O documento discute os fatores que contribuem para o desenvolvimento humano, incluindo a capacidade de transformar o ambiente, necessidade de cooperação, e desenvolvimento de habilidades como linguagem. A cultura surge da organização social e criação do mundo construído, e influencia o desenvolvimento individual através da socialização.
3. A capacidade humana de continuamente
transformar o meio em que vive, fazendo
adaptações, de aprender formas de o fazer,
aumentou, ao longo do tempo, as hipóteses de
sobrevivência dos seres humanos.
A prática destas atividades criou necessidades de
coordenação e cooperação entre seres humanos, e,
ao mesmo tempo, desenvolvendo novas
capacidades para o fazer.
Ex. capacidades de comunicar utilizando linguagens
complexas, escrita, pintura, ornamentação do corpo
4. O exercício destas capacidades conduziu ainda à
criação de modos particulares de ser e de viver em
conjunto.
O mundo construído (casas, cultivo de alimentos,
meios de transporte, formas de tratar doenças,
ferramentas, filosofias) constitui o ambiente de
suporte e proteção dos seres humanos e das suas
formas de vida.
Os seres humanos organizam sociedades e criam
cultura.
É a cultura que confere ao indivíduo características
humanas.
6. Para Edward B. Tylor cultura é “a totalidade dos
conhecimentos, das crenças, das artes, dos valores,
leis, costumes e de todas as outras capacidades e
hábitos adquiridos pelo Homem enquanto membro
da sociedade”.
A cultura é definida como uma totalidade onde se
conjugam diversos elementos materiais e
simbólicos.
7. Exemplos de elementos culturais
As crenças, que contemplam as diferentes religiões,
as ideologias políticas e ideias acerca da natureza
humana;
As teorias e os corpos de conhecimento onde
podemos incluir a ciência moderna e as suas
disciplinas, mas também as diversas astrologias e
várias medicinas alternativas (acupunctura ou
homeopatia);
As múltiplas construções e objetos produzidos,
construções complexas e produções mais simples;
8. Os valores atribuídos a determinados
comportamentos, qualidades e obejtos;
As leis e normas considerados importantes para
regular a vida em comum;
As artes ou modos de expressar próprios de uma
determinada sociedade;
Os costumes, que são os modos convencionais de
interagir socialmente, de se comportar relativamente
a outros e de apresentarem sociedade.
Todos estes elementos, simbólicos e materiais,
encontram-se organizados de forma dinâmica no
todo cultural, isto é, mudam e influenciam-se
mutuamente a cada momento.
9. Na totalidade cultural, os diversos elementos estão
profundamente interligados e influenciam
mutuamente a forma e o conteúdo uns dos outros.
Assim, os elementos simbólicos materializam-se nas
múltiplas produções culturais: numa matéria-prima
utilizada, ou numa peça de vestuário produzida, nos
instrumentos usados, no modo de coser.
10. A cultura é um elemento inescapável do ambiente
de qualquer pessoa, pelo que, ao longo da vida, se
traduz em múltiplas e variadas consequências na
forma como cada um pensa, sente e se comporta.
Para além de produtos de cultura, somos também
os seus produtores.
A forma como pensamos e nos comportamos, o que
escolhemos, as opções que tomamos, fazem parte
da cultura em que estamos integrados, da sua
construção, transmissão e transformação.
A influência entre os processos psicológicos e a
cultura é mútua, dinâmica e permanente.
A influência inicia-se muito cedo.
11. As “crianças selvagens”,
Este termo é utilizado para referir as crianças que
cresceram privados de todo o contato humano, ou
tiveram um contato mínimo.
Abandonadas, perdidas ou vítimas de situações de
abuso, as crianças sobrevivem em isolamento ou na
companhia de animais até serem encontradas.
Alguns casos: Victor de Averyon, Amala e Kamala e
Genie.
Em Portugal temos o caso de Isabel.
12. Alguns deles tomam contornos mitológicos e fazem
parte do imaginário de culturas: lenda Rómulo e
Remo (gémeos fundadores de Rima, criados por
uma loba)
Os estudos dos casos contribuíram para a
compreensão do papel das interacções sociais no
desenvolvimento.
13. As crianças selvagens possuem uma linguagem
sobretudo mímica, em alguns casos imitativa dos
sons e dos gestos dos animais com quem
conviveram.
A linguagem verbal é quase nula ou bastante
reduzida e vaira de caso para caso, conforme o tipo
de isolamento e a idade a partir do qual este
aconteceu.
O seu comportamento social não é orientado para
outros seres humanos, nem segue os mesmos
padrões, aproximando-se dos animais com quem
interagiam.
As crianças selvagens não choram nem riem,
manifestam dificuldades no controlo emocional e
têm de aprender a exprimir as suas emoções e a
14. Nem sempre é fácil reconhecer a humanidade
destas crianças.
Provocam em nós uma estranheza, pois é-nos difícil
relacionar as nossas experiência com a delas,
compreender a forma como sentem, pensam e
agem.
Não nos reconhecemos nelas e elas não se
reconhecem em nós.
Isto mostra-nos como dependemos dos outros, do
contacto físico e sociocultural.
15.
16. Fazem parte da cultura os vários modos de
relacionamento entre as pessoas: as ideias, os
objetos, tudo o que para um grupo constitui o
ambiente construído.
São muito diversos os seus elementos e as suas
manifestações
A cultura varia no tempo e e no espaço, varia com
as épocas e momentos históricos, assim como varia
de lugar para lugar.
Não existe apenas uma única cultura, mas múltiplas
culturas.
