Este documento contém vários poemas curtos sobre temas como a natureza, animais, cores, entre outros. Apresenta descrições simples e diretas destinadas a crianças.
1. “A BOLA AMARELA”
Raquel Delgado
O sol é uma bola amarela
Que gosta das rosas,
Que gosta do mar,
E da primeira andorinha
Que possa voar
O sol gosta de mim,
O sol gosta de ti,
O sol gosta de todos os meninos
Que vê a brincar
2. “HOJE É NATAL”
Maria Aurora
- Mamã, rasguei o vestido
Não ralhes comigo,
Porque hoje é Natal !
- Papá desenruga a testa,
Vá, faz-me uma festa,
Porque hoje é Natal !
- Avô larga o teu bordão
Dá-me a tua mão,
Porque hoje é Natal !
- Bebé, eu dou-te o leitinho
Não faças beicinho,
Porque hoje é Natal !
- Amigo enche a tua cesta
De maças, de figos e bolos,
De ternura aos molhos,
Vem comer connosco,
Porque hoje é Natal !
3. “O VERDE”
M. Alberta Menéres, António Torrado
Eu sou o verde,
Vim de um arco-íris e escorreguei
Por dentro de uma gota de chuva.
O céu era azul e a terra amarela,
E deles nasci.
Andei à cata de coisas
E poisei num cacto do deserto.
De mar em mar,
De lagarto em rã,
Descobri esmeraldas
E abri olhos de gatos.
Andei de gatas, rasteirinho,
Pela terra de gafanhotos novos,
Da salsa, das nabiças
Da alface, da hortelã.
Fiz-me caldo verde,
Fui à mesa, escondido no verde das garrafas.
Dei-me a cheirar nos manjericos.
Espreitei pelas persianas e vi os carros
Passarem quando eu mandava.
Mostrei-me nas bandeiras.
Subi às alturas na hera dos muros;
Nos limos, nas algas, desci às funduras.
Viajei muito, colecciono tudo:
Penas de papagaio,
Berlindes,
Ervilhas,
Trevos de quatro folhas,
Moedas desenterradas,
Umas vezes sou velho, outras vezes sou novo.
Tanto posso desapontar de uma erva escondida
Como posso secar numa folha caída.
4. “PINTAS COM TINTAS”
Fiz uma pinta
Com tinta.
Pintei o sol,
Pintei o mar
E todas as coisas
Que possas pensar.
Uma pinta amarela – o sol.
Uma pinta verde – o mar.
Uma pinta vermelha – o morango,
Que te dei para merendar.
Agora é a tua vez,
Tens de ser tua a pintar.
Uma pinta rosa – a violeta.
Uma pinta escura – o gavião.
Com pintas de muitas cores
Tu pintas um coração.
5. “VERMELHO”
M. Alberta Menéres, António Torrado
Eu sou o vermelho
E sei o que quero
Há quem me chame encarnado
Mas eu gosto mais
Da cor do meu sangue.
Não só nas flores existo,
Ouçam o que diz a Joaninha:
- Falem em mim, em mim.
- E então eu ? – alvoroça-se o rabanete.
Parte-se a melancia desesperada:
- Não se iludam, não se iludam
Olhem-me para o coração !
Contemplo-os a todos
São o meu território,
O meu mundo.
Mas o que seria eu sem eles ???
6. “AMARELO”
M. Alberta Menéres, António Torrado
Tenho muitos inimigos
Caluniam-me; Insinuam-me:
“Que seria do amarelo
se não houvesse o mau gosto ?”
Fico amarelo de raiva.
E agora que nesta tribuna,
Tenho a grande oportunidade
De os desmascarar,
Só lhes grito na minha voz clara:
- Gema;
- Sol;
- Ouro !!!
Com estes argumentos os desfaço!
7. “XADREZ”
Sidónio Muralha
É branca a gata gatinha,
É branca como a farinha.
É preto o gato gatão,
É preto como o carvão.
E os filhos, gatos gatinhos,
São todos aos quadradinhos.
Os quadradinhos branquinhos
Fazem lembrar a mãe gatinha,
Que é branca como a farinha.
