da Associação da Pia União do Pão
de Santo Antônio, mais conhecida por “Casa do Pão de Santo Antônio”, a fim de definir com
maior precisão que obrigações o eventual objeto tecnológico (associado à parte arquitetônica)
desenvolvido deverá cumprir.
Figura 3. Layout de casa projetada para portadores de demência em Ayr, Escócia, com visibilidade
facilitada entre os diferentes ambientes. Fonte: “UNIVERSITY OF STIRLING. Dementia Services
Development Centre. Improving the design of housing to assist people with dementia. Escócia,
2013”, in SOUSA, Isabella Gaspar ; MAIA, Ivana Márcia Oliveira . Arquitetura de interiores em
ambientes para idosos portadores da doença de Alzheimer. Arq.Urb , v. 11, p. 192-207, 2014.
29
A Associação da Pia União do Pão de Santo Antônio se configura como uma
instituição filantrópica de fins não lucrativos, de utilidade pública em todas as esferas. A
instituição oferece serviços voltados a idosos de ambos os sexos a partir de 60 anos e possui
três categorias de residentes: o pobre sem família ou recursos de qualquer natureza (que é
acolhido pela casa desde que haja disponibilidade de vagas), o pensionista que pagará
mensalidade correspondente a 70% dos seus proveitos, e o pensionista com posse de maiores
recursos o qual pagará uma taxa fixada pela administração de acordo com as instalações
ocupadas. Atualmente tem estrutura constituída pelo Centro da Terceira Idade, que é
composto por 16 Chalés, 24 Apartamentos, Salão de Festas, Piscina e uma Capela Mortuária,
pelo “Casarão” (chamado assim por ser o antigo prédio), que se compõe de área
administrativa, das áreas de lazer e atividades comuns, instalações médicas e de serviço
social, e também pela Capela de Santo Antônio. A equipe técnica é composta por
profissionais da área da saúde, cuidadores, serviços técnicos e serviços gerais. A instituição
também colabora com instituições de ensino superior, disponibilizando vagas de estágio para
universitários.
A associação foi fundada em 1930 por Ernestina da Cunha Cerqueira Magalhães, mas
desde 1928, quando frei Ângelo Maria de Vignol fez juramento de votos a Santo Antônio para
pedir a saúde de um amigo, Ernestina Magalhães já prestava assistência a paroquianos
necessitados. O número de pessoas pobres, maioria idosos, cresceu com o passar do tempo,
contribuindo para a ideia de criar uma casa ou um grupo de casas que pudessem acolher tais
Figura 4. Localização da ILPI do Pão de Santo Antônio, ainda chamada de "Asilo
Pão de Santo Antônio" pelos mapas. Na esquina oposta, pela Avenida José
Bonifácio, fica o cemitério Santa Isabel (ressaltado em amarelo), e na sua lateral,
pela Rua Paes de Souza, se estende pela maior parte da quadra um terreno da
COSANPA (ressaltado em azul). Fonte: Google Maps, 2018.
30
desamparados. A partir desta ideia foi construído um edifício que se seria então conhecido
como “Casa de Santo Antônio”, projeto este que teve o lançamento da pedra fundamental em
15 de agosto de 1936, quando fora realizada uma solenidade tanto religiosa quanto formal e
administrativa. O projeto arquitetônico da Casa de Santo Antônio foi projetado por Carlos
Damasceno e orientado pelo engenheiro Francisco Bolonha, e a obra fora coordenada por
vários engenheiros, com destaque para o primeiro a assumir o projeto, Luiz Gonçalves da
Rocha. A inauguração do projeto original da Casa foi realizada em 13 de junho de 1944.
Para conferir o estado atual da associação e do edifício, hoje respectivamente com 88 e
74 anos de fundados, foi realizada uma primeira visita à ILPI da Associação da Pia União do
Pão de Santo Antônio para averiguar as necessidades locais e que possíveis tecnologias
poderiam ser utilizadas para melhorar tanto a qualidade de vida dos idosos residentes quanto
facilitar o ambiente de trabalho da equipe técnica.
O primeiro contato com a instituição se deu com uma conversa com a equipe técnica a
fim de conhecer os espaços comuns e como a instituição funciona atualmente. Neste primeiro
momento, foi possível notar boa preservação nos ambientes visitados e um grande número de
corredores e rampas acessíveis, permitindo entradas diversas a um mesmo ambiente. A
instituição também dota de um espaço aberto em seu centro, com móveis confortáveis de
madeira e contato com vegetação natural. Apesar de não haver qualquer tipo de ventilação
automatizada, no momento da visita, pelo período da manhã, o local era confortável do ponto
de vista térmico, com bastante ventilação e espaços sombreados.
Figura 5. Pátio central da
construção. Fonte: foto
registrada por Leonardo
Miranda, 2018.
31
Na entrada pela Avenida José Bonifácio, que dá acesso à parte administrativa e à
Capela, há acesso direto por escada e acesso com rampa para uma sala da ala administrativa,
por onde o indivíduo entrará e chegará aos corredores após transcorrer por ela. Na entrada
pela Rua Paes de Souza, que dá acesso direto aos chalés, a acessibilidade é garantida aos
idosos de forma integral. Logo, pode-se dizer que ambas as entradas principais são adequadas
para a acessibilidade. Além disso, ao lado da entrada da capela há um elevador específico para
atender pessoas que tenham dificuldade de subir degraus de escada e até mesmo rampa,
facilitando assim a mobilidade entre pavimentos para os idosos. As diferenças de nível entre
Figura 6. Rampa de acessibilidade com acesso à ala
administrativa, localizada na entrada pela Av. José
Bonifácio. Fonte: foto registrada por Leonardo
Miranda, 2018.
Figura 7. Elevador de acessibilidade, ao lado da
capela. Fonte: foto registrada por Leonardo
Miranda, 2018.
32
pisos também estão de acordo com a norma, uma vez que todos os ambientes observados
possuíam acesso com rampa.
Ainda durante a visita, foram observados múltiplos refeitórios em pontos distintos da
construção, os quais são designados aos idosos conforme proximidade dos cômodos em que
vivem. Apesar de ser recomendado que o idoso se alimente no refeitório ao qual seu quarto se
encontra mais próximo, eles se encontram livres para passear em qualquer ponto da
instituição; as mulheres podem até mesmo frequentar as salas de atividades da ala masculina
para jogarem cartas ou dominó. “Aqui não é uma prisão”, como fora dito durante a conversa
com um dos membros da equipe técnica da instituição, referindo-se à liberdade de ir e vir e
respeito à privacidade que os residentes têm dentro e fora da Casa de Repouso, podendo sair
para passear com familiares e voltarem sem hora marcada, tendo apenas o cuidado quanto à
questão da criminalidade fora da área da instituição, já que o bairro onde está localizada é
considerado perigoso. Apesar disso, possivelmente por respeito aos idosos, não houve casos
de violência ou furto na Casa do Pão de Santo Antônio nos últimos anos.
No que diz respeito às necessidades do local, foi possível notar que não há qualquer
traço de tecnologia assistiva no prédio. Não houve menção a quaisquer ausências
Figura 8. Exemplo de conexão de ambientes por rampa. Fonte: foto registrada por Leonardo
Miranda, 2018.
33
significativas, mas foi citado que a presença da tecnologia seria muito bem-vinda, desde que a
administração aprovasse devidamente, que houvesse um projeto adequado e fosse
condicionado às questões mais pertinentes às necessidades apresentadas pelos residentes, bem
como fosse viável economicamente. Uma menção a um objeto, não necessariamente
tecnológico, feita pelos residentes e citado na conversa durante a visita seria que a presença de
uma campainha ou alguma forma de facilitar a comunicação entre residentes e a equipe
técnica seria de muita ajuda quando fosse imperativa a chamada de socorro.
Outro detalhe a ser ressaltado durante a visita foi de que muitos dos idosos residentes
têm idade mais avançada que a faixa dos 60 a 70 anos, e muitos são dependentes de seus
cuidadores ou são semi dependentes (ou seja, possuem independência funcional, logo
precisam, por exemplo, serem lembrados de tomar seus medicamentos ou de realizarem
determinadas tarefas cotidianas. De resto, podem realizar suas atividades independentemente).
Portanto, no geral, a Casa do Pão de Santo Antônio se categoriza por possuir mais residentes
de graus de dependência 2 e 3.
A primeira visita, portanto, serviu para averiguar a situação do Pão de Santo Antônio e
analisar suas necessidades principais. Com isso em mente, foi possível concluir que a
Figura 9. Um dos refeitórios da ILPI do Pão de Santo Antônio. Fonte: foto registrada
por Leonardo Miranda, 2018.
34
instituição se encontra de acordo com as definições da norma estudada. Entretanto, como fora
mencionado, a possibilidade de inclusão de uma tecnologia voltada para comunicações se
encontra como uma possibilidade a ser considerada para o conforto e segurança dos
residentes. Mesmo com esses resultados colhidos e analisados, foi necessária a realização de
uma segunda visita para uma observação mais detalhada com a finalidade de nortear o
desenvolvimento do objeto, que é o viés principal deste trabalho.
2.3. ANÁLISE DAS ENTREVISTAS COM A EQUIPE TÉCNICA
Na segunda visita realizou-se uma entrevista com a equipe técnica que se constituiu de
oito questionamentos subjetivos principais, com ocasionais perguntas adicionais para melhor
detalhamento do assunto em questão. O questionário foi feito com a intenção de esclarecer às
questões que surgiram após análise dos elementos principais da primeira visita, como detalhes
sobre as necessidades tecnológicas do local, apontamentos acerca da edificação em si, como
um prédio com valor de preservação, e preferências da instituição a respeito destes dois
assuntos.
No início da entrevista, foram ressaltadas duas necessidades que um sistema eletrônico
poderia se provar eficiente: um tipo de sistema que pudesse facilitar a evolução de prontuário
dos residentes e novamente a presença de um sistema de comunicação, como uma campainha
ou objeto semelhante, para acelerar o atendimento por enfermeiros após serem acionados. De
modo geral, um sistema que pudesse ser de mais ajuda à equipe técnica para a prestação de
serviços. Isso até mesmo poderia ser útil durante a renovação de funcionários, quando as
informações sobre os residentes poderiam ser acessadas pelos novos profissionais. Com essas
informações, à primeira vista, foi possível concluir que a alta tecnologia aplicada seria mais
voltada para tornar mais precisa e eficiente a ação do corpo administrativo e profissional
como um conjunto, que servir para melhorar o conforto privado dos residentes locais.
As questões seguintes partiram para um viés mais estético e funcional, buscando
entender como a equipe técnica imaginava o objeto em si e como seria instalado, assim como
preferências a respeito de suas funções. Aqui foi averiguado que seria necessário um cuidado
especial para a instalação, uma vez que foi ressaltada uma preferência por uma tecnologia sem
fios, de modo que sua instalação fosse fácil e não intrusiva, além de não interferir
demasiadamente na estética do edifício, o que seria adequado a se fazer segundo profissionais
da área, como engenheiros e arquitetos, considerando que o prédio é antigo e devem ser
garantidos os devidos cuidados. Porém, um custo menor foi outro fator levado em
35
consideração, haja vista que a instituição trabalha custo benefício que esteja de acordo com
seus fundos.
Quanto à forma do objeto, houve uma preferência inicial para equipamentos instalados
no espaço físico e com fácil acessibilidade para os residentes, como locais perto de leitos,
próximo a portas ou num local facilmente visível pelo idoso. A ideia inicial também abordou
um objeto que alerte facilmente por ajuda, como a entrevistada respondeu: “eu penso numa
campainha que faça barulho”, se lembrando de uma familiar que comprou um objeto que faz
barulho toda vez que ela aperta, sinalizando um pedido de ajuda.
Entretanto, no decorrer da entrevista, foi notada uma preocupação com quedas e com
questão de identificação da origem do pedido, pois foi considerado que os idosos pudessem
estar em ambientes comuns, longe de um objeto instalado numa parede. Por isso, foi levado
em consideração algo que o residente pudesse levar consigo, como uma pulseira ou um
cordão, que tivesse botões próprios que se comunicassem da mesma maneira que o objeto
instalado no ambiente, acionando ajuda mesmo sem precisar estar perto. Outra hipótese
levantada nesse caso foi a necessidade do cuidador precisar se ausentar momentaneamente
após o residente se acidentar para chamar ajuda na enfermaria e só então voltar. Ter um objeto
que pudesse acionar ajuda sem necessidade dos cuidadores saírem do lado dos idosos poderia
solucionar esse problema. Quanto a outros tipos de sensores, como câmeras ou outras formas
de monitoramento mais preciso com auxílio de servidores, estes também seriam válidos, mas
ficariam complicados de serem adquiridos devido ao custo de aquisição, instalação e
manutenção.
No que se refere aos residentes, a entrevista serviu para compreender melhor as
necessidades físicas e preferências dos indivíduos que lá residem. A maioria dos idosos
possuem mais de 80 anos, porém não houve uma resposta com exatidão a respeito da
proporção de pessoas com grau 2 ou 3 de dependência segundo a norma, mas houve menção
de que novos residentes que entraram na instituição, por decisão própria ou de familiares, são
mais independentes funcionalmente, o que os encaixaria no grau 2 de dependência, também
chamados de “semi-dependentes”. Apesar disso, os residentes possuem saúde boa de modo
geral, e mesmo aqueles com doenças crônicas se encontram estáveis.
No entanto, quando fora perguntada sobre a facilidade ou dificuldade que teriam em se
comunicar utilizando a tecnologia, a entrevistada respondeu que havia mais dificuldade para
eles, porque muitos já possuíam memória de curto prazo mais debilitada, se esquecendo de
eventos e aprendizados recentes. Portanto, foi bastante ressaltada a necessidade de um sistema
que fosse o mais simples e intuitivo possível, como algo com dois ou três botões com cores
36
bem alarmantes e diferentes entre si. Foi também ressaltada a necessidade de alertas auditivos
além dos visuais, uma vez que na instituição também há idosos com dificuldade em enxergar.
Quanto à equipe técnica, a entrevistada disse estar disposta, assim como toda a equipe, a
aprender a operar qualquer objeto que pudesse trazer mais segurança e velocidade nos
atendimentos aos idosos.
Quanto à situação do prédio e de que tecnologias já estão implantadas no local, foi dito
que a edificação possui problemas pontuais, mas que são resolvidos conforme aparecem,
como goteiras e algumas falhas nos forros. Entretanto, novamente fora ressaltada a
necessidade de uma tecnologia que fosse pouco intrusiva, tanto aos residentes quanto à
construção em si, de modo que pouco interferisse na identidade visual do local e também não
necessitasse de reformas grandes ou de isolar áreas inteiras ou parcialmente, uma vez que isso
afetaria bastante tanto o trânsito dos residentes quanto da equipe técnica para auxiliá-los. E
sobre tecnologias implantadas, há internet, mas somente na área administrativa, não se
estendendo para as áreas do Casarão ou para os chalés.
Por fim, foi perguntado a respeito das áreas mais críticas para instalação da parte fixa
do objeto, de modo que este pudesse operar de forma mais eficiente e pudesse detectar com
mais exatidão qualquer pedido e pudesse estar, de fato, sujeito a maior quantidade de usos,
onde seria inegavelmente útil. Esses ambientes, segundo a entrevistada, seriam,
respectivamente, os banheiros, os quartos e só então corredores e áreas comuns, já que a
maior parte dos acidentes ocorridos na instituição aconteceu nos banheiros, porém houve uma
preocupação quanto ao alcance dos sinais de ajuda emitidos, então ela considerou que
também os instalaria nos quartos e, por último, nos corredores mais movimentados.
Sendo assim, analisando a entrevista, é possível dizer que a intenção inicial que fora
idealizada na primeira visita, de construir algum equipamento tivesse como principal função a
melhora da comunicação entre os residentes e a equipe técnica; é uma ideia possível e
adequada para adaptação à Casa do Pão de Santo Antônio. Portanto, baseado nestas
definições, foi iniciada a fase de construção do objeto tecnológico voltado para atender as
necessidades apresentadas e identificadas nos estudos teóricos e de campo.
