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O ENSINO E SUAS EXPRESSÕES
interdisciplinaridade, tecnologias, direitos
humanos, linguagens, artes, discursos e recursos
O ENSINO E SUASEXPRESSÕES
interdisciplinaridade, tecnologias, direitos humanos,
linguagens, artes, discursos
e recursos
Cleber Bianchessi
organizador
139
PRÁTICAS DE LETRAMENTOS: UMA
PROPOSTA INTERDISCIPLINAR
NO ESTUDO DA DITADURA
MILITAR NO BRASIL
Pamela Tais Clein Capelin42
Sérgio Roberto Massagli43
INTRODUÇÃO
Os sujeitos comunicam-se por meio de textos verbais e não verbais,
de modo que, na esfera escolar, as práticas didático-pedagógicas atuam de
modo a promover os letramentos considerando o “[...] letramento [...] uma
tentativa de lidar com os eventos e com os padrões de atividades [...] mais
ampla da natureza cultural e social.” (STREET, 2012, p. 76). A inserção
adequada dos sujeitos nas mais variadas práticas de uso da língua(gem)
ocorre por meio da leitura, da escrita e da análise linguística de gêneros
discursivos que circulam em âmbitosocial.Nessa perspectiva, este trabalho
investigativo visa a apresentar uma proposta pedagógica de abordagem
interdisciplinar, entre as disciplinasde Língua Portuguesa, de ora emdiante
LP, e de História, referente ao período da Ditadura Militar44
no Brasil,
desenvolvida para alunos dos anos finais do Ensino Fundamental, 9º anos.
Para a proposta de ações, considera-se, portanto, o compromisso
do professor e da escola para com a formação social e cognitiva dos edu-
candos, a fim de que desenvolvam seu potencial transformador, em vista
de que “a participação em determinada prática social é possível quando o
indivíduo sabe como agir discursivamente numa situação comunicativa,
ou seja, quando sabe qual gênero do discurso usar.” (KLEIMAN, 2007,
42
Mestranda em Letras (UNIOESTE). Bolsista CAPES.
CV: http://lattes.cnpq.br/
43
Doutor em Estudos Literários (UNESP). Professor (UFFS).
CV: http://lattes.cnpq.br/
44
Embora seja referido ao longo do texto como o período da Ditadura Militar, é
sabido que se tratou de um golpe civil-militar.
140
Cleber Bianchessi (org.)
p. 12). Cabe, assim, à escola, favorecer os subsídios necessários para a
formação dos sujeitos considerando os aspectos sócio-histórico-culturais.
Nesse sentido, uma gama de ferramentas substanciais norteiam as
ações propostas para a construção de conhecimentos acerca de aspectos
sociais, culturais, econômicos e políticos do Brasil. Dentre os gêneros
discursivos utilizados para a proposta de ensino e de aprendizagem,
destacamos a canção, tendo em vista que “[…] Nos momentos de maior
cerco da censura, as letras da música popular oferecem valioso instru-
mento ao historiador.” (BRAGA, 2002, p. 125).
Propostas de ações didático-pedagógicas interdisciplinares45
neces-
sitam considerar “[...] os conhecimentos de várias disciplinas para resolver
um problema concreto ou compreender um determinado fenômeno sob
diferentes pontos de vista.” (BRASIL, 1998, p. 21). Nessa perspectiva,
ao partir de uma proposta de atividades que permeiam o contexto da
Ditadura Militar no Brasil objetiva-se propor espaços para a formação de
sujeitos críticos, reflexivos, ativos e responsivos (BAKHTIN, 2003 [1979]).
Com base no exposto, salienta-se que o estudo no viés inter-
disciplinar está ancorado nos documentos norteadores educacionais, a
Base Nacional Comum Curricular46
, de ora em diante BNCC (2017),
o Referencial Curricular do Paraná47
, de ora em diante RCPR (2018) e
nos Novos Estudos dos Letramentos - NELs (STREET, 2003, 2012;
KLEIMAN, 2007, 2010). Para Kleiman, os letramentos pressupõem
45
A Interdisciplinaridade, no Brasil, surge a partir da década de , com a publica-
ção da obra Interdisciplinaridade e Pedagogia do saber de Hilton Japiassu em . Para
Barbosa “A interdisciplinaridade é condição epistemológica da pós-modernidade, e
a interculturalidade, a condição política da democracia. A aliança entre essas duas
condições basilares da vida, contemporâneas às tecnologias flexíveis e multiplicadoras,
garantirá um humanismo em constante reconstrução para responder às imponderáveis
e permanentes mudanças sociais.” (BARBOSA, , p. ).
46
A Base Nacional Comum Curricular - BNCC, é um documento que esclarece
questões relativas à Educação Básica, desde a Educação Infantil até o Ensino Médio
(BRASIL, ).
47
O Referencial Curricular do Paraná - RCPR “[...] orienta e estabelece direitos e
objetivos de aprendizagens paraa Educação Infantil e [para o] Ensino Fundamental,
com elementos obrigatórios definidos pela Base Nacional Curricular para os currículos
do Estado, a partir das especificidades de cada escola ou região.” (PARANÁ, , p. ).
141
O Ensino e suas Expressões
“[...] uma perspectiva social da escrita na esfera de atividades escolares
[...] vinculadas à prática em que a leitura e a escrita [...] [tornam-se] ferra-
mentas para agir socialmente.” (KLEIMAN, 2010, p. 380 grifos nossos).
Em seguida,apresenta-se uma breve contextualizaçãosobre a impor-
tânciadoestudoda DitaduraMilitar noBrasil,na RedeBásica deEnsino, em
específico, nas disciplinas de LP e deHistória, bem comoexplana-se acerca
de uma proposta didático-pedagógica que resgata a história do Brasil, em
vista de que ela nosconstitui enquantosujeitos sociais,históricose culturais.
DESENVOLVIMENTO
A proposta de ações na perspectiva interdisciplinar envolve a LP
e a História. Aborda-se a Música Popular Brasileira, de ora em diante,
MPB, no estudo da Ditadura Militar, voltada ao processo de ensino e
de aprendizagem por meio da multimodalidade de gêneros preconizado
pela BNCC (BRASIL, 2018) e pelo RCPR (PARANÁ, 2018). Dessa
forma, integrar disciplinas para o desenvolvimento de um conjunto de
ações é promover espaços em que a abordagem de um determinado con-
teúdo ocorre de modo favorável, visando a um mesmo objetivo educativo.
