Este documento descreve o teste de appercepção Roberts Apperception Test for Children (R.A.T.C.). O teste envolve apresentar imagens ambíguas para crianças e pedir-lhes que criem histórias com base nelas. As histórias fornecem insights sobre os sentimentos, pensamentos, preocupações e estilos de coping das crianças. O teste é administrado individualmente para crianças entre 6-15 anos e as histórias são cotadas de acordo com vários indicadores adaptativos e clínicos. Os resultados são interpretados para aval
2. R.A.T.C
A interpretação é baseada na suposição de que,
quando são apresentados, às crianças, desenhos
ambíguos de crianças e adultos em interação
diária, elas projetarão os seus sentimentos,
pensamentos, preocupações, conflitos e estilos de
coping, nas histórias que criam, a partir desses
desenhos/ imagens.
3. R.A.T.C
Material Idade
Tarefa
Solicitar individualmente a
uma criança que elabore
histórias, a partir de 16
lâminas/ cartões,
evocativos de diferentes
temáticas interpessoais.
27 cartões; 5 comuns a
ambos os géneros e 11
com versões masculina/
feminina (no total, apenas
são aplicados 16 cartões,
apresentados um a um,
separadamente).
Dos 6 aos 15 anos.
4. Administra
ção
Instruções:
“Tenho algumas imagens que te vou mostrar, uma de cada vez, e gostava
que construísses uma história acerca de cada uma. É importante que digas o
que está a acontecer e o que aconteceu antes, o que é que eles estão a
sentir, o que estão a pensar e como acaba a história”
Para crianças mais pequenas: “Para cada imagem que te mostrar, quero que
me contes uma história com princípio, meio e fim. Diz-me o que é que as
pessoas estão a fazer, a sentir e a pensar”.
5. Administra
ção
Inquérito: realizável até às duas primeiras lâminas/ cartões. As 5 questões
possíveis são:
• o que está a acontecer?
• o que aconteceu antes?
• o que é que ele(a) está a sentir?
• de que é que ele(a)/ eles(as) estão a falar?
• como é que a história acaba?
6. Cotação
Suporte-outros
(SUP-O)
Suporte- Criança
(SUP-C):
Quando uma personagem procura
ajuda de outros, para lidar com um
conflito intrapsíquico, para
resolver um problema exterior/
externo, para completar uma
tarefa, pede autorização/
permissão, aprovação ou objetos
materiais/ coisas, pede dinheiro,
pede autorização para ir brincar,
pedir ajuda ao professor, chama o
médico...
Quando alguma das personagens dá algo ou
interage positivamente com outra
personagem, por exemplo, uma
personagem dá objetos ou faz algo pedido
(um desejo), dá compreensão, aceitação,
conforto, amor, acredita nos sentimentos
da pessoa, nas capacidades ou
comportamento dessa pessoa, dá
conselhos que encorajam a pessoa a
enfrentar as exigências de dada situação,
explica algo.
Alguma das personagens
sente-se feliz (ou sentimento
equivalente) ou evidencia
apropriado auto- controlo (ex:
assertividade, auto-
suficiência…), quando uma
personagem mostra resposta
adequada de autoconfiança,
assertividade, perseverança,
gratificação diferida.
8 Escalas Adaptativas
Pedido de ajuda
7. Cotação
Identificação do
Problema
Uma personagem adulta coloca
limites ao comportamento da
criança, pune-a ou aconselha-a.
Na história, existe uma identificação diferenciada
do problema com o qual as personagens se
confrontam. Por exemplo, quando uma
personagem descreve/ “coloca”/ articula um
problema específico, confronta-se com um
obstáculo, experiencia sentimentos ou
comportamentos contraditórios ou opostos, em
relação a si mesma ou entre pessoas.
8 Escalas Adaptativas
Limite do
Comportamento
8. Cotação
Resolução 2
A RES-1 é codificada em
histórias em que o problema
deixa subitamente de existir
ou tem uma resolução
mágica. Exemplo: “viveram
felizes para sempre”
Na RES-2 a história tem uma
finalização adaptativa e há
alguma discriminação dos
passos que conduziram à
resolução.
8 Escalas Adaptativas
Resolução 1 Resolução 3
Na RES-3, para além dos
requisitos da RES-2, é
necessária a presença de
extrapolações ou
generalizações para
situações futuras .
