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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
INSTITUTO DE TECNOLOGIA
FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO
LARISSA SILVA LEAL
SUBSÍDIOS PARA A CARACTERIZAÇÃO DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO
JOÃO DE BARROS BARRETO COMO PATRIMÔNIO DA SAÚDE NO PARÁ
BELÉM - PARÁ
2018
1
LARISSA SILVA LEAL
SUBSÍDIOS PARA A CARACTERIZAÇÃO DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO
JOÃO DE BARROS BARRETO COMO PATRIMÔNIO DA SAÚDE NO PARÁ
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado a Faculdade de Arquitetura
e Urbanismo, como requisito para a
obtenção do título de Arquiteto e
Urbanista pela Universidade Federal do
Pará, sob a orientação da Prof.ª Dr.ª
Cybelle Salvador Miranda.
BELÉM - PARÁ
2018
2
LARISSA SILVA LEAL
SUBSÍDIOS PARA A CARACTERIZAÇÃO DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO
JOÃO DE BARROS BARRETO COMO PATRIMÔNIO DA SAÚDE NO PARÁ
Belém (PA), 13 de Dezembro de 2018
BANCA EXAMINADORA
____________________________________________
Profª. Drª. Cybelle Salvador Miranda
Universidade Federal do Pará
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
_____________________________________________
Prof. Dr. Ronaldo Nonato Ferreira Marques de Carvalho
Universidade Federal do Pará
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
_____________________________________________
Arquiteta Áurea Helyette Gomes Ramos
Hospital Ophir Loyola
Assessoria de Planejamento Físico
BELÉM - PARÁ
2018
3
Dedico este trabalho a Deus, que
permite todas as coisas e planeja
tudo infinitamente melhor do que
pedimos ou pensamos. Dedico
também à minha mãe, Gracinéa, o
meu exemplo de ser humano.
4
AGRADECIMENTOS
Primeiramente total gratidão a Deus, que me manteve nessa caminhada
e segurou minhas mãos todas as vezes em que pensei em desistir.
Minha mãe, Gracinéa Silva, por todos os exemplos de superação nas mais
diversas situações. Sustentou-me financeira e psicologicamente e até mudou de
endereço para melhorar meu desempenho acadêmico.
À orientadora mais correta e justa que eu poderia ter, que acreditou e
investiu tempo e dedicação para que esse trabalho pudesse ser feito, Profª. Drª.
Cybelle Salvador Miranda, juntamente com o entusiasmo e conhecimentos do
Prof. Dr. Ronaldo Marques de Carvalho. Sou grata por tudo que aprendi com
ambos, desde o início da minha trajetória no LAMEMO.
Thayse Queiróz, minha amiga e contribuinte fundamental desse trabalho,
que dedicou horas, conversas, análises e desenhos.
Ricardo Lobo por me ensinar pacientemente a editar imagens, modelar
maquetes e me apoiar todos os dias.
Aos meus amigos do LAMEMO/UFPA, especialmente à graduanda
Vithória Silva que disponibilizou seu “olhar fotográfico” e paciência para registrar
muitos arquivos utilizados neste trabalho. À mestranda Livia Gaby, que
proporcionou as entrevistas e busca de materiais para esta pesquisa.
Todos os atuais e antigos funcionários do Hospital Universitário João de
Barros Barreto, que de muito bom grado se disponibilizaram para ajudar-me a
levantar a documentação do hospital. Os médicos Aristóteles Miranda e José
Maria Abreu, arquiteta Lucianni Vitelli, Rosiany Amaral e Adriane Paixão do setor
da Biblioteca, Paulo Eleutério e Sérgio Amaral do Arquivo Administrativo e à
antiga funcionária dona Iolete Souza.
À minha melhor amiga da vida toda, Gabriela Freire, por ser sempre
otimista e oferecer sua ajuda em qualquer situação.
Aos Carvalhos, minha família que está longe e mesmo assim enviava
incentivo a cada passo dado durante essa caminhada, Anny, Lázaro e Vivian.
5
Os sítios com significado cultural
enriquecem a vida das pessoas,
proporcionando, muitas vezes, um
profundo e inspirador sentido de
ligação à comunidade e à paisagem,
ao passado e às experiências
vividas.
(Carta de Burra, 1999)
LEAL, Larissa Silva. Subsídios para a caracterização do Hospital Universitário
João de Barros Barreto como patrimônio da saúde no Pará. Trabalho de
Conclusão de Curso apresentado para a obtenção do título de Arquiteta e Urbanista.
Instituto de Tecnologia. Universidade Federal do Pará, 2018.
6
RESUMO
Este trabalho tem por base contribuir para o desenvolvimento do estudo da produção
arquitetônica assistencial do Pará, através da significação cultural e preservação dos
documentos históricos encontrados na edificação principal do Hospital Universitário
João de Barros Barreto, visando caracterizá-la como patrimônio da saúde no Pará.
Construído para ser o único sanatório que tratava tubérculos na Região Norte, o
chamado Barros Barreto é um exemplar moderno inaugurado no fim da década de 50,
cuja autoria do projeto é desconhecida e a construção durou cerca de vinte anos. O
estilo empregado se assemelha à outros sanatórios brasileiros do mesmo período, com
o uso de materiais semelhantes. Por intermédio da pesquisa bibliográfica, pesquisa
documental e estudo de caso associados ao levantamento fotográfico, buscou-se
identificar os elementos arquitetônicos e por meio do estudo do entorno, estrutural e dos
detalhes, bem como a evolução da edificação no decorrer de 60 anos de existência,
mediante o uso do método estratigráfico. Como resultados apresenta-se a catalogação
do acervo de fotografias e plantas históricas do antigo sanatório, bem como análises
arquitetônicas das intervenções divididas em quatro fases, 1959, 1976, 1990 e 2018.
Comprovando que o antigo sanatório adentra a categoria de obra moderna que
necessita de ações de valorização e conservação de seus significados culturais, no qual
é de muita contribuição para a memória e identidade coletiva, principalmente da
comunidade paraense.
Palavras-chave: Arquitetura hospitalar; Modernismo; Patrimônio; Belém-PA.
7
ABSTRACT
This work is based on contribute to the development of the study of architectural
assistance production of Pará, upon the cultural significance and preservation of
historical documents found in the main building of the University Hospital João de Barros
Barreto, aiming to characterize it as health patrimony in Pará. Built to be the only
sanatorium which treated tubers in the Northern Region, the so-called Barros Barreto is
a modern specimen inaugurated in the late 1950's, whose authorship of the project is
unknown and the construction lasted about twenty years. The style used resembles other
brazilian sanatoriums of the same period, with the use of similar materials. Upon a
bibliographical research, documentary research and case study associated to the
photographic survey, we sought to identify the architectural elements, by the study of the
surroundings, structure and details, as well as the evolution of the building during its 60
years of existence, over the use of the stratigraphic method. The results show the
cataloging of the collection of photographs and historical plans of the old sanatorium, in
addiction to the architectural analyzes of the interventions divided into four phases, 1959,
1976, 1990 and 2018, confirming that the old sanatorium enters in the category of
modern work which needs actions of valorization and conservation of its cultural
meanings, which is a great contribution to the cultural memory of the community.
Keywords: Hospital architecture; Modernism; Patrimony; Belém-PA
8
LISTA DE FIGURAS
Figura 01 - Pavilhão da Colônia Juliano Moreira, em Jacarepaguá - RJ, criada no
ano de 1924 ..................................................................................................... 18
Figura 02 - Brises em concreto da fachada do Sanatório Partenon, Rio Grande
do Sul ............................................................................................................... 20
Figura 03 - Hospital das Clínicas de Salvador, construído entre 1938 e 1943. 21
Figura 04 - Planta com a localização das antigas edificações (enumeradas) em
relação ao Sanatório, de 1959 ......................................................................... 22
Figura 05 - Sacadas não finalizadas na ala leste, mesmo com o sanatório em
funcionamento Sanatório, obras na ala oeste .................................................. 24
Figura 06 - Obras de reestruturação do Hospital Barros Barreto .................... 25
Figura 07 - Desenhos da planta do Hospital Good Samaritan e do antigo
Sanatório Barros Barreto Obras de reestruturação do Hospital Barros Barreto26
Figura 08 - Sanatório Barros Barreto .............................................................. 27
Figura 09 - Sanatório Santa Maria ................................................................... 27
Figura 10 - Análise de superfícies com sinais de intervenções antrópicas ...... 29
Figura 11 - Documento tridimensional ilustrando a análise cronológica da
arquitetura do Instituto Estadual Carlos Gomes, Belém - Pa no ano de 1944 . 30
Figura 12 - Documento tridimensional do Instituto em 2014 ............................ 30
Figura 13 - Simulação do interior da Casa de D. Yayá, São Paulo.................. 31
Figura 14 - Volumetria da Casa de D. Yayá..................................................... 31
Figura 15 - Localização do bairro do Guamá em Belém, com a demarcação do
lote onde fica o HUJBB .................................................................................... 33
Figura 16 - Vista do antigo portão de acesso ao Sanatório Barros Barreto ..... 34
Figura 17 - Mapa ilustrativo do lote do HUJBB atualmente, indicando o bloco
principal, as edificações adjacentes e a área verde, sem escala..................... 35
Figura 18 - Unidade de Alta Complexidade em Oncologia............................... 36
Figura 19 - Farmácia Ambulatorial e Saúde do Trabalho, dentro do complexo
ambulatorial ..................................................................................................... 36
Figura 20 - Lago do Laboratório de Investigações em Neurodegeneração...... 37
Figura 21 - Brinquedoteca, anexa ao prédio principal...................................... 38
9
Figura 22 - Área verde localizada próximo ao muro voltado para a Rua dos
Mundurucus...................................................................................................... 39
Figura 23 - Seleção do acervo no HUJBB (da esquerda para a direita: Rosiany
Silva, Thayse Queiróz e Larissa Leal) ............................................................. 40
Figura 24 - Consultório Dr. Adriano (identificado pelo setor de Biblioteca). Piso
em cerâmica vermelha ..................................................................................... 41
Figura 25 - Fachada do sanatório voltada para o norte ................................... 41
Figura 26 - Atual fachada principal (oeste) do HUJBB..................................... 42
Figura 27 - Piso em cerâmica vermelha do corredor da entrada da biblioteca,
segundo pavimento.......................................................................................... 42
Figura 28 - Corredor central com piso danificado, ala leste, quinto pavimento 43
Figura 29 - Vista da fachada norte, atualmente................................................ 43
Figura 30 - Planta baixa do HBB, segundo pavimento .................................... 44
Figura 31 - Planta de arborização do entorno .................................................. 44
Figura 32 - Planta baixa atual do térreo ........................................................... 45
Figura 33 - Desenho esquemático da planta do térreo do HUJBB................... 45
Figura 34 - Estrutura de pilares e vigas em concreto armado ......................... 46
Figura 35 - Vigas invertidas do antigo sanatório .............................................. 46
Figura 36 - Desenho dos pilares do sanatório.................................................. 47
Figura 37 - Paredes em tijolos de cerâmica vermelha da ala leste .................. 48
Figura 38 - Início das fundações do sanatório ................................................. 48
Figura 39 - Cobertura em telha de cimento amianto, lado sul do HBB............. 48
Figura 40 - Desenhos da cobertura do SBB..................................................... 49
Figura 41 - Revestimento de piso e paredes em cerâmica na cor branca,
ambulatório da pediatria................................................................................... 49
Figura 42 - Piso São Caetano do antigo refeitório de pacientes ...................... 50
Figura 43 - Forro em madeira e paredes brancas da sala da diretoria............. 50
Figura 44 - Elementos vazados (cobogós), janelas e brises da fachada sul.... 51
Figura 45 - Vista do hall de entrada da fachada oeste..................................... 52
Figura 46 - Vista das varandas e janelas de uma das fachadas ...................... 52
Figura 47 - Piso quadriculado xadrez das varandas ........................................ 53
Figura 48 - Revestimento da parte superior do parapeito das varandas.......... 53
Figura 49 - Muro gradeado da antiga entrada do sanatório ............................. 55
Figura 50 - Detalhe do gradil em ferro localizado acima do muro .................... 55
10
Figura 51 - Esquema com a demarcação das alas do sanatório...................... 55
Figura 52 - Desenho arquitetônico da primeira guarita do sanatório, 1961 ..... 56
Figura 53 - Antiga guarita de entrada executada de acordo com o projeto...... 56
Figura 54 - Portão de ferro da entrada ao lado da guarita ............................... 56
Figura 55 - Cerca de madeira que circundava o terreno do sanatório ............. 57
Figura 56 - Planta baixa do pequeno hall de entrada da fachada oeste .......... 57
Figura 57 - Fachada oeste, com a demarcação do antigo hall de entrada....... 58
Figura 58 - Antiga casa de caldeiras com parede vazada................................ 58
Figura 59 - Entrada aberta da casa de caldeiras e início da antiga chaminé ... 58
Figura 60 - Interior da casa de caldeiras .......................................................... 58
Figura 61 - Desenho da fachada oeste, contendo a chaminé e casa de caldeiras
59
Figura 62 - Atual hall de escadas..................................................................... 59
Figura 63 - Detalhe de um degrau das escadas em marmorite com a estrutura
em aço ............................................................................................................. 59
Figura 64 - Soleira em marmorite de uma das janelas do HUJBB ................... 60
Figura 65 - Desenho esquemático do primeiro pavimento (térreo) .................. 60
Figura 66 - Setor de Nutrição do SBB .............................................................. 60
Figura 67 - Setor de Nutrição ........................................................................... 60
Figura 68 - Desenho esquemático do segundo pavimento .............................. 61
Figura 69 - Antigo refeitório.............................................................................. 61
Figura 70 - Posto de enfermagem.................................................................... 61
Figura 71 - Desenho esquemático do terceiro pavimento ................................ 61
Figura 72 - Centro de Terapia Intensiva .......................................................... 61
Figura 73 - Desenhos com detalhamentos das portas..................................... 62
Figura 74 - Selo de uma das plantas de detalhamento, 1967 .......................... 62
Figura 75 - Vista da fachada norte pelo interior de uma das varandas, com
descrição de elementos ................................................................................... 63
Figura 76 - Desenho da planta baixa e elevação do muro do HBB.................. 64
Figura 77 - Planta baixa do subsolo do HBB.................................................... 64
Figura 78 - Planta baixa do primeiro pavimento............................................... 65
Figura 79 - Sala da diretoria............................................................................. 65
Figura 80 - Lavanderia ..................................................................................... 65
Figura 81 - Planta baixa do segundo pavimento .............................................. 66
11
Figura 82 - Refeitório em obras........................................................................ 66
Figura 83 - Interior do refeitório sendo adaptado para o Centro de Estudos.... 66
Figura 84 - Vista externa da área do refeitório em obras ................................ 66
Figura 85 - Cortes do projeto do Centro de Estudos........................................ 67
Figura 86 - Interior do auditório ........................................................................ 68
Figura 87 - Planta baixa do terceiro pavimento................................................ 69
Figura 88 - Uma das salas de cirúrgia do Centro Cirúrgico.............................. 69
Figura 89 - Interior de uma das salas de cirúrgia, Centro Cirúrgico ................. 69
Figura 90 - Planta baixa do quarto pavimento.................................................. 70
Figura 91 - Planta baixa do quinto pavimento .................................................. 70
Figura 92 - Planta baixa do sexto pavimento, com demarcação da áre não
finalizada .......................................................................................................... 70
Figura 93 - Fachada oeste do HBB, com descrição de elementos................... 71
Figura 94 - Planta com indicação das alas do HJBB, corte e selo do escritório
contratado ........................................................................................................ 73
Figura 95 - Pórtico de entrada do HJBB, ao fundo a fachada oeste da edificação
principal............................................................................................................ 74
Figura 96 - Planta baixa, cortes e fachada do pórtico de entrada .................... 74
Figura 97 - Muro com cerca de arame do lado oeste do HUJBB ..................... 75
Figura 98 - Muro com cerca coberta de vegetação do lado norte do hospital.. 75
Figura 99 - Planta baixa do térreo, com a demarcação da lavanderia (em azul) e
do antigo depósito (em amarelo)...................................................................... 75
Figura 100 - Cortes do prédio anexo................................................................ 76
Figura 101 - Fachadas do prédio anexo........................................................... 76
Figura 102 - Cobertura da edificação anexa .................................................... 77
Figura 103 - Planta baixa do primeiro pavimento, com demarções de ambientes
77
Figura 104 - Salas de aula do Centro de estudos separadas por divisórias .... 78
Figura 105 - Planta baixa do segundo pavimento ............................................ 79
Figura 106 - Fachada oeste (atual entrada principal) com pavimentação asfáltica
na via frontal..................................................................................................... 79
Figura 107 - Vista frontal da guarita atual do HUJBB, com indicações ............ 81
Figura 108 - Vista da guarita pelo interior do terreno do HUJBB...................... 81
Figura 109 - Brises em concreto ...................................................................... 82
12
Figura 110 - Interior do hall de entrada da fachada oeste................................ 82
Figura 111 - Planta baixa do térreo com demarcações (em azul) da Unidade de
Diagnóstico de Meningite ................................................................................. 82
Figura 112 - Entrada da UDM .......................................................................... 82
Figura 113 - Interior de um dos vestiários femininos........................................ 83
Figura 114 - Corredor principal do pavimento de vestiários ............................. 83
Figura 115 - Espaço acima da escada de acesso aos vestiários..................... 83
Figura 116 - Vista externa da edificação anexa para lavanderia e vestiários... 84
Figura 117 - Planta baixa atual do primeiro pavimento do HUJBB, com
demarcação da área da Pesquisa Clínica ....................................................... 84
Figura 118 - Fachada da Pesquisa Clínica em março de 2018........................ 85
Figura 119 - Pesquisa Clínica em setembro de 2018....................................... 85
Figura 120 - Acesso ao subsolo pela fachada sul............................................ 85
Figura 121 - Planta baixa do primeiro pavimento............................................. 86
Figura 122 - Entrada da Triagem ..................................................................... 86
Figura 123 - Circulação próxima à sala de Tomografia, UDI ........................... 86
Figura 124 - Local da antiga casa de caldeiras................................................ 86
Figura 125 - Planta baixa atual do segundo pavimento, com demarcações .... 87
Figura 126 - Vista externa da ala norte, com entrada temporária para os
funcionários das obras ..................................................................................... 88
Figura 127 - Corredor do Ambulatório de Fibrose Cística, Pediatria e Fisioterapia
89
Figura 128 - Interior de um dos leitos da ala leste do quarto pavimento .......... 90
Figura 129 - Planta baixa atual do quarto pavimento....................................... 90
Figura 130 - Planta baixa atual do sexto pavimento......................................... 90
Figura 131 - Interior da sala desativada, próximo ao corredor central ............. 90
Figura 132 - Corredor da ala oeste do sexto pavimento .................................. 91
Figura 133 - Planta baixa atual do sexto pavimento......................................... 91
Figura 134 - Planta baixa atual do pavimento do arquivo morto ...................... 92
Figura 135 - Escada revestida em cerâmica São Caetano .............................. 92
Figura 136 - Fachada da ala leste com varandas gradeadas ou fechadas com
janelas.............................................................................................................. 92
Figura 137 - Interior de varanda com revestimentos originais e gradil, ala oeste
do segundo pavimento ..................................................................................... 92
13
Figura 138 - Fachada oeste atualmente, com demarcações de elementos..... 93
Figura 139 - Planta esquemática com demarcação de áreas que sofreram
intervenções e seus respectivos anos.............................................................. 94
Figura 140 - Comparação de plantas baixas antiga e atual ............................ 95
Figura 141 - Corredor principal da Unidade de Diagnóstico por Imagem ........ 96
Figura 142 - Corredor da ala oeste do segundo pavimento ............................. 96
Figura 143 - Corredor da ala oeste do quarto pavimento................................. 96
Figura 144 - Simulação tridimensional da fachada oeste, década de 70 ........ 97
Figura 145 - Simulação tridimensional da fachada oeste, 2018....................... 97
Figura 146 - Simulação tridimensional da fachada leste, década de 70 .......... 98
Figura 147 - Simulação tridimensional da fachada oeste, 2018....................... 98
Figura 148 - Exemplo de documento arquitetônico, projeto do edifício de
Medicamentos e Estudos d Química, de 1919............................................... 100
Figura 149 - Diagnóstico e pré-catalogação no Projeto Arquigrafia .............. 102
Figura 150 - Lista encontrada na mapoteca do Arquivo Administrativo ......... 104
Figura 151 - Planilha criada para a catalogação das fotografias.................... 106
Figura 152 - Planilha criada para a catalogação das plantas arquitetônicas . 107
LISTA DE QUADROS
Quadro 01 - Atividades programadas para o Hospital João de Barros Barreto 72
Quadro 02 - Orçamento de obras..................................................................... 78
14
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO................................................................................................. 15
1. A ARQUITETURA MODERNA DA SAÚDE NO BRASIL: O SANATÓRIO
BARROS BARRETO ....................................................................................... 18
2. ARQUEOLOGIA DA ARQUITETURA: A VALORIZAÇÃO ATRAVÉS DO
MÉTODO ESTRATIGRÁFICO......................................................................... 28
2.1 Desvendando o Método Estratigráfico................................................... 28
2.2 Caracterização para verificação da significação arquitetônica presente
Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB)............................ 32
2.2.1 Estudo do entorno ......................................................................... 32
2.2.2 Levantamento de dados documentais......................................... 39
2.2.3 Estrutura edificada ........................................................................ 45
2.2.4 Revestimentos ............................................................................... 49
2.2.5 Detalhes.......................................................................................... 51
3. ESTUDO DE CASO: ESTRATIGRAFIA APLICADA AO HUJBB ........... 54
3.1 1ª fase: Sanatório Barros Barreto, entregue em 1959 ................ 54
3.2 2ª fase: Hospital Barros Barreto, adaptações de 1976 .............. 63
3.3 3ª fase: Hospital João de Barros Barreto, 1990........................... 71
3.4 4ª fase: Hospital Universitário João de Barros Barreto, 2018 ... 80
3.5 Síntese das mudanças .................................................................. 93
4. CATALOGAÇÃO PRIMÁRIA DOS DOCUMENTOS ICONOGRÁFICOS DO
HUJBB............................................................................................................. 99
4.1 Fundamentos da salvaguarda de documentos iconográficos para
a arquitetura .................................................................................................. 99
4.2 Identificação, seleção e digitalização dos documentos .......... 103
4.3 Separação em pastas por assunto............................................. 104
4.4 Catalogação do acervo ............................................................... 106
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................... 108
REFERÊNCIAS.............................................................................................. 111
15
INTRODUÇÃO
A partir do ano de 1934 foi constatado que a Tuberculose era uma das
doenças que mais causava mortalidade no Brasil. João de Barros Barreto foi o
médico que fez um estudo a respeito da necessidade de hospitais para atender
à crescente demanda no país, apontando a conveniência da construção de sete
grandes e onze pequenos sanatórios em várias cidades do Brasil. Esta
recomendação deu origem à destinação de verbas para dois sanatórios em Porto
Alegre, três sanatórios em São Paulo, quatro sanatórios localizados no Rio de
Janeiro, um sanatório em Niterói e um em Fortaleza, e finalmente apenas um
sanatório na Região Norte, em Belém (Biblioteca Dr. Alexandre B. dos Santos,
s/d).
A tipologia arquitetônica aplicada no até então Sanatório Barros Barreto
pode ser identificada em hospitais como o Hospital Geral de Poços de Caldas,
Minas Gerais e no Hospital Santa Maria, Rio de Janeiro, tendo este último o
mesmo projeto do Sanatório de Belém (MIRANDA, ABREU JÚNIOR, 2016). A
partir de então, esses hospitais detém um legado na Arquitetura Moderna
Brasileira.