Umavezqueosalunosdo9ºanosãonativos digitais, cabe aoprofessor
dinamizar as aulas, de modoa instigar o estudante a fazer parte dessacons-
trução coletiva e progressiva de conhecimentos. Propostasinterdisciplinares
desenvolvidas com base em gêneros multissemióticos, de textos diversos,
permeados pela multimodalidade de linguagens, visama despertar a curio-
sidade e o interesse dos alunos em fazer parte deste espaço de alteridade.
Dessa forma, em relação aos conteúdos, tem-se por finalidade
aprofundar os conhecimentos sobre a Ditadura Militar no Brasil, uti-
lizando-se do gênero canção e de outros textos multissemióticos. As
canções são ferramentas profícuas no processo educacional, devido à
capacidade de ativar e desenvolver estímulos nos educandos, seja em
momentos de distração ou de formação cultural, a fim de desvelar o
universo social construído por meio da coletividade.
Nesta proposta de estudo interdisciplinar a canção selecionada é
Apesar de você (1970) de Chico Buarque de Holanda, que focalizada por
142
Cleber Bianchessi (org.)
meio de atividades diversas, favorece explorar aspectos que auxiliam na
compreensão do período histórico que marcou o Brasil, com ênfase para
a relevância da MPB nessas quase três décadas conturbadas da história
do País. Assim,
A integração dos diferentes conhecimentos pode criar as
condiçõesnecessáriasparaumaaprendizagemmotivadora,
na medida em queofereça maiorliberdade aos professores
e alunos para a seleção de conteúdos mais diretamente
relacionadosaosassuntosou problemas que dizemrespeito
à vida da comunidade. (BRASIL, , p. )
Reconhecer o percursopolítico, histórico e cultural doBrasil envolve
compreender acerca dosaspectos que constituem aidentidade dosbrasileiros,
logooprocessode ensinoedeaprendizagemprecisa partirdosconhecimentos
préviosdos alunos, bemcomo ressignificar e construir novas experiências, a
fimde promover osletramentos,favorecendoo usoadequadodashabilidades
linguístico-discursivas para o exercício da cidadania.
Assim, enquanto encaminhamentos metodológicos a primeira
etapa da proposta didática tem como objetivo apresentar aos estudan-
tes as ações interdisciplinares sobre o estudo da Ditadura Militar no
Brasil desenvolvido nas aulas de LP. Uma possível proposta na etapa de
sensibilização considera a tirinha da Turma da Mônica, de Mauricio de
Souza, publicada no jornal estadão, na data de 16 de novembro de 2010.
A conversa retrata a fala da Mônica “Pai... o que é censura?” e seu pai
“Bem...”, conforme observado abaixo, na figura 01.
Figura 01: Tirinha da Turma da Mônica (SOUSA, 2010)
Fonte: Jornal o Estadão (2010)
143
O Ensino e suas Expressões
Identifica-se a tira de Maurício de Sousa, por meio das persona-
gens Mônica e seu pai, retrata um dos aspectos que marcaram o período
ditatorial. A “censura” é representada por meio das expressões faciais
e corporais das personagens no quadrinho 2, na impossibilidade de
expressar-se verbalmente, bem como pelas tarjetas pretas rasurando as
palavras no último balão. Assim, a tira acima possibilita a abordagem
da temática em estudo de modo a chamar a atenção do aluno, ao mesmo
tempo suscitar a criticidade e a reflexividade. Partindo das percepções
dos alunos, a compreensão, ressignificação e ampliação de conhecimentos
são mediadas pelo professor da disciplina.
Na primeira etapa das aulas de História, a sensibilização dos alunos
poderá ser realizada, por exemplo, por meio de uma fotografia em preto
e branco, que retrata cidadãos nas ruas, de mãos dadas caminhando, em
forma de marcha contra a violência no período da Ditadura, junto de
um cartaz ao fundo com a mensagem “Contra a censura pela cultura”,
conforme observado abaixo, na figura 02.
Figura 02: Fotogra a
Fonte: Google fotos
Na fotografia acima, identifica-se um grupo de mulheres que estão
à frente na marcha contra a “censura”; logo atrás, observam-se homens
também presentes na manifestação a favor da cultura. Assim como na
tirinha da figura 1, a fotografia da figura 2 também aborda a “censura”,
144
Cleber Bianchessi (org.)
um tema pertinente a ser discutido quando o assunto central é a Ditadura
Militar. Desse modo, tem-se por objetivo inserir os alunos no contexto
da proposta pedagógica, no desenvolvimento das práticas de letramentos.
A sugestão é que o professor de História direcione os estudos em relação
à imagem apresentada, ao inquirir os alunos a respeito das percepções e
leituras que fazem da fotografia e as possibilidades de leituras coletivas,
ressignificadas, para além do que já é de conhecimento dos alunos.
É importante que os estudantes, nessa etapa, nas disciplinas
de LP e de História, sejam inquiridos com perguntas iniciais, para o
levantamento dos conhecimentos prévios acerca do tema proposto para o
estudo, como, por exemplo: O que vocês compreenderam ao ler/observar
este texto? De qual assunto é tratado? O que significou/representou a
“censura” na época ditatorial? A qual gênero discursivo estetexto pertence?
Já leram essa tirinha/ já viram essa fotografia? Vocês identificam qual
a diferença entre os gêneros tirinha de charge, caricatura e cartum/ o
gênero fotografia de reportagem, do gênero notícia? O que vocês sabem
sobre a Ditadura Militar no Brasil? Qual foi o período de duração dos
anos de chumbo? Quem governou o País na época da Ditadura Mili-
tar? Já leram alguma obra que trata do regime ditatorial? Os pais, avós,
familiares já falaram sobre a Ditadura Militar para vocês?, etc.
O professor de LP pode direcionar o estudo indagando os estu-
dantes: Conhecem alguma música, cantores e compositores dessa época
de extrema repressão, da Ditadura Militar? Já ouviram falar de Chico
Buarque de Holanda? Alguém já ouviu a canção Apesar de você (1970)?.
Com base nas respostas, o professor poderá apresentar o cantor/compo-
sitor mencionado e a importância das canções de MPB nesse período
de repressão. O docente pode complementar as respostas dos alunos,
agregando conhecimentos para além dos que eles já enunciaram.
