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DIDÁTICA
Prof. Me. Ana Carolina Caetano Senger
Guia da Disciplina
2017
1
Didática
1. EDUCAÇÃO, PEDAGOGIA, DIDÁTICA
Objetivo:
Conhecer os conceitos de Educação, Pedagogia e Didática, bem como a relação
existente entre eles.
Palavras-Chave:
Educação; Pedagogia; Didática.
1.1. O que é educação?
Inicialmente você precisa saber que a palavra educação vem sendo usada, ao
longo do tempo, com dois sentidos: o social e o individual.
Do ponto de vista social, é um processo de desenvolvimento, envolvendo a
formação de qualidades humanas (físicas, morais, intelectuais, estéticas) nas suas
relações com o meio social. A educação é uma instituição social que se ordena no
sistema educacional de um país, num determinado momento histórico. No sentido
social, o termo educação significa alimentar, criar.
Do ponto de vista individual, a educação refere-se ao desenvolvimento das
aptidões e potencialidades de cada pessoa, tendo em vista o aprimoramento de sua
personalidade. No sentido individual, a educação significa sair, conduzir para fora.
Fonte: http://portalamm.org.br/category/areas-tecnicas/educacao/financiamento-da-educacao/
2
Didática
1.1.1. Educação: valores e objetivos
Agora, algo importante que você deve notar: educação não se confunde com
escolarização, pois a escola não é o único lugar onde a educação acontece.
Há a educação assistemática, também conhecida como não-formal, ocorre na
família, igreja, empresas, meios de comunicação etc. Já a educação sistemática ou
formal, ocorre nas escolas e em espaços educativos.
Em educação, valores são significados que conferimos às coisas, pessoas ou
situações (bom, mau, útil, inútil etc). Quando discutimos os valores em educação,
estamos nos referindo às coisas que podem ter uma conotação positiva ou negativa.
Já os objetivos são entendidos de outra forma. Se partirmos de valores
diferentes, os objetivos da educação também serão diferentes. Os objetivos indicam
os alvos da ação, as metas que pretendemos alcançar.
1.2 O que é Pedagogia?
A Pedagogia é um campo de conhecimentos que investiga a natureza das
finalidades da educação numa determinada sociedade, bem como os meios
apropriados para a formação dos indivíduos. A Pedagogia, sendo ciência “da” e “para
a” educação, estuda o ensino a instrução e a educação.
Para tanto, compõe-se de ramos de estudos próprios como a Didática, História
da Educação, Organização Escolar etc, buscando ao mesmo tempo conhecimentos
teóricos e práticos de outras ciências, como a Filosofia da Educação, Sociologia da
Educação, Psicologia da Educação e outras. O conjunto desses estudos permite aos
professores uma compreensão global do fenômeno educativo.
Observe, agora, quais são os aspectos fundamentais da Pedagogia:
 Aspectos Filosóficos: (O que deve ser?/Para onde vai?) – estudam as
relações com a vida, valores, ideais e as finalidades da educação. Exemplos
de disciplinas: História da Educação, Filosofia da Educação, Política
Educacional.
 Aspectos Científicos: (O que é?) - apoiam-se em dados apresentados pelas
ciências biológicas, físicas e sociológicas. Exemplos de disciplinas: Psicologia
da Educação, Sociologia da Educação.
 Aspectos Técnicos: (Como?) - referem-se à técnica. Exemplos de disciplinas:
Gestão Escolar, Orientação Educacional, Didática.
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Didática
1.3 O que é Didática?
A palavra didática vem da expressão grega Τεχνή διδακτική (techné didaktiké),
que pode ser traduzida como arte ou técnica de ensinar. A didática estuda os
diferentes processos de ensino e aprendizagem. O educador Jan Amos Komenský,
mais conhecido por Comenius, é reconhecido como o pai da didática moderna, por
sua obra Didática Magna (1657), sendo um dos maiores educadores do século XVII.
Você já estudou sobre ele em Filosofia da Educação, lembra-se?
Fonte: http://ts2.mm.bing.net/th?id=HN.608021593787010833&pid=15.1
A Didática é um dos principais ramos de estudos da Pedagogia. Ela investiga
os fundamentos, condições e modos de realização da instrução e do ensino; se ocupa
dos métodos e técnicas destinados a colocar em prática as diretrizes da teoria
pedagógica. A ela cabe converter objetivos sócio-políticos e pedagógicos em objetivos
de ensino, selecionar conteúdos, métodos e sistema de avaliação em funções desses
objetivos, além de estabelecer os vínculos do ensino e da aprendizagem.
A didática deve desenvolver a sua capacidade crítica para que você analise de
forma clara a realidade do ensino. Articular os conhecimentos adquiridos sobre o
“como” ensinar e refletir sobre “para quem” ensinar, “o que” ensinar e o “por que”
ensinar é um dos desafios da didática.
Segundo Libâneo (2003), a Didática é: “uma das disciplinas que estuda o
processo de ensino através de seus componentes – os conteúdos escolares, o ensino
e aprendizagem – para, com o embasamento numa teoria da educação formular
diretrizes orientadoras da atividade profissional dos professores.”
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Didática
Esse mesmo autor indica que a didática “investiga as condições e formas que
vigoram no ensino e, ao mesmo tempo, os fatores reais (sociais, políticos, culturais,
psicossociais) condicionantes das relações entre docência e aprendizagem”.
Lembre-se que a Didática, fundamentada na dialética, é um campo em
constante construção/reconstrução, de uma práxis que não tem como objetivo ficar
pronta e acabada. A dialética pode ser descrita como a arte do diálogo. Uma discussão
na qual há contraposição de ideias, em que uma tese é defendida e contradita logo
em seguida; uma espécie de debate. Sendo ao mesmo tempo, uma discussão em que
é possível analisar com clareza os conceitos envolvidos.
A prática da dialética surgiu na Grécia antiga, no entanto, há controvérsias
a respeito do seu fundador. Aristóteles considerava a Zenôn como tal, já
outros defendem que Sócrates foi o verdadeiro fundador da dialética por
usar de um método discursivo para propagar suas ideias.
Outras coisas essenciais que você precisa saber são os elementos da ação
didática. São eles: o professor, o aluno, a disciplina (matéria ou conteúdo), o contexto
da aprendizagem e as estratégias metodológicas.
A Didática é uma ciência teórico-prática que pesquisa, experimenta e sugere
formas de comportamento a serem adotadas no processo da instrução, com vistas à
eficiência e eficácia da ação educativa. A Didática é a ferramenta cotidiana do
professor e, como tal, está em contínua evolução, razão porque os conteúdos deste
curso destinam-se não só a reforçar os conceitos fundamentais dessa disciplina, mas,
sobretudo, aperfeiçoar e atualizar o professor pelo conhecimento de novas técnicas
que possam vir a ser utilizadas em sala de aula.
1.3.1 A Didática contemporânea e o ciclo docente
Como toda ciência, a Didática é aberta às novas descobertas que enriquecem
o saber humano. Assim, a Didática contemporânea faz ver ao educador certos
5
Didática
conceitos novos ou novas abordagens desses conceitos, por isso é sempre importante
para o educador estar se reciclando, enriquecendo-se.
As atividades, normas e técnicas de ensino do professor são postas em prática
através das atividades de planejamento, orientação/execução e avaliação do
processo ensino e aprendizagem, formando o que chamamos de “ciclo docente”. Veja
como ele é estruturado:
 Planejamento – previsão dos trabalhos escolares para uma Disciplina ou
Curso, uma unidade ou parte de uma unidade (aula). Envolve alguns aspectos:
características socioeconômicas do bairro ou região; características dos
alunos; recursos da escola e da região; objetivos visados; conteúdos
necessários para desenvolver a aprendizagem; nº de aulas disponíveis;
métodos e procedimentos para melhor compreensão, assimilação, organização
e fixação dos conteúdos; meios para avaliação da aprendizagem e bibliografia.
 Orientação/Execução – nessa fase o professor executa o que planejou,
desenvolvendo atividades e orientando os alunos para alcançar os objetivos
previstos. É o momento de liderança, de motivação, utilizando métodos,
técnicas e recursos para facilitar e favorecer a aprendizagem. Na fase de
execução, aplicam-se as estratégias de ensino-aprendizagem.
 Avaliação – é o momento em que o professor verifica o atingimento ou o não-
atingimento dos objetivos, de sorte a reelaborar o planejamento, caso isto seja
necessário. Algumas atividades importantes devem ser feitas durante a
avaliação: sondagem, diagnóstico, direção de classe, uso de diferentes
instrumentos e tipos de avaliação.
Lembre-se que a preocupação com o ciclo docente é tarefa obrigatória do
professor, que oferece maior segurança para atingir os objetivos e verificação da
qualidade do ensino que está sendo orientado. O aluno é o componente básico do
processo de instrução, pois é ele quem aprende. Ao professor cabe a função de
planejar o ensino, propiciando condições para que a aprendizagem se realize. A
aprendizagem é o resultado do processo da instrução e consiste em uma mudança
no comportamento do aluno em face do processo de instrução. Instrução, por sua vez,
é um conjunto de eventos planejados para iniciar, ativar e manter a aprendizagem.
6
Didática
O ato de educar é mais abrangente que o ato de ensinar, pois o educar
refere-se ao processo de formação do ser humano, já o ensino visa
orientar a aprendizagem. A Pedagogia estuda e reflete sobre a teoria da
educação e a Didática direciona-se ao estudo da teoria e da prática do
ensino. A Pedagogia define os objetivos e determina os métodos da ação
educativa. O estudo da Didática permite-nos entender o processo de
ensino no seu conjunto, ou seja, a atividade do professor e dos alunos
visando o desenvolvimento das capacidades cognoscitivas e operativas
destes, mediante a assimilação consciente e ativa de conhecimentos e
habilidades.
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Didática
2. O ENSINO E A APRENDIZAGEM
Objetivo:
Conhecer os conceitos, aplicações e tipos de ensino e aprendizagem, como também
a importância da motivação no processo de desenvolvimento do aluno.
Palavras-Chave:
Aprendizagem; Ensino; Motivação.
2.1 O ensino: conceito e evolução
O ensino e a aprendizagem sempre estiveram presentes na vida humana e
cada vez se tornaram mais importantes.
Há uma conexão conceitual entre educação e aprendizagem: não há educação
sem que ocorra aprendizagem (ou, invertendo, se não houver aprendizagem, não
haverá educação). Interessante, não é mesmo?
Note que tanto o ensino como a aprendizagem são conceitos moralmente
neutros. Podemos ensinar e aprender tanto coisas valiosas como coisas sem valor,
ou mesmo nocivas.
O ensino (presencial ou a distância) é uma atividade triádica que envolve três
componentes: aquele que ensina (o mestre), aquele a quem se ensina (o aprendiz), e
aquilo que o primeiro ensina ao segundo (digamos, um conteúdo).
Houve uma evolução do conceito de ensino. Inicialmente, o sentido etimológico
de ensinar consiste em gravar, colocar para dentro. Hoje, o ensino é visto como uma
forma sistemática de transmissão de conhecimentos utilizada pelos humanos para
instruir e educar seus semelhantes, geralmente em locais conhecidos como escolas.
Assim como a educação, o ensino pode ser praticado de diferentes formas. As
principais são: o ensino formal e o ensino não-formal. O ensino formal é aquele
praticado pelas instituições de ensino, com respaldo de conteúdo, forma, certificação,
profissionais de ensino, etc. O ensino não-formal é aquele relacionado a processos
de desenvolvimento de consciência política e relações sociais de poder entre os
cidadãos, praticadas por movimentos populares, associações, grêmios, etc. E
importante estarmos aprendendo constantemente e por diferentes vias e agentes.
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Didática
2.1.1 Funções e características do ensino
As principais funções do ensino consistem no planejamento, organização,
direção e avaliação da atividade didática, concretizando as tarefas da instrução.
“A instrução se refere ao processo e ao resultado da assimilação sólida
de conhecimentos sistematizados e ao desenvolvimento de capacidades
cognitivas.” LIBÂNEO, J.C. Didática. São Paulo: Cortez, 2003, p. 53.
O ensino, por muitos anos, tem-se concretizado como o professor passando a
matéria e o aluno reproduzindo mecanicamente o que absorveu, mas ele deve ser
muito mais do que isso. O ato de ensinar deve contar com a participação do professor
e do aluno, de forma consciente e ativa, de modo que ambos utilizem suas forças
intelectuais próprias, de forma independente e criativa, nas várias situações escolares
e na vida prática.
Outro aspecto importante a se destacar é o uso do livro didático. Ele é
necessário, porém deve ser visto como um recurso auxiliar, cujo uso depende da
iniciativa e imaginação do professor. Você como futuro educador, deve perceber que
aprender algo vai muito mais além do que adquirir um enorme volume de
conhecimentos. Para tanto, o professor deve dominar o conteúdo que vai lecionar,
sabendo distinguir a quantidade de matéria dada com a qualidade de sua aula. Pense
nisso!
Por fim, é interessante mencionar que o ensino deve preocupar-se com a
prática da vida cotidiana de seus alunos fora da escola, não devendo ficar limitado
aos muros da escola.
Assim, as funções do ensino são basicamente:
a) organizar os conteúdos para a sua transmissão e assimilação;
b) ajudar os alunos a conhecerem as suas possibilidades de aprender,
orientando-os nas suas dificuldades para que aprendam de forma
independente e autônoma;
c) dirigir e controlar a atividade docente para os objetivos da aprendizagem.
9
Didática
Segundo Perrenoud (2000), o ofício de professor está se transformando: é um
trabalho em equipe, desenvolvido através de projetos, autonomia e responsabilidades
crescentes.
Pedagogias diferenciadas são algumas das práticas inovadoras, isto é, as
novas competências para ensinar que o professor precisa desenvolver para lutar
contra o fracasso escolar, desenvolver a cidadania, enfatizar a pesquisa e a prática
reflexiva.
Fonte: http://peoplenetineducation.blogspot.com.br/2014/09/a-aprendizagem-pelas-
redes-sociais.html
2.2 A aprendizagem: conceitos
A aprendizagem é um processo que ocorre internamente ao ser humano.
Mesmo quando a aprendizagem é decorrente de um processo bem-sucedido de
ensino, ela ocorre dentro do indivíduo, e o mesmo ensino que pode resultar em
aprendizagem, em algumas pessoas, pode ser totalmente ineficaz em relação a
outras.
Por causa disso, e do nexo conceitual entre educação e aprendizagem, tem
havido autores que negam (contrariamente ao que afirma o senso comum) que
possamos educar uma outra pessoa. Paulo Freire, em Pedagogia do Oprimido, afirma
que "ninguém educa ninguém" – embora acrescente que ninguém se educa sozinho.
Segundo essa visão, a educação, como a aprendizagem, de que ela depende, é um
processo que ocorre internamente e, que, portanto, só pode ser gerado pela própria
pessoa. Mesmo que admitamos, porém, que a educação possa ser decorrente do
ensino, a aprendizagem continua sendo algo que se passa dentro da pessoa.
10
Didática
Entenda que a aprendizagem é o processo de aquisição e assimilação de
novos padrões e novas formas de perceber, ser, pensar e agir. É o meio pelo qual as
competências, habilidades, conhecimentos, comportamento ou valores são adquiridos
ou modificados, como resultado de estudo, experiência, formação, raciocínio e
observação. Este processo pode ser analisado a partir de diferentes perspectivas, de
forma que há diferentes teorias de aprendizagem. Aprendizagem é uma das funções
mentais mais importantes em humanos e animais, e também pode ser aplicada a
sistemas artificiais.
A aprendizagem humana está relacionada à educação e desenvolvimento
pessoal. Deve ser devidamente orientada e é favorecida quando o indivíduo está
motivado. O estudo da aprendizagem utiliza os conhecimentos e teorias da
neuropsicologia, psicologia, educação e pedagogia.
2.2.1 Tipos de aprendizagem
A aprendizagem é pessoal, depende da maturação do indivíduo, e pode ser
casual e organizada. Observe os tipos de aprendizagem existentes:
 Conceitual – aquisição de informações, princípios, fatos, teorias, conceitos,
etc.
 Procedimental – habilidades motoras (como andar, escrever, utilizar
instrumentos) e psicológicas (como opinar, discutir, observar, tirar conclusões
etc.
 Atitudinal – sentimentos e emoções, como respeitar, conscientizar-se,
valorizar, etc.
2.2.2 Aprendizagem e motivação
Você que se prepara para ser um educador, deve aprender que sem motivação
não existe aprendizagem. Para tanto, existem dois tipos de motivação: a motivação
implícita, que depende da pessoa, é interna; e a motivação explícita, que depende de
fatores externos.
Segundo Haidt (2009), para que haja uma aprendizagem efetiva e duradoura é
preciso que existam propósitos definidos e autoatividade reflexiva dos alunos. Assim,
11
Didática
a autêntica aprendizagem ocorre quando o aluno está motivado. É a motivação interior
do aluno que impulsiona e vitaliza o ato de estudar e aprender.
Fonte: http://eugeniomussak.com.br/?attachment_id=2317
Veja alguns procedimentos que podem ajudar no processo de incentivo à
aprendizagem:
a) Articular e correlacionar o que está sendo ensinado com o real;
b) Apresentar os novos conteúdos partindo de uma questão problematizadora ou
situação-problema;
c) Usar procedimentos ativos de ensino-aprendizagem, condizentes com a faixa
etária e o nível de conhecimento dos alunos (os alunos devem observar,
comparar, classificar, ordenar, fazer estimativas, realizar operações numéricas,
coletar e analisar dados, propor e comprovar hipóteses, elaborar conceitos,
avaliar, julgar etc);
d) Incentivar o aluno a se autossuperar gradualmente, através de atividades
sucessivas de progressiva dificuldade;
e) Planejar as atividades do dia ou da semana em conjunto com a classe;
f) Esclarecer o objetivo a ser atingido com a realização de certa atividade ou o
estudo de determinado conteúdo;
g) Manter um clima agradável na sala de aula, estimulando a cooperação entre os
alunos;
h) Informar regularmente os alunos dos resultados que estão conseguindo,
analisando seus avanços e dificuldades no processo de construção do
conhecimento.
Você também precisa conhecer os níveis de aprendizagem. Existe o nível
reflexo, que ocorre por meio de nossas sensações, pelas quais desenvolvemos o
12
Didática
processo de observação e percepção e a ações motoras, que ocorre durante toda
nossa vida. E há o nível cognitivo, que é a aprendizagem de determinados
conhecimentos e operações mentais. Aprendemos pelo contato com as coisas ou
pelas palavras que formam as bases dos conceitos com os quais podemos pensar. O
professor colabora na aprendizagem do aluno, mas lembre-se que esta depende
sempre do próprio aluno!
2.3 O significado de ensinar e de aprender
O desenvolvimento mental (o aspecto cognitivo) é importante para que o aluno
aprenda a captar e processar informações, organizar dados, apreender e relacionar
conceitos, perceber e resolver problemas, criar conceitos e soluções. O
desenvolvimento da pessoa, como um ser singular e como um todo (os aspectos
cognitivo, afetivo, social), contribui para que o aluno realize o desenvolvimento de sua
sociabilidade, comunicabilidade, cultura, valores, competência profissional,
organização interna, relacionamento com o ambiente e com a sociedade.
Por isso é importante que você perceba que toda aprendizagem precisa ser
significativa. Isto exige que a aprendizagem: se relacione com o seu universo de
conhecimentos, experiências, vivências; permita formular problemas e questões que
de algum modo o interessem, o envolvam ou que lhe digam respeito; permita entrar
em confronto experiencial com problemas práticos de natureza social, ética,
profissional, que lhe sejam relevantes e permita participar com responsabilidade do
processo de aprendizagem.
Dessa forma, você vai ajudar seu aluno a transferir o que aprendeu na escola
para outras circunstâncias e situações de vida além de suscitar modificações no
comportamento e até mesmo na personalidade do aprendiz. O processo de ensino-
aprendizagem precisa visar objetivos realísticos, assim, precisa ser acompanhado de
feedback e ser embasado em um bom relacionamento interpessoal.
O processo de ensino é uma manifestação peculiar da prática educativa
que se desenvolve sob condições materiais e sociais concretas de uma
determinada sociedade. Seus elementos constitutivos - conteúdos,
professor e aluno – somente podem ser descritos e explicados em função
de objetivos sócio-políticos e de condições concretas. O processo de
13
Didática
aprendizagem tem por finalidade aprender determinados
conhecimentos, habilidades e normas de convivência social, organizados
intencionalmente, planejados e sistematizados. A tarefa primordial do
professor é assegurar a unidade didática entre ensino e aprendizagem,
através do processo de ensino-aprendizagem. O professor deve planejar
suas ações e dirigir o processo de ensino, tendo como objetivo motivar a
atividade própria dos alunos para a aprendizagem.
14
Didática
3. BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR
Objetivo:
Conhecer o conceito, a estrutura como também os fundamentos pedagógicos da
Base Nacional Comum Curricular.
Palavras-Chave:
Base Nacional Comum Curricular; Conceito; Estrutura.
3.1 Apresentação
Vamos aprender um pouco mais sobre Didática? Agora você irá explorar a
Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que
cumpre a atribuição do Ministério da Educação (MEC) de
encaminhar ao Conselho Nacional de Educação (CNE) a proposta de
direitos e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento para os
alunos da Educação Básica, pactuada com os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios. (BRASIL, p. 5, 2017)
3.2 O que é a Base Nacional Comum Curricular (BNCC)?
De acordo com o Ministério da Educação,
A Base Nacional Comum Curricular é um documento
de caráter normativo que define o conjunto orgânico e
progressivo de aprendizagens essenciais que todos os
alunos devem desenvolver ao longo das etapas e
modalidades da Educação Básica. Conforme definido na
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB, Lei
nº 9.394/1996), a Base deve nortear os currículos dos
sistemas e redes de ensino das Unidades Federativas,
como também as propostas pedagógicas de todas as
escolas públicas e privadas de Educação Infantil, Ensino
Fundamental e Ensino Médio, em todo o Brasil.
A Base estabelece conhecimentos, competências e
habilidades que se espera que todos os estudantes
15
Didática
desenvolvam ao longo da escolaridade básica. Orientada
pelos princípios éticos, políticos e estéticos traçados pelas
Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica, a
Base soma-se aos propósitos que direcionam a educação
brasileira para a formação humana integral e para a
construção de uma sociedade justa, democrática e
inclusiva. Disponível em:
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/ Acesso em: 10 jul.
2017.
A atual BNCC foi entregue ao Conselho Nacional de Educação recentemente,
no dia 06 de abril 2017, estabelecendo os conteúdos e competências essenciais que
todos os alunos da Educação Básica devem ser capazes de ser e de saber. A Base
estabelece direitos iguais de aprendizagem, organiza a progressão do ensino e aponta
claramente o que se espera da escola.
A construção da Base iniciou-se há dois anos.