Os quadradinhos pretos,
Fazem lembrar o pai gato,
Que é preto como o carvão.
Se é branca a gata gatinha,
E é preto o gato gatão,
Como é que são os gatinhos ?
Os gatinhos eles são,
São todos aos quadradinhos !!!
8. “MENINA VESTIDA DE NOITE”
M. Rosa Colaço
Menina de preto
Tão triste! Tão nua!
Corpinho de fome
Olhinhos da lua
De lua de luto
Da lua de dó
Menina de preto
Tão triste! Tão só!
Menina, menina
Tão rica de nada
Dá a tua mão
De flor desfolhada
Dá-me a tua mão
Anda a ver a vida
Menina calada
De preto vestida.
9. “CONSULTA”
Maria Alberta Menéres
Um senhor doutor
Colheu uma flor
Para pôr ao peito
E todo vaidoso
Foi para o consultório
Muito satisfeito!
Chegou um doente
E disse o doutor:
Eu tenho uma flor!
Eu tenho uma flor!
E disse o doente:
Eu tenho uma dor!
Eu tenho uma dor!
10. “INSECTO”
Alice Gomes
A lagarta comia
comeu
comerá
a polpa doce de uma bela pêra.
Já farta de comer, de digerir
Procurou uma fresta para dormir.
E dorme
Dormirá
Dormiria
Tanto de noite como em pleno dia.
Durante o sono mudou forma e cor
Já não parece bicho mas flor.
11. “O PIRILAMPO”
M. Rosa Colaço
Nos dedos da noite
Sou uma lanterninha
Pareço uma estrela
Que viaja sozinha.
Nas horas serenas
Cheias de calor
Eu pouso nos ramos
Na terra e na flor.
E vivo contente
Com a minha sina
Basta-me esta luz
Mesmo pequenina.
É tudo o que espero
Não peço mais nada:
Ser o sol que baste
Para a minha estrada.
12. “PEIXE NO AQUÁRIO
M. Rosa Colaço
Que tristeza a vida
Na casa fechada
Com búzios fingidos
Com areia pintada.
Que saudades do vento
Que saudades do mar
Que saudades do sol
Da água a cantar.
Que raiva ser peixe
Em sala de gente
Tudo o que é igual
Deixa-me doente.
Era melhor um anzol
Era melhor uma rede
Os dias sem aventura
Não matam fome nem sede.
Partam a caixa de vidro
Tirem a postiça paisagem
Deixei-me ao mesmo espaço
Para a última viagem.
13. “MARSUPIAL”
Alice Gomes
Ó mamã canguru,
Tens tanta sorte!
Escusas de juntar,
Como qualquer mamã mulher,
No seu baú
Camisas,
Casaquinhos,
Fraldas,
Mantas,
E tantas
Tantas peças de agasalho
Que dão tanto trabalho
A coser,
A lavar,
A remendar !!!
14. “O PIRILAMPO”
Ontem por trás da janela
Vi a brilhar um farol
Pensei: “Que luz é aquela
Que não é lua nem sol ?”
Luzia no parapeito
A pequena faísca
Vi então um pirilampo
A acender o pisca-pisca.
15. “O GALO”
Eis sua excelência
O senhor D. Galo!
E as galinhas todas
Vão cumprimentá-lo!
Revirando o olho
Sacudindo a crista,
O galo vaidoso
Só quer meter vista.
Mas os fanganotes
Fazem ar de gozo:
Não ligam nenhuma
Ao pretensioso !!!
Sugestão: Apresentação da poesia no flanelógrafo.
16. “JOANINHA “AVÔA-AVÔA” “
M. Rosa Colaço
Joaninha pequena
Pousada no malmequer
Pergunta àquela menina
Que coisa quer ela ter
Menina ! Minha menina
Do saiote de riscado:
Queres um palácio de oiro
Ou um anel encantado ?
Só queria ser como tu
Só queria ser uma flor:
Nada quero Joaninha
Nada quero meu amor !!!
17. “ BICHINHO DE CONTA”
Maria Rosa Colaço
Debaixo da pedra
Mora um bichinho
De corpo cinzento
Muito redondinho.
Tem medo do sol
Tem medo de andar
Bichinho de conta
Não sabe contar.