O estudo sobre a Arquitetura Hospitalar em Belém iniciou-se no ano de
2009 com a integração do Laboratório de Memória e Patrimônio Cultural
(LAMEMO/FAU/UFPA) na Rede Brasil de Patrimônio Cultural da Saúde, através
do Dr. Renato da Gama-Rosa Costa, da Casa de Oswaldo Cruz/FIOCRUZ. O
propósito da Rede Brasil é realizar o inventário Nacional do Patrimônio Cultural
da Saúde, e para isto, é de fundamental importância a ação conjunta de
instituições de ensino e pesquisa brasileiras. Deste então, o LAMEMO vem
desenvolvendo pesquisas no que diz respeito ao Patrimônio da Saúde em
Belém, além de ser integrado ao Gabinete das Misericórdias da Universidade de
Lisboa e ao Grupo Saúde e cidade: arquitetura, urbanismo e patrimônio cultural,
coordenado pela FIOCRUZ.
Logo, o atualmente Hospital Universitário João de Barros Barreto
(HUJBB) se enquadra como um importante exemplar da Arquitetura Moderna da
Saúde, sendo de fundamental contribuição ao avanço dos estudos do Patrimônio
da Saúde em Belém. O exemplar moderno está localizado na Rua dos
16
Mundurucus, número 4487, bairro do Guamá em Belém e é formado por um
prédio principal, monobloco, inaugurado no ano de 1959 (quase vinte cinco anos
depois do início de sua construção), contendo diversas modificações em seu
projeto para adaptar a edificação à novas necessidades (Biblioteca Dr.
Alexandre B. dos Santos, s/d), além de conter mais de cerca de 15 edificações
dentro do seu complexo hospitalar. Atualmente, o bloco principal do complexo
universitário encontra-se descaracterizado em relação ao seu estado inicial,
devido à inúmeras intervenções.
O HUJBB conta com um acervo com um número bastante significativo de
plantas tanto do projeto entregue em 1959, quanto de intervenções feitas
posteriormente, bem como fotografias do seu interior, todavia, este acervo
iconográfico não está armazenado de forma adequada, aumentando o risco de
perda desses documentos históricos. Em 1990 o Hospital João de Barros Barreto
fora cedido à Universidade Federal do Pará, para oferecer ensino na área de
saúde bem como melhorar sua assistência à população (Biblioteca Dr. Alexandre
B. dos Santos, s/d).
Este trabalho pretende criar subsídios para a patrimonialização de bens e
acervos do Hospital Universitário, por meio da caracterização arquitetônica e da
salvaguarda de documentos iconográficos da edificação. Ademais, pretende-se
acrescentar conhecimentos ao estudo da produção arquitetônica hospitalar em
Belém do Pará.
A respeito dos métodos e técnicas utilizados para a realização deste
estudo, tem-se como métodos a pesquisa bibliográfica, pesquisa documental e
estudo de caso. Empregando como principais técnicas a documentação e
aplicação de entrevistas.
A pesquisa bibliográfica será feita sobretudo para identificar elementos da
Arquitetura Moderna da Saúde, bem como obter parâmetros para utilizar e
conservar documentos iconográficos e aplicações da estratigrafia. Para
fundamentar o histórico do Sanatório Barros Barreto recorre-se à pesquisa
documental, pois boa parte dos registros do antigo sanatório estão em forma de
documentos institucionais, iconografias e notícias de jornal.
No estudo do objeto (edificação principal do atual Hospital Universitário
João de Barros Barreto), aplica-se o estudo de caso para coleta de dados por
meio de levantamentos fotográfico-documentais, além disso, faz-se uso do
17
método estratigráfico como instrumento de análise arquitetônica aplicado à
edificação antiga.
O uso da técnica da documentação é utilizado para a coleta, organização
e conservação dos documentos iconográficos encontrados no arquivo do
HUJBB, bem como para a identificação e posterior catalogação destes suportes
materiais. Recorre-se à algumas entrevistas com antigos e atuais funcionários
do Hospital, principalmente para obter detalhes originais e especificar os anos
das intervenções feitas na edificação estudada.
O objetivo deste trabalho é relacionar e conservar os documentos e dados
do Hospital Universitário João de Barros Barreto. Entender as modificações
feitas na edificação ao longo de seus quase sessenta anos de existência,
caracterizar arquitetonicamente para a verificação de sua significação cultural,
ou seja, verificar os valores históricos, científicos, estéticos e sociais da
edificação e assim contribuir com a patrimonialização de bens e acervos da
saúde no Pará, visando a conservação deste sítio (Carta de Burra, 1999).
O primeiro capítulo deste trabalho faz uma abordagem sobre a Arquitetura
Moderna da saúde no Brasil, compreendo a relação entre doenças contagiosas
e o desenvolvimento da arquitetura assistencial, com destaque para a
tuberculose e a construção de sanatórios por todo o país, bem como a trajetória
da construção do Sanatório Barros Barreto em Belém. O segundo momento
deste trabalho é dedicado à explanação do método estratigráfico e
caracterização arquitetônica do HUJBB, incluindo estudos da edificação principal
e do seu entorno.
O capítulo três compreende o estudo de caso com a análise estratigráfica
aplicada ao HUJBB, dividida em quatro fases diferentes juntamente com uma
visão geral das intervenções sofridas pela edificação, relacionando com as
mudanças administrativas do hospital. Para a conservação dos documentos
iconográficos doados pelo hospital, o quarto capítulo fundamenta a salvaguarda
de documentos, bem como demonstra as etapas até a finalização da
catalogação deste acervo.
18
1. A ARQUITETURA MODERNA DA SAÚDE NO BRASIL: O SANATÓRIO
BARROS BARRETO
A Arquitetura Moderna da Saúde no Brasil se inicia com os paradigmas
tipológicos internacionais de construção, o tipo pavilhonar (Figura 01) e o tipo
monobloco. O hospital tipo pavilhonar era vigente na Europa em meados do
século XIX, que consiste na divisão das necessidades do hospital em vários
blocos de edificações separadas no mesmo terreno, pois assim se isolariam e
evitariam o contágio de doenças. A tipologia monobloco foi um modelo criado
pelos Estados Unidos no início do século XX, sendo considerado a ideia da
modernidade arquitetônica do novo século. Este deveria ter seu programa de
necessidades concentrados em uma edificação vertical, com vários pavimentos,
pois assim se evitaria custos muito altos com transporte, custo de terreno bem
como esses hospitais poderiam ficar mais próximos dos centros (COSTA, 2010).
Figura 01: Pavilhão da Colônia Juliano Moreira, em Jacarepaguá - RJ, criada no ano de
1924.
Fonte: Fundo Gustavo Capanema – CPDOC/FGV apud COSTA, 2011, p. 58.
No Brasil prevaleceu o uso de um tipo híbrido, que juntava características
de ambas edificações pavilhonar e monobloco (COSTA, 2010). Neste período
iniciava também um novo momento na Arquitetura brasileira, Ana Amora (2014)
explica:
[...] esse processo de construção de uma concepção acerca do hospital
moderno tem raízes no Brasil ao longo da primeira metade do século
XX, quando foram estabelecidas relações entre médicos, engenheiros
e arquitetos no que toca os espaços projetados e construídos para a
saúde, bem como a profissionalização dessa área do conhecimento
dentro de projetos de modernização do país, sobretudo na esfera
pública [...] (AMORA, 2014, p.4).
19
Costa (2010) cita este como um momento de maturidade na produção
arquitetônica brasileira, quando os arquitetos adquirem mais autonomia em seus
projetos, já que anteriormente os projetos hospitalares tinham maior contribuição
dos médicos. Além disso, “[a]s referências sobre arquitetura hospitalar no Brasil
[...] eram, sobretudo, estrangeiras e vinculadas aos manuais de arquitetura,
produzidos nos séculos XVIII e XIX [...]” (AMORA, 2014, p. 4). Costa (2010)
demonstra que muitos arquitetos viajavam para o exterior em busca de repertório
de edificações hospitalares para poder projetá-las da melhor forma.
No Brasil, o desenvolvimento da arquitetura moderna está ligada à
necessidade de combater doenças contagiosas e que causavam grande número
de óbitos no país inteiro, como a tuberculose. Brasileiro (2012) acrescenta que
muitas medidas foram tomadas da parte do Governo em relação ao combate da
tuberculose, “[a]ssim, o pano de fundo para a construção desse campo
especializado, da arquitetura para a saúde no Brasil, foi sobretudo, a criação de
infraestruturas públicas de saúde [...]” (AMORA, 2014, p. 5). Entra em questão a
medidas sanitárias que previam construção de sanatórios para tratar a doença,
segundo a autora, os sanatórios:
[...] também procuravam atender aos princípios de profilaxia e
terapêutica da tuberculose, através do uso de medidas adotadas
internacionalmente, como a implantação destes equipamentos em
setores urbanos mais afastados das zonas centrais, a fim de isolar os
focos de contágio; e utilização de recursos construtivos que
contribuíssem para um melhor aproveitamento do ar e do sol, como as
varandas de cura, visível em quase todos os exemplares [...]
(BRASILEIRO, 2012, p.74).
Após a década de 50, essas medidas que visavam proporcionar a
melhoria mais rápida dos pacientes traduziram-se nas edificações muito mais do
que as varandas, surgem preocupações com a funcionalidade da edificação
traduzida em formatos de plantas arquitetônicas variadas como as plantas em L,
V, X, Y, H, T entre outros modelos e variações destes (COSTA, 2010). Além
disso, o autor acrescenta que “[a] linguagem arquitetônica adotada para
hospitais a partir da década de 1950 se aproxima mais da estética proposta por
Le Corbusier” (COSTA, 2010, p. 10), principalmente no que se refere a
ornamentação, que era ausente e estrutura, que era aparente.
Assim, os sanatórios [...] eram marcados pela setorização do programa
ideal de funcionalidade; plano racionalista; formas simples e uso de
cores claras; fachadas fenestradas marcadas pelas esquadrias e
pilares soltos a meia distância das paredes; e uso de materiais e
20
sistemas que caracterizavam a arquitetura moderna, como os brises
verticais orientáveis e elementos vazados nas fachadas, e estruturas
pré-moldada de concreto armado nas construções (BITTENCOURT,
2000 apud BRASILEIRO, 2012, P. 85.).
Monteiro e Ribeiro (2013, p. 16) reiteram que as varandas e locais para
os pacientes tomarem banho de sol eram características muito marcantes na
arquitetura dos sanatórios. Nas fachadas prevalecia o racionalismo com a
ausência de ornamentos, entretanto o uso de brises (Figura 02) e cobogós, como
soluções de conforto térmico e medidas profilaxias da tuberculose, fazem parte
também da composição das fachadas.
Figura 02: Brises em concreto da fachada do Sanatório Partenon, Rio Grande do Sul.
Fonte: BITTENCOURT, 2000, p. 119 apud BRASILEIRO, 2012, p. 86.
Vale ressaltar que muitos sanatórios seguiam os padrões modernos,
porém tinham suas especificidades entre si. Renato Costa (2010) acrescenta
que projetos de hospitais monobloco de São Paulo e Bahia (Figura 03) seguiam
tendências de plantas em formato H, com varandas, acentuada verticalidade e
aproveitamento do declive dos terrenos, no Rio de Janeiro muitas obras
apresentam o monobloco vertical com algumas características de tipologias
passadas, demonstrando uma transição (COSTA, 2010).
21
Figura 03: Hospital das Clínicas de Salvador, construído entre 1938 e 1943.
Fonte: Fundo Gustavo Capanema – CPDOC/FGV apud COSTA, 2011, p. 61.
O estudo da arquitetura moderna da saúde no Brasil, assim como os
estilos anteriores utilizados nas edificações hospitalares, forma um grande
aparato de registros para o patrimônio cultural da saúde, muitas edificações
como os sanatórios, preventórios, dispensários dentre outros, têm seus aspectos
estudados e registrados (MONTEIRO; RIBEIRO, 2013, p. 19). O conhecimento
a respeito destas instituições proporciona o registro da história da assistência
médica no Brasil e o entendimento de características e transformações ocorridas
nesta tipologia arquitetônica, já que essas edificações mesclam o
desenvolvimento de conhecimentos médicos e arquitetônicos, que, dependendo
do tipo de doença a ser tratado pela instituição, as características de forma e
concepção seriam apresentadas de forma diferente (PÔRTO, 2008, p. 14 apud
MONTEIRO; RIBEIRO, 2013, p. 19).
Os registros que se tem do terreno onde está localizado atualmente todo
o complexo do HUJBB demonstram que inicialmente pertenceu ao Dr. Américo
Santa Rosa, comprado pelo Governo do Estado em 1895 já com o propósito de
construir um hospital de isolamento. Este hospital foi denominado Hospital
Domingos de Freire, cuja especialidade era atender aos assolados pela febre
amarela. Domingos Freire começou a ser construído em 1896 e concluído em
1899, sendo inaugurado somente em 1900. Posteriormente foram construídos
outros três hospitais cada qual com uma especialidade de tratamento, sendo São
Roque especializado em peste bubônica, São Sebastião tratando da varíola e o
pavilhão Oswaldo Cruz tratando da febre amarela. Todos foram demolidos entre
os anos 60 e 70 (MIRANDA; ABREU JÚNIOR, 2016).
22
Esta planta datada de 1959 (Figura 04) demonstra que além do Sanatório
Barros Barreto, Domingos Freire e Pavilhão São Roque (identificados na imagem
respectivamente 2, 7 e 9), ainda se encontravam edificações como um pequeno
laboratório, dois pequenos necrotérios, Pavilhão Henrique Estevão, Enfermaria
São Sebastião, edificação identificada como “grêmio”, Residência das Irmãs com
uma conexão com o Domingos Freire, uma lavanderia, além de uma pequena
casa dos empregados ao fundo do terreno (respectivamente 1, 3, 6, 4, 5, 8, 10,
11 e 12).
Figura 04: Planta com a localização das antigas edificações (enumeradas) em relação ao
Sanatório, de 1959.
Fonte: Setor de Arquivo do HUJBB, 1959. Foto de Larissa Leal, adaptada por Ricardo Lobo,
2018.
A origem do Sanatório Barros Barreto começa com o estudo realizado
pelo Dr. Barros Barreto mostrando a necessidade da construção um total de 18
sanatórios para tratar a tuberculose no Brasil inteiro, tendo em vista que a
tuberculose era uma das doenças que mais causava mortalidade na década de
30. Dentre os sanatórios estava incluso um sanatório de 600 leitos em Belém.
Costa (2009) descreve que foram projetados sanatórios no Distrito Federal, Rio
de Janeiro, Pernambuco, Ceará, Espírito Santo, Rio Grande do Norte,
23
Maranhão, Sergipe, São Paulo, Bahia, Acre, Amazônia, dentre outros, os quais
muitos não foram construídos (COSTA, 2009).
O lançamento da pedra fundamental1 da construção do Sanatório Barros
Barreto em Belém ocorreu em 1934, entretanto o início da construção se deu a
partir de 1937, ou seja, a cerimônia fora apenas simbólica. Dois anos mais tarde
foi direcionada uma grande quantidade de verba para custear sete dessas obras
citadas. A partir de então, a obra paraense seguia à “passos lentos” estando já
erguidas todas as suas estruturas de alvenaria e concreto das alas laterais e
térreo da ala central, quando em 1942 foi interrompida por falta de recursos
(Biblioteca Dr. Alexandre B. dos Santos, s/d).
Em 1946 foi criada a Campanha Nacional Contra a Tuberculose, que
trouxe mais verbas para dar continuidade às obras paralisadas há quatro anos.
Neste ano aumentou também o número estimativos de leitos de 600 para 800
leitos. A obra prosseguiu até 1954 recebendo mais verba da Superintendência
do Plano de Valorização Econômica da Amazônia (SPVEA – atual
Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia, SUDAM), sendo
inaugurado também simbolicamente em 1957, já que o sanatório não estava
finalizado. Segundo documentos do próprio hospital, o sanatório foi inaugurado
em 15 de agosto de 1959 e seu primeiro diretor foi o doutor Antônio de Oliveira
Lobão, com a finalidade de ser um local de tratamento de tuberculosos, já que o
Estado do Pará nesse momento não tinha um local apropriado para tal atividade
(Biblioteca Dr. Alexandre B. dos Santos, s/d).
1
Pedra fundamental é o nome dado a cerimônia que marca a colocação do primeiro bloco de
alvenaria acima da fundação da construção.
24
Figura 05: Sacadas não finalizadas da ala leste, mesmo com o sanatório em
funcionamento.
Fonte: Acervo fotográfico da Biblioteca do HUJBB, 1973.
Miranda e Abreu Júnior (2016) reiteram que após a inauguração ainda era
necessário finalizar muitos aspectos de diversas alas do hospital (Figura 05), que
iriam desde a instalação elétrica até os testes de equipamentos do sanatório.
Enquanto isso, ainda recebia os pacientes do Domingos Freire aos poucos,
mesmo sem estar todo finalizado. O que se tem de registros é que a inauguração
definitiva do projeto original ocorreu no ano de 1977, quase trinta anos após o
início do projeto de construir um Sanatório que atendesse a demanda de Belém
(MIRANDA; ABREU JÚNIOR, 2016).
Desde a inauguração em 1959 até 1976 o Hospital era Sanatório de
Tuberculose, a partir de 1976 até 1992, passou a ser Hospital de Doenças
Infecto-parasitárias. Consequentemente, o antigo sanatório passou por uma
reestruturação física e funcional para essa nova fase de atuação (Figura 06),
aumentando sua área de atendimento, além de tuberculose, expandindo
também suas atividades do hospital para o ensino e pesquisa, que acarretou em
mudanças em sua infraestrutura para oferecer ensino superior na área de saúde
(graduação e pós-graduação) e pesquisa de agentes etiológicos de doenças
comuns na região (Biblioteca Dr. Alexandre B. dos Santos, s/d).
25
Figura 06: Obras de reestruturação do Hospital.
Fonte: Acervo fotográfico da Biblioteca do HUJBB, s/d.
Em 1990 o Hospital João de Barros Barreto fora cedido à Universidade
Federal do Pará, para oferecer ensino na área de saúde bem como melhorar sua
assistência à população, sendo chamado desde então de Hospital Universitário
João de Barros Barreto (Biblioteca Dr. Alexandre B. dos Santos, s/d). José
Carmo Filho descreveu que no ano de 2012 o Hospital Universitário:
[...] atende a outras patologias e é referência nacional em DST/SIDA
(doenças sexualmente transmissíveis / síndrome da imunodeficiência
adquirida), referência regional em infectologia e pneumonia, referência
estadual em endocrinologia e diabetes e referência em patologia bucal
(CARMO FILHO, 2012.p.51).
Sobre o projeto arquitetônico, não existem registros de quem projetou o
Sanatório, José Coutinho Carmo Filho (2012, p. 52) faz um paralelo entre a
tipologia arquitetônica utilizada no sanatório e a arquitetura do hospital
americano Good Samaritan de 1915 projetado por Gustave W. Drach, tendo
desenho de plantas semelhantes (Figura 07). Além do mais, os autores Miranda
e Abreu Júnior (2016, p. 16) afirmam que o projeto arquitetônico do antigo
Sanatório (Figura 08) é igual ao projeto do Hospital Santa Maria (Figura 09), no
Rio de Janeiro. Além das semelhanças de projeto, o Hospital Santa Maria
também “nasceu” sendo sanatório com o início da construção em 1938 e teve
diversas intempéries para o seu funcionamento a partir de 1945.
26
Figura 07: Desenhos da planta do Hospital Good Samaritan e do antigo Sanatório Barros
Barreto.
Fonte: MIQUELIN, 2002 apud CARMO FILHO, 2012, p. 52.
Renato Costa (2009) acrescenta que a planta do antigo sanatório do Rio
de Janeiro consiste em uma derivação da forma H, sendo uma junção de dois
Ys e com um corpo central e quatro alas laterais formando espécie de braços,
divididos em alas. Arquitetonicamente o hospital apresenta estilo moderno,
seguindo modelos corbusianos e o contexto da construção do sanatório era o
pós-guerra, seguindo a tipologia de outros hospitais brasileiros construídos para
tratar a doença, a partir da década de 30. O bloco se destaca na paisagem devido
aos seus seis pavimentos, tendo varandas com funções terapêuticas, mas
também como marco da fachada moderna e racional.
A respeito da arquitetura do Sanatório, a edição do jornal paraense Folha
do Norte de 1939 trouxe a descrição de como se pretendia construir o sanatório
paraense, constando que o edifício seria de seis pavimentos, tendo sua planta
em formato de X com um corpo central e quatro alas, bem como sua estrutura
seria toda em concreto armado. O projeto previa também o cuidado com a
iluminação e ventilação principalmente para as varandas que seriam de
recuperação dos enfermos (Folha do Norte, 1939 apud MIRANDA; ABREU
JÚNIOR, 2016). Além disso, o prédio apresenta um modelo híbrido entre o
pavilhonar e o monobloco, pois muitas de suas funções eram localizadas fora do
prédio principal, desde o início de seu funcionamento.
27
Figuras 08 e 09: Sanatório Barros Barreto e Sanatório Santa Maria.
Fonte: Acervo fotográfico da Biblioteca do HUJBB, s/d / MIRANDA; ABREU JÚNIOR, 2016, p
16.
Através do histórico de construção do Sanatório Barros Barreto, pode-se
notar que sempre que se finalizava uma etapa já existiam novas demandas,
tornando-o sempre uma edificação ultrapassada e precisando de
modernizações. Um dos motivos foi a necessidade de adaptação do perfil de
atendimento dos pacientes do sanatório, que passaram a ser não só de
tuberculose, mas também de doenças tropicais e infecciosas. Esta adaptação
causou e ainda causa diversas e infindáveis reformas no prédio principal, bem
como em seus blocos (MIRANDA; ABREU JÚNIOR, 2016).
28
2. ARQUEOLOGIA DA ARQUITETURA: A VALORIZAÇÃO ATRAVÉS DO
MÉTODO ESTRATIGRÁFICO
2.1. Desvendando o Método Estratigráfico
A estratigrafia é um ramo da geologia que estuda a sucessão de
acontecimentos com rochas de uma determinada região, a partir de desses
estudos pode-se determinar eventos e organizar o conhecimento a respeito da
evolução geológica do local estudado. Além disso, a arqueologia também utiliza
esse método, com a diferença de analisar não só os acontecimentos naturais,
como na geologia, mas incluindo também as ações dos seres humanos
(GENOVEZ, 2012). Ambas as disciplinas tem o foco em estudar a sequência de
fatos, anteriores e posteriores ao objeto de estudo, independente de qual seja
este. Outra área de estudo nos últimos anos tem especializado na utilização
deste método: a arquitetura.
O método estratigráfico está inserido dentro da Arqueologia da Arquitetura
(AA), que é “um campo disciplinar voltado para o conhecimento dos edifícios a
partir de dados informativos diretamente obtidos da matéria construtiva do objeto
arquitetônico”. (VILLELA, 2015 p. 34), além disso, Sarita Genovez (2012)
descreveu a estratigrafia como o pilar de sustentação da AA, apontando ainda a
necessidade de maiores abordagens desse método no que diz respeito ao
patrimônio histórico.
Os dados levantados se fazem importantes primeiramente para
estabelecer o que Regina Tirello (2007) chama de cronologia histórico-
arquitetônica de um edifício antigo, em segundo lugar para decodificar e ordenar
a “complexidade construtiva”, além disso, a autora explica que estas análises
“permitem-nos reconhecer as subtrações e/ou anexações que uma arquitetura
sofreu ao longo de sua vida, que quase nunca estão registrados em documentos
convencionais” (TIRELLO, 2007. p. 151). (Figura 10)
29
Figura 10: Análise de superfícies com sinais de intervenções antrópicas.
Fonte: BOATO, 2008, p. 79 apud GENOVEZ, 2012, p. 55.