Na segunda parte da proposta didática, na disciplina de LP, pode ser
promovida a pré-leitura, leitura e a pós-leitura da canção Apesar de você
(1970) de Chico Buarque de Holanda, que os alunos podem receber de
modo impressoe tambémprojetada emslides. Nesse sentido, “o professor de
português precisa ter a competência suficiente que lhe confira a autonomia
145
O Ensino e suas Expressões
necessáriaà conduçãode seutrabalho, oque,emnenhummomento,dispensa
sua inserção nas preocupações do grupo com o qual atua.” (ANTUNES,
2003. p. 171). Serão identificados, desta forma, aspectos relevantes da can-
ção, sobretudo no que concerne ao período político, histórico e social de
produção e o que isso influenciou na produção de sentidos, relacionando a
temática da letra com o período da Ditadura Militar no Brasil.
A primeira leitura é realizada por meio da apreciação, leitura de
fruição, da canção Apesar de você (1970) de Chico Buarque de Holanda.
Posteriormente, pode ser apresentado o autor, bem como o gênero can-
ção, os possíveis interlocutores, entre outros, a fim de que os sujeitos
reconheçam as práticas sociais de produção e de circulação desse gênero
discursivo. Já, na segunda leitura, para além da escuta, pode ser realizado
o acompanhamento atento à letra impressa e projetada. Neste momento,
o professor chama a atenção dos estudantes para o conteúdo do texto, a
melodia e a sua relação com o contexto social da época.
Sem demora, a intervenção do professor mediará à construção
de saberes por meio das percepções coletivas sobre a canção. Em vista
disso, a segunda leitura irá para além da escuta e leitura de fruição,
levando os alunos a refletirem e posicionarem-se criticamente, de modo
oral, sobre a temática proposta para o estudo. A terceira leitura será a
de consolidação das percepções em discussões em sala, a confirmação e
a refutação das hipóteses. O professor pode complementar os conheci-
mentos produzidos e ressignificados com exemplos do dia-a-dia, com
ilustrações e informações relevantes, pois “é preciso que a escola seja
um espaço que promova, por meio de uma gama de textos com dife-
rentes funções sociais, o letramento do aluno, para que ele se envolva
nas práticas de uso da língua – sejam de leitura, oralidade e escrita.”
(PARANÁ, 2008, p. 50).
O professor de LP, portanto, pode ressaltar, para além do con-
teúdo, a dimensão estética da mensagem, principalmente o recurso da
ambiguidade, que provoca um deslocamento das instâncias discursivas
dos interlocutores. Quem é o eu do discurso? Quem é o outro (você)? com
o auxílio de uma pesquisa sócio-histórica e discursiva os interlocutores
146
Cleber Bianchessi (org.)
podem ser definidos. Em decorrência disso, a leitura e a escrita ganham
outros sentidos, considerando que “se tenha o que dizer, se tenha uma
razão para dizer o que se tem a dizer, se tenha para quem dizer, o locutor
se constitua como tal, enquanto sujeito que diz o que diz para quem diz
e se escolham as estratégias para realizá-las.” (GERALDI, 1997, p. 35).
Da mesma maneira, na disciplina de História, sugere-se a pré-
-leitura, leitura e a pós-leitura de um trecho da obra Amores exilados
(2011) de Godofredo de Oliveira Neto. Nesse sentido, a abordagem
pode versar sobre o exílio, os personagens da obra, assim como muitos
sujeitos vivenciaram na época da ditadura. A leitura e análise poderá
permear sobre excertos, como, os que retratam “A solidão em alguns,
a estranha alegria em outros, a angústia na maioria. O universo dos
exilados era esse. A insegurança psicológica ou levava a abraçar com
exagerado ardor o país do exílio ou a abominá-lo.” (NETO, 2011, p. 51).
Para, além disso, que “Paris escondia-se sob uma névoa rala. Talvez fosse
esse céu esbranquiçado passando a chumbo que afogava as alegrias; que
deprimia [...] de se viver num casulo de asfalto.” (NETO, 2011, p. 16).
O romance de Neto (2011) narra acerca do triângulo amoroso,
o exílio de brasileiros durante a Ditadura Militar e os acontecimentos
políticos da época. Assim, as percepções acerca dos trechos podem
auxiliar no debate coletivo, na compreensão e construção de novos
conhecimentos acerca do “exílio”, em discussões pertinentes quando
o assunto em pauta é a Ditadura Militar no Brasil. Sendo o leitor um
“antecipador da palavra que vai ler.” (KATO, 1986, p. 61), a temática
“exilio” poderá, portanto, atuar enquanto fio condutor para uma série
de discussões que permeiam os estudos propostos.
Outra sugestão é assistir ao trailer ou parte de Marighella-
Retrato Falado do Guerrilheiro (2001) do diretor Silvio Tendler. Car-
los Marighella foi um escritor e um dos principais organizadores da
luta contra a Ditadura Militar no Brasil. O guerrilheiro, representante
da população brasileira, foi morto em 1969. O cinema nacional, nesse
sentido, retratou o assassinato do líder em: Batismo de sangue (2007) e
Marighella, retrato falado de um guerrilheiro (2001).
147
O Ensino e suas Expressões
Após as leituras propostas acima, o gênero debate é uma das suges-
tões de atividade para as duas disciplinas, uma vez que ele possibilita a
liberdade de expressão, a construção de argumentos e o posicionamento
critico, reflexivo, ativo e responsivo nas práticas de letramentos. Logo, a
participação legítima dos estudantes no processo de ensino e de apren-
dizagem nas aulas de LP e de História ocorre por meio da construção
de conhecimentos de modo coletivo, nas trocas entre professores e
alunos, a fim de que propiciem “reflexões sobre as estratégias do dizer.”
(GERALDI, 1997, p. 192). A abordagem da mesma temática em duas
disciplinas distintas promove a integração de conteúdo, bem como a
interdiscursividade sobre um assunto nas distintas áreas do conhecimento.
No prosseguimento das ações o professor de LP poderá apresentar
o gênero vídeo minuto, como ele se constitui, onde circula e os possíveis
interlocutores desse gênero digital abordado pela BNCC (BRASIL,
2018) e pelo RCPR (PARANÁ, 2018). Na disciplina de História poderá
ser proposto que os alunos desenvolvam uma atividade de vídeo que
busca abordar em 60 segundos algum conteúdo específico, nesse caso,
a Ditadura Militar no Brasil.