37
3. DESENVOLVIMENTO DE OBJETO TECNOLÓGICO
3.1. PROCESSO DE ESCOLHA DA TECNOLOGIA APROPRIADA
Para escolha dos componentes a serem utilizados, foi levado em conta a praticidade de
se trabalhar com o objeto, fácil instalação, grande portabilidade, custo baixo e interface de
software simplificada. Baseando-se nesses requisitos foram escolhidos peças de hardware que
funcionassem com a placa Arduino Nano V2.0, que fossem pequenas o suficiente para serem
agrupadas juntas e não ocupar mais do que o equivalente a uma pulseira, formato escolhido
para abrigar os elementos que compõem o objeto.
Optou-se pelo objeto que pode ser usado pelo usuário a todo o momento, no caso uma
pulseira, visto que neste formato podem ser incluídas variadas funções e ainda construir um
formato confortável de ser usado. Além disso, para a parte fixa da tecnologia, foi escolhido o
uso de um sistema de som pequeno, como uma caixa de som simples, e um receptor Bluetooth
para encaminhar os pedidos emitidos pela pulseira para celulares com o sistema operacional
Android cadastrados no banco de dados.
Para compor o sistema como um todo, foram escolhidos dois botões que ativarão as
funções de “Pedido”, que servirá para chamar cuidadores sem categorizar urgência no
atendimento, e “Emergência”, que acionará um pedido de ajuda que merece atenção imediata
para o usuário. Também faziam parte do sistema dois módulos Bluetooth HC-06, que
posteriormente foram substituídos por módulos RF NRF24L01, e o acelerômetro ADXL345,
trocado pelo acelerômetro e giroscópio MPU-6050. Os primeiros servirão para gerar sinais
para encaminhar mensagens para os dispositivos cadastrados ou para emitir alerta sonoro via
caixa de som, enquanto o segundo foi idealizado para cadastrar quedas e gerar sinais
automaticamente, acionando o pedido de ajuda sem necessidade de pressionar qualquer botão.
Para a programação das funções, utilizou-se o software da própria placa Arduino, e para o
encaixe inicial das peças utilizou-se a bread board BB-4T7D-01 da marca Cixi Wanjie
Electronic Co.,Ltd.
3.2. DESENVOLVIMENTO DO OBJETO E TESTES PRÁTICOS
Para o início do projeto, foi necessário primeiramente testar cada peça isoladamente, a
fim de atestar seu funcionamento normal, assim como aprender a controlar o que faziam
utilizando-se de comandos via software. Para tal, utilizaram-se diversos exercícios de
38
exemplo incluídos no próprio programa de computador da Arduino, assim como códigos de
programação achados em sites voltados para o ensino sobre a placa.
O primeiro teste executado teve a finalidade de assegurar que a comunicação com a
placa Arduino Nano estava funcionando, através do código de exemplo chamado “Blink”,
que executa o comando de piscar as luzes LED “RX” e “TX” na placa.
Em seguida, foi testada a comunicação com o módulo Bluetooth HC-06 através do
programa de computador, sem necessidade de pareamento com outro objeto. Este teste se
conduziu através dos comandos “LED: OFF”, representado pela letra “L” no Monitor Serial
(janela onde são inseridos e representados visualmente os comandos dentro do programa), e
“LED: ON”, representado pela letra “H”. Tal comando era dirigido ao módulo Bluetooth para
ser executado na placa Arduino, utilizando o indicador LED “L”. O processo pode ser melhor
visualizado nas imagens abaixo:
Figura 10. Teste "Blink" da placa Arduino
Nano. Na sequência de imagens ao lado,
podemos ver na primeira imagem apenas o
indicador em LED “POW” aceso, o que
indica que o equipamento está ligado. Em
seguida, após a execução do código-
exemplo, pode ser visto o indicador em
LED “RX” e em seguida o indicador “TX”
acesos. Fonte: foto registrada por Leonardo
Miranda, 2019.
3
O teste seguinte se caracterizou pela instalação, primeiramente do acelerômetro
ADXL345, o qual foi eventualmente substituído pelo acelerômetro e giroscópio MPU-6050,
que permitirá maior precisão ao detectar quedas, pois poderá detectar picos de variação tanto
em velocidade, com a unidade de metro por segundo, quanto em ângulo de inclinação, usando
a unidade de radiano por segundo. A instalação foi bem sucedida em ambos, mas preferiu-se
usar a placa MPU-6050, em virtude de maior acuidade no trabalho que executará no objeto
finalizado e também por ser fisicamente menor, facilitando o encaixe no produto final.
Figura 12. Teste do Bluetooth na placa Arduino
Nano. A imagem demonstra o que acontece na placa
quando o estado do LED está em “OFF”. Fonte: foto
registrada por Leonardo Miranda, 2019.
Figura 11. Teste do Bluetooth na placa Arduino Nano.
A imagem demonstra o que acontece na placa quando
o estado do LED está em “ON”. Nota-se uma segunda
luz vermelha ligada na placa Arduino. Fonte: foto
registrada por Leonardo Miranda, 2019.
Figura 13. Acelerômetro ADXL345, que
posteriormente foi trocado pelo acelerômetro e
giroscópio MPU-6050. Fonte: foto registrada
por Leonardo Miranda, 2019.
Figura 14. Acelerômetro e giroscópio MPU-6050,
já instalado no sistema. Fonte: foto registrada por
Leonardo Miranda, 2019.
34
Por fim, foram instalados dois botões pequenos, que não são os que serão
representados no produto final em virtude de seu diminuto tamanho e consequente dificuldade
de ser visto, se for considerado o público alvo. Nesta etapa, cada um foi programado para
fornecer um texto quando pressionado, sendo estes textos os seguintes: “Pedido”, para
sinalizar um pedido sem urgência a cuidadores e enfermeiros, e “Emergência”, para sinalizar
um pedido de ajuda devido a quedas e outros tipos de pedido de socorro. O resultado do teste
foi bem sucedido, como mostra a imagem abaixo, com o estado final do sistema conectado na
bread board.
Figura 15. Ao lado, uma
imagem demonstrativa do
funcionamento dos botões,
representadas no Monitor Serial
através das palavras “Pedido” e
“Emergência!”. Fonte: foto
registrada por Leonardo
Miranda, 2019.
Figura 16. Foto do sistema com
todos os componentes
idealizados já instalados na placa
Arduino Nano através da Bread
Board. Fonte: foto registrada por
Leonardo Miranda, 2019.
35
Com todos os componentes do sistema funcionando isoladamente, partiu-se então para
a etapa de programação a fim de unir todos os códigos isolados num só para que o sistema
funcione unificado e permitindo que, por exemplo, o botão consiga se comunicar pelo módulo
Bluetooth, assim como o acelerômetro e giroscópio também sinalizarão o pedido de ajuda,
conforme for detectada uma variação súbita na velocidade e ângulo. O código foi adaptado
com sucesso e diversos testes foram realizados, sendo divididos em diferentes etapas, aqui
chamadas de “gatilhos”.
Os gatilhos registram, através do sensor MPU-6050, os diversos momentos da queda
em m/s (metros por segundo), representado por Gs (unidade de aceleração da gravidade),
sendo 1 G igual a aproximadamente 10 m/s. Após a confirmação de cada Gatilho, há
sinalização expressa da queda, porém caso algum não seja captado corretamente, o processo é
desativado e o sistema volta ao repouso.
O Gatilho 1 registra o momento de queda livre e para tal considerou-se registro de
aceleração de 0,4 G (aproximadamente 3 a 4 m/s). Isto é: durante o momento de queda livre, o
sensor captará aceleração no sentido da gravidade, diminuindo assim a sensação de peso sobre
o corpo em movimento contínuo em direção ao solo. Portanto, quanto for registrada uma
sensação de peso correspondente à aceleração imposta no código, a condição estabelecida no
Gatilho 1 será cumprida e o código passará a ler o que foi estabelecido no Gatilho 2.
O Gatilho 2 registra o momento de impacto da queda em m/s, também representado
por Gs, mas para o momento de impacto considerou-se registro de aceleração de 3 G
(aproximadamente 28 a 30 m/s). Isso se traduz na súbita mudança de direção, que o sensor
registra ao alcançar o solo, pois, incapaz de atravessar sólidos, o sensor capta grande
aceleração contrária ao sentido da gravidade gerada no impacto graças à inércia da queda.
Além disso, o Trigger 2 também registra mudança de ângulo em graus por segundo para
determinar se o indivíduo de fato caiu. A variação considerada se encontra entre 80º e 100º
graus do momento inicial ao momento final da queda. Se for registrado, por exemplo, uma
mudança de movimento de um indivíduo em posição ereta para uma posição deitada, a
mudança em ângulos seria de aproximadamente 90 graus, mas essa mudança pode se delongar
no tempo e não será registrada como queda. Mas, se essa variação for alcançada em menos de
um segundo, o Gatilho 2 sinalizará como queda e o código passará a ler o Gatilho 3.
O Gatilho 3 registra a estabilidade do sistema após a queda, sinalizando imobilidade
de uma pessoa caída. O cálculo é feito em variação de ângulo por segundo, admitindo uma
tolerância de 0º a 10º graus de variação. Isso significa que, caso a pessoa caia, ela primeiro
sinta o impacto, seguido de dores, e continue deitada, e se configura especialmente para casos
36
de desmaio, com a imobilidade total da pessoa uma vez caída no chão. Caso tal estabilidade
da pessoa caída seja registrada, o código enfim ativa o último Gatilho. Porém, caso o sensor
capte todos os Gatilhos anteriores, mas seja detectado bastante movimento durante o Gatilho
3, o sensor retorna ao estado de repouso. Isso serve para prevenir falsos alarmes quando o
usuário estiver descendo escadas, fazendo exercícios ou mesmo tropeçar, mas readquirir o
equilíbrio a tempo.
O último Gatilho não tem condições próprias, mas é a comprovação no código de que
a queda de fato aconteceu, sendo nomeado apenas como “Queda Detectada”. Ele serve apenas
para registrar todo o ocorrido e enviar os sinais necessários aos outros sistemas. No caso deste
estudo, o último Gatilho, quando confirmado, gera mensagem “Emergência”,
semelhantemente ao botão de emergência.
Gerada a mensagem pelo pressionar do botão designado ou quando sinalizada
automaticamente após uma queda, o código foi feito para enviar uma mensagem contínua
para outro sistema via Bluetooth, sendo os dizeres dessa mensagem (que se repetirá várias
vezes por segundo): "Ajuda a Caminho". O código foi escrito, também, para cessar a
repetição dessas mensagens quando o botão de emergência for pressionado uma segunda vez,
sinalizando a frase "Ajuda Chegou".
Uma vez finalizado o sistema da pulseira, foram realizados testes para averiguar sua
eficácia em ambiente controlado. Os testes foram realizados aumentando a sensibilidade do
sensor para registrar momento de queda livre em aceleração próxima a 8 m/s
(aproximadamente 0,8 G) e registrar impacto próximo de 12 m/s (aproximadamente 1,2 G).
Isso foi realizado dessa maneira porque o sistema ainda está ligado à breadboard e
consequentemente ligado ao computador, limitando a mobilidade geral e dificultando uma
simulação de queda real. Felizmente, foram instalados cabos longos ao sensor e tal etapa pôde
ser realizada nos conformes mais sensíveis agora apresentados. Os movimentos de testes
realizados foram: soltar o sensor do ponto mais alto que podia alcançar, deixando-o cair
pouco distante da placa Arduino; e jogar o sensor de um lado para o outro da breadboard.
Com a sensibilidade alta, o sistema detectou a queda e sinalizou no Monitor Serial as
mensagens que foram codificadas para serem enviadas conforme as etapas fossem cumpridas.
37
Figura 18. Na figura, a janela do Monitor Serial registrando, através das frases programadas no código, a
simulação de queda. Os gatilhos foram detectados e ativados sequencialmente e então a mensagem "Queda
Detectada" foi mostrada, acionando a função de emergência. Tão logo a mensagem “Ajuda a Caminho” foi
escrita várias vezes até que o botão de Emergência fosse apertado uma segunda vez, sendo sinalizado pela frase
“Emergência” na base da imagem. Só então aparece a frase “Ajuda Chegou” e o sistema retorna ao repouso.
Fonte: imagem de computador registrada por Leonardo Miranda, 2019.
Figura 17. Na figura, demonstra-se a ação de queda no código de exemplo tornado mais sensível
às variações de velocidade e ângulo. Fonte: foto registrada por Leonardo Miranda, 2019.
38
Assim que fora finalizado o sistema da pulseira, foi iniciada a construção do sistema
receptor dos sinais emitidos pelos botões e sensor. Foi então definida a criação de uma caixa
de som utilizando uma placa Arduino Uno, um buzzer e um módulo Bluetooth HC-06. Esse
sistema seria instalado na parede externa ao quarto do usuário da pulseira, ligando um alarme
sonoro para avisar um pedido ou uma emergência quando recebesse quaisquer desses avisos
do sistema da pulseira. Sua instalação seria na parede, à altura da porta.
Finalizados as etapas de montagem e testes iniciais, prosseguiu-se para a junção e
comunicação entre ambos os sistemas da pulseira e da caixa de som. Entretanto, pôde-se notar
que os módulos de comunicação Bluetooth usados, o módulo HC-06, só possuem função
“slave”, ou seja, só podem receber comunicação de outros dispositivos e não podem, por si só,
se conectarem a outros. Este problema poderia ser solucionado com a troca do módulo da
pulseira pelo módulo Bluetooth HC-05, que pode ser programado para ser tanto “slave”
Figura 19. Na figura ao lado, os
componentes do segundo
sistema: o buzzer no canto
superior esquerdo, o segundo
módulo Bluetooth HC-06 no
centro e a placa Arduino Uno
no canto inferior. Fonte: foto
registrada por Leonardo
Miranda, 2019.
Figura 20. Na figura ao lado,
o sistema montado e testado
em conjunto com o
computador. Fonte: foto
registrada por Leonardo
Miranda, 2019.
39
quanto “master”, que inicia as comunicações, ou trocar o sistema de comunicação de
Bluetooth para outro tipo de sistema de comunicações, como o de Rádio Frequência (RF).
O projeto então se adequou para comportar o sistema de RF, com utilização de duas
placas NRF24L01, uma em cada sistema. Apesar da dificuldade inicial devido à mudança do
código até então desenvolvido, os sistemas obtiveram sucesso na comunicação, podendo
enfim trocar informações entre si.
Após instalação dos módulos RF, prosseguiu-se para a construção do código que
ligaria as funções dos botões e do sensor MPU-6050 do sistema da pulseira para a ativação do
buzzer no segundo sistema. O intuito inicial era fazer com que os resultados alcançados que
apareciam no Monitor Serial (as palavras “Pedido” e “Emergência” e as frases que
representavam as respectivas ações a serem tomadas) gerassem sinais sonoros específicos que
caracterizassem com clareza cada função.
Portanto, primeiramente se definiu que tipo de som remeteria a qual função, sendo um
constituído de frequência contínua e de duração predefinida (de 2 a 4 segundos), que
simbolizaria a função “Pedido”, enquanto o outro deveria representar a função “Emergência”
com um som de frequência alternada e sem duração determinada, cessando somente com o
pressionar do botão designado para emergências. O barulho desejado para a segunda função
foi criado para se comportar dessa maneira para que seja acionado no momento de quedas ou
quando o usuário desejar, mas que só seja desativado quando os profissionais aptos para o
socorro tenham chegado ao local e apertarem por si o botão, sinalizando atendimento ao
usuário.
Após os ajustes do código para gerar o sinal sonoro, ambos sistemas foram
desmontados da bread board em que estavam e remontados cada um em uma bread board
diferente, de tamanho reduzido e cabos mais resistentes, para que fossem executados os testes
Figura 21. Na figura ao lado, o módulo RF
utilizado, de nome NRF24L01. Fonte: foto
registrada por Leonardo Miranda, 2019.