Ana Teresa Villela (2015) fundamenta as pesquisas que utilizam a
estratigrafia descrevendo que os “edifícios também guardam vestígios do tempo
sobre suas superfícies [...]” (VILLELA, 2015, p. 42). Felipe Azevedo acrescenta:
Esse procedimento contribui para a facilitação do processo de datação
e a reflexão da evolução dos objetos do estudo de caso, definindo-se
um conjunto de unidades de elementos, volumetria, função e
cronologia que ajudam a compreender melhor os processos das etapas
das séries estratigráficas que compõem os edifícios a qual estuda-se
[...] (AZEVEDO, 2015. p. 117)
Para se produzir uma análise confiável, Regina Tirello adverte sobre a
importância de leituras de documentos, exames de campo, levantamentos,
estudo de técnicas construtivas, diagnósticos e exames laboratoriais de
precisão. As fontes disponíveis são de contribuição para datar certos elementos,
também chamadas de indicadores temporais (TIRELLO, 2007). Sobre as fases
de um trabalho estratigráfico Raquel Santos acrescenta:
Qualquer que seja o tipo de estudo, uma intervenção em AA deverá
ainda seguir sequencialmente as diversas fases de trabalho: pesquisa
prévia, levantamento e representação gráfica e fotográfica; análise
estratigráfica paramental; a criação da base de dados e do modelo
interpretativo (SANTOS, 2013, p. 3).
Felipe Azevedo (2015) divide sua análise em dois momentos, sendo o
primeiro momento voltado para a teoria, levando em consideração o histórico,
usos anteriores, informações relevantes sobre os projetistas, bem como a
análise arquitetônica e estética dos objetos de estudo. A segunda etapa é
mostrada pelo autor como a parte prática, onde é possível visualizar as
intervenções feitas desde o início do uso da edificação até tempos atuais, bem
como possíveis modificações futuras.
30
Figura 11 e 12: Documento tridimensional ilustrando a análise cronológica da arquitetura
do Instituto Estadual Carlos Gomes, Belém – Pa no de 1914 e documento tridimensional
do Instituto em 2014.
Fonte: AZEVEDO, 2015, p. 168-169.
Regina Tirello (2007) cita três categorias de estudo, os indicadores
temporais, que permitem aprofundar conhecimentos a respeito do objeto
estudado. O primeiro indicador é o exame da estrutura da edificação, baseado
em estudos histórico-documentais e análises da estrutura construída.
Posteriormente faz-se a identificação e análise dos ornamentos artísticos como
segundo indicador temporal e por último, a autora cita a análise dos
revestimentos, feita através de exames das superfícies e com instrumentos de
precisa.
Dentre as características observadas e estudadas em uma edificação,
existe um elemento que indica ser um dos mais importantes para aplicação em
estudos principalmente em edificações históricas, o detalhe. Vittorio Gregotti
(2008) descreve que o exercício do detalhe é o que dá forma às decisões
projetuais, características como “[a] ligação entre pavimentos, a relação dos
materiais e seus diferentes usos práticos e simbólicos” (GREGOTTI, 2008, p.
536) entram em questão. Vale ressaltar que detalhe, decoração e ornamento são
elementos diferentes. Marco Frascari (2008) afirma que aspectos da construção
e atribuição de significados se manifestam no detalhe, citando o autor francês
Jean Labatut, o autor descreve que “o detalhe conta a história” (FRASCARI,
2009, p. 540). Por esta razão o exercício do detalhe entra como importante
componente para estudo de edificações antigas, pois segundo o autor, a
arquitetura seria a escolha dos detalhes para “imaginar uma história”
(FRASCARI, 2008).
Além dos resultados dos estudos apresentados de forma escrita, pode-se
produzir um elemento tridimensional demonstrando todos os dados coletados e
31
facilitando o entendimento da análise estratigráfica (Figuras 11 e 12). Este
arquivo “[é] um banco de dados eletrônico contendo informações sobre modelos
e sistemas construtivos, arquitetônicos e picturais, usados em diferentes
períodos históricos” (TIRELLO, 2007, p. 160). (Figuras 13 e 14)
Figura 13 e 14: Simulação do interior da Casa de D. Yayá e Volumetria da Casa de D.
Yayá.
Fonte: Arquivo CPC-USP apud TIRELLO, 2007.
Freitas e Tirello (2015) afirmam que o desenho é um instrumento
fundamental, quando se trata de objetos culturais, para conhecer e operar a
preservação e o restauro de edifícios históricos. A produção deste registro
arquitetônico possibilita “estabelecer relações precisas entre a sua materialidade
e a virtualidade da representação” (FREITAS; TIRELLO, 2015, p. 4). Além disso,
embasam o maior conhecimento da obra estudada, pois para se criar uma
representação gráfica, é necessário análises internas e externas da edificação
(FREITAS; TIRELLO, 2015). Raquel Santos (2013) reitera a aplicação prática da
análise da arqueologia utilizando o método estratigráfico:
[...] conservação dos elementos detentores de informação histórico
arqueológica ainda presentes, seja fisicamente (informando a
intervenção de conservação e restauro, por exemplo) ou apenas
através do seu registro pormenorizado (constituindo uma salvaguarda
de informação no caso extremo de demolição das estruturas
existentes) (SANTOS, 2013, p. 3).
Isto demonstra a fundamental importância deste tipo de análise para
edificações históricas, não só para fazer um projeto de restauro, como para a
conservação do que está construído, bem como a produção de inventários das
obras estudadas. Fazendo com que cada vez mais edificações históricas sejam
32
valorizadas e preservadas, pois através delas se fazem conhecidos muitos
aspectos de grande valor.
2.2. Caracterização para a verificação da significação arquitetônica2 presente
no Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB)
2.2.1 Estudo do entorno
O lote onde foi inicialmente construído o sanatório monobloco está
localizado na Rua dos Mundurucus, 4487, esquina da Travessa Barão de
Mamoré, próximo ao Cemitério Santa Isabel, bairro do Guamá em Belém (Figura
15). O bairro do Guamá faz parte da zona sul de Belém e junto com os bairros
do Jurunas e Condor funcionavam como dormitórios, entre a década de 50-60,
devido à forte e quase exclusiva presença de residências. A ocupação do bairro
era feita através de barracas e eram raras as edificações de alvenaria com mais
de dois andares. Existiam algumas indústrias localizadas na Estrada Nova (atual
Bernardo Sayão), dentre elas, empresas de beneficiamento de madeira e de
látex, bem como havia a presença de alguns comerciantes ambulantes e outros
raros artesãos, porém o número de clubes ligados à atividades de lazer como a
dança era muito alto e o bairro era habitado por pessoas de baixa renda
(PENTEADO, 1968).
2 Segundo a Carta de Burra (1999), significado cultural se refere ao valor estético, histórico,
científico, social e até espiritual para as gerações passadas, presentes e futuras. Este significado
está contido no chamado sítio, que pode ser o lugar, área, terreno, paisagem, edifício entre
outros, ou em conteúdos e objetos relacionados com os sítios.
33
Figura 15: Localização do bairro do Guamá em Belém, com a demarcação do lote onde
fica o HUJBB.
Fonte: Plano Diretor do Município de Belém de 2008, alterado por Larissa Leal, 2018.
Diversas edificações foram construídas dentro do lote ao longo dos anos
ao redor do inicialmente Sanatório Barros Barreto. Para facilitar o entendimento
foi feito o levantamento fotográfico do entorno no dia 21 de maio de 2018, com
o auxílio da planta de situação das edificações do lote, cedida pela Divisão de
Logística e Infraestrutura Hospitalar – Setor de Infraestrutura - do hospital. Este
levantamento fotográfico abrangeu mais de 15 edificações3, que de um modo
geral aumentaram as especialidades de atendimento do hospital.
A entrada no hospital se faz através de uma guarita localizada no canteiro
entre as vias Rua do Mundurucus e Barão de Mamoré. Esta guarita é a única
forma de acesso de pedestres e automóveis ao HUJBB, sendo um conjunto
pequeno de ambientes com banheiros sociais logo na entrada. Este é um local
onde o fluxo de pessoas é grande, juntamente com a quantidade de pessoas
que ficam sentadas esperando ou para adentrar o hospital ou para ir embora,
entretanto, é um local com pouca iluminação e pouca ventilação natural.
Seguindo pelo muro voltado para a Travessa Barão de Mamoré é possível
encontrar um portão em ferro fundido, de duas folhas ornamentadas e em arco
pleno, seguido por uma pequena parte em gradil acima do muro (Figura 16). Não
foi possível avistar esse portão nas plantas antigas do hospital, entretanto a
edição do jornal Folha do Norte de 1 de abril de 1939 em notícia referente à
3 Estas edificações foram identificadas de acordo com os dados cedidos pela Divisão de Logística
e Infraestrutura Hospitalar – Setor de Infraestrutura do HUJBB e conforme a visitas feitas aos
locais, podendo ser passíveis de diferenças ou atualizações de nomenclaturas.
34
construção do Sanatório Barros Barreto afirmou que este ficaria distante do atual
portão do antigo Domingos Freire (MIRANDA; ABREU JÚNIOR, 2016). Este
portão seria o antigo acesso ao hospital, atualmente fechado permanentemente
tendo em vista que a face posterior do Laboratório da Anatomia Patológica
impede o fluxo de pessoas e a falta de manutenção favoreceu o crescimento de
vegetação.
Figura 16: Vista do antigo portão de acesso do Sanatório Barros Barreto.
Foto: Larissa Leal, 2018.
Na área voltada para a fachada frontal do bloco principal, a oeste, estão
a Unidade de Alta Complexidade em Oncologia, Laboratório da Anatomia
Patológica, um complexo ambulatorial formado pelo de Patologia Bucal e
Fisioterapia Motora, Farmácia Ambulatorial e Saúde do Trabalho, Setor de
Psicologia, Divisão de Serviços Gerais, Laboratório e Almoxarifado e DAME. Na
fachada lateral, a sul do mesmo bloco estão localizados dois Almoxarifados, uma
Lavanderia em obra, Casa de Caldeiras, Leito de Secagem, Estação de
Tratamento de Esgoto, Subestação, Geradores, e o Laboratório de
Investigações em Neurodegeneração e Infecção. Além de um prédio de
Pesquisa Clínica e uma Brinquedoteca localizados bem rente à ala leste
(posterior) do edifício.
35
Figura 17: Mapa ilustrativo do lote do HUJBB atualmente, indicando o bloco principal
(em azul), as edificações adjacentes (em vinho) e a área verde (em amarelo), sem escala.
Fonte: Divisão de Logística e Infraestrutura Hospitalar – Setor de Infraestrutura do HUJBB,
através da arquiteta Luciani Vitelli, alterado por Larissa Leal e Thayse Queiróz, 2018.
A maior parte dessas edificações adjacentes (em vinho na Figura 17) ao
prédio central (em azul na Figura 17) possuem características arquitetônicas
bem variadas entre si, principalmente devido elas serem construídas de acordo
com os recursos disponíveis e muitas vezes em períodos distintos. Foi possível
identificar o ano de entrega da Unidade de Alta Complexidade em Oncologia
(unacom), inaugurado em 2009 (Figura 18) e o Laboratório da Anatomia
Patológica, inaugurado em 2001. Nota-se uma grande diferença de
revestimentos e ornamentação das fachadas.
36
Figura 18: Unidade de Alta Complexidade em Oncologia.
Foto: Larissa Leal, 2018.
Adentrando o complexo laboratorial, observou-se que o acesso para
pedestres é desprovido de passarelas e a pavimentação da via de acesso para
automóveis é feita de bloquetes octogonais de cimento, sendo que algumas
partes estão bem deterioradas. Em algumas áreas pode-se verificar
pavimentação asfáltica deteriorada, piso em cimento e áreas cobertas por
vegetação. Três dessas edificações laboratoriais contém piso em cerâmica
vermelha (Figura 19), presente em muitas áreas da edificação principal,
sugerindo que estas edificações são mais antigas. É possível notar a tentativa
de padrão da cor das fachadas, em um tom bege, entretanto, algumas áreas
interiores foram reformadas e padronizadas para a cor verde.
Figura 19: Farmácia Ambulatorial e Saúde do Trabalho, dentro do complexo
ambulatorial.
Foto: Larissa Leal, 2018.
37
O Laboratório de Investigações em Neurodegeneração e Infecção está
localizado um pouco mais afastado do prédio principal. Este contém um brise4
de cimento acima das esquadrias e que percorre todas as fachadas, revestidas
no mesmo tom amarelado das edificações do complexo ambulatorial. O
estacionamento é coberto por um “túnel” de árvores de grande porte, além disso,
logo na entrada é possível contemplar um pequeno lago (Figura 20) com muitas
carpas e flores ornamentais, dentre elas, orquídeas.
Figura 20: Lago do Laboratório de Investigações em Neurodegeneração.
Foto: Thayse Queiróz, 2018.
Em uma área de pouco fluxo e difícil acesso estão localizados a estação
de tratamento de esgoto, geradores, vestígios da antiga casa de caldeiras e a
lavanderia ainda não finalizada. Este espaço apresenta um desnível em algumas
áreas e está coberto por matos. Ademais, há uma grande área sem uso por trás
dessas edificações, onde foi possível identificar uma edificação construída do
lado de fora, porém bem rente ao muro do hospital. A caldeira foi construída bem
ao lado do bloco principal e em frente à ela existem dois prédios de almoxarifado.
No lado correspondente à fachada posterior do bloco principal existe uma
pequena Brinquedoteca (Figura 21), que, durante as visitas feitas ao local, se
encontrava fechada. Ao lado da outra ala do prédio, foi construída a área da
Pesquisa Clínica, permitindo acesso tanto externo quanto pelo interior do prédio
principal.
4 Brise é um elemento arquitetônico que serve de anteparo para a incidência direta do sol, bem
como controla a permeabilidade visual interna e externa da edificação. Seu nome é uma
abreviação da palavra francesa brise solei que significa “quebra-sol”.
38
Figura 21: Brinquedoteca, anexa ao prédio principal.
Foto: Larissa Leal, 2018.
A mobilidade de automóveis e pedestres dentro da área do hospital é feita
por algumas vias asfaltadas e um pequeno trajeto de passarelas para pedestres,
padrão das passarelas do Campus em Belém da Universidade Federal do Pará,
com cobertura em aço na cor amarela e piso em concreto, desde a portaria até
duas das entradas do prédio principal do complexo hospitalar universitário. Além
disso, existem cerca de 165 vagas de estacionamento distribuídas por toda a
área em questão, tendo em vista que durante as visitas foi constatado o grande
fluxo de automóveis dentro da área e essas vagas são preenchidas. Ademais,
também foi observada a ausência de calçadas que fazem ligação entre o bloco
principal e as edificações adjacentes, criando um fluxo de funcionários nas vias
de automóveis.
Próximo ao muro voltado para a Rua dos Mundurucus encontra-se uma
área verde de aproximadamente 7.034,06 m² (ver Figura 17, área em amarelo),
que ocupa quase toda a extensão da face norte do lote, sendo muito grande e
subutilizada. Esta área apresenta vegetação de grande porte (Figura 22) e uma
casa de bombas, além disso, foi observado um desnível de até um metro em
relação ao restante do lote. Alguns bancos estão dispostos em uma pequena
área, sugerindo a tentativa de criar um espaço de convivência para os usuários,
contudo, durante as visitas este local não era frequentado pelos usuários.
Em frente a esta área verde há um contorno de uma praça que, segundo
os registros do Hospital, estava presente por volta dos anos 70 contendo muitas
árvores e plantas ornamentais, entretanto, este espaço está atualmente sem
39
manutenção. Além disso, verificou-se a presença de árvores de grande porte em
frente a fachada do prédio principal, voltada para o Norte, levando à conclusão
de que a arborização é bastante presente apenas em áreas específicas do lote.
Figura 22: Área verde localizada próximo ao muro voltado para a Rua dos Mundurucus.
Foto: Thayse Queiróz, 2018.
Este levantamento fotográfico proporcionou o entendimento do
funcionamento do complexo do hospital, relações entre as edificações e os
servidores e usuários. Permitiu também observar que existe uma certa
independência dos diversos laboratórios localizados fora do bloco principal, tanto
entre si quanto em relação ao monobloco. Isto se evidencia nas características
arquitetônicas de cada edificação e a manutenção de cada prédio, permitindo
inferir que algumas edificações recebem frequentes manutenções em detrimento
de outras. Uma hipótese levantada através da observação é que o hospital
contém uma área muito grande tornando assim, difícil a manutenção de toda a
extensão do complexo, além disso, algumas edificações mais afastadas estão
fechadas e sem uso.
2.2.2 Levantamento de dados documentais
Para o levantamento documental recorreu-se à biblioteca e mapoteca do
arquivo do HUJBB, portadores de muitos documentos iconográficos. O setor da
Biblioteca5 cedeu um conjunto de registros históricos desde o ano de 1959 até
5
Através da chefia do setor Rosiany Amaral da Silva juntamente com Adriane Paixão.
40
1992, bem como fotografias do acervo do Hospital. As fotografias recentes foram
registradas durante visitas in loco nos anos de 2017 e 2018. Quanto ao
levantamento de plantas do estado atual do prédio, a Divisão de Logística e
Infraestrutura Hospitalar – Setor de Infraestrutura - do Hospital6 disponibilizou-
as. Além disso, o Arquivo Administrativo do hospital disponibilizou o acervo de
plantas do projeto do Hospital juntamente com as diversas modificações7.
Os registros históricos ficam disponíveis na Biblioteca do Hospital apenas
para consulta no local, tendo em vista que existe apenas um exemplar deste
material. Este livro contém todo o histórico do Hospital, bem como orçamentos
de 1990 e 1991, plantas, organogramas e demais informações administrativas.
Sendo de grande valor para o estudo a respeito das modificações ocorridas ao
longo dos anos e suas justificativas.
O acervo de fotografias originais do Sanatório foi selecionado (Figura 23)
na Biblioteca, digitalizado e identificado pelo setor. Dentre as fotografias foi
possível visualizar o interior de muitas áreas possivelmente durante a década de
70, considerando as datas encontradas em algumas fotografias. Pode-se
observar o piso, forro e esquadrias em vários ambientes, bem como a decoração
dos interiores através das imagens.
Figura 23: Seleção do acervo no HUJBB (da esquerda para a direita: Rosiany Silva,
Thayse Queiróz e Larissa Leal).
Fonte: Rosiany Silva, 2018.
Vale ressaltar que o acervo selecionado conta com 69 fotografias8, dentre
elas, fotos do período da construção do hospital, antiga portaria, diferentes
6 Através da arquiteta Luciani Vitelli.
7 Este levantamento no Arquivo Administrativo contou com a fundamental contribuição dos
senhores Paulo Eleutério de Souza Nogueira e Sérgio Luiz Amaral.
8
Digitalizadas e identificadas com a ajuda da chefia do setor da Biblioteca, Rosiany da Silva.
41
fachadas da edificação, sala da diretoria, enfermaria, lavanderia, antigo
refeitório, consultório, auditório, subsolo, algumas reformas entre outras (Figura
24). Nas fotografias das fachadas foi possível perceber que o prédio era pintado
na cor branca juntamente com as esquadrias (Figura 25).
O piso do interior de algumas salas era revestido com lajotas cerâmicas
na cor vermelha (Figura 24), muito comum neste período. Ademais, o entorno do
antigo sanatório era formado por uma grande área verde e arborizada (Figura
25).
Figura 24: Consultório Dr. Adriano (identificado pelo setor da Biblioteca). Piso em
cerâmica vermelha.
Fonte: Acervo fotográfico da Biblioteca do HUJBB, s/d.
Figura 25: Fachada do sanatório voltada para o norte.
Fonte: Acervo fotográfico da Biblioteca do HUJBB, 1973.
As visitas ao HUJBB realizadas em Março/2018 contribuíram para
constatar o estado atual da edificação. Em cada visita fazia-se levantamento
fotográfico de um pavimento do hospital, bem como do entorno do prédio.
42
Verificou-se que duas fachadas (Figura 26) estão em cor bege e as esquadrias
são de alumínio e vidro.
Figura 26: Atual fachada principal (oeste) do HUJBB.
Foto: Larissa Leal, 2018.
Alguns elementos que indicam ser originais e outros que apontam as
diversas reformas sofridas pelo monobloco, principalmente para adequá-lo à
novas demandas. Essas mudanças são perceptíveis tanto em plantas quanto em
revestimentos (Figura 27).
Figura 27: Piso em cerâmica vermelha do corredor da entrada da biblioteca, segundo
pavimento.
Foto: Larissa Leal, 2018.
Diversas áreas estavam em reforma no período das visitas, como por
exemplo todas as quatro alas do segundo pavimento. Foi possível identificar em
várias alas a tonalidade verde e revestimentos em desacordo com os elementos
do corredor central, levando à conclusão de que a cada reforma feita, materiais
de revestimentos são aplicados diferentemente das reformas anteriores. Além
disso alguns elementos não originais estão desgastados, como o piso do
43
corredor central que permite acesso à área leste do quinto pavimento, ilustrado
na figura 28.
Figura 28: Corredor central com piso danificado, ala leste, quinto pavimento.
Foto: Larissa Leal, 2018.
O entorno da edificação está tomado por vegetação e apresenta inúmeros
desníveis topográficos (Figura 29), tornando difícil o acesso a algumas áreas do
terreno.
Figura 29: Vista da fachada norte, atualmente.
Foto: Larissa Leal, 2018.
No que diz respeito ao projeto arquitetônico, as plantas antigas foram
encontradas em uma mapoteca localizada no Arquivo Administrativo do HUJBB,
sendo selecionadas e fotografadas apenas as que seriam de contribuição para
este trabalho, tendo em vista que o número de plantas é grande, dentre elas,
existem projetos elétricos e hidráulicos referentes aos anos de 1959 e anos
posteriores, com mudanças e construções de novas edificações. Alguns projetos
estão em mau estado de conservação devido à humidade, falta de manutenção
e cuidados, por isso era necessário o uso de máscaras e luvas para manuseá-
las.
44
Durante a seleção, constatou-se a presença de plantas baixas (Figura 30)
integrais do subsolo, primeiro, segundo, terceiro, quarto, quinto e sexto
pavimentos. Além disso, a mapoteca contem plantas originais e algumas cópias
com arborização, entorno, localização dos antigos hospitais existentes no
terreno, muro, antiga estrutura da portaria, plantas de cobertura, subsolo, dentre
outras. Muitos projetos não estão datados, entretanto, analisando-os é possível
notar alguns elementos bem diferentes da estrutura atual.
Figura 30: Planta baixa do HBB, segundo pavimento.
Fonte: Arquivo Administrativo do HUJBB, s/d. Foto de Vithória Silva, 2018.
A planta que contem a arborização do entorno do antigo sanatório (Figura
31) possui alguns nomes de espécies de árvores e a localização delas, essas
informações são importantes para observar quais espécies ainda estão
presentes atualmente no terreno.
Figura 31: Planta de arborização do entorno.
Fonte: Arquivo Administrativo do HUJBB, s/d. Foto de Vithória Silva, 2018.
45
As visitas também foram de fundamental importância para a atualização
das plantas baixas. Devido à complexidade do programa de necessidades bloco
principal do Hospital optou-se por sintetizar o desenho para demonstrar a
situação atual da edificação (Figuras 32 e 33). Em relação ao desenho do projeto
inicial, o térreo principalmente foi muito modificado, descaracterizando a forma
original da planta em dois “Y”. A partir do primeiro pavimento não houveram
tantas modificações no desenho da planta, exceto o aumento de ambientes
principalmente na área das quatro alas, de acordo com as demandas.
Figuras 32 e 33: Planta baixa atual do térreo e desenho esquemático da planto do térreo
do HUJBB.
Fonte: Divisão de Logística e Infraestrutura Hospitalar – Setor de Infraestrutura do HUJBB,
através da arquiteta Luciani Vitelli, alterado por Larissa Leal e Thayse Queiróz, 2018.
Através dos levantamentos de materiais antigos e atuais é possível fazer
análises minuciosas de elementos importantes que serão utilizados
posteriormente. Essas caracterizações preliminares serão fundamentais para o
entendimento da tipologia apresentada, bem como o processo construtivo do
prédio, fornecendo o aparato necessário para o estudo da estrutura,
revestimentos e detalhes e assim embasar a análise estratigráfica da edificação.
2.2.3 Estrutura edificada
Miranda e Abreu Júnior (2016) fazem referência à uma notícia de jornal
publicada no ano de 1938 que descreve o edifício de seis pavimentos com sua
46
estrutura toda em concreto armado. Além disso, fotografias tiradas durante a
construção do edifício demonstram que seu sistema estrutural é formado por
pilares, vigas e lajes em concreto armado, além de paredes de tijolo cerâmico
(Figura 34). A presença de formas de madeira indica que todos os elementos
foram moldados no local.
