SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 1
Baixar para ler offline
Product: OGlobo PubDate: 02-04-2012 Zone: Nacional Edition: 1 Page: PAGINA_G User: Schinaid Time: 04-01-2012              20:14 Color: K




h
Segunda-feira, 2 de abril de 2012                                                                                                                                                                   OPINIÃO            •   7
                                                                                                O GLOBO
Pegaram o                                                                                                PAULO GUEDES
estrangeiro!
PAULO DELGADO                                                                      O caminho da prosperidade
É                                                A
        cada vez mais descontínua e vo-                  disponibilidade abundante de                       O regime fiscal, expansionista há dé-                empregos sem melhorar a produtivi-
        látil a percepção da realidade                  recursos naturais sempre asse-                    cadas, trouxe uma trajetória de juros                  dade não aumenta o padrão de vida
        pelos políticos franceses. Os                   gurou ao Brasil uma vantagem
        dez candidatos a presidente da                                                                    explosivos e câmbio sobrevalorizado.                   dos trabalhadores e a competitivi-
República nas eleições cujo primeiro                    comparativa clássica na expor-                    O manicômio tributário aumentou a ta-                  dade das empresas”, adverte Micha-
turno será no fim deste mês pegaram o            tação de commodities. Exportamos,                        xa de mortalidade das pequenas e mé-                   el Porter, especialista em estratégia
estrangeiro para Cristo. As pessoas e            na verdade, terra, água e sol, em for-                   dias empresas. Excessivos encargos                     competitiva.
as mercadorias, tudo que vem de fora
anda mal falado no país do iluminismo.
                                                 ma de produtos minerais e agrícolas.                     sociais e trabalhistas condenaram ao                     Enquanto se perdem macroeconomis-
Nação mais visitada do mundo, com                Temos matérias-primas essenciais à                       desemprego a mão de obra menos qua-                    tas puxando alavancas de política mo-
produtos cobiçados nos cinco conti-              formação de cadeias produtivas in-                       lificada. A insuficiência de investimen-               netária, em meio à grande crise contem-
nentes, a França reage com mau humor             dustriais de amplo alcance, da agroin-
ao mal-estar da política e da economia,                                                                   tos públicos e a regulamentação inade-                 porânea, Porter atualiza a mensagem
estas atividades movidas por oportuni-           dústria aos manufaturados, dos pe-                       quada tornaram deficientes a infraes-                  dos economistas clássicos: “Precisa-
dades e oportunismos.                            troquímicos ao aço.                                      trutura e a logística, emperrando as ca-               mos de instituições políticas efetivas,
   A campanha presidencial está um                 Mas começam aí as dificuldades das                     deias produtivas. As fontes de capital                 um regime fiscal sensato, um ambiente
panfleto de um único objetivo: achar             empresas brasileiras. Estão ameaçadas
um culpado. Os franceses tinham tan-                                                                      de risco e a qualificação do capital hu-               de negócios que estimule o empreende-
ta consciência de que o debate sobre             mesmo indústrias convencionais de                        mano são insatisfatórias para setores                  dorismo e a inovação. Investimentos na
os imigrantes e as minorias estava tão           baixo valor agregado: têxtil, de sapa-                   mais especializados.                                   infraestrutura de transporte, comuni-
agressivo e racista que, sintomatica-            tos, de móveis, de brinquedos, de cons-                    “Aumentar a produtividade de uma                     cação, logística e informação. Merca-
mente, quando se deram conta da sé-
rie de assassinatos no Sul do país, não
                                                 trução e outras mais que empregam                        economia a longo prazo deveria ser                     dos de capitais eficientes. E educação
saía de suas cabeças o massacre de               mão de obra pouco qualificada. Isso                      o principal objetivo da política eco-                  de qualidade em todos os níveis.”
Oslo no ano passado, onde um neona-              porque as vantagens competitivas em                      nômica. Esforços do governo para                         O aumento da produtividade é que ga-
zista trucidou dezenas de pessoas in-            uma economia moderna dependem,
defesas. Quando a polícia descobriu                                                                       estimular a demanda a curto prazo                      rante os aumentos de salário dos traba-
que o massacre de Toulouse e região              fundamentalmente, da qualidade das                       não garantem a prosperidade do pa-                     lhadores, a maior competitividade das
fora feito por um fanático “deles”, de           políticas públicas.                                      ís a longo prazo. A tentativa de criar                 empresas e a prosperidade de um país.
descendência árabe, um certo alívio
tomou conta da maioria. “Afinal não


                                            Ataque à Constituição                                                                                                               A hora de
somos tão ruins assim, enquanto eles,
que tanto criticamos, continuam os
donos das atrocidades.”
   Se o autor das sete mortes fosse ou-
tro, o rumo do discurso da campanha
certamente mudaria. E a análise sobre       ALESSANDRO MOLON
                                                                                                                                                                        Alvim   julgar
os estrangeiros e sua contribuição pa-



                                            A
ra a história do país encontraria um               bancada ruralista da Câmara dos                                                                                              CARLOS ALBERTO DI FRANCO