A primeira versão do documento foi disponibilizada
para consulta pública entre outubro de 2015 e março de
2016. Nesse período, ela recebeu mais de 12 milhões de
contribuições – individuais, de organizações e de redes de
educação de todo o País –, além de pareceres analíticos
de especialistas, associações científicas e membros da
comunidade acadêmica. As contribuições foram
sistematizadas por pesquisadores da Universidade de
Brasília (UnB) e da Pontifícia Universidade Católica do Rio
de Janeiro (PUC-RJ) e subsidiaram a elaboração da
segunda versão. Disponível em:
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/a-construcao-da-
base Acesso em: 10 jul. 2017.
A versão final da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) complementa e
revisa a segunda versão e cumpre a atribuição do Ministério da Educação (MEC) de
encaminhar ao Conselho Nacional de Educação (CNE) a proposta de direitos e
16
Didática
objetivos de aprendizagem e desenvolvimento para os alunos da Educação Básica,
pactuada com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.
A BNCC é fruto de amplo processo de debate e negociação com diferentes
atores do campo educacional e com a sociedade brasileira. A partir do momento em
que foi homologada, a BNCC deve ser uma referência obrigatória na elaboração dos
currículos das escolas públicas e privadas do Brasil.
A Base foi orientada por princípios éticos, políticos e estéticos delineados pelas
Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica (DCN), que prima por oferecer
uma formação humana integral que colabore com a construção de uma sociedade
justa, democrática e inclusiva. A base visa contribuir com “[...] à formação de
professores, à avaliação, à elaboração de conteúdos educacionais e aos critérios para
a oferta de infraestrutura adequada para o pleno desenvolvimento da educação.”
(BRASIL, p. 8, 2017)
3.3 Base Nacional Comum Curricular e currículos
De acordo com o MEC, a BNCC e os currículos têm papéis complementares
para assegurar as aprendizagens essenciais definidas para cada etapa da educação
básica. Assim, as proposições da BNCC devem:
 Contextualizar os conteúdos dos componentes
curriculares, identificando estratégias para apresentá-
los, representá-los, exemplificá-los, conectá-los e
torná-los significativos, com base na realidade do lugar
e do tempo nos quais as aprendizagens estão situadas;
 Decidir sobre formas de organização interdisciplinar
dos componentes curriculares e fortalecer a
competência pedagógica das equipes escolares para
adotar estratégias mais dinâmicas, interativas e
colaborativas em relação à gestão do ensino e da
aprendizagem;
 Selecionar e aplicar metodologias e estratégias
didático-pedagógicas diversificadas, recorrendo a
ritmos diferenciados e a conteúdos complementares,
se necessário, para trabalhar com as necessidades de
diferentes grupos de alunos, suas famílias e cultura de
origem, suas comunidades, seus grupos de
socialização etc.;
 Conceber e pôr em prática situações e procedimentos
para motivar e engajar os alunos nas aprendizagens;
 Construir e aplicar procedimentos de avaliação
formativa de processo ou de resultado que levem em
17
Didática
conta os contextos e as condições de aprendizagem,
tomando tais registros como referência para melhorar
o desempenho da escola, dos professores e dos
alunos;
 Selecionar, produzir, aplicar e avaliar recursos
didáticos e tecnológicos para apoiar o processo de
ensinar e aprender; criar e disponibilizar materiais de
orientação para os professores, bem como manter
processos permanentes de desenvolvimento docente
que possibilitem contínuo aperfeiçoamento da gestão
do ensino e aprendizagem;
 Manter processos contínuos de aprendizagem sobre
gestão pedagógica e curricular para os demais
educadores, no âmbito das escolas e sistemas de
ensino. (BRASIL, p. 12-13, 2017)
3.4 Os fundamentos pedagógicos da Base Nacional Comum Curricular
A BNCC entende que os conteúdos curriculares devem estar a serviço do
desenvolvimento de competências. “Segundo a LDB (Artigos 32 e 35), na educação
formal, os resultados das aprendizagens precisam se expressar e se apresentar como
sendo a possibilidade de utilizar o conhecimento em situações que requerem aplicá-
lo para tomar decisões pertinentes.” (BRASIL, p. 15, 2017).
Assim, de acordo com a Base, o conceito de competência se aplica quando o
aluno torna-se capaz de, ao de deparar com um problema, ativar e utilizar o
conhecimento construído pela mobilização e aplicação dos saberes escolares
(conceitos, procedimentos, valores e atitudes).
A Base tem um compromisso com a educação integral, pois o estudante deve
Aprender a aprender, saber lidar com a informação
cada vez mais disponível, atuar com discernimento e
responsabilidade nos contextos das culturas digitais,
aplicar conhecimentos para resolver problemas, ter
autonomia para tomar decisões, ser proativo para
identificar os dados de uma situação e buscar soluções,
são competências que se contrapõem à concepção de
conhecimento desinteressado e erudito entendido como
fim em si mesmo. (BRASIL, p. 17, 2017)
18
Didática
Os objetivos de aprendizagem dos componentes curriculares estabelecidos
pela BNCC para toda a Educação Básica visam à aprendizagem e ao
desenvolvimento global do aluno. Dessa forma, conseguimos superar a fragmentação
do conhecimento, e oferecer estímulo a sua aplicação na vida cotidiana.
3.5 A estrutura da Base Nacional Comum Curricular
A BNCC está estruturada de modo a explicitar as competências que os alunos
devem desenvolver ao longo de toda a Educação Básica e em cada etapa da
escolaridade: Educação Infantil e Ensino Fundamental.
No que diz respeito à Educação Infantil, a primeira etapa da Educação Básica,
nos eixos estruturantes da Educação Infantil (interações e brincadeiras), devem ser
assegurados seis direitos de aprendizagem e desenvolvimento (conviver, brincar,
participar, explorar, expressar e conhecer-se), para que as crianças tenham condições
de aprender e se desenvolver.
“Considerando os direitos de aprendizagem e desenvolvimento, a BNCC
estabelece cinco campos de experiências, nos quais as crianças podem aprender e
se desenvolver.” (BRASIL, p. 23, 2017) Os campos de experiências são:
 O eu, o outro e o nós
 Corpo, gestos e movimentos
 Traços, sons, cores e formas
 Oralidade e escrita
 Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações
Em cada campo de experiências, são definidos objetivos de aprendizagem e
desenvolvimento organizados em três grupos de faixas etárias, dois grupos para a
creche e um para a pré-escola (creche: crianças de zero a 1 ano e 6 meses; crianças
de 1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses; pré-escola: crianças de 4 anos a 5 anos e
11 meses).
Já para o Ensino fundamental, a BCNN está organizada em quatro áreas de
conhecimento (linguagens, matemática, ciências da natureza e ciências humanas),
que têm a intenção de favorecer a comunicação entre os conhecimentos e saberes
dos diferentes componentes curriculares. “Elas se intersectam na formação dos
alunos, embora se preservem as especificidades e os saberes próprios construídos e
sistematizados nos diversos componentes.” (BRASIL, p. 25, 2017)
19
Didática
Cada área de conhecimento estabelece competências específicas de área, cujo
desenvolvimento deve ser promovido ao longo dos nove anos. Nas áreas que abrigam
mais de um componente curricular (Linguagens e Ciências Humanas), também são
definidas competências específicas do componente (Língua Portuguesa, Arte,
Educação Física, Língua Inglesa, Geografia e História) a ser desenvolvidas pelos
alunos ao longo dessa etapa de escolarização.
Para garantir o desenvolvimento das competências
específicas, cada componente curricular apresenta um
conjunto de habilidades. Essas habilidades estão
relacionadas a diferentes objetos de conhecimento – aqui
entendidos como conteúdos, conceitos e processos –,
que, por sua vez, são organizados em unidades temáticas.
(BRASIL, p. 126, 2017)
As habilidades expressam as aprendizagens essenciais que devem ser
asseguradas aos alunos nos diferentes contextos escolares.
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento de caráter
normativo que define o conjunto orgânico e progressivo de
aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao
longo das etapas e modalidades da Educação Básica. Aplica-se à educação
escolar e indica conhecimentos e competências que se espera que todos
os estudantes desenvolvam ao longo da escolaridade. Orientada pelos
princípios éticos, políticos e estéticos traçados pelas Diretrizes
Curriculares Nacionais da Educação Básica a BNCC soma-se aos propósitos
que direcionam a educação brasileira para a forma ção humana integral e
para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva.
20
Didática
4. OBJETIVOS E CONTEÚDOS DO ENSINO
Objetivo:
Compreender a importância, tipos, seleção e funções dos objetivos e conteúdos
do ensino.
Palavras-Chave:
Conteúdos; Ensino; Objetivos.
4.1 Apresentação
Agora você iniciará seus estudos sobre dois assuntos muito importantes para
o processo de ensino-aprendizagem: a determinação de objetivos e a seleção de
conteúdos.
4.2 Os objetivos de ensino
A educação, sendo uma atividade realizada “pelo” e “para” o homem, possui
propósitos e metas. Assim, no processo educativo, os professores e alunos atuam
visando a consecução de objetivos.
Aristóteles, no século IV a.C. afirmava que “ o importante é que em todos os
nossos atos tenhamos um fim definido que almejamos conseguir... à maneira dos
arqueiros que apontam para um alvo bem assinalado”1
. Por isso que você deve
perceber que a formulação dos objetivos oferece segurança ao professor, pois auxilia
sua atuação pedagógica e orienta-o a utilizar os meios mais adequados para realizar
seu trabalho.
Os objetivos educacionais ou de ensino expressam propósitos definidos
explícitos quanto ao desenvolvimento das qualidades humanas que todos os
indivíduos precisam adquirir para se capacitarem para transformar a sociedade. A
prática educativa prima por explicitar fins e meios que orientem as tarefas da escola e
do professor. A formulação dos objetivos do ensino consiste na definição de todos os
comportamentos que podem modificar-se como resultado da aprendizagem.
1 ARISTÓTELES, Ética a Nicômano. Abril: São Paulo, 1984.
21
Didática
Segundo Libâneo (2003), os objetivos educacionais seguem três referências
para sua formulação:
 Os valores e ideais expressos na legislação educacional que expressam os
propósitos das forças políticas dominantes no sistema social;
 Os conteúdos básicos das ciências, produzidos e elaborados no decurso da
prática social da humanidade;
 As necessidades e expectativas de formação cultural exigidas pela população
majoritária da sociedade, decorrentes das condições concretas de vida e de
trabalho e das lutas pela democratização.
Essas referências não podem ser tomadas isoladamente, pois estão
interligadas e sujeitas a contradições. Portanto, a elaboração dos objetivos exige do
professor uma avaliação crítica das referências que utiliza, os objetivos propostos
devem condizer com o sistema escolar e com as necessidades, aspirações e
expectativas da clientela escolar, bem como torná-los adequados às condições
socioculturais e de aprendizagem dos alunos.
Os objetivos de ensino são indispensáveis para o exercício da docência,
exigindo um posicionamento do professor. Os objetivos resultam da filosofia que
orienta a vida dentro de uma cultura e delineiam o perfil do homem que a sociedade
espera formar.
4.2.1 Objetivos gerais e específicos
Os objetivos educacionais podem ser expressos em dois níveis: os objetivos
gerais e os específicos. Observe:
Libâneo (2003) afirma que os objetivos gerais possuem três níveis de
abrangência:
Objetivos gerais: são previstos para um determinado nível ou ciclo, uma
escola ou uma área de estudos, e que serão alcançados a longo prazo. Eles
expressam propósitos amplos acerca do papel da escola e do ensino diante das
exigências postas pela realidade social e do desenvolvimento da personalidade
dos alunos.
Objetivos específicos: são definidos especificamente para uma disciplina,
uma unidade de ensino ou uma aula que podem ser alcançados a curto prazo;
consistem no desdobramento dos objetivos gerais.
22
Didática
 Pelo sistema de ensino, que expressa as finalidades educativas de acordo com
ideais e valores dominantes na sociedade;
 Pela escola, que estabelece princípios e diretrizes de orientação do trabalho
escolar com base num projeto político pedagógico;
 Pelo professor, que concretiza no ensino dos conteúdos sua própria visão de
educação e sociedade.
Os objetivos gerais podem auxiliar os professores na seleção dos objetivos
específicos e conteúdos de ensino. Portanto, os objetivos gerais do ensino devem:
1. Colocar a educação escolar no conjunto das lutas sociais pela democratização
da sociedade;
2. Garantir a todas as crianças, sem nenhuma discriminação de classe social, cor,
religião ou sexo, uma sólida preparação cultural e científica;
3. Assegurar a todas as crianças o máximo de desenvolvimento de suas
potencialidades, vencendo as desvantagens decorrentes das condições
socioeconômicas desfavoráveis;
4. Formar nos alunos a capacidade crítica e criativa em relação aos conteúdos de
ensino e à aplicação dos conhecimentos e habilidades em tarefas teóricas e
práticas;
5. Atender a função educativa do ensino; formar convicções para a vida coletiva;
6. Instituir processos participativos, envolvendo todas as pessoas que direta ou
indiretamente se relacionam com a escola.
Agora você deve conhecer um pouco sobre os objetivos específicos. Eles
particularizam a compreensão entre escola e sociedade e têm sempre um caráter
pedagógico.
Ao formular seus objetivos específicos o professor pode: desdobrar os objetivo
gerais em específicos, a serem alcançados a curto prazo; focalizar o comportamento
do aluno e não do professor; formular cada objetivo de modo que ele descreva apenas
um comportamento por vez; criar objetivos relevantes e úteis, envolvendo o
conhecimento, as habilidades cognitivas e as operações mentais superiores. Na
redação dos objetivos específicos, o professor precisa expressar o resultado
esperado, que deve ser atingido por todos alunos ao final daquela aula/unidade. Os
resultados podem ser de:
23
Didática
 CONHECIMENTOS: conceitos, fatos, princípios, teorias, interpretações, ideias
organizadas, etc.
 HABILIDADES: o que o aluno deve aprender para desenvolver suas
capacidades intelectuais - organizar seu estudo ativo e independente; aplicar
fórmulas em exercícios; observar, coletar e organizar informações sobre
determinado assunto; raciocinar com dados da realidade; formular hipóteses;
usar materiais e instrumentos como, dicionários, mapas, réguas, etc.
 ATITUDES, CONVICÇÕES E VALORES: que devem ser desenvolvidos em
relação à matéria, ao estudo, ao relacionamento humano, à realidade social
(atitude científica, consciência crítica, responsabilidade, solidariedade, etc.
A linguagem utilizada para expressar um objetivo específico deve ser precisa e
clara. Procure sempre utilizar verbos de ação ao formula-los. Exemplos: responder,
redigir, citar, calcular, identificar, resolver, relacionar, explicar, refletir, planejar.
4.3 Os conteúdos de ensino
Muitas são as definições para os conteúdos de ensino, e Libâneo (2003) define-
os como o conjunto de conhecimentos, habilidades, hábitos, modos valorativos e
atitudinais de atuação social, organizados pedagógica e didaticamente, tendo em vista
a assimilação ativa e aplicação pelos alunos na sua vida prática. Englobam: conceitos,
ideias, fatos, processos, princípios, leis, regras; habilidades cognoscitivas, modos de
atividades, métodos de compreensão e aplicação, hábito de estudo, de trabalho e de
convivência social; valores, convicções, atitudes. São expressos nos programas
oficiais, nos livros didáticos, nos planos de ensino e de aula, nas aulas, nas atitudes e
convicções do professor, nos exercícios, nos métodos e formas de organizar o ensino.
Assim como os objetivos, os conteúdos se compõem pelos seguintes
elementos:
 Conhecimentos sistematizados: são a base da instrução e do ensino; objetos
de assimilação e meio indispensável para o desenvolvimento global da
personalidade (fatos, leis, problemas, conceitos);
 Habilidades e hábitos: são qualidades intelectuais necessárias para a atividade
mental no processo de assimilação de conhecimentos; e modos de agir
relativamente automatizados;
24
Didática
 Atitudes e convicções: se referem a modos de agir, de sentir e de se posicionar
frente a tarefas da vida social.
Lembre-se que os conteúdos precisam estar de acordo com os objetivos e
métodos de ensino, estabelecendo a importante unidade objetivos-conteúdos-
métodos. É através do desenvolvimento dos conteúdos programáticos que atingimos
os objetivos propostos para o processo educativo.
4.3.1 Critérios de seleção e organização de conteúdos
A escolha dos conteúdos é uma das tarefas mais importantes para o professor,
pois eles são a base informativa e formativa do processo de transmissão-assimilação
de conhecimento. De acordo com Libâneo (2003), ao selecionar os conteúdos de
ensino o professor deve adotar os seguintes critérios:
1. Correspondência entre objetivos gerais e conteúdos: os conteúdos devem
expressar os objetivos sociais e pedagógicos da escola, sintetizados na
formação cultural e científica para todos.
2. Caráter científico: os conhecimentos que fazem parte do conteúdo refletem os
fatos, conceitos, ideias e métodos decorrentes da ciência moderna.
3. Caráter sistemático: o programa de ensino deve ser delineado, garantindo uma
lógica interna, que permita uma articulação entre os diversos assuntos.
4. Relevância social: corresponde à ligação entre o saber sistematizado e a
experiência prática, permitindo a incorporação de experiências e vivências do
aluno à aprendizagem.
5. Acessibilidade e solidez: compatibilizar os conteúdos com o nível de preparo e
desenvolvimento mental do aluno, sem perder o caráter científico e
sistematizado, buscando uma assimilação sólida e duradoura dos
conhecimentos.
A seleção dos conteúdos também deve ser orientada pelo currículo
apresentado aos professores, como por exemplo, o Referencial Curricular Nacional
para e Educação Infantil e os Parâmetros Curriculares Nacionais. De acordo com os
PCN’s, os conteúdos são agrupados em “blocos temáticos”, apontando sempre para
possíveis conexões entre os blocos, com outras áreas e com os temas transversais,
tendo-se o tratamento didático em perspectiva.
25
Didática
Objetivo é o que se espera que a turma aprenda em determinadas
condições de ensino. É ele que orienta quais conteúdos devem ser
trabalhados e quais encaminhamentos didáticos são necessários para que
isso ocorra. Conteúdo é o conjunto de valores, conhecimentos, habilidades e
atitudes que o professor deve ensinar para garantir o desenvolvimento e a
socialização do estudante. Pode ser classificado como conceitual (que
envolve a abordagem de conceitos, fatos e princípios), procedimental (saber
fazer) e atitudinal (saber ser). E conceito é a definição de um determinado
termo. Um exemplo: se o objetivo é o aluno identificar o que é um inseto no
contexto dos demais invertebrados, o professor deve eleger como conteúdo
animais invertebrados, apresentar o conceito de inseto e explicar o aspecto
que o diferencia dos animais que não possuem ossos. Observe que é preciso
definir primeiro os objetivos de ensino e aprendizagem para depois
selecionar e organizar os conteúdos.
Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/planejamento-e-
avaliacao/planejamento/sao-objetivo-conteudo-conceito-428234.shtml
Segundo Zabala (1998), nós poderemos conhecer os conteúdos que são
trabalhados, pelo que poderemos avaliar se o que se faz está de acordo com o que
se pretende nos objetivos. Os conteúdos que trabalhamos devem ser coerentes com
as nossas intenções educacionais. Uma questão importante também é verificar se os
conteúdos trabalhados estão sendo realmente aprendidos.
A definição dos objetivos de ensino direciona as atividades docentes,
auxiliando o professor a escolher os meios mais adequados para realizar
seu trabalho. Os objetivos podem ser formulados em dois níveis:
objetivos gerais e objetivos específicos. Os objetivos específicos
consistem na operacionalização dos objetivos gerais. Por isso, fornecem
uma orientação consistente para o desenvolvimento do processo de
ensino-aprendizagem e para a avaliação. O conteúdo serve de alicerce
para a aquisição de informações, elaboração de conceitos e para o
desenvolvimento de hábitos, atitudes e habilidades. É por meio dos
conteúdos que alcançamos os objetivos estabelecidos para o ensino.
26
Didática
5. A METODOLOGIA DO ENSINO
Objetivo:
Conhecer os critérios para seleção de métodos de ensino.
Palavras-Chave:
Estratégias; Métodos; Técnicas.
5.1 Apresentação
Agora você irá estudar sobre como poderá organizar seus procedimentos de
ensino e as experiências de aprendizagem de seus alunos, de forma que melhor se
ajustem aos objetivos propostos para o processo instrucional.
A metodologia de ensino abrange as ações, processos ou comportamentos
planejados pelo professor, para colocar o aluno em contato direto com coisas, fatos,
fenômenos que lhe possibilitem modificar sua conduta, em função dos objetivos
previstos e dos conteúdos que serão trabalhados.
5.2 O que é método de ensino?
Muitos são os termos que se relacionam neste tópico: procedimentos, métodos,
estratégias e técnicas. Observe as definições apresentadas a seguir:
 Método: o significado etimológico da palavra é “caminho a seguir para alcançar
um fim”; é um roteiro geral para a atividade. O método indica as grandes linhas
de ação, sem se deter em operacionalizá-las. Podemos dizer que o método é
o caminho que leva até certo ponto, sem ser o veículo de chegada, que é a
técnica. À medida que a ciência avança, novos métodos vão surgindo para
adequar-se às estruturas psicológicas do aluno.
 Técnica: é a operacionalização do método. São os instrumentos, os veículos
que nos permitem atingir os objetivos previstos; são indissociáveis dos
métodos.
27
Didática
 Procedimentos: maneira de efetuar alguma coisa. Consiste em descrever as
atividades desenvolvidas pelo professor e pelos alunos. Os procedimentos
devem contribuir para que o aluno mobilize seus esquemas operatórios de
pensamento e participe ativamente das experiências de aprendizagem.
 Estratégia: é uma palavra emprestada da tecnologia militar. Trata-se de uma
descrição de meios disponíveis pelo professor para atingir os objetivos
específicos; são os meios utilizados para facilitar a aprendizagem. As
estratégias incluem toda a organização da sala de aula que facilite a
assimilação por parte do aluno, por isso tem um caráter instrumental.
Selecionar as estratégias mais adequadas para determinado objetivo é um dos
grandes segredos do sucesso da aprendizagem.
Libâneo (2003), afirma que “os métodos são meios adequados para realizar
objetivos”. Por isso é tão importante que você saiba classificar e selecionar
adequadamente os métodos que irá adotar em suas aulas.
5.3 Classificação e seleção dos métodos de ensino
Ao selecionar os métodos e técnicas que irá utilizar, você precisa considerar
alguns critérios de seleção:
 Adequação aos objetivos estabelecidos para o ensino e a aprendizagem;
 A natureza do conteúdo a ser ensinado e o tipo de aprendizagem a efetivar-se;
 As características dos alunos (idade, grau de interesse, expectativas de
aprendizagem, desenvolvimento mental);
 As condições físicas e o tempo disponíveis.
Será a partir desses aspectos que você estabelecerá o “como” ensinar, isto é,
as formas de intervenção em sala de aula para auxiliar o educando no processo de
reconstrução do conhecimento.
Assim, você vai resolver se sua aula será uma exposição dialogada, ou se
usará um estudo dirigido, ou se realizará um trabalho com textos, ou se fará uma
dramatização, ou se adotará jogos educativos, ou se desenvolverá um trabalho em
grupo.