Muito redondinho
Rebola no chão
Rebola na erva
E na minha mão.
Rebola e é bola
E não sabe saltar
Bichinho de conta
E não sabe contar.
18. “BURRINHO MANSO”
Maria Rosa Colaço
Ó burrinho manso
Da velha cantiga
Teus olhos são aves
Que o céu não abriga.
Pudesse ser eu
Como tu, burrinho !
Parado, calado,
No campo sozinho.
E passar as noites
Como as madrugadas
Rindo para as flores
Ao sol desfolhadas.
Que história mais linda
A deste burrinho
Parado calado,
Tão manso e branquinho !!!
19. “RATINHO TONTO”
O ratinho tonto
Nunca olha para o chão
E a toda a hora
Dá um trambolhão
No degrau da escada
Deixou um patim,
Pôs-lhe um pé em cima...
Plim, pim, catrapim !
Não será tolice
Colocá-lo
Outra vez ali
No mesmo lugar ?
20. “QUERES IR À LUA ?”
Alice Gomes
Cabrito
Bonito
Saltito
Saltão
É um brincalhão.
Trepa ao penedo, sem medo
Corre pelo monte,
Corre pela pradaria,
Esquece o sustento
Não pensa na fonte,
Porque bebe vento
E come alegria.
Dá saltos tão altos
Parece que flutua.
Tantos sobressaltos
Dá a mãe aflita
Que ela chora e grita:
Oh ! Filho Meu!
Mas que ousadia a tua!
Pois queres subir ao céu ?
Queres ir à lua ?
21. “A ARANHA TECEDEIRA”
Fia, fia a tua teia.
Tece, tece aranha feia !
Trabalhas e não descansas,
Enquanto as moscas bailando
Só querem festas e danças.
Aí delas, se distraídas
Vierem cair na rede
Que tecestes na parede !!!
Sugestão: cada criança terá um fio de sua cor vão-se cruzando até
obter uma teia colorida (para crianças mais velhas)
“ERA UMA VEZ...”
22. Sidónio Muralha
Era uma vez...
Uma cabrinha
Montês
Que tinha
Um rabinho
Curtinho
E quando saltava
O rabinho abanava
E girava, girava
O rabinho curtinho!
Por isso, eu chamava
Chamava a cabrinha
A cabrinha montês:
Rabinho, rabinho
De ventoinha !!!
E a cabrinha gostava
E o rabinho girava
E toda a gente chamava
Chamava a cabrinha
Rabinho, rabinho
De ventoinha.
Era uma vez
Era uma vez
Uma cabrinha
Montês.
23. “BONS AMIGOS”
Sidónio Muralha
O esquilo diz ao coelho
A quem faz muitas partidas:
- Você já se viu ao espelho ?
Mas que orelhas tão compridas !
Amanhã vindo da escola
Eu trago-lhe uma cartola !
- Meu caro muito obrigado.
Responde o outro, eu não digo,
Pois sou coelho educado,
O que penso do meu amigo...
Mas se dissesse, diria:
“Um rabo assim enrolado
é francamente mania !
Eu vou gastar dez tostões
Para lhe dar uns calções.”
Pôs-se o coelho a pular,
Riu o esquilo às gargalhadas
E lá foram passear
Como dois bons camaradas.
24. “O DENTINHO”
Maria Isabel Mendonça Soares
Já sabem ? Caiu-me um dente !
Um destes aqui da frente.
Pareço mesmo um velhinho...
Foi este dente o primeiro.
Mas o meu pai ensinou-me
Que o pusesse atrás da porta
Para que de noite um ratinho
Me desse em troca um dinheiro.
Assim fiz. Hoje acordei
E encontrei no seu lugar
Uma moeda a brilhar !
Tenho muitos outros dentes
Que ainda faltam cair.
Portanto se multiplico
Os dentes pelas moedas
Daqui a pouco estou rico !!!
25. “DIREITA E ESQUERDA”
Esta mão é a direita
A esquerda é esta mão
Com esta digo que sim
Com esta digo que não
Levanto a direita ao céu
Aponto a esquerda p’ro chão
Agora que já as conheço
Já não faço confusão !