                                                                                                                                                                                O
caminho mais equilibrado e justo. Por-              Deputados se uniu novamente
que o mais difícil de fazer é defender a            em torno de uma bandeira que                                                                                                         leitor é sempre o melhor ter-
ideia de que, sob o discurso da bestia-             pode levar a um retrocesso que                                                                                                        mômetro para medir a tem-
lidade, qualquer um poderia ter feito a     anulará décadas de conquistas sociais                                                                                                         peratura da sociedade. Em
ignominia, à esquerda e à direita. O        em nosso país: a Comissão de Constitui-                                                                                                       um de meus últimos artigos
medo de que o assassino fosse um            ção, Justiça e Cidadania admitiu a Pro-                                                                                             fiz uma radiografia da corrupção e
francês “legítimo” — descendente co-        posta de Emenda Constitucional (PEC)                                                                                                defendi a seguinte prioridade no
mo alguns gostam de dizer de “nossos        215/2000 e de outras dez anexas a ela.                                                                                              combate aos malfeitos: cobrar dos
ancestrais gauleses” — tomou conta          Uma decisão contrária à Constituição, à                                                                                             ministros do Supremo Tribunal Fede-
de toda a campanha, pois ela tem sido       Justiça, e à Cidadania — exatamente o                                                                                               ral o julgamento do mensalão.
a munição para diferentes tipos de          que a Comissão deve proteger.                                                                                                          Recebi uma enxurrada de e-mails
ódio e revolta que andam pelos sub-           Em síntese, as emendas admitidas, se                                                                                              de leitores de várias cidades brasilei-
terrâneos da Europa.                        aprovadas pelo Congresso, farão com                                                                                                 ras. Um denominador comum esteve
   Felizmente em boa hora líderes das       que nenhuma reserva indígena, quilom-                                                                                               presente em todas as mensagens: as
comunidades judaica e islâmica na           bola ou zona de conservação ambiental                                                                                               pessoas não admitem o não julga-
França dão o exemplo e se unem para a       venha a ser criada sem votação no Le-                                                                                               mento do mensalão, com a conse-
luta contra a xenofobia, preconceito e      gislativo. Considerando a força da ban-                                                                                             quente consagração da impunidade.
fanatismo que sempre ameaçaram os           cada ruralista, isto significa, na prática,                                                                                         Ao mesmo tempo, afirmam que o tra-
dois filhos de Abraão.                      que não haverá novas reservas indíge-                                                                                               balho investigativo da imprensa deve
   Aliás, preconceito que ameaça a to-      nas, áreas de conservação ambiental ou                                                                                              continuar e se aprofundar.
dos. Toda forma de fascismo esconde         quilombolas. Os defensores destas pro-                                                                                                 Em que pé estão as coisas? O pro-
uma grande fraqueza, abrigada nos ar-       postas argumentam que, por ser o Le-                                                                                                cesso aguarda a conclusão do traba-
gumentos mais estúpidos, resultando         gislativo mais plural e representativo                                                                                              lho de revisão do ministro Ricardo
nas práticas mais agressivas.               do que o Executivo, ao se dar àquele es-                                                                                            Lewandowski. Alguns crimes já pres-
   Além do isolacionismo cultural, épo-     ta atribuição, a proposta seria um avan-                                                                                            creveram. Se o mensalão não for jul-
cas de crise são pródigas em muitas         ço democrático. Falso.                                                                                                              gado em 2012, a probabilidade de im-
outras formas de segregação e estere-         Antes de mais nada, tais propostas          der do Executivo representa usurpa-        que continuem sendo reconhecidas           punidade é total. Em 19 de abril, assu-
ótipos. É o que não percebem os prin-       são flagrantemente inconstitucio-             ção, uma afronta à separação de Pode-      terras indígenas e quilombolas e cria-     me a presidência do STF o ministro
cipais candidatos da França ao unifor-      nais. Jamais poderiam ter sido consi-         res republicanos. Segundo, porque os       das zonas de conservação ambiental         Ayres Britto. Conhecendo a biografia
mizarem o elogio do protecionismo e         deradas admissíveis porque violam o           constituintes de 1988 consideraram as      parece ser fundamental para quem só        do ministro e suas tomadas de posi-
o fechamento das fronteiras. Agora          artigo 60, parágrafo 4, da Constitui-         terras indígenas direitos originários      pensa em derrubar árvores para ga-         ção, é praticamente certo que o novo
são os produtos estrangeiros os gran-       ção Federal, que estabelece que “não          destes povos e, portanto, anteriores à     nhar mais dinheiro. Mesmo que isto         presidente queira julgar o mensalão
des vilões da crise econômica pela          será objeto de deliberação a propos-          atual Constituição, que precisam ser       represente uma ameaça aos ecossis-         durante sua gestão.
qual passa o país. Num mundo sem            ta de emenda tendente a abolir (III) a        reconhecidos e respeitados. Na medi-       temas de nosso país e violações aos           Chegou a hora do Supremo Tribu-
criatividade e bom-senso, é péssima         separação dos Poderes” e “(IV) os di-         da em que as propostas de emendas          direitos de indígenas e afrodescen-        nal Federal. Julgar o mensalão não é
hora para aumentar o prestígio das          reitos e as garantias individuais”. De        constitucionais criam obstáculos ao        dentes. Mesmo que isto signifique fa-      uma questão de prazos processuais.
ideias sobre protecionismo comercial        uma só vez, as emendas propostas vi-          reconhecimento e ao respeito a estes       zer a Câmara retroceder décadas.           É um dever indeclinável. A cidadania
e industrial e aumentar a confusão so-      olam essas duas proibições constitu-          direitos, tendem a aboli-los e, portan-       Perdeu-se a primeira batalha, mas       espera que a Suprema Corte priorize
bre o que querem de fato os franceses.      cionais.                                      to, violam, evidentemente, a Consti-       não a guerra. Vamos recorrer da deci-      o que é, de fato, relevante. Se o STF
Será que não aprenderam alguma coi-           Primeiro, porque o ato de demarca-          tuição (artigo 60, parágrafo 4,).          são, lutar contra este atentado à Cons-    carimbar o mensalão com a prescri-
sa com a última grande crise econômi-       ção de terras indígenas é administrati-         A aprovação da PEC 215/2000 foi          tituição e combater este absurdo. Se       ção, hipótese gravíssima, concederá,
ca que engolfou a Europa de tal manei-      vo e cabe, exclusivamente, ao Executi-        mais uma demonstração de força da          não for suficiente, rumo ao STF — pa-      na prática, um passaporte para a ins-
ra e culminou com uma guerra mundi-         vo — conforme entendimento do STF             bancada ruralista na Câmara. É a sa-       ra impedir esse absurdo retrocesso.        titucionalização dos malfeitos.
al ? Comprar só produtos franceses vi-      no julgamento da ação popular em tor-         nha por mais terras para o agronegó-                                                     A desqualificação do mensalão é
rou uma atividade cívica e elemento         no da Reserva Raposa Serra do Sol.            cio. A nova fronteira, depois da muti-     ALESSANDRO MOLON é deputado                essencial para aqueles que se apro-
polarizador da campanha. Só que em-           Assim, o Congresso tomar esse po-           lação do Código Florestal. Impedir         federal (PT-RJ).                           priaram do Estado brasileiro. O pri-
brulhar com ideologia nacionalista as                                                                                                                                           meiro sinal do desmonte do mensa-