Figura 34: Estrutura de pilares e vigas em concreto armado.
Fonte: Acervo fotográfico da Biblioteca do HUJBB, s/d.
O edifício apresenta estrutura convencional, não demonstrando inovação
em relação as edificações do período9, com lajes e vigas diretas feitas em formas
de madeira, bem como os pilares, que são em grande quantidade, oferecendo
apoio aos dois lados das vigas (MASCIA; RODRIGUES; SOUZA, 2008, p. 83).
As lajes são maciças e as vigas invertidas10, ou seja, a laje é construída anexa
à parte inferior da viga (Figura 35).
As paredes são feitas em cerâmica de tijolos maciços furados (ver Figura
37). Sendo 30 cm a espessura das paredes externas e 15 cm as internas. Devido
ao sistema construtivo do sanatório, que é totalmente estruturado (viga-laje-
pilar), as paredes funcionam apenas como elementos de vedação (MASCIA;
RODRIGUES; SOUZA, 2008).
9
Estrutura identificada com a consultoria do Professor Doutor Ronaldo Marques de Carvalho.
10
Informações cedidas pelo Setor de Infraestrutura do HUJBB.
47
Figura 35: Vigas invertidas do antigo sanatório.
Fonte: Acervo fotográfico da Biblioteca do HUJBB, s/d.
Foram encontradas algumas plantas com desenhos dos pilares do
subsolo, primeiro e segundo pavimentos. Esses documentos não estão datadas,
entretanto, consta o selo identificado como sendo do Setor de Planejamento e
Engenharia da Campanha Nacional Contra a Tuberculose (SNT). Encontrou-se
pilares em dimensões de 20x20cm, 20x25cm, 20x30cm, 20x40cm, 20x45cm e
até pilares em formato de “L”, com 10x30x30cm (Figura 36). Além disso, as
plantas trazem informações das ferragens utilizadas, bem como os desenhos de
corte demonstram o pé direito de 3 m e as lajes com 15 cm. Vale ressaltar que
em todas as plantas há a recomendação de que tudo seja executado em
concreto armado com traço 1:2:4.
Figura 36: Desenho dos pilares do sanatório.
Fonte: Arquivo Administrativo do HUJBB, s/d. Foto de Larissa Leal, 2018, adaptado por Ricardo
Lobo, 2018.
Sobre as fundações do prédio, não foi possível encontrar plantas do
projeto que demonstrem-nas, entretanto, algumas fotografias indicam o uso de
48
estacas de madeira (Figura 38), muito comum nesse período, principalmente
devido ao tipo de solo onde se localiza a edificação11.
Figuras 37 e 38: Paredes em tijolos de cerâmica vermelha da ala leste e início das
fundações do sanatório.
Fonte: Acervo fotográfico da Biblioteca do HUJBB, 1973 / Fundo Gustavo Capanema,
CPDOC/FGV, s/d apud MIRANDA; ABREU JÚNIOR, 2016, p. 16.
Na cobertura foram utilizadas platibandas, que não permitem a
visualização do telhado (Figura 40). Vera Lúcia Higino (2013) descreve a
tipologia de cobertura não acessível como nova, utilizada principalmente em
edifícios modernistas construídos entre 1930 e 1940, em Portugal. A partir desse
período foram surgindo as coberturas planas (HIGINO, p. 76, 2013), entretanto
ainda é possível notar o uso do telhado inclinado na cobertura do sanatório. As
telhas são onduladas e feitas em cimento amianto (Figura 39), utilizadas também
em coberturas de outras edificações do antigo sanatório.
Figura 39: Cobertura em telha de cimento amianto, lado sul do HBB.
Fonte: Acervo fotográfico da Biblioteca do HUJBB, s/d.
11 Utilizava-se troncos de árvores, retos e retangulares cravados no solo. Em Belém as madeiras
que melhor se adaptam ao clima da região são as madeiras de lei como a Maçaranduba e o
Matá-Matá. Ver SANTOS, A. C. O. Tecnologia das construções, s/d.
49
Figura 40: Desenhos da cobertura do SBB.
Fonte: Arquivo Administrativo do HUJBB, s/d. Foto de Vithória Silva, 2018, adaptado por
Ricardo Lobo, 2018.
2.2.4 Revestimentos
De acordo com fotografias internas da década de 70, a maioria das
paredes internas eram revestidas com tintura em tons pastéis (ver Figura 43),
geralmente branco ou azul. Contudo, principalmente em áreas molhadas (áreas
de serviço) ou nos corredores centrais, era comum utilizar cerâmica na cor
branca ou bege (Figura 41).
Figura 41: Revestimento de piso e paredes em cerâmica na cor branca, ambulatório da
pediatria.
Fonte: Acervo fotográfico da Biblioteca do HUJBB, 1976.
50
O antigo sanatório foi revestido todo com piso cerâmico, alguns ambientes
apresentavam cerâmica na cor branca, porém a maioria dos ambientes
apresentava cerâmica na cor vermelha, piso do tipo São Caetano (Figura 42),
muito utilizado em interiores de residências e edificações públicas,
principalmente por sua resistência12.
Figuras 42: Piso São Caetano do antigo refeitório de pacientes.
Fonte: Acervo fotográfico da Biblioteca do HUJBB, s/d.
Sobre os forros, Higino (2013) afirma que houve “uma simplificação
gradual das formas, diminuindo a sua importância como elemento decorativo”
(HIGINO, 2013, p. 79). Esta simplificação fica mais evidente quando considera-
se os forros estucados, muito ornamentados e utilizados em períodos anteriores.
Os forros dos interiores do sanatório seguem a tipologia simples, sendo apenas
a laje com pintura, porém alguns ambientes apresentam forros em madeira
(Figura 43).
Figuras 43: Forro em madeira e paredes brancas da sala da diretoria.
Fonte: Acervo fotográfico da Biblioteca do HUJBB, s/d.
12
Este piso começou a ser fabricado entre as décadas de 1940 e 1950 na cidade de São Paulo
pela grande indústria Cerâmica São Caetano, que produzia peças cerâmicas nas cores
vermelha, preta e amarelas, sendo a mais comum e mais barata a cerâmica tingida de vermelha,
com dimensões de 20x20 cm, entretanto, haviam outras dimensões. Ver também BOTELHO,
Manoel. A história do piso de caquinhos das casas paulistas. Disponível
em: https://eleganciadascoisas.wordpress.com/2011/06/21/a-historia-do-piso-de-caquinhos-
das-casas-paulistas-2/.
51
2.2.5 Detalhes
Carolina Brasileiro (2012) demonstra semelhança em detalhes dos
projetos senatoriais entre os anos 1946 e 1951. O uso de materiais e sistemas
que caracterizavam a arquitetura moderna era muito comum nesses sanatórios,
como por exemplo os brises e elementos vazados nas fachadas
(BITTENCOURT, 2000 apud BRASILEIRO, 2012), também presentes na
fachada do Sanatório Barros Barreto.
A parte equivalente ao corredor central da fachada sul é formada por
cobogós em quase toda a extensão das paredes, diferentemente das alas
(apenas nos lados voltados para oeste), em que há cobogós na parte superior
dos corredores com brises na parte superior e inferior dos elementos, permitindo
a entrada de ventilação e iluminação aos ambientes (Figura 44).
Figura 44: Elementos vazados (cobogós), janelas e brises da fachada sul.
Fonte: Acervo fotográfico da Biblioteca do HUJBB, s/d.
Na fachada oeste é possível identificar um pequeno hall coberto por três
águas de telhado disfarçado por platibandas (Figura 45), que conferem linhas
retas aos três elementos, sendo estes sustentados por pequenos pilares. Além
disso, entre dois pilares, foram postos brises verticais em concreto, com
extensão do piso ao teto.
O Sanatório Barros Barreto apresentava um número alto de janelas nas
fachadas, com diversas dimensões e geralmente duas folhas (apenas uma de
abrir) com balancins superiores, ou uma folha também com balancim superior
(Figura 46), sempre em vidro e alumínio, sendo as soleiras dessas janelas feitas
em pedra Marmorite13. Segundo a autora Carolina Brasileiro (2012) na
arquitetura moderna as fachadas apresentavam fenestras marcadas pelas
13
Marmorite é um material utilizado para revestimento de paredes e pisos, fabricado através da
mistura de materiais como fragmentos de mármore, granito, vidro, quartzo e um componente
ligante, geralmente o cimento. Ver também MARTINHO, Cláudia Monteiro. Marmorite:
caraterização e contributo para a sua conservação. Dissertação (mestrado) – Universidade
Nova de Lisboa, Faculdade de Ciências e Tecnologia, Lisboa. 2017.
52
esquadrias, justificando assim, o uso das janelas na fachada do sanatório
paraense.
Figura 45: Vista do hall de entrada da fachada oeste.
Fonte: Acervo fotográfico da Biblioteca do HUJBB, s/d.
Higino (2013, p. 77) afirma que os vãos adquirem cada vez mais
proporções, pois estes se prolongam do plano da fachada conferindo
tridimensionalidade, além disso, eram geralmente construídos com lajes de
concreto, tornando-se varandas abertas. Este aspecto pode ser observado no
sanatório, sendo presente em todas as alas, contudo apenas nos lados voltados
para leste (Figura 46). Logo, as varandas tinham o aspecto estético-funcional,
pois eram muito utilizadas para a helioterapia14.
Figura 46: Vista das varandas e janelas de uma das fachadas.
Fonte: Acervo fotográfico da Biblioteca do HUJBB, s/d.
No sanatório, estes elementos foram construídos com cerca de 50m² cada
uma, presente em todos os andares e feitas em lajes de concreto armado com
lados arredondados. Além disso, eram abertas e formadas por um parapeito de
cerca de 1m de altura, revestido em sua parte superior com cerâmica São
Caetano na cor vermelha e dimensões maiores que as cerâmicas do piso (Figura
48). O forro presente neste ambiente era o mesmo utilizado nos ambientes
14 “A helioterapia [...] era indicada para a tuberculose óssea e consistia num tratamento que fazia
uso da luz solar, através da exposição do doente aos raios ultravioletas” (BRASILEIRO, 2012, p.
51).
53
interiores, laje com pintura, bem como o revestimento do piso15 apresenta formas
quadrangulares de duas cores, preta e branca, (Figura 47) proporcionando a
característica “xadrez”.
Figuras 47 e 48: Piso quadriculado xadrez das varandas e revestimento da parte superior
do parapeito das varandas.
Fonte: Larissa Leal, 2018.
15 De acordo com as características deste piso, sugere-se que também seja revestido em
cerâmica São Caetano, pois estas cerâmicas apresentavam várias cores e formas.
54
3. ESTUDO DE CASO: ESTRATIGRAFIA APLICADA AO HUJBB
3.1. 1ª Fase: Sanatório Barros Barreto, entregue em 1959.
A entrevista realizada com uma antiga funcionária do sanatório, dona
Iolete Souza16, trouxe perspectivas a respeito das relações de usos dos
ambientes do sanatório, incluindo alguns que não existem mais, bem como,
descrever como era todo o terreno do hospital. Dona Iolete explica que foi
primeiramente chamada em 1957 para fazer um curso preparatório oferecido
pelo sanatório, após isso deveria aguardar ser chamada para trabalhar. A
funcionária aposentada conta que neste período de espera seu pai dizia-lhe que
nunca seria chamada pois a obra do sanatório “era serviço de Santa Ingrácia”17.
Contudo, após dois anos de espera, dona Iolete foi contrata.
Ela descreve que anteriormente o acesso ao Sanatório era feito pelo
antigo portão que pertencia ao Sanatório Domingos Freire (ver Figura 16. As
figuras 49 e 50 demonstram o muro e o gradil originais deste portão) e apenas
os funcionários tinham acesso pela guarita localizada na rua dos Mundurucus.
Além disso, a entrada principal do Sanatório Barros Barreto era considerada a
fachada Norte e não a fachada oeste como é atualmente.
O terreno do sanatório era todo coberto por grama e constantemente tinha
manutenção, as árvores do terreno ainda eram de baixo porte e existia apenas
uma cerca de madeira ao redor do terreno, possibilitando a vista da
monumentalidade do sanatório pelas pessoas que passavam pelas ruas.
16
Dona Iolete Pereira de Souza foi contratada no ano de 1959, ainda pelo Sanatório Barros
Barreto, e trabalhou até o ano de 2008 como atendente do ambulatório. Esta entrevista foi
realizada juntamente com a arquiteta e mestranda Livia Gaby Costa, PPGAU-UFPA, no dia 30
de agosto de 2018.
17 A expressão “obra de Santa Engrácia” é utilizada popularmente referindo-se a algo que
demorará ou não irá acontecer.
55
Figuras 49 e 50: Muro gradeado da antiga entrada do sanatório e detalhe do gradil em
ferro localizado acima do muro.
Fonte: Larissa Leal, 2018.
Desde o início do funcionamento do edifício (1959), o sanatório não tinha
seus 6 pavimentos finalizados, sendo que parte do 3º, 4º, 5º e 6º pavimentos
inteiros foram abertos após 1962 (Biblioteca Dr. Alexandre B. dos Santos, s/d),
este fato explica também a falta de fotografias do interior dos pavimentos
superiores nesse período entre os anos 60 e 70, já que ainda não estavam
finalizados. Através das fotografias, projetos e documentos notou-se a
separação em alas Leste e Oeste (Figura 51), que facilitam o entendimento bem
como a localização dos diversos setores.
Figura 51: Esquema com a demarcação das alas do sanatório.
Fonte: Larissa Leal, 2018.
Dona Iolete de Souza afirma que durante o período dos anos 60 o
pavimento térreo era quase todo ocupado por enfermarias identificadas por alas
Ala LesteAla Oeste
Entrada Principal
Entrada Principal
(atualmente)
(inicialmente)
Área Central
56
a, b, c e etc. Vale destacar que as alas eram em sua maioria ocupadas por
enfermarias.
A primeira guarita do sanatório foi projetada pelo SNT e tem seu projeto
datado de 1961, ou seja, a guarita da entrada exclusiva de funcionários foi
construída depois da inauguração do edifício principal. É possível notar que a
guarita foi edificada de acordo com os desenhos do projeto (Figuras 52, 53 e 54),
seguindo a linha modernista de traços retilíneos e simples, portões com gradil
em ferro, elementos vazados (cobogós) na parte superior e revestimento em
cerâmica quadriculada, simulando tijolos, contudo, existe a possibilidade de que
a fachada foi projetada para ter acabamento em tijolos, sendo modificada
durante a execução. A Figura 55 demonstra que neste período a cerca que
demarcava o terreno do sanatório era em madeira.
Figura 52: Desenho arquitetônico da primeira guarita do sanatório, 1961.
Fonte: Arquivo Administrativo do HUJBB, s/d. Foto de Vithória Silva, 2018, adaptado por
Ricardo Lobo, 2018.
Figuras 53, 54 e 55: Antiga guarita de entrada executada de acordo com o projeto, portão
de ferro da entrada ao lado da guarita e cerca em madeira que circundava o terreno do
sanatório.
57
Fonte: Acervo fotográfico da Biblioteca do HUJBB, s/d.
Existe um projeto não datado, porém intitulado como pórtico principal
(Figura 56), sala de espera e administração do Sanatório Barros Barreto,
pavimento térreo, que permite inferir a pretensão de se construir um hall com
formas arredondadas e com um jardim de inverno central. Ao fazer-se
comparação com o Sanatório Santa Maria (ver Figura 10), é possível identificar
a similaridade nas formas deste hall de entrada.
Figura 56: Planta baixa do pequeno hall de entrada da fachada oeste.
Fonte: Arquivo Administrativo do HUJBB, s/d. Adaptada por Ricardo Lobo, 2018.
Levando em consideração o aspecto da fachada da construção na Figura
57, percebe-se a intenção de seguir o projeto, pois é possível identificar
vegetação dentro do hall, sugerindo um jardim de inverno. Este hall de entrada
é formado por platibanda com formas arredondadas e um gradeado, bem menor
que o hall atual, que apresenta platibanda com linhas geométricas.
58
Figura 57: Fachada oeste, com a demarcação do antigo hall de entrada.
Fonte: Acervo fotográfico da Biblioteca do HUJBB, s/d. Adaptada por Larissa Leal, 2018.
Vale destacar que em fotografias das fachadas da edificação é possível
notar um elemento circular e de grande porte (em amarelo na Figura 57), a
chaminé, localizada em uma pequena edificação no lado sul do prédio principal,
chamada casa de caldeiras. A casa de caldeiras tinha um de seus lados
revestidos com cobogós (Figura 58), entrada aberta e coberta com telhas
onduladas em cimento amianto (Figura 59), seguindo os materiais do prédio
principal. A Figura 60 demonstra as duas caldeiras no interior da edificação.
Figuras 58, 59, 60: Antiga casa de caldeiras com parede vazada, entrada aberta da casa
de caldeiras e início da chaminé, interior da casa de caldeiras.
Fonte: Acervo fotográfico da Biblioteca do HUJBB, s/d.
A planta intitulada “fachada oeste” com o selo do SNT e datada de 04 de
abril de 1951 (Figura 61), contém informações de modificações previstas para a
59
data de 27 de dezembro de 1952, abrangendo a ampliação do refeitório, serviços
gerais e deslocamento da chaminé. Além disso, o desenho demonstra que a
chaminé é feita em tijolos e a casa das máquinas juntamente com uma caixa
d’água de 40.000 litros localizadas no 6º pavimento.
Figura 61: Desenho da fachada oeste, contendo a chaminé e a casa de caldeiras.
Fonte: Arquivo Administrativo do HUJBB, 1951. Foto de Vithória Silva, adaptada por Ricardo
Lobo, 2018.
As escadas de acesso aos pavimentos superiores são todas feitas em
concreto armado (Figura 62), apresentando revestimento em pedra Marmorite e
um guarda-corpo também em concreto, com cerca de 1m de altura e a parte
superior revestida pela mesma pedra do piso, bem como as soleiras das janelas
(Figura 64). Não foi encontrada nenhuma fotografia das escadas durante o
período estudado, entretanto, as escadas ainda detém os materiais originais.
Nota-se azulejos em tom pastel do hall das escadas, assim como em alguns
corredores do prédio. Atualmente alguns degraus da escada estão danificados,
permitindo a visualização do aço e do concreto de sua estrutura (Figura 63).
Figuras 62, 63 e 64: Atual hall de escadas da ala oeste, detalhe de um degrau das
escadas em marmorite com a estrutura em aço da ala oeste e soleira em marmorite de
uma das janelas do HUJBB.
60
Fonte: Larissa Leal, 2018.
O setor da Biblioteca do HUJBB identificou duas fotografias (Figuras 66 e
67) como sendo do setor de Nutrição. Como não foram encontrados projetos do
início do sanatório, baseou-se na disposição de ambientes presente em plantas
feitas no período do Barros Barreto como hospital, com o setor localizado no
primeiro pavimento/térreo (Figura 65), contendo cozinha, refeitório para
funcionários, copas, frigorífico, lavanderia, dispensa entre outros. Nota-se a
diferença entre os pisos das fotografias, sugerindo que sejam de ambientes
diferentes, contudo, ambos possuem janelas permitindo a entrada de grande
iluminação e uma das paredes está revestida com cerâmica branca (Figura 67).
Fonte: Acervo fotográfico da Biblioteca do
HUJBB, s/d.
Fonte: Acervo fotográfico da Biblioteca do
HUJBB, s/d.
Figura 67: Setor de Nutrição.
Figura 65: Desenho esquemático do
primeiro pavimento (térreo).
Fonte: Setor de Infraestrutura do HUJBB,
adaptado por Larissa Leal, 2018.
Figura 66: Setor de Nutrição do SBB.
61
Dona Iolete de Souza afirmou que neste período a chefia da Nutrição foi
cedida do Sanatório de Curicica no Rio de Janeiro. Além disso, o refeitório de
pacientes (Figuras 68 e 69), no segundo pavimento (atualmente onde funciona
a Biblioteca), continha um pequeno palco, onde apresentações de teatro,
quadrilhas e a reprodução de músicas eram diárias. É possível observar o piso
São Caetano no refeitório, bem como o forro padrão do sanatório e pinturas das
paredes em duas cores, cinza e branco. As paredes do Posto de Enfermagem
são revestidas em cerâmica branca, até a altura da porta e o forro utilizado é o
padrão do sanatório (Figura 70).
Fonte: Acervo fotográfico da Biblioteca do
HUJBB, s/d.
Figura 69: Antigo refeitório.
Fonte: Acervo fotográfico da Biblioteca do
HUJBB, s/d.
Figura 70: Posto de Enfermagem.
Figura 72: Centro de Terapia Intensiva.
Fonte: Acervo fotográfico da Biblioteca do
HUJBB, s/d.
Figura 68: Desenho esquemático do
segundo pavimento.
Fonte: Setor de Infraestrutura do HUJBB,
adaptado por Larissa Leal, 2018.
Figura 71: Desenho esquemático do
terceiro pavimento.
Fonte: Setor de Infraestrutura do HUJBB,
adaptado por Larissa Leal, 2018.
62
No interior do terceiro pavimento percebe-se esquadrias em vidro e
madeira na cor branca tanto no Centro de Terapia Intensiva (CTI) (Figuras 71 e
72). O forro é feito em madeira na cor branca, pois este é o último pavimento
desta parte da edificação, portanto, acima deste pavimento estava localizada a
cobertura em telhas onduladas de cimento amianto. Não é possível visualizar
algum rejunte no piso deste ambiente, indicando que o seu acabamento é liso,
em cor clara também. Vale destacar a iluminação e uso de tons brancos nos
interiores desses ambientes, conferindo a aparência arejada às salas.
Durante a seleção de projetos arquitetônicos, foram encontrados projetos
datados dos anos de 1961 e 1967 com o selo de uma empresa chamada
Elevadores Schindler do Brasil SA, do Rio de Janeiro (Figuras 73 e 74). Esses
projetos são detalhamentos de portas internas em madeira Peroba do Campo,
com especificações de execução para todos os andares, ou seja, este projeto se
referia à uma edificação de vários andares.
Figuras 73 e 74: Desenhos com detalhamentos das portas e selo das plantas, 1967.
Fonte: Arquivo Administrativo do HUJBB, s/d. Adaptadas por Ricardo Lobo, 2018.
Não é possível explicar como estes projetos chegaram no sanatório de
Belém e se pertencem ao sanatório Santa Maria ou ao Barros Barreto, contudo,
Miranda e Abreu (2016) afirmam que a Divisão de Obras era responsável pelos
projetos de diversos sanatórios, além disso, o projeto de Belém é o mesmo
projeto do sanatório de Santa Maria, no Rio de Janeiro. Isto sugere alguma
ligação entre os dois projetos e até a possibilidade de ter-se transportado plantas
arquitetônicas do Rio de Janeiro para Belém.
Acerca das fachadas do sanatório deste período, fotografias do ano de
1973 demonstram a cor branca em todas as fachadas finalizadas, percebe-se
63
simetria entre as janelas e traços retos caracterizando a volumetria do edifício
(Figura 75). As varandas foram locadas voltadas para o lado leste, de todas as
alas. Cobogós com brises em concreto são presentes em todas as alas, contudo,
nas partes voltadas para o oeste.
Figura 75: Vista da fachada norte pelo interior de uma das varandas, com descrição de
elementos.
Fonte: Acervo fotográfico da Biblioteca do HUJBB, 1973. Adaptada por Larissa Leal, 2018.
3.2. 2ª Fase: Hospital Barros Barreto, adaptações feitas em 1976.
A portaria nº 249/Bsb de 1976 modificou o nome de Sanatório Barros
Barreto para Hospital Barros Barreto. Neste novo momento, foi proposta uma
reformulação físico-funcional para atender pacientes com doenças tropicais e
equipar o hospital com estrutura para pesquisas de doenças de grande
incidência na região amazônica (Biblioteca Dr. Alexandre B. dos Santos, s/d).
