1) Detalha os diferentes tipos de tubos de coleta de sangue utilizados para exames laboratoriais, incluindo seus respectivos anticoagulantes e finalidades.
2) Descreve os procedimentos de coleta de sangue, incluindo preparação, contenção do animal e locais de punção.
3) Discutem a importância da minimização do estresse na coleta de sangue e preparações especiais necessárias para alguns exames.
1. Resumo – Laboratório Clínico
Bárbara Barbi de Freitas – MEDVET 5
AULA PRÁTICA 1 – LABORATÓRIO CLÍNICO (21/02/2014)
SOLICITAÇÃO E COLETA DE EXAMES
Hemograma
Tubo de tampa roxa – tem o anticoagulante EDTA (para não formar fibrina) – se tiver coágulo o resultado não é
confiável, principalmente a contagem de plaquetas.
O tubo tem uma marca indicando o volume de sangue, pois o anticoagulante é colocado para aquela quantidade
de sangue, e se for menor o volume o sangue vai ficar diluído comprometendo o resultado do exame.
Coletas de sangue de gato podem ser feitas com scalp (borboletinha)
Bioquímico
Tubo com gel (utilizado para animais em que eu só consigo colher pouco sangue, o gel faz render mais): ativa a
coagulação. É necessário que o sangue coagule, pois precisamos trabalhar com a parte líquida (SORO).
SORO: é formado do tubo sem o anticoagulante.
PLASMA: é formado no tubo com o anticoagulante após a centrifugação.
Tubo sem gel: quando consigo coletar maior quantidade de sangue não preciso do gel.
Tubo com heparina: utilizado para ureia e creatinina.
Glicemia
Tubo de tampa cinza com anticoagulante fluoreto de sódio, o anticoagulante impede que as hemácias continuem
consumindo glicose, para que o resultado dê alterado.
Coagulograma
Tubo de tampa azul com anticoagulante citrato de sódio. Utilizado para avaliar hemostasia secundária e terciária
(fatores de coagulação). Após a coleta o tubo tem que ser colocado em um recipiente mergulhado no gelo. Após a
centrifugação verificar o tempo de coagulação, pode ser usado para cirrose hepática, raticida anticoagulante.
Exame de tempo de coagulação ativado (TCA)
Tubo com areia e com um imã, quando o sangue é colocado dentro do tubo o aparelho gira e quando o sangue
coagula ele para de girar. Então tem que observar o tempo de coagulação.
Tempo de coagulação
1) Coletar 3 ml de sangue do paciente (já começa a cronometrar o tempo).
2) Utilizar três tubos limpos – colocar 1 ml em cada tubo.
3) Colocar em banho-maria a 37°C.
4) Cronometro o tempo que vai levar para coagular.
Aparelho de leitura de glicemia
Colocar uma fita no aparelho, ele vai indicar onde colocar a gota de sangue. Os resultados são confiáveis, só que
os valores mínimos e máximos são limitados, mas dá pra confiar. Há diferença no resultado quando o sangue é
capilar de quando é venoso, sempre utilizar sangue venoso, pois é o mesmo que será encaminhado para o
laboratório, portanto os resultados serão mais próximos.
Hemogasometria
Colher sangue arterial da face interna da coxa em um ângulo de 90°C, utilizando agulha de insulina (1 ml). Após
colher o sangue fazer compressa para não ficar hematoma.
2. Resumo – Laboratório Clínico
Bárbara Barbi de Freitas – MEDVET 5
AULA 1 – TEÓRICA (26/02/2014)
COLHEITA, ACONDICIONAMENTO E TRANSPORTE DE MATERIAIS PARA EXAMES LABORATORIAIS
Objetivos
Minimizar os erros de colheita (tempo de garrote interfere na amostra – formação de fibrina)
Resultado rápido (boa colheita, tempo de formação de fibrina, tem que ser rápido para que não precise repetir)
Minimizar gastos
Resultado fidedigno=evitar alterações do resultado
Auxílio: diagnóstico (ex. doenças crônicas), tratamento e prognóstico.
Colheita
Por que fazer a colheita? Tem que fazer um planejamento, quando eu vou colher eu já tenho que ter pensado nos
prováveis diagnósticos e então em cima disso eu farei a colheita.