28
Didática
Agora, sobre a classificação dos métodos e técnicas, existem muitas propostas
diferentes.
De acordo com Jean Piaget (1970), os métodos de ensino são assim
classificados:
 Métodos verbais tradicionais: tiveram seus fundamentos alicerçados pela
epistemologia associacionista;
O associacionismo é um movimento psicológico que foi formado a partir
da união entre os iluministas franceses e os empiristas. Este movimento
foi considerado por muitos como a verdadeira ruptura entre a psicologia
e a filosofia. Os racionalistas alemães afirmavam que a mente teria o
poder de gerar ideias, independentemente da estimulação sensorial.
Todo o conhecimento se basearia na razão e a percepção seria
meramente um processo seletivo. Assim, o conhecimento tem origem
nas sensações e nenhuma ideia poderia conter informação que não
houvesse sido recolhida previamente pelos sentidos. As ideias não têm
valor em si mesmas. O núcleo central da teoria psicológica baseia-se na
ideia de que o conhecimento é alcançado mediante a associação de
ideias seguindo os princípios de semelhança, continuidade espacial e
temporal e causalidade.
Fonte: http://www.infopedia.pt/$associacionismo Acesso em:
20/07/2017.
 Métodos ativos: desenvolvidos a partir de pesquisas e conclusões da
Psicologia do Desenvolvimento, mais especificamente do construtivismo
operacional e cognitivo;
Denomina-se psicologia do desenvolvimento o ramo na psicologia que
trata do modo como os indivíduos percebem, aprendem, lembram e
representam as informações que a realidade fornece. Abrange como
principais objetos de estudo a percepção, o pensamento e a memória,
procurando explicar como o ser humano percebe o mundo e como
utiliza-se do conhecimento para desenvolver diversas funções
cognitivas como: falar, raciocinar, resolver situações-problema,
memorizar, entre outras.
Fonte: http://www.infoescola.com/psicologia/cognitiva/ Acesso em:
20/07/2017.
29
Didática
 Métodos intuitivos ou audiovisuais: baseados na Psicologia da Boa Forma ou
Gestalt;
Psicologia da Gestalt ou Psicologia da Boa Forma traz em si a concepção
de que não se pode conhecer o todo através das partes, e sim as partes
por meio do conjunto. Este tem suas próprias leis, que coordenam seus
elementos. Só assim o cérebro percebe, interpreta e incorpora uma
imagem ou uma ideia. É muito importante nesta teoria a ideia de que o
conjunto é mais que a soma dos seus elementos; assim deve-se imaginar
que um terceiro fator é gerado nesta síntese.
Fonte: http://www.infoescola.com/psicologia/gestalt/ Acesso em:
20/07/2017.
 Ensino programado: tem por base a reflexologia e a Psicologia
Comportamental ou Behaviorista.
O Behaviorismo – do termo inglês behaviour ou do americano behavior,
significando conduta, comportamento – é um conceito generalizado que
engloba as mais paradoxais teorias sobre o comportamento, dentro da
Psicologia. Esta linha de pensamento conduz a uma tese sobre o sistema
de aprendizagem, apoiada sobre mapas cognitivos – interações estímulo-
estímulo – gerados nos mecanismos cerebrais. Assim, para cada grupo de
estímulos o indivíduo produz um comportamento diferente e, de certa
forma, previsível.
Fonte: http://www.infoescola.com/psicologia/behaviorismo/ Acesso em:
20/07/2017.
Já Libâneo (2003) classifica os métodos de ensino da seguinte forma:
 Método de exposição pelo professor: conhecimentos, habilidades e tarefas são
apresentados, explicadas ou demonstradas pelo professor;
 Método de trabalho independente: os alunos realizam tarefas dirigidas e
orientadas pelo professor, de modo independente e criador;
 Método de elaboração conjunta: é uma forma de intervenção ativa entre o
professor e o aluno, visando a obtenção de novos conhecimentos;
30
Didática
 Método de trabalho em grupo: consiste em distribuir temas de estudos iguais
ou diferentes a grupos fixos ou variáveis, compostos de 3 a 5 alunos;
 Atividades especiais: são as que complementam os métodos de ensino e que
ocorrem para a assimilação ativa dos conteúdos.
E Irene Carvalho (1973) classifica os métodos de ensino da seguinte forma:
 Métodos individualizados de ensino: valorizam o atendimento às diferenças
individuais;
 Métodos socializados de ensino: valorizam a interação social, fazendo a
aprendizagem realizar-se em grupo;
 Métodos sócio-individualizados: combinam as duas atividades (individuais e
socializadas), alternando suas fases.
5.4 A relação objetivo-conteúdo-método
Libâneo (p. 153, 2003) nos diz que “os métodos não tem vida independente dos
objetivos e conteúdos, assim como a assimilação dos conteúdos depende tanto dos
métodos de ensino como dos de aprendizagem”.
É preciso que o professor organize o conteúdo que irá ministrar, de modo que
ele atenda aos aspectos políticos, pedagógicos, lógicos e psicológicos. Assim, os
objetivos não só expressam nossos propósitos pessoais, mas também a conotação
pedagógica dos conteúdos. E os métodos, por sua vez, são as formas pelas quais os
objetivos e conteúdos se manifestam no processo de ensino.
A relação objetivo-conteúdo-método tem como característica a mútua
interdependência. Perceba que a escolha do método depende da determinação do
objetivo e da seleção do conteúdo.
31
Didática
Zabala (1998) afirma que não há uma única maneira de ensinar e aprender.
Ele diz que convivemos com diferentes objetivos e conteúdos, com alunos com suas
características particulares e cada professor tem seu estilo próprio de trabalhar, assim,
a forma de ensinar não pode se limitar a um único modelo. “É preciso introduzir, em
cada momento, as ações que se adptem às novas necessidades formativas que
surgem constantemente, fugindo dos esteriótipos ou dos apriorismos.” (p. 51).
A metodologia de ensino utilizada pelo professor tem como função
facilitar o processo de reconstrução do conhecimento por parte do aluno.
Método de ensino é o conjunto de procedimentos didáticos que
conduzem a aprendizagem do aluno para um fim específico. Os métodos
não são neutros, pois eles se fundamentam numa concepção de homem
e de educação. São vários os critérios utilizados para selecionar e
classificar os métodos e técnicas de ensino, sendo importante manter a
relação objetivo-conteúdo-método.
32
Didática
6. RECURSOS DIDÁTICOS
Objetivo:
Conhecer os diversos tipos de recursos didáticos que podem ser empregados
no ensino.
Palavras-Chave:
Instrumentos; Materiais; Recursos.
6.1 Apresentação
Sabemos que o homem é um ser social, portanto, tem necessidade de
comunicar-se. Comunicação é, e sempre foi, a prática cotidiana das relações sociais.
Do momento em que se levanta até a hora de adormecer, o homem emite e
recebe uma série de mensagens, transmitidas através dos mais diferentes códigos.
Essas mensagens falam sobre algo, referem-se a um contexto ou situação e, para
sua transmissão, necessitam de um canal de comunicação.
A comunicação ultrapassa o plano histórico, vai além do temporal. Porque o
homem é um ser essencialmente político, e a comunicação só pode ser um ato
político, uma prática social básica. Nesta prática social é que se assentam as raízes
do ensinar e do aprender, fundamentais para o ser humano desenvolver sua vida
social.
Comunica-se o ser humano de forma verbal (através das línguas, da fala, da
escrita) ou não-verbal. Esta última acontece de várias formas, como: linguagem
corporal, musical, arquitetural, cromática etc.
33
Didática
Fonte: http://blog.qualidadesimples.com.br/wp-content/uploads/2013/06/comunicacao.png
As línguas (linguagem verbal) são casos particulares do fenômeno geral da
linguagem e constituem um sistema de signos vocais específicos aos membros de
uma mesma comunidade. E para que cada membro consiga comunicar-se através da
oralidade, ele utiliza a fala. Fala é, pois, a realização individual que cada pessoa faz
da língua.
Além disso, o ser humano se comunica com seus pares através da linguagem
não-verbal. As partidas de futebol tornam-se mais atraentes com a linguagem gestual
dos jogadores. Já na antiga Roma, nos jogos circenses, o imperador, com o polegar
levantado ou abaixado, prolatava as sentenças de vida ou de morte.
Pela mímica, pode-se conhecer o testemunho de surdos-mudos; a falsidade de
um depoimento pode revelar-se até mesmo pela transpiração, pela palidez ou simples
movimento palpebral. A toga, como qualquer peça do vestuário, é uma informação
inicial da função exercida pelo juiz e a cor negra sinaliza seriedade e compostura que
devem caracterizá-lo.
Há de se dizer também que mesmo o calar-se é um ato de comunicação. É,
pois, determinação negativa de falar, o que constituiu, também, uma prerrogativa do
ser humano.
34
Didática
Vemos, portanto, que os nossos cinco sentidos são as portas que nos permitem
tomar conhecimento do mundo exterior. Uma curiosa pesquisa do Secondy-Vacuum
Oil Co. Studies apresentou os seguintes dados relacionados à como aprendemos:
 1% através do paladar
 1.5% através do tato
 3.5% através do olfato
 11% através da audição
 83% através da visão
Isso nos permite concluir que é por meio de estímulos auditivos e visuais que a
maioria das pessoas aprende. Além, disso, a pesquisa constatou que nós retemos:
 10% do que lemos
 20% do que escutamos
 30% do que vemos
 50% do que vemos e escutamos
 70% do que ouvimos e logo discutimos
 90% do que ouvimos e logo realizamos
Essas informações são valiosas para nós, educadores, pois elas nos ajudam a
compreender a importância dos recursos didáticos na aprendizagem. Tendo posse
desses dados, temos condições de perceber como nossos alunos aprendem melhor,
e assim, podemos escolher com mais propriedade, quais materiais, instrumentos ou
meios utilizaremos em nossas aulas.
6.2 Elementos da comunicação
Tendo entendido que a comunicação é fundamental para as relações humanas,
e consequentemente, para a aprendizagem, você precisa aprender que diversos
elementos estão envolvidos no ato comunicatório. Deve haver, então, um objeto de
comunicação (mensagem) com um conteúdo (referente), transmitindo ao receptor por
um emissor, por meio de um canal, com seu próprio código.
Seis são os elementos da comunicação: emissor, receptor, referente,
mensagem, código e canal.
35
Didática
a) Emissor é aquele que emite a mensagem, pode ser um indivíduo, grupo,
empresa, computador etc.
b) Receptor é aquele que recebe a mensagem e, também, pode ser um
indivíduo, grupo, empresa, computador etc.
c) Mensagem é o objeto da comunicação, o conteúdo das informações
transmitidas.
d) Código é o conjunto de signos (aquilo que representa o objeto) e regras
de combinação destes signos. É importante saber que a língua
portuguesa, ou qualquer outra, é um dos códigos possíveis. Existem
outros tipos de linguagem: a cromática, a musical, a arquitetônica etc.
e) Canal é o meio físico através do qual a mensagem se propaga, é a via
de circulação das mensagens.
f) Referente é constituído pelo contexto, pela situação e pelos objetos
reais aos quais a mensagem se refere.
Esquematizando os elementos da comunicação, temos:
Fonte: http://www.gramatica.net.br/wp-content/uploads/2014/07/funcoes-linguagem.jpg
Sabemos que em toda relação social acontece troca de informações, portanto,
a comunicação se realiza. Porém, é preciso ter claro que são todos esses elementos
que condicionam a realização da comunicação nas relações sociais. Esses elementos
constituem o processo de comunicação analisado pelas teorias da comunicação, seja
entre pessoas ou entre máquinas. Porém, conforme o interesse da análise, o
significado e o valor de cada um pode mudar.
No contexto da sala de aula, professor e aluno atuam como emissor ou
receptor. O conteúdo ministrado é a mensagem que se deseja passar e para que ele
36
Didática
seja devidamente aprendido, a escolha dos recursos didáticos é um fator determinante
desse processo.
6.3 Classificação e tipos de recursos didáticos
Os recursos didáticos, também conhecidos como meios ou recurso de ensino,
são as formas usadas pelo professor e pelos alunos para organizar e conduzir o
processo de ensino-aprendizagem. O educador deve estimular seus alunos a usarem
canais diversos de informação e aprendizagem, além de escutar o próprio professor,
contribuindo com o enriquecimento de seu conhecimento e melhor prepará-lo para
aprender a aprender.
O educador pode combinar vários recursos didáticos, de modo que cada um
reforce e complemente o que o outro apresenta. O termo “recursos de ensino” pode
ser definido como sendo os componentes do ambiente da aprendizagem que dão
origem à estimulação para o aluno. Esses componentes podem ser os mais diversos,
por isso são classificados tradicionalmente como recursos visuais, auditivos e
audiovisuais:
 Recursos visuais: projeções, cartazes, gravuras
 Recursos auditivos: rádio, gravações
 Recursos audiovisuais: filmes, computador
Além disso, os recursos de ensino podem ser classificados como humanos ou
materiais:
 Recursos humanos: professor, alunos, pessoal escolar, comunidade
 Recursos materiais do ambiente: natural (água, folha, pedra) e escolar (giz,
cartazes, quadro, mapas)
 Recursos materiais da comunidade: bibliotecas, indústrias, lojas, parques,
repartições públicas.
Edgar Dale, propôs o “Cone das Experiências” (1954) e enfatizou que o ensino
puramente teórico (simbólico-abstrato) deve ser evitado. Segundo o autor, o que é
imediatamente vivenciado permite uma aprendizagem mais efetiva.
37
Didática
Fonte: https://encrypted-tbn1.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcSfMd02WGb1bJfeGi-
ldh4GQ9MAlFE1On3fVXVa-NUFZHldzLnK
Analisando o cone, podemos perceber que não há conflitos entre os recursos
concretos e abstratos, porém, partimos de experiências concretas para chegar às
abstratas. Assim, se desejamos fazer do processo de aprendizagem algo mais eficaz
e eficiente, precisamos permitir que nossos alunos tenham experiências diretas.
O uso dos recursos didáticos adequados proporcionam novas experiências aos
educandos e assim, eles conseguem desenvolver a compreensão e a reflexão.
Quando usados de maneira adequada, os recursos didáticos colaboram para:
motivar e despertar o interesse dos alunos; favorecer o desenvolvimento da
capacidade de observação; aproximar o aluno da realidade; visualizar ou concretizar
os conteúdos da aprendizagem; oferecer informações e dados; ilustrar noções mais
abstratas e desenvolver a experimentação concreta.
Os recursos didáticos podem colocar o aluno em diversas situações, onde ele
pesquisa e experimenta, fazendo com que ele conheça suas habilidades e limitações,
que exercite o diálogo, a liderança seja solicitada ao exercício de valores éticos além
de muitos outros desafios, que permitirão vivências capazes de construir
conhecimentos e atitudes.
Um dos principais objetivos do ensino é proporcionar mudanças no
comportamento do professor e de seus alunos. Quando criamos uma
atmosfera de aprendizagem adequada, o ensino tende a ser mais eficaz.
Os recursos didáticos possuem caráter instrumental, por isso só têm valor
quando são usados como materiais que completam e facilitam a ação
docente, multiplicando as possibilidades de atuação. Para fazer bom uso
dos recursos didáticos, é preciso que o professor utilize-os de forma
38
Didática
dinâmica, permitindo que os educandos trabalhem operativamente as
informações figurativas provenientes das percepções (visuais, auditivas,
audiovisuais, táteis, etc).
39
Didática
7. AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM ESCOLAR
Objetivo:
Compreender a importância, as funções e os tipos da avaliação da
aprendizagem escolar.
Palavras-Chave:
Avaliação; Funções; Tipos.
7.1 Apresentação
A avaliação do rendimento do aluno, isto é, do processo ensino-aprendizagem,
tem sido uma preocupação constante dos professores. Mas, você sabe por quê?
Em primeiro lugar, porque faz parte do trabalho docente verificar e julgar o
rendimento dos alunos, avaliando os resultados do ensino. Há pessoas que aprendem
mais rapidamente, enquanto outras o fazem de maneira mais lenta. Há, também,
aquelas que retêm e aplicam melhor o que lhes é ensinado. Cabe ao professor
reconhecer as diferenças na capacidade de aprender dos alunos, para poder ajudá-
los a superar suas dificuldades e avançar na aprendizagem.
Em segundo lugar, porque o progresso alcançado pelos alunos reflete a
eficácia do ensino. Ensinar e aprender são duas ações indissociáveis, duas faces da
mesma moeda. Nesse sentido, pode-se dizer que o rendimento do aluno é uma
espécie de espelho do trabalho desenvolvido em classe. Ao avaliar os seus alunos, o
professor está, também, avaliando seu próprio trabalho. Portanto, a avaliação está
sempre presente na sala de aula, fazendo parte da rotina escolar. Daí ser
responsabilidade do professor aperfeiçoar suas técnicas de avaliação!
Frequentemente o termo avaliação é associado a outros, como exame, nota,
sucesso e fracasso, promoção e repetência. Em decorrência de uma nova concepção
pedagógica, a avaliação assume dimensões mais amplas.
40
Didática
Fonte: http://constantinaweb.com.br/wp-content/uploads/2014/12/avalia%C3%A7%C3%A3o-
escolar.jpg
A atividade educativa não tem por meta atribuir notas, mas realizar uma série
de objetivos que se traduzem em termos de mudanças de comportamento dos alunos.
E cabe justamente à avaliação verificar em que medida esses objetivos estão
realmente sendo alcançados, para ajudar o aluno a avançar na aprendizagem.
7.2 Alguns conceitos sobre avaliação
Foram muitas as concepções de avaliação ao longo do tempo. Tudo dependeu
de como o criador do conceito a visualizava. Vamos conhecer alguns desses
conceitos e concepções?
Bloom, Hastings e Madaus (1971, p. 118), numa obra que se tornou clássica
sobre o assunto, Handbook on formative and summative evaluation of student
learning, apresentam as várias dimensões do conceito de avaliação. Dizem eles que
A avaliação é um método de adquirir e processar evidências
necessárias para melhorar o ensino e a aprendizagem; inclui uma
grande variedade de evidências que vão além do exame usual de
“papel e lápis”; é um auxílio para clarificar os objetivos
significativos e as metas educacionais [...]
Para os autores, a avaliação não tem um fim em si mesma, ela é um método,
um instrumento, um meio, um recurso, e como tal deve ser usada. Os autores dão
uma ênfase especial à avaliação como um meio para aperfeiçoar o processo ensino-
aprendizagem, isto é, como forma de controle de qualidade.
Ralph Tyler (1974, p. 99), em seu livro Principios básicos de currículo e ensino
diz que "o processo de avaliação consiste essencialmente em determinar em que
41
Didática
medida os objetivos educacionais estão sendo realmente alcançados pelo programa
do currículo e do ensino". Essa definição de Tyler deixa claro que a avaliacao se
processa em função dos objetivos previstos, deixando evidente seu caráter funcional.
Já Michael Scriven (1978, p. 51) , diz que a avaliação é
uma atividade metodológica que consiste na coleta e na
combinação de dados relativos ao desempenho, usando um
conjunto ponderado de escalas de critérios que leve a
classificações comparativas ou numéricas, e na justificação: a)
dos instrumentos e coleta de dados; b) das ponderações; c) da
seleção de critérios.
Daniel Stufflebeam (1978, p. 127) diz que "a avaliação é o processo de delinear,
obter e fornecer informações úteis para o julgamento de decisões alternativas". O
autor enfatiza o caráter processual da avaliação e afirma que ela tem duas finalidades
básicas: auxiliar o processo de tomada de decisão e verificar a produtividade.
Libâneo (2003, p. 196) define a avaliação escolar “como um componente do
processo de ensino que visa, através da verificação e qualificação dos resultados
obtidos, determinar a correspondência destes com os objetivos propostos e, daí,
orientar a tomada de decisões em relação às atividades didáticas seguintes.”
Luckesi (2012), diz que a avaliação é uma apreciação qualitativa sobre dados
relevantes do processo de ensino e aprendizagem que auxilia o professor a tomar
decisões sobre o seu trabalho.
7.3 Funções e princípios da avaliação
Segundo Libâneo (2003), a avaliação tem três funções principais:
 Função didático-pedagógica: refere-se ao cumprimento dos objetivos gerais e
específicos da educação escolar.
 Função de diagnóstico: identifica progressos e dificuldades dos alunos,
permitindo que o professor faça modificações que permitam cumprir as
exigências dos objetivos estabelecidos. Deve ocorrer no início, durante e no
final do desenvolvimento das aulas.
42
Didática
 Função de controle: refere-se aos meios (instrumentos) utilizados pelo
professor para verificar e qualificar os resultados alcançados pelos alunos.
As funções foram apresentadas com o intuito de extrair alguns pressupostos e
tirar conclusões sobre os princípios da avaliação que são os seguintes, segundo Haidt
(2004):
 A avaliação é um processo contínuo e sistemático, portanto, ela não pode ser
esporádica nem improvisada, mas, ao contrário, deve ser constante e
planejada, fornecendo feedback e permitindo a recuperação imediata quando
for necessário.
 A avaliação é funcional, porque se realiza em função de objetivos. Avaliar o
processo ensino-aprendizagem consiste em verificar em que medida os alunos
estão atingindo os objetivos previstos.
 A avaliação é orientadora, pois não visa orientar o processo de aprendizagem
do educando, para que possa atingir os objetivos previstos. Assim, a avaliação
permite ao aluno conhecer seus erros e acertos, auxiliando-o a fixar as
respostas corretas e a corrigir as falhas.
 A avaliação é integral, pois analisa e julga todas as dimensões do
comportamento, considerando o aluno como um todo. Desse modo, ela incide
não apenas sobre os elementos cognitivos, mas também sobre o aspecto
afetivo e o domínio psicomotor.
É interessante lembrar que a forma de encarar e realizar a avaliação reflete a
atitude do professor e suas relações com o aluno. Atualmente, a avaliação é um meio
de diagnosticar e de verificar de que forma os objetivos propostos para o processo
ensino-aprendizagem estão sendo atingidos. Portanto, a avaliação assume uma
dimensão orientadora.
7.4 Características da avaliação
De acordo com Libâneo (2003), as características da avaliação são:
 Refletir a unidade objetivos-conteúdos-métodos: a avaliação deve estar de
acordo com os objetivos, conteúdos e métodos expressos no plano de ensino
e desenvolvidos no decorrer das aulas.
 Possibilitar a revisão do plano de ensino: permite detectar progressos ou
deficiências no decorrer do processo de ensino.
43
Didática
 Ajudar a desenvolver capacidades e habilidades: permite que as crianças
desenvolvam suas capacidades físicas intelectuais, seus pensamento
independente e criativo, de modo que se preparem para a vida social.
 Voltar-se para a atividade dos alunos: a avaliação deve centrar-se no
desempenho dos alunos, observando seu progresso na aprendizagem.
 Ser objetiva: deve verificar se os conhecimentos estão realmente sendo
assimilados pelos educandos, de acordo com as metas estabelecidas no plano
de ensino.