40
finais da eficiência do código finalizado, assim como, o alcance das ondas de rádio
frequência.
Com os sistemas divididos, pôde-se planejar, que fontes de energia seriam necessárias
para alimentar ambos mecanismos, levando em consideração as voltagens necessárias para
cada placa ligada às placas Arduino Nano e Uno. Para a pulseira decidiu-se usar baterias que
pudessem passar voltagem de pelo menos 5 V, uma vez que, tanto o sensor MPU-6050 quanto
Figura 22. Foto do sistema designado à pulseira na nova e mais portátil bread board.
Neste sistema estão instalados a placa Arduino Nano, o MPU-6050, um módulo RF e os
dois botões. Fonte: foto registrada por Leonardo Miranda, 2019.
Figura 23. Foto do sistema designado à caixa de som na nova e mais portátil bread board. Neste sistema estão
instalados a placa Arduino Uno, o buzzer e um módulo RF. Fonte: foto registrada por Leonardo Miranda, 2019.
41
os botões necessitam desta quantidade de energia para funcionar corretamente, assim como, a
própria bateria é uma fonte de alimentação de fácil acesso no mercado e de tamanho diminuto
o suficiente para ser acoplado numa pulseira.
No entanto, para o sistema da caixa de som houve algumas modificações: inicialmente
planejava-se utilizar bateria de pelo menos 3,3 V para sua alimentação, uma vez que essa é a
voltagem necessária para o funcionamento adequado do buzzer e do módulo RF, mas
considerou-se por fim o modo como este equipamento será instalado num ambiente real. Não
havendo necessidade de ser portátil como a pulseira, foi decidido que a alimentação primária
da caixa de som seria diretamente na rede elétrica residencial, utilizando-se o cabo com
conector USB em conjunto com adaptador para tomadas de 110 V, como os cabos utilizados
para carregamento de celulares modernos. Desse modo, não haveria necessidade de
dependência de baterias.
Definida a fonte de energia dos sistemas, partiu-se para os testes práticos finais dos
protótipos, aonde foram encontrados mais detalhes interessantes a serem aprofundados. No
início desta etapa, foi detectado um erro no código de ambos sistemas no qual quando um era
desligado, por qualquer que fosse o motivo, o outro sistema não era acionado ou mesmo era
capaz de realizar as funções para quais fora programado. Isso foi levado em conta para os
ajustes finais do código, que agora permite que o sistema da caixa de som, caso o sistema da
pulseira seja desligado acidentalmente ou tenha a bateria esgotada no momento em que uma
emergência for acionada, continue em funcionamento normal até que a pulseira seja reativada
e possa responder adequadamente. Isso foi importante a ser considerado devido à
possibilidade do sistema sofrer algum erro mecânico em casos de quedas de grande impacto
ou, como mencionado anteriormente, se houver esgotamento da fonte de alimentação.
Outra consideração a ser feita, encontrada durante os testes finais, levar em conta
quedas com variação de velocidade lenta ou um chamado de emergência em usuários que já
estejam deitados. Como pode se imaginar, o sensor de quedas não detectará uma queda lenta
ou mesmo detectará movimento quando o indivíduo sentir-se mal. No entanto, foi para esses
casos específicos que fora designado o botão de emergência na pulseira. Levando em conta a
ausência de um sistema de comunicação eletrônico no estudo de campo realizado na ILPI do
Pão de Santo Antônio, foi considerado que quando um idoso passava mal em condição
semelhante às apresentadas, o cuidador responsável deveria se ausentar por um breve
momento, que poderia variar de uma corrida até a porta do quarto para chamar ajuda ou
mesmo de um deslocamento maior até a dependência da enfermaria da ILPI. Apesar disso
acontecer com pouca frequência, o projeto da pulseira foi feito para que o cuidador nunca
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Tecnologia assistiva na Arquitetura das smart homes: o uso de sensores para aplicação no ambiente interno de instituições de longa permanência para idosos

  • 1. UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE TECNOLOGIA FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO II Profº Dr. RONALDO NONATO FERREIRA MARQUES DE CARVALHO Profº Dr. MANOEL DA SILVA FILHO LEONARDO MIRANDA ABDON – Nº DE MATRÍCULA: 201404340038 TECNOLOGIA ASSISTIVA NA ARQUITETURA DAS SMART HOMES: O USO DE SENSORES PARA APLICAÇÃO NO AMBIENTE INTERNO DE INSTITUIÇÕES DE LONGA PERMANÊNCIA PARA IDOSOS BELÉM – PA 2019
  • 2. LEONARDO MIRANDA ABDON - 201404340038 TECNOLOGIA ASSISTIVA NA ARQUITETURA DAS SMART HOMES: O USO DE SENSORES PARA APLICAÇÃO NO AMBIENTE INTERNO DE INSTITUIÇÕES DE LONGA PERMANÊNCIA PARA IDOSOS Trabalho apresentado à disciplina Trabalho de Conclusão de Curso II, sob a orientação do Professor Doutor Ronaldo Nonato Ferreira Marques de Carvalho e coorientação do Professor Doutor Manoel da Silva Filho, como requisito de avaliação. BELÉM – PA 2019
  • 3. LEONARDO MIRANDA ABDON - 201404340038 TECNOLOGIA ASSISTIVA NA ARQUITETURA DAS SMART HOMES: O USO DE SENSORES PARA APLICAÇÃO NO AMBIENTE INTERNO DE INSTITUIÇÕES DE LONGA PERMANÊNCIA PARA IDOSOS Trabalho apresentado à disciplina Trabalho de Conclusão de Curso II, sob a orientação do Professor Doutor Ronaldo Nonato Ferreira Marques de Carvalho e coorientação do Professor Doutor Manoel da Silva Filho, como requisito de avaliação. Belém, _____de março de 2019. BANCA EXAMINADORA ___________________________________________________ - Orientador Prof. Dr. Ronaldo Nonato Ferreira Marques de Carvalho Universidade Federal do Pará - UFPA ___________________________________________________ - Coorientador Prof. Dr. Manoel da Silva Filho Universidade Federal do Pará - UFPA _______________________________________________ Prof. Dr. Fabiano Homobono Paes de Andrade Universidade Federal do Pará – UFPA _______________________________________________ Prof. Dr. Márcio Santos Barata Universidade Federal do Pará - UFPA
  • 4. “Ter sonhos é normal. Lembrar-se deles é um dom. Vivê-los é uma benção.” Leonardo Miranda
  • 5. AGRADECIMENTOS E DEDICATÓRIA À minha família, principalmente minha mãe, minha irmã, meu cunhado e minha avó, agradeço pelo apoio emocional constante, por entender meus momentos de frustração e de felicidade, e por me ajudar até mesmo no conteúdo deste trabalho. Ao meu amigo mais próximo, Paulo Vitor, por estar comigo há 13 anos, me divertindo com suas piadas, ouvindo minhas histórias e dividindo um imenso interesse pela tecnologia, levando-me a este trabalho. Aos meus amigos da época de colégio, Leon, Toshiaki, Allan, Gabriel e Letícia, por saberem como me alegrar sempre que eu parecia exausto demais dos dias de trabalho. Aos meus amigos da Faculdade de Direito, Rafael e Alone, que muito me incentivaram a seguir meus sonhos e buscar no curso de Arquitetura e Urbanismo o profissional que eu almejava ser. Aos meus amigos da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Fernanda, Ruan, Renan, Rafael, Gabriela, Inês, Larissa, Letícia, Mariana e Katrine, por enfrentarem comigo os 5 árduos anos de ensino superior desse curso que tanto amamos. Aos meus amigos do laboratório LAMEMO, que me mostraram o mundo de novidades e uma carreira inteira no campo acadêmico que eu posso seguir no futuro. Ao meu amigo de Laboratório de Neuroengenharia, Rafael, por ter me ensinado muitas coisas que eu precisava saber para mexer com placas Arduino e módulos acessórios. Aos meus amigos do Laboratório de Neuroengenharia, por me ensinarem tanto em tão pouco tempo. Aos meus professores Márcio Barata, Jorge Eiró, Luciano, Fabiano Homobono, Kostas e Roseane Norat por terem sido os melhores mentores de minhas disciplinas favoritas e delas ter tirado inspiração para a produção deste trabalho. Ao meu professor orientador, Ronaldo Nonato, por sempre me incentivar a buscar novos horizontes fora do curso de Arquitetura e Urbanismo para tornar meu trabalho único e novo em todos os aspectos, desde a ideia inicial de fazer uma pesquisa em jogos eletrônicos até o presente trabalho de tecnologia de smart homes. E ao meu professor co-orientador, Manoel da Silva, por me introduzir ao campo do desenvolvimento de tecnologias, por me ensinar o que posso fazer pelo mundo através dos meus conhecimentos, por sempre incentivar a sabedoria e o estudo e por sempre fazer as piadas mais inesperadas durante os dias de laboratório. Dedico este trabalho a vocês, minha família, meus amigos e meus mentores, que me permitiram, me acompanharam e me ajudaram a realizar o sonho de me tornar um arquiteto.
  • 6. RESUMO Este trabalho busca analisar as transformações tecnológicas advindas das smart homes e suas particularidades, assim como aprofundar-se no estudo de tecnologias assistivas, a fim de criar um objeto tecnológico voltado a Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI). Este estudo também busca analisar as características próprias de uma ILPI através de estudos teóricos, leitura das normas disponíveis e estudo de campo, com visitações à ILPI do Pão de Santo Antônio para melhor percepção de suas realidades e necessidades, de modo a guiarem o desenvolvimento de um objeto em prol dos pontos apresentados. Por fim, pretende- se realizar a criação deste objeto voltado para atender problemas pontuais e, uma vez finalizado, estudar suas capacidades de atuação em simulação de projeto arquitetônico de dormitório tipo criado com base nos estudos realizados. Palavras-Chave: Instituições de Longa Permanência para Idosos, Tecnologia Assistiva, Smart Homes, Idosos, Tecnologia na Arquitetura.
  • 7. ABSTRACT This work seeks to analyze the technological changes coming from smart homes and their particularities, as well as to deepen the study of assistive technologies, in order to create a technological object aimed at Long-Term Care for the Elderly (LTCE). This study also seeks to analyze the characteristics of an ILPI through theoretical studies, reading of available standards and field study, as well as visits to Pão de Santo Antônio LTCE for better understanding of their realities and needs, in order to guide the development of an object designed under these presented guidances. Finally, it’s intended to create this object to solve specific problems and, once finalized, to study its capacities in a simulation of architectural project for a dormitory created based on the what was researched during this labor. Keywords: Long-Term Care for the Elderly, Assistive Technologies, Smart Homes, Elderly, Technology in Architecture.
  • 8. SUMÁRIO INTRODUÇÃO........................................................................................................................ 8 TÍTULO DO TRABALHO.............................................................................................. 8 DELIMITAÇÃO DO TEMA........................................................................................... 8 JUSTIFICATIVA............................................................................................................. 8 PROBLEMA DE PESQUISA........................................................................................ 10 OBJETIVOS .................................................................................................................. 11 1. SMART HOMES: O LAR DO FUTURO NO PRESENTE.......................................... 13 1.1. O MUNDO DAS TECNOLOGIAS ....................................................................... 13 1.2. TECNOLOGIAS ASSISTIVAS DAS SMART HOMES...................................... 19 1.3. DISCUSSÕES QUANTO À APLICAÇÃO DA TECNOLOGIA ASSISTIVA.... 22 2. AS NECESSIDADES DAS ILPIS.................................................................................... 25 2.1. ESTUDO DO TIPO ARQUITETÔNICO E SUAS NECESSIDADES................. 25 2.2. ESTUDO DE CAMPO: CASA DO PÃO DE SANTO ANTÔNIO ...................... 28 2.3. ANÁLISE DAS ENTREVISTAS COM A EQUIPE TÉCNICA........................... 34 3. DESENVOLVIMENTO DE OBJETO TECNOLÓGICO............................................ 37 3.1. PROCESSO DE ESCOLHA DA TECNOLOGIA APROPRIADA ...................... 37 3.2. DESENVOLVIMENTO DO OBJETO E TESTES PRÁTICOS........................... 37 3.3. APLICAÇÃO DA TECNOLOGIA EM PROJETO ARQUITETÔNICO ............. 43 3.4. PROJETO DA PULSEIRA E CAIXA DE SOM................................................... 46 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................ 50 TRABALHOS FUTUROS ............................................................................................ 51 BIBLIOGRAFIA.................................................................................................................... 53 APÊNDICES........................................................................................................................... 57 CÓDIGOS DE PROGRAMAÇÃO NO SOFTWARE DO ARDUINO ........................ 57 PLANTAS ARQUITETÔNICAS FEITAS NO SOFTWARE AUTOCAD 2018......... 66
  • 9. 8 INTRODUÇÃO TÍTULO DO TRABALHO Tecnologia assistiva na arquitetura das smart homes: o uso de sensores para aplicação no ambiente interno de instituições de longa permanência para idosos. DELIMITAÇÃO DO TEMA Análise espacial do tipo arquitetônico das Instituições de Longa Permanência para Idosos para identificar as necessidades tecnológicas mais imperativas e buscar soluções em laboratório com intuito de melhorar o aproveitamento dos espaços para tornar os ambientes comuns e privativos mais úteis e proveitosos aos seus usuários. JUSTIFICATIVA A escolha da temática das tecnologias assistivas para seu uso em ambientes de convivência frequente de pessoas de idade avançada se deu com o interesse pelo uso de tecnologias novas dentro de residências, de modo a unificar um sistema de comunicação e informática entre os mais diversos objetos eletrônicos. No entanto, houve maior interesse não somente em aplicar esses novos processos numa construção qualquer, somente para facilitar o cotidiano ou trazer mais comodidade ao usuário, mas de aplicar tais procedimentos em ambientes onde o indivíduo se encontra numa situação em que até mesmo realizar tarefas diárias é um ato dificultoso, como é o caso de indivíduos com deficiências motoras ou idosos com maior necessidade de cuidados específicos. A temática da tecnologia na arquitetura pode ser considerada uma discussão nova, haja vista a própria novidade das altas tecnologias residenciais. Sob esta ótica, não se refere neste trabalho às tecnologias individuais dos móveis do interior de um prédio, como aparelhos televisores, computadores, eletrodomésticos ou mesmo objetos mais simples, como cadeiras, mesas e camas. Cada um pode merecer um estudo individual para si, dada tamanha evolução de formas, estilísticas, materiais e a própria fabricação destes objetos, mas este não pode ser considerado o foco deste trabalho. O cerne deste estudo se dá na relação que a alta tecnologia traz com a forma de viver em casa, com a forma de trabalhar em uma sala específica, com a dependência que a
  • 10. 9 arquitetura cria com os mais diversos objetos que são inventados inicialmente para trazer conforto, mas eventualmente se tornam partes essenciais do projeto arquitetônico, os quais, quando ausentes, podem tornar um edifício inteiro completamente ineficiente. Fala-se, então, neste trabalho de tecnologias que possam mudar o modo de ver e tratar a arte de fazer arquitetura, que um dia mudaram o trabalho do arquiteto e continuarão a transformar esta profissão. Isto será importante a ser ressaltado haja vista a necessidade que a arquitetura tem de representar em sua construção a vida humana e a ela se adequar em primeiro lugar. Como arte, ela deve representar um movimento, os estilos e as tendências, de uma determinada época. Entretanto, sua organização, seu projeto e suas funções representam o modo como determinada sociedade vive e se organiza no espaço durante tais anos. Acima de tudo, os edifícios arquitetônicos devem ser feitos por humanos para humanos, e se uma vez construído não passar a atender às necessidades a que foram planejadas, torna-se apenas um objeto artístico, uma escultura, pois a arquitetura somente nasce conforme há relação entre o objeto, o espaço “vazio” dentro desse objeto e o sujeito que o utiliza e como faz uso desse espaço disponível, como pode ser compreendido nas palavras de Maurício PULS (2006). Portanto, seguindo esta lógica, se uma sociedade se encontra em profunda relação com a alta tecnologia, por que suas residências e ambientes de trabalho também não deveriam estar? E, ainda sob esta ótica, por que também não estender esses ideais tecnológicos àqueles que mais poderiam se beneficiar com essas novas formas de vivenciar os ambientes arquitetônicos, como idosos e pessoas com necessidades específicas? Traz-se, portanto, a importância das tecnologias assistivas em ambientes residenciais. A temática da tecnologia assistiva em casas de repouso para idosos é bastante abordada nas pesquisas do professor pós-doutor pela Universidade do Minessota George DEMIRIS et al (2008), que procura na tecnologia aplicada em smart homes a solução para uma rotina de preocupações em adultos com mais de 65 anos e independentes de variados locais, abordando variadas problemáticas em seus estudos, desde preferências por determinadas tecnologias, preocupação com privacidade, uso pela equipe técnica e pelos próprios idosos, e recepção de tais tecnologias no ambiente residencial. Semelhantemente, a problemática da tecnologia assistiva e sua aplicação numa Smart Home não precisa limitar-se a residências, podendo haver auxílio e monitoramento da rotina de pessoas com problemas de saúde – como diabetes – remotamente, como é apresentado por
  • 11. 10 Abdelsalam HELAL et al (2009), no qual se utiliza de wearable tech, como relógios, pulseiras e óculos inteligentes com processadores e tecnologias empregadas dentro desses objetos, em conjunto com tecnologias dentro das residências, sejam smart homes ou não. Do mesmo jeito, deve-se compreender a capacidade imensurável que os sistemas de Arduino, apresentados na pesquisa de Rajeec PIYARE (2013), podem ter quando instalados em uma Smart Home e associados a celulares com sistema operacional baseados na plataforma Android. A principal problemática abordada por ele constitui-se na facilidade de criação de um sistema de controle de funções simples de uma residência, como ligar e desligar luzes, feito pelo celular, baseando-se a criação deste sistema nas placas Arduino, conhecidas por seus baixos custos e alta versatilidade. Com base nesses estudos, houve grande interesse em estudar pessoalmente o ambiente de uma Instituição de Longa Permanência para Idosos, ou ILPI, também conhecidas como casas de repouso, e antigamente nominadas como “asilos”, termo hoje abandonado por sua carga pejorativa. Com o objeto de estudo delimitado, escolheu-se a ILPI do Pão de Santo Antônio, situada na Avenida José Bonifácio, Bairro do Guamá, cidade de Belém do Pará. Tal escolha adotada em virtude da notoriedade do local, na comunidade como um lugar conhecido por acolher idosos e oferecer os cuidados adequados para lhes dar um cotidiano digno. Portanto, o interesse pela possibilidade da aplicação da tecnologia assistiva no local se deu tanto pela novidade destas práticas no cenário municipal, quanto pela possibilidade do seu emprego na instituição para tornar mais cômoda a vida de seus residentes. Por fim, dada a novidade de tais técnicas no ambiente residencial para pessoas com necessidade de acompanhamento médico constante, justifica-se a importância deste trabalho através do estudo da necessidade de tecnologia assistiva como possível equipamento para garantia de maior segurança, conforto e mínimo de intrusão à sua privacidade, permitindo-as melhor acesso ao tratamento à saúde que lhes é devido dentro de suas próprias residências. PROBLEMA DE PESQUISA A questão a ser discutida neste trabalho trata-se de como utilizar a tecnologia assistiva, como sensores e outros aparelhos, para trazer conforto às Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI) através da modernização dos ambientes internos, onde a maior parte dos frequentadores possui idade avançada, possivelmente acompanhada de algum problema de saúde grave.