Para qual exame? Vai depender de onde eu vou colher, materiais que vou usar.
Qual material biológico? Sangue, urina, líquido cavitário.
Existe risco na colheita? Estado geral do paciente, doenças.
Qual o custo x benefício? Minimizar os gastos, tem que ver se o exame vai mesmo auxiliar para o diagnóstico.
É o exame de 1ª escolha? Ver se é o exame mais apropriado. (Exames de triagem hemograma e urinálise)
É necessária condição especial para a realização da colheita? (Jejum, etc)
Organização e conhecimento (que material, para qual exame) são fundamentais para a realização de bons exames
laboratoriais.
Tipos de tubo para colheita
São identificados pelas cores
Com anticoagulante (EDTA, heparina, citrato)
Sem anticoagulante (tubo seco)
Com gel ativador de coagulação
Vácuo: utilizar agulha de vacutainer. Caso o animal se mexa e
saia da veia perde o vácuo.
Especiais (exame de metais)
Tubo de tampa vermelha (bioquímico sérico)
O tubo de tampa vermelha, destinado à obtenção de amostra de soro, não contem
anticoagulante. O sangue nele contido deve coagular para que se obtenha o soro. Esse tubo é
utilizado para obtenção de soro necessário às análises bioquímicas comuns.
Bioquímico sérico: Fatores renais, fatores hepáticos, enzimas musculares (CK, LDH),
metais, eletrólitos
Sorologia e eletroforese de proteínas.
Tubo de tampa amarela (bioquímico sérico)
É uma variação do tubo de tampa vermelha que não contem o anticoagulante. Contem um
gel que separa a fração das células compactadas daquela fração do soro quando a amostra é
centrifugada. O gel separa fisicamente as células e o soro, evitando que ocorra
metabolismo da substância de interesse.
Bioquímico sérico: Fatores renais, fatores hepáticos, enzimas musculares (CK, LDH),
metais, eletrólitos.
Sorologia e eletroforese de proteínas.
Tubo de tampa verde
O tubo de tampa verde contem heparina. Esse anticoagulante é utilizado para alguns testes
3. Resumo – Laboratório Clínico
Bárbara Barbi de Freitas – MEDVET 5
bioquímicos especiais, principalmente aqueles que requerem sangue total e podem ser influenciados por outros
anticoagulantes químicos. Utiliza o plasma, conservação de até 8 horas.
Bioquímico sérico: função renal (ureia e creatinina), sódio e potássio.
Não deve ser utilizado para o hemograma
Os tubos de colheita tem o anticoagulante para parar o processo de coagulação. Eles quelam (se liga e tira) o
cálcio do sangue. (Para o processo de coagulação, por isso que o sangue continua líquido).
Tubo de tampa cinza
O tubo de tampa cinza contém fluoreto de sódio, que não é um anticoagulante; ele inibe
enzimas que participam da via glicolítica, impedindo a metabolização da glicose pelos
eritrócitos durante o período de transporte até o laboratório. Não é muito utilizado.
Inibe a glicólise (para que as hemácias não fiquem consumindo a glicose).
Realização do exame deve ser imediata.
Bioquímico sérico – glicose (hiperglicemia, hipoglicemia).
Tubo de tampa roxa
O tubo de tampa roxa contém o anticoagulante EDTA. É utilizado para coleta de sangue destinado aos exames
hematológicos. O anticoagulante EDTA preserva melhor o volume celular e as características
morfológicas das células nos esfregaços corados.
Hemograma completo:
Contagem do n° de plaquetas
Fibrinogênio: marcador de inflamação aguda (importante para grandes animais principalmente
equino com cólica)
Hemoglobina
Proteína plasmática total
Contagem de reticulócitos: identificar a anemia (regenerativa ou aregenerativa – resposta da medula óssea)
Pesquisa de hematozoários: identificação de parasitas que acometem células sanguíneas.
Quantidade de sangue para o frasco:
Hemodiluído: quando tem pouco sangue para a quantidade de anticoagulante.