Preparar infra estrutura para pesquisa de agentes etiológicos, de
doenças de elevada incidência na área de distribuição e nosologia
ignoradas, nos anos de 1976/77 para implantação em 1978, com
recursos provenientes de convênios com CNPQ, Fundação Osvaldo
Cruz e Instituto Evandro Chagas (Biblioteca Dr. Alexandre B. dos
Santos, s/d).
Esta intervenção foi aprovada pela Divisão Nacional de Tuberculose
(DNT), que enviou verbas para tal atividade. Como em 1976 já havia passado
quase 40 anos desde o momento em que a tuberculose era uma das doenças
que mais causava mortalidade, as formas de tratamento foram aprimoradas e
doença já não assolava tanto quanto anteriormente, tornando a estrutura de seis
pavimentos muito maior que demanda de pacientes tuberculosos, começou a
utilizar-se do grande porte do hospital para outras finalidades.
Subsídios para a caracterização do Hospital Universitário João de Barros Barreto como Patrimônio da Saúde no Pará
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Subsídios para a caracterização do Hospital Universitário João de Barros Barreto como Patrimônio da Saúde no Pará

  • 1. UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE TECNOLOGIA FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO LARISSA SILVA LEAL SUBSÍDIOS PARA A CARACTERIZAÇÃO DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO JOÃO DE BARROS BARRETO COMO PATRIMÔNIO DA SAÚDE NO PARÁ BELÉM - PARÁ 2018
  • 2. 1 LARISSA SILVA LEAL SUBSÍDIOS PARA A CARACTERIZAÇÃO DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO JOÃO DE BARROS BARRETO COMO PATRIMÔNIO DA SAÚDE NO PARÁ Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, como requisito para a obtenção do título de Arquiteto e Urbanista pela Universidade Federal do Pará, sob a orientação da Prof.ª Dr.ª Cybelle Salvador Miranda. BELÉM - PARÁ 2018
  • 3. 2 LARISSA SILVA LEAL SUBSÍDIOS PARA A CARACTERIZAÇÃO DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO JOÃO DE BARROS BARRETO COMO PATRIMÔNIO DA SAÚDE NO PARÁ Belém (PA), 13 de Dezembro de 2018 BANCA EXAMINADORA ____________________________________________ Profª. Drª. Cybelle Salvador Miranda Universidade Federal do Pará Faculdade de Arquitetura e Urbanismo _____________________________________________ Prof. Dr. Ronaldo Nonato Ferreira Marques de Carvalho Universidade Federal do Pará Faculdade de Arquitetura e Urbanismo _____________________________________________ Arquiteta Áurea Helyette Gomes Ramos Hospital Ophir Loyola Assessoria de Planejamento Físico BELÉM - PARÁ 2018
  • 4. 3 Dedico este trabalho a Deus, que permite todas as coisas e planeja tudo infinitamente melhor do que pedimos ou pensamos. Dedico também à minha mãe, Gracinéa, o meu exemplo de ser humano.
  • 5. 4 AGRADECIMENTOS Primeiramente total gratidão a Deus, que me manteve nessa caminhada e segurou minhas mãos todas as vezes em que pensei em desistir. Minha mãe, Gracinéa Silva, por todos os exemplos de superação nas mais diversas situações. Sustentou-me financeira e psicologicamente e até mudou de endereço para melhorar meu desempenho acadêmico. À orientadora mais correta e justa que eu poderia ter, que acreditou e investiu tempo e dedicação para que esse trabalho pudesse ser feito, Profª. Drª. Cybelle Salvador Miranda, juntamente com o entusiasmo e conhecimentos do Prof. Dr. Ronaldo Marques de Carvalho. Sou grata por tudo que aprendi com ambos, desde o início da minha trajetória no LAMEMO. Thayse Queiróz, minha amiga e contribuinte fundamental desse trabalho, que dedicou horas, conversas, análises e desenhos. Ricardo Lobo por me ensinar pacientemente a editar imagens, modelar maquetes e me apoiar todos os dias. Aos meus amigos do LAMEMO/UFPA, especialmente à graduanda Vithória Silva que disponibilizou seu “olhar fotográfico” e paciência para registrar muitos arquivos utilizados neste trabalho. À mestranda Livia Gaby, que proporcionou as entrevistas e busca de materiais para esta pesquisa. Todos os atuais e antigos funcionários do Hospital Universitário João de Barros Barreto, que de muito bom grado se disponibilizaram para ajudar-me a levantar a documentação do hospital. Os médicos Aristóteles Miranda e José Maria Abreu, arquiteta Lucianni Vitelli, Rosiany Amaral e Adriane Paixão do setor da Biblioteca, Paulo Eleutério e Sérgio Amaral do Arquivo Administrativo e à antiga funcionária dona Iolete Souza. À minha melhor amiga da vida toda, Gabriela Freire, por ser sempre otimista e oferecer sua ajuda em qualquer situação. Aos Carvalhos, minha família que está longe e mesmo assim enviava incentivo a cada passo dado durante essa caminhada, Anny, Lázaro e Vivian.
  • 6. 5 Os sítios com significado cultural enriquecem a vida das pessoas, proporcionando, muitas vezes, um profundo e inspirador sentido de ligação à comunidade e à paisagem, ao passado e às experiências vividas. (Carta de Burra, 1999) LEAL, Larissa Silva. Subsídios para a caracterização do Hospital Universitário João de Barros Barreto como patrimônio da saúde no Pará. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado para a obtenção do título de Arquiteta e Urbanista. Instituto de Tecnologia. Universidade Federal do Pará, 2018.
  • 7. 6 RESUMO Este trabalho tem por base contribuir para o desenvolvimento do estudo da produção arquitetônica assistencial do Pará, através da significação cultural e preservação dos documentos históricos encontrados na edificação principal do Hospital Universitário João de Barros Barreto, visando caracterizá-la como patrimônio da saúde no Pará. Construído para ser o único sanatório que tratava tubérculos na Região Norte, o chamado Barros Barreto é um exemplar moderno inaugurado no fim da década de 50, cuja autoria do projeto é desconhecida e a construção durou cerca de vinte anos. O estilo empregado se assemelha à outros sanatórios brasileiros do mesmo período, com o uso de materiais semelhantes. Por intermédio da pesquisa bibliográfica, pesquisa documental e estudo de caso associados ao levantamento fotográfico, buscou-se identificar os elementos arquitetônicos e por meio do estudo do entorno, estrutural e dos detalhes, bem como a evolução da edificação no decorrer de 60 anos de existência, mediante o uso do método estratigráfico. Como resultados apresenta-se a catalogação do acervo de fotografias e plantas históricas do antigo sanatório, bem como análises arquitetônicas das intervenções divididas em quatro fases, 1959, 1976, 1990 e 2018. Comprovando que o antigo sanatório adentra a categoria de obra moderna que necessita de ações de valorização e conservação de seus significados culturais, no qual é de muita contribuição para a memória e identidade coletiva, principalmente da comunidade paraense. Palavras-chave: Arquitetura hospitalar; Modernismo; Patrimônio; Belém-PA.
  • 8. 7 ABSTRACT This work is based on contribute to the development of the study of architectural assistance production of Pará, upon the cultural significance and preservation of historical documents found in the main building of the University Hospital João de Barros Barreto, aiming to characterize it as health patrimony in Pará. Built to be the only sanatorium which treated tubers in the Northern Region, the so-called Barros Barreto is a modern specimen inaugurated in the late 1950's, whose authorship of the project is unknown and the construction lasted about twenty years. The style used resembles other brazilian sanatoriums of the same period, with the use of similar materials. Upon a bibliographical research, documentary research and case study associated to the photographic survey, we sought to identify the architectural elements, by the study of the surroundings, structure and details, as well as the evolution of the building during its 60 years of existence, over the use of the stratigraphic method. The results show the cataloging of the collection of photographs and historical plans of the old sanatorium, in addiction to the architectural analyzes of the interventions divided into four phases, 1959, 1976, 1990 and 2018, confirming that the old sanatorium enters in the category of modern work which needs actions of valorization and conservation of its cultural meanings, which is a great contribution to the cultural memory of the community. Keywords: Hospital architecture; Modernism; Patrimony; Belém-PA
  • 9. 8 LISTA DE FIGURAS Figura 01 - Pavilhão da Colônia Juliano Moreira, em Jacarepaguá - RJ, criada no ano de 1924 ..................................................................................................... 18 Figura 02 - Brises em concreto da fachada do Sanatório Partenon, Rio Grande do Sul ............................................................................................................... 20 Figura 03 - Hospital das Clínicas de Salvador, construído entre 1938 e 1943. 21 Figura 04 - Planta com a localização das antigas edificações (enumeradas) em relação ao Sanatório, de 1959 ......................................................................... 22 Figura 05 - Sacadas não finalizadas na ala leste, mesmo com o sanatório em funcionamento Sanatório, obras na ala oeste .................................................. 24 Figura 06 - Obras de reestruturação do Hospital Barros Barreto .................... 25 Figura 07 - Desenhos da planta do Hospital Good Samaritan e do antigo Sanatório Barros Barreto Obras de reestruturação do Hospital Barros Barreto26 Figura 08 - Sanatório Barros Barreto .............................................................. 27 Figura 09 - Sanatório Santa Maria ................................................................... 27 Figura 10 - Análise de superfícies com sinais de intervenções antrópicas ...... 29 Figura 11 - Documento tridimensional ilustrando a análise cronológica da arquitetura do Instituto Estadual Carlos Gomes, Belém - Pa no ano de 1944 . 30 Figura 12 - Documento tridimensional do Instituto em 2014 ............................ 30 Figura 13 - Simulação do interior da Casa de D. Yayá, São Paulo.................. 31 Figura 14 - Volumetria da Casa de D. Yayá..................................................... 31 Figura 15 - Localização do bairro do Guamá em Belém, com a demarcação do lote onde fica o HUJBB .................................................................................... 33 Figura 16 - Vista do antigo portão de acesso ao Sanatório Barros Barreto ..... 34 Figura 17 - Mapa ilustrativo do lote do HUJBB atualmente, indicando o bloco principal, as edificações adjacentes e a área verde, sem escala..................... 35 Figura 18 - Unidade de Alta Complexidade em Oncologia............................... 36 Figura 19 - Farmácia Ambulatorial e Saúde do Trabalho, dentro do complexo ambulatorial ..................................................................................................... 36 Figura 20 - Lago do Laboratório de Investigações em Neurodegeneração...... 37 Figura 21 - Brinquedoteca, anexa ao prédio principal...................................... 38
  • 10. 9 Figura 22 - Área verde localizada próximo ao muro voltado para a Rua dos Mundurucus...................................................................................................... 39 Figura 23 - Seleção do acervo no HUJBB (da esquerda para a direita: Rosiany Silva, Thayse Queiróz e Larissa Leal) ............................................................. 40 Figura 24 - Consultório Dr. Adriano (identificado pelo setor de Biblioteca). Piso em cerâmica vermelha ..................................................................................... 41 Figura 25 - Fachada do sanatório voltada para o norte ................................... 41 Figura 26 - Atual fachada principal (oeste) do HUJBB..................................... 42 Figura 27 - Piso em cerâmica vermelha do corredor da entrada da biblioteca, segundo pavimento.......................................................................................... 42 Figura 28 - Corredor central com piso danificado, ala leste, quinto pavimento 43 Figura 29 - Vista da fachada norte, atualmente................................................ 43 Figura 30 - Planta baixa do HBB, segundo pavimento .................................... 44 Figura 31 - Planta de arborização do entorno .................................................. 44 Figura 32 - Planta baixa atual do térreo ........................................................... 45 Figura 33 - Desenho esquemático da planta do térreo do HUJBB................... 45 Figura 34 - Estrutura de pilares e vigas em concreto armado ......................... 46 Figura 35 - Vigas invertidas do antigo sanatório .............................................. 46 Figura 36 - Desenho dos pilares do sanatório.................................................. 47 Figura 37 - Paredes em tijolos de cerâmica vermelha da ala leste .................. 48 Figura 38 - Início das fundações do sanatório ................................................. 48 Figura 39 - Cobertura em telha de cimento amianto, lado sul do HBB............. 48 Figura 40 - Desenhos da cobertura do SBB..................................................... 49 Figura 41 - Revestimento de piso e paredes em cerâmica na cor branca, ambulatório da pediatria................................................................................... 49 Figura 42 - Piso São Caetano do antigo refeitório de pacientes ...................... 50 Figura 43 - Forro em madeira e paredes brancas da sala da diretoria............. 50 Figura 44 - Elementos vazados (cobogós), janelas e brises da fachada sul.... 51 Figura 45 - Vista do hall de entrada da fachada oeste..................................... 52 Figura 46 - Vista das varandas e janelas de uma das fachadas ...................... 52 Figura 47 - Piso quadriculado xadrez das varandas ........................................ 53 Figura 48 - Revestimento da parte superior do parapeito das varandas.......... 53 Figura 49 - Muro gradeado da antiga entrada do sanatório ............................. 55 Figura 50 - Detalhe do gradil em ferro localizado acima do muro .................... 55
  • 11. 10 Figura 51 - Esquema com a demarcação das alas do sanatório...................... 55 Figura 52 - Desenho arquitetônico da primeira guarita do sanatório, 1961 ..... 56 Figura 53 - Antiga guarita de entrada executada de acordo com o projeto...... 56 Figura 54 - Portão de ferro da entrada ao lado da guarita ............................... 56 Figura 55 - Cerca de madeira que circundava o terreno do sanatório ............. 57 Figura 56 - Planta baixa do pequeno hall de entrada da fachada oeste .......... 57 Figura 57 - Fachada oeste, com a demarcação do antigo hall de entrada....... 58 Figura 58 - Antiga casa de caldeiras com parede vazada................................ 58 Figura 59 - Entrada aberta da casa de caldeiras e início da antiga chaminé ... 58 Figura 60 - Interior da casa de caldeiras .......................................................... 58 Figura 61 - Desenho da fachada oeste, contendo a chaminé e casa de caldeiras 59 Figura 62 - Atual hall de escadas..................................................................... 59 Figura 63 - Detalhe de um degrau das escadas em marmorite com a estrutura em aço ............................................................................................................. 59 Figura 64 - Soleira em marmorite de uma das janelas do HUJBB ................... 60 Figura 65 - Desenho esquemático do primeiro pavimento (térreo) .................. 60 Figura 66 - Setor de Nutrição do SBB .............................................................. 60 Figura 67 - Setor de Nutrição ........................................................................... 60 Figura 68 - Desenho esquemático do segundo pavimento .............................. 61 Figura 69 - Antigo refeitório.............................................................................. 61 Figura 70 - Posto de enfermagem.................................................................... 61 Figura 71 - Desenho esquemático do terceiro pavimento ................................ 61 Figura 72 - Centro de Terapia Intensiva .......................................................... 61 Figura 73 - Desenhos com detalhamentos das portas..................................... 62 Figura 74 - Selo de uma das plantas de detalhamento, 1967 .......................... 62 Figura 75 - Vista da fachada norte pelo interior de uma das varandas, com descrição de elementos ................................................................................... 63 Figura 76 - Desenho da planta baixa e elevação do muro do HBB.................. 64 Figura 77 - Planta baixa do subsolo do HBB.................................................... 64 Figura 78 - Planta baixa do primeiro pavimento............................................... 65 Figura 79 - Sala da diretoria............................................................................. 65 Figura 80 - Lavanderia ..................................................................................... 65 Figura 81 - Planta baixa do segundo pavimento .............................................. 66
  • 12. 11 Figura 82 - Refeitório em obras........................................................................ 66 Figura 83 - Interior do refeitório sendo adaptado para o Centro de Estudos.... 66 Figura 84 - Vista externa da área do refeitório em obras ................................ 66 Figura 85 - Cortes do projeto do Centro de Estudos........................................ 67 Figura 86 - Interior do auditório ........................................................................ 68 Figura 87 - Planta baixa do terceiro pavimento................................................ 69 Figura 88 - Uma das salas de cirúrgia do Centro Cirúrgico.............................. 69 Figura 89 - Interior de uma das salas de cirúrgia, Centro Cirúrgico ................. 69 Figura 90 - Planta baixa do quarto pavimento.................................................. 70 Figura 91 - Planta baixa do quinto pavimento .................................................. 70 Figura 92 - Planta baixa do sexto pavimento, com demarcação da áre não finalizada .......................................................................................................... 70 Figura 93 - Fachada oeste do HBB, com descrição de elementos................... 71 Figura 94 - Planta com indicação das alas do HJBB, corte e selo do escritório contratado ........................................................................................................ 73 Figura 95 - Pórtico de entrada do HJBB, ao fundo a fachada oeste da edificação principal............................................................................................................ 74 Figura 96 - Planta baixa, cortes e fachada do pórtico de entrada .................... 74 Figura 97 - Muro com cerca de arame do lado oeste do HUJBB ..................... 75 Figura 98 - Muro com cerca coberta de vegetação do lado norte do hospital.. 75 Figura 99 - Planta baixa do térreo, com a demarcação da lavanderia (em azul) e do antigo depósito (em amarelo)...................................................................... 75 Figura 100 - Cortes do prédio anexo................................................................ 76 Figura 101 - Fachadas do prédio anexo........................................................... 76 Figura 102 - Cobertura da edificação anexa .................................................... 77 Figura 103 - Planta baixa do primeiro pavimento, com demarções de ambientes 77 Figura 104 - Salas de aula do Centro de estudos separadas por divisórias .... 78 Figura 105 - Planta baixa do segundo pavimento ............................................ 79 Figura 106 - Fachada oeste (atual entrada principal) com pavimentação asfáltica na via frontal..................................................................................................... 79 Figura 107 - Vista frontal da guarita atual do HUJBB, com indicações ............ 81 Figura 108 - Vista da guarita pelo interior do terreno do HUJBB...................... 81 Figura 109 - Brises em concreto ...................................................................... 82
  • 13. 12 Figura 110 - Interior do hall de entrada da fachada oeste................................ 82 Figura 111 - Planta baixa do térreo com demarcações (em azul) da Unidade de Diagnóstico de Meningite ................................................................................. 82 Figura 112 - Entrada da UDM .......................................................................... 82 Figura 113 - Interior de um dos vestiários femininos........................................ 83 Figura 114 - Corredor principal do pavimento de vestiários ............................. 83 Figura 115 - Espaço acima da escada de acesso aos vestiários..................... 83 Figura 116 - Vista externa da edificação anexa para lavanderia e vestiários... 84 Figura 117 - Planta baixa atual do primeiro pavimento do HUJBB, com demarcação da área da Pesquisa Clínica ....................................................... 84 Figura 118 - Fachada da Pesquisa Clínica em março de 2018........................ 85 Figura 119 - Pesquisa Clínica em setembro de 2018....................................... 85 Figura 120 - Acesso ao subsolo pela fachada sul............................................ 85 Figura 121 - Planta baixa do primeiro pavimento............................................. 86 Figura 122 - Entrada da Triagem ..................................................................... 86 Figura 123 - Circulação próxima à sala de Tomografia, UDI ........................... 86 Figura 124 - Local da antiga casa de caldeiras................................................ 86 Figura 125 - Planta baixa atual do segundo pavimento, com demarcações .... 87 Figura 126 - Vista externa da ala norte, com entrada temporária para os funcionários das obras ..................................................................................... 88 Figura 127 - Corredor do Ambulatório de Fibrose Cística, Pediatria e Fisioterapia 89 Figura 128 - Interior de um dos leitos da ala leste do quarto pavimento .......... 90 Figura 129 - Planta baixa atual do quarto pavimento....................................... 90 Figura 130 - Planta baixa atual do sexto pavimento......................................... 90 Figura 131 - Interior da sala desativada, próximo ao corredor central ............. 90 Figura 132 - Corredor da ala oeste do sexto pavimento .................................. 91 Figura 133 - Planta baixa atual do sexto pavimento......................................... 91 Figura 134 - Planta baixa atual do pavimento do arquivo morto ...................... 92 Figura 135 - Escada revestida em cerâmica São Caetano .............................. 92 Figura 136 - Fachada da ala leste com varandas gradeadas ou fechadas com janelas.............................................................................................................. 92 Figura 137 - Interior de varanda com revestimentos originais e gradil, ala oeste do segundo pavimento ..................................................................................... 92
  • 14. 13 Figura 138 - Fachada oeste atualmente, com demarcações de elementos..... 93 Figura 139 - Planta esquemática com demarcação de áreas que sofreram intervenções e seus respectivos anos.............................................................. 94 Figura 140 - Comparação de plantas baixas antiga e atual ............................ 95 Figura 141 - Corredor principal da Unidade de Diagnóstico por Imagem ........ 96 Figura 142 - Corredor da ala oeste do segundo pavimento ............................. 96 Figura 143 - Corredor da ala oeste do quarto pavimento................................. 96 Figura 144 - Simulação tridimensional da fachada oeste, década de 70 ........ 97 Figura 145 - Simulação tridimensional da fachada oeste, 2018....................... 97 Figura 146 - Simulação tridimensional da fachada leste, década de 70 .......... 98 Figura 147 - Simulação tridimensional da fachada oeste, 2018....................... 98 Figura 148 - Exemplo de documento arquitetônico, projeto do edifício de Medicamentos e Estudos d Química, de 1919............................................... 100 Figura 149 - Diagnóstico e pré-catalogação no Projeto Arquigrafia .............. 102 Figura 150 - Lista encontrada na mapoteca do Arquivo Administrativo ......... 104 Figura 151 - Planilha criada para a catalogação das fotografias.................... 106 Figura 152 - Planilha criada para a catalogação das plantas arquitetônicas . 107 LISTA DE QUADROS Quadro 01 - Atividades programadas para o Hospital João de Barros Barreto 72 Quadro 02 - Orçamento de obras..................................................................... 78
  • 15. 14 SUMÁRIO INTRODUÇÃO................................................................................................. 15 1. A ARQUITETURA MODERNA DA SAÚDE NO BRASIL: O SANATÓRIO BARROS BARRETO ....................................................................................... 18 2. ARQUEOLOGIA DA ARQUITETURA: A VALORIZAÇÃO ATRAVÉS DO MÉTODO ESTRATIGRÁFICO......................................................................... 28 2.1 Desvendando o Método Estratigráfico................................................... 28 2.2 Caracterização para verificação da significação arquitetônica presente Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB)............................ 32 2.2.1 Estudo do entorno ......................................................................... 32 2.2.2 Levantamento de dados documentais......................................... 39 2.2.3 Estrutura edificada ........................................................................ 45 2.2.4 Revestimentos ............................................................................... 49 2.2.5 Detalhes.......................................................................................... 51 3. ESTUDO DE CASO: ESTRATIGRAFIA APLICADA AO HUJBB ........... 54 3.1 1ª fase: Sanatório Barros Barreto, entregue em 1959 ................ 54 3.2 2ª fase: Hospital Barros Barreto, adaptações de 1976 .............. 63 3.3 3ª fase: Hospital João de Barros Barreto, 1990........................... 71 3.4 4ª fase: Hospital Universitário João de Barros Barreto, 2018 ... 80 3.5 Síntese das mudanças .................................................................. 93 4. CATALOGAÇÃO PRIMÁRIA DOS DOCUMENTOS ICONOGRÁFICOS DO HUJBB............................................................................................................. 99 4.1 Fundamentos da salvaguarda de documentos iconográficos para a arquitetura .................................................................................................. 99 4.2 Identificação, seleção e digitalização dos documentos .......... 103 4.3 Separação em pastas por assunto............................................. 104 4.4 Catalogação do acervo ............................................................... 106 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................... 108 REFERÊNCIAS.............................................................................................. 111
  • 16. 15 INTRODUÇÃO A partir do ano de 1934 foi constatado que a Tuberculose era uma das doenças que mais causava mortalidade no Brasil. João de Barros Barreto foi o médico que fez um estudo a respeito da necessidade de hospitais para atender à crescente demanda no país, apontando a conveniência da construção de sete grandes e onze pequenos sanatórios em várias cidades do Brasil. Esta recomendação deu origem à destinação de verbas para dois sanatórios em Porto Alegre, três sanatórios em São Paulo, quatro sanatórios localizados no Rio de Janeiro, um sanatório em Niterói e um em Fortaleza, e finalmente apenas um sanatório na Região Norte, em Belém (Biblioteca Dr. Alexandre B. dos Santos, s/d). A tipologia arquitetônica aplicada no até então Sanatório Barros Barreto pode ser identificada em hospitais como o Hospital Geral de Poços de Caldas, Minas Gerais e no Hospital Santa Maria, Rio de Janeiro, tendo este último o mesmo projeto do Sanatório de Belém (MIRANDA, ABREU JÚNIOR, 2016). A partir de então, esses hospitais detém um legado na Arquitetura Moderna Brasileira. O estudo sobre a Arquitetura Hospitalar em Belém iniciou-se no ano de 2009 com a integração do Laboratório de Memória e Patrimônio Cultural (LAMEMO/FAU/UFPA) na Rede Brasil de Patrimônio Cultural da Saúde, através do Dr. Renato da Gama-Rosa Costa, da Casa de Oswaldo Cruz/FIOCRUZ. O propósito da Rede Brasil é realizar o inventário Nacional do Patrimônio Cultural da Saúde, e para isto, é de fundamental importância a ação conjunta de instituições de ensino e pesquisa brasileiras. Deste então, o LAMEMO vem desenvolvendo pesquisas no que diz respeito ao Patrimônio da Saúde em Belém, além de ser integrado ao Gabinete das Misericórdias da Universidade de Lisboa e ao Grupo Saúde e cidade: arquitetura, urbanismo e patrimônio cultural, coordenado pela FIOCRUZ. Logo, o atualmente Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB) se enquadra como um importante exemplar da Arquitetura Moderna da Saúde, sendo de fundamental contribuição ao avanço dos estudos do Patrimônio da Saúde em Belém. O exemplar moderno está localizado na Rua dos
  • 17. 16 Mundurucus, número 4487, bairro do Guamá em Belém e é formado por um prédio principal, monobloco, inaugurado no ano de 1959 (quase vinte cinco anos depois do início de sua construção), contendo diversas modificações em seu projeto para adaptar a edificação à novas necessidades (Biblioteca Dr. Alexandre B. dos Santos, s/d), além de conter mais de cerca de 15 edificações dentro do seu complexo hospitalar. Atualmente, o bloco principal do complexo universitário encontra-se descaracterizado em relação ao seu estado inicial, devido à inúmeras intervenções. O HUJBB conta com um acervo com um número bastante significativo de plantas tanto do projeto entregue em 1959, quanto de intervenções feitas posteriormente, bem como fotografias do seu interior, todavia, este acervo iconográfico não está armazenado de forma adequada, aumentando o risco de perda desses documentos históricos. Em 1990 o Hospital João de Barros Barreto fora cedido à Universidade Federal do Pará, para oferecer ensino na área de saúde bem como melhorar sua assistência à população (Biblioteca Dr. Alexandre B. dos Santos, s/d). Este trabalho pretende criar subsídios para a patrimonialização de bens e acervos do Hospital Universitário, por meio da caracterização arquitetônica e da salvaguarda de documentos iconográficos da edificação. Ademais, pretende-se acrescentar conhecimentos ao estudo da produção arquitetônica hospitalar em Belém do Pará. A respeito dos métodos e técnicas utilizados para a realização deste estudo, tem-se como métodos a pesquisa bibliográfica, pesquisa documental e estudo de caso. Empregando como principais técnicas a documentação e aplicação de entrevistas. A pesquisa bibliográfica será feita sobretudo para identificar elementos da Arquitetura Moderna da Saúde, bem como obter parâmetros para utilizar e conservar documentos iconográficos e aplicações da estratigrafia. Para fundamentar o histórico do Sanatório Barros Barreto recorre-se à pesquisa documental, pois boa parte dos registros do antigo sanatório estão em forma de documentos institucionais, iconografias e notícias de jornal. No estudo do objeto (edificação principal do atual Hospital Universitário João de Barros Barreto), aplica-se o estudo de caso para coleta de dados por meio de levantamentos fotográfico-documentais, além disso, faz-se uso do
  • 18. 17 método estratigráfico como instrumento de análise arquitetônica aplicado à edificação antiga. O uso da técnica da documentação é utilizado para a coleta, organização e conservação dos documentos iconográficos encontrados no arquivo do HUJBB, bem como para a identificação e posterior catalogação destes suportes materiais. Recorre-se à algumas entrevistas com antigos e atuais funcionários do Hospital, principalmente para obter detalhes originais e especificar os anos das intervenções feitas na edificação estudada. O objetivo deste trabalho é relacionar e conservar os documentos e dados do Hospital Universitário João de Barros Barreto. Entender as modificações feitas na edificação ao longo de seus quase sessenta anos de existência, caracterizar arquitetonicamente para a verificação de sua significação cultural, ou seja, verificar os valores históricos, científicos, estéticos e sociais da edificação e assim contribuir com a patrimonialização de bens e acervos da saúde no Pará, visando a conservação deste sítio (Carta de Burra, 1999). O primeiro capítulo deste trabalho faz uma abordagem sobre a Arquitetura Moderna da saúde no Brasil, compreendo a relação entre doenças contagiosas e o desenvolvimento da arquitetura assistencial, com destaque para a tuberculose e a construção de sanatórios por todo o país, bem como a trajetória da construção do Sanatório Barros Barreto em Belém. O segundo momento deste trabalho é dedicado à explanação do método estratigráfico e caracterização arquitetônica do HUJBB, incluindo estudos da edificação principal e do seu entorno. O capítulo três compreende o estudo de caso com a análise estratigráfica aplicada ao HUJBB, dividida em quatro fases diferentes juntamente com uma visão geral das intervenções sofridas pela edificação, relacionando com as mudanças administrativas do hospital. Para a conservação dos documentos iconográficos doados pelo hospital, o quarto capítulo fundamenta a salvaguarda de documentos, bem como demonstra as etapas até a finalização da catalogação deste acervo.