De modo coletivo, em sala, podem ser elaboradas perguntas
norteadoras para que os estudantes utilizem como base para a atividade
nas suas comunidades. Os alunos podem explicar aos familiares, pais,
vizinhos e a comunidade de modo geral, que a ação é uma proposta
interdisciplinar promovida na/pela escola, nas disciplinas de LP e de
História. Os colaboradores participam de modo voluntário, em um
relato de experiência sobre a Ditadura Militar no Brasil. O vídeo minuto
trata da sondagem de experiências vividas pela comunidade da qual os
estudantes fazem parte.
Os professores de LP e de História, se possível, na etapa seguinte,
podem ministrar aulas juntos, na turma do 9º ano do Ensino Funda-
mental. O material gravado (por meio da câmera digital ou do celular)
pode ser socializado em sala, bem como selecionados os vídeos minuto
que os estudantes julguem mais relevantes para socializar com todo o
grupo escolar. As ações interdisciplinares exteriorizam, portanto, que
148
Cleber Bianchessi (org.)
A língua, enquanto produto desta história e enquanto
condição de produção da história presente vem marcada
pelos seus usos e pelos espaços sociais destes usos. Neste
sentido a língua nunca pode ser estudada ou ensinada
como produto acabado, pronto, fechado em si mesmo
(GERALDI, , p. ).
Em vista dos estudos em sala de aula e dos relatos coletados
na comunidade, os estudantes do 9º ano também podem gravar seus
vídeos minuto expondo em poucas palavras suas percepções e opiniões
a respeito da temática abordada na proposta didática interdisciplinar.
Para, além disso, um roteiro, certos da necessidade de que as falas
estejam norteadas por um objetivo geral, poderá ser elaborado para o
dia da socialização final, que pode iniciar com uma breve introdução
que relata o desenvolvimento das atividades até chegar à socialização
final, pois,
[...] os saberes não se acumulam, não constituem um
estoque que se agrega à mente, e sim há a transformação
da integração, da modificação, do estabelecimento de
relação e da coordenação entre esquemas de conheci-
mento que já possuímos, em novos vínculos e relações
a cada nova aprendizagem conquistada (ANTUNES,
, p. ).
Na etapa da socialização com todo o grupo escolar pode haver
um debate coletivo sobre a temática e os direcionamentos para se (re)
pensar sobre a democracia na contemporaneidade e outros pontos de
pauta que estarão relacionados com a temática em estudo. Por fim, é
pertinente que haja uma socialização via blog ou facebook da escola
para que todos tenham acesso à produção de conhecimentos no uso dos
gêneros multissemióticos, para os letramentos, considerando assim os
gêneros digitais preconizado pelos documentos norteadores educacionais
(BRASIL, 2018; PARANÁ, 2018).
As disciplinas de LP e de História nas abordagens interdis-
ciplinares, favorecem, por meio do estudo da Ditadura Militar, os
letramentos por meio do estudo da temática a partir de textos diversos,
a tirinha, a fotografia a obra literária, cinematográfica entre outros,
para o desenvolvimento de competências que englobam em o “aluno
149
O Ensino e suas Expressões
construir, analisar, discutir, levantar hipóteses, a partir da leitura de
diferentes gêneros de textos – única instância em que o aluno pode
chegar a compreender como, de fato, a língua que ele fala funciona.”
(ANTUNES, 2003, p. 120).
Ações como essa aproximam a escola e a comunidade ao socializar,
refletir e posicionar-se acerca da história do País. Incentivar a autonomia
dos estudantes por meio da escrita, leitura, oralidade, e a reflexão sobre
a língua favorece a emancipação dos sujeitos, sócio e historicamente
constituídos. Por esse motivo, “qualquer atividade, para ter sucesso,
necessita ser planejada. O planejamento é uma espécie de garantia dos
resultados.” (SCHMITZ, 2000, p. 101). Essa proposta interdisciplinar,
portanto, demonstra a possibilidade de um possível diálogo entre as
disciplinas, em uma proposta de interação interdiscursiva.
CONSIDERAÇÕES
O objetivo do trabalho foi propor atividades interdisciplinares
entre as disciplinas de LP e de História a fim de proporcionar a inserção
adequada dos sujeitos em sua comunidade de prática, no viés dos letra-
mentos. A proposta na perspectiva dos letramentos, portanto, oferece
uma nova postura diante do conhecimento, rompendo com os limites
existentes entre uma disciplina e outra, por meio de uma educação
integradora em atividades dinâmicas, desenvolvidas a partir de gêneros
multissemióticos. Assim, a postura do professor, enquanto mediador
de conhecimentos reflete-se no comprometimento com o processo de
ensino-aprendizagem nas práticas em âmbito escolar e social.
Procura-se, nesse sentido, promover a reflexão acerca do período
da Ditadura Militar, embasados pelos documentos norteadores educa-
cionais, BNCC (BRASIL, 2018) e RCPR (PARANÁ, 2018). Nesse
sentido, este trabalho configura-se enquanto uma proposta de ação
educativa voltada para a Rede Básica de Ensino, direcionada para uma
das possibilidades de estudo da Ditadura Militar, ancorada em pesquisas
acadêmicas no âmbito dos cursos de formação de professores.
150
Cleber Bianchessi (org.)
REFERÊNCIAS
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Artmed, .
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Verbal. Tradução de Paulo Bezerra. São Paulo: Martins Fontes,  [].
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STREET, B. Eventos de Letramento e Práticas de Letramento: teoria e prática nos
novos estudos do letramento. In: MAGALHÃES, I. (org.). Discursos e Práticas de
Letramento: pesquisa etnográfica e formação de professores. São Paulo: Mercado de
Letras, , p. -.
TENDLER, S. Marighella- Retrato Falado do Guerrilheiro.Trailer, .