                                            Um novo caminho
dificuldades para se enfrentar a crise                                                                                                                                          lão foi dado pelo ex-presidente Luiz
econômica é o mais curto caminho pa-                                                                                                                                            Inácio Lula da Silva. Ao deixar o go-
ra piorar as coisas.                                                                                                                                                            verno, ele disse que sua principal
   Nos anos 30 a ultraprotecionista lei                                                                                                                                         missão, a partir de janeiro de 2011,
Smoot-Hawley nos EUA exacerbou a                                                                                                                                                seria mostrar que o mensalão “é
depressão no mundo ao forçar politi-        RODRIGO MARTINS DE OLIVEIRA                   endividamento, que infelizmente afeta      elaborasse a Resolução n, 125, que ins-    uma farsa”. A “farsa” a que se referia
camente todos ao protecionismo,                                                           grande parte da população, faz com         titui a Política Judiciária Nacional de    Lula derrubou ministros do seu go-



                                            A
dentro da lógica da reciprocidade.                 morosidade crônica que assola          que milhares de brasileiros percam         Tratamento Adequado dos Conflitos          verno, destituiu dezenas de direto-
Não há meio termo que detenha a re-                 as várias instâncias do Judiciá-      seus créditos, sendo colocados à mar-      de Interesses. Essa iniciativa estabele-   res de estatais e mandou para o es-
gra de que protecionismo gera prote-                rio vem causando prejuízos            gem da sociedade de consumo. Mas é         ce que cabe ao Poder Judiciário orga-      paço a cúpula do seu partido. Encur-
cionismo. E a escalada é uma só: todos              imensuráveis à sociedade. O           possível promover uma reintegração         nizar em âmbito nacional, não apenas       ralado, o então presidente só não
os países passam a ter regras cada vez      “congestionamento” da Justiça brasi-          e, acima de tudo, “destravar” o número     os serviços prestados nos processo         caiu graças ao tamanho da incompe-
piores. Nacionalismo e comércio não         leira também gera danos sociais à me-         de demandas que esperam por respos-        judiciais, mas também a solução de         tência da oposição.
combinam num mundo multipolar, de           dida que dificulta o acesso do cidadão        ta na Justiça.                             conflitos por meio de outros mecanis-         Está nas mãos da Supremo assumir
cadeias produtivas transnacionais,          aos seus direitos fundamentais, ferin-           Os números comprovam o sucesso          mos, principalmente a conciliação e a      o papel histórico de defesa da demo-
nem se harmonizam com a noção de            do de morte a Constituição Federal (ar-       desse tipo de iniciativa. Segundo o Tri-   mediação.                                  cracia e dos valores republicanos ou
balança comercial, um conceito de           tigo 5,, inciso XXXV). Do ponto de vista      bunal de Justiça de São Paulo, no perío-      Não restam dúvidas de que o acor-       — Deus não queira — virar as costas
equilíbrio. Depois, com que moral           empresarial, os prejuízos são visivel-        do de 28 de novembro até 1, de dezem-      do decorrente da mediação tem mui-         para a cidadania. A sociedade tem o
quem fecha sua economia para os ou-         mente expressivos, já que as empresas         bro, foram atendidas mais de 30 mil        to mais condições de corresponder          direito de confiar nos ministros do
tros espera vender alguma coisa no          destinam grande parte do seu resulta-         pessoas em todo o Estado. Os acordos       aos anseios e expectativas dos envol-      STF. Eles saberão honrar suas togas e
estrangeiro?                                do ao provisionamento dessas ações,           ultrapassaram R$ 21 milhões, somados       vidos, pois estes contam com plenas        suas biografias. Os brasileiros espe-
   Sentimentos equilibrados andam em        comprometendo diretamente o lucro             os casos processuais e pré-processu-       condições de manifestarem o que            ram que os ministros respondam à in-
baixa na admirada França. País de tu-       dos acionistas. Em resumo: perdem to-         ais. No Rio de Janeiro, o Tribunal de      pretendem e esperam. Em decorrên-          dignação da sociedade.
ristas deslumbrados finge esquecer          dos, inclusive o Judiciário, que tem sua      Justiça contabilizou um índice de cer-     cia dessa transparência, diversas al-         Não podemos mais tolerar que o
que com o comércio livre a sociedade e      imagem arranhada por não conseguir            ca de 90% de acordos, com uma média        ternativas podem ser encontradas. É        Brasil seja um país que discrimina os
o desejo se encontram. Coincidência         atuar de maneira célere e eficiente.          de 4.800 audiências realizadas no total.   possível trilhar um novo caminho,          seus cidadãos. Pobre vai para a ca-
ou não, no último grande comício de            Para um país com perfil contencioso           Os resultados comprovam que a me-       construir um desfecho diferente e in-      deia. Poderoso não só não é punido,
Sarkozy haviam vinte e cinco mil ban-       como o Brasil, esse cenário precisa ser       diação e os acordos são a maneira          cutir no cidadão conhecimento sobre        mas invoca presunção de inocência,
deiras francesas e somente uma da           revisto e já há ensaios de mudanças           mais adequada de resolução de litígi-      seus direitos e deveres.                   submerge estrategicamente, cai no es-
União Europeia. Cada um colhe o que         com práticas sustentáveis e importan-         os, contribuindo para promover a paz                                                  quecimento e volta para roubar mais.
planta e desde o paraíso as maçãs nun-      tes implementadas por alguns setores          social, que não é exercida apenas com      RODRIGO MARTINS DE OLIVEIRA é                 A ausência de punição é a mola da
ca caem longe da árvore.                    do segmento, cultuando a conciliação          o julgamento das ações propostas,          advogado.                                  criminalidade.
                                            em nome da celeridade da engrenagem           mas, sobretudo, por meio da concilia-
PAULO DELGADO é sociólogo e foi             e com investimentos em mutirões e em          ção e da mediação.                             O GLOBO NA INTERNET                    CARLOS ALBERTO DI FRANCO é diretor
deputado federal pelo PT de Minas Gerais.   acordos que tragam uma resposta sa-              A relevância do tema fez com que o          OPINIÃO Leia mais artigos              do Departamento de Comunicação do
E-mail: contato@paulodelgado.com.br         tisfatória e dinâmica aos envolvidos. O       Conselho Nacional de Justiça (CNJ)             oglobo.com.br/opinião                  Instituto Internacional de Ciência Sociais.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Marcelino, pan y vino
Marcelino,  pan y vinoMarcelino,  pan y vino
Marcelino, pan y vinoGRAZIA TANTA
 
O poder e o talento (wppsk'11)
O poder e o talento (wppsk'11)O poder e o talento (wppsk'11)
O poder e o talento (wppsk'11)Nuno da Silva
 