  • 12. 11 O tipo arquitetônico do ILPI foi escolhido também devido este ser um local dedicado a atender idosos de maneira confortável e digna, atendendo, muitas vezes, indivíduos que são levados a essas instituições por seus parentes que não sabem como tratá-los e como atender as suas necessidades. Essa questão também é trazida para demonstrar a importância do funcionamento das ILPIs locais, pois, mesmo que ainda se encontrem em boas condições, existem situações que ainda precisam melhorar para atender as necessidades de seus residentes adequadamente. Deve-se levar em conta também seus gastos, logo, a questão da tecnologia é um fator que poucos aplicaram de fato, se é que optaram por aderir. Os custos da tecnologia assistiva como se encontram no mercado os impedem de custeá-las sem ter que afetar as economias das pessoas que moram no local e o salário dos que trabalham neles. Portanto, a necessidade de uma tecnologia com custo acessível é tão importante quanto a própria tecnologia assistiva em si e também o conforto das pessoas que possivelmente virão a usufruir dela. OBJETIVOS Gerais  Desenvolver tecnologia assistiva que tenha funcionamento associado à sua instalação em ambiente interno de uma construção e que seja controlada de maneira a realizar tarefa específica conforme comandos feitos pelo usuário. Específicos  Estudar as condições atuais das ILPIs, como a Instituição de Longa Permanência para Idoso do Pão de Santo Antônio, em busca de necessidades tecnológicas.  Conhecer as necessidades das pessoas de idade avançada que vivem nesses lugares, o que a equipe técnica mais precisa para assisti-las e o que tornaria o ambiente mais confortável e adequado para uso de modos específicos.  Desenvolver projeto de tecnologia assistiva criada ou adaptada para as necessidades encontradas nas pesquisas realizadas, tanto nas referências quanto na pesquisa em campo.  Produzir artigo científico divulgando os resultados alcançados.
  • 13. 12 METODOLOGIA Os procedimentos metodológicos que serão realizados para o desenvolvimento das tarefas que constituem esta pesquisa consistem em:  Elaboração de referencial teórico a respeito do contexto atual das altas tecnologias e seus usos nas smart homes.  Elaboração de referencial teórico a respeito do contexto atual do uso de tecnologias assistivas em ambientes residenciais.  Elaboração de referencial teórico a respeito do contexto histórico das ILPIs, com destaque para a Instituição de Longa Permanência para Idoso do Pão de Santo Antônio.  Realização de visitas a campo para análise do espaço e realização de entrevista com a equipe técnica da instituição.  Análise dos dados coletados.  Estudo laboratorial para desenvolvimento de um objeto tecnológico voltado para assistência na solução dos problemas mais pontuados pelos residentes e equipe técnica.  Análise dos resultados alcançados.
  • 14. 13 1. SMART HOMES: O LAR DO FUTURO NO PRESENTE 1.1. O MUNDO DAS TECNOLOGIAS Os avanços científicos em todos os campos de conhecimento são mais frequentes desde que o mundo se globalizou, com o auxílio da evolução dos meios de comunicação, destacando-se o papel da internet. Demonstrações dessas tecnologias são rotineiras na vida das pessoas, existem as pequenas mudanças, como um alarme e cronômetro em fogões de cozinha, para que seus usuários sejam avisados da finalização do processo de cozimento de seus alimentos, ou mudanças mais notáveis, como a transição de motores automotivos movidos a combustível fóssil para motores elétricos silenciosos e eficientes, além de perfeitamente limpos do ponto de vista ecológico. Deve-se dar destaque excepcional, no entanto, para os objetos com os quais convivemos diariamente, cuja evolução e desenvolvimento costumam demonstrar melhor o quanto a criatividade humana ainda é capaz de criar soluções para diferentes problemas e novos modos de interação com o mundo, como é o caso dos aplicativos de telefones celulares atuais, seja através da organização da vida cotidiana, grande integração entre as esferas da vida pessoal e profissional, ou também da possibilidade que se tem de conectar-se a outros objetos tecnológicos com um breve toque na tela do dispositivo. Uma das melhores demonstrações da capacidade desses objetos são as chamadas “virtualizações” da realidade feita por eles: seja modificando-a dentro da tela do dispositivo, com adição de efeitos e modelos em três dimensões à fotos e vídeos, ou criando avatares virtuais (interpretações feitas pelos usuários deles mesmos) e interagir com o mundo online através deles, ou os softwares capazes de levar aqueles que o usam ao limite da noção de realidade, mexendo diretamente com seus sentidos mais básicos, como um aplicativo ou jogo de realidade virtual. Entretanto, outros fatores devem ser levados em consideração quando se fala em tecnologia de ponta com acesso livre para a população. O primeiro destes se refere ao fator econômico. Boa parte dos objetos tecnológicos lançados no mercado atualmente possui alto valor agregado, gerando lucros elevados para as empresas que os produzem e limitando o acesso para a parcela mais abastada dos consumidores. Por sua vez, aqueles que desejam usufruir dessas tecnologias de ponta deverão investir grande capital. Todavia quando não possuem o suficiente, comumente entram em endividamentos para aproveitar tais mordomias, sacrificando algo no lugar da promessa de novas funções e acessórios, o que corrobora para um ciclo vicioso de consumo. Aqueles que não desejam o melhor do mercado, no entanto,
  • 15. 14 ainda conseguem usufruir de parte dessa cultura tecnológica crescente, apoderando-se de modelos antigos menos custosos, que, por vezes, recebem atualizações e funções reduzidas dos modelos mais novos e permitem ao usuário parte do acesso às novas tecnologias. Contudo, é notável o quão excludente é o acesso às novas tecnologias, e, outrossim, mais forte esse processo se torna com o passar do tempo, graças à velocidade com que todos os objetos de consumo se desenvolvem. Outro fator pertinente dentro desse tema é o conhecimento para utilizar as tecnologias. Se de um lado, há o acesso crescente, ainda que limitado, a essas tecnologias, por outro temos um elevado número de pessoas que participam do mercado e não sabem utilizar os dispositivos que compram, muitas vezes adquirindo tais novidades só para utilizá-los da mesma forma que utilizariam aquele que fora substituído. Novamente trazendo à tona os telefones celulares, comparando-se os modelos atuais com os de décadas passadas, podem ser vistas algumas novas funções, tais como: ouvir música, tirar fotos, escrever textos, fazer trabalhos e outras tarefas profissionais, se conectar a internet, jogar e até interagir com outros objetos, como carros, computadores ou mesmo uma casa. Todas essas novas formas de uso do celular, comparadas com a atualmente considerada “simples” operação de “fazer e receber ligações”, são atos comuns para os padrões contemporâneos. Todavia, muitos compram novos celulares pela promessa que lhes são feitas por propagandas espalhadas por onde seus olhos desviam o olhar, sem saber do que esses dispositivos realmente são capazes. Outros indivíduos usufruem das novas tecnologias simplesmente para substituir uma antiga por algum motivo diferente, seja pelo surgimento de um defeito, por aquisição como presente ou prêmio de alguma natureza, ou mesmo por real desejo de desfrutar do que há de mais novo no mercado. Aliado a essa temática, há ainda a sabedoria para usar conscientemente esses novos objetos. Há aqueles que se utilizam da tecnologia para causar alardes, pânico, com uso de fake news para enganar uma multidão de pessoas que, por não saber como comprovar a veracidade dessas notícias, optam por disseminá-las. Outros exemplos mais comuns são os acessos não autorizados de informações que os objetos tecnológicos colhem diariamente: vírus de computadores, hackers e crackers, sites falsos e variados modos de ludibriar alguém não familiarizado com esse novo ambiente a dar informações pessoais ou roubá-las diretamente dos dispositivos sem que o indivíduo sequer perceba. Portanto, para melhor aproveitar as novidades, torna-se quase pré-requisito que os indivíduos que as utilizem sejam plenamente capazes de controlar o fluxo de informações a que permitem o acesso, bem como, saibam diferenciar práticas ruins das saudáveis em ambiente virtual e compreendam como utilizar
  • 16. 15 seus aparelhos e diagnosticar quaisquer problemas relacionados ao seu uso cotidiano. Por este motivo, a tecnologia em seu estado atual pode ser considerada inclusiva e exclusiva ao mesmo tempo. As smart homes são um conceito que se encaixa integralmente neste campo da tecnologia até então apresentado. Esse termo faz referência ao uso de tecnologias em uma residência, transformando o ato de “ficar em casa” em uma constante convivência com o campo tecnológico. Contudo, no contexto atual, muitas dessas mordomias criadas através do desenvolvimento intenso da ciência são consideradas por muitos apenas como “móveis”, objetos que qualquer um poderia adquirir e trazer para o ambiente privado sem qualquer noção de quais mudanças tais tecnologias poderiam trazer para sua rotina e, consequentemente, para o futuro padrão que está sendo construído, o qual definirá um “lar” no futuro. Com o computador e o celular tornando-se o centro do ambiente residencial, os próprios hábitos começam a se modificar: atos que requeriam que o usuário se locomovesse para determinados ambientes para realizar determinadas tarefas se extinguem, como é o caso de casas onde o usuário pode comandar as lâmpadas, televisores e até lareiras – em determinados países de temperatura mais fria – antes mesmo de entrar em casa. Faxina pode ser feita por aspiradores de pó autônomos, assim como, a presença de uma pessoa num determinado ambiente pode ligar ou desligar os equipamentos do local, através de sensores de movimento ligados ao registro elétrico. Esses e muitos outros exemplos podem ser mencionados neste estudo, porém não constituem o ponto central do que será desenvolvido adiante. Fala-se neste trabalho de objetos que alteram não somente como as pessoas interagem com seus pertences privativos, como também modificam como se comportam frente às novas construções arquitetônicas, particulares, públicas ou comerciais, sejam construídas do primeiro tijolo ao último parafuso de uma esquadria ou sejam reformadas arduamente para restaurar uma obra do passado e readequar seu uso ao presente, tendo como foco a arquitetura contemporânea e como seus artifícios transformam nossa profissão diariamente. Para melhor contextualizar tais transformações, citam-se alguns exemplos dos períodos moderno e pós-moderno. Primeiramente, os elevadores: capazes de levar as pessoas ao topo dos mais altos arranha-céus em segundos ou de fazê-las descer dezenas de metros no subterrâneo. Como também, os aparelhos de ar-condicionado e aquecedores, que permitem controle da climatização dos ambientes internos ao ponto em que construções de vidro parecidas com estufas possam ser erguidas em áreas equatoriais ou permitindo o simples
  • 17. 16 prazer de desfrutar um conjunto de roupas leves no interior de uma residência de uma região que sofre com intensos invernos. E, mais recentemente, os eletrônicos integrados por internet, que podem se interligar de tal modo a permitir que uma fala ou um gesto de mãos controle os sistemas de luz, água e até mesmo portas e janelas, transformando o ato de ficar em casa ou de garantir sigilo numa sala de reuniões numa constante relação intrínseca com a tecnologia. Tais tecnologias residenciais, atualmente, podem ser consideradas apenas um conforto ou um luxo numa residência, mas certamente no futuro não será fantástico se uma construção, sozinha, abrir ou fechar esquadrias quando uma pessoa entrar ou sair dela. Com a relação que a sociedade contemporânea está construindo com a tecnologia, pode ser que este seja o futuro dos lares e ambientes de trabalho. A própria ficção científica, presente em todas as formas de mídia, muito já trabalha isso e nos dias atuais os indivíduos mais jovens não mais se encantam com essas fantasias, uma vez que nasceram num mundo tecnológico em constante evolução, ao ponto em que poucos anos separam um computador de mesa grande, que costumava ocupar toda a superfície de uma mesa, de um smartphone de igual ou superior potência, pequeno o suficiente para caber num bolso de calça. Não há necessidade de imaginar como essas transformações serão, uma vez que já podem ser presenciadas residências clássicas e neo-coloniais transformadas em agências de banco, escritórios, lanchonetes e até mesmo continuando a ser residências privativas, mas transformadas para acomodar eletricidade, sistemas de climatização, cortinas de vidro e salas de servidores. No futuro, possivelmente as residências que hoje conhecemos também serão adaptadas para acomodar as mais variadas tecnologias que são introduzidas no mercado, como o crescimento de assistentes virtuais embutidas em objetos variados, como a “Alexa”, da empresa Amazon, que está presente em objetos como relógios, televisores e até mesmo porta-retratos, responsável por fazer funções como ligar luzes, lareiras e outros aparelhos específicos e, até mesmo, conversar e tirar dúvidas de seus usuários com auxílio de internet, tudo executado por comandos de voz. Portanto, se nossos objetos tecnológicos transformam-se em velocidade surpreendente e mudam todo o ambiente conforme são amplamente aceitos pela população, por que não incorporá-los desde o início à prática da arquitetura? Isso estaria de acordo com a conceituação apresentada por PULS (2006) a respeito do que diferencia o “trabalho arquitetônico” de outros tipos de trabalhos artísticos. Para o autor, as obras de arte ou qualquer objeto estético, não podem existir sem a ação do homem, uma vez que essas obras são construídas para terem uma finalidade, qualquer que seja; o que as diferencia das coisas da natureza, que existem por existir, sem uma finalidade definida. Portanto, a finalidade