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Práticas de letramentos uma proposta interdisciplinar no estudo da ditadura militar no brasil

  • 1. O ENSINO E SUAS EXPRESSÕES interdisciplinaridade, tecnologias, direitos humanos, linguagens, artes, discursos e recursos O ENSINO E SUASEXPRESSÕES interdisciplinaridade, tecnologias, direitos humanos, linguagens, artes, discursos e recursos Cleber Bianchessi organizador
  • 2. 139 PRÁTICAS DE LETRAMENTOS: UMA PROPOSTA INTERDISCIPLINAR NO ESTUDO DA DITADURA MILITAR NO BRASIL Pamela Tais Clein Capelin42 Sérgio Roberto Massagli43 INTRODUÇÃO Os sujeitos comunicam-se por meio de textos verbais e não verbais, de modo que, na esfera escolar, as práticas didático-pedagógicas atuam de modo a promover os letramentos considerando o “[...] letramento [...] uma tentativa de lidar com os eventos e com os padrões de atividades [...] mais ampla da natureza cultural e social.” (STREET, 2012, p. 76). A inserção adequada dos sujeitos nas mais variadas práticas de uso da língua(gem) ocorre por meio da leitura, da escrita e da análise linguística de gêneros discursivos que circulam em âmbitosocial.Nessa perspectiva, este trabalho investigativo visa a apresentar uma proposta pedagógica de abordagem interdisciplinar, entre as disciplinasde Língua Portuguesa, de ora emdiante LP, e de História, referente ao período da Ditadura Militar44 no Brasil, desenvolvida para alunos dos anos finais do Ensino Fundamental, 9º anos. Para a proposta de ações, considera-se, portanto, o compromisso do professor e da escola para com a formação social e cognitiva dos edu- candos, a fim de que desenvolvam seu potencial transformador, em vista de que “a participação em determinada prática social é possível quando o indivíduo sabe como agir discursivamente numa situação comunicativa, ou seja, quando sabe qual gênero do discurso usar.” (KLEIMAN, 2007, 42 Mestranda em Letras (UNIOESTE). Bolsista CAPES. CV: http://lattes.cnpq.br/ 43 Doutor em Estudos Literários (UNESP). Professor (UFFS). CV: http://lattes.cnpq.br/ 44 Embora seja referido ao longo do texto como o período da Ditadura Militar, é sabido que se tratou de um golpe civil-militar.
  • 3. 140 Cleber Bianchessi (org.) p. 12). Cabe, assim, à escola, favorecer os subsídios necessários para a formação dos sujeitos considerando os aspectos sócio-histórico-culturais. Nesse sentido, uma gama de ferramentas substanciais norteiam as ações propostas para a construção de conhecimentos acerca de aspectos sociais, culturais, econômicos e políticos do Brasil. Dentre os gêneros discursivos utilizados para a proposta de ensino e de aprendizagem, destacamos a canção, tendo em vista que “[…] Nos momentos de maior cerco da censura, as letras da música popular oferecem valioso instru- mento ao historiador.” (BRAGA, 2002, p. 125). Propostas de ações didático-pedagógicas interdisciplinares45 neces- sitam considerar “[...] os conhecimentos de várias disciplinas para resolver um problema concreto ou compreender um determinado fenômeno sob diferentes pontos de vista.” (BRASIL, 1998, p. 21). Nessa perspectiva, ao partir de uma proposta de atividades que permeiam o contexto da Ditadura Militar no Brasil objetiva-se propor espaços para a formação de sujeitos críticos, reflexivos, ativos e responsivos (BAKHTIN, 2003 [1979]). Com base no exposto, salienta-se que o estudo no viés inter- disciplinar está ancorado nos documentos norteadores educacionais, a Base Nacional Comum Curricular46 , de ora em diante BNCC (2017), o Referencial Curricular do Paraná47 , de ora em diante RCPR (2018) e nos Novos Estudos dos Letramentos - NELs (STREET, 2003, 2012; KLEIMAN, 2007, 2010). Para Kleiman, os letramentos pressupõem 45 A Interdisciplinaridade, no Brasil, surge a partir da década de , com a publica- ção da obra Interdisciplinaridade e Pedagogia do saber de Hilton Japiassu em . Para Barbosa “A interdisciplinaridade é condição epistemológica da pós-modernidade, e a interculturalidade, a condição política da democracia. A aliança entre essas duas condições basilares da vida, contemporâneas às tecnologias flexíveis e multiplicadoras, garantirá um humanismo em constante reconstrução para responder às imponderáveis e permanentes mudanças sociais.” (BARBOSA, , p. ). 46 A Base Nacional Comum Curricular - BNCC, é um documento que esclarece questões relativas à Educação Básica, desde a Educação Infantil até o Ensino Médio (BRASIL, ). 47 O Referencial Curricular do Paraná - RCPR “[...] orienta e estabelece direitos e objetivos de aprendizagens paraa Educação Infantil e [para o] Ensino Fundamental, com elementos obrigatórios definidos pela Base Nacional Curricular para os currículos do Estado, a partir das especificidades de cada escola ou região.” (PARANÁ, , p. ).
  • 4. 141 O Ensino e suas Expressões “[...] uma perspectiva social da escrita na esfera de atividades escolares [...] vinculadas à prática em que a leitura e a escrita [...] [tornam-se] ferra- mentas para agir socialmente.” (KLEIMAN, 2010, p. 380 grifos nossos). Em seguida,apresenta-se uma breve contextualizaçãosobre a impor- tânciadoestudoda DitaduraMilitar noBrasil,na RedeBásica deEnsino, em específico, nas disciplinas de LP e deHistória, bem comoexplana-se acerca de uma proposta didático-pedagógica que resgata a história do Brasil, em vista de que ela nosconstitui enquantosujeitos sociais,históricose culturais. DESENVOLVIMENTO A proposta de ações na perspectiva interdisciplinar envolve a LP e a História. Aborda-se a Música Popular Brasileira, de ora em diante, MPB, no estudo da Ditadura Militar, voltada ao processo de ensino e de aprendizagem por meio da multimodalidade de gêneros preconizado pela BNCC (BRASIL, 2018) e pelo RCPR (PARANÁ, 2018). Dessa forma, integrar disciplinas para o desenvolvimento de um conjunto de ações é promover espaços em que a abordagem de um determinado con- teúdo ocorre de modo favorável, visando a um mesmo objetivo educativo. Umavezqueosalunosdo9ºanosãonativos digitais, cabe aoprofessor dinamizar as aulas, de modoa instigar o estudante a fazer parte dessacons- trução coletiva e progressiva de conhecimentos. Propostasinterdisciplinares desenvolvidas com base em gêneros multissemióticos, de textos diversos, permeados pela multimodalidade de linguagens, visama despertar a curio- sidade e o interesse dos alunos em fazer parte deste espaço de alteridade. Dessa forma, em relação aos conteúdos, tem-se por finalidade aprofundar os conhecimentos sobre a Ditadura Militar no Brasil, uti- lizando-se do gênero canção e de outros textos multissemióticos. As canções são ferramentas profícuas no processo educacional, devido à capacidade de ativar e desenvolver estímulos nos educandos, seja em momentos de distração ou de formação cultural, a fim de desvelar o universo social construído por meio da coletividade. Nesta proposta de estudo interdisciplinar a canção selecionada é Apesar de você (1970) de Chico Buarque de Holanda, que focalizada por
