O documento discute o conceito de socialização e seus processos. A socialização é o processo através do qual indivíduos aprendem e interiorizam os valores, normas e comportamentos da cultura em que vivem, principalmente através da família, escola e meios de comunicação. A socialização ocorre tanto na infância quanto ao longo da vida e é fundamental para o desenvolvimento da personalidade e integração social do indivíduo.
2. O que é a Socialização?
Socialização é o processo através do
qual o indivíduo aprende e interioriza o
sistema de valores, de normas e
comportamentos da cultura onde
intervém, desde que nasce e ao longo da
sua vida. Socializar é, portanto, incutir
no indivíduo os modos de pensar, de
sentir e de agir do grupo em que ele está
integrado.
3. O processo de socialização é determinante no desenvolvimento
da personalidade do indivíduo e na aceitação ou não deste na
sociedade. Pois, apesar de a criança quando nasce já trazer os
genes necessários ao ser humano, é um ser culturalmente em
branco. Neste processo intervém um conjunto de agentes de
socialização: a família, a escola, os meios de comunicação social
ou as empresas, que nos incutem um determinado papel social.
4. Tal como a família, que nos transmite os
primeiros valores , traços culturais, valores
próprios do grupo social e modelos de
comportamento e que por isso, tem um papel
fundamental na formação de atitudes sociais,
também a escola é um importante agente de
socialização.
5. Na escola passamos uma grande parte da
nossa vida (actualmente na União
Europeia espera-se que um indivíduo
conclua em média 16 anos de escolaridade
– 12º ano + 4) e o lugar onde aprendemos
não só conteúdos disciplinares, mas
também regras de bom comportamento, a
necessidade de respeitar outros, trabalhar
em equipa, cumprir prazos, ser assíduo e
pontual. E estes aspectos são o objecto da
socialização informal. Este processo de
socialização traduz-se também num nível
de desenvolvimento humano mais elevado
e num nível de violência mais reduzido.
6. Tipos de Socialização
A socialização pode ser prímária ou secundária.
Primária (ocorre durante a infância) :
Conjunto de conhecimentos básicos transmitidos
sobretudo pela família, sendo estas as
aprendizagens mais intensas, mais marcantes,
porque biologicamente a criança está preparada
para receber e assimilar grandes doses de
informação e porque existe uma forte ligação
emocional e afetiva com os seus agentes
socializadores. São aprendidas e interiorizadas
coisas tão determinantes quanto a linguagem, as
regras básicas da sociedade, a moral e os
modelos comportamentais do grupo a que
pertence. Os tradicionais contos infantis são um
exemplo de formas lúdicas de aprendizagem.
7. Tipos de Socialização
Secundária (ocorre durante toda a nossa vida) :
É todo e qualquer processo que introduz um
indivíduo já socializado em novos setores do
mundo, em funções específicas da sociedade.
Acontece a partir da infância e em cada nova
situação com que nos deparamos ao longo da vida:
na escola, no trabalho ou nas atividades de lazer.
Em cada novo papel que assumimos (aluno,
colega, profissional, pai, avô,etc.) existe uma
aprendizagem, adquirimos conhecimentos
específicos.
8. Mecanismos de Socialização:
• Aprendizagem – A aprendizagem pressupõe a
interiorização de determinadas reações perante as
situações sociais, ou seja, a aquisição de automatismos
variados de comportamento. Aprendemos desde cedo,
porque tal nos é incutido, os valores, as regras e
comportamentos sociais (o que podemos e o que não
podemos fazer, o que é certo ou errado). Aprendemos a
ler, a escrever, a raciocinar e toda uma série de
competências, das mais básicas (como atravessar a rua) às
mais elaboradas (uma profissão ou a linguagem).
9. Imitação - A reprodução dos
comportamentos dos agentes
socializadores é fundamental à
interiorização desses mesmos
comportamentos. Muitas das atitudes
e comportamentos que vemos nas
crianças são fruto das suas obserações
e posterior imitação. Na idade adulta,
muito frequentemente e por vezes sem
nos apercebermos, tendemos a imitar
os comportamento, os gestos, as
expressões que observamos, na
tentativa de nos intergrarmos mais
facilmente nas várias situações do
nosso quotidiano.
10. • Identificação - A criança identifica-se com pessoas que
desempenham determinados papéis na sua vida e essa
identificação faz com que adquira progressivamente os
comportamentos inerentes a esses mesmos papéis. Por
exemplo, o pai e a mãe podem representar para a criança o
que para ela significa ser homem e ser mulher,
interiorizando o comportamento que um homem e uma
mulher têm em diversas situações. A criança pode
identificar-se também com outras pessoas (atores, cantores,
pessoas próximas ou heróis de banda desenhada) que podem
de alguma maneira influenciá-la no seu comportamento.
11. Desde há muitos anos que o ser humano questiona-se acerca
daquilo que nos distingue dos outros seres. Pode-se dizer que
é a socialização que humaniza o ser humano, pois educa-o,
enchendo-o de normas e regras sociais, conferindo-lhe uma
personalidade e um forma de estar própria de um ser que vive
em grupo, em sociedade.
Mas será que este tipo de educação que recebemos é igual à
educação dada nas escolas?
12. Certamente que não. Pois enquanto a educação dada
pelas escolas (educação formal) é organizada numa
sequência pré-estabelecida em que existe uma pessoa
estipulada a ensinar determinadas coisas, a educação
dada pela sociedade é uma educação informal não
organizada que ultrapassa a educação escolar na medida
em que abrange todas as nossas capacidades educativas,
sendo este um processo permanente.
13. A Teoria de Linnenberg
Contrariando esta teoria, Eric Linnenberg
afirma que o que faz de nós seres
humanos e o que nos distingue de outros
seres não é a educação, mas sim a
linguagem, o facto de termos uma
predisposição genética para a
aprendizagem da primeira língua durante
a infância.
14. Eric Linnenberg concordava que nascemos com os
princípios da linguagem, mas afirmava que há um prazo
para usarmos esses princípios. Se a primeira língua não
for aprendida até à puberdade, pode ser tarde demais.
Linnenberg propôs então a hipótese do período crítico
que pressupõe a existência de um período em particular
na vida dos humanos propício à aprendizagem da língua,
ou seja, temos uma predisposição genética para a
aprendizagem da primeira língua até à puberdade.