 Ajudar na autopercepção do professor: possibilita que o professor analise os
resultados obtidos pelos alunos, permitindo que ele avalie seu próprio trabalho.
 Refletir valores e expectativas do professor em relação aos alunos: permite
observar se as atitudes do professor perante os alunos estão sendo bem ou
mal sucedidas, indicando suas crenças e propósitos em relação ao seu papel
social e profissional diante dos alunos.
7.5 Instrumentos avaliativos
Para avaliar os alunos, o professor deve coletar e analisar dados referentes às
aprendizagens desenvolvidas. Por isso, ele deve utilizar diversos recursos, que são
os chamados instrumentos avaliativos.
Ao selecionar os instrumentos de avaliação, o professor deve observar: os
objetivos determinados no plano de ensino; o conteúdo trabalhado; os métodos e
técnicas utilizados no ensino; o tempo disponível e o número de alunos.
Observe o quadro a seguir sobre os instrumentos avaliativos:
Instrumentos avaliativos Características
Questões dissertativas Permite verificar o desenvolvimento das
habilidades intelectuais dos alunos na assimilação dos
conteúdos.
Questões objetivas Avalia a extensão dos conhecimentos e habilidades
por meio de respostas precisas. Alguns exemplos de
questões objetivas:
 Questões certo-errado (C ou E)/ verdadeiro-falso
(V ou F)
 Questões de lacunas
44
Didática
 Questões de correspondência
 Questões de múltipla escolha
 Questões de resposta curta
 Questões de ordenação
 Questões de identificação
Observação Possibilita verificar o desenvolvimento cognitivo,
afetivo e psicossocial do educando, em decorrência das
experiências vivenciadas.
Entrevista Amplia os dados que o professor já tem sobre o
aluno, permitindo tratar de um problema específico
detectado nas observações.
Prova oral Avalia a capacidade crítica e reflexiva do
estudante, no que se refere ao tema abordado, bem
como seus conhecimentos e habilidades de expressão
oral.
Autoavaliação Apreciação feita pelo próprio aluno do processo
vivenciado e dos resultados obtidos.
A leitura e análise do quadro acima apresentam sugestões e possibilidades de
como o professor pode desempenhar seu papel de avaliador. Mas é importante que
você se lembre de que não existe instrumento avaliativo perfeito: todos eles
apresentam vantagens e limitações. Por isso é tão importante que antes de aplicar
um exercício de resposta curta ou uma questão discursiva, o educador saiba o que
quer obter como resultado da avaliação, bem como as características do instrumento
avaliativo escolhido.
A forma de conceber a avalição da aprendizagem reflete uma postura
filosófica perante a educação. Avaliar é um processo interpretativo, que
supõe julgamento a partir de uma escala de valores. A avaliação é um
meio para que o aluno aprenda a superar suas dificuldades e continuar
progredindo na aprendizagem. O professor deve enxergar a avaliação
como uma forma de aperfeiçoar seus procedimentos de ensino, por isso
ele deve utilizar diversa técnicas e instrumentos avaliativos. A avaliação
indica os progressos e necessidades, com o intuito de contribuir com o
aperfeiçoamento da aprendizagem.
45
Didática
8. O PLANEJAMENTO DA AÇÃO DIDÁTICA
Objetivo:
Compreender a importância e as características dos diversos tipos de planos
que existem no meio escolar.
Palavras-Chave:
Plano de aula; Plano de ensino; Plano de unidade.
8.1 Apresentação
Libâneo (2003, p. 221) nos diz que o planejamento é uma importante etapa do
processo de ensino e aprendizagem. Ele afirma que é “uma tarefa docente que inclui
tanto a previsão das atividades didáticas em termos de sua organização e
coordenação em face dos objetivos propostos, quanto a sua revisão e adequação no
decorrer do processo de ensino.” Por isso, este é um assunto que não podemos deixar
de estudar em nossa disciplina de Didática!
8.2 A importância do planejamento escolar
Segundo Libâneo (2003), o planejamento é uma forma de organizar a ação
docente, envolvendo a atividade escolar e o contexto escolar. Assim, as funções do
planejamento das atividades didáticas podem ser assim sintetizadas:
 Prever as dificuldades que podem surgir durante a ação docente, para poder
superá-las;
 Evitar a repetição rotineira e mecânica de cursos e aulas;
 Adequar o trabalho didático aos recursos disponíveis e às reais condições dos
alunos;
 Adequar os conteúdos, as atividades e os procedimentos de avaliação aos
objetivos propostos;
 Garantir a distribuição adequada do trabalho em relação ao tempo disponível.
46
Didática
Fonte:
http://www.brasilescola.com/upload/e/a%20importancia%20do%20plano%20de%20aula.jpg
8.3 Diferenças entre planejamento e plano
O planejamento em uma escola é a organização das ações da entidade
mantenedora, da direção, dos professores, do conselho de pais e mestres, dos
funcionários e dos alunos, buscando alcançar metas e objetivos educacionais bem
definidos.
Lembre-se que o planejamento é um ato político e ideológico! O ato de planejar
é uma atividade intencional: buscamos determinar fins, pois ele expõe nossos valores
e crenças; como pensamos a educação, o mundo, o homem, a sociedade. Quando
planejamos buscamos decidir sobre: o que pretendemos realizar, o que vamos fazer,
como vamos fazer, e como vamos analisar a situação.
Já o plano é o resultado, é a culminância do processo mental do planejamento.
O plano, sendo um esboço das conclusões resultantes do processo mental de
planejar, pode ou não assumir uma forma escrita.
8.4 Tipos de planejamento: de ensino, de unidade, de aula
Existem vários tipos ou níveis de planejamento na área da educação:
 Planejamento de um sistema educacional: é sistêmico (nacional, estadual e
municipal) e consiste no processo de análise e reflexão das várias facetas de
um sistema educativo, pois reflete a política de educação adotada.
 Planejamento geral das atividades de uma escola: quando se define a filosofia
de educação que orientará a atividade educativa. Esse planejamento exige que
sejam identificados os recursos (humanos, físicos, econômicos) com os quais
47
Didática
contar para que as metas e objetivos da escola sejam alcançados. O resultado
desse planejamento é o plano escolar, que deve ser elaborado e executado por
toda a equipe da escola.
 Planejamento de currículo: é a previsão dos diversos componentes curriculares
que serão desenvolvidos ao longo do curso, com a definição dos objetivos e
previsão dos conteúdos de cada componente.
 Planejamento didático ou de ensino (planejamento de curso ou de ensino, de
unidade didática e de aula): é a previsão das ações e procedimentos que o
professor vai realizar junto a seus alunos, e a organização das atividades
discentes e das experiências de aprendizagem, visando atingir os objetivos
estabelecidos. Existem três tipos de planejamento de ensino: de curso, de
unidade e de aula. O planejamento de curso ou de ensino é a previsão dos
conhecimentos a serem desenvolvidos e das atividades a serem realizadas em
uma determinada classe, durante um certo período de tempo, geralmente
durante o ano ou semestre letivos. O planejamento de unidade reúne várias
aulas sobre assuntos correlatos, constituindo uma porção significativa da
matéria. O planejamento de aula representa o momento em que o professor
especifica e operacionaliza os procedimentos diários para a concretização dos
planos de curso e de unidade; é a sequência de tudo o que vai ser desenvolvido
em um dia letivo.
8.5 Características de um plano
Para que se constitua em instrumento eficiente de ação, um plano precisa ser
muito bem pensado e redigido. Deve, portanto, apresentar as seguintes
características: coerência e unidade, continuidade e sequência, flexibilidade,
objetividade e funcionalidade, precisão e clareza.
Assim, um plano compõe-se, normalmente, das seguintes partes: identificação,
objetivos, conteúdos, estratégias, avaliação, cronograma e bibliografia. Observe:
 Identificação: deve-se identificar um plano, apontando suas características,
discriminar a que disciplina ou atividade se refere, quais as condições básicas
em que será realizado, para quantas turmas, quem é o professor etc.
 Objetivos: são metas estabelecidas ou resultados previamente determinados.
Indicam aquilo que um aluno deverá ser capaz de fazer como consequência de
48
Didática
seu desempenho em atividades de uma determinada escola, ano, disciplina ou
aula. O estabelecimento de objetivos orienta o professor para selecionar o
conteúdo, escolher as estratégias de ensino e elaborar o processo de
avaliação; e o aluno, que fica sabendo o que se espera dele num curso,
disciplina, ano ou aula. Existem dois tipos de objetivos: os gerais e os
específicos.
 Conteúdos: conjunto de temas ou assuntos que serão estudados durante o
curso em cada disciplina. São selecionados e organizados em função dos
objetivos e podem ser organizados em unidades que aproximem temas afins.
 Estratégias: são os meios de que o professor se utiliza para facilitar a
aprendizagem, ou seja, para que os objetivos da aula, da unidade ou do curso
sejam alcançados pelos seus participantes. Incluem técnicas de ensino,
métodos e recursos que são importantes para a aprendizagem.
 Avaliação: deve acompanhar todo o processo de aprendizagem, pois é um
instrumento de feedback contínuo para o educando e para o professor. Deve-
se escolher as técnicas avaliativas de acordo com os objetivos delineados.
 Cronograma: é a distribuição do curso e suas atividades pelo espaço de um
semestre ou de um ano. Define o limite (tempo) para as atividades, dando a
indicação do que fazer com a carga horária semanal, semestral ou anual de
que se dispõe.
 Bibliografia: é o conjunto dos textos (livros, jornais, poemas, artigos...) a serem
trabalhados durante os estudos. Existem dois tipos de bibliografia: a básica
(textos que serão estudados e utilizados em aula) e a complementar (material
que amplia e aprofunda os temas estudados). A bibliografia precisa ser
atualizada e selecionada de forma a instigar o aluno a buscar novos
conhecimentos.
Observação: dependendo do tipo de plano, itens podem ser acrescentados ou
modificados.
Lembre-se sempre que ao planejar, temos mais chances de atingir os objetivos
desejados, conseguir superar as dificuldades e controlar ações de improviso.
A seguir, apresentamos exemplos de planos de ensino e de aula.
Modelo de plano de ensino:
49
Didática
Modelo de plano de aula:
É importante lembrar que independente do tipo de plano (de curso, de aula ou
de unidade) ele deve estar diretamente ligado ao ensino, visando efetivá-lo de modo
objetivo. Além de ser, em última instância, a representação de um trabalho de reflexão
sobre como orientar o ensino para que o educando efetivamente alcance os objetivos
da educação.
50
Didática
O planejamento é um processo mental, que exige análise, reflexão e
previsão; já o plano é o resultado do planejamento. O trabalho planejado
é importante e necessário, e no campo da educação e do ensino há vários
tipos de planejamento, que variam de acordo com seu grau de
abrangência. O ato de planejar possibilita prever os conhecimentos a
serem trabalhados e organizar as atividades e experiências de ensino–
aprendizagem que são necessárias para a consecução dos objetivos
delineados. É importante sempre considerar a realidade dos alunos, suas
necessidades e interesses.
51
Didática
9. AS RELAÇÕES INTERATIVAS EM SALA DE AULA
Objetivo:
Estudar sobre a dinâmica da relação professor-aluno e entender sua importância
para o bom andamento das atividades escolares.
Palavras-Chave:
Autoridade; Autoritarismo; Indisciplina.
9.1 Apresentação
Um assunto importante para ser discutido em didática relaciona-se a uma
simples pergunta: para que serve a escola? Muitos pais esperam que a escola ensine
seus filhos a aprender a ler, escrever, calcular; outras pessoas podem pensar que a
escola serve para “dar educação”, disciplinando as crianças, ensinando-lhes boas
maneiras e regras de conduta social; e ainda há aqueles que entendem que a
instituição escolar “deve transmitir o saber necessário para que os alunos
desenvolvam habilidades e potencialidades pessoais e de sua classe, contribuindo
para a transformação social desejada.” (RODRIGUES, 1988, p. 77)
Independente de sua missão, a escola é um lugar onde o aluno pode se
desenvolver integralmente, ampliando seu pensamento, seu conhecimento de si
mesmo, servindo de base para se situar no mundo. E acima de tudo, é um lugar onde
o aluno aprende a viver, a conviver e a ser.
9.2 Aspectos da relação-professor aluno
É por intermédio da relação professor-aluno e da relação aluno-aluno que o
conhecimento vai sendo coletivamente construído. No processo de construção do
conhecimento, o valor pedagógico da interação humana tem uma função educativa,
pois é convivendo com seus semelhantes que o ser humano é educado e se educa.
De acordo com Aquino (1996, p. 34), a relação professor-aluno é muito
importante: se a relação entre ambos for positiva, a probabilidade de um maior
aprendizado aumenta. A força da relação professor-aluno é significativa e acaba
52
Didática
produzindo resultados variados nos indivíduos.
Ao interagir com cada aluno, o professor não apenas transmite conhecimentos,
em forma de informações, conceitos e ideias (aspecto cognitivo), mas também facilita
a veiculação de ideais, valores e princípios de vida (aspectos afetivos), contribuindo
para a formação da personalidade do educando. Pilão (1998, p.15) esclarece que,
quando ocorre a aprendizagem reflexiva, o educando articula o que aprendeu e reflete
sobre os processos e as decisões que foram adotadas pelo processo, partindo daí um
entendimento com mais capacidade de transferir aquele conhecimento que construiu.
Se a escola tem como objetivo a integração dos indivíduos na sociedade, deve-
se procurar fazer com que as crianças sintam-se aptas a captar os ensinamentos. A
atitude do professor, sua interação com a classe, depende da postura por ele adotada
diante da vida e perante o seu fazer pedagógico. Se o que pretendemos é que o aluno
construa seu próprio conhecimento, aplicando seus esquemas cognitivos, devemos
permitir que ele exerça sua atividade mental sobre os objetivos quando opera
mentalmente.
O professor deve buscar estabelecer uma relação agradável e respeitosa com
seus alunos. Quando estamos num ambiente acolhedor e amoroso, sentimo-nos mais
dispostos e motivados a aprender. Numa sala opressiva, em que reina o
autoritarismo, o aproveitamento dos estudos tende a ser equivalente ao estado de
espírito de seus participantes.
Se a aprendizagem na sala for uma experiência de sucesso, o aluno constrói
uma representação de si mesmo como alguém capaz. E, se for de fracasso, o ato de
aprender tende a se transformar em ameaça e o aluno considera-se fracassado.
A forma como o professor age em sala de aula cria uma relação com os alunos
que pode colaborar, ou não, com o sucesso (ou fracasso) do ensinar e do aprender.
Nessa relação, educador e educando exercem funções diferentes, mas ambos devem
buscar o crescimento e a participação social.
Masetto (1997) aponta alguns exemplos de ações que os professores podem
criar em relação aos alunos, sempre marcadas pela maturidade, trabalho em equipe,
criatividade e autonomia:
 Favorecer situações em classe nas quais o aluno se sinta à vontade para
expressar suas opiniões, seus pontos de vista e seus sentimentos.
53
Didática
 Compartilhar com a classe a busca de soluções para problemas surgidos com
um determinado conteúdo, com o professor, com o programa ou com os
colegas.
 Respeitar e fazer respeitar as diferenças de opinião.
 Incentivar a participação, a iniciativa, a cooperação dos alunos com os colegas.
 Demonstrar que há explicações diversas para um mesmo fenômeno
observado.
 Relacionar os temas estudados com as vivencias dos alunos.
 Ser flexível e capaz de adaptar a programação.
 Solicitara colaboração dos alunos.
 Fazer o planejamento de curso juntamente com a classe.
 Incentivar os alunos a buscar novas informações.
 Esclarecer ao aluno no início do curso os critérios de avaliação que serão
utilizados.
O autor afirma ainda que os professores devem evitar ações que dificultam o
crescimento do aluno, que interferem na construção do conhecimento e que são
marcadas por controle repressivo.
Uma pergunta importante se faz presente: como fazer com que esta relação se
torne um alicerce para a construção do conhecimento? Inicialmente, é necessário
eliminar as diferenças entre professor e aluno, consolidadas pela escola tradicional.
De um lado estava o professor, que desempenhava o papel de ensinar, transmitir e
dominar. Do outro o aluno, que devia aprender, receber passivamente e obedecer. O
educador deve reconhecer que o aluno não é um sujeito passivo, que só recebe
informações. É preciso entender que os educandos devem ter suas capacidades
estimuladas, pois elas vão além do conhecimento que lhes é “depositado”. Desse
modo, o professor passa a ser orientador (e não detentor do saber), alguém que
acompanha e participa na construção de novas aprendizagens.
Outro aspecto que permite fazer com que esta relação se torne um alicerce
para a construção do conhecimento é levar o aluno à consciência de que ele pode ser
mais; o educando deve reconhecer que é um ser capaz, que é parte intrínseca do
processo de evolução da escola, da sociedade, do mundo. Portanto, o professor deve
criar um clima na sala de aula que possibilite uma maior aprendizagem e deve estar
atento a todos os elementos necessários para que o aluno aprenda e se desenvolva.
54
Didática
9.3 A disciplina na sala de aula
Sabemos que o conhecimento é considerado uma construção contínua. A
educação resume-se em provocar situações de desequilíbrio para o aluno, adequado
ao seu desenvolvimento, para que ele aprenda a interagir nessa situação. O objetivo
disso é que ele aprenda, por si mesmo, a conquistar a verdade de toda e qualquer
situação. A escola começa ensinando à criança a observar, desenvolvendo suas
potencialidades motoras, verbais e mentais, trabalhando em grupos, dando-lhes
liberdade de ação.
Infelizmente, percebemos que existem professores que estão descontentes
com sua profissão, e, portanto, não vão além da transmissão automática dos
conteúdos do currículo que lhes foi apresentado. Observa-se também que a
indisciplina impera nas salas de aula; não há respeito do aluno com o professor e este
não se preocupa com o aluno. Não se preocupa se ele está adquirindo conhecimentos
ou não.
Por isso, é preciso discutir a questão da autoridade e do autoritarismo em sala
de aula. O bom senso pedagógico nos mostra que a autoridade do professor é um
fato, pois ela é inerente a sua própria função docente. Trata-se de uma autoridade
incentivadora e orientadora: é a autoridade de quem incentiva o aluno a continuar
estudando e fazendo progressos na aprendizagem, e que orienta o aluno a alcançar
os objetivos, visando à construção do conhecimento.
O professor precisa saber como administrar o comportamento dos estudantes
em sala de aula, de forma madura e coerente, sem precisar cometer exageros. Muitos
profissionais, no início de carreira colocam à prova tudo aquilo que lhes foi ensinado
sobre como ensinar e administrar uma sala de aula. O aspecto humano e a forma das
crianças se comportarem testam, a toda hora, os conceitos aprendidos e a
mentalidade profissional. É importante aprender com os erros e saber ouvir os
conselhos e histórias de pessoas com mais experiência.
Em casos de alunos indisciplinados, que tumultuam a dinâmica da sala, lembre-
se que levantar a voz para ter a atenção dos alunos não é a melhor estratégia, pois
isso pode provocar efeitos contrários, como por exemplo, o estresse. É interessante
evitar o uso do volume e tom de voz elevados, pois os estudantes irão espelhar-se em
você: o professor é o principal exemplo em classe. Por isso, use um volume normal e
agradável quando for falar com as crianças. Isso não significa que você não deve ser
55
Didática
afirmativo e firme, falar em um tom imperativo. O professor precisa saber usar sua
autoridade com a turma.
Fonte: http://4.bp.blogspot.com/-hOXjZWV4go8/Uyr2P2a8p-I/AAAAAAAAQi0/Bglo_lKy-
Bg/s1600/indisciplina.gif
Em casos de conversas generalizadas, em momentos que os alunos não
percebem sua presença, fale apenas quando houver silêncio, saiba esperar. Aguarde
que cada um reconheça sua presença. Evite falar ou chamar a atenção da classe.
Com essa atitude, a iniciativa de calar-se e pedir silêncio virá dos próprios alunos e
isso faz uma grande diferença na construção do respeito mútuo.
Lembre-se que existem outras formas de comunicação, além da verbal. Use
sempre que possível a comunicação não-verbal. Uma forma eficaz de obter o silêncio
e a atenção é levantar a mão ou fazer contato visual com os alunos. Ligar e desligar
a luz rapidamente também são métodos antigos e eficientes. Não se esqueça que
qualquer alteração na rotina leva um tempo para que os estudantes se acostumem.
O importante é encontrar uma maneira divertida e ativa de chamar a atenção sem
precisar distanciá-los de você.
Procure sempre solucionar problemas de forma rápida e sábia. Para resolver
confusões e desentendimentos procure realizar uma abordagem positiva, mas não
faça isso de forma sínica e que provoque mais ressentimento. Quando os estudantes
tiverem conflitos entre eles, tenha sempre uma atitude neutra, não importando o
histórico do aluno. Você deve agir como mediador da situação, e eles devem aprender
sozinhos como resolver o problema de forma pacífica e madura. Com isso, você vai
estabelecer, em conjunto com os alunos, padrões de comportamento a serem
56
Didática
seguidos, permitindo que eles analisem e discutam as normas de conduta propostas,
opinando e sugerindo.
Para Nóvoa (1991, p. 27): “as situações conflitantes que os professores são
obrigados a enfrentar (e resolver) apresentam características únicas, exigindo,
portanto características únicas: o profissional competente possui capacidades de
autodesenvolvimento reflexivo [...] A lógica da racionalidade técnica opõe-se sempre
ao desenvolvimento de uma práxis reflexiva”.
Segundo esse autor, para ser um bom profissional devem-se planejar
estratégias, com criatividade, para resolver os problemas que vão surgindo na escola,
no dia-a-dia. Para ele, esses professores devem combinar a ciência, a técnica e a
arte.
Nesse caso, devem-se criar mecanismos na escola, condições de trabalho em
equipe, dirigidas ao desenvolvimento do interesse do aluno para o aprendizado.
9.4 Autoridade versus autoritarismo em sala de aula
No processo ensino-aprendizagem, ensinar exige: respeito à autonomia do ser
educado, humildade, apreensão da realidade, tolerância, convicção de que a
mudança é possível e luta em defesa aos direitos dos educandos.
O professor deve ter sempre em primeiro plano o compromisso com a verdade
e deve expô-la em suas ações. Deve ter a liberdade de optar pela autoridade e
contrapor o autoritarismo. O educador que tolera e ensina, admite e acolhe aquele
que aprende. É preciso abrir um diálogo entre educador e educando para estabelecer
o que é bom para todos, respeitando sempre a individualidade e a diversidade de cada
um.
Muitos utilizam as palavras “autoridade” e “autoritarismo” como sinônimos, mas
necessitamos dizer que uma não deve ser confundida com a outra. Em nossa vida,
conhecemos pessoas que tem o poder, mas não tem autoridade como também
pessoas que tem autoridade em relação às outras pessoas, porém não tem o poder.
A autoridade precisa ser conquistada, dá capacidade de exercer influência e
atribui prestígio. Por isso que alguns professores e diretores levam algum tempo até
ter autoridade em relação a outras pessoas.