Hemoconcentrado: quando tem mais sangue para a quantidade de anticoagulante. Pode coagular o sangue e
estragar o equipamento que faz a leitura.
Hematologia
Anticoagulante EDTA (acido etilenodiaminotetracético de sódio ou potássio).
Até 24h – refrigeração (não congelamento) – se for refrigerado não da para fazer contagem de plaquetas (não é
confiável), por isso se o exame não chegar ao laboratório no mesmo dia deve ser feito um esfregaço sanguíneo
e este deve ser enviado ao laboratório para que seja possível a contagem de plaquetas.
Aparelho para a realização de exames: CELL DYN (máquina)
Calibração para cada espécie
Contagem de células: hemácias, plaquetas, linfócitos.
Tubo de tampa azul
O tubo de tampa azul contem citrato sódico. É utilizado na determinação bioquímica de substâncias ou fatores
relacionados aos mecanismos de coagulação.
Quelante do cálcio
Realização de centrifugação, exame ou congelamento do plasma citratado devem ser imediatos.
Testes de hemostasia:
TP – Tempo de protrombina
TTPA – Tempo de tromboplastina parcial ativada
TT – Tempo de trombina
Fibrinogênio
Fatores de coagulação e outros...
4. Resumo – Laboratório Clínico
Bárbara Barbi de Freitas – MEDVET 5
Tubo de colheita para tempo de coagulação
Vidro (3 tubos) – plástico dá alterado.
Sem anticoagulante
Sem tampa (bem sequinho)
Resultados: Acima de 15 minutos - prolongado / Acima de 30 minutos – incoagulável
Relembrando...
Sangue total fresco= parte sólida + parte líquida (c/ EDTA)
SORO = sem anticoagulante
PLASMA = com anticoagulante
Agulhas
Hipodérmicas de acordo com a espécie
Cão, gato, coelho = 30x7, 25x7, 30x8, 25x8.
Bovino, equino, ovino, caprino, suíno = 40x12, 40x16.
Scalp: borboletinha
Gatos
Filhotes
Cateter: tem o mandril dentro para guiar e depois retira e fica o
plástico de passagem de sangue.
Gatos
Filhotes
Seringas: descartáveis de plástico
1 ml
3 ml
5 ml De acordo com a quantidade necessária
10 ml
20 ml
Vacutainer® (tubo contém vácuo)
Agulha para vacutainer
Adaptador de conexão com agulha e tubo
Vantagens:
Menos cansativo (não precisa fazer pressão negativa)
Mais limpo
Desvantagens:
Custo alto
Agulha e tubo novo a vácuo
Neonatos e gatos (risco de colabar a veia)
Treinamento para uso de agulha de duas pontas
Local de colheita
Veia jugular – A ESCOLHIDA – mais fácil acesso
Causa certo medo em proprietários de pequenos animais
Orientar proprietário sobre o procedimento
Jugular – cães, gatos, bovino, equino, caprino e ovino.
Vantagens: grande volume de sangue, menor hemólise,
mais fácil a venopunção (mais fácil canular).
5. Resumo – Laboratório Clínico
Bárbara Barbi de Freitas – MEDVET 5
Desvantagens: coagulopatias (animal fica sangrando, tem que usar a agulha mais fina possível, tem que
ser certeiro).
Veia cefálica: cães e gatos
Veia cava anterior: suínos
Veia da orelha: coelhos
Veia da cauda/coccígea: bovinos
Forma hematoma principalmente quando animal tem trombocitopenia, coagulopatia, ou quando se mexe na hora da
colheita (passar hirudoid).
1° Passo
Tricotomia opcional
Antissepsia: Detergente (se o animal estiver cheio de barro), algodão com álcool iodado ou álcool 70% (destrói
as bactérias).
2° Passo
Garrote ou torniquete
Não pode ser prolongado (aumento da contagem do nº de hemácias)
Compressão manual
Tripa-de-mico
3º Passo
Contenção
Mínimo de estresse (adrenalina e cortisol na circulação sanguínea altera a contagem de leucócitos –
leucograma de estresse).
Focinheira
Mordaça
Máscara para gato
Preparação especial
Jejum superior a 12 horas (água a vontade, suspender xarope doce, leite também não pode).