  • 19. 18 1. A ARQUITETURA MODERNA DA SAÚDE NO BRASIL: O SANATÓRIO BARROS BARRETO A Arquitetura Moderna da Saúde no Brasil se inicia com os paradigmas tipológicos internacionais de construção, o tipo pavilhonar (Figura 01) e o tipo monobloco. O hospital tipo pavilhonar era vigente na Europa em meados do século XIX, que consiste na divisão das necessidades do hospital em vários blocos de edificações separadas no mesmo terreno, pois assim se isolariam e evitariam o contágio de doenças. A tipologia monobloco foi um modelo criado pelos Estados Unidos no início do século XX, sendo considerado a ideia da modernidade arquitetônica do novo século. Este deveria ter seu programa de necessidades concentrados em uma edificação vertical, com vários pavimentos, pois assim se evitaria custos muito altos com transporte, custo de terreno bem como esses hospitais poderiam ficar mais próximos dos centros (COSTA, 2010). Figura 01: Pavilhão da Colônia Juliano Moreira, em Jacarepaguá - RJ, criada no ano de 1924. Fonte: Fundo Gustavo Capanema – CPDOC/FGV apud COSTA, 2011, p. 58. No Brasil prevaleceu o uso de um tipo híbrido, que juntava características de ambas edificações pavilhonar e monobloco (COSTA, 2010). Neste período iniciava também um novo momento na Arquitetura brasileira, Ana Amora (2014) explica: [...] esse processo de construção de uma concepção acerca do hospital moderno tem raízes no Brasil ao longo da primeira metade do século XX, quando foram estabelecidas relações entre médicos, engenheiros e arquitetos no que toca os espaços projetados e construídos para a saúde, bem como a profissionalização dessa área do conhecimento dentro de projetos de modernização do país, sobretudo na esfera pública [...] (AMORA, 2014, p.4).
  • 20. 19 Costa (2010) cita este como um momento de maturidade na produção arquitetônica brasileira, quando os arquitetos adquirem mais autonomia em seus projetos, já que anteriormente os projetos hospitalares tinham maior contribuição dos médicos. Além disso, “[a]s referências sobre arquitetura hospitalar no Brasil [...] eram, sobretudo, estrangeiras e vinculadas aos manuais de arquitetura, produzidos nos séculos XVIII e XIX [...]” (AMORA, 2014, p. 4). Costa (2010) demonstra que muitos arquitetos viajavam para o exterior em busca de repertório de edificações hospitalares para poder projetá-las da melhor forma. No Brasil, o desenvolvimento da arquitetura moderna está ligada à necessidade de combater doenças contagiosas e que causavam grande número de óbitos no país inteiro, como a tuberculose. Brasileiro (2012) acrescenta que muitas medidas foram tomadas da parte do Governo em relação ao combate da tuberculose, “[a]ssim, o pano de fundo para a construção desse campo especializado, da arquitetura para a saúde no Brasil, foi sobretudo, a criação de infraestruturas públicas de saúde [...]” (AMORA, 2014, p. 5). Entra em questão a medidas sanitárias que previam construção de sanatórios para tratar a doença, segundo a autora, os sanatórios: [...] também procuravam atender aos princípios de profilaxia e terapêutica da tuberculose, através do uso de medidas adotadas internacionalmente, como a implantação destes equipamentos em setores urbanos mais afastados das zonas centrais, a fim de isolar os focos de contágio; e utilização de recursos construtivos que contribuíssem para um melhor aproveitamento do ar e do sol, como as varandas de cura, visível em quase todos os exemplares [...] (BRASILEIRO, 2012, p.74). Após a década de 50, essas medidas que visavam proporcionar a melhoria mais rápida dos pacientes traduziram-se nas edificações muito mais do que as varandas, surgem preocupações com a funcionalidade da edificação traduzida em formatos de plantas arquitetônicas variadas como as plantas em L, V, X, Y, H, T entre outros modelos e variações destes (COSTA, 2010). Além disso, o autor acrescenta que “[a] linguagem arquitetônica adotada para hospitais a partir da década de 1950 se aproxima mais da estética proposta por Le Corbusier” (COSTA, 2010, p. 10), principalmente no que se refere a ornamentação, que era ausente e estrutura, que era aparente. Assim, os sanatórios [...] eram marcados pela setorização do programa ideal de funcionalidade; plano racionalista; formas simples e uso de cores claras; fachadas fenestradas marcadas pelas esquadrias e pilares soltos a meia distância das paredes; e uso de materiais e
  • 21. 20 sistemas que caracterizavam a arquitetura moderna, como os brises verticais orientáveis e elementos vazados nas fachadas, e estruturas pré-moldada de concreto armado nas construções (BITTENCOURT, 2000 apud BRASILEIRO, 2012, P. 85.). Monteiro e Ribeiro (2013, p. 16) reiteram que as varandas e locais para os pacientes tomarem banho de sol eram características muito marcantes na arquitetura dos sanatórios. Nas fachadas prevalecia o racionalismo com a ausência de ornamentos, entretanto o uso de brises (Figura 02) e cobogós, como soluções de conforto térmico e medidas profilaxias da tuberculose, fazem parte também da composição das fachadas. Figura 02: Brises em concreto da fachada do Sanatório Partenon, Rio Grande do Sul. Fonte: BITTENCOURT, 2000, p. 119 apud BRASILEIRO, 2012, p. 86. Vale ressaltar que muitos sanatórios seguiam os padrões modernos, porém tinham suas especificidades entre si. Renato Costa (2010) acrescenta que projetos de hospitais monobloco de São Paulo e Bahia (Figura 03) seguiam tendências de plantas em formato H, com varandas, acentuada verticalidade e aproveitamento do declive dos terrenos, no Rio de Janeiro muitas obras apresentam o monobloco vertical com algumas características de tipologias passadas, demonstrando uma transição (COSTA, 2010).
  • 22. 21 Figura 03: Hospital das Clínicas de Salvador, construído entre 1938 e 1943. Fonte: Fundo Gustavo Capanema – CPDOC/FGV apud COSTA, 2011, p. 61. O estudo da arquitetura moderna da saúde no Brasil, assim como os estilos anteriores utilizados nas edificações hospitalares, forma um grande aparato de registros para o patrimônio cultural da saúde, muitas edificações como os sanatórios, preventórios, dispensários dentre outros, têm seus aspectos estudados e registrados (MONTEIRO; RIBEIRO, 2013, p. 19). O conhecimento a respeito destas instituições proporciona o registro da história da assistência médica no Brasil e o entendimento de características e transformações ocorridas nesta tipologia arquitetônica, já que essas edificações mesclam o desenvolvimento de conhecimentos médicos e arquitetônicos, que, dependendo do tipo de doença a ser tratado pela instituição, as características de forma e concepção seriam apresentadas de forma diferente (PÔRTO, 2008, p. 14 apud MONTEIRO; RIBEIRO, 2013, p. 19). Os registros que se tem do terreno onde está localizado atualmente todo o complexo do HUJBB demonstram que inicialmente pertenceu ao Dr. Américo Santa Rosa, comprado pelo Governo do Estado em 1895 já com o propósito de construir um hospital de isolamento. Este hospital foi denominado Hospital Domingos de Freire, cuja especialidade era atender aos assolados pela febre amarela. Domingos Freire começou a ser construído em 1896 e concluído em 1899, sendo inaugurado somente em 1900. Posteriormente foram construídos outros três hospitais cada qual com uma especialidade de tratamento, sendo São Roque especializado em peste bubônica, São Sebastião tratando da varíola e o pavilhão Oswaldo Cruz tratando da febre amarela. Todos foram demolidos entre os anos 60 e 70 (MIRANDA; ABREU JÚNIOR, 2016).
  • 23. 22 Esta planta datada de 1959 (Figura 04) demonstra que além do Sanatório Barros Barreto, Domingos Freire e Pavilhão São Roque (identificados na imagem respectivamente 2, 7 e 9), ainda se encontravam edificações como um pequeno laboratório, dois pequenos necrotérios, Pavilhão Henrique Estevão, Enfermaria São Sebastião, edificação identificada como “grêmio”, Residência das Irmãs com uma conexão com o Domingos Freire, uma lavanderia, além de uma pequena casa dos empregados ao fundo do terreno (respectivamente 1, 3, 6, 4, 5, 8, 10, 11 e 12). Figura 04: Planta com a localização das antigas edificações (enumeradas) em relação ao Sanatório, de 1959. Fonte: Setor de Arquivo do HUJBB, 1959. Foto de Larissa Leal, adaptada por Ricardo Lobo, 2018. A origem do Sanatório Barros Barreto começa com o estudo realizado pelo Dr. Barros Barreto mostrando a necessidade da construção um total de 18 sanatórios para tratar a tuberculose no Brasil inteiro, tendo em vista que a tuberculose era uma das doenças que mais causava mortalidade na década de 30. Dentre os sanatórios estava incluso um sanatório de 600 leitos em Belém. Costa (2009) descreve que foram projetados sanatórios no Distrito Federal, Rio de Janeiro, Pernambuco, Ceará, Espírito Santo, Rio Grande do Norte,
  • 24. 23 Maranhão, Sergipe, São Paulo, Bahia, Acre, Amazônia, dentre outros, os quais muitos não foram construídos (COSTA, 2009). O lançamento da pedra fundamental1 da construção do Sanatório Barros Barreto em Belém ocorreu em 1934, entretanto o início da construção se deu a partir de 1937, ou seja, a cerimônia fora apenas simbólica. Dois anos mais tarde foi direcionada uma grande quantidade de verba para custear sete dessas obras citadas. A partir de então, a obra paraense seguia à “passos lentos” estando já erguidas todas as suas estruturas de alvenaria e concreto das alas laterais e térreo da ala central, quando em 1942 foi interrompida por falta de recursos (Biblioteca Dr. Alexandre B. dos Santos, s/d). Em 1946 foi criada a Campanha Nacional Contra a Tuberculose, que trouxe mais verbas para dar continuidade às obras paralisadas há quatro anos. Neste ano aumentou também o número estimativos de leitos de 600 para 800 leitos. A obra prosseguiu até 1954 recebendo mais verba da Superintendência do Plano de Valorização Econômica da Amazônia (SPVEA – atual Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia, SUDAM), sendo inaugurado também simbolicamente em 1957, já que o sanatório não estava finalizado. Segundo documentos do próprio hospital, o sanatório foi inaugurado em 15 de agosto de 1959 e seu primeiro diretor foi o doutor Antônio de Oliveira Lobão, com a finalidade de ser um local de tratamento de tuberculosos, já que o Estado do Pará nesse momento não tinha um local apropriado para tal atividade (Biblioteca Dr. Alexandre B. dos Santos, s/d). 1 Pedra fundamental é o nome dado a cerimônia que marca a colocação do primeiro bloco de alvenaria acima da fundação da construção.
  • 25. 24 Figura 05: Sacadas não finalizadas da ala leste, mesmo com o sanatório em funcionamento. Fonte: Acervo fotográfico da Biblioteca do HUJBB, 1973. Miranda e Abreu Júnior (2016) reiteram que após a inauguração ainda era necessário finalizar muitos aspectos de diversas alas do hospital (Figura 05), que iriam desde a instalação elétrica até os testes de equipamentos do sanatório. Enquanto isso, ainda recebia os pacientes do Domingos Freire aos poucos, mesmo sem estar todo finalizado. O que se tem de registros é que a inauguração definitiva do projeto original ocorreu no ano de 1977, quase trinta anos após o início do projeto de construir um Sanatório que atendesse a demanda de Belém (MIRANDA; ABREU JÚNIOR, 2016). Desde a inauguração em 1959 até 1976 o Hospital era Sanatório de Tuberculose, a partir de 1976 até 1992, passou a ser Hospital de Doenças Infecto-parasitárias. Consequentemente, o antigo sanatório passou por uma reestruturação física e funcional para essa nova fase de atuação (Figura 06), aumentando sua área de atendimento, além de tuberculose, expandindo também suas atividades do hospital para o ensino e pesquisa, que acarretou em mudanças em sua infraestrutura para oferecer ensino superior na área de saúde (graduação e pós-graduação) e pesquisa de agentes etiológicos de doenças comuns na região (Biblioteca Dr. Alexandre B. dos Santos, s/d).
  • 26. 25 Figura 06: Obras de reestruturação do Hospital. Fonte: Acervo fotográfico da Biblioteca do HUJBB, s/d. Em 1990 o Hospital João de Barros Barreto fora cedido à Universidade Federal do Pará, para oferecer ensino na área de saúde bem como melhorar sua assistência à população, sendo chamado desde então de Hospital Universitário João de Barros Barreto (Biblioteca Dr. Alexandre B. dos Santos, s/d). José Carmo Filho descreveu que no ano de 2012 o Hospital Universitário: [...] atende a outras patologias e é referência nacional em DST/SIDA (doenças sexualmente transmissíveis / síndrome da imunodeficiência adquirida), referência regional em infectologia e pneumonia, referência estadual em endocrinologia e diabetes e referência em patologia bucal (CARMO FILHO, 2012.p.51). Sobre o projeto arquitetônico, não existem registros de quem projetou o Sanatório, José Coutinho Carmo Filho (2012, p. 52) faz um paralelo entre a tipologia arquitetônica utilizada no sanatório e a arquitetura do hospital americano Good Samaritan de 1915 projetado por Gustave W. Drach, tendo desenho de plantas semelhantes (Figura 07). Além do mais, os autores Miranda e Abreu Júnior (2016, p. 16) afirmam que o projeto arquitetônico do antigo Sanatório (Figura 08) é igual ao projeto do Hospital Santa Maria (Figura 09), no Rio de Janeiro. Além das semelhanças de projeto, o Hospital Santa Maria também “nasceu” sendo sanatório com o início da construção em 1938 e teve diversas intempéries para o seu funcionamento a partir de 1945.
  • 27. 26 Figura 07: Desenhos da planta do Hospital Good Samaritan e do antigo Sanatório Barros Barreto. Fonte: MIQUELIN, 2002 apud CARMO FILHO, 2012, p. 52. Renato Costa (2009) acrescenta que a planta do antigo sanatório do Rio de Janeiro consiste em uma derivação da forma H, sendo uma junção de dois Ys e com um corpo central e quatro alas laterais formando espécie de braços, divididos em alas. Arquitetonicamente o hospital apresenta estilo moderno, seguindo modelos corbusianos e o contexto da construção do sanatório era o pós-guerra, seguindo a tipologia de outros hospitais brasileiros construídos para tratar a doença, a partir da década de 30. O bloco se destaca na paisagem devido aos seus seis pavimentos, tendo varandas com funções terapêuticas, mas também como marco da fachada moderna e racional. A respeito da arquitetura do Sanatório, a edição do jornal paraense Folha do Norte de 1939 trouxe a descrição de como se pretendia construir o sanatório paraense, constando que o edifício seria de seis pavimentos, tendo sua planta em formato de X com um corpo central e quatro alas, bem como sua estrutura seria toda em concreto armado. O projeto previa também o cuidado com a iluminação e ventilação principalmente para as varandas que seriam de recuperação dos enfermos (Folha do Norte, 1939 apud MIRANDA; ABREU JÚNIOR, 2016). Além disso, o prédio apresenta um modelo híbrido entre o pavilhonar e o monobloco, pois muitas de suas funções eram localizadas fora do prédio principal, desde o início de seu funcionamento.
  • 28. 27 Figuras 08 e 09: Sanatório Barros Barreto e Sanatório Santa Maria. Fonte: Acervo fotográfico da Biblioteca do HUJBB, s/d / MIRANDA; ABREU JÚNIOR, 2016, p 16. Através do histórico de construção do Sanatório Barros Barreto, pode-se notar que sempre que se finalizava uma etapa já existiam novas demandas, tornando-o sempre uma edificação ultrapassada e precisando de modernizações. Um dos motivos foi a necessidade de adaptação do perfil de atendimento dos pacientes do sanatório, que passaram a ser não só de tuberculose, mas também de doenças tropicais e infecciosas. Esta adaptação causou e ainda causa diversas e infindáveis reformas no prédio principal, bem como em seus blocos (MIRANDA; ABREU JÚNIOR, 2016).
  • 29. 28 2. ARQUEOLOGIA DA ARQUITETURA: A VALORIZAÇÃO ATRAVÉS DO MÉTODO ESTRATIGRÁFICO 2.1. Desvendando o Método Estratigráfico A estratigrafia é um ramo da geologia que estuda a sucessão de acontecimentos com rochas de uma determinada região, a partir de desses estudos pode-se determinar eventos e organizar o conhecimento a respeito da evolução geológica do local estudado. Além disso, a arqueologia também utiliza esse método, com a diferença de analisar não só os acontecimentos naturais, como na geologia, mas incluindo também as ações dos seres humanos (GENOVEZ, 2012). Ambas as disciplinas tem o foco em estudar a sequência de fatos, anteriores e posteriores ao objeto de estudo, independente de qual seja este. Outra área de estudo nos últimos anos tem especializado na utilização deste método: a arquitetura. O método estratigráfico está inserido dentro da Arqueologia da Arquitetura (AA), que é “um campo disciplinar voltado para o conhecimento dos edifícios a partir de dados informativos diretamente obtidos da matéria construtiva do objeto arquitetônico”. (VILLELA, 2015 p. 34), além disso, Sarita Genovez (2012) descreveu a estratigrafia como o pilar de sustentação da AA, apontando ainda a necessidade de maiores abordagens desse método no que diz respeito ao patrimônio histórico. Os dados levantados se fazem importantes primeiramente para estabelecer o que Regina Tirello (2007) chama de cronologia histórico- arquitetônica de um edifício antigo, em segundo lugar para decodificar e ordenar a “complexidade construtiva”, além disso, a autora explica que estas análises “permitem-nos reconhecer as subtrações e/ou anexações que uma arquitetura sofreu ao longo de sua vida, que quase nunca estão registrados em documentos convencionais” (TIRELLO, 2007. p. 151). (Figura 10)
  • 30. 29 Figura 10: Análise de superfícies com sinais de intervenções antrópicas. Fonte: BOATO, 2008, p. 79 apud GENOVEZ, 2012, p. 55. Ana Teresa Villela (2015) fundamenta as pesquisas que utilizam a estratigrafia descrevendo que os “edifícios também guardam vestígios do tempo sobre suas superfícies [...]” (VILLELA, 2015, p. 42). Felipe Azevedo acrescenta: Esse procedimento contribui para a facilitação do processo de datação e a reflexão da evolução dos objetos do estudo de caso, definindo-se um conjunto de unidades de elementos, volumetria, função e cronologia que ajudam a compreender melhor os processos das etapas das séries estratigráficas que compõem os edifícios a qual estuda-se [...] (AZEVEDO, 2015. p. 117) Para se produzir uma análise confiável, Regina Tirello adverte sobre a importância de leituras de documentos, exames de campo, levantamentos, estudo de técnicas construtivas, diagnósticos e exames laboratoriais de precisão. As fontes disponíveis são de contribuição para datar certos elementos, também chamadas de indicadores temporais (TIRELLO, 2007). Sobre as fases de um trabalho estratigráfico Raquel Santos acrescenta: Qualquer que seja o tipo de estudo, uma intervenção em AA deverá ainda seguir sequencialmente as diversas fases de trabalho: pesquisa prévia, levantamento e representação gráfica e fotográfica; análise estratigráfica paramental; a criação da base de dados e do modelo interpretativo (SANTOS, 2013, p. 3). Felipe Azevedo (2015) divide sua análise em dois momentos, sendo o primeiro momento voltado para a teoria, levando em consideração o histórico, usos anteriores, informações relevantes sobre os projetistas, bem como a análise arquitetônica e estética dos objetos de estudo. A segunda etapa é mostrada pelo autor como a parte prática, onde é possível visualizar as intervenções feitas desde o início do uso da edificação até tempos atuais, bem como possíveis modificações futuras.