A autoridade ocorre quando se dá o exercício de obediência onde estiver
presente uma relação humana, como por exemplo, no relacionamento no grupo de
57
Didática
amigos, na família, na escola, na universidade... A autoridade não pode ser entendida
como um bloqueio à liberdade do aluno, nem limitar a autonomia do discente.
Em contrapartida, o autoritarismo é associado a um contexto educacional
relacionado à educação religiosa ou militar. A educação baseada no autoritarismo
tende a gerar indivíduos submissos, conformistas, individualistas, incapazes de
intervirem na sociedade.
Fonte: http://blog.educacaoadventista.org.br/danielnobre/images/57/figura%20disciplina.jpg
Os educadores devem aprender a agir com autoridade, deixando os limites
claros, compreendendo as necessidades dos alunos, estimulando-os e nutrindo-os
emocionalmente. Deve, portanto, evitar agir com autoritarismo, ditando rigidez de
normas de conduta, sem comunicação de qualidade, sem a presença de afeto. O
professor precisa estar preparado para lidar com os alunos e exercer sobre eles o
papel de liderança.
 Liderança escolar
 A liderança é uma competência que se adquire, se pratica, se
desenvolve e se modela continuamente tendo por referência os seguintes
princípios:
 A capacidade para desafiar o processo;
 A sensibilidade para permitir o desempenho dos outros;
 A atenção sistemática para ir modelando o caminho;
 A força motivacional para inspirar a partilha da visão;
 A coragem para gerir através da razão e da emoção.
 Um professor líder é aquele que, tendo uma visão, consegue
compartilhá-la com seus liderados e motivá-los para chegar a objetivos
definidos.
Guia da disciplina Didática
Guia da disciplina Didática

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Guia da disciplina Didática

  • 1. DIDÁTICA Prof. Me. Ana Carolina Caetano Senger Guia da Disciplina 2017
  • 2. 1 Didática 1. EDUCAÇÃO, PEDAGOGIA, DIDÁTICA Objetivo: Conhecer os conceitos de Educação, Pedagogia e Didática, bem como a relação existente entre eles. Palavras-Chave: Educação; Pedagogia; Didática. 1.1. O que é educação? Inicialmente você precisa saber que a palavra educação vem sendo usada, ao longo do tempo, com dois sentidos: o social e o individual. Do ponto de vista social, é um processo de desenvolvimento, envolvendo a formação de qualidades humanas (físicas, morais, intelectuais, estéticas) nas suas relações com o meio social. A educação é uma instituição social que se ordena no sistema educacional de um país, num determinado momento histórico. No sentido social, o termo educação significa alimentar, criar. Do ponto de vista individual, a educação refere-se ao desenvolvimento das aptidões e potencialidades de cada pessoa, tendo em vista o aprimoramento de sua personalidade. No sentido individual, a educação significa sair, conduzir para fora. Fonte: http://portalamm.org.br/category/areas-tecnicas/educacao/financiamento-da-educacao/
  • 3. 2 Didática 1.1.1. Educação: valores e objetivos Agora, algo importante que você deve notar: educação não se confunde com escolarização, pois a escola não é o único lugar onde a educação acontece. Há a educação assistemática, também conhecida como não-formal, ocorre na família, igreja, empresas, meios de comunicação etc. Já a educação sistemática ou formal, ocorre nas escolas e em espaços educativos. Em educação, valores são significados que conferimos às coisas, pessoas ou situações (bom, mau, útil, inútil etc). Quando discutimos os valores em educação, estamos nos referindo às coisas que podem ter uma conotação positiva ou negativa. Já os objetivos são entendidos de outra forma. Se partirmos de valores diferentes, os objetivos da educação também serão diferentes. Os objetivos indicam os alvos da ação, as metas que pretendemos alcançar. 1.2 O que é Pedagogia? A Pedagogia é um campo de conhecimentos que investiga a natureza das finalidades da educação numa determinada sociedade, bem como os meios apropriados para a formação dos indivíduos. A Pedagogia, sendo ciência “da” e “para a” educação, estuda o ensino a instrução e a educação. Para tanto, compõe-se de ramos de estudos próprios como a Didática, História da Educação, Organização Escolar etc, buscando ao mesmo tempo conhecimentos teóricos e práticos de outras ciências, como a Filosofia da Educação, Sociologia da Educação, Psicologia da Educação e outras. O conjunto desses estudos permite aos professores uma compreensão global do fenômeno educativo. Observe, agora, quais são os aspectos fundamentais da Pedagogia:  Aspectos Filosóficos: (O que deve ser?/Para onde vai?) – estudam as relações com a vida, valores, ideais e as finalidades da educação. Exemplos de disciplinas: História da Educação, Filosofia da Educação, Política Educacional.  Aspectos Científicos: (O que é?) - apoiam-se em dados apresentados pelas ciências biológicas, físicas e sociológicas. Exemplos de disciplinas: Psicologia da Educação, Sociologia da Educação.  Aspectos Técnicos: (Como?) - referem-se à técnica. Exemplos de disciplinas: Gestão Escolar, Orientação Educacional, Didática.
  • 4. 3 Didática 1.3 O que é Didática? A palavra didática vem da expressão grega Τεχνή διδακτική (techné didaktiké), que pode ser traduzida como arte ou técnica de ensinar. A didática estuda os diferentes processos de ensino e aprendizagem. O educador Jan Amos Komenský, mais conhecido por Comenius, é reconhecido como o pai da didática moderna, por sua obra Didática Magna (1657), sendo um dos maiores educadores do século XVII. Você já estudou sobre ele em Filosofia da Educação, lembra-se? Fonte: http://ts2.mm.bing.net/th?id=HN.608021593787010833&pid=15.1 A Didática é um dos principais ramos de estudos da Pedagogia. Ela investiga os fundamentos, condições e modos de realização da instrução e do ensino; se ocupa dos métodos e técnicas destinados a colocar em prática as diretrizes da teoria pedagógica. A ela cabe converter objetivos sócio-políticos e pedagógicos em objetivos de ensino, selecionar conteúdos, métodos e sistema de avaliação em funções desses objetivos, além de estabelecer os vínculos do ensino e da aprendizagem. A didática deve desenvolver a sua capacidade crítica para que você analise de forma clara a realidade do ensino. Articular os conhecimentos adquiridos sobre o “como” ensinar e refletir sobre “para quem” ensinar, “o que” ensinar e o “por que” ensinar é um dos desafios da didática. Segundo Libâneo (2003), a Didática é: “uma das disciplinas que estuda o processo de ensino através de seus componentes – os conteúdos escolares, o ensino e aprendizagem – para, com o embasamento numa teoria da educação formular diretrizes orientadoras da atividade profissional dos professores.”
  • 5. 4 Didática Esse mesmo autor indica que a didática “investiga as condições e formas que vigoram no ensino e, ao mesmo tempo, os fatores reais (sociais, políticos, culturais, psicossociais) condicionantes das relações entre docência e aprendizagem”. Lembre-se que a Didática, fundamentada na dialética, é um campo em constante construção/reconstrução, de uma práxis que não tem como objetivo ficar pronta e acabada. A dialética pode ser descrita como a arte do diálogo. Uma discussão na qual há contraposição de ideias, em que uma tese é defendida e contradita logo em seguida; uma espécie de debate. Sendo ao mesmo tempo, uma discussão em que é possível analisar com clareza os conceitos envolvidos. A prática da dialética surgiu na Grécia antiga, no entanto, há controvérsias a respeito do seu fundador. Aristóteles considerava a Zenôn como tal, já outros defendem que Sócrates foi o verdadeiro fundador da dialética por usar de um método discursivo para propagar suas ideias. Outras coisas essenciais que você precisa saber são os elementos da ação didática. São eles: o professor, o aluno, a disciplina (matéria ou conteúdo), o contexto da aprendizagem e as estratégias metodológicas. A Didática é uma ciência teórico-prática que pesquisa, experimenta e sugere formas de comportamento a serem adotadas no processo da instrução, com vistas à eficiência e eficácia da ação educativa. A Didática é a ferramenta cotidiana do professor e, como tal, está em contínua evolução, razão porque os conteúdos deste curso destinam-se não só a reforçar os conceitos fundamentais dessa disciplina, mas, sobretudo, aperfeiçoar e atualizar o professor pelo conhecimento de novas técnicas que possam vir a ser utilizadas em sala de aula. 1.3.1 A Didática contemporânea e o ciclo docente Como toda ciência, a Didática é aberta às novas descobertas que enriquecem o saber humano. Assim, a Didática contemporânea faz ver ao educador certos
  • 6. 5 Didática conceitos novos ou novas abordagens desses conceitos, por isso é sempre importante para o educador estar se reciclando, enriquecendo-se. As atividades, normas e técnicas de ensino do professor são postas em prática através das atividades de planejamento, orientação/execução e avaliação do processo ensino e aprendizagem, formando o que chamamos de “ciclo docente”. Veja como ele é estruturado:  Planejamento – previsão dos trabalhos escolares para uma Disciplina ou Curso, uma unidade ou parte de uma unidade (aula). Envolve alguns aspectos: características socioeconômicas do bairro ou região; características dos alunos; recursos da escola e da região; objetivos visados; conteúdos necessários para desenvolver a aprendizagem; nº de aulas disponíveis; métodos e procedimentos para melhor compreensão, assimilação, organização e fixação dos conteúdos; meios para avaliação da aprendizagem e bibliografia.  Orientação/Execução – nessa fase o professor executa o que planejou, desenvolvendo atividades e orientando os alunos para alcançar os objetivos previstos. É o momento de liderança, de motivação, utilizando métodos, técnicas e recursos para facilitar e favorecer a aprendizagem. Na fase de execução, aplicam-se as estratégias de ensino-aprendizagem.  Avaliação – é o momento em que o professor verifica o atingimento ou o não- atingimento dos objetivos, de sorte a reelaborar o planejamento, caso isto seja necessário. Algumas atividades importantes devem ser feitas durante a avaliação: sondagem, diagnóstico, direção de classe, uso de diferentes instrumentos e tipos de avaliação. Lembre-se que a preocupação com o ciclo docente é tarefa obrigatória do professor, que oferece maior segurança para atingir os objetivos e verificação da qualidade do ensino que está sendo orientado. O aluno é o componente básico do processo de instrução, pois é ele quem aprende. Ao professor cabe a função de planejar o ensino, propiciando condições para que a aprendizagem se realize. A aprendizagem é o resultado do processo da instrução e consiste em uma mudança no comportamento do aluno em face do processo de instrução. Instrução, por sua vez, é um conjunto de eventos planejados para iniciar, ativar e manter a aprendizagem.
  • 7. 6 Didática O ato de educar é mais abrangente que o ato de ensinar, pois o educar refere-se ao processo de formação do ser humano, já o ensino visa orientar a aprendizagem. A Pedagogia estuda e reflete sobre a teoria da educação e a Didática direciona-se ao estudo da teoria e da prática do ensino. A Pedagogia define os objetivos e determina os métodos da ação educativa. O estudo da Didática permite-nos entender o processo de ensino no seu conjunto, ou seja, a atividade do professor e dos alunos visando o desenvolvimento das capacidades cognoscitivas e operativas destes, mediante a assimilação consciente e ativa de conhecimentos e habilidades.
  • 8. 7 Didática 2. O ENSINO E A APRENDIZAGEM Objetivo: Conhecer os conceitos, aplicações e tipos de ensino e aprendizagem, como também a importância da motivação no processo de desenvolvimento do aluno. Palavras-Chave: Aprendizagem; Ensino; Motivação. 2.1 O ensino: conceito e evolução O ensino e a aprendizagem sempre estiveram presentes na vida humana e cada vez se tornaram mais importantes. Há uma conexão conceitual entre educação e aprendizagem: não há educação sem que ocorra aprendizagem (ou, invertendo, se não houver aprendizagem, não haverá educação). Interessante, não é mesmo? Note que tanto o ensino como a aprendizagem são conceitos moralmente neutros. Podemos ensinar e aprender tanto coisas valiosas como coisas sem valor, ou mesmo nocivas. O ensino (presencial ou a distância) é uma atividade triádica que envolve três componentes: aquele que ensina (o mestre), aquele a quem se ensina (o aprendiz), e aquilo que o primeiro ensina ao segundo (digamos, um conteúdo). Houve uma evolução do conceito de ensino. Inicialmente, o sentido etimológico de ensinar consiste em gravar, colocar para dentro. Hoje, o ensino é visto como uma forma sistemática de transmissão de conhecimentos utilizada pelos humanos para instruir e educar seus semelhantes, geralmente em locais conhecidos como escolas. Assim como a educação, o ensino pode ser praticado de diferentes formas. As principais são: o ensino formal e o ensino não-formal. O ensino formal é aquele praticado pelas instituições de ensino, com respaldo de conteúdo, forma, certificação, profissionais de ensino, etc. O ensino não-formal é aquele relacionado a processos de desenvolvimento de consciência política e relações sociais de poder entre os cidadãos, praticadas por movimentos populares, associações, grêmios, etc. E importante estarmos aprendendo constantemente e por diferentes vias e agentes.
  • 9. 8 Didática 2.1.1 Funções e características do ensino As principais funções do ensino consistem no planejamento, organização, direção e avaliação da atividade didática, concretizando as tarefas da instrução. “A instrução se refere ao processo e ao resultado da assimilação sólida de conhecimentos sistematizados e ao desenvolvimento de capacidades cognitivas.” LIBÂNEO, J.C. Didática. São Paulo: Cortez, 2003, p. 53. O ensino, por muitos anos, tem-se concretizado como o professor passando a matéria e o aluno reproduzindo mecanicamente o que absorveu, mas ele deve ser muito mais do que isso. O ato de ensinar deve contar com a participação do professor e do aluno, de forma consciente e ativa, de modo que ambos utilizem suas forças intelectuais próprias, de forma independente e criativa, nas várias situações escolares e na vida prática. Outro aspecto importante a se destacar é o uso do livro didático. Ele é necessário, porém deve ser visto como um recurso auxiliar, cujo uso depende da iniciativa e imaginação do professor. Você como futuro educador, deve perceber que aprender algo vai muito mais além do que adquirir um enorme volume de conhecimentos. Para tanto, o professor deve dominar o conteúdo que vai lecionar, sabendo distinguir a quantidade de matéria dada com a qualidade de sua aula. Pense nisso! Por fim, é interessante mencionar que o ensino deve preocupar-se com a prática da vida cotidiana de seus alunos fora da escola, não devendo ficar limitado aos muros da escola. Assim, as funções do ensino são basicamente: a) organizar os conteúdos para a sua transmissão e assimilação; b) ajudar os alunos a conhecerem as suas possibilidades de aprender, orientando-os nas suas dificuldades para que aprendam de forma independente e autônoma; c) dirigir e controlar a atividade docente para os objetivos da aprendizagem.
  • 10. 9 Didática Segundo Perrenoud (2000), o ofício de professor está se transformando: é um trabalho em equipe, desenvolvido através de projetos, autonomia e responsabilidades crescentes. Pedagogias diferenciadas são algumas das práticas inovadoras, isto é, as novas competências para ensinar que o professor precisa desenvolver para lutar contra o fracasso escolar, desenvolver a cidadania, enfatizar a pesquisa e a prática reflexiva. Fonte: http://peoplenetineducation.blogspot.com.br/2014/09/a-aprendizagem-pelas- redes-sociais.html 2.2 A aprendizagem: conceitos A aprendizagem é um processo que ocorre internamente ao ser humano. Mesmo quando a aprendizagem é decorrente de um processo bem-sucedido de ensino, ela ocorre dentro do indivíduo, e o mesmo ensino que pode resultar em aprendizagem, em algumas pessoas, pode ser totalmente ineficaz em relação a outras. Por causa disso, e do nexo conceitual entre educação e aprendizagem, tem havido autores que negam (contrariamente ao que afirma o senso comum) que possamos educar uma outra pessoa. Paulo Freire, em Pedagogia do Oprimido, afirma que "ninguém educa ninguém" – embora acrescente que ninguém se educa sozinho. Segundo essa visão, a educação, como a aprendizagem, de que ela depende, é um processo que ocorre internamente e, que, portanto, só pode ser gerado pela própria pessoa. Mesmo que admitamos, porém, que a educação possa ser decorrente do ensino, a aprendizagem continua sendo algo que se passa dentro da pessoa.
  • 11. 10 Didática Entenda que a aprendizagem é o processo de aquisição e assimilação de novos padrões e novas formas de perceber, ser, pensar e agir. É o meio pelo qual as competências, habilidades, conhecimentos, comportamento ou valores são adquiridos ou modificados, como resultado de estudo, experiência, formação, raciocínio e observação. Este processo pode ser analisado a partir de diferentes perspectivas, de forma que há diferentes teorias de aprendizagem. Aprendizagem é uma das funções mentais mais importantes em humanos e animais, e também pode ser aplicada a sistemas artificiais. A aprendizagem humana está relacionada à educação e desenvolvimento pessoal. Deve ser devidamente orientada e é favorecida quando o indivíduo está motivado. O estudo da aprendizagem utiliza os conhecimentos e teorias da neuropsicologia, psicologia, educação e pedagogia. 2.2.1 Tipos de aprendizagem A aprendizagem é pessoal, depende da maturação do indivíduo, e pode ser casual e organizada. Observe os tipos de aprendizagem existentes:  Conceitual – aquisição de informações, princípios, fatos, teorias, conceitos, etc.  Procedimental – habilidades motoras (como andar, escrever, utilizar instrumentos) e psicológicas (como opinar, discutir, observar, tirar conclusões etc.  Atitudinal – sentimentos e emoções, como respeitar, conscientizar-se, valorizar, etc. 2.2.2 Aprendizagem e motivação Você que se prepara para ser um educador, deve aprender que sem motivação não existe aprendizagem. Para tanto, existem dois tipos de motivação: a motivação implícita, que depende da pessoa, é interna; e a motivação explícita, que depende de fatores externos. Segundo Haidt (2009), para que haja uma aprendizagem efetiva e duradoura é preciso que existam propósitos definidos e autoatividade reflexiva dos alunos. Assim,
  • 12. 11 Didática a autêntica aprendizagem ocorre quando o aluno está motivado. É a motivação interior do aluno que impulsiona e vitaliza o ato de estudar e aprender. Fonte: http://eugeniomussak.com.br/?attachment_id=2317 Veja alguns procedimentos que podem ajudar no processo de incentivo à aprendizagem: a) Articular e correlacionar o que está sendo ensinado com o real; b) Apresentar os novos conteúdos partindo de uma questão problematizadora ou situação-problema; c) Usar procedimentos ativos de ensino-aprendizagem, condizentes com a faixa etária e o nível de conhecimento dos alunos (os alunos devem observar, comparar, classificar, ordenar, fazer estimativas, realizar operações numéricas, coletar e analisar dados, propor e comprovar hipóteses, elaborar conceitos, avaliar, julgar etc); d) Incentivar o aluno a se autossuperar gradualmente, através de atividades sucessivas de progressiva dificuldade; e) Planejar as atividades do dia ou da semana em conjunto com a classe; f) Esclarecer o objetivo a ser atingido com a realização de certa atividade ou o estudo de determinado conteúdo; g) Manter um clima agradável na sala de aula, estimulando a cooperação entre os alunos; h) Informar regularmente os alunos dos resultados que estão conseguindo, analisando seus avanços e dificuldades no processo de construção do conhecimento. Você também precisa conhecer os níveis de aprendizagem. Existe o nível reflexo, que ocorre por meio de nossas sensações, pelas quais desenvolvemos o
  • 13. 12 Didática processo de observação e percepção e a ações motoras, que ocorre durante toda nossa vida. E há o nível cognitivo, que é a aprendizagem de determinados conhecimentos e operações mentais. Aprendemos pelo contato com as coisas ou pelas palavras que formam as bases dos conceitos com os quais podemos pensar. O professor colabora na aprendizagem do aluno, mas lembre-se que esta depende sempre do próprio aluno! 2.3 O significado de ensinar e de aprender O desenvolvimento mental (o aspecto cognitivo) é importante para que o aluno aprenda a captar e processar informações, organizar dados, apreender e relacionar conceitos, perceber e resolver problemas, criar conceitos e soluções. O desenvolvimento da pessoa, como um ser singular e como um todo (os aspectos cognitivo, afetivo, social), contribui para que o aluno realize o desenvolvimento de sua sociabilidade, comunicabilidade, cultura, valores, competência profissional, organização interna, relacionamento com o ambiente e com a sociedade. Por isso é importante que você perceba que toda aprendizagem precisa ser significativa. Isto exige que a aprendizagem: se relacione com o seu universo de conhecimentos, experiências, vivências; permita formular problemas e questões que de algum modo o interessem, o envolvam ou que lhe digam respeito; permita entrar em confronto experiencial com problemas práticos de natureza social, ética, profissional, que lhe sejam relevantes e permita participar com responsabilidade do processo de aprendizagem. Dessa forma, você vai ajudar seu aluno a transferir o que aprendeu na escola para outras circunstâncias e situações de vida além de suscitar modificações no comportamento e até mesmo na personalidade do aprendiz. O processo de ensino- aprendizagem precisa visar objetivos realísticos, assim, precisa ser acompanhado de feedback e ser embasado em um bom relacionamento interpessoal. O processo de ensino é uma manifestação peculiar da prática educativa que se desenvolve sob condições materiais e sociais concretas de uma determinada sociedade. Seus elementos constitutivos - conteúdos, professor e aluno – somente podem ser descritos e explicados em função de objetivos sócio-políticos e de condições concretas. O processo de
  • 14. 13 Didática aprendizagem tem por finalidade aprender determinados conhecimentos, habilidades e normas de convivência social, organizados intencionalmente, planejados e sistematizados. A tarefa primordial do professor é assegurar a unidade didática entre ensino e aprendizagem, através do processo de ensino-aprendizagem. O professor deve planejar suas ações e dirigir o processo de ensino, tendo como objetivo motivar a atividade própria dos alunos para a aprendizagem.