  • 18. 17 inicial desses objetos criados é determinada por “aquele” que os criou, para “ele” são voltados e irão dotar de significados enquanto “ele” existir, sendo “ele” o homem como ser pensante. Da mesma maneira, a relação entre a arquitetura (como produto humano) e o homem também deve seguir essa ordem, porém esta relação se demonstra mais difícil. Caso se encontre finalizada, a arte serve para ser contemplada de forma externa ao homem. Por outro lado, a arquitetura tem por base não só a contemplação da construção, como também a experiência vivida que se dá tanto em seu exterior quanto em seu interior, em função das obras arquitetônicas possuírem em seu cerne a relação do homem com um espaço “vazio” determinado por limites concretos, constituindo assim um bem (aquilo que possui valor de uso material) e um signo (aquilo que possui valor de uso ideal). Do mesmo jeito, se a arte pode ser considerada um reflexo do homem, a arquitetura deveria ser o reflexo de sua essência, do seu modo de ser e de viver, tornando-se o reflexo não de apenas “um” homem, mas da sociedade como um todo. A base do “fazer arquitetura” se encontra no “ser humano”, desde o ponto em que se tem a ideia de um projeto até sua concretização; arquitetura é um tipo de objeto estético criado para o homem, voltado para ele e baseado para atender todas as necessidades de vida dele, e aqui se encontra sua função principal. A utilidade da arquitetura constitui sua condição fundamental de existência. Uma arte deve ser bela, mas não necessariamente útil para ser considerada “arte”. Obras arquitetônicas, por outro lado, podem ser consideradas belas, mas obrigatoriamente devem ser consideradas úteis, de modo que se não constituírem uma função definida ou correspondente às necessidades de seus usuários, ela é declarada ineficiente e assim se mantém até sofrer uma transformação que a resignifique para se adequar aos padrões daqueles que a transformarem. Portanto, a arquitetura, ao se adequar às necessidades daqueles que a criaram, não passa a expressar tais indivíduos em si, mas a vida humana em toda sua plenitude que habita no espaço que fora determinado, presenciando desde a monótona rotina aos eventos mais extraordinários: ambas que se transcorrem não exterior à arquitetura, mas em seu interior, no espaço “vazio” delimitado por paredes e tetos, diferenciando-se assim fundamentalmente da arte escultura, que, apesar de se assemelhar no ponto em que ambas as formas de expressão se dão em construir um objeto utilizando-se da definição de seu volume, constitui-se apenas da apreensão daquilo que “é”, que existe na forma que foi definida no momento da finalização da obra. Portanto, pensando do ponto de vista de que arquitetura é uma construção humana que tem como princípio maior sua utilidade para o homem, é possível dizer que parte dessa utilidade se encontra na adequação da obra com a época vigente. Se em determinados anos, o
  • 19. 18 material predominante era madeira, então fazia-se prédios de madeira. Porém, se o material mais utilizado passa a ser o cimento e concreto, que em determinados casos podem ser considerados mais adequados para usos específicos, por que insistir em na utilização da madeira para esses usos em questão, sabendo que seria ineficiente? Apesar de se considerar extremo o exemplo, no fim é o que pode ser considerado o ponto em que se encontra boa quantidade dos projetos arquitetônicos contemporâneos: ao considerar luxuoso, desnecessário ou mesmo exagerado, é inevitável pensar que um dia as obras de arquitetura dotarão de tanta tecnologia quanto os objetos mencionados no início deste tópico. Se a arquitetura é um reflexo do modo de vida do homem, a arquitetura atual também deveria refletir os ideais tecnológicos vigentes em nossa época, sendo necessário um incentivo para seu estudo e sua prática com o propósito de averiguar seus reais benefícios. Aqui se imaginou, então, a ideia de adequação de ambientes específicos àqueles como os das smart homes. A transformação desses ambientes para se adequarem aos moldes daqueles pertencentes às casas tecnológicas se deu através de sensores específicos, como os voltados para detectar e analisar movimentos determinados. Objetos como estes são descritos desde sua projeção mais básica a como funcionam, incluindo como seria seu uso pela população leiga, no trabalho de PIYARE (2013), que se utiliza de um sistema criado em placas Arduino e um aplicativo criado para smartphones baseados em sistemas operacionais Android para acender e desligar luzes dentro de uma casa, como também pode ser usado para modificar partes da residência que serão comandadas pelo aplicativo, adicionando-se mais luminárias ou removendo-as conforme necessário. Há menção também do intuito de realizar mais pesquisas acerca da implementação de comando de voz, o que pode ser feito através da utilização de outras tecnologias associadas a este sistema. Tais práticas estão se tornando comuns para a parcela mais rica da população, que opta por introduzir os novos avanços da indústria em suas casas para torná-las mais “luxuosas” e agregar-lhes mais valor. Coincidentemente, muitos desses novos proprietários de casas tecnológicas convivem com a tecnologia diariamente, logo, possivelmente dotam de certo nível de aprendizado sobre como operar e controlar uma residência dessas, caso contrário, esses indivíduos podem cair na armadilha de se encantar com o novo e exceder o que podem controlar, vindo a se tornarem subordinados dessas tecnologias e se desligarem completamente de tarefas outrora normais para uma convivência saudável com apenas suporte, não dependência, desses novos modos de interagir com o ambiente construído. Não obstante, considera-se que o acesso às smart homes é bastante limitado pelo capital e também pelo conhecimento necessário para melhor usufruir de tudo que é capaz.
  • 20. 19 Mas, considerando-se que tais práticas inegavelmente auxiliam seus usuários a ter uma rotina mais tranquila e confortável, principalmente quem opta por utilizá-las sabendo do que se tratam e tendo total controle sobre elas, o que aconteceria se tais tecnologias fossem implantadas na rotina daqueles cujo dia-a-dia se encontra dificultoso devido a algum problema de saúde ou mesmo daqueles com idade avançada? Comumente, em tais casos, há parentes, responsáveis ou cuidadores sempre os acompanhando, auxiliando-os no que precisarem e no que quiserem fazer. Poucos são aqueles que optam por continuarem independentes e morarem sozinhos. Além da praticidade que isso traria para ambientes onde há grande tráfego destas pessoas, como clínicas de tratamento, hospitais e instituições de longa permanência para idosos, isto seria de imensa contribuição a elas mesmas. Para esses casos, a resposta encontrada nas smart homes para o conforto dentro do lar, através da tecnologia, pode ser a saída que muitos desejam para uma vida mais saudável e independente. 1.2.TECNOLOGIAS ASSISTIVAS DAS SMART HOMES No campo bibliográfico, a temática da tecnologia assistiva é considerada demasiadamente recente, já que a própria tecnologia em questão se trata de uma invenção do final do século XX e primeira década do século XXI. O termo foi utilizado pela primeira vez em 1988, vindo do inglês assistive technolgy, que fora registrado em Public Law 100-407 e renovado em 1998 como Assistive Technology Act of 1998, na Public Law 105-394. Isto é explicitamente evidenciado no texto legal da P.L. de 1988: (3) For some individuals with disabilities, assistive technology is a necessity that enables them to engage in or perform many tasks. The provision of assistive technology devices and assistive technology services enables some individuals with disabilities to — (A) have greater control over their own lives; (B) participate in and contribute more fully to activities in their home, school, and work environments, and in their communities; (C) interact to a greater extent with nondisabled individuals; and (D) otherwise benefit from opportunities that are taken. (PUBLIC LAW 100-407-AUG. 19, 1988, p. 1). E então ressaltado novamente na sua renovação em 1998: (3) As technology has come to play an increasingly important role in the lives of all persons in the United States, in the conduct of business, in the functioning of government, in the fostering of communication, in the conduct of commerce, and in the provision of education, its impact upon the lives of the more than 50,000,000 individuals with disabilities in the United States has been comparable to its impact upon the remainder of the citizens of the United States. Any development
  • 21. 20 in mainstream technology would have profound implications for individuals with disabilities in the United States. (4) Substantial progress has been made in the development of assistive technology devices, including adaptations to existing devices that facilitate activities of daily living, that significantly benefit individuals with disabilities of all ages. Such devices and adaptations increase the involvement of such individuals in, and reduce expenditures associated with, programs and activities such as early intervention, education, rehabilitation and training, employment, residential living, independent living, and recreation programs and activities, and other aspects of daily living. (5) All States have comprehensive statewide programs of technology-related assistance. Federal support for such programs should continue, strengthening the capacity of each State to assist individuals with disabilities of all ages with their assistive technology needs. (PUBLIC LAW 105-394-NOV. 13, 1998, p. 2). No Brasil, como abordado nos artigos de BERSCH (2014), a tecnologia assistiva é “um termo ainda novo, utilizado para identificar todo o arsenal de recursos e serviços que contribuem para proporcionar ou ampliar habilidades funcionais de pessoas com deficiência e consequentemente promover vida independente e inclusão”. A questão também é abordada pelo Comitê de Ajudas Técnicas (CAT), através da portaria nº 142 de novembro de 2006, em que: Tecnologia Assistiva é uma área do conhecimento, de característica interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a funcionalidade, relacionada à atividade e participação, de pessoas com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social. (BRASIL - SDHPR. – Comitê de Ajudas Técnicas – ATA VII in BERSCH, 2017). Dada a novidade da prática, sua aplicação encontra-se bastante experimental e controlada por pesquisadores, além de ser necessária a aprovação do indivíduo como usuário desta, de modo que sejam averiguados os resultados e que hajam precedentes para fundamentar uma prática mais geral pela maior parte da população. Tais usos se referem ao uso de tecnologias que sejam altamente personalizáveis e minimamente intrusivas em respeito à liberdade de ir e vir e privacidade dos usuários, podendo ser averiguada de maneira remota diretamente pelos médicos ou tendo seus resultados obtidos por sensores instalados nas residências dos voluntários, levando os dados adquiridos aos profissionais responsáveis ou à família do voluntário. O uso em questão neste trabalho, o de tecnologia assistiva em instituições de repouso para idosos, é igualmente recente. Tal questão é bastante discutida no trabalho experimental de DEMIRIS et al (2008) que estuda as necessidades, as perspectivas e as impressões após aplicação nas pessoas idosas do instituto de repouso independente TigerPlace, no Missouri, Estados Unidos. O estudo em questão trabalhou a necessidade do uso de sensores para
  • 22. 21 identificar e contornar problemas em potencial que poderiam afetar os idosos partícipes do experimento. Para tal, foram implantados variados tipos de sensores em suas residências: sensores de proximidade em infravermelho, sensor de temperatura do fogão e sensores de cama capazes de detectar presença, respiração, pulso e movimento em cima do colchão (DEMIRIS et al, 2008). Os sensores em questão usados têm uma função específica dentro da categoria da tecnologia assistiva, que não consiste necessariamente em facilitar ou ajudar aos usuários ou contribuir para um sistema tecnológico residencial unificado com outros objetos. O papel dos sensores se encaixa mais como um dispositivo tecnológico residencial para acompanhamento e assistência aos usuários, sendo em maior parte utilizados não pelos residentes, mas por técnicos e profissionais especializados em identificar e analisar as informações coletadas pelos sensores. Portanto, eles se apresentam como tecnologia assistiva por sua possibilidade de identificar problemas de saúde enquanto ainda estão em seu estado inicial, alertando os profissionais para tratar a adversidade antes que esta afete o modo de viver do residente analisado (SKUBIC, RANTZ, et al, 2009). Do mesmo jeito pode ser feito esse acompanhamento associando-se tais sensores a wearable tech, que possam ser usados pelos pacientes em ambientes inteligentes, como os de uma smart home, para adquirir e enviar dados aos profissionais responsáveis remotamente (ABDELSALAM et al, 2009). No entanto, para tais tecnologias serem eficientes e confortáveis ao uso pelo paciente, elas deverão ser flexíveis, pois deverão ser utilizadas em qualquer lugar ou momento, assim como também devem ser acessíveis tanto aos profissionais quanto ao próprio usuário sem necessidade de qualquer tipo de configuração avançada (o chamado “plug and play”, que significa que uma tecnologia deve ser de simples instalação e fácil acesso para todos). Por fim, deve também ser capaz de estender seu alcance a outras tecnologias e objetos de forma interoperável, de modo a se criarFigura 1. Sensor de cama. Fonte: DEMIRIS et al, 2008.