Bioquímico sérico: lipídeos (colesterol, triglicerídeos), lipoproteínas (LDL, HDL, VLDL), glicose.
Mínimo de estresse
Principalmente hemograma
Adrenalina e cortisol – leucograma de estresse
Equinos e cães: policitemia falsa (aumento do nº de hemácias) – o estresse da colheita faz com que haja contração
do baço liberando mais sangue na corrente sanguínea, aumentando o número de hemácias.
Hemogasometria (medir oxigenação do sangue)
Frasco de heparina
Colher sangue arterial (artéria femoral)
Faz o garrote sente o pulso entra com a agulha num ângulo de 90° puxa o sangue até o volume de
1ml põe uma borrachinha na ponta da agulha (pois é uma avaliação de gases sanguíneos) põe numa caixa
térmica com gelo reciclável (amostra do lado do gelo, não em cima).
Processo imediato (não tira o sangue da agulha, manda assim mesmo para o laboratório).
Não congelar
Hemograma
Hospital veterinário: processo imediato - colher e encaminhar rapidamente ao laboratório.
Encaminhamento ao laboratório externo/ Colheita a campo: caixa térmica – isopor, gelo reciclável, não
congelar, encaminhar rapidamente ao laboratório, processamento da amostra em até 24 horas. Se for demorar
6. Resumo – Laboratório Clínico
Bárbara Barbi de Freitas – MEDVET 5
mais de 1 hora para chegar ao laboratório deve ser feito o esfregaço sanguíneo para contagem de plaquetas (após
a refrigeração não é realizado contagem de plaquetas).
Bioquímico sérico
Hospital veterinário: processo imediato – colher e encaminhar rapidamente ao laboratório.
Separar soro ou plasma. Soro: solicitante/ Plasma: laboratório
Encaminhamento ao laboratório externo/Colheita a campo: caixa térmica – isopor, gelo reciclável,
encaminhar rapidamente.
Não congelar tubo de colheita
Soro ou plasma -> CONGELAR – eppendorf
Processamento da amostra imediatamente -> refrigerado
Armazenamento em congelador ou freezer
Bilirrubinas: antes da colheita proteger o tubo da luz (papel alumínio), pois a luz degrada a bilirrubina.
Centrifuga põe em um eppendorf passa papel alumínio envia para o laboratório
Soro ou plasma:
Refrigerador: dura por horas
Congelador: não indicado
Freezer: -20ºC (pode deixar até 1 mês), 80ºC (pode deixar até1 ano)
Glicose: processamento imediato
Plasma citratado:
Refrigerador: nunca
Congelador: não indicado
Freezer: -20ºC (pode deixar até 1 mês), -80ºC (pode deixar até 1 ano)
Nitrogênio líquido: -196ºC
Transporte
Rápido
Caixas térmicas
Gelo reciclável
Estante de tubo ou apoio – para evitar agitação
Requisição
Identificação – RG
Dados do animal
Diagnóstico provisório (suspeita)
História clínica
Tratamento
Forma de colheita (exemplo urinálise: cistocentese, micção natural, sonda).
Interferentes
Amostra
Jejum não realizado
Lipemia (se comeu tem que esperar duas horas para colher – digestão)
Hemólise (provocada pela colheita ou homogeneização do tubo)
Icterícia (equino é normalmente amarelado, porque ele tem mais betacaroteno na composição)
Fibrina ou coágulo (não adianta pedir contagem de plaquetas)
Preparação do paciente
Fluidoterapia (glicose ou glicofisiológico) – glicosúria devido à fluidoterapia com glicose
Medicamentos (anticoagulantes)
Transfusão sanguínea (componentes sanguíneos)
Toda amostra
congelada deve ser
descongelada à
temperatura ambiente
7. Resumo – Laboratório Clínico
Bárbara Barbi de Freitas – MEDVET 5
Bom exame de patologia clínica
Bom material de consumo
Adequada preparação do paciente
Boa colheita
Bom acondicionamento
Bom transporte
DÚVIDAS!!!
CONSULTE LABORATÓRIO, LITERATURA, COLEGAS....