  • 15. 14 Didática 3. BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR Objetivo: Conhecer o conceito, a estrutura como também os fundamentos pedagógicos da Base Nacional Comum Curricular. Palavras-Chave: Base Nacional Comum Curricular; Conceito; Estrutura. 3.1 Apresentação Vamos aprender um pouco mais sobre Didática? Agora você irá explorar a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que cumpre a atribuição do Ministério da Educação (MEC) de encaminhar ao Conselho Nacional de Educação (CNE) a proposta de direitos e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento para os alunos da Educação Básica, pactuada com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. (BRASIL, p. 5, 2017) 3.2 O que é a Base Nacional Comum Curricular (BNCC)? De acordo com o Ministério da Educação, A Base Nacional Comum Curricular é um documento de caráter normativo que define o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica. Conforme definido na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB, Lei nº 9.394/1996), a Base deve nortear os currículos dos sistemas e redes de ensino das Unidades Federativas, como também as propostas pedagógicas de todas as escolas públicas e privadas de Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio, em todo o Brasil. A Base estabelece conhecimentos, competências e habilidades que se espera que todos os estudantes
  • 16. 15 Didática desenvolvam ao longo da escolaridade básica. Orientada pelos princípios éticos, políticos e estéticos traçados pelas Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica, a Base soma-se aos propósitos que direcionam a educação brasileira para a formação humana integral e para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/ Acesso em: 10 jul. 2017. A atual BNCC foi entregue ao Conselho Nacional de Educação recentemente, no dia 06 de abril 2017, estabelecendo os conteúdos e competências essenciais que todos os alunos da Educação Básica devem ser capazes de ser e de saber. A Base estabelece direitos iguais de aprendizagem, organiza a progressão do ensino e aponta claramente o que se espera da escola. A construção da Base iniciou-se há dois anos. A primeira versão do documento foi disponibilizada para consulta pública entre outubro de 2015 e março de 2016. Nesse período, ela recebeu mais de 12 milhões de contribuições – individuais, de organizações e de redes de educação de todo o País –, além de pareceres analíticos de especialistas, associações científicas e membros da comunidade acadêmica. As contribuições foram sistematizadas por pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB) e da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) e subsidiaram a elaboração da segunda versão. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/a-construcao-da- base Acesso em: 10 jul. 2017. A versão final da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) complementa e revisa a segunda versão e cumpre a atribuição do Ministério da Educação (MEC) de encaminhar ao Conselho Nacional de Educação (CNE) a proposta de direitos e
  • 17. 16 Didática objetivos de aprendizagem e desenvolvimento para os alunos da Educação Básica, pactuada com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. A BNCC é fruto de amplo processo de debate e negociação com diferentes atores do campo educacional e com a sociedade brasileira. A partir do momento em que foi homologada, a BNCC deve ser uma referência obrigatória na elaboração dos currículos das escolas públicas e privadas do Brasil. A Base foi orientada por princípios éticos, políticos e estéticos delineados pelas Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica (DCN), que prima por oferecer uma formação humana integral que colabore com a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva. A base visa contribuir com “[...] à formação de professores, à avaliação, à elaboração de conteúdos educacionais e aos critérios para a oferta de infraestrutura adequada para o pleno desenvolvimento da educação.” (BRASIL, p. 8, 2017) 3.3 Base Nacional Comum Curricular e currículos De acordo com o MEC, a BNCC e os currículos têm papéis complementares para assegurar as aprendizagens essenciais definidas para cada etapa da educação básica. Assim, as proposições da BNCC devem:  Contextualizar os conteúdos dos componentes curriculares, identificando estratégias para apresentá- los, representá-los, exemplificá-los, conectá-los e torná-los significativos, com base na realidade do lugar e do tempo nos quais as aprendizagens estão situadas;  Decidir sobre formas de organização interdisciplinar dos componentes curriculares e fortalecer a competência pedagógica das equipes escolares para adotar estratégias mais dinâmicas, interativas e colaborativas em relação à gestão do ensino e da aprendizagem;  Selecionar e aplicar metodologias e estratégias didático-pedagógicas diversificadas, recorrendo a ritmos diferenciados e a conteúdos complementares, se necessário, para trabalhar com as necessidades de diferentes grupos de alunos, suas famílias e cultura de origem, suas comunidades, seus grupos de socialização etc.;  Conceber e pôr em prática situações e procedimentos para motivar e engajar os alunos nas aprendizagens;  Construir e aplicar procedimentos de avaliação formativa de processo ou de resultado que levem em
  • 18. 17 Didática conta os contextos e as condições de aprendizagem, tomando tais registros como referência para melhorar o desempenho da escola, dos professores e dos alunos;  Selecionar, produzir, aplicar e avaliar recursos didáticos e tecnológicos para apoiar o processo de ensinar e aprender; criar e disponibilizar materiais de orientação para os professores, bem como manter processos permanentes de desenvolvimento docente que possibilitem contínuo aperfeiçoamento da gestão do ensino e aprendizagem;  Manter processos contínuos de aprendizagem sobre gestão pedagógica e curricular para os demais educadores, no âmbito das escolas e sistemas de ensino. (BRASIL, p. 12-13, 2017) 3.4 Os fundamentos pedagógicos da Base Nacional Comum Curricular A BNCC entende que os conteúdos curriculares devem estar a serviço do desenvolvimento de competências. “Segundo a LDB (Artigos 32 e 35), na educação formal, os resultados das aprendizagens precisam se expressar e se apresentar como sendo a possibilidade de utilizar o conhecimento em situações que requerem aplicá- lo para tomar decisões pertinentes.” (BRASIL, p. 15, 2017). Assim, de acordo com a Base, o conceito de competência se aplica quando o aluno torna-se capaz de, ao de deparar com um problema, ativar e utilizar o conhecimento construído pela mobilização e aplicação dos saberes escolares (conceitos, procedimentos, valores e atitudes). A Base tem um compromisso com a educação integral, pois o estudante deve Aprender a aprender, saber lidar com a informação cada vez mais disponível, atuar com discernimento e responsabilidade nos contextos das culturas digitais, aplicar conhecimentos para resolver problemas, ter autonomia para tomar decisões, ser proativo para identificar os dados de uma situação e buscar soluções, são competências que se contrapõem à concepção de conhecimento desinteressado e erudito entendido como fim em si mesmo. (BRASIL, p. 17, 2017)
  • 19. 18 Didática Os objetivos de aprendizagem dos componentes curriculares estabelecidos pela BNCC para toda a Educação Básica visam à aprendizagem e ao desenvolvimento global do aluno. Dessa forma, conseguimos superar a fragmentação do conhecimento, e oferecer estímulo a sua aplicação na vida cotidiana. 3.5 A estrutura da Base Nacional Comum Curricular A BNCC está estruturada de modo a explicitar as competências que os alunos devem desenvolver ao longo de toda a Educação Básica e em cada etapa da escolaridade: Educação Infantil e Ensino Fundamental. No que diz respeito à Educação Infantil, a primeira etapa da Educação Básica, nos eixos estruturantes da Educação Infantil (interações e brincadeiras), devem ser assegurados seis direitos de aprendizagem e desenvolvimento (conviver, brincar, participar, explorar, expressar e conhecer-se), para que as crianças tenham condições de aprender e se desenvolver. “Considerando os direitos de aprendizagem e desenvolvimento, a BNCC estabelece cinco campos de experiências, nos quais as crianças podem aprender e se desenvolver.” (BRASIL, p. 23, 2017) Os campos de experiências são:  O eu, o outro e o nós  Corpo, gestos e movimentos  Traços, sons, cores e formas  Oralidade e escrita  Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações Em cada campo de experiências, são definidos objetivos de aprendizagem e desenvolvimento organizados em três grupos de faixas etárias, dois grupos para a creche e um para a pré-escola (creche: crianças de zero a 1 ano e 6 meses; crianças de 1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses; pré-escola: crianças de 4 anos a 5 anos e 11 meses). Já para o Ensino fundamental, a BCNN está organizada em quatro áreas de conhecimento (linguagens, matemática, ciências da natureza e ciências humanas), que têm a intenção de favorecer a comunicação entre os conhecimentos e saberes dos diferentes componentes curriculares. “Elas se intersectam na formação dos alunos, embora se preservem as especificidades e os saberes próprios construídos e sistematizados nos diversos componentes.” (BRASIL, p. 25, 2017)
  • 20. 19 Didática Cada área de conhecimento estabelece competências específicas de área, cujo desenvolvimento deve ser promovido ao longo dos nove anos. Nas áreas que abrigam mais de um componente curricular (Linguagens e Ciências Humanas), também são definidas competências específicas do componente (Língua Portuguesa, Arte, Educação Física, Língua Inglesa, Geografia e História) a ser desenvolvidas pelos alunos ao longo dessa etapa de escolarização. Para garantir o desenvolvimento das competências específicas, cada componente curricular apresenta um conjunto de habilidades. Essas habilidades estão relacionadas a diferentes objetos de conhecimento – aqui entendidos como conteúdos, conceitos e processos –, que, por sua vez, são organizados em unidades temáticas. (BRASIL, p. 126, 2017) As habilidades expressam as aprendizagens essenciais que devem ser asseguradas aos alunos nos diferentes contextos escolares. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento de caráter normativo que define o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica. Aplica-se à educação escolar e indica conhecimentos e competências que se espera que todos os estudantes desenvolvam ao longo da escolaridade. Orientada pelos princípios éticos, políticos e estéticos traçados pelas Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica a BNCC soma-se aos propósitos que direcionam a educação brasileira para a forma ção humana integral e para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva.
  • 21. 20 Didática 4. OBJETIVOS E CONTEÚDOS DO ENSINO Objetivo: Compreender a importância, tipos, seleção e funções dos objetivos e conteúdos do ensino. Palavras-Chave: Conteúdos; Ensino; Objetivos. 4.1 Apresentação Agora você iniciará seus estudos sobre dois assuntos muito importantes para o processo de ensino-aprendizagem: a determinação de objetivos e a seleção de conteúdos. 4.2 Os objetivos de ensino A educação, sendo uma atividade realizada “pelo” e “para” o homem, possui propósitos e metas. Assim, no processo educativo, os professores e alunos atuam visando a consecução de objetivos. Aristóteles, no século IV a.C. afirmava que “ o importante é que em todos os nossos atos tenhamos um fim definido que almejamos conseguir... à maneira dos arqueiros que apontam para um alvo bem assinalado”1 . Por isso que você deve perceber que a formulação dos objetivos oferece segurança ao professor, pois auxilia sua atuação pedagógica e orienta-o a utilizar os meios mais adequados para realizar seu trabalho. Os objetivos educacionais ou de ensino expressam propósitos definidos explícitos quanto ao desenvolvimento das qualidades humanas que todos os indivíduos precisam adquirir para se capacitarem para transformar a sociedade. A prática educativa prima por explicitar fins e meios que orientem as tarefas da escola e do professor. A formulação dos objetivos do ensino consiste na definição de todos os comportamentos que podem modificar-se como resultado da aprendizagem. 1 ARISTÓTELES, Ética a Nicômano. Abril: São Paulo, 1984.
  • 22. 21 Didática Segundo Libâneo (2003), os objetivos educacionais seguem três referências para sua formulação:  Os valores e ideais expressos na legislação educacional que expressam os propósitos das forças políticas dominantes no sistema social;  Os conteúdos básicos das ciências, produzidos e elaborados no decurso da prática social da humanidade;  As necessidades e expectativas de formação cultural exigidas pela população majoritária da sociedade, decorrentes das condições concretas de vida e de trabalho e das lutas pela democratização. Essas referências não podem ser tomadas isoladamente, pois estão interligadas e sujeitas a contradições. Portanto, a elaboração dos objetivos exige do professor uma avaliação crítica das referências que utiliza, os objetivos propostos devem condizer com o sistema escolar e com as necessidades, aspirações e expectativas da clientela escolar, bem como torná-los adequados às condições socioculturais e de aprendizagem dos alunos. Os objetivos de ensino são indispensáveis para o exercício da docência, exigindo um posicionamento do professor. Os objetivos resultam da filosofia que orienta a vida dentro de uma cultura e delineiam o perfil do homem que a sociedade espera formar. 4.2.1 Objetivos gerais e específicos Os objetivos educacionais podem ser expressos em dois níveis: os objetivos gerais e os específicos. Observe: Libâneo (2003) afirma que os objetivos gerais possuem três níveis de abrangência: Objetivos gerais: são previstos para um determinado nível ou ciclo, uma escola ou uma área de estudos, e que serão alcançados a longo prazo. Eles expressam propósitos amplos acerca do papel da escola e do ensino diante das exigências postas pela realidade social e do desenvolvimento da personalidade dos alunos. Objetivos específicos: são definidos especificamente para uma disciplina, uma unidade de ensino ou uma aula que podem ser alcançados a curto prazo; consistem no desdobramento dos objetivos gerais.
  • 23. 22 Didática  Pelo sistema de ensino, que expressa as finalidades educativas de acordo com ideais e valores dominantes na sociedade;  Pela escola, que estabelece princípios e diretrizes de orientação do trabalho escolar com base num projeto político pedagógico;  Pelo professor, que concretiza no ensino dos conteúdos sua própria visão de educação e sociedade. Os objetivos gerais podem auxiliar os professores na seleção dos objetivos específicos e conteúdos de ensino. Portanto, os objetivos gerais do ensino devem: 1. Colocar a educação escolar no conjunto das lutas sociais pela democratização da sociedade; 2. Garantir a todas as crianças, sem nenhuma discriminação de classe social, cor, religião ou sexo, uma sólida preparação cultural e científica; 3. Assegurar a todas as crianças o máximo de desenvolvimento de suas potencialidades, vencendo as desvantagens decorrentes das condições socioeconômicas desfavoráveis; 4. Formar nos alunos a capacidade crítica e criativa em relação aos conteúdos de ensino e à aplicação dos conhecimentos e habilidades em tarefas teóricas e práticas; 5. Atender a função educativa do ensino; formar convicções para a vida coletiva; 6. Instituir processos participativos, envolvendo todas as pessoas que direta ou indiretamente se relacionam com a escola. Agora você deve conhecer um pouco sobre os objetivos específicos. Eles particularizam a compreensão entre escola e sociedade e têm sempre um caráter pedagógico. Ao formular seus objetivos específicos o professor pode: desdobrar os objetivo gerais em específicos, a serem alcançados a curto prazo; focalizar o comportamento do aluno e não do professor; formular cada objetivo de modo que ele descreva apenas um comportamento por vez; criar objetivos relevantes e úteis, envolvendo o conhecimento, as habilidades cognitivas e as operações mentais superiores. Na redação dos objetivos específicos, o professor precisa expressar o resultado esperado, que deve ser atingido por todos alunos ao final daquela aula/unidade. Os resultados podem ser de:
  • 24. 23 Didática  CONHECIMENTOS: conceitos, fatos, princípios, teorias, interpretações, ideias organizadas, etc.  HABILIDADES: o que o aluno deve aprender para desenvolver suas capacidades intelectuais - organizar seu estudo ativo e independente; aplicar fórmulas em exercícios; observar, coletar e organizar informações sobre determinado assunto; raciocinar com dados da realidade; formular hipóteses; usar materiais e instrumentos como, dicionários, mapas, réguas, etc.  ATITUDES, CONVICÇÕES E VALORES: que devem ser desenvolvidos em relação à matéria, ao estudo, ao relacionamento humano, à realidade social (atitude científica, consciência crítica, responsabilidade, solidariedade, etc. A linguagem utilizada para expressar um objetivo específico deve ser precisa e clara. Procure sempre utilizar verbos de ação ao formula-los. Exemplos: responder, redigir, citar, calcular, identificar, resolver, relacionar, explicar, refletir, planejar. 4.3 Os conteúdos de ensino Muitas são as definições para os conteúdos de ensino, e Libâneo (2003) define- os como o conjunto de conhecimentos, habilidades, hábitos, modos valorativos e atitudinais de atuação social, organizados pedagógica e didaticamente, tendo em vista a assimilação ativa e aplicação pelos alunos na sua vida prática. Englobam: conceitos, ideias, fatos, processos, princípios, leis, regras; habilidades cognoscitivas, modos de atividades, métodos de compreensão e aplicação, hábito de estudo, de trabalho e de convivência social; valores, convicções, atitudes. São expressos nos programas oficiais, nos livros didáticos, nos planos de ensino e de aula, nas aulas, nas atitudes e convicções do professor, nos exercícios, nos métodos e formas de organizar o ensino. Assim como os objetivos, os conteúdos se compõem pelos seguintes elementos:  Conhecimentos sistematizados: são a base da instrução e do ensino; objetos de assimilação e meio indispensável para o desenvolvimento global da personalidade (fatos, leis, problemas, conceitos);  Habilidades e hábitos: são qualidades intelectuais necessárias para a atividade mental no processo de assimilação de conhecimentos; e modos de agir relativamente automatizados;
  • 25. 24 Didática  Atitudes e convicções: se referem a modos de agir, de sentir e de se posicionar frente a tarefas da vida social. Lembre-se que os conteúdos precisam estar de acordo com os objetivos e métodos de ensino, estabelecendo a importante unidade objetivos-conteúdos- métodos. É através do desenvolvimento dos conteúdos programáticos que atingimos os objetivos propostos para o processo educativo. 4.3.1 Critérios de seleção e organização de conteúdos A escolha dos conteúdos é uma das tarefas mais importantes para o professor, pois eles são a base informativa e formativa do processo de transmissão-assimilação de conhecimento. De acordo com Libâneo (2003), ao selecionar os conteúdos de ensino o professor deve adotar os seguintes critérios: 1. Correspondência entre objetivos gerais e conteúdos: os conteúdos devem expressar os objetivos sociais e pedagógicos da escola, sintetizados na formação cultural e científica para todos. 2. Caráter científico: os conhecimentos que fazem parte do conteúdo refletem os fatos, conceitos, ideias e métodos decorrentes da ciência moderna. 3. Caráter sistemático: o programa de ensino deve ser delineado, garantindo uma lógica interna, que permita uma articulação entre os diversos assuntos. 4. Relevância social: corresponde à ligação entre o saber sistematizado e a experiência prática, permitindo a incorporação de experiências e vivências do aluno à aprendizagem. 5. Acessibilidade e solidez: compatibilizar os conteúdos com o nível de preparo e desenvolvimento mental do aluno, sem perder o caráter científico e sistematizado, buscando uma assimilação sólida e duradoura dos conhecimentos. A seleção dos conteúdos também deve ser orientada pelo currículo apresentado aos professores, como por exemplo, o Referencial Curricular Nacional para e Educação Infantil e os Parâmetros Curriculares Nacionais. De acordo com os PCN’s, os conteúdos são agrupados em “blocos temáticos”, apontando sempre para possíveis conexões entre os blocos, com outras áreas e com os temas transversais, tendo-se o tratamento didático em perspectiva.
  • 26. 25 Didática Objetivo é o que se espera que a turma aprenda em determinadas condições de ensino. É ele que orienta quais conteúdos devem ser trabalhados e quais encaminhamentos didáticos são necessários para que isso ocorra. Conteúdo é o conjunto de valores, conhecimentos, habilidades e atitudes que o professor deve ensinar para garantir o desenvolvimento e a socialização do estudante. Pode ser classificado como conceitual (que envolve a abordagem de conceitos, fatos e princípios), procedimental (saber fazer) e atitudinal (saber ser). E conceito é a definição de um determinado termo. Um exemplo: se o objetivo é o aluno identificar o que é um inseto no contexto dos demais invertebrados, o professor deve eleger como conteúdo animais invertebrados, apresentar o conceito de inseto e explicar o aspecto que o diferencia dos animais que não possuem ossos. Observe que é preciso definir primeiro os objetivos de ensino e aprendizagem para depois selecionar e organizar os conteúdos. Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/planejamento-e- avaliacao/planejamento/sao-objetivo-conteudo-conceito-428234.shtml Segundo Zabala (1998), nós poderemos conhecer os conteúdos que são trabalhados, pelo que poderemos avaliar se o que se faz está de acordo com o que se pretende nos objetivos. Os conteúdos que trabalhamos devem ser coerentes com as nossas intenções educacionais. Uma questão importante também é verificar se os conteúdos trabalhados estão sendo realmente aprendidos. A definição dos objetivos de ensino direciona as atividades docentes, auxiliando o professor a escolher os meios mais adequados para realizar seu trabalho. Os objetivos podem ser formulados em dois níveis: objetivos gerais e objetivos específicos. Os objetivos específicos consistem na operacionalização dos objetivos gerais. Por isso, fornecem uma orientação consistente para o desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem e para a avaliação. O conteúdo serve de alicerce para a aquisição de informações, elaboração de conceitos e para o desenvolvimento de hábitos, atitudes e habilidades. É por meio dos conteúdos que alcançamos os objetivos estabelecidos para o ensino.
  • 27. 26 Didática 5. A METODOLOGIA DO ENSINO Objetivo: Conhecer os critérios para seleção de métodos de ensino. Palavras-Chave: Estratégias; Métodos; Técnicas. 5.1 Apresentação Agora você irá estudar sobre como poderá organizar seus procedimentos de ensino e as experiências de aprendizagem de seus alunos, de forma que melhor se ajustem aos objetivos propostos para o processo instrucional. A metodologia de ensino abrange as ações, processos ou comportamentos planejados pelo professor, para colocar o aluno em contato direto com coisas, fatos, fenômenos que lhe possibilitem modificar sua conduta, em função dos objetivos previstos e dos conteúdos que serão trabalhados. 5.2 O que é método de ensino? Muitos são os termos que se relacionam neste tópico: procedimentos, métodos, estratégias e técnicas. Observe as definições apresentadas a seguir:  Método: o significado etimológico da palavra é “caminho a seguir para alcançar um fim”; é um roteiro geral para a atividade. O método indica as grandes linhas de ação, sem se deter em operacionalizá-las. Podemos dizer que o método é o caminho que leva até certo ponto, sem ser o veículo de chegada, que é a técnica. À medida que a ciência avança, novos métodos vão surgindo para adequar-se às estruturas psicológicas do aluno.  Técnica: é a operacionalização do método. São os instrumentos, os veículos que nos permitem atingir os objetivos previstos; são indissociáveis dos métodos.
  • 28. 27 Didática  Procedimentos: maneira de efetuar alguma coisa. Consiste em descrever as atividades desenvolvidas pelo professor e pelos alunos. Os procedimentos devem contribuir para que o aluno mobilize seus esquemas operatórios de pensamento e participe ativamente das experiências de aprendizagem.  Estratégia: é uma palavra emprestada da tecnologia militar. Trata-se de uma descrição de meios disponíveis pelo professor para atingir os objetivos específicos; são os meios utilizados para facilitar a aprendizagem. As estratégias incluem toda a organização da sala de aula que facilite a assimilação por parte do aluno, por isso tem um caráter instrumental. Selecionar as estratégias mais adequadas para determinado objetivo é um dos grandes segredos do sucesso da aprendizagem. Libâneo (2003), afirma que “os métodos são meios adequados para realizar objetivos”. Por isso é tão importante que você saiba classificar e selecionar adequadamente os métodos que irá adotar em suas aulas. 5.3 Classificação e seleção dos métodos de ensino Ao selecionar os métodos e técnicas que irá utilizar, você precisa considerar alguns critérios de seleção:  Adequação aos objetivos estabelecidos para o ensino e a aprendizagem;  A natureza do conteúdo a ser ensinado e o tipo de aprendizagem a efetivar-se;  As características dos alunos (idade, grau de interesse, expectativas de aprendizagem, desenvolvimento mental);  As condições físicas e o tempo disponíveis. Será a partir desses aspectos que você estabelecerá o “como” ensinar, isto é, as formas de intervenção em sala de aula para auxiliar o educando no processo de reconstrução do conhecimento. Assim, você vai resolver se sua aula será uma exposição dialogada, ou se usará um estudo dirigido, ou se realizará um trabalho com textos, ou se fará uma dramatização, ou se adotará jogos educativos, ou se desenvolverá um trabalho em grupo.