9. E S C A L A S C L Í N I C A S
Ansiedade-
ANX
Uma das personagens
manifesta sentimentos de
ansiedade ou equivalentes
ansiosos/ ansiógenos (ex:
ferir-se, estar doente…);
também pode ser usada na
cotação de temas em que
a personagem expressa
culpa ou remorso.
Depressão-
DEP
Agressão-
AGG
Rejeição-
REJ
Uma das personagens
manifesta agressão
aberta (ex: agressão
física), agressão coberta
(ex: estar irritado) ou
destrói objectos;
agressão verbal.
Uma das personagens
manifesta sentimentos
de depressão ou
equivalentes depressivos
(ex: cansaço…).
Uma das personagens
rejeita ou não gosta de
outra.
Não
resolvido
A história não contém
uma resolução dos
aspectos
comportamentais ou
emocionais
problemáticos; ausência
de resolução.
10. Indicadores Clínicos
Resposta atípica- ATY
Resposta em que o conteúdo da imagem é, claramente, distorcido, existindo processos
perturbados de pensamento ou temáticas clínicas (ex: abuso sexual, violência excessiva,
homicídio…).
Resposta Mal-adaptada- MAL
Recusa- REF
Resposta em que a finalização da história é mal-adaptativa (ex: as personagens fazem algo
que contribui para a manutenção do problema, manifestam comportamentos
socialmente inaceitáveis). A história termina com a violação de uma norma social (ex:
roubar, mentir, agredir violentamente alguém, matar…).
A criança recusa-se a contar uma história.
11. Notas:
• As escalas SUP-O e SUP-C não podem ser codificadas simultaneamente, isto é, apenas uma
destas escalas deve ser cotada numa dada história. Se ambos os suportes forem referidos na
história, escolheremos o que fornecer informação mais relevante do ponto de vista de análise do
caso; ou o que exigir maior projeção/ elaboração por parte da criança- por não ser tão diretamente
sugerido pela lâmina.
• Existem 5 modos alternativos para codificar o final de uma história: RES-1, RES-2, RES-3, UNR e
MAL. São, também, mutuamente exclusivos, isto é, para cada história apenas um e um só desses
modos é cotado, devendo ser escolhido o que melhor descreve a situação/ação/ interação entre
personagens.
12. Sujeito A: João
12 anos
Lâmina: 12-B (conflito parental/depressão)
"Aqui, nesta imagem, é os pais que estão tristes e cansados e aqui o filho está a ver o sofrimento deles e
está triste e um bocado nervoso a pensar se vai correr melhor a vida aos pais."
Exercício de cotação
13. Interpretação:
• Considerar o resultado total/frequência para cada um dos indicadores clínicos: Resposta
Atípica (ATY) e Resposta Mal-adaptada (MAL) – para determinar a gravidade de distúrbio
(ver: valores de corte/pontos discriminantes);
• O Acting out e um fraco controlo de impulsos, que podem ser identificados por um
resultado elevado em MAL – indica um nível moderado de distúrbio ou perturbação.
• Conteúdo sexual e/ou outros abusos físicos – poderão significar abuso sexual.
• Identificação de um funcionamento intelectual baixo e/ou imaturidade e/ou resistência
ou comportamento de oposição – a partir da presença de várias categorias Não-
Codificação/Sem Pontuação (NS) e/ou de Recusa (REF).
• Identificar áreas/domínios de problemas emocionais, indicados por um número elevado
de resultados de escalas clínicas.
14. Interpretação:
• Analisar os resultados nas escalas adaptativas para identificar o nível geral de
maturidade/desenvolvimento da criança e o nível de funcionamento do Eu/ como a
criança lida com situações problemáticas. Crianças com problemas graves têm,
geralmente, resultados baixos nas escalas de Resolução.
• Avaliar o potencial da criança em termos de resolução de problemas, de um modo
adequado à sua idade.
• Comparar os resultados REL e SUP-O para avaliar o sistema de suporte/apoio da criança.
• Determinar o nível de auto-suficiência/ auto-confiança, a partir de resultados obtidos na
escala SUP-C.
• Identificar a percepção que a criança tem do estilo parental de educação/disciplina
(métodos) através dos resultados de LIM.
• Efetuar a análise de conteúdo para identificar aspetos invulgares e/ou temas recorrentes,
nas histórias, bem como o sentimento de “família” e a tonalidade emocional geral
predominante.