  • 5. 142 Cleber Bianchessi (org.) meio de atividades diversas, favorece explorar aspectos que auxiliam na compreensão do período histórico que marcou o Brasil, com ênfase para a relevância da MPB nessas quase três décadas conturbadas da história do País. Assim, A integração dos diferentes conhecimentos pode criar as condiçõesnecessáriasparaumaaprendizagemmotivadora, na medida em queofereça maiorliberdade aos professores e alunos para a seleção de conteúdos mais diretamente relacionadosaosassuntosou problemas que dizemrespeito à vida da comunidade. (BRASIL, , p. ) Reconhecer o percursopolítico, histórico e cultural doBrasil envolve compreender acerca dosaspectos que constituem aidentidade dosbrasileiros, logooprocessode ensinoedeaprendizagemprecisa partirdosconhecimentos préviosdos alunos, bemcomo ressignificar e construir novas experiências, a fimde promover osletramentos,favorecendoo usoadequadodashabilidades linguístico-discursivas para o exercício da cidadania. Assim, enquanto encaminhamentos metodológicos a primeira etapa da proposta didática tem como objetivo apresentar aos estudan- tes as ações interdisciplinares sobre o estudo da Ditadura Militar no Brasil desenvolvido nas aulas de LP. Uma possível proposta na etapa de sensibilização considera a tirinha da Turma da Mônica, de Mauricio de Souza, publicada no jornal estadão, na data de 16 de novembro de 2010. A conversa retrata a fala da Mônica “Pai... o que é censura?” e seu pai “Bem...”, conforme observado abaixo, na figura 01. Figura 01: Tirinha da Turma da Mônica (SOUSA, 2010) Fonte: Jornal o Estadão (2010)
  • 6. 143 O Ensino e suas Expressões Identifica-se a tira de Maurício de Sousa, por meio das persona- gens Mônica e seu pai, retrata um dos aspectos que marcaram o período ditatorial. A “censura” é representada por meio das expressões faciais e corporais das personagens no quadrinho 2, na impossibilidade de expressar-se verbalmente, bem como pelas tarjetas pretas rasurando as palavras no último balão. Assim, a tira acima possibilita a abordagem da temática em estudo de modo a chamar a atenção do aluno, ao mesmo tempo suscitar a criticidade e a reflexividade. Partindo das percepções dos alunos, a compreensão, ressignificação e ampliação de conhecimentos são mediadas pelo professor da disciplina. Na primeira etapa das aulas de História, a sensibilização dos alunos poderá ser realizada, por exemplo, por meio de uma fotografia em preto e branco, que retrata cidadãos nas ruas, de mãos dadas caminhando, em forma de marcha contra a violência no período da Ditadura, junto de um cartaz ao fundo com a mensagem “Contra a censura pela cultura”, conforme observado abaixo, na figura 02. Figura 02: Fotogra a Fonte: Google fotos Na fotografia acima, identifica-se um grupo de mulheres que estão à frente na marcha contra a “censura”; logo atrás, observam-se homens também presentes na manifestação a favor da cultura. Assim como na tirinha da figura 1, a fotografia da figura 2 também aborda a “censura”,
  • 7. 144 Cleber Bianchessi (org.) um tema pertinente a ser discutido quando o assunto central é a Ditadura Militar. Desse modo, tem-se por objetivo inserir os alunos no contexto da proposta pedagógica, no desenvolvimento das práticas de letramentos. A sugestão é que o professor de História direcione os estudos em relação à imagem apresentada, ao inquirir os alunos a respeito das percepções e leituras que fazem da fotografia e as possibilidades de leituras coletivas, ressignificadas, para além do que já é de conhecimento dos alunos. É importante que os estudantes, nessa etapa, nas disciplinas de LP e de História, sejam inquiridos com perguntas iniciais, para o levantamento dos conhecimentos prévios acerca do tema proposto para o estudo, como, por exemplo: O que vocês compreenderam ao ler/observar este texto? De qual assunto é tratado? O que significou/representou a “censura” na época ditatorial? A qual gênero discursivo estetexto pertence? Já leram essa tirinha/ já viram essa fotografia? Vocês identificam qual a diferença entre os gêneros tirinha de charge, caricatura e cartum/ o gênero fotografia de reportagem, do gênero notícia? O que vocês sabem sobre a Ditadura Militar no Brasil? Qual foi o período de duração dos anos de chumbo? Quem governou o País na época da Ditadura Mili- tar? Já leram alguma obra que trata do regime ditatorial? Os pais, avós, familiares já falaram sobre a Ditadura Militar para vocês?, etc. O professor de LP pode direcionar o estudo indagando os estu- dantes: Conhecem alguma música, cantores e compositores dessa época de extrema repressão, da Ditadura Militar? Já ouviram falar de Chico Buarque de Holanda? Alguém já ouviu a canção Apesar de você (1970)?. Com base nas respostas, o professor poderá apresentar o cantor/compo- sitor mencionado e a importância das canções de MPB nesse período de repressão. O docente pode complementar as respostas dos alunos, agregando conhecimentos para além dos que eles já enunciaram. Na segunda parte da proposta didática, na disciplina de LP, pode ser promovida a pré-leitura, leitura e a pós-leitura da canção Apesar de você (1970) de Chico Buarque de Holanda, que os alunos podem receber de modo impressoe tambémprojetada emslides. Nesse sentido, “o professor de português precisa ter a competência suficiente que lhe confira a autonomia