AULA PRÁTICA 2 – LABORATÓRIO CLÍNICO (07/03/2014)
CONFECÇÃO DE ESFREGAÇO SANGUÍNEO
1) Confecção da lâmina do esfregaço
2) Identificação
RG = nº prontuário
Nome animal
Cauda: acúmulo de
leucócitos
Monocamada: contagem de
leucócitos, de plaquetas,
morfologia das hemácias.
Bom esfregaço é aquele que é
Longo, Suave, Único, Reto, Fino.
8. Resumo – Laboratório Clínico
Bárbara Barbi de Freitas – MEDVET 5
3) Coloração – Panótico Rápido
1 2 3
10x 6x 8x-10x
Fixador – base de álcool Eosina (eosinofílica – alaranjada) Hematoxilina (basofílica – azul)
AULA 2 – TEÓRICA (14/03/2014)
HEMATOLOGIA
Estudo do sangue:
O sangue é composto de parte celular e parte líquida.
Parte celular: é composta pelos eritrócitos, leucócitos e plaquetas. Nas aves, répteis, anfíbios e peixes, todas
as células possuem núcleo, e as plaquetas são deste modo chamadas de trombócitos. Nos mamíferos apenas os
leucócitos possuem núcleo; as hemácias os perdem durante sua formação, e as plaquetas são fragmentos de
citoplasma da célula progenitora, os megacariócitos.
Parte líquida: a parte líquida, denominada plasma, é obtida após a centrifugação quando colhemos o sangue
com anticoagulante, e contem o fibrinogênio. O soro é obtido sem o anticoagulante, neste o fibrinogênio
coagula e restam no soro os mais variados solutos orgânicos, como minerais, enzimas, hormônios, etc.
Portanto o soro é constituído do plasma sem o fibrinogênio.
Volume sanguíneo nas diversas espécies animais de acordo com o peso corporal:
Espécie Peso corporal (ml/kg) %
Cães 77 – 78 8 – 9
Gatos 62 – 66 6 – 7
Vacas lactantes, bovino em crescimento 66 – 77 7 – 8
Vacas leiteiras jovens, cavalos de sangue quente 88 – 110 10 – 11
Vacas não lactantes, cavalos de sangue frio 62 – 66 6 – 7
Ovelhas, cabras 62 – 66 6 – 7
Suínos adultos 55 5 – 6
Animais de laboratório - 6 – 7
Avaliação dos elementos celulares do sangue:
Quantificação
Morfologia e aspecto (se estão em mitose – câncer)
Inclusões (hemoparasitas, corpúsculos de lentz – patognomônico para cinomose).
Células incomuns (neoplasia, disfunção na medula óssea)
Contagem de reticulócitos (saber se a medula está produzindo hemácias) – Anemia regenerativa: está
produzindo hemácia. Anemia arregenerativa: medula não produz ou produz pouco.
O que eu avalio no hemograma?
Eritrograma: hematócrito, dosagem de hemoglobina, avaliação morfológica e contagem de eritrócitos.
Leucograma: avaliação morfológica, contagem total e diferencial de leucócitos.
Plaquetas: avaliação morfológica e contagem de plaquetas.
Após microhematócrito posso mensurar por refratometria as proteínas totais plasmáticas.
9. Resumo – Laboratório Clínico
Bárbara Barbi de Freitas – MEDVET 5
Hematopoiese
Produção de sangue ocorre na medula óssea.
Hematopoiese fetal
Fase pré-hepática: inicia-se no saco vitelino, estágio em que há início da formação vascular.
Fase hepática: fígado assume a produção a partir de 21 dias.
Fase esplênica
Fase medular: após 36 dias
Hematopoiese pós-fetal
Fase jovem: medula vermelha – ativa (produz bastante células sanguíneas) – muito mais hemácias do que o
normal
Fase adulta: medula vermelha e medula amarela (não é eficaz como a vermelha – não produz células
sanguíneas).
Fase senil: a medula óssea amarela se torna medula fibrosada (cinzenta), dificulta a rápida resposta à anemia
nestes animais.