26. “SOMBRA”
Álvaro Feijó
O sol
Põe na parede, a sombra do seu corpo pequenino
Que já fazia sombra
E que o menino
Descobriu.
Erguendo o braço
Quis tocar a sombra
Mas a sombra fugiu !!!
27. “CONVERSA DOS DEDOS”
Querem saber os segredos
Que em conversa ouvi aos dedos ?
Fala o maior, mais pimpão:
Tenho fome, quero pão.
Responde o polegar: Não há !
Mas deixa estar Deus dará !
E o dos anéis que é medraço:
Pede-se a alguém um pedaço
Ou furta-se, ainda é melhor
Lembra mais o indicador !
28. “ PORQUÊ ?”
Quando construo uma torre
Uma ponte ou coisa assim
Dizem-me: ”Está muito linda!
Mas é preciso arrumar
Todos os cubos no fim !”
E ninguém diz ao meu pai
Para arrumar a papelada
Que ele deixa no escritório
A toda a hora espalhada !
29. “A GAIVOTA”
É noite.
À noite os barcos dormem.
Dormem os barcos
E dormem as conchas.
Mas uma gaivota de vestido branco
Que não tinha sono
Andava a voar
Por cima do mar
E olhava para a noite,
Olhava para o mar,
E poisou num barco
À espera que acordasse o sol.
30. “O FOGÃO DA MINHA AVÓ”
Quando a minha avó
Vem cá de visita
O espanto que faz !
- Que coisa bonita
Um fogão a gás !
Volta-se um botão...
E é uma beleza !
Pão de ló ou empadão
Estão prontos a pôr na mesa !
Mas quando vou eu
A casa da avó
Todo o espanto é meu.
- Que lindo fogão !
Preto e luzidio como o alcatrão!
E o calor que espalha
O lume encarnado
Dentro da fornalha !
Avó nunca venda
Este meu fogão !
31. “COMBOIZINHO”
Matilde Rosa Araújo
Comboizinho, aonde vais ?
Pouca terra ! Pouca terra !
Uh!...Uh!...
São cavalos a correr
E as meninas a aprender
E uma bandeirinha no cais.
Comboizinho, aonde vais ?
Pouca terra ! Pouca terra !
Uh!...Uh!...
São cavalos a correr
E as meninas a aprender
Comboizinho que aflição!
Se achas que a terra é pouca,
Pára a corrida louca.
Eu já não posso parar,
Nem mesmo na estação,
Dá-me a tua mão,
Vamos ver,
Os cavalos a correr
E as meninas a aprender,
Nos campos,
Na escola,
Sem livros,
Nem sacola,
Vamos dizer
Que a terra é pouca,
Para esta corrida louca.
Vamos dizer,
Que não podemos parar,
E os cavalos a voar
E as meninas a sonhar.
Uh!...Uh!...
32. “A ESTRELINHA”
Sidónio Muralha
Eu vejo do meu quarto de dormir,
Uma estrelinha
Miudinha,
A luzir...
Mas se o sol é tão grande
E tanto brilha,
A estrelinha miudinha
É certamente sua filha.
E enquanto o pai sol
Enorme,
Dorme,
Ela vai passear
Todas as noites...
Quando o pai sol acordar
A estrelinha miudinha
Leva açoites
E vai-se logo a deitar !!!
33. “PAZ DE MUSGO VERDE”
Maria Rosa Colaço
No seu mundo de erva fresca
Dona lagarta verdinha
Mastiga couves e sol
E sente-se uma rainha
Rainha de corpo verde
Do prado verde rainha
Mastiga couves e sol
Dona lagarta verdinha.
Tua paz de musgo verde
Teu manto de princesinha
Que mos dera. Que mos dera!
Dona lagarta mansinha!
34. “UM CÃO”
Maria Cândida Mendonça
Conheci um cão,
Que falava,
Que escutava,
Que cantava,
Que brincava,
Que ladrava,
Que fazia o pino,
E que era um grande dançarino.
Que jogava à bola,
Que perdia,
Que ganhava,
Que estudava
E que andava comigo na escola.
E que tal ?
Era ou não uma perfeição de cão ?
Não acreditam ?