  • 23. 22 associações dentro do sistema e permitir dados mais fiéis à realidade, assim como melhor controle sobre as manutenções necessárias. 1.3. DISCUSSÕES QUANTO À APLICAÇÃO DA TECNOLOGIA ASSISTIVA Portanto, haja vista a novidade da prática, sua eficácia e aplicação majoritariamente se traduzem em experimentos controlados por pesquisadores ou desejo voluntário de participar das pesquisas por parte do indivíduo que usará tais tecnologias. Essa questão é bastante discutida até mesmo nos Estados Unidos, onde a tecnologia assistiva foi legalizada pioneiramente, e mesmo assim ainda encontra diversos obstáculos para uma plena implantação em grande escala ou comércio livre da tecnologia. Uma das principais questões que a aplicação da tecnologia assistiva enfrenta é seu alto custo de produção, que apesar de ter diminuído com a introdução de novas ferramentas mais simples e versáteis como a placa Arduíno, ainda constitui um obstáculo de difícil solução para aplicação em larga escala. A dificuldade da criação de sistemas específicos para determinados cuidados, até pouco mais de uma década no passado, poderia se considerar um problema, mas este também é amenizado com o contato que todas as áreas profissionalizantes já estão constituindo com a tecnologia em seus respectivos ramos de trabalho durante a produção deste trabalho. Porém, é ainda bastante discutida a efetividade destas práticas, já que se constituem de um movimento recente e com poucas pesquisas empíricas realizadas, impossibilitando uma resposta concreta sobre o potencial que a tecnologia assistiva promove (MARTIN et al, 2009). A outra questão de relevância se dá através da proteção à privacidade dos indivíduos. Melhor abordada nos estudos de Courtney (2008), a questão da tecnologia das smart homes poder ou não desrespeitar a vida privada dos seus usuários é a principal barreira para aplicação em larga escala. Para ela, “no contexto das smart homes, privacidade pode afetar a vontade das pessoas de participar nos projetos de smart home ou em sua aprovação de certos tipos de smart home IT e [a privacidade] é bastante individualizada” (COURTNEY, K. L., 2008, in Methods Inf Med 1/2008, p. 77), sendo a expressão apresentada “Smart Home IT” significando “Smart Home Information Technologies”, ou em tradução livre “Tecnologias de Informação de Casas Inteligentes”. Nos seus estudos, a representação de privacidade se daria em diversas dimensões: a psicológica (preocupação com a própria identidade), a social (a coleta de informações), a física (preocupação com o próprio espaço e seus limites), e informacional (conteúdo das informações que são analisadas e distribuídas pelos sistemas de
  • 24. 23 smart home IT), havendo destaque em sua pesquisa para a preocupação pela privacidade em todas essas esferas, salvo pela social. Portanto, para ela, é necessário que o design e a implantação da tecnologia assistiva nas residências seja feita de tal modo que não seja intrusivo para o partícipe, não seja notável para observadores casuais e seja fruto da colaboração entre os usuários, equipes técnicas de cuidadores e profissionais da saúde e responsáveis em geral. Apesar de haver concordância em maior parte, Demiris (2008), em suas pesquisas, introduz outro lado para a privacidade e independências das pessoas idosas, resultado de entrevista a indivíduos de comunidades de casas de repouso e cuidados a idosos. A questão aqui apresentada por muitos deles também aborda a invasão de privacidade, como é apresentado que 10 dentre 14 participantes disseram que não gostariam de ter sensores de queda baseados em vídeo dentro de suas casas (DEMIRIS, HENSEL et al, 2008), mas suas pesquisas abordam igualmente a noção de “necessidade”, mencionada por muitos entrevistados. Em seu estudo em conjunto com Courtney (COURTNEY, DEMIRIS et al, 2008), foi documentada uma preocupação maior com a necessidade de implantação da tecnologia assistiva que as questões privativas relacionadas à ela, como um dos entrevistados realça: “Bem, agora, no que diz respeito a algo assim, eu não iria me opor a isso se houvesse um propósito, como no caso deste senhor [com cirurgia cardíaca recente]. Ele necessitava disso porque estava doente” (COURTNEY, DEMIRIS et al, 2008, in British Computer Society, p. 199, tradução nossa). Portanto, o resultado obtido nesse estudo foi de que, caso houvesse necessidade da implantação da tecnologia assistiva, tal necessidade superaria as preocupações com privacidade discutida nos trabalhos dos autores pesquisados. Semelhantemente, há a questão da aprovação dos familiares para submeter os seus membros mais senis ao acompanhamento por tecnologia. Na pesquisa de Rialle (RIALLE et al, 2008), foi realizada em Paris uma pesquisa utilizando-se questionário enviado para casas de famílias em que um ou mais membros sofre de Alzheimer. Dentre os familiares que escolheram participar, foi constatado que há grande divergência nas opiniões dessas famílias no que diz respeito a determinadas tecnologias de smart homes, uma vez que as opiniões mais gerais consistem dos extremos: ou são totalmente a favor ou são totalmente contra, havendo menor ocorrência de opiniões intermediárias. Isso, portanto, significa que as famílias que participaram podem ser sensíveis quanto à implantação da tecnologia assistiva, tanto negativamente quanto positivamente. Isto é, as opiniões poderiam ser divididas em famílias que entendem a tecnologia assistiva como uma ferramenta que tiraria a privacidade de seus entes queridos ou que não lhes ajudaria em nada, e em famílias que a aceitam como uma
  • 25. 24 ferramenta que lhes ajudaria a administrar as necessidades de seus parentes ou que lhes ajudaria a saber onde e como estão com uso de tecnologias e serviços de rastreamento e contato remoto. Para estas famílias, tecnologias de serviços de comunicação à distância também seriam extremamente bem recebidas. Uma última barreira para a adoção dos sistemas tecnológicos assistenciais constitui-se da percepção dos idosos para as inovações em si. No trabalho de Coughlin (COUGHLIN et al, 2007), é dito que uma possível explicação para a baixa adoção da tecnologia assistiva é que a percepção dela pelos possíveis usuários não corresponde às suas demandas, seja pela questão da dificuldade de seu uso ou por causa do seu uso de fato, que impõe necessidade de instalação, manutenção, uso adequado, assim como a possibilidade da invasão de privacidade, brechas de segurança nas informações coletadas, já mencionadas anteriormente, até questões pessoais e sentimentos das pessoas em relação a ser paciente de algum tipo especial de cuidados, como que “a presença dessas tecnologias na minha casa poderia me ‘rotular’ como [uma pessoa] frágil” (COUGHLIN et al, 2007, p. 2, tradução nossa). Seus estudos, então, se concentram em entender melhor essa relação da tecnologia com a pessoa em si, como ela se sente e o que poderia ser feito em questão a um melhor desenvolvimento da tecnologia a fim de suprir quaisquer deficiências ou ausência no ponto de vista dessas pessoas. Como resultado de uma pesquisa auxiliada por entrevistas, Coughlin percebeu questões quanto à confiabilidade das tecnologias, como trabalham em suas residências e se haveriam falhas ou diferenças entre um mesmo tipo de aparelho instalado em casas diferentes. Do mesmo modo, questões éticas foram bastante discutidas entre os participantes da pesquisa, principalmente abordando a questão da privacidade e liberdade de ir e vir. Apesar disso, suas percepções como usuários implicaram numa impressão de melhor segurança de vida, mesmo que o custo a se pagar por ela fosse abrir mão de parte de sua independência como pessoa. Por causa disso, também foi constatado que a impressão deles era de que tais objetos tecnológicos eram voltados para os “idosos mais idosos” do que para os “idosos mais jovens e mais saudáveis”, dando a impressão de que era a necessidade de cuidados especiais que regia a adoção da tecnologia, como também fora abordado por Demiris. A última questão abordada diz respeito a quem exatamente teria controle sobre o oferecimento e distribuição desses sistemas: se seriam médicos, empresas farmacêuticas ou agências de seguro e quem seria o responsável por “prescrever” o uso das tecnologias para determinado acompanhamento. Além disso, houveram perguntas acerca da diferença de preços, performance e qualidade dos serviços, fosse por empresas privadas ou pelo Estado.
  • 26. 25 Por fim, houve uma pergunta de fins econômicos: “Além do mais, como os benefícios da alta tecnologia seriam disponibilizados para aqueles de menor renda?” e “Estaríamos construindo tecnologias somente para os ricos?” (COUGHLIN et al, 2007, p. 5, tradução nossa). Apesar dessas questões, todos os partícipes do estudo foram a favor do desenvolvimento e da comercialização das tecnologias assistivas para uso residencial, desde que fossem construídas tendo em mente as questões por eles levantadas. 2. AS NECESSIDADES DAS ILPIS 2.1. ESTUDO DO TIPO ARQUITETÔNICO E SUAS NECESSIDADES Tendo em vista todas as capacidades e questões sobre a tecnologia assistiva em sua aplicação em ambientes de convivência frequente de pessoas idosas, este trabalho visa estudar uma locação real para analisar suas necessidades com intuito de melhor direcionar o desenvolvimento de um objeto baseado nos termos da tecnologia assistiva que possa contribuir de fato para a melhoria da qualidade de vida e maior controle sobre a saúde e cuidados necessários aos indivíduos idosos residentes. Mas, antes que possa ser apresentado um local específico para o estudo de campo, faz-se necessária a definição das características principais do tipo arquitetônico de Instituições de Repouso, especialmente as Instituições de Longa Permanência para Idosos. As conceituações principais para o entendimento deste trabalho são encontradas nas definições apresentadas pela norma RDC Nº 283 de 26 de setembro de 2005, que versa acerca dos objetivos para o funcionamento de Instituições de Longa Permanência para Idosos. Segundo a norma, uma ILPI se constitui como: instituições governamentais ou não governamentais, de caráter residencial, destinada a domicilio coletivo de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, com ou sem suporte familiar, em condição de liberdade e dignidade e cidadania. (BRASIL, RDC Nº 283, DE 26 DE SETEMBRO DE 2005, p. 3). Outras definições importantes a serem mencionadas são as referentes aos Graus de Dependência do Idoso. A definição para dependência se refere à “condição do indivíduo que requer o auxilio de pessoas ou de equipamentos especiais para realização de atividades da vida diária” (BRASIL, 2005, p. 2) e este conceito se divide em três graus. O primeiro e mais leve se refere aos idosos independentes, que podem ou não necessitar de equipamentos de
  • 27. 26 autoajuda, como bengalas, andadores, óculos, aparelhos auditivos ou cadeira de rodas. O segundo grau categoriza os idosos com dependência moderada em certas atividades diárias, no máximo três, como alimentação, mobilidade e higiene, além de dotar de pouco ou nenhum comprometimento cognitivo. O terceiro e último grau é representado pelos idosos com dependência que requerem assistência em todas as atividades diárias, podendo ou não ter algum nível de comprometimento cognitivo. A norma também aborda aspectos da infraestrutura física necessária para a ILPI ser considerada adequada. Além dos preceitos iniciais referentes ao cuidado com aprovações de órgãos competentes para construções, reformas ou adaptações e oferecer condições suficientes de habitabilidade, higiene, salubridade, segurança e acessibilidade, logo no início pode ser ressaltada a atenção ao idoso, de modo que quaisquer desníveis, se presentes no edifício, devem apresentar rampas para evitar qualquer tipo de acidente. A construção deve estar de acordo com os preceitos de rampas e escadas de acordo com as especificações da norma NBR 9050/ABNT, para garantia da acessibilidade no local. Quanto a observações específicas, temos as ressalvas para os dormitórios, que deverão ser divididos por sexo, voltados para acomodar no máximo 4 indivíduos e devem ter banheiro próprio, além de que o banheiro não deve ter “qualquer desnível em forma de degrau para conter a água, nem o uso de revestimentos que produzam brilhos e reflexos” (BRASIL, 2005, p. 7), ressaltando a necessidade de impedir que os idosos sofram acidentes que possam machucá-los gravemente. Banheiros coletivos também dotam de características específicas, sendo necessária a separação por sexo e box com vaso sanitário que permita mobilidade para transferência de frontal e lateral de indivíduos em cadeira de rodas, também sob especificações da NBR 9050/ABNT. Uma ressalva a ser feita é que a norma não fala em tipo de cerâmica de revestimento para piso, porém, graças a pesquisas e conversas com cuidadores e familiares de idosos (que não necessariamente vivem em ILPIs), pode-se confirmar que há preferências para os tipos de revestimento antiderrapantes, uma vez que, mesmo molhado, ainda permite que uma pessoa ande sem escorregar com facilidade. Outro item que foi ressaltado nessas conversas foram alças e corrimões no box do chuveiro, para ajudar o idoso a se apoiar enquanto se higieniza. A norma não fala explicitamente sobre este item, mas alguns cuidadores e familiares também ressaltaram a necessidade de apoio na hora do banho. A norma aborda também os diversos ambientes que ILPI deve conter, como as áreas de desenvolvimento de atividades voltadas para residentes com graus de dependência I e II, como sala de atividades coletivas para até 15 pessoas e sala de convivência. Outros ambientes específicos abordados na norma são sala para atividades de apoio individual e sócio-familiar,
  • 28. 27 espaço ecumênico, ambientes administrativos e de serviço, refeitório (com espaço para guarda de lanches e lavatório), área externa descoberta para atividades ao ar livre, sendo que qualquer um dos ambientes pode ser compartilhado de acordo com a afinidade funcional e em horários ou situações diferenciadas. Alguns fatores não abordados na lei também estão sendo estudados e podem ser postos em questão a fim de melhorar a qualidade de vida das pessoas que vivem numa ILPI. Fora os itens de tecnologia assistiva mencionados no trabalho, Isabella Sousa e Ivana Maia (2014) mencionam em seu trabalho conjunto, diversos itens que seriam de grande utilidade na prática da arquitetura de interiores voltada a ambientes para idosos portadores de Alzheimer. Faixas de LED para realçar determinadas esquadrias em ambientes noturnos, controlar a quantidade de entrada de luz com cortinas e lâmpadas foscas em posições afastadas da linha de visão dos indivíduos, são exemplos de itens que podem ser usados para melhorar a qualidade de vida dessas pessoas. Estratégias construtivas também podem ser empregadas com o mesmo propósito, como: evitar pisos reflexivos, brilhantes, diminuir o uso de móveis frágeis ou que possam causar acidentes, como tapetes, e evitar quantidades excessivas de móveis para aumentar a mobilidade dentro do ambiente interno. O uso de cores contrastantes para realçar objetos com maior importância para garantia de segurança (como corrimões de escadas) também podem se provar eficientes, assim como, fazer o oposto e evitar tons muito distintos uns dos outros para portas de ambientes que não devem ser acessados pelos residentes, de modo a diminuir a Figura 2. Conceito de iluminação noturna para quarto de idoso. Fonte: “FIGUEIRO, MARIANA GROSS. A proposed 24 h lighting scheme for older adults. Lighting research and technology, v. 40, n. 2, p 153 - 160, 2008”, in SOUSA, Isabella Gaspar ; MAIA, Ivana Márcia Oliveira . Arquitetura de interiores em ambientes para idosos portadores da doença de Alzheimer. Arq.Urb , v. 11, p. 192-207, 2014.
  • 29. 28 atenção para estes espaços. A própria planta arquitetônica pode ser uma ferramenta imprescindível, pois durante a etapa projetual pode-se planejar um ambiente que possa garantir grande visibilidade e acesso entre os diferentes cômodos, de modo a facilitar tanto o uso pelo idoso quanto a rapidez da resposta dos profissionais e familiares em casos de acidentes. 2.2. ESTUDO DE CAMPO: CASA DO PÃO DE SANTO ANTÔNIO Apresentadas as necessidades e características principais, foi escolhida para o estudo de campo a Instituição de Longa Permanência para Idosos da Associação da Pia União do Pão de Santo Antônio, mais conhecida por “Casa do Pão de Santo Antônio”, a fim de definir com maior precisão que obrigações o eventual objeto tecnológico (associado à parte arquitetônica) desenvolvido deverá cumprir. Figura 3. Layout de casa projetada para portadores de demência em Ayr, Escócia, com visibilidade facilitada entre os diferentes ambientes. Fonte: “UNIVERSITY OF STIRLING. Dementia Services Development Centre. Improving the design of housing to assist people with dementia. Escócia, 2013”, in SOUSA, Isabella Gaspar ; MAIA, Ivana Márcia Oliveira . Arquitetura de interiores em ambientes para idosos portadores da doença de Alzheimer. Arq.Urb , v. 11, p. 192-207, 2014.
  • 30. 29 A Associação da Pia União do Pão de Santo Antônio se configura como uma instituição filantrópica de fins não lucrativos, de utilidade pública em todas as esferas. A instituição oferece serviços voltados a idosos de ambos os sexos a partir de 60 anos e possui três categorias de residentes: o pobre sem família ou recursos de qualquer natureza (que é acolhido pela casa desde que haja disponibilidade de vagas), o pensionista que pagará mensalidade correspondente a 70% dos seus proveitos, e o pensionista com posse de maiores recursos o qual pagará uma taxa fixada pela administração de acordo com as instalações ocupadas. Atualmente tem estrutura constituída pelo Centro da Terceira Idade, que é composto por 16 Chalés, 24 Apartamentos, Salão de Festas, Piscina e uma Capela Mortuária, pelo “Casarão” (chamado assim por ser o antigo prédio), que se compõe de área administrativa, das áreas de lazer e atividades comuns, instalações médicas e de serviço social, e também pela Capela de Santo Antônio. A equipe técnica é composta por profissionais da área da saúde, cuidadores, serviços técnicos e serviços gerais. A instituição também colabora com instituições de ensino superior, disponibilizando vagas de estágio para universitários. A associação foi fundada em 1930 por Ernestina da Cunha Cerqueira Magalhães, mas desde 1928, quando frei Ângelo Maria de Vignol fez juramento de votos a Santo Antônio para pedir a saúde de um amigo, Ernestina Magalhães já prestava assistência a paroquianos necessitados. O número de pessoas pobres, maioria idosos, cresceu com o passar do tempo, contribuindo para a ideia de criar uma casa ou um grupo de casas que pudessem acolher tais Figura 4. Localização da ILPI do Pão de Santo Antônio, ainda chamada de "Asilo Pão de Santo Antônio" pelos mapas. Na esquina oposta, pela Avenida José Bonifácio, fica o cemitério Santa Isabel (ressaltado em amarelo), e na sua lateral, pela Rua Paes de Souza, se estende pela maior parte da quadra um terreno da COSANPA (ressaltado em azul). Fonte: Google Maps, 2018.