Inicialmente a medula óssea de tosos os ossos participa desta atividade, mas com a idade esta função vai
limitando-se a medula óssea dos ossos chatos e epífises dos ossos longos, isto porque a demanda por eritrócitos
decresce com a maturidade. No animal adulto, os principais ossos são: o esterno, o crânio, o íleo, as costelas e as
extremidades do fêmur e do úmero.
Colheita para mielograma
Agulha para punção medular: agulha Koniyashiki
Biopsia de medula óssea: agulha é mais calibrada e tira um pedacinho.
Punção de MO em cão: Fêmur proximal, fossa trocantérica (fêmur), úmero proximal.
Punção de MO em bovino: esterno
AULA 3 – TEÓRICA (15/03)
ERITROPOIESE
Produção de eritrócitos pela medula óssea
Tempo de produção é de 7-8 dias
O número de hemácias circulantes pode ser afetado por vários fatores:
Volume plasmático (animal desidratado – diminuição do volume plasmático, animal muito hidratado –
diluição das hemácias).
Destruição ou perda (hemoparasitas – hemácia é retirada mais precocemente da circulação, hemólise,
hemorragia, distúrbios de hemostasia).
Contração esplênica: devido à contração do baço há um aumento no número de hemácias.
Secreção de eritropoietina: hormônio produzido pelo rim responsável por estimular a medula óssea a
produzir hemácias e plaquetas.
Produção medula óssea: por exemplo, em intoxicação por samambaia temos aplasia da medula óssea
(não produz células) – anemia arregenerativa.
Diminui PO2
arterial
Hipóxia renal
Secreção
eritropoietina
(EPO)
Medula ósse
liber mais mais
hemácias na
circulação
Aumento da
massa eritroide
10. Resumo – Laboratório Clínico
Bárbara Barbi de Freitas – MEDVET 5
Regulação da Eritropoiese: eritropoietina
O estímulo fundamental para a eritropoiese é a pressão tecidual
de oxigênio (PO2). A hipóxia tecidual desencadeia a produção de
eritropoietina, um fator humoral especificamente responsável pela
produção de eritrócitos. É produzida pelos rins (células corticais
endoteliais, glomerulares e intersticiais) e em menor proporção no
fígado (células de Kupffer, hepatócitos e células endoteliais). O rim é
considerado a única fonte de eritropoietina no cão, e o fígado é o sítio
predominante no feto.
Insuficiência Renal Crônica: Rim para de produzir
eritropoietina fazendo entrar no quadro de anemia arregenerativa.
Produção de hemácias e eritropoietina (EPO)
Maior diferenciação dos progenitores eritroides em eritroblastos.
Aumento da velocidade de maturação das hemácias
Redução do tempo de trânsito para liberação das hemácias para o sangue periférico
Liberação de hemácias imaturas para o sangue periférico:
Metarrubrícitos (com núcleo) Resposta a anemia regenerativa
Reticulócitos (fase anterior à hemácia madura)
O tempo de produção de hemácias é 5 dias, em caso de anemia o tempo é menor, tendo a liberação de células
imaturas.
As células ficam na medula óssea até a fase de metarrubrícito, e nas fases finais de maturação, como o
reticulócitos, podem ser encontrados no sangue periférico em algumas espécies. Os reticulócitos não são encontrados no
sangue em condições de normalidade nos equinos, bovinos, suínos e caprinos. A fase de proliferação, compreendida entre
a célula pluripotencial até o metarrubrícito, leva de 2 a 3 dias, enquanto o restante consiste na fase de maturação, levando
em torno de 5 dias.
Durante o processo de produção as células
vão sofrendo alterações:
Alterações nucleares:
Núcleos tornam-se menores, mais
basofílicos.
Cromatina mais condensada.
Alterações citoplasmáticas:
De cor azul para laranja
Redução do RNA
Produção de hemoglobina
Corpúsculo de Howell-Jolly: resquício de
núcleo que não foi retirado pelo baço.