  • 29. 28 Didática Agora, sobre a classificação dos métodos e técnicas, existem muitas propostas diferentes. De acordo com Jean Piaget (1970), os métodos de ensino são assim classificados:  Métodos verbais tradicionais: tiveram seus fundamentos alicerçados pela epistemologia associacionista; O associacionismo é um movimento psicológico que foi formado a partir da união entre os iluministas franceses e os empiristas. Este movimento foi considerado por muitos como a verdadeira ruptura entre a psicologia e a filosofia. Os racionalistas alemães afirmavam que a mente teria o poder de gerar ideias, independentemente da estimulação sensorial. Todo o conhecimento se basearia na razão e a percepção seria meramente um processo seletivo. Assim, o conhecimento tem origem nas sensações e nenhuma ideia poderia conter informação que não houvesse sido recolhida previamente pelos sentidos. As ideias não têm valor em si mesmas. O núcleo central da teoria psicológica baseia-se na ideia de que o conhecimento é alcançado mediante a associação de ideias seguindo os princípios de semelhança, continuidade espacial e temporal e causalidade. Fonte: http://www.infopedia.pt/$associacionismo Acesso em: 20/07/2017.  Métodos ativos: desenvolvidos a partir de pesquisas e conclusões da Psicologia do Desenvolvimento, mais especificamente do construtivismo operacional e cognitivo; Denomina-se psicologia do desenvolvimento o ramo na psicologia que trata do modo como os indivíduos percebem, aprendem, lembram e representam as informações que a realidade fornece. Abrange como principais objetos de estudo a percepção, o pensamento e a memória, procurando explicar como o ser humano percebe o mundo e como utiliza-se do conhecimento para desenvolver diversas funções cognitivas como: falar, raciocinar, resolver situações-problema, memorizar, entre outras. Fonte: http://www.infoescola.com/psicologia/cognitiva/ Acesso em: 20/07/2017.
  • 30. 29 Didática  Métodos intuitivos ou audiovisuais: baseados na Psicologia da Boa Forma ou Gestalt; Psicologia da Gestalt ou Psicologia da Boa Forma traz em si a concepção de que não se pode conhecer o todo através das partes, e sim as partes por meio do conjunto. Este tem suas próprias leis, que coordenam seus elementos. Só assim o cérebro percebe, interpreta e incorpora uma imagem ou uma ideia. É muito importante nesta teoria a ideia de que o conjunto é mais que a soma dos seus elementos; assim deve-se imaginar que um terceiro fator é gerado nesta síntese. Fonte: http://www.infoescola.com/psicologia/gestalt/ Acesso em: 20/07/2017.  Ensino programado: tem por base a reflexologia e a Psicologia Comportamental ou Behaviorista. O Behaviorismo – do termo inglês behaviour ou do americano behavior, significando conduta, comportamento – é um conceito generalizado que engloba as mais paradoxais teorias sobre o comportamento, dentro da Psicologia. Esta linha de pensamento conduz a uma tese sobre o sistema de aprendizagem, apoiada sobre mapas cognitivos – interações estímulo- estímulo – gerados nos mecanismos cerebrais. Assim, para cada grupo de estímulos o indivíduo produz um comportamento diferente e, de certa forma, previsível. Fonte: http://www.infoescola.com/psicologia/behaviorismo/ Acesso em: 20/07/2017. Já Libâneo (2003) classifica os métodos de ensino da seguinte forma:  Método de exposição pelo professor: conhecimentos, habilidades e tarefas são apresentados, explicadas ou demonstradas pelo professor;  Método de trabalho independente: os alunos realizam tarefas dirigidas e orientadas pelo professor, de modo independente e criador;  Método de elaboração conjunta: é uma forma de intervenção ativa entre o professor e o aluno, visando a obtenção de novos conhecimentos;
  • 31. 30 Didática  Método de trabalho em grupo: consiste em distribuir temas de estudos iguais ou diferentes a grupos fixos ou variáveis, compostos de 3 a 5 alunos;  Atividades especiais: são as que complementam os métodos de ensino e que ocorrem para a assimilação ativa dos conteúdos. E Irene Carvalho (1973) classifica os métodos de ensino da seguinte forma:  Métodos individualizados de ensino: valorizam o atendimento às diferenças individuais;  Métodos socializados de ensino: valorizam a interação social, fazendo a aprendizagem realizar-se em grupo;  Métodos sócio-individualizados: combinam as duas atividades (individuais e socializadas), alternando suas fases. 5.4 A relação objetivo-conteúdo-método Libâneo (p. 153, 2003) nos diz que “os métodos não tem vida independente dos objetivos e conteúdos, assim como a assimilação dos conteúdos depende tanto dos métodos de ensino como dos de aprendizagem”. É preciso que o professor organize o conteúdo que irá ministrar, de modo que ele atenda aos aspectos políticos, pedagógicos, lógicos e psicológicos. Assim, os objetivos não só expressam nossos propósitos pessoais, mas também a conotação pedagógica dos conteúdos. E os métodos, por sua vez, são as formas pelas quais os objetivos e conteúdos se manifestam no processo de ensino. A relação objetivo-conteúdo-método tem como característica a mútua interdependência. Perceba que a escolha do método depende da determinação do objetivo e da seleção do conteúdo.
  • 32. 31 Didática Zabala (1998) afirma que não há uma única maneira de ensinar e aprender. Ele diz que convivemos com diferentes objetivos e conteúdos, com alunos com suas características particulares e cada professor tem seu estilo próprio de trabalhar, assim, a forma de ensinar não pode se limitar a um único modelo. “É preciso introduzir, em cada momento, as ações que se adptem às novas necessidades formativas que surgem constantemente, fugindo dos esteriótipos ou dos apriorismos.” (p. 51). A metodologia de ensino utilizada pelo professor tem como função facilitar o processo de reconstrução do conhecimento por parte do aluno. Método de ensino é o conjunto de procedimentos didáticos que conduzem a aprendizagem do aluno para um fim específico. Os métodos não são neutros, pois eles se fundamentam numa concepção de homem e de educação. São vários os critérios utilizados para selecionar e classificar os métodos e técnicas de ensino, sendo importante manter a relação objetivo-conteúdo-método.
  • 33. 32 Didática 6. RECURSOS DIDÁTICOS Objetivo: Conhecer os diversos tipos de recursos didáticos que podem ser empregados no ensino. Palavras-Chave: Instrumentos; Materiais; Recursos. 6.1 Apresentação Sabemos que o homem é um ser social, portanto, tem necessidade de comunicar-se. Comunicação é, e sempre foi, a prática cotidiana das relações sociais. Do momento em que se levanta até a hora de adormecer, o homem emite e recebe uma série de mensagens, transmitidas através dos mais diferentes códigos. Essas mensagens falam sobre algo, referem-se a um contexto ou situação e, para sua transmissão, necessitam de um canal de comunicação. A comunicação ultrapassa o plano histórico, vai além do temporal. Porque o homem é um ser essencialmente político, e a comunicação só pode ser um ato político, uma prática social básica. Nesta prática social é que se assentam as raízes do ensinar e do aprender, fundamentais para o ser humano desenvolver sua vida social. Comunica-se o ser humano de forma verbal (através das línguas, da fala, da escrita) ou não-verbal. Esta última acontece de várias formas, como: linguagem corporal, musical, arquitetural, cromática etc.
  • 34. 33 Didática Fonte: http://blog.qualidadesimples.com.br/wp-content/uploads/2013/06/comunicacao.png As línguas (linguagem verbal) são casos particulares do fenômeno geral da linguagem e constituem um sistema de signos vocais específicos aos membros de uma mesma comunidade. E para que cada membro consiga comunicar-se através da oralidade, ele utiliza a fala. Fala é, pois, a realização individual que cada pessoa faz da língua. Além disso, o ser humano se comunica com seus pares através da linguagem não-verbal. As partidas de futebol tornam-se mais atraentes com a linguagem gestual dos jogadores. Já na antiga Roma, nos jogos circenses, o imperador, com o polegar levantado ou abaixado, prolatava as sentenças de vida ou de morte. Pela mímica, pode-se conhecer o testemunho de surdos-mudos; a falsidade de um depoimento pode revelar-se até mesmo pela transpiração, pela palidez ou simples movimento palpebral. A toga, como qualquer peça do vestuário, é uma informação inicial da função exercida pelo juiz e a cor negra sinaliza seriedade e compostura que devem caracterizá-lo. Há de se dizer também que mesmo o calar-se é um ato de comunicação. É, pois, determinação negativa de falar, o que constituiu, também, uma prerrogativa do ser humano.
  • 35. 34 Didática Vemos, portanto, que os nossos cinco sentidos são as portas que nos permitem tomar conhecimento do mundo exterior. Uma curiosa pesquisa do Secondy-Vacuum Oil Co. Studies apresentou os seguintes dados relacionados à como aprendemos:  1% através do paladar  1.5% através do tato  3.5% através do olfato  11% através da audição  83% através da visão Isso nos permite concluir que é por meio de estímulos auditivos e visuais que a maioria das pessoas aprende. Além, disso, a pesquisa constatou que nós retemos:  10% do que lemos  20% do que escutamos  30% do que vemos  50% do que vemos e escutamos  70% do que ouvimos e logo discutimos  90% do que ouvimos e logo realizamos Essas informações são valiosas para nós, educadores, pois elas nos ajudam a compreender a importância dos recursos didáticos na aprendizagem. Tendo posse desses dados, temos condições de perceber como nossos alunos aprendem melhor, e assim, podemos escolher com mais propriedade, quais materiais, instrumentos ou meios utilizaremos em nossas aulas. 6.2 Elementos da comunicação Tendo entendido que a comunicação é fundamental para as relações humanas, e consequentemente, para a aprendizagem, você precisa aprender que diversos elementos estão envolvidos no ato comunicatório. Deve haver, então, um objeto de comunicação (mensagem) com um conteúdo (referente), transmitindo ao receptor por um emissor, por meio de um canal, com seu próprio código. Seis são os elementos da comunicação: emissor, receptor, referente, mensagem, código e canal.
  • 36. 35 Didática a) Emissor é aquele que emite a mensagem, pode ser um indivíduo, grupo, empresa, computador etc. b) Receptor é aquele que recebe a mensagem e, também, pode ser um indivíduo, grupo, empresa, computador etc. c) Mensagem é o objeto da comunicação, o conteúdo das informações transmitidas. d) Código é o conjunto de signos (aquilo que representa o objeto) e regras de combinação destes signos. É importante saber que a língua portuguesa, ou qualquer outra, é um dos códigos possíveis. Existem outros tipos de linguagem: a cromática, a musical, a arquitetônica etc. e) Canal é o meio físico através do qual a mensagem se propaga, é a via de circulação das mensagens. f) Referente é constituído pelo contexto, pela situação e pelos objetos reais aos quais a mensagem se refere. Esquematizando os elementos da comunicação, temos: Fonte: http://www.gramatica.net.br/wp-content/uploads/2014/07/funcoes-linguagem.jpg Sabemos que em toda relação social acontece troca de informações, portanto, a comunicação se realiza. Porém, é preciso ter claro que são todos esses elementos que condicionam a realização da comunicação nas relações sociais. Esses elementos constituem o processo de comunicação analisado pelas teorias da comunicação, seja entre pessoas ou entre máquinas. Porém, conforme o interesse da análise, o significado e o valor de cada um pode mudar. No contexto da sala de aula, professor e aluno atuam como emissor ou receptor. O conteúdo ministrado é a mensagem que se deseja passar e para que ele
  • 37. 36 Didática seja devidamente aprendido, a escolha dos recursos didáticos é um fator determinante desse processo. 6.3 Classificação e tipos de recursos didáticos Os recursos didáticos, também conhecidos como meios ou recurso de ensino, são as formas usadas pelo professor e pelos alunos para organizar e conduzir o processo de ensino-aprendizagem. O educador deve estimular seus alunos a usarem canais diversos de informação e aprendizagem, além de escutar o próprio professor, contribuindo com o enriquecimento de seu conhecimento e melhor prepará-lo para aprender a aprender. O educador pode combinar vários recursos didáticos, de modo que cada um reforce e complemente o que o outro apresenta. O termo “recursos de ensino” pode ser definido como sendo os componentes do ambiente da aprendizagem que dão origem à estimulação para o aluno. Esses componentes podem ser os mais diversos, por isso são classificados tradicionalmente como recursos visuais, auditivos e audiovisuais:  Recursos visuais: projeções, cartazes, gravuras  Recursos auditivos: rádio, gravações  Recursos audiovisuais: filmes, computador Além disso, os recursos de ensino podem ser classificados como humanos ou materiais:  Recursos humanos: professor, alunos, pessoal escolar, comunidade  Recursos materiais do ambiente: natural (água, folha, pedra) e escolar (giz, cartazes, quadro, mapas)  Recursos materiais da comunidade: bibliotecas, indústrias, lojas, parques, repartições públicas. Edgar Dale, propôs o “Cone das Experiências” (1954) e enfatizou que o ensino puramente teórico (simbólico-abstrato) deve ser evitado. Segundo o autor, o que é imediatamente vivenciado permite uma aprendizagem mais efetiva.
  • 38. 37 Didática Fonte: https://encrypted-tbn1.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcSfMd02WGb1bJfeGi- ldh4GQ9MAlFE1On3fVXVa-NUFZHldzLnK Analisando o cone, podemos perceber que não há conflitos entre os recursos concretos e abstratos, porém, partimos de experiências concretas para chegar às abstratas. Assim, se desejamos fazer do processo de aprendizagem algo mais eficaz e eficiente, precisamos permitir que nossos alunos tenham experiências diretas. O uso dos recursos didáticos adequados proporcionam novas experiências aos educandos e assim, eles conseguem desenvolver a compreensão e a reflexão. Quando usados de maneira adequada, os recursos didáticos colaboram para: motivar e despertar o interesse dos alunos; favorecer o desenvolvimento da capacidade de observação; aproximar o aluno da realidade; visualizar ou concretizar os conteúdos da aprendizagem; oferecer informações e dados; ilustrar noções mais abstratas e desenvolver a experimentação concreta. Os recursos didáticos podem colocar o aluno em diversas situações, onde ele pesquisa e experimenta, fazendo com que ele conheça suas habilidades e limitações, que exercite o diálogo, a liderança seja solicitada ao exercício de valores éticos além de muitos outros desafios, que permitirão vivências capazes de construir conhecimentos e atitudes. Um dos principais objetivos do ensino é proporcionar mudanças no comportamento do professor e de seus alunos. Quando criamos uma atmosfera de aprendizagem adequada, o ensino tende a ser mais eficaz. Os recursos didáticos possuem caráter instrumental, por isso só têm valor quando são usados como materiais que completam e facilitam a ação docente, multiplicando as possibilidades de atuação. Para fazer bom uso dos recursos didáticos, é preciso que o professor utilize-os de forma
  • 39. 38 Didática dinâmica, permitindo que os educandos trabalhem operativamente as informações figurativas provenientes das percepções (visuais, auditivas, audiovisuais, táteis, etc).
  • 40. 39 Didática 7. AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM ESCOLAR Objetivo: Compreender a importância, as funções e os tipos da avaliação da aprendizagem escolar. Palavras-Chave: Avaliação; Funções; Tipos. 7.1 Apresentação A avaliação do rendimento do aluno, isto é, do processo ensino-aprendizagem, tem sido uma preocupação constante dos professores. Mas, você sabe por quê? Em primeiro lugar, porque faz parte do trabalho docente verificar e julgar o rendimento dos alunos, avaliando os resultados do ensino. Há pessoas que aprendem mais rapidamente, enquanto outras o fazem de maneira mais lenta. Há, também, aquelas que retêm e aplicam melhor o que lhes é ensinado. Cabe ao professor reconhecer as diferenças na capacidade de aprender dos alunos, para poder ajudá- los a superar suas dificuldades e avançar na aprendizagem. Em segundo lugar, porque o progresso alcançado pelos alunos reflete a eficácia do ensino. Ensinar e aprender são duas ações indissociáveis, duas faces da mesma moeda. Nesse sentido, pode-se dizer que o rendimento do aluno é uma espécie de espelho do trabalho desenvolvido em classe. Ao avaliar os seus alunos, o professor está, também, avaliando seu próprio trabalho. Portanto, a avaliação está sempre presente na sala de aula, fazendo parte da rotina escolar. Daí ser responsabilidade do professor aperfeiçoar suas técnicas de avaliação! Frequentemente o termo avaliação é associado a outros, como exame, nota, sucesso e fracasso, promoção e repetência. Em decorrência de uma nova concepção pedagógica, a avaliação assume dimensões mais amplas.
  • 41. 40 Didática Fonte: http://constantinaweb.com.br/wp-content/uploads/2014/12/avalia%C3%A7%C3%A3o- escolar.jpg A atividade educativa não tem por meta atribuir notas, mas realizar uma série de objetivos que se traduzem em termos de mudanças de comportamento dos alunos. E cabe justamente à avaliação verificar em que medida esses objetivos estão realmente sendo alcançados, para ajudar o aluno a avançar na aprendizagem. 7.2 Alguns conceitos sobre avaliação Foram muitas as concepções de avaliação ao longo do tempo. Tudo dependeu de como o criador do conceito a visualizava. Vamos conhecer alguns desses conceitos e concepções? Bloom, Hastings e Madaus (1971, p. 118), numa obra que se tornou clássica sobre o assunto, Handbook on formative and summative evaluation of student learning, apresentam as várias dimensões do conceito de avaliação. Dizem eles que A avaliação é um método de adquirir e processar evidências necessárias para melhorar o ensino e a aprendizagem; inclui uma grande variedade de evidências que vão além do exame usual de “papel e lápis”; é um auxílio para clarificar os objetivos significativos e as metas educacionais [...] Para os autores, a avaliação não tem um fim em si mesma, ela é um método, um instrumento, um meio, um recurso, e como tal deve ser usada. Os autores dão uma ênfase especial à avaliação como um meio para aperfeiçoar o processo ensino- aprendizagem, isto é, como forma de controle de qualidade. Ralph Tyler (1974, p. 99), em seu livro Principios básicos de currículo e ensino diz que "o processo de avaliação consiste essencialmente em determinar em que
  • 42. 41 Didática medida os objetivos educacionais estão sendo realmente alcançados pelo programa do currículo e do ensino". Essa definição de Tyler deixa claro que a avaliacao se processa em função dos objetivos previstos, deixando evidente seu caráter funcional. Já Michael Scriven (1978, p. 51) , diz que a avaliação é uma atividade metodológica que consiste na coleta e na combinação de dados relativos ao desempenho, usando um conjunto ponderado de escalas de critérios que leve a classificações comparativas ou numéricas, e na justificação: a) dos instrumentos e coleta de dados; b) das ponderações; c) da seleção de critérios. Daniel Stufflebeam (1978, p. 127) diz que "a avaliação é o processo de delinear, obter e fornecer informações úteis para o julgamento de decisões alternativas". O autor enfatiza o caráter processual da avaliação e afirma que ela tem duas finalidades básicas: auxiliar o processo de tomada de decisão e verificar a produtividade. Libâneo (2003, p. 196) define a avaliação escolar “como um componente do processo de ensino que visa, através da verificação e qualificação dos resultados obtidos, determinar a correspondência destes com os objetivos propostos e, daí, orientar a tomada de decisões em relação às atividades didáticas seguintes.” Luckesi (2012), diz que a avaliação é uma apreciação qualitativa sobre dados relevantes do processo de ensino e aprendizagem que auxilia o professor a tomar decisões sobre o seu trabalho. 7.3 Funções e princípios da avaliação Segundo Libâneo (2003), a avaliação tem três funções principais:  Função didático-pedagógica: refere-se ao cumprimento dos objetivos gerais e específicos da educação escolar.  Função de diagnóstico: identifica progressos e dificuldades dos alunos, permitindo que o professor faça modificações que permitam cumprir as exigências dos objetivos estabelecidos. Deve ocorrer no início, durante e no final do desenvolvimento das aulas.
  • 43. 42 Didática  Função de controle: refere-se aos meios (instrumentos) utilizados pelo professor para verificar e qualificar os resultados alcançados pelos alunos. As funções foram apresentadas com o intuito de extrair alguns pressupostos e tirar conclusões sobre os princípios da avaliação que são os seguintes, segundo Haidt (2004):  A avaliação é um processo contínuo e sistemático, portanto, ela não pode ser esporádica nem improvisada, mas, ao contrário, deve ser constante e planejada, fornecendo feedback e permitindo a recuperação imediata quando for necessário.  A avaliação é funcional, porque se realiza em função de objetivos. Avaliar o processo ensino-aprendizagem consiste em verificar em que medida os alunos estão atingindo os objetivos previstos.  A avaliação é orientadora, pois não visa orientar o processo de aprendizagem do educando, para que possa atingir os objetivos previstos. Assim, a avaliação permite ao aluno conhecer seus erros e acertos, auxiliando-o a fixar as respostas corretas e a corrigir as falhas.  A avaliação é integral, pois analisa e julga todas as dimensões do comportamento, considerando o aluno como um todo. Desse modo, ela incide não apenas sobre os elementos cognitivos, mas também sobre o aspecto afetivo e o domínio psicomotor. É interessante lembrar que a forma de encarar e realizar a avaliação reflete a atitude do professor e suas relações com o aluno. Atualmente, a avaliação é um meio de diagnosticar e de verificar de que forma os objetivos propostos para o processo ensino-aprendizagem estão sendo atingidos. Portanto, a avaliação assume uma dimensão orientadora. 7.4 Características da avaliação De acordo com Libâneo (2003), as características da avaliação são:  Refletir a unidade objetivos-conteúdos-métodos: a avaliação deve estar de acordo com os objetivos, conteúdos e métodos expressos no plano de ensino e desenvolvidos no decorrer das aulas.  Possibilitar a revisão do plano de ensino: permite detectar progressos ou deficiências no decorrer do processo de ensino.