AGRISSÊNIO NOTÍCIAS Nº 604 an 24 janeiro_2017.ok
AGRISSÊNIO NOTÍCIAS Nº 604 an 24 janeiro_2017.okAGRISSÊNIO NOTÍCIAS Nº 604 an 24 janeiro_2017.ok
AGRISSÊNIO NOTÍCIAS Nº 604 an 24 janeiro_2017.okRoberto Rabat Chame
 
Capitalismo de mercado e capitalismo de estado
Capitalismo de mercado e capitalismo de estadoCapitalismo de mercado e capitalismo de estado
Capitalismo de mercado e capitalismo de estadoGRAZIA TANTA
 
E.j.a provas globalização
E.j.a provas globalizaçãoE.j.a provas globalização
E.j.a provas globalizaçãoMarciano Vieira
 
Geo h e_9_ano_cap3_site_edit
Geo h e_9_ano_cap3_site_editGeo h e_9_ano_cap3_site_edit
Geo h e_9_ano_cap3_site_editivonefrancca
 
Geo h e_8ano_cap15_site
Geo h e_8ano_cap15_siteGeo h e_8ano_cap15_site
Geo h e_8ano_cap15_siterdbtava
 
Gabarito das questões objetivas de geografia (trimestral)
Gabarito das questões objetivas de geografia (trimestral)Gabarito das questões objetivas de geografia (trimestral)
Gabarito das questões objetivas de geografia (trimestral)Colégio Parthenon
 
Lista de atividades - globalização
Lista de atividades - globalizaçãoLista de atividades - globalização
Lista de atividades - globalizaçãomatheuslw
 
O pec – programa de empobrecimento colectivo e o bloqueio económico e político
O pec – programa de empobrecimento colectivo e o bloqueio económico e políticoO pec – programa de empobrecimento colectivo e o bloqueio económico e político
O pec – programa de empobrecimento colectivo e o bloqueio económico e políticoGRAZIA TANTA
 
O custo do golpe no brasil dieese
O custo do golpe no brasil    dieeseO custo do golpe no brasil    dieese
O custo do golpe no brasil dieeseCamila Pelegrini
 
O brasil e a globalização sociologia
O brasil e a globalização sociologiaO brasil e a globalização sociologia
O brasil e a globalização sociologiaNábila Quennet
 

Mais procurados (17)

Marcelino, pan y vino
Marcelino,  pan y vinoMarcelino,  pan y vino
Marcelino, pan y vino
 
O poder e o talento (wppsk'11)
O poder e o talento (wppsk'11)O poder e o talento (wppsk'11)
O poder e o talento (wppsk'11)
 
AGRISSÊNIO NOTÍCIAS Nº 604 an 24 janeiro_2017.ok
AGRISSÊNIO NOTÍCIAS Nº 604 an 24 janeiro_2017.okAGRISSÊNIO NOTÍCIAS Nº 604 an 24 janeiro_2017.ok
AGRISSÊNIO NOTÍCIAS Nº 604 an 24 janeiro_2017.ok
 
Capitalismo de mercado e capitalismo de estado
Capitalismo de mercado e capitalismo de estadoCapitalismo de mercado e capitalismo de estado
Capitalismo de mercado e capitalismo de estado
 
E.j.a provas globalização
E.j.a provas globalizaçãoE.j.a provas globalização
E.j.a provas globalização
 
Geo h e_9_ano_cap3_site_edit
Geo h e_9_ano_cap3_site_editGeo h e_9_ano_cap3_site_edit
Geo h e_9_ano_cap3_site_edit
 
Reporter capixaba 77
Reporter capixaba 77Reporter capixaba 77
Reporter capixaba 77
 
Opinião 23 jan 2
Opinião 23 jan 2Opinião 23 jan 2
Opinião 23 jan 2
 
Prova geografia estudos orientados 9 ano
Prova geografia estudos orientados 9 anoProva geografia estudos orientados 9 ano
Prova geografia estudos orientados 9 ano
 
Revista cachoeiro rc91
Revista cachoeiro rc91Revista cachoeiro rc91
Revista cachoeiro rc91
 
Geo h e_8ano_cap15_site
Geo h e_8ano_cap15_siteGeo h e_8ano_cap15_site
Geo h e_8ano_cap15_site
 
Gabarito das questões objetivas de geografia (trimestral)
Gabarito das questões objetivas de geografia (trimestral)Gabarito das questões objetivas de geografia (trimestral)
Gabarito das questões objetivas de geografia (trimestral)
 
Lista de atividades - globalização
Lista de atividades - globalizaçãoLista de atividades - globalização
Lista de atividades - globalização
 
Geo40
Geo40Geo40
Geo40
 
O pec – programa de empobrecimento colectivo e o bloqueio económico e político
O pec – programa de empobrecimento colectivo e o bloqueio económico e políticoO pec – programa de empobrecimento colectivo e o bloqueio económico e político
O pec – programa de empobrecimento colectivo e o bloqueio económico e político
 
O custo do golpe no brasil dieese
O custo do golpe no brasil    dieeseO custo do golpe no brasil    dieese
O custo do golpe no brasil dieese
 
O brasil e a globalização sociologia
O brasil e a globalização sociologiaO brasil e a globalização sociologia
O brasil e a globalização sociologia
 

Destaque (20)

Obras Do Pnl 3º Ciclo
Obras Do Pnl 3º CicloObras Do Pnl 3º Ciclo
Obras Do Pnl 3º Ciclo
 
Russian churches
Russian churchesRussian churches
Russian churches
 
Slides
SlidesSlides
Slides
 
Bullying
BullyingBullying
Bullying
 
La amistad
La amistadLa amistad
La amistad
 
IGE e MAABE
IGE e MAABEIGE e MAABE
IGE e MAABE
 
Eu ninio copia
Eu ninio   copiaEu ninio   copia
Eu ninio copia
 
Glen L Smith Linkedin Resume
Glen L Smith Linkedin ResumeGlen L Smith Linkedin Resume
Glen L Smith Linkedin Resume
 
Automóviles los corazones
Automóviles los corazonesAutomóviles los corazones
Automóviles los corazones
 
Nieuwsbrief h en t nr 6 2012
Nieuwsbrief h en t nr 6 2012Nieuwsbrief h en t nr 6 2012
Nieuwsbrief h en t nr 6 2012
 
A Simetria dos Números
A Simetria dos NúmerosA Simetria dos Números
A Simetria dos Números
 
Pdf Stacy Geiken Portrait
Pdf Stacy Geiken PortraitPdf Stacy Geiken Portrait
Pdf Stacy Geiken Portrait
 