Hemácias
Função: tem importante função, elas carreiam oxigênio para todas as células do organismo e retiram o dióxido de
carbono. (Recolhe CO2 e oferta O2 para a célula). Quando este processo não acontece da forma correta o animal entra em
hipóxia, apresentando-se cianótico (mucosa azulada), pálido e com tontura. A MALEABILIDADE é uma característica
Rubriblasto Pró-rubrícito
Rubrícito
basofílico
Rubrícito
policromático
Metarrubrícito Reticulócito Eritrócito
11. Resumo – Laboratório Clínico
Bárbara Barbi de Freitas – MEDVET 5
ROULEAUX: posicionamento espontâneo de hemácias em forma de pilhas lineares. A
formação de grande quantidade de rouleaux é comum em equinos, uma quantidade discreta
também é normal em cães e gatos. No entanto, nota-se maior formação de rouleaux quando
há aumento da concentração de proteínas plasmáticas como fibrinogênio e imunoglobulinas.
morfológica importante, as hemácias precisam ser flexíveis para que possam transitar em todos os tipos celulares, se ela
perder a maleabilidade o baço a retira da circulação.
Composição: são compostas principalmente por hemoglobina. Uma molécula de hemoglobina é formada por 4 grupos
heme, estes fazem ligação com uma molécula oxigênio ou de dióxido de carbono e por globina composta de 2 pares de
cadeias polipeptídicas, auxiliando no carreamento de oxigênio e dióxido de carbono.
Vida média das hemácias:
Cão: 110 dias Bovino: 160 dias Caprino: 125 dias
Gato: 68dias Ovino: 70-153 dias Equino: 140-150 dias
Animais hígidos
Número de hemácias circulantes tem que ser constante.
Reposição diária de 1% da massa eritroides (cão)
Hemácias velhas são fagocitadas e metabolizadas por macrófagos no baço, na medula óssea e no fígado.
A hemácia é reciclada, o ferro é reutilizado. (anemia ferropriva – deficiência de ferro, na hora da destruição da
hemácia não faz o reaproveitamento do ferro).
Morfologia das hemácias
Na maioria dos mamíferos são discos bicôncavos, anucleados.
No caprino as hemácias são pequenas e em maior quantidade (por isso que pra fazer o VG tem que centrifugar
por 15 minutos).
Camelos, vicunhas, alpacas: formato elíptico.
Aves, peixes, répteis e anfíbios: as hemácias tem formato elíptico e nucleado.
Morfologia no esfregaço sanguíneo (o que podemos observar):
Poiquilocitose: variação na morfologia, pode ser leve, moderada ou intensa. Chamamos de poiquilócitos as hemácias que
estão com formato diferente. Estes podem ser:
Esferócitos: hemácias pequenas e bem coradas, características de anemia hemolítica.
Acantócitos: células com proeminências na membrana, vistas em hepatopatias.
Equinócitos: hemácias crenadas, alteração in vitro (devido à colheita).
Anisocitose e policromasia: alteração e tamanho e coloração das hemácias. É classificada como leve, moderada ou
intensa. Quanto maior a presença indica que a medula óssea está produzindo hemácias.
Indicativo de anemia regenerativa
Indica presença de hemácia jovem (inativa).
Inclusões nas hemácias
Metarrubrícitos: hemácias jovens, portanto nucleadas.
Corpúsculos de Howell-Jolly: resquício de núcleo que não foi removido pelo baço, como as hemácias estão sendo
produzidas muito rapidamente acabam não tendo o núcleo completamente removido.
Ponteado basofílicos: pontinhos escuros nas hemácias. São vistos em intoxicação por chumbo em cães e gatos, nos
bovinos, ovinos e caprinos podem ser uma resposta à anemia.
Corpúsculo de Heinz (parece um nariz de palhaço): aparece quando o animal tem uma anemia hemolítica,
intoxicação por cebola e alho (oxidam a hemoglobina formando o corpúsculo e consequentemente a anemia) ou azul
de metileno (é utilizado em alguns tratamentos, como doença do trato urinário inferior de felinos).
Corpúsculo de Lentz: pode estar em leucócitos e hemácias. É patognomônico da cinomose.
Hemoparasitas: Babesia spp. (só parasita hemácias, causa anemia, aparece como se fosse duas gotinhas), Anaplasma
marginale (provoca alterações na membrana, tornando-a crenada e há pontinhos na periferia).
Haemobartonella: acomete cães e gatos, Mycoplasma haemofelis é sinônimo.