  • 31. 30 Figura 11 e 12: Documento tridimensional ilustrando a análise cronológica da arquitetura do Instituto Estadual Carlos Gomes, Belém – Pa no de 1914 e documento tridimensional do Instituto em 2014. Fonte: AZEVEDO, 2015, p. 168-169. Regina Tirello (2007) cita três categorias de estudo, os indicadores temporais, que permitem aprofundar conhecimentos a respeito do objeto estudado. O primeiro indicador é o exame da estrutura da edificação, baseado em estudos histórico-documentais e análises da estrutura construída. Posteriormente faz-se a identificação e análise dos ornamentos artísticos como segundo indicador temporal e por último, a autora cita a análise dos revestimentos, feita através de exames das superfícies e com instrumentos de precisa. Dentre as características observadas e estudadas em uma edificação, existe um elemento que indica ser um dos mais importantes para aplicação em estudos principalmente em edificações históricas, o detalhe. Vittorio Gregotti (2008) descreve que o exercício do detalhe é o que dá forma às decisões projetuais, características como “[a] ligação entre pavimentos, a relação dos materiais e seus diferentes usos práticos e simbólicos” (GREGOTTI, 2008, p. 536) entram em questão. Vale ressaltar que detalhe, decoração e ornamento são elementos diferentes. Marco Frascari (2008) afirma que aspectos da construção e atribuição de significados se manifestam no detalhe, citando o autor francês Jean Labatut, o autor descreve que “o detalhe conta a história” (FRASCARI, 2009, p. 540). Por esta razão o exercício do detalhe entra como importante componente para estudo de edificações antigas, pois segundo o autor, a arquitetura seria a escolha dos detalhes para “imaginar uma história” (FRASCARI, 2008). Além dos resultados dos estudos apresentados de forma escrita, pode-se produzir um elemento tridimensional demonstrando todos os dados coletados e
  • 32. 31 facilitando o entendimento da análise estratigráfica (Figuras 11 e 12). Este arquivo “[é] um banco de dados eletrônico contendo informações sobre modelos e sistemas construtivos, arquitetônicos e picturais, usados em diferentes períodos históricos” (TIRELLO, 2007, p. 160). (Figuras 13 e 14) Figura 13 e 14: Simulação do interior da Casa de D. Yayá e Volumetria da Casa de D. Yayá. Fonte: Arquivo CPC-USP apud TIRELLO, 2007. Freitas e Tirello (2015) afirmam que o desenho é um instrumento fundamental, quando se trata de objetos culturais, para conhecer e operar a preservação e o restauro de edifícios históricos. A produção deste registro arquitetônico possibilita “estabelecer relações precisas entre a sua materialidade e a virtualidade da representação” (FREITAS; TIRELLO, 2015, p. 4). Além disso, embasam o maior conhecimento da obra estudada, pois para se criar uma representação gráfica, é necessário análises internas e externas da edificação (FREITAS; TIRELLO, 2015). Raquel Santos (2013) reitera a aplicação prática da análise da arqueologia utilizando o método estratigráfico: [...] conservação dos elementos detentores de informação histórico arqueológica ainda presentes, seja fisicamente (informando a intervenção de conservação e restauro, por exemplo) ou apenas através do seu registro pormenorizado (constituindo uma salvaguarda de informação no caso extremo de demolição das estruturas existentes) (SANTOS, 2013, p. 3). Isto demonstra a fundamental importância deste tipo de análise para edificações históricas, não só para fazer um projeto de restauro, como para a conservação do que está construído, bem como a produção de inventários das obras estudadas. Fazendo com que cada vez mais edificações históricas sejam
  • 33. 32 valorizadas e preservadas, pois através delas se fazem conhecidos muitos aspectos de grande valor. 2.2. Caracterização para a verificação da significação arquitetônica2 presente no Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB) 2.2.1 Estudo do entorno O lote onde foi inicialmente construído o sanatório monobloco está localizado na Rua dos Mundurucus, 4487, esquina da Travessa Barão de Mamoré, próximo ao Cemitério Santa Isabel, bairro do Guamá em Belém (Figura 15). O bairro do Guamá faz parte da zona sul de Belém e junto com os bairros do Jurunas e Condor funcionavam como dormitórios, entre a década de 50-60, devido à forte e quase exclusiva presença de residências. A ocupação do bairro era feita através de barracas e eram raras as edificações de alvenaria com mais de dois andares. Existiam algumas indústrias localizadas na Estrada Nova (atual Bernardo Sayão), dentre elas, empresas de beneficiamento de madeira e de látex, bem como havia a presença de alguns comerciantes ambulantes e outros raros artesãos, porém o número de clubes ligados à atividades de lazer como a dança era muito alto e o bairro era habitado por pessoas de baixa renda (PENTEADO, 1968). 2 Segundo a Carta de Burra (1999), significado cultural se refere ao valor estético, histórico, científico, social e até espiritual para as gerações passadas, presentes e futuras. Este significado está contido no chamado sítio, que pode ser o lugar, área, terreno, paisagem, edifício entre outros, ou em conteúdos e objetos relacionados com os sítios.
  • 34. 33 Figura 15: Localização do bairro do Guamá em Belém, com a demarcação do lote onde fica o HUJBB. Fonte: Plano Diretor do Município de Belém de 2008, alterado por Larissa Leal, 2018. Diversas edificações foram construídas dentro do lote ao longo dos anos ao redor do inicialmente Sanatório Barros Barreto. Para facilitar o entendimento foi feito o levantamento fotográfico do entorno no dia 21 de maio de 2018, com o auxílio da planta de situação das edificações do lote, cedida pela Divisão de Logística e Infraestrutura Hospitalar – Setor de Infraestrutura - do hospital. Este levantamento fotográfico abrangeu mais de 15 edificações3, que de um modo geral aumentaram as especialidades de atendimento do hospital. A entrada no hospital se faz através de uma guarita localizada no canteiro entre as vias Rua do Mundurucus e Barão de Mamoré. Esta guarita é a única forma de acesso de pedestres e automóveis ao HUJBB, sendo um conjunto pequeno de ambientes com banheiros sociais logo na entrada. Este é um local onde o fluxo de pessoas é grande, juntamente com a quantidade de pessoas que ficam sentadas esperando ou para adentrar o hospital ou para ir embora, entretanto, é um local com pouca iluminação e pouca ventilação natural. Seguindo pelo muro voltado para a Travessa Barão de Mamoré é possível encontrar um portão em ferro fundido, de duas folhas ornamentadas e em arco pleno, seguido por uma pequena parte em gradil acima do muro (Figura 16). Não foi possível avistar esse portão nas plantas antigas do hospital, entretanto a edição do jornal Folha do Norte de 1 de abril de 1939 em notícia referente à 3 Estas edificações foram identificadas de acordo com os dados cedidos pela Divisão de Logística e Infraestrutura Hospitalar – Setor de Infraestrutura do HUJBB e conforme a visitas feitas aos locais, podendo ser passíveis de diferenças ou atualizações de nomenclaturas.
  • 35. 34 construção do Sanatório Barros Barreto afirmou que este ficaria distante do atual portão do antigo Domingos Freire (MIRANDA; ABREU JÚNIOR, 2016). Este portão seria o antigo acesso ao hospital, atualmente fechado permanentemente tendo em vista que a face posterior do Laboratório da Anatomia Patológica impede o fluxo de pessoas e a falta de manutenção favoreceu o crescimento de vegetação. Figura 16: Vista do antigo portão de acesso do Sanatório Barros Barreto. Foto: Larissa Leal, 2018. Na área voltada para a fachada frontal do bloco principal, a oeste, estão a Unidade de Alta Complexidade em Oncologia, Laboratório da Anatomia Patológica, um complexo ambulatorial formado pelo de Patologia Bucal e Fisioterapia Motora, Farmácia Ambulatorial e Saúde do Trabalho, Setor de Psicologia, Divisão de Serviços Gerais, Laboratório e Almoxarifado e DAME. Na fachada lateral, a sul do mesmo bloco estão localizados dois Almoxarifados, uma Lavanderia em obra, Casa de Caldeiras, Leito de Secagem, Estação de Tratamento de Esgoto, Subestação, Geradores, e o Laboratório de Investigações em Neurodegeneração e Infecção. Além de um prédio de Pesquisa Clínica e uma Brinquedoteca localizados bem rente à ala leste (posterior) do edifício.
  • 36. 35 Figura 17: Mapa ilustrativo do lote do HUJBB atualmente, indicando o bloco principal (em azul), as edificações adjacentes (em vinho) e a área verde (em amarelo), sem escala. Fonte: Divisão de Logística e Infraestrutura Hospitalar – Setor de Infraestrutura do HUJBB, através da arquiteta Luciani Vitelli, alterado por Larissa Leal e Thayse Queiróz, 2018. A maior parte dessas edificações adjacentes (em vinho na Figura 17) ao prédio central (em azul na Figura 17) possuem características arquitetônicas bem variadas entre si, principalmente devido elas serem construídas de acordo com os recursos disponíveis e muitas vezes em períodos distintos. Foi possível identificar o ano de entrega da Unidade de Alta Complexidade em Oncologia (unacom), inaugurado em 2009 (Figura 18) e o Laboratório da Anatomia Patológica, inaugurado em 2001. Nota-se uma grande diferença de revestimentos e ornamentação das fachadas.
  • 37. 36 Figura 18: Unidade de Alta Complexidade em Oncologia. Foto: Larissa Leal, 2018. Adentrando o complexo laboratorial, observou-se que o acesso para pedestres é desprovido de passarelas e a pavimentação da via de acesso para automóveis é feita de bloquetes octogonais de cimento, sendo que algumas partes estão bem deterioradas. Em algumas áreas pode-se verificar pavimentação asfáltica deteriorada, piso em cimento e áreas cobertas por vegetação. Três dessas edificações laboratoriais contém piso em cerâmica vermelha (Figura 19), presente em muitas áreas da edificação principal, sugerindo que estas edificações são mais antigas. É possível notar a tentativa de padrão da cor das fachadas, em um tom bege, entretanto, algumas áreas interiores foram reformadas e padronizadas para a cor verde. Figura 19: Farmácia Ambulatorial e Saúde do Trabalho, dentro do complexo ambulatorial. Foto: Larissa Leal, 2018.
  • 38. 37 O Laboratório de Investigações em Neurodegeneração e Infecção está localizado um pouco mais afastado do prédio principal. Este contém um brise4 de cimento acima das esquadrias e que percorre todas as fachadas, revestidas no mesmo tom amarelado das edificações do complexo ambulatorial. O estacionamento é coberto por um “túnel” de árvores de grande porte, além disso, logo na entrada é possível contemplar um pequeno lago (Figura 20) com muitas carpas e flores ornamentais, dentre elas, orquídeas. Figura 20: Lago do Laboratório de Investigações em Neurodegeneração. Foto: Thayse Queiróz, 2018. Em uma área de pouco fluxo e difícil acesso estão localizados a estação de tratamento de esgoto, geradores, vestígios da antiga casa de caldeiras e a lavanderia ainda não finalizada. Este espaço apresenta um desnível em algumas áreas e está coberto por matos. Ademais, há uma grande área sem uso por trás dessas edificações, onde foi possível identificar uma edificação construída do lado de fora, porém bem rente ao muro do hospital. A caldeira foi construída bem ao lado do bloco principal e em frente à ela existem dois prédios de almoxarifado. No lado correspondente à fachada posterior do bloco principal existe uma pequena Brinquedoteca (Figura 21), que, durante as visitas feitas ao local, se encontrava fechada. Ao lado da outra ala do prédio, foi construída a área da Pesquisa Clínica, permitindo acesso tanto externo quanto pelo interior do prédio principal. 4 Brise é um elemento arquitetônico que serve de anteparo para a incidência direta do sol, bem como controla a permeabilidade visual interna e externa da edificação. Seu nome é uma abreviação da palavra francesa brise solei que significa “quebra-sol”.
  • 39. 38 Figura 21: Brinquedoteca, anexa ao prédio principal. Foto: Larissa Leal, 2018. A mobilidade de automóveis e pedestres dentro da área do hospital é feita por algumas vias asfaltadas e um pequeno trajeto de passarelas para pedestres, padrão das passarelas do Campus em Belém da Universidade Federal do Pará, com cobertura em aço na cor amarela e piso em concreto, desde a portaria até duas das entradas do prédio principal do complexo hospitalar universitário. Além disso, existem cerca de 165 vagas de estacionamento distribuídas por toda a área em questão, tendo em vista que durante as visitas foi constatado o grande fluxo de automóveis dentro da área e essas vagas são preenchidas. Ademais, também foi observada a ausência de calçadas que fazem ligação entre o bloco principal e as edificações adjacentes, criando um fluxo de funcionários nas vias de automóveis. Próximo ao muro voltado para a Rua dos Mundurucus encontra-se uma área verde de aproximadamente 7.034,06 m² (ver Figura 17, área em amarelo), que ocupa quase toda a extensão da face norte do lote, sendo muito grande e subutilizada. Esta área apresenta vegetação de grande porte (Figura 22) e uma casa de bombas, além disso, foi observado um desnível de até um metro em relação ao restante do lote. Alguns bancos estão dispostos em uma pequena área, sugerindo a tentativa de criar um espaço de convivência para os usuários, contudo, durante as visitas este local não era frequentado pelos usuários. Em frente a esta área verde há um contorno de uma praça que, segundo os registros do Hospital, estava presente por volta dos anos 70 contendo muitas árvores e plantas ornamentais, entretanto, este espaço está atualmente sem
  • 40. 39 manutenção. Além disso, verificou-se a presença de árvores de grande porte em frente a fachada do prédio principal, voltada para o Norte, levando à conclusão de que a arborização é bastante presente apenas em áreas específicas do lote. Figura 22: Área verde localizada próximo ao muro voltado para a Rua dos Mundurucus. Foto: Thayse Queiróz, 2018. Este levantamento fotográfico proporcionou o entendimento do funcionamento do complexo do hospital, relações entre as edificações e os servidores e usuários. Permitiu também observar que existe uma certa independência dos diversos laboratórios localizados fora do bloco principal, tanto entre si quanto em relação ao monobloco. Isto se evidencia nas características arquitetônicas de cada edificação e a manutenção de cada prédio, permitindo inferir que algumas edificações recebem frequentes manutenções em detrimento de outras. Uma hipótese levantada através da observação é que o hospital contém uma área muito grande tornando assim, difícil a manutenção de toda a extensão do complexo, além disso, algumas edificações mais afastadas estão fechadas e sem uso. 2.2.2 Levantamento de dados documentais Para o levantamento documental recorreu-se à biblioteca e mapoteca do arquivo do HUJBB, portadores de muitos documentos iconográficos. O setor da Biblioteca5 cedeu um conjunto de registros históricos desde o ano de 1959 até 5 Através da chefia do setor Rosiany Amaral da Silva juntamente com Adriane Paixão.
  • 41. 40 1992, bem como fotografias do acervo do Hospital. As fotografias recentes foram registradas durante visitas in loco nos anos de 2017 e 2018. Quanto ao levantamento de plantas do estado atual do prédio, a Divisão de Logística e Infraestrutura Hospitalar – Setor de Infraestrutura - do Hospital6 disponibilizou- as. Além disso, o Arquivo Administrativo do hospital disponibilizou o acervo de plantas do projeto do Hospital juntamente com as diversas modificações7. Os registros históricos ficam disponíveis na Biblioteca do Hospital apenas para consulta no local, tendo em vista que existe apenas um exemplar deste material. Este livro contém todo o histórico do Hospital, bem como orçamentos de 1990 e 1991, plantas, organogramas e demais informações administrativas. Sendo de grande valor para o estudo a respeito das modificações ocorridas ao longo dos anos e suas justificativas. O acervo de fotografias originais do Sanatório foi selecionado (Figura 23) na Biblioteca, digitalizado e identificado pelo setor. Dentre as fotografias foi possível visualizar o interior de muitas áreas possivelmente durante a década de 70, considerando as datas encontradas em algumas fotografias. Pode-se observar o piso, forro e esquadrias em vários ambientes, bem como a decoração dos interiores através das imagens. Figura 23: Seleção do acervo no HUJBB (da esquerda para a direita: Rosiany Silva, Thayse Queiróz e Larissa Leal). Fonte: Rosiany Silva, 2018. Vale ressaltar que o acervo selecionado conta com 69 fotografias8, dentre elas, fotos do período da construção do hospital, antiga portaria, diferentes 6 Através da arquiteta Luciani Vitelli. 7 Este levantamento no Arquivo Administrativo contou com a fundamental contribuição dos senhores Paulo Eleutério de Souza Nogueira e Sérgio Luiz Amaral. 8 Digitalizadas e identificadas com a ajuda da chefia do setor da Biblioteca, Rosiany da Silva.
  • 42. 41 fachadas da edificação, sala da diretoria, enfermaria, lavanderia, antigo refeitório, consultório, auditório, subsolo, algumas reformas entre outras (Figura 24). Nas fotografias das fachadas foi possível perceber que o prédio era pintado na cor branca juntamente com as esquadrias (Figura 25). O piso do interior de algumas salas era revestido com lajotas cerâmicas na cor vermelha (Figura 24), muito comum neste período. Ademais, o entorno do antigo sanatório era formado por uma grande área verde e arborizada (Figura 25). Figura 24: Consultório Dr. Adriano (identificado pelo setor da Biblioteca). Piso em cerâmica vermelha. Fonte: Acervo fotográfico da Biblioteca do HUJBB, s/d. Figura 25: Fachada do sanatório voltada para o norte. Fonte: Acervo fotográfico da Biblioteca do HUJBB, 1973. As visitas ao HUJBB realizadas em Março/2018 contribuíram para constatar o estado atual da edificação. Em cada visita fazia-se levantamento fotográfico de um pavimento do hospital, bem como do entorno do prédio.
  • 43. 42 Verificou-se que duas fachadas (Figura 26) estão em cor bege e as esquadrias são de alumínio e vidro. Figura 26: Atual fachada principal (oeste) do HUJBB. Foto: Larissa Leal, 2018. Alguns elementos que indicam ser originais e outros que apontam as diversas reformas sofridas pelo monobloco, principalmente para adequá-lo à novas demandas. Essas mudanças são perceptíveis tanto em plantas quanto em revestimentos (Figura 27). Figura 27: Piso em cerâmica vermelha do corredor da entrada da biblioteca, segundo pavimento. Foto: Larissa Leal, 2018. Diversas áreas estavam em reforma no período das visitas, como por exemplo todas as quatro alas do segundo pavimento. Foi possível identificar em várias alas a tonalidade verde e revestimentos em desacordo com os elementos do corredor central, levando à conclusão de que a cada reforma feita, materiais de revestimentos são aplicados diferentemente das reformas anteriores. Além disso alguns elementos não originais estão desgastados, como o piso do
  • 44. 43 corredor central que permite acesso à área leste do quinto pavimento, ilustrado na figura 28. Figura 28: Corredor central com piso danificado, ala leste, quinto pavimento. Foto: Larissa Leal, 2018. O entorno da edificação está tomado por vegetação e apresenta inúmeros desníveis topográficos (Figura 29), tornando difícil o acesso a algumas áreas do terreno. Figura 29: Vista da fachada norte, atualmente. Foto: Larissa Leal, 2018. No que diz respeito ao projeto arquitetônico, as plantas antigas foram encontradas em uma mapoteca localizada no Arquivo Administrativo do HUJBB, sendo selecionadas e fotografadas apenas as que seriam de contribuição para este trabalho, tendo em vista que o número de plantas é grande, dentre elas, existem projetos elétricos e hidráulicos referentes aos anos de 1959 e anos posteriores, com mudanças e construções de novas edificações. Alguns projetos estão em mau estado de conservação devido à humidade, falta de manutenção e cuidados, por isso era necessário o uso de máscaras e luvas para manuseá- las.
  • 45. 44 Durante a seleção, constatou-se a presença de plantas baixas (Figura 30) integrais do subsolo, primeiro, segundo, terceiro, quarto, quinto e sexto pavimentos. Além disso, a mapoteca contem plantas originais e algumas cópias com arborização, entorno, localização dos antigos hospitais existentes no terreno, muro, antiga estrutura da portaria, plantas de cobertura, subsolo, dentre outras. Muitos projetos não estão datados, entretanto, analisando-os é possível notar alguns elementos bem diferentes da estrutura atual. Figura 30: Planta baixa do HBB, segundo pavimento. Fonte: Arquivo Administrativo do HUJBB, s/d. Foto de Vithória Silva, 2018. A planta que contem a arborização do entorno do antigo sanatório (Figura 31) possui alguns nomes de espécies de árvores e a localização delas, essas informações são importantes para observar quais espécies ainda estão presentes atualmente no terreno. Figura 31: Planta de arborização do entorno. Fonte: Arquivo Administrativo do HUJBB, s/d. Foto de Vithória Silva, 2018.
  • 46. 45 As visitas também foram de fundamental importância para a atualização das plantas baixas. Devido à complexidade do programa de necessidades bloco principal do Hospital optou-se por sintetizar o desenho para demonstrar a situação atual da edificação (Figuras 32 e 33). Em relação ao desenho do projeto inicial, o térreo principalmente foi muito modificado, descaracterizando a forma original da planta em dois “Y”. A partir do primeiro pavimento não houveram tantas modificações no desenho da planta, exceto o aumento de ambientes principalmente na área das quatro alas, de acordo com as demandas. Figuras 32 e 33: Planta baixa atual do térreo e desenho esquemático da planto do térreo do HUJBB. Fonte: Divisão de Logística e Infraestrutura Hospitalar – Setor de Infraestrutura do HUJBB, através da arquiteta Luciani Vitelli, alterado por Larissa Leal e Thayse Queiróz, 2018. Através dos levantamentos de materiais antigos e atuais é possível fazer análises minuciosas de elementos importantes que serão utilizados posteriormente. Essas caracterizações preliminares serão fundamentais para o entendimento da tipologia apresentada, bem como o processo construtivo do prédio, fornecendo o aparato necessário para o estudo da estrutura, revestimentos e detalhes e assim embasar a análise estratigráfica da edificação. 2.2.3 Estrutura edificada Miranda e Abreu Júnior (2016) fazem referência à uma notícia de jornal publicada no ano de 1938 que descreve o edifício de seis pavimentos com sua
  • 47. 46 estrutura toda em concreto armado. Além disso, fotografias tiradas durante a construção do edifício demonstram que seu sistema estrutural é formado por pilares, vigas e lajes em concreto armado, além de paredes de tijolo cerâmico (Figura 34). A presença de formas de madeira indica que todos os elementos foram moldados no local. Figura 34: Estrutura de pilares e vigas em concreto armado. Fonte: Acervo fotográfico da Biblioteca do HUJBB, s/d. O edifício apresenta estrutura convencional, não demonstrando inovação em relação as edificações do período9, com lajes e vigas diretas feitas em formas de madeira, bem como os pilares, que são em grande quantidade, oferecendo apoio aos dois lados das vigas (MASCIA; RODRIGUES; SOUZA, 2008, p. 83). As lajes são maciças e as vigas invertidas10, ou seja, a laje é construída anexa à parte inferior da viga (Figura 35). As paredes são feitas em cerâmica de tijolos maciços furados (ver Figura 37). Sendo 30 cm a espessura das paredes externas e 15 cm as internas. Devido ao sistema construtivo do sanatório, que é totalmente estruturado (viga-laje- pilar), as paredes funcionam apenas como elementos de vedação (MASCIA; RODRIGUES; SOUZA, 2008). 9 Estrutura identificada com a consultoria do Professor Doutor Ronaldo Marques de Carvalho. 10 Informações cedidas pelo Setor de Infraestrutura do HUJBB.