Welf Zöller: Das Messe-Einmaleins
Welf Zöller: Das Messe-EinmaleinsWelf Zöller: Das Messe-Einmaleins
Welf Zöller: Das Messe-Einmaleins
 
Martine aubry-lettre-
Martine aubry-lettre-Martine aubry-lettre-
Martine aubry-lettre-
 
Script draft two (1)
Script draft two (1)Script draft two (1)
Script draft two (1)
 
Dhikr
DhikrDhikr
Dhikr
 
Adhan and staning first row
Adhan and staning first rowAdhan and staning first row
Adhan and staning first row
 
Opinião 01 abril 2
Opinião 01 abril 2Opinião 01 abril 2
Opinião 01 abril 2
 
Esquema 9
Esquema 9Esquema 9
Esquema 9
 
Lição nº 77
Lição nº 77Lição nº 77
Lição nº 77
 

Semelhante a Opinião 02 abr 2

A burguesia portuguesa serve para quê
A burguesia portuguesa serve para quêA burguesia portuguesa serve para quê
A burguesia portuguesa serve para quêGRAZIA TANTA
 
Qimonda a armadilha do investimento estrangeiro
Qimonda   a armadilha do investimento estrangeiroQimonda   a armadilha do investimento estrangeiro
Qimonda a armadilha do investimento estrangeiroGRAZIA TANTA
 
É o clima, estúpido!
É o clima, estúpido!É o clima, estúpido!
É o clima, estúpido!GRAZIA TANTA
 
2201 a precariedade suprema no capitalismo do século xxi
2201   a precariedade suprema no capitalismo do século xxi2201   a precariedade suprema no capitalismo do século xxi
2201 a precariedade suprema no capitalismo do século xxiGRAZIA TANTA
 
Porque não há uma estratégia popular anticapitalista
Porque não há uma estratégia popular anticapitalistaPorque não há uma estratégia popular anticapitalista
Porque não há uma estratégia popular anticapitalistaGRAZIA TANTA
 
42506_a9c0a12e27f6ee4f9a4ae174f6186d6c.pdf
42506_a9c0a12e27f6ee4f9a4ae174f6186d6c.pdf42506_a9c0a12e27f6ee4f9a4ae174f6186d6c.pdf
42506_a9c0a12e27f6ee4f9a4ae174f6186d6c.pdfShinraTensei15
 
O desenvolvimento do subdesenvolvimento
O desenvolvimento do subdesenvolvimentoO desenvolvimento do subdesenvolvimento
O desenvolvimento do subdesenvolvimentoSinapsa
 
O capitalismo predatório e a estupidez patriótica 1
O capitalismo predatório e a estupidez patriótica  1O capitalismo predatório e a estupidez patriótica  1
O capitalismo predatório e a estupidez patriótica 1GRAZIA TANTA
 
Globalizacao - Slides 8° ano C ara prova de Geografia
Globalizacao - Slides 8° ano C ara prova de GeografiaGlobalizacao - Slides 8° ano C ara prova de Geografia
Globalizacao - Slides 8° ano C ara prova de GeografiaNádya Dixon
 
A decrepitude periférica
A decrepitude periféricaA decrepitude periférica
A decrepitude periféricaGRAZIA TANTA
 
O Pib, o Imi e outros modos de mercantilização da vida
O Pib, o Imi e outros modos de mercantilização da vidaO Pib, o Imi e outros modos de mercantilização da vida
O Pib, o Imi e outros modos de mercantilização da vidaGRAZIA TANTA
 

Semelhante a Opinião 02 abr 2 (20)

Opinião 09 abr 2
Opinião 09 abr 2Opinião 09 abr 2
Opinião 09 abr 2
 
A burguesia portuguesa serve para quê
A burguesia portuguesa serve para quêA burguesia portuguesa serve para quê
A burguesia portuguesa serve para quê
 
Qimonda a armadilha do investimento estrangeiro
Qimonda   a armadilha do investimento estrangeiroQimonda   a armadilha do investimento estrangeiro
Qimonda a armadilha do investimento estrangeiro
 
É o clima, estúpido!
É o clima, estúpido!É o clima, estúpido!
É o clima, estúpido!
 
2201 a precariedade suprema no capitalismo do século xxi
2201   a precariedade suprema no capitalismo do século xxi2201   a precariedade suprema no capitalismo do século xxi
2201 a precariedade suprema no capitalismo do século xxi
 
384 an 19 junho_2012.ok
384 an 19 junho_2012.ok384 an 19 junho_2012.ok
384 an 19 junho_2012.ok
 
Porque não há uma estratégia popular anticapitalista
Porque não há uma estratégia popular anticapitalistaPorque não há uma estratégia popular anticapitalista
Porque não há uma estratégia popular anticapitalista
 
aull.pptx
aull.pptxaull.pptx
aull.pptx
 
Folha Extra 1313
Folha Extra 1313Folha Extra 1313
Folha Extra 1313
 
Opinião 10 fev 2
Opinião 10 fev 2Opinião 10 fev 2
Opinião 10 fev 2
 
globalização.pdf
globalização.pdfglobalização.pdf
globalização.pdf
 
42506_a9c0a12e27f6ee4f9a4ae174f6186d6c.pdf
42506_a9c0a12e27f6ee4f9a4ae174f6186d6c.pdf42506_a9c0a12e27f6ee4f9a4ae174f6186d6c.pdf
42506_a9c0a12e27f6ee4f9a4ae174f6186d6c.pdf
 
Globalização
Globalização   Globalização
Globalização
 
Pagina 3
Pagina   3Pagina   3
Pagina 3
 
O desenvolvimento do subdesenvolvimento
O desenvolvimento do subdesenvolvimentoO desenvolvimento do subdesenvolvimento
O desenvolvimento do subdesenvolvimento
 
O capitalismo predatório e a estupidez patriótica 1
O capitalismo predatório e a estupidez patriótica  1O capitalismo predatório e a estupidez patriótica  1
O capitalismo predatório e a estupidez patriótica 1
 
Globalizacao - Slides 8° ano C ara prova de Geografia
Globalizacao - Slides 8° ano C ara prova de GeografiaGlobalizacao - Slides 8° ano C ara prova de Geografia
Globalizacao - Slides 8° ano C ara prova de Geografia
 
A decrepitude periférica
A decrepitude periféricaA decrepitude periférica
A decrepitude periférica
 