  • 8. 145 O Ensino e suas Expressões necessáriaà conduçãode seutrabalho, oque,emnenhummomento,dispensa sua inserção nas preocupações do grupo com o qual atua.” (ANTUNES, 2003. p. 171). Serão identificados, desta forma, aspectos relevantes da can- ção, sobretudo no que concerne ao período político, histórico e social de produção e o que isso influenciou na produção de sentidos, relacionando a temática da letra com o período da Ditadura Militar no Brasil. A primeira leitura é realizada por meio da apreciação, leitura de fruição, da canção Apesar de você (1970) de Chico Buarque de Holanda. Posteriormente, pode ser apresentado o autor, bem como o gênero can- ção, os possíveis interlocutores, entre outros, a fim de que os sujeitos reconheçam as práticas sociais de produção e de circulação desse gênero discursivo. Já, na segunda leitura, para além da escuta, pode ser realizado o acompanhamento atento à letra impressa e projetada. Neste momento, o professor chama a atenção dos estudantes para o conteúdo do texto, a melodia e a sua relação com o contexto social da época. Sem demora, a intervenção do professor mediará à construção de saberes por meio das percepções coletivas sobre a canção. Em vista disso, a segunda leitura irá para além da escuta e leitura de fruição, levando os alunos a refletirem e posicionarem-se criticamente, de modo oral, sobre a temática proposta para o estudo. A terceira leitura será a de consolidação das percepções em discussões em sala, a confirmação e a refutação das hipóteses. O professor pode complementar os conheci- mentos produzidos e ressignificados com exemplos do dia-a-dia, com ilustrações e informações relevantes, pois “é preciso que a escola seja um espaço que promova, por meio de uma gama de textos com dife- rentes funções sociais, o letramento do aluno, para que ele se envolva nas práticas de uso da língua – sejam de leitura, oralidade e escrita.” (PARANÁ, 2008, p. 50). O professor de LP, portanto, pode ressaltar, para além do con- teúdo, a dimensão estética da mensagem, principalmente o recurso da ambiguidade, que provoca um deslocamento das instâncias discursivas dos interlocutores. Quem é o eu do discurso? Quem é o outro (você)? com o auxílio de uma pesquisa sócio-histórica e discursiva os interlocutores
  • 9. 146 Cleber Bianchessi (org.) podem ser definidos. Em decorrência disso, a leitura e a escrita ganham outros sentidos, considerando que “se tenha o que dizer, se tenha uma razão para dizer o que se tem a dizer, se tenha para quem dizer, o locutor se constitua como tal, enquanto sujeito que diz o que diz para quem diz e se escolham as estratégias para realizá-las.” (GERALDI, 1997, p. 35). Da mesma maneira, na disciplina de História, sugere-se a pré- -leitura, leitura e a pós-leitura de um trecho da obra Amores exilados (2011) de Godofredo de Oliveira Neto. Nesse sentido, a abordagem pode versar sobre o exílio, os personagens da obra, assim como muitos sujeitos vivenciaram na época da ditadura. A leitura e análise poderá permear sobre excertos, como, os que retratam “A solidão em alguns, a estranha alegria em outros, a angústia na maioria. O universo dos exilados era esse. A insegurança psicológica ou levava a abraçar com exagerado ardor o país do exílio ou a abominá-lo.” (NETO, 2011, p. 51). Para, além disso, que “Paris escondia-se sob uma névoa rala. Talvez fosse esse céu esbranquiçado passando a chumbo que afogava as alegrias; que deprimia [...] de se viver num casulo de asfalto.” (NETO, 2011, p. 16). O romance de Neto (2011) narra acerca do triângulo amoroso, o exílio de brasileiros durante a Ditadura Militar e os acontecimentos políticos da época. Assim, as percepções acerca dos trechos podem auxiliar no debate coletivo, na compreensão e construção de novos conhecimentos acerca do “exílio”, em discussões pertinentes quando o assunto em pauta é a Ditadura Militar no Brasil. Sendo o leitor um “antecipador da palavra que vai ler.” (KATO, 1986, p. 61), a temática “exilio” poderá, portanto, atuar enquanto fio condutor para uma série de discussões que permeiam os estudos propostos. Outra sugestão é assistir ao trailer ou parte de Marighella- Retrato Falado do Guerrilheiro (2001) do diretor Silvio Tendler. Car- los Marighella foi um escritor e um dos principais organizadores da luta contra a Ditadura Militar no Brasil. O guerrilheiro, representante da população brasileira, foi morto em 1969. O cinema nacional, nesse sentido, retratou o assassinato do líder em: Batismo de sangue (2007) e Marighella, retrato falado de um guerrilheiro (2001).
  • 10. 147 O Ensino e suas Expressões Após as leituras propostas acima, o gênero debate é uma das suges- tões de atividade para as duas disciplinas, uma vez que ele possibilita a liberdade de expressão, a construção de argumentos e o posicionamento critico, reflexivo, ativo e responsivo nas práticas de letramentos. Logo, a participação legítima dos estudantes no processo de ensino e de apren- dizagem nas aulas de LP e de História ocorre por meio da construção de conhecimentos de modo coletivo, nas trocas entre professores e alunos, a fim de que propiciem “reflexões sobre as estratégias do dizer.” (GERALDI, 1997, p. 192). A abordagem da mesma temática em duas disciplinas distintas promove a integração de conteúdo, bem como a interdiscursividade sobre um assunto nas distintas áreas do conhecimento. No prosseguimento das ações o professor de LP poderá apresentar o gênero vídeo minuto, como ele se constitui, onde circula e os possíveis interlocutores desse gênero digital abordado pela BNCC (BRASIL, 2018) e pelo RCPR (PARANÁ, 2018). Na disciplina de História poderá ser proposto que os alunos desenvolvam uma atividade de vídeo que busca abordar em 60 segundos algum conteúdo específico, nesse caso, a Ditadura Militar no Brasil. De modo coletivo, em sala, podem ser elaboradas perguntas norteadoras para que os estudantes utilizem como base para a atividade nas suas comunidades. Os alunos podem explicar aos familiares, pais, vizinhos e a comunidade de modo geral, que a ação é uma proposta interdisciplinar promovida na/pela escola, nas disciplinas de LP e de História. Os colaboradores participam de modo voluntário, em um relato de experiência sobre a Ditadura Militar no Brasil. O vídeo minuto trata da sondagem de experiências vividas pela comunidade da qual os estudantes fazem parte. Os professores de LP e de História, se possível, na etapa seguinte, podem ministrar aulas juntos, na turma do 9º ano do Ensino Funda- mental. O material gravado (por meio da câmera digital ou do celular) pode ser socializado em sala, bem como selecionados os vídeos minuto que os estudantes julguem mais relevantes para socializar com todo o grupo escolar. As ações interdisciplinares exteriorizam, portanto, que