Não faz mal
Era um cão de imaginação !!!
35. “BRINQUEDO”
Miguel Torga
Foi um sonho que eu tive
Era uma grande estrela de papel
Um cordel, e um menino de bibe.
O menino tinha lançado a sua estrela
Com ar de quem semeia uma ilusão,
E a estrela ia subindo, azul e amarela,
Presa pelo cordel à sua mão.
Mas tão alto subiu
Que deixou de ser estrela de papel,
E o menino, ao vê-la assim, sorriu
E cortou-lhe o cordel.
36. “UMA ESTRELA NA MÃO”
Miguel Bernardes
Com guache
E aguarela
Pinta-se uma estrela !
Mas o melhor
É ir à noite
Olhar o céu
E vê-la...
Ou até subir
Subir ...
Subir lá acima
E pegar nela !
37. “SIM ? NÃO?”
Patrícia Joyce
Sim, não, sim, não
Esquerda, direita, no cimo, no chão
Sim, não, sim, não
Grande, pequeno, gigante, anão.
Sim, não, sim, não
O sol e a noite, a luz e o carvão
Sim, não, sim, não
Aqui, acolá, no cimo, no chão
Sim, não, sim, não
Menino risonho, menino chorão
Sim, não, sim, não
Aqueles que tiram, aqueles que dão
Sim, não, sim, não
Burrinho a trotar e um foguetão
Sim, não, sim, não
Castelos no ar e vento suão
Sim, não, sim, não
Duzentos à hora, carrinhos de mão
Sim, não, sim, não
O rio Nabão, a serra Marão
Sim, não, sim, não
Para o balance, dá-me a tua mão.
Vamos acabar com esta confusão.
38. “O PASSEIO”
Vou passear a boneca
Passa por mim muita gente
Dou os “Bons-Dias” a todos
Que vejo na minha frente.
Ensinou-me a minha mãe
Que era boa educação
Mas sorrir e dar “Bom-Dia”
Não custa nada, pois não ?!
“O CARRINHO”
O vendedor ambulante
Vende muitas coisas boas
No Verão compro-lhe gelados
E só gasto cinco coroas.
De Inverno compro castanhas
Quentinhas, enfarruscadas.
No resto do ano, enfim,
Pevides e amendoim.
Gosto muito deste amigo
Que encontro pelo caminho
E às vezes penso comigo:
“Quem me dera o seu carrinho !”
39. “A ESCADA ROLANTE”
Ando nas escadas rolantes
Quando vou ao armazém
Uma sobe, a outra desce
Leva a gente num vaivém !
Se pudesse ali ficava
Toda a tarde a divertir-me,
Porque uma escada que mexe
É melhor que o chão firme !
“O URSO VELHO”
Ai tantos brinquedos
Novinhos em folha
Que o Zé recebeu
Difícil a escolha !
Mas adormecido
O Zézinho abraça
O seu urso velho
Roído de traça.
40. “O RAMALHETE”
Foi apanhar o junquilho
Lindo amarelo-doirado
E miósotis azuis
Que havia à beira do prado.
Mais uma florinha branca
(que não sei que nome tem)
Juntei-as num ramalhete
E vou dá-lo à minha mãe.
41. “MIMI BONECA”
M. Alzira P. Machado
Bolas de sabão
Vivos a brilhar
Seus olhitos dão
O ar de falar.
Curva, leve, o rosto
Parece sorrir
Um ar tão composto
Será a fingir ?!
É capaz ainda
De “mamã” dizer
E a palavra linda
Parece entender !!!
42. “O GATINHO”
- És muito pequenino ainda
Para andares à beira do rio !
Disse a mãe gata ao gatinho
O chão é escorregadio !
Mas o gatinho travesso
Não vez caso do que ouvia
Catrapus ! Caiu à água
Miau ! Miau ! Ai que água tão fria !
“TRÊS LEÕZINHOS”
Três leõzinhos na toca
Num dia de vendaval
Diziam uns para os outros:
- Que é aquilo ? Um animal
A rugir mais do que nós
Com um barulho que atordoa ?
- Não. É o vento veloz
Que parece um leão feroz.
Respondeu a mãe boa.