12. Resumo – Laboratório Clínico
Bárbara Barbi de Freitas – MEDVET 5
Equinos não produzem
reticulócitos, para saber o tipo
de anemia é necessário fazer
punção da medula óssea.
ANEMIAS
Anemia é definida como diminuição na contagem de eritrócitos, concentração de hemoglobina e/ou hematócrito.
(pode ser pela redução de um destes parâmetros ou de todos). Pode ser causada pela perda de hemácias, destruição ou
deficiência na produção.
Os sinais clínicos dependem do grau e da causa da anemia, os mais comuns são dispneia, intolerância ao
exercício, palidez das mucosas, aumento da frequência cardíaca, alguma vezes acompanhada de murmúrios (sopro
sistólico), aumento da frequência respiratória e depressão. Na anemia hemolítica incluem-se ainda icterícia,
hemoglobinemia, hemoglobinúria e febre. Na perda crônica de sangue, o organismo consegue manter a homeostase
circulatória e em alguns casos, mesmo com menos de 50% da hemoglobina normal, o animal pode não apresentar sinais
clínicos.
Classificação:
VCM: Volume Corpuscular Médio
Macrocítica: hemácias aumentadas
Normocítica: hemácias normais
Microcítica: hemácias pequenas
CHCM: Concentração de Hemoglobina Corpuscular Média
Normocrômica: hemácia com coloração normal
Hipocrômica: hemácia pouco corada (pálida)
VCM CHCM INTERPRETAÇÃO
Normocítica Normocrômica
Anemias arregenerativas
Ocorrem por hemorragia e hemólises agudas – sem tempo para
resposta, inflamação e neoplasias crônicas, deficiências endócrinas,
aplasia e Hipoplasia da medula óssea.
Normocítica Hipocrômica Deficiência de ferro (fase inicial)
Macrocítica Normocrômica
Deficiência de Vit. B12 e folato. Em poodles é normal. Desitropoiese
em gatos.
Macrocítica Hipocrômica Anemias regenerativas
Ocorrem por perda aguda de sangue/anemia hemolítica aguda
Microcítica Normocrômica Deficiência de ferro, doença crônica.
Microcítica Hipocrômica
Deficiência de ferro por perda:
Perda crônica de sangue: tumores, úlceras.
Parasitas: Ancylostoma, Haemonchus.
Deficiência de ferro por fatores que atuam no seu uso
Piridoxina, riboflavina, cobre.
AULA 4 – TEÓRICA (19/03)
RETICULÓCITOS
Precipitados basofílicos de RNA
São hemácias imaturas – aparecem quando há hipóxia tecidual (antes de sair na circulação eles perdem o núcleo).
Mais ativos – resposta da medula óssea à anemia (melhor troca gasosa)
Anemia regenerativa – senão tem reticulócitos então é arregenerativa.
Tipos:
Agregados Gatos produzem os dois tipos de corantes
Ponteados
A colheita para exame de contagem de reticulócitos é feita com tudo de hemograma (EDTA)
Contagem de reticulócitos é sempre pra indicar se é regenerativa ou arregenerativa.
13. Resumo – Laboratório Clínico
Bárbara Barbi de Freitas – MEDVET 5
POLICITEMIAS
Aumento da quantidade de hemácias no sangue (sangue concentrado, mais hemácias).
Contagem de hemácias Concentração de hemoglobina Hematócrito
Classificação
Relativa
Absoluta: primária e secundária
Policitemia Relativa
Mais comum
Desidratação (hipovolemia) – menos água, sangue mais concentrado (maior contagem de hemácias).
Aumento da perda de água (vômito, diarreia, poliúria)
Aumento da proteína plasmática
Com a fluidoterapia volta ao normal
Contração esplênica
Excitação, dor, exercício.
Cão, equinos, gato.
Proteína plasmática normal
Normohidratados
Repetir o exame
Policitemia Absoluta
Primária (policitemia vera – verdadeira)
Distúrbio mieloproliferativo (alteração na produção de células na medula óssea).
Independente da eritropoietina
Sem causa detectável
Secundária
Aumento na produção de eritropoietina
Causas: hipoxemia crônica (braquicefálico, doença obstrutiva).