  • 44. 43 Didática  Ajudar a desenvolver capacidades e habilidades: permite que as crianças desenvolvam suas capacidades físicas intelectuais, seus pensamento independente e criativo, de modo que se preparem para a vida social.  Voltar-se para a atividade dos alunos: a avaliação deve centrar-se no desempenho dos alunos, observando seu progresso na aprendizagem.  Ser objetiva: deve verificar se os conhecimentos estão realmente sendo assimilados pelos educandos, de acordo com as metas estabelecidas no plano de ensino.  Ajudar na autopercepção do professor: possibilita que o professor analise os resultados obtidos pelos alunos, permitindo que ele avalie seu próprio trabalho.  Refletir valores e expectativas do professor em relação aos alunos: permite observar se as atitudes do professor perante os alunos estão sendo bem ou mal sucedidas, indicando suas crenças e propósitos em relação ao seu papel social e profissional diante dos alunos. 7.5 Instrumentos avaliativos Para avaliar os alunos, o professor deve coletar e analisar dados referentes às aprendizagens desenvolvidas. Por isso, ele deve utilizar diversos recursos, que são os chamados instrumentos avaliativos. Ao selecionar os instrumentos de avaliação, o professor deve observar: os objetivos determinados no plano de ensino; o conteúdo trabalhado; os métodos e técnicas utilizados no ensino; o tempo disponível e o número de alunos. Observe o quadro a seguir sobre os instrumentos avaliativos: Instrumentos avaliativos Características Questões dissertativas Permite verificar o desenvolvimento das habilidades intelectuais dos alunos na assimilação dos conteúdos. Questões objetivas Avalia a extensão dos conhecimentos e habilidades por meio de respostas precisas. Alguns exemplos de questões objetivas:  Questões certo-errado (C ou E)/ verdadeiro-falso (V ou F)  Questões de lacunas
  • 45. 44 Didática  Questões de correspondência  Questões de múltipla escolha  Questões de resposta curta  Questões de ordenação  Questões de identificação Observação Possibilita verificar o desenvolvimento cognitivo, afetivo e psicossocial do educando, em decorrência das experiências vivenciadas. Entrevista Amplia os dados que o professor já tem sobre o aluno, permitindo tratar de um problema específico detectado nas observações. Prova oral Avalia a capacidade crítica e reflexiva do estudante, no que se refere ao tema abordado, bem como seus conhecimentos e habilidades de expressão oral. Autoavaliação Apreciação feita pelo próprio aluno do processo vivenciado e dos resultados obtidos. A leitura e análise do quadro acima apresentam sugestões e possibilidades de como o professor pode desempenhar seu papel de avaliador. Mas é importante que você se lembre de que não existe instrumento avaliativo perfeito: todos eles apresentam vantagens e limitações. Por isso é tão importante que antes de aplicar um exercício de resposta curta ou uma questão discursiva, o educador saiba o que quer obter como resultado da avaliação, bem como as características do instrumento avaliativo escolhido. A forma de conceber a avalição da aprendizagem reflete uma postura filosófica perante a educação. Avaliar é um processo interpretativo, que supõe julgamento a partir de uma escala de valores. A avaliação é um meio para que o aluno aprenda a superar suas dificuldades e continuar progredindo na aprendizagem. O professor deve enxergar a avaliação como uma forma de aperfeiçoar seus procedimentos de ensino, por isso ele deve utilizar diversa técnicas e instrumentos avaliativos. A avaliação indica os progressos e necessidades, com o intuito de contribuir com o aperfeiçoamento da aprendizagem.
  • 46. 45 Didática 8. O PLANEJAMENTO DA AÇÃO DIDÁTICA Objetivo: Compreender a importância e as características dos diversos tipos de planos que existem no meio escolar. Palavras-Chave: Plano de aula; Plano de ensino; Plano de unidade. 8.1 Apresentação Libâneo (2003, p. 221) nos diz que o planejamento é uma importante etapa do processo de ensino e aprendizagem. Ele afirma que é “uma tarefa docente que inclui tanto a previsão das atividades didáticas em termos de sua organização e coordenação em face dos objetivos propostos, quanto a sua revisão e adequação no decorrer do processo de ensino.” Por isso, este é um assunto que não podemos deixar de estudar em nossa disciplina de Didática! 8.2 A importância do planejamento escolar Segundo Libâneo (2003), o planejamento é uma forma de organizar a ação docente, envolvendo a atividade escolar e o contexto escolar. Assim, as funções do planejamento das atividades didáticas podem ser assim sintetizadas:  Prever as dificuldades que podem surgir durante a ação docente, para poder superá-las;  Evitar a repetição rotineira e mecânica de cursos e aulas;  Adequar o trabalho didático aos recursos disponíveis e às reais condições dos alunos;  Adequar os conteúdos, as atividades e os procedimentos de avaliação aos objetivos propostos;  Garantir a distribuição adequada do trabalho em relação ao tempo disponível.
  • 47. 46 Didática Fonte: http://www.brasilescola.com/upload/e/a%20importancia%20do%20plano%20de%20aula.jpg 8.3 Diferenças entre planejamento e plano O planejamento em uma escola é a organização das ações da entidade mantenedora, da direção, dos professores, do conselho de pais e mestres, dos funcionários e dos alunos, buscando alcançar metas e objetivos educacionais bem definidos. Lembre-se que o planejamento é um ato político e ideológico! O ato de planejar é uma atividade intencional: buscamos determinar fins, pois ele expõe nossos valores e crenças; como pensamos a educação, o mundo, o homem, a sociedade. Quando planejamos buscamos decidir sobre: o que pretendemos realizar, o que vamos fazer, como vamos fazer, e como vamos analisar a situação. Já o plano é o resultado, é a culminância do processo mental do planejamento. O plano, sendo um esboço das conclusões resultantes do processo mental de planejar, pode ou não assumir uma forma escrita. 8.4 Tipos de planejamento: de ensino, de unidade, de aula Existem vários tipos ou níveis de planejamento na área da educação:  Planejamento de um sistema educacional: é sistêmico (nacional, estadual e municipal) e consiste no processo de análise e reflexão das várias facetas de um sistema educativo, pois reflete a política de educação adotada.  Planejamento geral das atividades de uma escola: quando se define a filosofia de educação que orientará a atividade educativa. Esse planejamento exige que sejam identificados os recursos (humanos, físicos, econômicos) com os quais
  • 48. 47 Didática contar para que as metas e objetivos da escola sejam alcançados. O resultado desse planejamento é o plano escolar, que deve ser elaborado e executado por toda a equipe da escola.  Planejamento de currículo: é a previsão dos diversos componentes curriculares que serão desenvolvidos ao longo do curso, com a definição dos objetivos e previsão dos conteúdos de cada componente.  Planejamento didático ou de ensino (planejamento de curso ou de ensino, de unidade didática e de aula): é a previsão das ações e procedimentos que o professor vai realizar junto a seus alunos, e a organização das atividades discentes e das experiências de aprendizagem, visando atingir os objetivos estabelecidos. Existem três tipos de planejamento de ensino: de curso, de unidade e de aula. O planejamento de curso ou de ensino é a previsão dos conhecimentos a serem desenvolvidos e das atividades a serem realizadas em uma determinada classe, durante um certo período de tempo, geralmente durante o ano ou semestre letivos. O planejamento de unidade reúne várias aulas sobre assuntos correlatos, constituindo uma porção significativa da matéria. O planejamento de aula representa o momento em que o professor especifica e operacionaliza os procedimentos diários para a concretização dos planos de curso e de unidade; é a sequência de tudo o que vai ser desenvolvido em um dia letivo. 8.5 Características de um plano Para que se constitua em instrumento eficiente de ação, um plano precisa ser muito bem pensado e redigido. Deve, portanto, apresentar as seguintes características: coerência e unidade, continuidade e sequência, flexibilidade, objetividade e funcionalidade, precisão e clareza. Assim, um plano compõe-se, normalmente, das seguintes partes: identificação, objetivos, conteúdos, estratégias, avaliação, cronograma e bibliografia. Observe:  Identificação: deve-se identificar um plano, apontando suas características, discriminar a que disciplina ou atividade se refere, quais as condições básicas em que será realizado, para quantas turmas, quem é o professor etc.  Objetivos: são metas estabelecidas ou resultados previamente determinados. Indicam aquilo que um aluno deverá ser capaz de fazer como consequência de
  • 49. 48 Didática seu desempenho em atividades de uma determinada escola, ano, disciplina ou aula. O estabelecimento de objetivos orienta o professor para selecionar o conteúdo, escolher as estratégias de ensino e elaborar o processo de avaliação; e o aluno, que fica sabendo o que se espera dele num curso, disciplina, ano ou aula. Existem dois tipos de objetivos: os gerais e os específicos.  Conteúdos: conjunto de temas ou assuntos que serão estudados durante o curso em cada disciplina. São selecionados e organizados em função dos objetivos e podem ser organizados em unidades que aproximem temas afins.  Estratégias: são os meios de que o professor se utiliza para facilitar a aprendizagem, ou seja, para que os objetivos da aula, da unidade ou do curso sejam alcançados pelos seus participantes. Incluem técnicas de ensino, métodos e recursos que são importantes para a aprendizagem.  Avaliação: deve acompanhar todo o processo de aprendizagem, pois é um instrumento de feedback contínuo para o educando e para o professor. Deve- se escolher as técnicas avaliativas de acordo com os objetivos delineados.  Cronograma: é a distribuição do curso e suas atividades pelo espaço de um semestre ou de um ano. Define o limite (tempo) para as atividades, dando a indicação do que fazer com a carga horária semanal, semestral ou anual de que se dispõe.  Bibliografia: é o conjunto dos textos (livros, jornais, poemas, artigos...) a serem trabalhados durante os estudos. Existem dois tipos de bibliografia: a básica (textos que serão estudados e utilizados em aula) e a complementar (material que amplia e aprofunda os temas estudados). A bibliografia precisa ser atualizada e selecionada de forma a instigar o aluno a buscar novos conhecimentos. Observação: dependendo do tipo de plano, itens podem ser acrescentados ou modificados. Lembre-se sempre que ao planejar, temos mais chances de atingir os objetivos desejados, conseguir superar as dificuldades e controlar ações de improviso. A seguir, apresentamos exemplos de planos de ensino e de aula. Modelo de plano de ensino:
  • 50. 49 Didática Modelo de plano de aula: É importante lembrar que independente do tipo de plano (de curso, de aula ou de unidade) ele deve estar diretamente ligado ao ensino, visando efetivá-lo de modo objetivo. Além de ser, em última instância, a representação de um trabalho de reflexão sobre como orientar o ensino para que o educando efetivamente alcance os objetivos da educação.
  • 51. 50 Didática O planejamento é um processo mental, que exige análise, reflexão e previsão; já o plano é o resultado do planejamento. O trabalho planejado é importante e necessário, e no campo da educação e do ensino há vários tipos de planejamento, que variam de acordo com seu grau de abrangência. O ato de planejar possibilita prever os conhecimentos a serem trabalhados e organizar as atividades e experiências de ensino– aprendizagem que são necessárias para a consecução dos objetivos delineados. É importante sempre considerar a realidade dos alunos, suas necessidades e interesses.
  • 52. 51 Didática 9. AS RELAÇÕES INTERATIVAS EM SALA DE AULA Objetivo: Estudar sobre a dinâmica da relação professor-aluno e entender sua importância para o bom andamento das atividades escolares. Palavras-Chave: Autoridade; Autoritarismo; Indisciplina. 9.1 Apresentação Um assunto importante para ser discutido em didática relaciona-se a uma simples pergunta: para que serve a escola? Muitos pais esperam que a escola ensine seus filhos a aprender a ler, escrever, calcular; outras pessoas podem pensar que a escola serve para “dar educação”, disciplinando as crianças, ensinando-lhes boas maneiras e regras de conduta social; e ainda há aqueles que entendem que a instituição escolar “deve transmitir o saber necessário para que os alunos desenvolvam habilidades e potencialidades pessoais e de sua classe, contribuindo para a transformação social desejada.” (RODRIGUES, 1988, p. 77) Independente de sua missão, a escola é um lugar onde o aluno pode se desenvolver integralmente, ampliando seu pensamento, seu conhecimento de si mesmo, servindo de base para se situar no mundo. E acima de tudo, é um lugar onde o aluno aprende a viver, a conviver e a ser. 9.2 Aspectos da relação-professor aluno É por intermédio da relação professor-aluno e da relação aluno-aluno que o conhecimento vai sendo coletivamente construído. No processo de construção do conhecimento, o valor pedagógico da interação humana tem uma função educativa, pois é convivendo com seus semelhantes que o ser humano é educado e se educa. De acordo com Aquino (1996, p. 34), a relação professor-aluno é muito importante: se a relação entre ambos for positiva, a probabilidade de um maior aprendizado aumenta. A força da relação professor-aluno é significativa e acaba
  • 53. 52 Didática produzindo resultados variados nos indivíduos. Ao interagir com cada aluno, o professor não apenas transmite conhecimentos, em forma de informações, conceitos e ideias (aspecto cognitivo), mas também facilita a veiculação de ideais, valores e princípios de vida (aspectos afetivos), contribuindo para a formação da personalidade do educando. Pilão (1998, p.15) esclarece que, quando ocorre a aprendizagem reflexiva, o educando articula o que aprendeu e reflete sobre os processos e as decisões que foram adotadas pelo processo, partindo daí um entendimento com mais capacidade de transferir aquele conhecimento que construiu. Se a escola tem como objetivo a integração dos indivíduos na sociedade, deve- se procurar fazer com que as crianças sintam-se aptas a captar os ensinamentos. A atitude do professor, sua interação com a classe, depende da postura por ele adotada diante da vida e perante o seu fazer pedagógico. Se o que pretendemos é que o aluno construa seu próprio conhecimento, aplicando seus esquemas cognitivos, devemos permitir que ele exerça sua atividade mental sobre os objetivos quando opera mentalmente. O professor deve buscar estabelecer uma relação agradável e respeitosa com seus alunos. Quando estamos num ambiente acolhedor e amoroso, sentimo-nos mais dispostos e motivados a aprender. Numa sala opressiva, em que reina o autoritarismo, o aproveitamento dos estudos tende a ser equivalente ao estado de espírito de seus participantes. Se a aprendizagem na sala for uma experiência de sucesso, o aluno constrói uma representação de si mesmo como alguém capaz. E, se for de fracasso, o ato de aprender tende a se transformar em ameaça e o aluno considera-se fracassado. A forma como o professor age em sala de aula cria uma relação com os alunos que pode colaborar, ou não, com o sucesso (ou fracasso) do ensinar e do aprender. Nessa relação, educador e educando exercem funções diferentes, mas ambos devem buscar o crescimento e a participação social. Masetto (1997) aponta alguns exemplos de ações que os professores podem criar em relação aos alunos, sempre marcadas pela maturidade, trabalho em equipe, criatividade e autonomia:  Favorecer situações em classe nas quais o aluno se sinta à vontade para expressar suas opiniões, seus pontos de vista e seus sentimentos.
  • 54. 53 Didática  Compartilhar com a classe a busca de soluções para problemas surgidos com um determinado conteúdo, com o professor, com o programa ou com os colegas.  Respeitar e fazer respeitar as diferenças de opinião.  Incentivar a participação, a iniciativa, a cooperação dos alunos com os colegas.  Demonstrar que há explicações diversas para um mesmo fenômeno observado.  Relacionar os temas estudados com as vivencias dos alunos.  Ser flexível e capaz de adaptar a programação.  Solicitara colaboração dos alunos.  Fazer o planejamento de curso juntamente com a classe.  Incentivar os alunos a buscar novas informações.  Esclarecer ao aluno no início do curso os critérios de avaliação que serão utilizados. O autor afirma ainda que os professores devem evitar ações que dificultam o crescimento do aluno, que interferem na construção do conhecimento e que são marcadas por controle repressivo. Uma pergunta importante se faz presente: como fazer com que esta relação se torne um alicerce para a construção do conhecimento? Inicialmente, é necessário eliminar as diferenças entre professor e aluno, consolidadas pela escola tradicional. De um lado estava o professor, que desempenhava o papel de ensinar, transmitir e dominar. Do outro o aluno, que devia aprender, receber passivamente e obedecer. O educador deve reconhecer que o aluno não é um sujeito passivo, que só recebe informações. É preciso entender que os educandos devem ter suas capacidades estimuladas, pois elas vão além do conhecimento que lhes é “depositado”. Desse modo, o professor passa a ser orientador (e não detentor do saber), alguém que acompanha e participa na construção de novas aprendizagens. Outro aspecto que permite fazer com que esta relação se torne um alicerce para a construção do conhecimento é levar o aluno à consciência de que ele pode ser mais; o educando deve reconhecer que é um ser capaz, que é parte intrínseca do processo de evolução da escola, da sociedade, do mundo. Portanto, o professor deve criar um clima na sala de aula que possibilite uma maior aprendizagem e deve estar atento a todos os elementos necessários para que o aluno aprenda e se desenvolva.
  • 55. 54 Didática 9.3 A disciplina na sala de aula Sabemos que o conhecimento é considerado uma construção contínua. A educação resume-se em provocar situações de desequilíbrio para o aluno, adequado ao seu desenvolvimento, para que ele aprenda a interagir nessa situação. O objetivo disso é que ele aprenda, por si mesmo, a conquistar a verdade de toda e qualquer situação. A escola começa ensinando à criança a observar, desenvolvendo suas potencialidades motoras, verbais e mentais, trabalhando em grupos, dando-lhes liberdade de ação. Infelizmente, percebemos que existem professores que estão descontentes com sua profissão, e, portanto, não vão além da transmissão automática dos conteúdos do currículo que lhes foi apresentado. Observa-se também que a indisciplina impera nas salas de aula; não há respeito do aluno com o professor e este não se preocupa com o aluno. Não se preocupa se ele está adquirindo conhecimentos ou não. Por isso, é preciso discutir a questão da autoridade e do autoritarismo em sala de aula. O bom senso pedagógico nos mostra que a autoridade do professor é um fato, pois ela é inerente a sua própria função docente. Trata-se de uma autoridade incentivadora e orientadora: é a autoridade de quem incentiva o aluno a continuar estudando e fazendo progressos na aprendizagem, e que orienta o aluno a alcançar os objetivos, visando à construção do conhecimento. O professor precisa saber como administrar o comportamento dos estudantes em sala de aula, de forma madura e coerente, sem precisar cometer exageros. Muitos profissionais, no início de carreira colocam à prova tudo aquilo que lhes foi ensinado sobre como ensinar e administrar uma sala de aula. O aspecto humano e a forma das crianças se comportarem testam, a toda hora, os conceitos aprendidos e a mentalidade profissional. É importante aprender com os erros e saber ouvir os conselhos e histórias de pessoas com mais experiência. Em casos de alunos indisciplinados, que tumultuam a dinâmica da sala, lembre- se que levantar a voz para ter a atenção dos alunos não é a melhor estratégia, pois isso pode provocar efeitos contrários, como por exemplo, o estresse. É interessante evitar o uso do volume e tom de voz elevados, pois os estudantes irão espelhar-se em você: o professor é o principal exemplo em classe. Por isso, use um volume normal e agradável quando for falar com as crianças. Isso não significa que você não deve ser
  • 56. 55 Didática afirmativo e firme, falar em um tom imperativo. O professor precisa saber usar sua autoridade com a turma. Fonte: http://4.bp.blogspot.com/-hOXjZWV4go8/Uyr2P2a8p-I/AAAAAAAAQi0/Bglo_lKy- Bg/s1600/indisciplina.gif Em casos de conversas generalizadas, em momentos que os alunos não percebem sua presença, fale apenas quando houver silêncio, saiba esperar. Aguarde que cada um reconheça sua presença. Evite falar ou chamar a atenção da classe. Com essa atitude, a iniciativa de calar-se e pedir silêncio virá dos próprios alunos e isso faz uma grande diferença na construção do respeito mútuo. Lembre-se que existem outras formas de comunicação, além da verbal. Use sempre que possível a comunicação não-verbal. Uma forma eficaz de obter o silêncio e a atenção é levantar a mão ou fazer contato visual com os alunos. Ligar e desligar a luz rapidamente também são métodos antigos e eficientes. Não se esqueça que qualquer alteração na rotina leva um tempo para que os estudantes se acostumem. O importante é encontrar uma maneira divertida e ativa de chamar a atenção sem precisar distanciá-los de você. Procure sempre solucionar problemas de forma rápida e sábia. Para resolver confusões e desentendimentos procure realizar uma abordagem positiva, mas não faça isso de forma sínica e que provoque mais ressentimento. Quando os estudantes tiverem conflitos entre eles, tenha sempre uma atitude neutra, não importando o histórico do aluno. Você deve agir como mediador da situação, e eles devem aprender sozinhos como resolver o problema de forma pacífica e madura. Com isso, você vai estabelecer, em conjunto com os alunos, padrões de comportamento a serem
  • 57. 56 Didática seguidos, permitindo que eles analisem e discutam as normas de conduta propostas, opinando e sugerindo. Para Nóvoa (1991, p. 27): “as situações conflitantes que os professores são obrigados a enfrentar (e resolver) apresentam características únicas, exigindo, portanto características únicas: o profissional competente possui capacidades de autodesenvolvimento reflexivo [...] A lógica da racionalidade técnica opõe-se sempre ao desenvolvimento de uma práxis reflexiva”. Segundo esse autor, para ser um bom profissional devem-se planejar estratégias, com criatividade, para resolver os problemas que vão surgindo na escola, no dia-a-dia. Para ele, esses professores devem combinar a ciência, a técnica e a arte. Nesse caso, devem-se criar mecanismos na escola, condições de trabalho em equipe, dirigidas ao desenvolvimento do interesse do aluno para o aprendizado. 9.4 Autoridade versus autoritarismo em sala de aula No processo ensino-aprendizagem, ensinar exige: respeito à autonomia do ser educado, humildade, apreensão da realidade, tolerância, convicção de que a mudança é possível e luta em defesa aos direitos dos educandos. O professor deve ter sempre em primeiro plano o compromisso com a verdade e deve expô-la em suas ações. Deve ter a liberdade de optar pela autoridade e contrapor o autoritarismo. O educador que tolera e ensina, admite e acolhe aquele que aprende. É preciso abrir um diálogo entre educador e educando para estabelecer o que é bom para todos, respeitando sempre a individualidade e a diversidade de cada um. Muitos utilizam as palavras “autoridade” e “autoritarismo” como sinônimos, mas necessitamos dizer que uma não deve ser confundida com a outra. Em nossa vida, conhecemos pessoas que tem o poder, mas não tem autoridade como também pessoas que tem autoridade em relação às outras pessoas, porém não tem o poder. A autoridade precisa ser conquistada, dá capacidade de exercer influência e atribui prestígio. Por isso que alguns professores e diretores levam algum tempo até ter autoridade em relação a outras pessoas. A autoridade ocorre quando se dá o exercício de obediência onde estiver presente uma relação humana, como por exemplo, no relacionamento no grupo de
  • 58. 57 Didática amigos, na família, na escola, na universidade... A autoridade não pode ser entendida como um bloqueio à liberdade do aluno, nem limitar a autonomia do discente. Em contrapartida, o autoritarismo é associado a um contexto educacional relacionado à educação religiosa ou militar. A educação baseada no autoritarismo tende a gerar indivíduos submissos, conformistas, individualistas, incapazes de intervirem na sociedade. Fonte: http://blog.educacaoadventista.org.br/danielnobre/images/57/figura%20disciplina.jpg Os educadores devem aprender a agir com autoridade, deixando os limites claros, compreendendo as necessidades dos alunos, estimulando-os e nutrindo-os emocionalmente. Deve, portanto, evitar agir com autoritarismo, ditando rigidez de normas de conduta, sem comunicação de qualidade, sem a presença de afeto. O professor precisa estar preparado para lidar com os alunos e exercer sobre eles o papel de liderança.  Liderança escolar  A liderança é uma competência que se adquire, se pratica, se desenvolve e se modela continuamente tendo por referência os seguintes princípios:  A capacidade para desafiar o processo;  A sensibilidade para permitir o desempenho dos outros;  A atenção sistemática para ir modelando o caminho;  A força motivacional para inspirar a partilha da visão;  A coragem para gerir através da razão e da emoção.  Um professor líder é aquele que, tendo uma visão, consegue compartilhá-la com seus liderados e motivá-los para chegar a objetivos definidos.