17. Todas as comunidades humanas possuem cultura.
As diferentes culturas refletem as diferentes
maneiras como diversas comunidades organizam e
integram os acontecimentos da sua História, as suas
necessidades de sobrevivência e as exigências do
meio onde vivem.
Diferentes situações encontram respostas
particulares em cada cultura
18. São muitos os fatores que ajudam a perceber as
diferentes culturas: constrangimentos geográficos e
ecológicos que determinada sociedade ou
comunidade enfrentam, as criações que vão
desenvolvendo, o que acontece ao longo do tempo,
assim como os contatos que vão estabelecendo
com outras culturas.
Todos estes elementos concorrem para as diversas
culturas se transformarem e adquirem
especificidades próprias.
20. A cultura de cada comunidade específica formas
particulares padronizadas de ser e viver,
Padrão Cultural-> o conjunto de comportamentos,
práticas, crenças e valores comuns aos membros de
uma determinada cultura
21. Exemplos de manifestações de padrões
culturais
Vestimo-nos de uma determinada maneira,
estendemos a mão para nos cumprimentarmos,
alimentamo-nos um certo número de vezes ao dia,
escolhemos determinados alimentos, consideramos
adequado ou desadequado exprimir certas emoções
em determinados lugares ou situações
22. Os padrões culturais desempenham um importante
papel no enquadramento da construção de
significados em muitos domínios da vida social.
Servem de quadros de referência e marcam presença
enquanto interpretações acessíveis às pessoas.
Os padrões culturais ajudam a determinar quais são
as experiencias comuns e o que estas experiências
podem significar, pois influenciam as atividades e os
modos de relação entre pessoas e significados
associados.
23. O papel que os padrões de cultura desempenham
na vida de cada um passa despercebido.
Por estarem presentes, tornam-se familiares e não
temos consciência da sua existência.
A cultura a que pertencemos exerce uma forte
influencia na forma como pensamos e sentimos,
naquilo que consideramos bom ou mau, inaceitável
ou aceitável.
Influência a roupa que usamos, o que comemos, o
modo como nos relacionamos, definindo o que
consideramos normal e anormal.
24. Embora os padrões culturais definam um conjunto
particular de hábitos, crenças, valores, normas e
práticas, não podemos considerar os padrões
culturais realidades estáticas.
Cada padrão cultural muda permanentemente, não
apenas pela acção produtora de cultura, mas
também através do contato com outras culturas,
com elementos culturais até aí estranhos.
25. Conceito de aculturação
Aculturação-> processos que
decorrem do contato com
elementos culturais, ou entre
pessoas, pertencentes a
diferentes culturas.
A aculturação diz respeito ao
conjunto dos fenómenos
resultantes do contato continuo
entre grupos de indivíduos
pertencentes a diferentes
culturas, assim como às
mudanças nos padrões
culturais de ambos os grupos
onde ocorre este contato.
26. Muitas vezes
aparecem culturas
novas- novos hábitos,
novas matérias-
primas, novos
alimentos, novas
formas de fazer e de
compreender o
mundo- mas também
o desaparecimento e a
destruição de
elementos culturais.
27. Sociedade Global-> resulta das viagens, do turismo,
das migrações e das comunicações.
A aculturação é um fenómeno eu leva a mudanças
culturais.
Tanto as culturas maioritárias como as minoritárias
têm de permanentemente reagir e adaptar-se àquilo
que de novo as desafia.
29. Socialização-> é o processo através do qual cada m
de nós aprende e interioriza os padrões de
comportamento, as normas, as práticas e os valores
da comunidade em que se insere.
Esta interiorização permite não apenas a integração
de cada pessoas no grupo social, mas também a
reprodução deste mesmo grupo e das suas formas
de organização.
30. Cada pessoa adquire estes modos de fazer e de
comportar que são esperados dentro do grupo a que
pertence.
Mas cada pessoa não se limita a integrar as
práticas, normas e valores do grupo, ela participa
ativamente na produção, recriação e transmissão
dos seus padrões de cultura e de socialização.
É neste processo de aquisição e de produção que
se pode compreender o que é a socialização.
A socialização também acontece quando essa
pessoa participa, age, manifesta-se e comporta-se,
em diversas relações, em vez de apenas adquirir os
elementos que a rodeia,
32. Socialização primária
É responsável pelas aprendizagens mais básicas da vida.
É a aprendizagem dos comportamentos considerados adequados e
reconhecidos de um determinado grupo social.: regras de
relacionamento entre pessoas, os hábitos de cuidado com o corpo,
hábitos alimentares, regras da linguagem.
Ocorre com mais intensidade
durante os períodos de crescimento
e de entrada nos grupos
caracterizados por uma vida em
comum, como a famíliam vizinhança,
jardins de infância e escola.
Os meios de comunicação –jornais,
televisão, rádio e cinema, constituem
importantes agentes de socialização.
33. Socialização secundária
Ocorre sempre qua a pessoa tem de se adaptar e
integrar em situações novas.
Ex. mudança de escola, primeiro emprego,
passagem à reformas, casamento, nascimento de
um filho
Exigem, cada um, a criação de novas formas de ser
que se adeqúem aos novos contextos socioculturais
e às experiências novas
34. Muitos destes processos ocorrem também no seio
de grupos onde os laços entre os indivíduos são
motivados por objetivos determinados e as relações
entre eles são meramente contratual: empresas e
associações.
A participação nestes grupos secundários vai criar
oportunidades e desafios que implicam
aprendizagens novas e uma adaptação dos
individuo as a novas realidades.
A forma como cada um de nós se comporta torna a
integração dos diferentes acontecimentos,
aprendizagens e significados culturais na história de
cada um única e flexível.