O Pib, o Imi e outros modos de mercantilização da vida
O Pib, o Imi e outros modos de mercantilização da vidaO Pib, o Imi e outros modos de mercantilização da vida
O Pib, o Imi e outros modos de mercantilização da vida
 
O senhor do lixo
O senhor do lixoO senhor do lixo
O senhor do lixo
 

Mais de Sergyo Vitro

Mais de Sergyo Vitro (20)

A tarde13 de_agosto_de_2016_a_tardepag3
A tarde13 de_agosto_de_2016_a_tardepag3A tarde13 de_agosto_de_2016_a_tardepag3
A tarde13 de_agosto_de_2016_a_tardepag3
 
A tarde28 de_junho_de_2015_muitopag12
A tarde28 de_junho_de_2015_muitopag12A tarde28 de_junho_de_2015_muitopag12
A tarde28 de_junho_de_2015_muitopag12
 
Pagina 3-7
Pagina   3-7Pagina   3-7
Pagina 3-7
 
Noticias de homofobia no brasil
Noticias de homofobia no brasilNoticias de homofobia no brasil
Noticias de homofobia no brasil
 
205447
205447205447
205447
 
205489
205489205489
205489
 
205420
205420205420
205420
 
204936
204936204936
204936
 
204824
204824204824
204824
 
Pagina 2-1
Pagina   2-1Pagina   2-1
Pagina 2-1
 
Pagina 1
Pagina   1Pagina   1
Pagina 1
 
Pagina 1
Pagina   1Pagina   1
Pagina 1
 
Ao som da Clarineta - Maria Esther Maciel
Ao som da Clarineta - Maria Esther Maciel Ao som da Clarineta - Maria Esther Maciel
Ao som da Clarineta - Maria Esther Maciel
 
145 jan 13 - noronha
145   jan 13 - noronha145   jan 13 - noronha
145 jan 13 - noronha
 
137 mai 12 - galinhos
137   mai 12 - galinhos137   mai 12 - galinhos
137 mai 12 - galinhos
 