  • 31. 30 desamparados. A partir desta ideia foi construído um edifício que se seria então conhecido como “Casa de Santo Antônio”, projeto este que teve o lançamento da pedra fundamental em 15 de agosto de 1936, quando fora realizada uma solenidade tanto religiosa quanto formal e administrativa. O projeto arquitetônico da Casa de Santo Antônio foi projetado por Carlos Damasceno e orientado pelo engenheiro Francisco Bolonha, e a obra fora coordenada por vários engenheiros, com destaque para o primeiro a assumir o projeto, Luiz Gonçalves da Rocha. A inauguração do projeto original da Casa foi realizada em 13 de junho de 1944. Para conferir o estado atual da associação e do edifício, hoje respectivamente com 88 e 74 anos de fundados, foi realizada uma primeira visita à ILPI da Associação da Pia União do Pão de Santo Antônio para averiguar as necessidades locais e que possíveis tecnologias poderiam ser utilizadas para melhorar tanto a qualidade de vida dos idosos residentes quanto facilitar o ambiente de trabalho da equipe técnica. O primeiro contato com a instituição se deu com uma conversa com a equipe técnica a fim de conhecer os espaços comuns e como a instituição funciona atualmente. Neste primeiro momento, foi possível notar boa preservação nos ambientes visitados e um grande número de corredores e rampas acessíveis, permitindo entradas diversas a um mesmo ambiente. A instituição também dota de um espaço aberto em seu centro, com móveis confortáveis de madeira e contato com vegetação natural. Apesar de não haver qualquer tipo de ventilação automatizada, no momento da visita, pelo período da manhã, o local era confortável do ponto de vista térmico, com bastante ventilação e espaços sombreados. Figura 5. Pátio central da construção. Fonte: foto registrada por Leonardo Miranda, 2018.
  • 32. 31 Na entrada pela Avenida José Bonifácio, que dá acesso à parte administrativa e à Capela, há acesso direto por escada e acesso com rampa para uma sala da ala administrativa, por onde o indivíduo entrará e chegará aos corredores após transcorrer por ela. Na entrada pela Rua Paes de Souza, que dá acesso direto aos chalés, a acessibilidade é garantida aos idosos de forma integral. Logo, pode-se dizer que ambas as entradas principais são adequadas para a acessibilidade. Além disso, ao lado da entrada da capela há um elevador específico para atender pessoas que tenham dificuldade de subir degraus de escada e até mesmo rampa, facilitando assim a mobilidade entre pavimentos para os idosos. As diferenças de nível entre Figura 6. Rampa de acessibilidade com acesso à ala administrativa, localizada na entrada pela Av. José Bonifácio. Fonte: foto registrada por Leonardo Miranda, 2018. Figura 7. Elevador de acessibilidade, ao lado da capela. Fonte: foto registrada por Leonardo Miranda, 2018.
  • 33. 32 pisos também estão de acordo com a norma, uma vez que todos os ambientes observados possuíam acesso com rampa. Ainda durante a visita, foram observados múltiplos refeitórios em pontos distintos da construção, os quais são designados aos idosos conforme proximidade dos cômodos em que vivem. Apesar de ser recomendado que o idoso se alimente no refeitório ao qual seu quarto se encontra mais próximo, eles se encontram livres para passear em qualquer ponto da instituição; as mulheres podem até mesmo frequentar as salas de atividades da ala masculina para jogarem cartas ou dominó. “Aqui não é uma prisão”, como fora dito durante a conversa com um dos membros da equipe técnica da instituição, referindo-se à liberdade de ir e vir e respeito à privacidade que os residentes têm dentro e fora da Casa de Repouso, podendo sair para passear com familiares e voltarem sem hora marcada, tendo apenas o cuidado quanto à questão da criminalidade fora da área da instituição, já que o bairro onde está localizada é considerado perigoso. Apesar disso, possivelmente por respeito aos idosos, não houve casos de violência ou furto na Casa do Pão de Santo Antônio nos últimos anos. No que diz respeito às necessidades do local, foi possível notar que não há qualquer traço de tecnologia assistiva no prédio. Não houve menção a quaisquer ausências Figura 8. Exemplo de conexão de ambientes por rampa. Fonte: foto registrada por Leonardo Miranda, 2018.
  • 34. 33 significativas, mas foi citado que a presença da tecnologia seria muito bem-vinda, desde que a administração aprovasse devidamente, que houvesse um projeto adequado e fosse condicionado às questões mais pertinentes às necessidades apresentadas pelos residentes, bem como fosse viável economicamente. Uma menção a um objeto, não necessariamente tecnológico, feita pelos residentes e citado na conversa durante a visita seria que a presença de uma campainha ou alguma forma de facilitar a comunicação entre residentes e a equipe técnica seria de muita ajuda quando fosse imperativa a chamada de socorro. Outro detalhe a ser ressaltado durante a visita foi de que muitos dos idosos residentes têm idade mais avançada que a faixa dos 60 a 70 anos, e muitos são dependentes de seus cuidadores ou são semi dependentes (ou seja, possuem independência funcional, logo precisam, por exemplo, serem lembrados de tomar seus medicamentos ou de realizarem determinadas tarefas cotidianas. De resto, podem realizar suas atividades independentemente). Portanto, no geral, a Casa do Pão de Santo Antônio se categoriza por possuir mais residentes de graus de dependência 2 e 3. A primeira visita, portanto, serviu para averiguar a situação do Pão de Santo Antônio e analisar suas necessidades principais. Com isso em mente, foi possível concluir que a Figura 9. Um dos refeitórios da ILPI do Pão de Santo Antônio. Fonte: foto registrada por Leonardo Miranda, 2018.
  • 35. 34 instituição se encontra de acordo com as definições da norma estudada. Entretanto, como fora mencionado, a possibilidade de inclusão de uma tecnologia voltada para comunicações se encontra como uma possibilidade a ser considerada para o conforto e segurança dos residentes. Mesmo com esses resultados colhidos e analisados, foi necessária a realização de uma segunda visita para uma observação mais detalhada com a finalidade de nortear o desenvolvimento do objeto, que é o viés principal deste trabalho. 2.3. ANÁLISE DAS ENTREVISTAS COM A EQUIPE TÉCNICA Na segunda visita realizou-se uma entrevista com a equipe técnica que se constituiu de oito questionamentos subjetivos principais, com ocasionais perguntas adicionais para melhor detalhamento do assunto em questão. O questionário foi feito com a intenção de esclarecer às questões que surgiram após análise dos elementos principais da primeira visita, como detalhes sobre as necessidades tecnológicas do local, apontamentos acerca da edificação em si, como um prédio com valor de preservação, e preferências da instituição a respeito destes dois assuntos. No início da entrevista, foram ressaltadas duas necessidades que um sistema eletrônico poderia se provar eficiente: um tipo de sistema que pudesse facilitar a evolução de prontuário dos residentes e novamente a presença de um sistema de comunicação, como uma campainha ou objeto semelhante, para acelerar o atendimento por enfermeiros após serem acionados. De modo geral, um sistema que pudesse ser de mais ajuda à equipe técnica para a prestação de serviços. Isso até mesmo poderia ser útil durante a renovação de funcionários, quando as informações sobre os residentes poderiam ser acessadas pelos novos profissionais. Com essas informações, à primeira vista, foi possível concluir que a alta tecnologia aplicada seria mais voltada para tornar mais precisa e eficiente a ação do corpo administrativo e profissional como um conjunto, que servir para melhorar o conforto privado dos residentes locais. As questões seguintes partiram para um viés mais estético e funcional, buscando entender como a equipe técnica imaginava o objeto em si e como seria instalado, assim como preferências a respeito de suas funções. Aqui foi averiguado que seria necessário um cuidado especial para a instalação, uma vez que foi ressaltada uma preferência por uma tecnologia sem fios, de modo que sua instalação fosse fácil e não intrusiva, além de não interferir demasiadamente na estética do edifício, o que seria adequado a se fazer segundo profissionais da área, como engenheiros e arquitetos, considerando que o prédio é antigo e devem ser garantidos os devidos cuidados. Porém, um custo menor foi outro fator levado em
  • 36. 35 consideração, haja vista que a instituição trabalha custo benefício que esteja de acordo com seus fundos. Quanto à forma do objeto, houve uma preferência inicial para equipamentos instalados no espaço físico e com fácil acessibilidade para os residentes, como locais perto de leitos, próximo a portas ou num local facilmente visível pelo idoso. A ideia inicial também abordou um objeto que alerte facilmente por ajuda, como a entrevistada respondeu: “eu penso numa campainha que faça barulho”, se lembrando de uma familiar que comprou um objeto que faz barulho toda vez que ela aperta, sinalizando um pedido de ajuda. Entretanto, no decorrer da entrevista, foi notada uma preocupação com quedas e com questão de identificação da origem do pedido, pois foi considerado que os idosos pudessem estar em ambientes comuns, longe de um objeto instalado numa parede. Por isso, foi levado em consideração algo que o residente pudesse levar consigo, como uma pulseira ou um cordão, que tivesse botões próprios que se comunicassem da mesma maneira que o objeto instalado no ambiente, acionando ajuda mesmo sem precisar estar perto. Outra hipótese levantada nesse caso foi a necessidade do cuidador precisar se ausentar momentaneamente após o residente se acidentar para chamar ajuda na enfermaria e só então voltar. Ter um objeto que pudesse acionar ajuda sem necessidade dos cuidadores saírem do lado dos idosos poderia solucionar esse problema. Quanto a outros tipos de sensores, como câmeras ou outras formas de monitoramento mais preciso com auxílio de servidores, estes também seriam válidos, mas ficariam complicados de serem adquiridos devido ao custo de aquisição, instalação e manutenção. No que se refere aos residentes, a entrevista serviu para compreender melhor as necessidades físicas e preferências dos indivíduos que lá residem. A maioria dos idosos possuem mais de 80 anos, porém não houve uma resposta com exatidão a respeito da proporção de pessoas com grau 2 ou 3 de dependência segundo a norma, mas houve menção de que novos residentes que entraram na instituição, por decisão própria ou de familiares, são mais independentes funcionalmente, o que os encaixaria no grau 2 de dependência, também chamados de “semi-dependentes”. Apesar disso, os residentes possuem saúde boa de modo geral, e mesmo aqueles com doenças crônicas se encontram estáveis. No entanto, quando fora perguntada sobre a facilidade ou dificuldade que teriam em se comunicar utilizando a tecnologia, a entrevistada respondeu que havia mais dificuldade para eles, porque muitos já possuíam memória de curto prazo mais debilitada, se esquecendo de eventos e aprendizados recentes. Portanto, foi bastante ressaltada a necessidade de um sistema que fosse o mais simples e intuitivo possível, como algo com dois ou três botões com cores
  • 37. 36 bem alarmantes e diferentes entre si. Foi também ressaltada a necessidade de alertas auditivos além dos visuais, uma vez que na instituição também há idosos com dificuldade em enxergar. Quanto à equipe técnica, a entrevistada disse estar disposta, assim como toda a equipe, a aprender a operar qualquer objeto que pudesse trazer mais segurança e velocidade nos atendimentos aos idosos. Quanto à situação do prédio e de que tecnologias já estão implantadas no local, foi dito que a edificação possui problemas pontuais, mas que são resolvidos conforme aparecem, como goteiras e algumas falhas nos forros. Entretanto, novamente fora ressaltada a necessidade de uma tecnologia que fosse pouco intrusiva, tanto aos residentes quanto à construção em si, de modo que pouco interferisse na identidade visual do local e também não necessitasse de reformas grandes ou de isolar áreas inteiras ou parcialmente, uma vez que isso afetaria bastante tanto o trânsito dos residentes quanto da equipe técnica para auxiliá-los. E sobre tecnologias implantadas, há internet, mas somente na área administrativa, não se estendendo para as áreas do Casarão ou para os chalés. Por fim, foi perguntado a respeito das áreas mais críticas para instalação da parte fixa do objeto, de modo que este pudesse operar de forma mais eficiente e pudesse detectar com mais exatidão qualquer pedido e pudesse estar, de fato, sujeito a maior quantidade de usos, onde seria inegavelmente útil. Esses ambientes, segundo a entrevistada, seriam, respectivamente, os banheiros, os quartos e só então corredores e áreas comuns, já que a maior parte dos acidentes ocorridos na instituição aconteceu nos banheiros, porém houve uma preocupação quanto ao alcance dos sinais de ajuda emitidos, então ela considerou que também os instalaria nos quartos e, por último, nos corredores mais movimentados. Sendo assim, analisando a entrevista, é possível dizer que a intenção inicial que fora idealizada na primeira visita, de construir algum equipamento tivesse como principal função a melhora da comunicação entre os residentes e a equipe técnica; é uma ideia possível e adequada para adaptação à Casa do Pão de Santo Antônio. Portanto, baseado nestas definições, foi iniciada a fase de construção do objeto tecnológico voltado para atender as necessidades apresentadas e identificadas nos estudos teóricos e de campo.
  • 38. 37 3. DESENVOLVIMENTO DE OBJETO TECNOLÓGICO 3.1. PROCESSO DE ESCOLHA DA TECNOLOGIA APROPRIADA Para escolha dos componentes a serem utilizados, foi levado em conta a praticidade de se trabalhar com o objeto, fácil instalação, grande portabilidade, custo baixo e interface de software simplificada. Baseando-se nesses requisitos foram escolhidos peças de hardware que funcionassem com a placa Arduino Nano V2.0, que fossem pequenas o suficiente para serem agrupadas juntas e não ocupar mais do que o equivalente a uma pulseira, formato escolhido para abrigar os elementos que compõem o objeto. Optou-se pelo objeto que pode ser usado pelo usuário a todo o momento, no caso uma pulseira, visto que neste formato podem ser incluídas variadas funções e ainda construir um formato confortável de ser usado. Além disso, para a parte fixa da tecnologia, foi escolhido o uso de um sistema de som pequeno, como uma caixa de som simples, e um receptor Bluetooth para encaminhar os pedidos emitidos pela pulseira para celulares com o sistema operacional Android cadastrados no banco de dados. Para compor o sistema como um todo, foram escolhidos dois botões que ativarão as funções de “Pedido”, que servirá para chamar cuidadores sem categorizar urgência no atendimento, e “Emergência”, que acionará um pedido de ajuda que merece atenção imediata para o usuário. Também faziam parte do sistema dois módulos Bluetooth HC-06, que posteriormente foram substituídos por módulos RF NRF24L01, e o acelerômetro ADXL345, trocado pelo acelerômetro e giroscópio MPU-6050. Os primeiros servirão para gerar sinais para encaminhar mensagens para os dispositivos cadastrados ou para emitir alerta sonoro via caixa de som, enquanto o segundo foi idealizado para cadastrar quedas e gerar sinais automaticamente, acionando o pedido de ajuda sem necessidade de pressionar qualquer botão. Para a programação das funções, utilizou-se o software da própria placa Arduino, e para o encaixe inicial das peças utilizou-se a bread board BB-4T7D-01 da marca Cixi Wanjie Electronic Co.,Ltd. 3.2. DESENVOLVIMENTO DO OBJETO E TESTES PRÁTICOS Para o início do projeto, foi necessário primeiramente testar cada peça isoladamente, a fim de atestar seu funcionamento normal, assim como aprender a controlar o que faziam utilizando-se de comandos via software. Para tal, utilizaram-se diversos exercícios de
  • 39. 38 exemplo incluídos no próprio programa de computador da Arduino, assim como códigos de programação achados em sites voltados para o ensino sobre a placa. O primeiro teste executado teve a finalidade de assegurar que a comunicação com a placa Arduino Nano estava funcionando, através do código de exemplo chamado “Blink”, que executa o comando de piscar as luzes LED “RX” e “TX” na placa. Em seguida, foi testada a comunicação com o módulo Bluetooth HC-06 através do programa de computador, sem necessidade de pareamento com outro objeto. Este teste se conduziu através dos comandos “LED: OFF”, representado pela letra “L” no Monitor Serial (janela onde são inseridos e representados visualmente os comandos dentro do programa), e “LED: ON”, representado pela letra “H”. Tal comando era dirigido ao módulo Bluetooth para ser executado na placa Arduino, utilizando o indicador LED “L”. O processo pode ser melhor visualizado nas imagens abaixo: Figura 10. Teste "Blink" da placa Arduino Nano. Na sequência de imagens ao lado, podemos ver na primeira imagem apenas o indicador em LED “POW” aceso, o que indica que o equipamento está ligado. Em seguida, após a execução do código- exemplo, pode ser visto o indicador em LED “RX” e em seguida o indicador “TX” acesos. Fonte: foto registrada por Leonardo Miranda, 2019.