  • 48. 47 Figura 35: Vigas invertidas do antigo sanatório. Fonte: Acervo fotográfico da Biblioteca do HUJBB, s/d. Foram encontradas algumas plantas com desenhos dos pilares do subsolo, primeiro e segundo pavimentos. Esses documentos não estão datadas, entretanto, consta o selo identificado como sendo do Setor de Planejamento e Engenharia da Campanha Nacional Contra a Tuberculose (SNT). Encontrou-se pilares em dimensões de 20x20cm, 20x25cm, 20x30cm, 20x40cm, 20x45cm e até pilares em formato de “L”, com 10x30x30cm (Figura 36). Além disso, as plantas trazem informações das ferragens utilizadas, bem como os desenhos de corte demonstram o pé direito de 3 m e as lajes com 15 cm. Vale ressaltar que em todas as plantas há a recomendação de que tudo seja executado em concreto armado com traço 1:2:4. Figura 36: Desenho dos pilares do sanatório. Fonte: Arquivo Administrativo do HUJBB, s/d. Foto de Larissa Leal, 2018, adaptado por Ricardo Lobo, 2018. Sobre as fundações do prédio, não foi possível encontrar plantas do projeto que demonstrem-nas, entretanto, algumas fotografias indicam o uso de
  • 49. 48 estacas de madeira (Figura 38), muito comum nesse período, principalmente devido ao tipo de solo onde se localiza a edificação11. Figuras 37 e 38: Paredes em tijolos de cerâmica vermelha da ala leste e início das fundações do sanatório. Fonte: Acervo fotográfico da Biblioteca do HUJBB, 1973 / Fundo Gustavo Capanema, CPDOC/FGV, s/d apud MIRANDA; ABREU JÚNIOR, 2016, p. 16. Na cobertura foram utilizadas platibandas, que não permitem a visualização do telhado (Figura 40). Vera Lúcia Higino (2013) descreve a tipologia de cobertura não acessível como nova, utilizada principalmente em edifícios modernistas construídos entre 1930 e 1940, em Portugal. A partir desse período foram surgindo as coberturas planas (HIGINO, p. 76, 2013), entretanto ainda é possível notar o uso do telhado inclinado na cobertura do sanatório. As telhas são onduladas e feitas em cimento amianto (Figura 39), utilizadas também em coberturas de outras edificações do antigo sanatório. Figura 39: Cobertura em telha de cimento amianto, lado sul do HBB. Fonte: Acervo fotográfico da Biblioteca do HUJBB, s/d. 11 Utilizava-se troncos de árvores, retos e retangulares cravados no solo. Em Belém as madeiras que melhor se adaptam ao clima da região são as madeiras de lei como a Maçaranduba e o Matá-Matá. Ver SANTOS, A. C. O. Tecnologia das construções, s/d.
  • 50. 49 Figura 40: Desenhos da cobertura do SBB. Fonte: Arquivo Administrativo do HUJBB, s/d. Foto de Vithória Silva, 2018, adaptado por Ricardo Lobo, 2018. 2.2.4 Revestimentos De acordo com fotografias internas da década de 70, a maioria das paredes internas eram revestidas com tintura em tons pastéis (ver Figura 43), geralmente branco ou azul. Contudo, principalmente em áreas molhadas (áreas de serviço) ou nos corredores centrais, era comum utilizar cerâmica na cor branca ou bege (Figura 41). Figura 41: Revestimento de piso e paredes em cerâmica na cor branca, ambulatório da pediatria. Fonte: Acervo fotográfico da Biblioteca do HUJBB, 1976.
  • 51. 50 O antigo sanatório foi revestido todo com piso cerâmico, alguns ambientes apresentavam cerâmica na cor branca, porém a maioria dos ambientes apresentava cerâmica na cor vermelha, piso do tipo São Caetano (Figura 42), muito utilizado em interiores de residências e edificações públicas, principalmente por sua resistência12. Figuras 42: Piso São Caetano do antigo refeitório de pacientes. Fonte: Acervo fotográfico da Biblioteca do HUJBB, s/d. Sobre os forros, Higino (2013) afirma que houve “uma simplificação gradual das formas, diminuindo a sua importância como elemento decorativo” (HIGINO, 2013, p. 79). Esta simplificação fica mais evidente quando considera- se os forros estucados, muito ornamentados e utilizados em períodos anteriores. Os forros dos interiores do sanatório seguem a tipologia simples, sendo apenas a laje com pintura, porém alguns ambientes apresentam forros em madeira (Figura 43). Figuras 43: Forro em madeira e paredes brancas da sala da diretoria. Fonte: Acervo fotográfico da Biblioteca do HUJBB, s/d. 12 Este piso começou a ser fabricado entre as décadas de 1940 e 1950 na cidade de São Paulo pela grande indústria Cerâmica São Caetano, que produzia peças cerâmicas nas cores vermelha, preta e amarelas, sendo a mais comum e mais barata a cerâmica tingida de vermelha, com dimensões de 20x20 cm, entretanto, haviam outras dimensões. Ver também BOTELHO, Manoel. A história do piso de caquinhos das casas paulistas. Disponível em: https://eleganciadascoisas.wordpress.com/2011/06/21/a-historia-do-piso-de-caquinhos- das-casas-paulistas-2/.
  • 52. 51 2.2.5 Detalhes Carolina Brasileiro (2012) demonstra semelhança em detalhes dos projetos senatoriais entre os anos 1946 e 1951. O uso de materiais e sistemas que caracterizavam a arquitetura moderna era muito comum nesses sanatórios, como por exemplo os brises e elementos vazados nas fachadas (BITTENCOURT, 2000 apud BRASILEIRO, 2012), também presentes na fachada do Sanatório Barros Barreto. A parte equivalente ao corredor central da fachada sul é formada por cobogós em quase toda a extensão das paredes, diferentemente das alas (apenas nos lados voltados para oeste), em que há cobogós na parte superior dos corredores com brises na parte superior e inferior dos elementos, permitindo a entrada de ventilação e iluminação aos ambientes (Figura 44). Figura 44: Elementos vazados (cobogós), janelas e brises da fachada sul. Fonte: Acervo fotográfico da Biblioteca do HUJBB, s/d. Na fachada oeste é possível identificar um pequeno hall coberto por três águas de telhado disfarçado por platibandas (Figura 45), que conferem linhas retas aos três elementos, sendo estes sustentados por pequenos pilares. Além disso, entre dois pilares, foram postos brises verticais em concreto, com extensão do piso ao teto. O Sanatório Barros Barreto apresentava um número alto de janelas nas fachadas, com diversas dimensões e geralmente duas folhas (apenas uma de abrir) com balancins superiores, ou uma folha também com balancim superior (Figura 46), sempre em vidro e alumínio, sendo as soleiras dessas janelas feitas em pedra Marmorite13. Segundo a autora Carolina Brasileiro (2012) na arquitetura moderna as fachadas apresentavam fenestras marcadas pelas 13 Marmorite é um material utilizado para revestimento de paredes e pisos, fabricado através da mistura de materiais como fragmentos de mármore, granito, vidro, quartzo e um componente ligante, geralmente o cimento. Ver também MARTINHO, Cláudia Monteiro. Marmorite: caraterização e contributo para a sua conservação. Dissertação (mestrado) – Universidade Nova de Lisboa, Faculdade de Ciências e Tecnologia, Lisboa. 2017.
  • 53. 52 esquadrias, justificando assim, o uso das janelas na fachada do sanatório paraense. Figura 45: Vista do hall de entrada da fachada oeste. Fonte: Acervo fotográfico da Biblioteca do HUJBB, s/d. Higino (2013, p. 77) afirma que os vãos adquirem cada vez mais proporções, pois estes se prolongam do plano da fachada conferindo tridimensionalidade, além disso, eram geralmente construídos com lajes de concreto, tornando-se varandas abertas. Este aspecto pode ser observado no sanatório, sendo presente em todas as alas, contudo apenas nos lados voltados para leste (Figura 46). Logo, as varandas tinham o aspecto estético-funcional, pois eram muito utilizadas para a helioterapia14. Figura 46: Vista das varandas e janelas de uma das fachadas. Fonte: Acervo fotográfico da Biblioteca do HUJBB, s/d. No sanatório, estes elementos foram construídos com cerca de 50m² cada uma, presente em todos os andares e feitas em lajes de concreto armado com lados arredondados. Além disso, eram abertas e formadas por um parapeito de cerca de 1m de altura, revestido em sua parte superior com cerâmica São Caetano na cor vermelha e dimensões maiores que as cerâmicas do piso (Figura 48). O forro presente neste ambiente era o mesmo utilizado nos ambientes 14 “A helioterapia [...] era indicada para a tuberculose óssea e consistia num tratamento que fazia uso da luz solar, através da exposição do doente aos raios ultravioletas” (BRASILEIRO, 2012, p. 51).
  • 54. 53 interiores, laje com pintura, bem como o revestimento do piso15 apresenta formas quadrangulares de duas cores, preta e branca, (Figura 47) proporcionando a característica “xadrez”. Figuras 47 e 48: Piso quadriculado xadrez das varandas e revestimento da parte superior do parapeito das varandas. Fonte: Larissa Leal, 2018. 15 De acordo com as características deste piso, sugere-se que também seja revestido em cerâmica São Caetano, pois estas cerâmicas apresentavam várias cores e formas.
  • 55. 54 3. ESTUDO DE CASO: ESTRATIGRAFIA APLICADA AO HUJBB 3.1. 1ª Fase: Sanatório Barros Barreto, entregue em 1959. A entrevista realizada com uma antiga funcionária do sanatório, dona Iolete Souza16, trouxe perspectivas a respeito das relações de usos dos ambientes do sanatório, incluindo alguns que não existem mais, bem como, descrever como era todo o terreno do hospital. Dona Iolete explica que foi primeiramente chamada em 1957 para fazer um curso preparatório oferecido pelo sanatório, após isso deveria aguardar ser chamada para trabalhar. A funcionária aposentada conta que neste período de espera seu pai dizia-lhe que nunca seria chamada pois a obra do sanatório “era serviço de Santa Ingrácia”17. Contudo, após dois anos de espera, dona Iolete foi contrata. Ela descreve que anteriormente o acesso ao Sanatório era feito pelo antigo portão que pertencia ao Sanatório Domingos Freire (ver Figura 16. As figuras 49 e 50 demonstram o muro e o gradil originais deste portão) e apenas os funcionários tinham acesso pela guarita localizada na rua dos Mundurucus. Além disso, a entrada principal do Sanatório Barros Barreto era considerada a fachada Norte e não a fachada oeste como é atualmente. O terreno do sanatório era todo coberto por grama e constantemente tinha manutenção, as árvores do terreno ainda eram de baixo porte e existia apenas uma cerca de madeira ao redor do terreno, possibilitando a vista da monumentalidade do sanatório pelas pessoas que passavam pelas ruas. 16 Dona Iolete Pereira de Souza foi contratada no ano de 1959, ainda pelo Sanatório Barros Barreto, e trabalhou até o ano de 2008 como atendente do ambulatório. Esta entrevista foi realizada juntamente com a arquiteta e mestranda Livia Gaby Costa, PPGAU-UFPA, no dia 30 de agosto de 2018. 17 A expressão “obra de Santa Engrácia” é utilizada popularmente referindo-se a algo que demorará ou não irá acontecer.
  • 56. 55 Figuras 49 e 50: Muro gradeado da antiga entrada do sanatório e detalhe do gradil em ferro localizado acima do muro. Fonte: Larissa Leal, 2018. Desde o início do funcionamento do edifício (1959), o sanatório não tinha seus 6 pavimentos finalizados, sendo que parte do 3º, 4º, 5º e 6º pavimentos inteiros foram abertos após 1962 (Biblioteca Dr. Alexandre B. dos Santos, s/d), este fato explica também a falta de fotografias do interior dos pavimentos superiores nesse período entre os anos 60 e 70, já que ainda não estavam finalizados. Através das fotografias, projetos e documentos notou-se a separação em alas Leste e Oeste (Figura 51), que facilitam o entendimento bem como a localização dos diversos setores. Figura 51: Esquema com a demarcação das alas do sanatório. Fonte: Larissa Leal, 2018. Dona Iolete de Souza afirma que durante o período dos anos 60 o pavimento térreo era quase todo ocupado por enfermarias identificadas por alas Ala LesteAla Oeste Entrada Principal Entrada Principal (atualmente) (inicialmente) Área Central
  • 57. 56 a, b, c e etc. Vale destacar que as alas eram em sua maioria ocupadas por enfermarias. A primeira guarita do sanatório foi projetada pelo SNT e tem seu projeto datado de 1961, ou seja, a guarita da entrada exclusiva de funcionários foi construída depois da inauguração do edifício principal. É possível notar que a guarita foi edificada de acordo com os desenhos do projeto (Figuras 52, 53 e 54), seguindo a linha modernista de traços retilíneos e simples, portões com gradil em ferro, elementos vazados (cobogós) na parte superior e revestimento em cerâmica quadriculada, simulando tijolos, contudo, existe a possibilidade de que a fachada foi projetada para ter acabamento em tijolos, sendo modificada durante a execução. A Figura 55 demonstra que neste período a cerca que demarcava o terreno do sanatório era em madeira. Figura 52: Desenho arquitetônico da primeira guarita do sanatório, 1961. Fonte: Arquivo Administrativo do HUJBB, s/d. Foto de Vithória Silva, 2018, adaptado por Ricardo Lobo, 2018. Figuras 53, 54 e 55: Antiga guarita de entrada executada de acordo com o projeto, portão de ferro da entrada ao lado da guarita e cerca em madeira que circundava o terreno do sanatório.
  • 58. 57 Fonte: Acervo fotográfico da Biblioteca do HUJBB, s/d. Existe um projeto não datado, porém intitulado como pórtico principal (Figura 56), sala de espera e administração do Sanatório Barros Barreto, pavimento térreo, que permite inferir a pretensão de se construir um hall com formas arredondadas e com um jardim de inverno central. Ao fazer-se comparação com o Sanatório Santa Maria (ver Figura 10), é possível identificar a similaridade nas formas deste hall de entrada. Figura 56: Planta baixa do pequeno hall de entrada da fachada oeste. Fonte: Arquivo Administrativo do HUJBB, s/d. Adaptada por Ricardo Lobo, 2018. Levando em consideração o aspecto da fachada da construção na Figura 57, percebe-se a intenção de seguir o projeto, pois é possível identificar vegetação dentro do hall, sugerindo um jardim de inverno. Este hall de entrada é formado por platibanda com formas arredondadas e um gradeado, bem menor que o hall atual, que apresenta platibanda com linhas geométricas.
  • 59. 58 Figura 57: Fachada oeste, com a demarcação do antigo hall de entrada. Fonte: Acervo fotográfico da Biblioteca do HUJBB, s/d. Adaptada por Larissa Leal, 2018. Vale destacar que em fotografias das fachadas da edificação é possível notar um elemento circular e de grande porte (em amarelo na Figura 57), a chaminé, localizada em uma pequena edificação no lado sul do prédio principal, chamada casa de caldeiras. A casa de caldeiras tinha um de seus lados revestidos com cobogós (Figura 58), entrada aberta e coberta com telhas onduladas em cimento amianto (Figura 59), seguindo os materiais do prédio principal. A Figura 60 demonstra as duas caldeiras no interior da edificação. Figuras 58, 59, 60: Antiga casa de caldeiras com parede vazada, entrada aberta da casa de caldeiras e início da chaminé, interior da casa de caldeiras. Fonte: Acervo fotográfico da Biblioteca do HUJBB, s/d. A planta intitulada “fachada oeste” com o selo do SNT e datada de 04 de abril de 1951 (Figura 61), contém informações de modificações previstas para a
  • 60. 59 data de 27 de dezembro de 1952, abrangendo a ampliação do refeitório, serviços gerais e deslocamento da chaminé. Além disso, o desenho demonstra que a chaminé é feita em tijolos e a casa das máquinas juntamente com uma caixa d’água de 40.000 litros localizadas no 6º pavimento. Figura 61: Desenho da fachada oeste, contendo a chaminé e a casa de caldeiras. Fonte: Arquivo Administrativo do HUJBB, 1951. Foto de Vithória Silva, adaptada por Ricardo Lobo, 2018. As escadas de acesso aos pavimentos superiores são todas feitas em concreto armado (Figura 62), apresentando revestimento em pedra Marmorite e um guarda-corpo também em concreto, com cerca de 1m de altura e a parte superior revestida pela mesma pedra do piso, bem como as soleiras das janelas (Figura 64). Não foi encontrada nenhuma fotografia das escadas durante o período estudado, entretanto, as escadas ainda detém os materiais originais. Nota-se azulejos em tom pastel do hall das escadas, assim como em alguns corredores do prédio. Atualmente alguns degraus da escada estão danificados, permitindo a visualização do aço e do concreto de sua estrutura (Figura 63). Figuras 62, 63 e 64: Atual hall de escadas da ala oeste, detalhe de um degrau das escadas em marmorite com a estrutura em aço da ala oeste e soleira em marmorite de uma das janelas do HUJBB.
  • 61. 60 Fonte: Larissa Leal, 2018. O setor da Biblioteca do HUJBB identificou duas fotografias (Figuras 66 e 67) como sendo do setor de Nutrição. Como não foram encontrados projetos do início do sanatório, baseou-se na disposição de ambientes presente em plantas feitas no período do Barros Barreto como hospital, com o setor localizado no primeiro pavimento/térreo (Figura 65), contendo cozinha, refeitório para funcionários, copas, frigorífico, lavanderia, dispensa entre outros. Nota-se a diferença entre os pisos das fotografias, sugerindo que sejam de ambientes diferentes, contudo, ambos possuem janelas permitindo a entrada de grande iluminação e uma das paredes está revestida com cerâmica branca (Figura 67). Fonte: Acervo fotográfico da Biblioteca do HUJBB, s/d. Fonte: Acervo fotográfico da Biblioteca do HUJBB, s/d. Figura 67: Setor de Nutrição. Figura 65: Desenho esquemático do primeiro pavimento (térreo). Fonte: Setor de Infraestrutura do HUJBB, adaptado por Larissa Leal, 2018. Figura 66: Setor de Nutrição do SBB.
  • 62. 61 Dona Iolete de Souza afirmou que neste período a chefia da Nutrição foi cedida do Sanatório de Curicica no Rio de Janeiro. Além disso, o refeitório de pacientes (Figuras 68 e 69), no segundo pavimento (atualmente onde funciona a Biblioteca), continha um pequeno palco, onde apresentações de teatro, quadrilhas e a reprodução de músicas eram diárias. É possível observar o piso São Caetano no refeitório, bem como o forro padrão do sanatório e pinturas das paredes em duas cores, cinza e branco. As paredes do Posto de Enfermagem são revestidas em cerâmica branca, até a altura da porta e o forro utilizado é o padrão do sanatório (Figura 70). Fonte: Acervo fotográfico da Biblioteca do HUJBB, s/d. Figura 69: Antigo refeitório. Fonte: Acervo fotográfico da Biblioteca do HUJBB, s/d. Figura 70: Posto de Enfermagem. Figura 72: Centro de Terapia Intensiva. Fonte: Acervo fotográfico da Biblioteca do HUJBB, s/d. Figura 68: Desenho esquemático do segundo pavimento. Fonte: Setor de Infraestrutura do HUJBB, adaptado por Larissa Leal, 2018. Figura 71: Desenho esquemático do terceiro pavimento. Fonte: Setor de Infraestrutura do HUJBB, adaptado por Larissa Leal, 2018.
  • 63. 62 No interior do terceiro pavimento percebe-se esquadrias em vidro e madeira na cor branca tanto no Centro de Terapia Intensiva (CTI) (Figuras 71 e 72). O forro é feito em madeira na cor branca, pois este é o último pavimento desta parte da edificação, portanto, acima deste pavimento estava localizada a cobertura em telhas onduladas de cimento amianto. Não é possível visualizar algum rejunte no piso deste ambiente, indicando que o seu acabamento é liso, em cor clara também. Vale destacar a iluminação e uso de tons brancos nos interiores desses ambientes, conferindo a aparência arejada às salas. Durante a seleção de projetos arquitetônicos, foram encontrados projetos datados dos anos de 1961 e 1967 com o selo de uma empresa chamada Elevadores Schindler do Brasil SA, do Rio de Janeiro (Figuras 73 e 74). Esses projetos são detalhamentos de portas internas em madeira Peroba do Campo, com especificações de execução para todos os andares, ou seja, este projeto se referia à uma edificação de vários andares. Figuras 73 e 74: Desenhos com detalhamentos das portas e selo das plantas, 1967. Fonte: Arquivo Administrativo do HUJBB, s/d. Adaptadas por Ricardo Lobo, 2018. Não é possível explicar como estes projetos chegaram no sanatório de Belém e se pertencem ao sanatório Santa Maria ou ao Barros Barreto, contudo, Miranda e Abreu (2016) afirmam que a Divisão de Obras era responsável pelos projetos de diversos sanatórios, além disso, o projeto de Belém é o mesmo projeto do sanatório de Santa Maria, no Rio de Janeiro. Isto sugere alguma ligação entre os dois projetos e até a possibilidade de ter-se transportado plantas arquitetônicas do Rio de Janeiro para Belém. Acerca das fachadas do sanatório deste período, fotografias do ano de 1973 demonstram a cor branca em todas as fachadas finalizadas, percebe-se
  • 64. 63 simetria entre as janelas e traços retos caracterizando a volumetria do edifício (Figura 75). As varandas foram locadas voltadas para o lado leste, de todas as alas. Cobogós com brises em concreto são presentes em todas as alas, contudo, nas partes voltadas para o oeste. Figura 75: Vista da fachada norte pelo interior de uma das varandas, com descrição de elementos. Fonte: Acervo fotográfico da Biblioteca do HUJBB, 1973. Adaptada por Larissa Leal, 2018. 3.2. 2ª Fase: Hospital Barros Barreto, adaptações feitas em 1976. A portaria nº 249/Bsb de 1976 modificou o nome de Sanatório Barros Barreto para Hospital Barros Barreto. Neste novo momento, foi proposta uma reformulação físico-funcional para atender pacientes com doenças tropicais e equipar o hospital com estrutura para pesquisas de doenças de grande incidência na região amazônica (Biblioteca Dr. Alexandre B. dos Santos, s/d). Preparar infra estrutura para pesquisa de agentes etiológicos, de doenças de elevada incidência na área de distribuição e nosologia ignoradas, nos anos de 1976/77 para implantação em 1978, com recursos provenientes de convênios com CNPQ, Fundação Osvaldo Cruz e Instituto Evandro Chagas (Biblioteca Dr. Alexandre B. dos Santos, s/d). Esta intervenção foi aprovada pela Divisão Nacional de Tuberculose (DNT), que enviou verbas para tal atividade. Como em 1976 já havia passado quase 40 anos desde o momento em que a tuberculose era uma das doenças que mais causava mortalidade, as formas de tratamento foram aprimoradas e doença já não assolava tanto quanto anteriormente, tornando a estrutura de seis pavimentos muito maior que demanda de pacientes tuberculosos, começou a utilizar-se do grande porte do hospital para outras finalidades.