36 43 dicionario ne
36 43 dicionario ne36 43 dicionario ne
36 43 dicionario ne
 
Pagina 1uzeda1
Pagina   1uzeda1Pagina   1uzeda1
Pagina 1uzeda1
 
Pagina 11
Pagina   11Pagina   11
Pagina 11
 
Pagina 9uzeda9
Pagina   9uzeda9Pagina   9uzeda9
Pagina 9uzeda9
 
Pagina 8uzeda8
Pagina   8uzeda8Pagina   8uzeda8
Pagina 8uzeda8
 

Opinião 02 abr 2

  • 1. Product: OGlobo PubDate: 02-04-2012 Zone: Nacional Edition: 1 Page: PAGINA_G User: Schinaid Time: 04-01-2012 20:14 Color: K h Segunda-feira, 2 de abril de 2012 OPINIÃO • 7 O GLOBO Pegaram o PAULO GUEDES estrangeiro! PAULO DELGADO O caminho da prosperidade É A cada vez mais descontínua e vo- disponibilidade abundante de O regime fiscal, expansionista há dé- empregos sem melhorar a produtivi- látil a percepção da realidade recursos naturais sempre asse- cadas, trouxe uma trajetória de juros dade não aumenta o padrão de vida pelos políticos franceses. Os gurou ao Brasil uma vantagem dez candidatos a presidente da explosivos e câmbio sobrevalorizado. dos trabalhadores e a competitivi- República nas eleições cujo primeiro comparativa clássica na expor- O manicômio tributário aumentou a ta- dade das empresas”, adverte Micha- turno será no fim deste mês pegaram o tação de commodities. Exportamos, xa de mortalidade das pequenas e mé- el Porter, especialista em estratégia estrangeiro para Cristo. As pessoas e na verdade, terra, água e sol, em for- dias empresas. Excessivos encargos competitiva. as mercadorias, tudo que vem de fora anda mal falado no país do iluminismo. ma de produtos minerais e agrícolas. sociais e trabalhistas condenaram ao Enquanto se perdem macroeconomis- Nação mais visitada do mundo, com Temos matérias-primas essenciais à desemprego a mão de obra menos qua- tas puxando alavancas de política mo- produtos cobiçados nos cinco conti- formação de cadeias produtivas in- lificada. A insuficiência de investimen- netária, em meio à grande crise contem- nentes, a França reage com mau humor dustriais de amplo alcance, da agroin- ao mal-estar da política e da economia, tos públicos e a regulamentação inade- porânea, Porter atualiza a mensagem estas atividades movidas por oportuni- dústria aos manufaturados, dos pe- quada tornaram deficientes a infraes- dos economistas clássicos: “Precisa- dades e oportunismos. troquímicos ao aço. trutura e a logística, emperrando as ca- mos de instituições políticas efetivas, A campanha presidencial está um Mas começam aí as dificuldades das deias produtivas. As fontes de capital um regime fiscal sensato, um ambiente panfleto de um único objetivo: achar empresas brasileiras. Estão ameaçadas um culpado. Os franceses tinham tan- de risco e a qualificação do capital hu- de negócios que estimule o empreende- ta consciência de que o debate sobre mesmo indústrias convencionais de mano são insatisfatórias para setores dorismo e a inovação. Investimentos na os imigrantes e as minorias estava tão baixo valor agregado: têxtil, de sapa- mais especializados. infraestrutura de transporte, comuni- agressivo e racista que, sintomatica- tos, de móveis, de brinquedos, de cons- “Aumentar a produtividade de uma cação, logística e informação. Merca- mente, quando se deram conta da sé- rie de assassinatos no Sul do país, não trução e outras mais que empregam economia a longo prazo deveria ser dos de capitais eficientes. E educação saía de suas cabeças o massacre de mão de obra pouco qualificada. Isso o principal objetivo da política eco- de qualidade em todos os níveis.” Oslo no ano passado, onde um neona- porque as vantagens competitivas em nômica. Esforços do governo para O aumento da produtividade é que ga- zista trucidou dezenas de pessoas in- uma economia moderna dependem, defesas. Quando a polícia descobriu estimular a demanda a curto prazo rante os aumentos de salário dos traba- que o massacre de Toulouse e região fundamentalmente, da qualidade das não garantem a prosperidade do pa- lhadores, a maior competitividade das fora feito por um fanático “deles”, de políticas públicas. ís a longo prazo. A tentativa de criar empresas e a prosperidade de um país. descendência árabe, um certo alívio tomou conta da maioria. “Afinal não Ataque à Constituição A hora de somos tão ruins assim, enquanto eles, que tanto criticamos, continuam os donos das atrocidades.” Se o autor das sete mortes fosse ou- tro, o rumo do discurso da campanha certamente mudaria. E a análise sobre ALESSANDRO MOLON Alvim julgar os estrangeiros e sua contribuição pa- A ra a história do país encontraria um bancada ruralista da Câmara dos CARLOS ALBERTO DI FRANCO O caminho mais equilibrado e justo. Por- Deputados se uniu novamente que o mais difícil de fazer é defender a em torno de uma bandeira que leitor é sempre o melhor ter- ideia de que, sob o discurso da bestia- pode levar a um retrocesso que mômetro para medir a tem- lidade, qualquer um poderia ter feito a anulará décadas de conquistas sociais peratura da sociedade. Em ignominia, à esquerda e à direita. O em nosso país: a Comissão de Constitui- um de meus últimos artigos medo de que o assassino fosse um ção, Justiça e Cidadania admitiu a Pro- fiz uma radiografia da corrupção e francês “legítimo” — descendente co- posta de Emenda Constitucional (PEC) defendi a seguinte prioridade no mo alguns gostam de dizer de “nossos 215/2000 e de outras dez anexas a ela. combate aos malfeitos: cobrar dos ancestrais gauleses” — tomou conta Uma decisão contrária à Constituição, à ministros do Supremo Tribunal Fede- de toda a campanha, pois ela tem sido Justiça, e à Cidadania — exatamente o ral o julgamento do mensalão. a munição para diferentes tipos de que a Comissão deve proteger. Recebi uma enxurrada de e-mails ódio e revolta que andam pelos sub- Em síntese, as emendas admitidas, se de leitores de várias cidades brasilei- terrâneos da Europa. aprovadas pelo Congresso, farão com ras. Um denominador comum esteve Felizmente em boa hora líderes das que nenhuma reserva indígena, quilom- presente em todas as mensagens: as comunidades judaica e islâmica na bola ou zona de conservação ambiental pessoas não admitem o não julga- França dão o exemplo e se unem para a venha a ser criada sem votação no Le- mento do mensalão, com a conse- luta contra a xenofobia, preconceito e gislativo. Considerando a força da ban- quente consagração da impunidade. fanatismo que sempre ameaçaram os cada ruralista, isto significa, na prática, Ao mesmo tempo, afirmam que o tra- dois filhos de Abraão. que não haverá novas reservas indíge- balho investigativo da imprensa deve Aliás, preconceito que ameaça a to- nas, áreas de conservação ambiental ou continuar e se aprofundar. dos. Toda forma de fascismo esconde quilombolas. Os defensores destas pro- Em que pé estão as coisas? O pro- uma grande fraqueza, abrigada nos ar- postas argumentam que, por ser o Le- cesso aguarda a conclusão do traba- gumentos mais estúpidos, resultando gislativo mais plural e representativo lho de revisão do ministro Ricardo nas práticas mais agressivas. do que o Executivo, ao se dar àquele es- Lewandowski. Alguns crimes já pres- Além do isolacionismo cultural, épo- ta atribuição, a proposta seria um avan- creveram. Se o mensalão não for jul- cas de crise são pródigas em muitas ço democrático. Falso. gado em 2012, a probabilidade de im- outras formas de segregação e estere- Antes de mais nada, tais propostas der do Executivo representa usurpa- que continuem sendo reconhecidas punidade é total. Em 19 de abril, assu- ótipos. É o que não percebem os prin- são flagrantemente inconstitucio- ção, uma afronta à separação de Pode- terras indígenas e quilombolas e cria- me a presidência do STF o ministro cipais candidatos da França ao unifor- nais. Jamais poderiam ter sido consi- res republicanos. Segundo, porque os das zonas de conservação ambiental Ayres Britto. Conhecendo a biografia mizarem o elogio do protecionismo e deradas admissíveis porque violam o constituintes de 1988 consideraram as parece ser fundamental para quem só do ministro e suas tomadas de posi- o fechamento das fronteiras. Agora artigo 60, parágrafo 4, da Constitui- terras indígenas direitos originários pensa em derrubar árvores para ga- ção, é praticamente certo que o novo são os produtos estrangeiros os gran- ção Federal, que