O documento discute a importância da "bagagem" de experiências de vida que cada indivíduo traz, e como isso influencia no processo de aprendizagem. A aprendizagem ocorre através da interação entre o sujeito e o meio, resultando em mudanças e novas formas de conhecimento. As relações interpessoais também contribuem para a aprendizagem, através do compartilhamento de vivências diferentes.
Orientação Técnico-Pedagógica EMBcae Nº 001, de 16 de abril de 2024
A importância da bagagem do sujeito na aprendizagem
1. Valorização da “bagagem” do sujeito
Markeli Simone Schmitt Ferreira
A aprendizagem está ligada diretamente com a interação do sujeito com o meio em que ele vive. Por isso destacamos muito a importância da socialização da criança desde o início de sua vida. Assim, Becker, ressalta a teoria de Piaget,
As verdadeiras formas ou estruturas de conhecimento não são dadas na bagagem hereditária; também não são resultados de um decalque das organizações dos objetos, ou do meio físico ou social, por força da pressão deste meio; mas são resultado de um processo de interação radical entre o mundo do sujeito e o mundo do objeto, (inter) ação é ativada pela ação do sujeito (BECKER, 1998).
Desta forma, podemos observar que o sujeito aprende de forma que suas ações vão se formando e se transformando de acordo com a bagagem de informações que ele adquire nas experiências de vida.
O pensar também é algo significativo neste processo, mas não está sozinho, como diz Freire (2008), “Pensar envolve construir hipóteses inadequadas, erradas e ter que refazer, ou inventar outro percurso em busca da inadequada certa.” Sendo assim, a autora afirma que a aprendizagem se constituí através do processo de mudança. É através do aprendizado que ocorrem as mudanças, transformações, são as ações do sujeito que vão tomando um novo caminho e desta forma podemos perceber como se deu o aprendizado. Errar significa que há questionamentos e dúvidas a serem superados, e que se deve tentar buscar o que está certo, e esta ação está conectada com o pensar e aprender.
Conforme ressalta Charnay (1996), em relação a importância da ação no processo de aprendizagem quando coloca que,
Piaget também destacou o papel da ação na construção de conceitos. De fato, trata-se de uma atividade própria do aluno que não é exercida obrigatoriamente pela manipulação de objetos e materiais, mas de uma ação com uma finalidade, problematizada, que supõe uma dialética (CHARNAY, 1996).
2. A interação do sujeito com o meio também tem um significado importante na aprendizagem, pois são nas vivências e nas experiências onde eles têm de sair da comodidade enfrentando o novo, e também sofrer a adaptação, fazendo com que ocorra um novo conhecimento.
As relações interpessoais na vida do sujeito têm seu valor na aprendizagem, pois a troca de vivências, culturas, costumes e aprendizagens do outro são uma bagagem rica de exemplos, que nos fazem pensar, e muitas vezes agir de forma diferenciada, o que resulta num novo aprendizado. Segundo, Becker:
Na medida em que a educação age diretamente sobre a capacidade ativa dos indivíduos, ela redesenha o mapa das relações entre os indivíduos, refazendo o mapa das relações sociais, relações simbólicas constituídas no seio das culturas e, como tais, carregadas de afetividade ou emoção (BECKER, 1998).
Sendo assim nota-se a importância dessas relações interpessoais para a sociedade, o quanto estão diretamente ligadas ao ensino-aprendizagem. Confirmando a real importância da valorização desta ‘bagagem’ que cada sujeito traz consigo.
Freire (2008), expressa muito bem o significado de ensinar e destas relações, “O Educador ensina, enquanto ensina aprende a pensar (melhor) e a construir seus sonhos de vida”. O processo de aprendizagem é uma estrada de duas vias, onde aprendemos muito com o outro e ao mesmo tempo ensinamos, não podemos olhar para o sujeito como se ele fosse uma bagagem vazia, temos muito que compartilhar.
Referências Bibliográficas
BECKER, Fernando. A epistemologia do professor: o cotidiano da escola.8ed. Petrópolis: Vozes, 1998.
FREIRE, Madalena. Educador: São Paulo: Paz e Terra, 2008.
CHARNAY, Roland. Aprendendo (com) a resolução de problemas.In: PARRA, C. (org.). Didática da Matemática: reflexões psicopedagógicas. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996.