43. “A LUA”
Oh ! Quem me dera saber
Se na lua haverá ratos!
A lua cheia é um queijo
Mas em cada noite a vejo
Com um bocadinho a menos !
Se os ratos a vão roendo,
Qualquer dia os astronautas
Se quiserem lá voltar
Já não encontram nenhuma
Onde possam alunar !
“A LUA CURIOSA”
Penso muita vez
Que a lua é curiosa:
Acorda de noite
Para nos espreitar.
Mas não ganha nada
Porque a essa hora
Está tudo a dormir
E a ressonar.
E será talvez,
Por essa razão,
Que às vezes de dia
Ela nos espia,
Despotada e fria !!!
44. “VIAGEM”
Sidónio Muralha
De uma casquinha de noz
De cinzento pintada
Sai a voz bem afinada
Da formiga que canta
Canta
Esta cantiga:
Quando o Senhor Vento
Assoprar
O meu barquinho cinzento
Vai navegar !!!
Barquinho cinzento
Cinzento é ele
Mas coisa engraçada
Tem a chaminé de vermelho pintada.
Tem a chaminé de
Vermelho pintada
Que vai navegar
Quando o Senhor vento
Assoprar.
Meu barquinho
A duas cores
Carregadinho
De flores.
Depois
A formiga calou-se
E o barquinho partiu,
Como a cantiga doce
O barquinho seguiu,
Seguiu nas ondas do mar
Se você o viu
Faça a favor de telefonar.
45. “SONHO”
Luís Monte Branco
Não tens asas,
Não tens pés,
Não tens braços p’ra nada...
Como fazes nuvenzinha para no céu passear ?
- O vento que é meu amigo,
Leva-me p’ra onde eu quero.
- E que fazes tu sozinha ?
Fugiste à tua mãezinha ?...
- Não minha linda amiguinha,
Ando só a passear.
- Se eu tivesse uma escadinha
Com que pudesse trepar,
Subia ao céu nuvenzinha,
Ia contigo brincar...
46. “POESIA”
Hélio da Costa Ferreira
Todos os dias
Voando, voando
As aves caminham
Ao longo do mar.
Todos os dias
Cantando, cantando
As crianças caminham
Em qualquer lugar.
Todos os dias, meu Deus,
Tanta esperança
Nos braços abertos
De cada criança
“A ARITMÉTICA”
47. Um e um são dois
Dois bombons. E depois ?
Dois e um são três
Dois para mim desta vez
Três e um são quatro
Com recheio de ananás
Apanha-os lá se és capaz !
“QUE ESQUISITOS SÃO OS
ESPELHOS”
- Que esquisitos são os espelhos !
Quando me ponho na frente
Vejo uma rapariguinha
Vestida decentemente.
Mas a mãe, essa protesta:
- Puseste o chapéu de lado
E o casaco do avesso !
Estas mascarada na testa !
Com o casaco desatado
E tens sujos os joelhos !
Por isso é que me aborreço
Que esquisitos são os espelhos !
48. “O JANTARINHO”
Matilde Rosa Araújo
Maria fazia a sopa
Num tachinho de alumínio
José estrelava os ovos
Em frigideira de barro.
Abanava o abaninho
O fogo que já ardia,
No brincar aos jantarinhos
De José e de Maria.
- Onde está a hortelã ?
Lhe perguntava a Maria.
- Está aqui ao pé da água !
O José lhe respondia.
- Onde é que está o sal ?
Lhe perguntava o José.
- Numa caixinha de estrelas,
Está mesmo aqui ao pé.
Abanava o abaninho
O fogo já ardia,
No brincar aos jantarinhos
De José e Maria.
49. “ AS PESSOAS CRESCIDAS”
Oh, como são aborrecidas
Estas pessoas crescidas !
Decerto o seu dicionário
Diz as coisas ao contrário !
Porque se a gente pedir
Que nos contem uma história
À noite antes de dormir,
Respondem: “Mais tarde conto.”
Isto é, ponto por ponto,
Em linguagem de pais:
“Que não contam nunca mais”.
Se pedirmos um presente
(Mesmo que se venda em frente
da casa onde a gente mora)
Respondem-nos sem demora:
“Está, depois se verá”.