  • 11. 148 Cleber Bianchessi (org.) A língua, enquanto produto desta história e enquanto condição de produção da história presente vem marcada pelos seus usos e pelos espaços sociais destes usos. Neste sentido a língua nunca pode ser estudada ou ensinada como produto acabado, pronto, fechado em si mesmo (GERALDI, , p. ). Em vista dos estudos em sala de aula e dos relatos coletados na comunidade, os estudantes do 9º ano também podem gravar seus vídeos minuto expondo em poucas palavras suas percepções e opiniões a respeito da temática abordada na proposta didática interdisciplinar. Para, além disso, um roteiro, certos da necessidade de que as falas estejam norteadas por um objetivo geral, poderá ser elaborado para o dia da socialização final, que pode iniciar com uma breve introdução que relata o desenvolvimento das atividades até chegar à socialização final, pois, [...] os saberes não se acumulam, não constituem um estoque que se agrega à mente, e sim há a transformação da integração, da modificação, do estabelecimento de relação e da coordenação entre esquemas de conheci- mento que já possuímos, em novos vínculos e relações a cada nova aprendizagem conquistada (ANTUNES, , p. ). Na etapa da socialização com todo o grupo escolar pode haver um debate coletivo sobre a temática e os direcionamentos para se (re) pensar sobre a democracia na contemporaneidade e outros pontos de pauta que estarão relacionados com a temática em estudo. Por fim, é pertinente que haja uma socialização via blog ou facebook da escola para que todos tenham acesso à produção de conhecimentos no uso dos gêneros multissemióticos, para os letramentos, considerando assim os gêneros digitais preconizado pelos documentos norteadores educacionais (BRASIL, 2018; PARANÁ, 2018). As disciplinas de LP e de História nas abordagens interdis- ciplinares, favorecem, por meio do estudo da Ditadura Militar, os letramentos por meio do estudo da temática a partir de textos diversos, a tirinha, a fotografia a obra literária, cinematográfica entre outros, para o desenvolvimento de competências que englobam em o “aluno
  • 12. 149 O Ensino e suas Expressões construir, analisar, discutir, levantar hipóteses, a partir da leitura de diferentes gêneros de textos – única instância em que o aluno pode chegar a compreender como, de fato, a língua que ele fala funciona.” (ANTUNES, 2003, p. 120). Ações como essa aproximam a escola e a comunidade ao socializar, refletir e posicionar-se acerca da história do País. Incentivar a autonomia dos estudantes por meio da escrita, leitura, oralidade, e a reflexão sobre a língua favorece a emancipação dos sujeitos, sócio e historicamente constituídos. Por esse motivo, “qualquer atividade, para ter sucesso, necessita ser planejada. O planejamento é uma espécie de garantia dos resultados.” (SCHMITZ, 2000, p. 101). Essa proposta interdisciplinar, portanto, demonstra a possibilidade de um possível diálogo entre as disciplinas, em uma proposta de interação interdiscursiva. CONSIDERAÇÕES O objetivo do trabalho foi propor atividades interdisciplinares entre as disciplinas de LP e de História a fim de proporcionar a inserção adequada dos sujeitos em sua comunidade de prática, no viés dos letra- mentos. A proposta na perspectiva dos letramentos, portanto, oferece uma nova postura diante do conhecimento, rompendo com os limites existentes entre uma disciplina e outra, por meio de uma educação integradora em atividades dinâmicas, desenvolvidas a partir de gêneros multissemióticos. Assim, a postura do professor, enquanto mediador de conhecimentos reflete-se no comprometimento com o processo de ensino-aprendizagem nas práticas em âmbito escolar e social. Procura-se, nesse sentido, promover a reflexão acerca do período da Ditadura Militar, embasados pelos documentos norteadores educa- cionais, BNCC (BRASIL, 2018) e RCPR (PARANÁ, 2018). Nesse sentido, este trabalho configura-se enquanto uma proposta de ação educativa voltada para a Rede Básica de Ensino, direcionada para uma das possibilidades de estudo da Ditadura Militar, ancorada em pesquisas acadêmicas no âmbito dos cursos de formação de professores.
  • 13. 150 Cleber Bianchessi (org.) REFERÊNCIAS ANTUNES, C.Novas maneiras de ensinar,novas formas de aprender. Porto Alegre: Artmed, . ANTUNES, I. Aula de português: encontro & interação. São Paulo: Parábola Edito- rial, . BARBOSA, A. M. Arte/Educação Contemporânea. São Paulo: Cortez, . BAKHTIN, M. Os gêneros do discurso. In: BAKHTIN, M. M. Estética da Criação Verbal. Tradução de Paulo Bezerra. São Paulo: Martins Fontes,  []. BRAGA, L. O. R. C. A Invenção Da Música Popular Brasileira: de  ao final do Estado Novo. Tese de Doutorado, UFRJ/IFCS/PPGHIS. Rio de Janeiro, . BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: história/ Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC /SEF, .  p. BRASIL, MEC. Base Nacional Comum Curricular (BNCC). . Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF__versaofinal_site. pdf. Acesso em:  jun. . GERALDI, J. W. Portos de Passagem. . ed. São Paulo: Martins Fontes, . GERALDI,J.W.Concepções de linguagem e ensino de português..ed.In: GERALDI, J.W (Org.).Otexto na sala de aula: leitura e produção.São Paulo: Ática,,p.-. HOLANDA, C. B. Apesar de Você. Música. . NETO, Godofredo de Oliveira. Amores exilados. Rio de Janeiro: Record, . HOLLANDA, H. B de; GONÇALVES, M. A. Cultura e participação nos anos . Brasiliense. . ed. São Paulo, . KATO,M.Nomundodaescrita: uma perspectiva psicolinguística.São Paulo: Ática,. KLEIMAN, A. Letramento e suas implicações para o ensino de língua materna. Signo, Santa Cruz do Sul, v. , n. , p. -, dez. . KLEIMAN,A.B.Trajetórias de Acesso ao Mundo da Escrita: relevância das práticas não escolares de letramento para o letramento escolar. Perspectiva, Florianópolis, v. , n. , p. -, jul./dez. . Disponível em: https://doi.org/./-X. vnp. Acesso em: . jul. . PARANÁ.Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes curriculares da educação básica do Paraná. Curitiba: SEED, . PARANÁ.Referencial Curricular doParaná:Princípios,Direitos e Orientações..
  • 14. 151 O Ensino e suas Expressões SCHMITZ, Egídio. Fundamentos da Didática. ª Ed. São Leopoldo, RS: Editora Unisinos, . STREET, B. Abordagens Alternativas ao Letramento e Desenvolvimento. Teleconfe- rência Unesco Brasil sobre o Letramento eDiversidade,outubro de . Disponível em: http://telecongresso.sesi.org.br. Acesso em:  jul. . STREET, B. Eventos de Letramento e Práticas de Letramento: teoria e prática nos novos estudos do letramento. In: MAGALHÃES, I. (org.). Discursos e Práticas de Letramento: pesquisa etnográfica e formação de professores. São Paulo: Mercado de Letras, , p. -. TENDLER, S. Marighella- Retrato Falado do Guerrilheiro.Trailer, .