estabelece que “não destes povos e, portanto, anteriores à nhar mais dinheiro. Mesmo que isto presidente queira julgar o mensalão des vilões da crise econômica pela será objeto de deliberação a propos- atual Constituição, que precisam ser represente uma ameaça aos ecossis- durante sua gestão. qual passa o país. Num mundo sem ta de emenda tendente a abolir (III) a reconhecidos e respeitados. Na medi- temas de nosso país e violações aos Chegou a hora do Supremo Tribu- criatividade e bom-senso, é péssima separação dos Poderes” e “(IV) os di- da em que as propostas de emendas direitos de indígenas e afrodescen- nal Federal. Julgar o mensalão não é hora para aumentar o prestígio das reitos e as garantias individuais”. De constitucionais criam obstáculos ao dentes. Mesmo que isto signifique fa- uma questão de prazos processuais. ideias sobre protecionismo comercial uma só vez, as emendas propostas vi- reconhecimento e ao respeito a estes zer a Câmara retroceder décadas. É um dever indeclinável. A cidadania e industrial e aumentar a confusão so- olam essas duas proibições constitu- direitos, tendem a aboli-los e, portan- Perdeu-se a primeira batalha, mas espera que a Suprema Corte priorize bre o que querem de fato os franceses. cionais. to, violam, evidentemente, a Consti- não a guerra. Vamos recorrer da deci- o que é, de fato, relevante. Se o STF Será que não aprenderam alguma coi- Primeiro, porque o ato de demarca- tuição (artigo 60, parágrafo 4,). são, lutar contra este atentado à Cons- carimbar o mensalão com a prescri- sa com a última grande crise econômi- ção de terras indígenas é administrati- A aprovação da PEC 215/2000 foi tituição e combater este absurdo. Se ção, hipótese gravíssima, concederá, ca que engolfou a Europa de tal manei- vo e cabe, exclusivamente, ao Executi- mais uma demonstração de força da não for suficiente, rumo ao STF — pa- na prática, um passaporte para a ins- ra e culminou com uma guerra mundi- vo — conforme entendimento do STF bancada ruralista na Câmara. É a sa- ra impedir esse absurdo retrocesso. titucionalização dos malfeitos. al ? Comprar só produtos franceses vi- no julgamento da ação popular em tor- nha por mais terras para o agronegó- A desqualificação do mensalão é rou uma atividade cívica e elemento no da Reserva Raposa Serra do Sol. cio. A nova fronteira, depois da muti- ALESSANDRO MOLON é deputado essencial para aqueles que se apro- polarizador da campanha. Só que em- Assim, o Congresso tomar esse po- lação do Código Florestal. Impedir federal (PT-RJ). priaram do Estado brasileiro. O pri- brulhar com ideologia nacionalista as meiro sinal do desmonte do mensa- Um novo caminho dificuldades para se enfrentar a crise lão foi dado pelo ex-presidente Luiz econômica é o mais curto caminho pa- Inácio Lula da Silva. Ao deixar o go- ra piorar as coisas. verno, ele disse que sua principal Nos anos 30 a ultraprotecionista lei missão, a partir de janeiro de 2011, Smoot-Hawley nos EUA exacerbou a seria mostrar que o mensalão “é depressão no mundo ao forçar politi- RODRIGO MARTINS DE OLIVEIRA endividamento, que infelizmente afeta elaborasse a Resolução n, 125, que ins- uma farsa”. A “farsa” a que se referia camente todos ao protecionismo, grande parte da população, faz com titui a Política Judiciária Nacional de Lula derrubou ministros do seu go- A dentro da lógica da reciprocidade. morosidade crônica que assola que milhares de brasileiros percam Tratamento Adequado dos Conflitos verno, destituiu dezenas de direto- Não há meio termo que detenha a re- as várias instâncias do Judiciá- seus créditos, sendo colocados à mar- de Interesses. Essa iniciativa estabele- res de estatais e mandou para o es- gra de que protecionismo gera prote- rio vem causando prejuízos gem da sociedade de consumo. Mas é ce que cabe ao Poder Judiciário orga- paço a cúpula do seu partido. Encur- cionismo. E a escalada é uma só: todos imensuráveis à sociedade. O possível promover uma reintegração nizar em âmbito nacional, não apenas ralado, o então presidente só não os países passam a ter regras cada vez “congestionamento” da Justiça brasi- e, acima de tudo, “destravar” o número os serviços prestados nos processo caiu graças ao tamanho da incompe- piores. Nacionalismo e comércio não leira também gera danos sociais à me- de demandas que esperam por respos- judiciais, mas também a solução de tência da oposição. combinam num mundo multipolar, de dida que dificulta o acesso do cidadão ta na Justiça. conflitos por meio de outros mecanis- Está nas mãos da Supremo assumir cadeias produtivas transnacionais, aos seus direitos fundamentais, ferin- Os números comprovam o sucesso mos, principalmente a conciliação e a o papel histórico de defesa da demo- nem se harmonizam com a noção de do de morte a Constituição Federal (ar- desse tipo de iniciativa. Segundo o Tri- mediação. cracia e dos valores republicanos ou balança comercial, um conceito de tigo 5,, inciso XXXV). Do ponto de vista bunal de Justiça de São Paulo, no perío- Não restam dúvidas de que o acor- — Deus não queira — virar as costas equilíbrio. Depois, com que moral empresarial, os prejuízos são visivel- do de 28 de novembro até 1, de dezem- do decorrente da mediação tem mui- para a cidadania. A sociedade tem o quem fecha sua economia para os ou- mente expressivos, já que as empresas bro, foram atendidas mais de 30 mil to mais condições de corresponder direito de confiar nos ministros do tros espera vender alguma coisa no destinam grande parte do seu resulta- pessoas em todo o Estado. Os acordos aos anseios e expectativas dos envol- STF. Eles saberão honrar suas togas e estrangeiro? do ao provisionamento dessas ações, ultrapassaram R$ 21 milhões, somados vidos, pois estes contam com plenas suas biografias. Os brasileiros espe- Sentimentos equilibrados andam em comprometendo diretamente o lucro os casos processuais e pré-processu- condições de manifestarem o que ram que os ministros respondam à in- baixa na admirada França. País de tu- dos acionistas. Em resumo: perdem to- ais. No Rio de Janeiro, o Tribunal de pretendem e esperam. Em decorrên- dignação da sociedade. ristas deslumbrados finge esquecer dos, inclusive o Judiciário, que tem sua Justiça contabilizou um índice de cer- cia dessa transparência, diversas al- Não podemos mais tolerar que o que com o comércio livre a sociedade e imagem arranhada por não conseguir ca de 90% de acordos, com uma média ternativas podem ser encontradas. É Brasil seja um país que discrimina os o desejo se encontram. Coincidência atuar de maneira célere e eficiente. de 4.800 audiências realizadas no total. possível trilhar um novo caminho, seus cidadãos. Pobre vai para a ca- ou não, no último grande comício de Para um país com perfil contencioso Os resultados comprovam que a me- construir um desfecho diferente e in- deia. Poderoso não só não é punido, Sarkozy haviam vinte e cinco mil ban- como o Brasil, esse cenário precisa ser diação e os acordos são a maneira cutir no cidadão conhecimento sobre mas invoca presunção de inocência, deiras francesas e somente uma da revisto e já há ensaios de mudanças mais adequada de resolução de litígi- seus direitos e deveres. submerge estrategicamente, cai no es- União Europeia. Cada um colhe o que com práticas sustentáveis e importan- os, contribuindo para promover a paz quecimento e volta para roubar mais. planta e desde o paraíso as maçãs nun- tes implementadas por alguns setores social, que não é exercida apenas com RODRIGO MARTINS DE OLIVEIRA é A ausência de punição é a mola da ca caem longe da árvore. do segmento, cultuando a conciliação o julgamento das ações propostas, advogado. criminalidade. em nome da celeridade da engrenagem mas, sobretudo, por meio da concilia- PAULO DELGADO é sociólogo e foi e com investimentos em mutirões e em ção e da mediação. O GLOBO NA INTERNET CARLOS ALBERTO DI FRANCO é diretor deputado federal pelo PT de Minas Gerais. acordos que tragam uma resposta sa- A relevância do tema fez com que o OPINIÃO Leia mais artigos do Departamento de Comunicação do E-mail: contato@paulodelgado.com.br tisfatória e dinâmica aos envolvidos. O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) oglobo.com.br/opinião Instituto Internacional de Ciência Sociais.