O que significa “Não”.
E a gente nunca o terá.
“BARQUINHO”
50. Maria Alzira P. Machado
Corre, corre
Dança, dança
Nas ondas
Balança...
Eu vou aprender
Contigo a correr,
Contigo a dançar,
Barquinho do mar.
Barquito, amiguinho
Vai anoitecer.
Regressa cedito,
Não te vais perder...
51. “CANÇÃO”
Eugénio de Andrade
Tinha um cravo no me balcão:
Veio um rapaz e pediu-mo,
- Mãe, dou-lho ou não ?
Sentada, bordava um lenço da mão,
Veio um rapaz e pediu-mo,
- Mãe, dou-lho ou não ?
Dei um cravo e dei um lenço,
Só não dei o coração,
Mas se o rapaz mo pedir,
- Mãe, dou-lho ou não ?
52. “ OLHOS DE MENINOS”
Henriqueta Lisboa
Quando à noite
Vem baixando,
Nas raízes ao lusco-fusco
E na penumbra
Das moitas
E na sombra enorme dos campos,
Piscam, piscam, Pirilampos !
São pirilampos
Que acendem pisca-piscando
As suas verdes lanternas,
Ou são claros olhos verdes,
De menininhos travessos,
Verdes olhos semitontos,
Semitontos mas acesas
Que está lutando com sono ?
À noite, que observam os teus olhos ?
53. “PROMESSA”
Tarcísio Miranda
Mãe compra-me o barco de lata
Que está na montra do Armelim.
Não mais farei de pirata
Nem serei menino ruim.
Não lutarei à pedrada na Rua do Castelo
Nem sujarei o bibe amarelo.
Não jogarei à bola no adro do mosteiro
E entre todos na escola serei o primeiro
Mãe mereço uma prenda.
Compra-me o barco de lata
Antes que o Armelim o venda
A outro marinheiro.
54. “O GRILO, A CIGARRA E A FORMIGA”
Grilo, grilarim
Tens um canto azul
Na noite de cetim !
Cigarra, cigarrinha
Tens um canto branco
Na noite de cambraia !
Formiga, miga, miga
Só tu cantas os nadas
Do silêncio do sol,
Das estrelas caladas...
“A CONSTIPAÇÃO DO CARACOL”
Senhor caracol
55. Andou pela horta
Passeio para aqui
Passeio para ali
Pauzinhos no ar
Cabecinha ao sol
Não tem cuidado
E depois
Atchim !
Senhor caracol
Ficou constipado
Hoje de manhã
Não saiu da casca
Não foi para a horta
Nem para o jardim.
Então
Lamentou-se:
Que grande arrelia !
Coitado de mim !
Ao saber do caso
A dona lagarta
Logo resolveu
Mandar-lhe uma carta
(Carta que transcrevo
e dizia assim:)
Senhor Caracol:
Siga o meu conselho
Não torne para aí de cabeça ao léu
Quando andar ao sol
Ponha o seu chapéu !
“ORAÇÃO AO MENINO JESUS”
56. Oh! Meu Menino Jesus
Neste tempo sem igual
Venho fazer-te um pedido
Para o dia de Natal
Lá longe p’ra lá do mar
Estão os meninos de Timor
E para eles eu peço
Um barco cheio de amor.
Para os meninos de Angola
Que cheios de fome estão
Eu peço muita comida
Dentro de um grande avião
Para os meninos de todo o mundo
E em especial neste dia
Eu peço um grande comboio
Muito cheio de alegria
E para os meninos de Portugal
Eu desejo um Bom Natal !!!
“NATAL”
57. Natal é o sol no Inverno
É brisa fresca no Verão
É juventude no Outono
Amor, em cada estação.
Natal não é uma festa!
Porque nasceu um menino
Natal, é a minha canção
Quando o menino tem fome
E tem pão !
Natal é aquele segundo
Em que encheste a tua vida
Só porque encontraste um mundo
Uma lágrima caída...
Natal não é uma festa !
Natal é simples, choupana
Sempre com porta aberta
P’ra receber um amigo
Um sonho que desperta
Natal não é uma festa !