  • 40. 3 O teste seguinte se caracterizou pela instalação, primeiramente do acelerômetro ADXL345, o qual foi eventualmente substituído pelo acelerômetro e giroscópio MPU-6050, que permitirá maior precisão ao detectar quedas, pois poderá detectar picos de variação tanto em velocidade, com a unidade de metro por segundo, quanto em ângulo de inclinação, usando a unidade de radiano por segundo. A instalação foi bem sucedida em ambos, mas preferiu-se usar a placa MPU-6050, em virtude de maior acuidade no trabalho que executará no objeto finalizado e também por ser fisicamente menor, facilitando o encaixe no produto final. Figura 12. Teste do Bluetooth na placa Arduino Nano. A imagem demonstra o que acontece na placa quando o estado do LED está em “OFF”. Fonte: foto registrada por Leonardo Miranda, 2019. Figura 11. Teste do Bluetooth na placa Arduino Nano. A imagem demonstra o que acontece na placa quando o estado do LED está em “ON”. Nota-se uma segunda luz vermelha ligada na placa Arduino. Fonte: foto registrada por Leonardo Miranda, 2019. Figura 13. Acelerômetro ADXL345, que posteriormente foi trocado pelo acelerômetro e giroscópio MPU-6050. Fonte: foto registrada por Leonardo Miranda, 2019. Figura 14. Acelerômetro e giroscópio MPU-6050, já instalado no sistema. Fonte: foto registrada por Leonardo Miranda, 2019.
  • 41. 34 Por fim, foram instalados dois botões pequenos, que não são os que serão representados no produto final em virtude de seu diminuto tamanho e consequente dificuldade de ser visto, se for considerado o público alvo. Nesta etapa, cada um foi programado para fornecer um texto quando pressionado, sendo estes textos os seguintes: “Pedido”, para sinalizar um pedido sem urgência a cuidadores e enfermeiros, e “Emergência”, para sinalizar um pedido de ajuda devido a quedas e outros tipos de pedido de socorro. O resultado do teste foi bem sucedido, como mostra a imagem abaixo, com o estado final do sistema conectado na bread board. Figura 15. Ao lado, uma imagem demonstrativa do funcionamento dos botões, representadas no Monitor Serial através das palavras “Pedido” e “Emergência!”. Fonte: foto registrada por Leonardo Miranda, 2019. Figura 16. Foto do sistema com todos os componentes idealizados já instalados na placa Arduino Nano através da Bread Board. Fonte: foto registrada por Leonardo Miranda, 2019.
  • 42. 35 Com todos os componentes do sistema funcionando isoladamente, partiu-se então para a etapa de programação a fim de unir todos os códigos isolados num só para que o sistema funcione unificado e permitindo que, por exemplo, o botão consiga se comunicar pelo módulo Bluetooth, assim como o acelerômetro e giroscópio também sinalizarão o pedido de ajuda, conforme for detectada uma variação súbita na velocidade e ângulo. O código foi adaptado com sucesso e diversos testes foram realizados, sendo divididos em diferentes etapas, aqui chamadas de “gatilhos”. Os gatilhos registram, através do sensor MPU-6050, os diversos momentos da queda em m/s (metros por segundo), representado por Gs (unidade de aceleração da gravidade), sendo 1 G igual a aproximadamente 10 m/s. Após a confirmação de cada Gatilho, há sinalização expressa da queda, porém caso algum não seja captado corretamente, o processo é desativado e o sistema volta ao repouso. O Gatilho 1 registra o momento de queda livre e para tal considerou-se registro de aceleração de 0,4 G (aproximadamente 3 a 4 m/s). Isto é: durante o momento de queda livre, o sensor captará aceleração no sentido da gravidade, diminuindo assim a sensação de peso sobre o corpo em movimento contínuo em direção ao solo. Portanto, quanto for registrada uma sensação de peso correspondente à aceleração imposta no código, a condição estabelecida no Gatilho 1 será cumprida e o código passará a ler o que foi estabelecido no Gatilho 2. O Gatilho 2 registra o momento de impacto da queda em m/s, também representado por Gs, mas para o momento de impacto considerou-se registro de aceleração de 3 G (aproximadamente 28 a 30 m/s). Isso se traduz na súbita mudança de direção, que o sensor registra ao alcançar o solo, pois, incapaz de atravessar sólidos, o sensor capta grande aceleração contrária ao sentido da gravidade gerada no impacto graças à inércia da queda. Além disso, o Trigger 2 também registra mudança de ângulo em graus por segundo para determinar se o indivíduo de fato caiu. A variação considerada se encontra entre 80º e 100º graus do momento inicial ao momento final da queda. Se for registrado, por exemplo, uma mudança de movimento de um indivíduo em posição ereta para uma posição deitada, a mudança em ângulos seria de aproximadamente 90 graus, mas essa mudança pode se delongar no tempo e não será registrada como queda. Mas, se essa variação for alcançada em menos de um segundo, o Gatilho 2 sinalizará como queda e o código passará a ler o Gatilho 3. O Gatilho 3 registra a estabilidade do sistema após a queda, sinalizando imobilidade de uma pessoa caída. O cálculo é feito em variação de ângulo por segundo, admitindo uma tolerância de 0º a 10º graus de variação. Isso significa que, caso a pessoa caia, ela primeiro sinta o impacto, seguido de dores, e continue deitada, e se configura especialmente para casos
  • 43. 36 de desmaio, com a imobilidade total da pessoa uma vez caída no chão. Caso tal estabilidade da pessoa caída seja registrada, o código enfim ativa o último Gatilho. Porém, caso o sensor capte todos os Gatilhos anteriores, mas seja detectado bastante movimento durante o Gatilho 3, o sensor retorna ao estado de repouso. Isso serve para prevenir falsos alarmes quando o usuário estiver descendo escadas, fazendo exercícios ou mesmo tropeçar, mas readquirir o equilíbrio a tempo. O último Gatilho não tem condições próprias, mas é a comprovação no código de que a queda de fato aconteceu, sendo nomeado apenas como “Queda Detectada”. Ele serve apenas para registrar todo o ocorrido e enviar os sinais necessários aos outros sistemas. No caso deste estudo, o último Gatilho, quando confirmado, gera mensagem “Emergência”, semelhantemente ao botão de emergência. Gerada a mensagem pelo pressionar do botão designado ou quando sinalizada automaticamente após uma queda, o código foi feito para enviar uma mensagem contínua para outro sistema via Bluetooth, sendo os dizeres dessa mensagem (que se repetirá várias vezes por segundo): "Ajuda a Caminho". O código foi escrito, também, para cessar a repetição dessas mensagens quando o botão de emergência for pressionado uma segunda vez, sinalizando a frase "Ajuda Chegou". Uma vez finalizado o sistema da pulseira, foram realizados testes para averiguar sua eficácia em ambiente controlado. Os testes foram realizados aumentando a sensibilidade do sensor para registrar momento de queda livre em aceleração próxima a 8 m/s (aproximadamente 0,8 G) e registrar impacto próximo de 12 m/s (aproximadamente 1,2 G). Isso foi realizado dessa maneira porque o sistema ainda está ligado à breadboard e consequentemente ligado ao computador, limitando a mobilidade geral e dificultando uma simulação de queda real. Felizmente, foram instalados cabos longos ao sensor e tal etapa pôde ser realizada nos conformes mais sensíveis agora apresentados. Os movimentos de testes realizados foram: soltar o sensor do ponto mais alto que podia alcançar, deixando-o cair pouco distante da placa Arduino; e jogar o sensor de um lado para o outro da breadboard. Com a sensibilidade alta, o sistema detectou a queda e sinalizou no Monitor Serial as mensagens que foram codificadas para serem enviadas conforme as etapas fossem cumpridas.
  • 44. 37 Figura 18. Na figura, a janela do Monitor Serial registrando, através das frases programadas no código, a simulação de queda. Os gatilhos foram detectados e ativados sequencialmente e então a mensagem "Queda Detectada" foi mostrada, acionando a função de emergência. Tão logo a mensagem “Ajuda a Caminho” foi escrita várias vezes até que o botão de Emergência fosse apertado uma segunda vez, sendo sinalizado pela frase “Emergência” na base da imagem. Só então aparece a frase “Ajuda Chegou” e o sistema retorna ao repouso. Fonte: imagem de computador registrada por Leonardo Miranda, 2019. Figura 17. Na figura, demonstra-se a ação de queda no código de exemplo tornado mais sensível às variações de velocidade e ângulo. Fonte: foto registrada por Leonardo Miranda, 2019.
  • 45. 38 Assim que fora finalizado o sistema da pulseira, foi iniciada a construção do sistema receptor dos sinais emitidos pelos botões e sensor. Foi então definida a criação de uma caixa de som utilizando uma placa Arduino Uno, um buzzer e um módulo Bluetooth HC-06. Esse sistema seria instalado na parede externa ao quarto do usuário da pulseira, ligando um alarme sonoro para avisar um pedido ou uma emergência quando recebesse quaisquer desses avisos do sistema da pulseira. Sua instalação seria na parede, à altura da porta. Finalizados as etapas de montagem e testes iniciais, prosseguiu-se para a junção e comunicação entre ambos os sistemas da pulseira e da caixa de som. Entretanto, pôde-se notar que os módulos de comunicação Bluetooth usados, o módulo HC-06, só possuem função “slave”, ou seja, só podem receber comunicação de outros dispositivos e não podem, por si só, se conectarem a outros. Este problema poderia ser solucionado com a troca do módulo da pulseira pelo módulo Bluetooth HC-05, que pode ser programado para ser tanto “slave” Figura 19. Na figura ao lado, os componentes do segundo sistema: o buzzer no canto superior esquerdo, o segundo módulo Bluetooth HC-06 no centro e a placa Arduino Uno no canto inferior. Fonte: foto registrada por Leonardo Miranda, 2019. Figura 20. Na figura ao lado, o sistema montado e testado em conjunto com o computador. Fonte: foto registrada por Leonardo Miranda, 2019.
  • 46. 39 quanto “master”, que inicia as comunicações, ou trocar o sistema de comunicação de Bluetooth para outro tipo de sistema de comunicações, como o de Rádio Frequência (RF). O projeto então se adequou para comportar o sistema de RF, com utilização de duas placas NRF24L01, uma em cada sistema. Apesar da dificuldade inicial devido à mudança do código até então desenvolvido, os sistemas obtiveram sucesso na comunicação, podendo enfim trocar informações entre si. Após instalação dos módulos RF, prosseguiu-se para a construção do código que ligaria as funções dos botões e do sensor MPU-6050 do sistema da pulseira para a ativação do buzzer no segundo sistema. O intuito inicial era fazer com que os resultados alcançados que apareciam no Monitor Serial (as palavras “Pedido” e “Emergência” e as frases que representavam as respectivas ações a serem tomadas) gerassem sinais sonoros específicos que caracterizassem com clareza cada função. Portanto, primeiramente se definiu que tipo de som remeteria a qual função, sendo um constituído de frequência contínua e de duração predefinida (de 2 a 4 segundos), que simbolizaria a função “Pedido”, enquanto o outro deveria representar a função “Emergência” com um som de frequência alternada e sem duração determinada, cessando somente com o pressionar do botão designado para emergências. O barulho desejado para a segunda função foi criado para se comportar dessa maneira para que seja acionado no momento de quedas ou quando o usuário desejar, mas que só seja desativado quando os profissionais aptos para o socorro tenham chegado ao local e apertarem por si o botão, sinalizando atendimento ao usuário. Após os ajustes do código para gerar o sinal sonoro, ambos sistemas foram desmontados da bread board em que estavam e remontados cada um em uma bread board diferente, de tamanho reduzido e cabos mais resistentes, para que fossem executados os testes Figura 21. Na figura ao lado, o módulo RF utilizado, de nome NRF24L01. Fonte: foto registrada por Leonardo Miranda, 2019.
  • 47. 40 finais da eficiência do código finalizado, assim como, o alcance das ondas de rádio frequência. Com os sistemas divididos, pôde-se planejar, que fontes de energia seriam necessárias para alimentar ambos mecanismos, levando em consideração as voltagens necessárias para cada placa ligada às placas Arduino Nano e Uno. Para a pulseira decidiu-se usar baterias que pudessem passar voltagem de pelo menos 5 V, uma vez que, tanto o sensor MPU-6050 quanto Figura 22. Foto do sistema designado à pulseira na nova e mais portátil bread board. Neste sistema estão instalados a placa Arduino Nano, o MPU-6050, um módulo RF e os dois botões. Fonte: foto registrada por Leonardo Miranda, 2019. Figura 23. Foto do sistema designado à caixa de som na nova e mais portátil bread board. Neste sistema estão instalados a placa Arduino Uno, o buzzer e um módulo RF. Fonte: foto registrada por Leonardo Miranda, 2019.
  • 48. 41 os botões necessitam desta quantidade de energia para funcionar corretamente, assim como, a própria bateria é uma fonte de alimentação de fácil acesso no mercado e de tamanho diminuto o suficiente para ser acoplado numa pulseira. No entanto, para o sistema da caixa de som houve algumas modificações: inicialmente planejava-se utilizar bateria de pelo menos 3,3 V para sua alimentação, uma vez que essa é a voltagem necessária para o funcionamento adequado do buzzer e do módulo RF, mas considerou-se por fim o modo como este equipamento será instalado num ambiente real. Não havendo necessidade de ser portátil como a pulseira, foi decidido que a alimentação primária da caixa de som seria diretamente na rede elétrica residencial, utilizando-se o cabo com conector USB em conjunto com adaptador para tomadas de 110 V, como os cabos utilizados para carregamento de celulares modernos. Desse modo, não haveria necessidade de dependência de baterias. Definida a fonte de energia dos sistemas, partiu-se para os testes práticos finais dos protótipos, aonde foram encontrados mais detalhes interessantes a serem aprofundados. No início desta etapa, foi detectado um erro no código de ambos sistemas no qual quando um era desligado, por qualquer que fosse o motivo, o outro sistema não era acionado ou mesmo era capaz de realizar as funções para quais fora programado. Isso foi levado em conta para os ajustes finais do código, que agora permite que o sistema da caixa de som, caso o sistema da pulseira seja desligado acidentalmente ou tenha a bateria esgotada no momento em que uma emergência for acionada, continue em funcionamento normal até que a pulseira seja reativada e possa responder adequadamente. Isso foi importante a ser considerado devido à possibilidade do sistema sofrer algum erro mecânico em casos de quedas de grande impacto ou, como mencionado anteriormente, se houver esgotamento da fonte de alimentação. Outra consideração a ser feita, encontrada durante os testes finais, levar em conta quedas com variação de velocidade lenta ou um chamado de emergência em usuários que já estejam deitados. Como pode se imaginar, o sensor de quedas não detectará uma queda lenta ou mesmo detectará movimento quando o indivíduo sentir-se mal. No entanto, foi para esses casos específicos que fora designado o botão de emergência na pulseira. Levando em conta a ausência de um sistema de comunicação eletrônico no estudo de campo realizado na ILPI do Pão de Santo Antônio, foi considerado que quando um idoso passava mal em condição semelhante às apresentadas, o cuidador responsável deveria se ausentar por um breve momento, que poderia variar de uma corrida até a porta do quarto para chamar ajuda ou mesmo de um deslocamento maior até a dependência da enfermaria da ILPI. Apesar disso acontecer com pouca frequência, o projeto da pulseira foi feito para que o cuidador nunca