O documento descreve a arte pré-colonial brasileira, incluindo pinturas rupestres, cerâmicas e artefatos de pedra de diversos povos como os de Luzia, Santarém e Marajó. Detalha aspectos da cultura material desses povos pré-históricos, como suas técnicas de produção cerâmica, estilos decorativos e significados culturais.

1. Arte Brasileira: do Pré-
Cabralino ao
Academicismo
Período Pré-Colonial

2. -Por muito tempo acreditou-se que os homens pré-históricos ocuparam o território
brasileiro por apenas 10.000 anos. Atualmente pesquisas sugerem que essa
ocupação se deu a cerca de 50.000 anos, no mínimo.
- Diferenças no conceito de arte: normalmente de cunho religioso, decorativo e
utilitário. Representa mais a comunidade do que o indivíduo que a fez.
-Cada comunidade tem suas características próprias e quanto a arte primitiva
brasileira podemos ressaltar três categorias: Pinturas rupestres/ adornos/ formas
e motivos decorativos em diversos tipos de artefatos

3. Sítio Aqueológico Lapa da
Cerca Grande
Único sítio arqueológico de
Minas Gerais tombado pelo
IPHAN em nível nacional.

4. -Petroglifo encontrado na Lapa do Santo, em
Matozinhos, na Região Metropolitana de Belo
Horizonte a 4 metros de profundidade.
-Figura humana em ritual de fertilidade (30cm de
altura e 20cm de largura. Estima-se sua datação
entre 9.500 e 10.500 anos)

5. Vasilhame de Jê
Vasilhame pré-histórico de cerâmica
Alt.: 36 cm; larg.: 42; diâm. borda: 36; diâm. base: 17
Seu formato é raro e não tem sido registrado em
outras pesquisas no estado de MG e Planalto
Central
Encontrado no sítio arqueológico Ninhal, vale do
córrego Capoeirão, zona rural de Iguatama - MG.
Visualização em 360º
https://sketchfab.com/models/292f5aaf2db34e20838
cf7496bb00f65?utm_medium=embed&utm_source=
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6. A Cerâmica

7. As formas diversas, constituídas por vasilhas abertas e fechadas, com contornos
simples e complexos, formatos conoidais e arredondados, dimensões pequenas,
médias e grandes, marcam a utilidade associadas ao processamento, consumo e
armazenamento de alimentos diversos, sejam sólidos ou líquidos.
Formas reconstituídas
de vasilhas cerâmicas
Guarani no Pantanal

8. Cerâmica Marajoara
-Iconografia fortemente conectada à figura humana e representações de animais (repletos
de significações simbólicas);
-Padrões geométricos que se repetem em peças com diferentes utilidades;
-Amplo uso das cores vermelho e preto sobre branco;
-Essa arte existiu de 400 a 1400 na ilha de Marajó (foz do Rio Amazonas) - esse período é
conhecido com “Fase Marajoara da tradição policrômica da cerâmica amazônica”;
-As cerâmicas requintadas sugerem que existiram pessoas especializadas em suas
confecções.

9. Cerâmica Marajoara
Principais coleções de arte marajoara:
-Museu Paraense Emílio Goeldi, Belém;
-Museu Nacional, no Rio de Janeiro;
-Museu de Arqueologia e Etonologia da Universidade de São Paulo (MAE/USP),
São Paulo;
-Museus fora do Brasil: American Museum of Natural History, Nova York, e
Barbier - Mueller, Genebra.

11. Urna cerimonial
Cerâmica Marajoara
400 a 1400 d.C.
81 cm.
Vaso
Cerâmica Marajoara
400 a 1400 A.D.
21 cm.

12. Pequeno recipiente antropomorfo.
Cerâmica Marajoara
Data: 400 a 1400 d.C.
Peça de uso cerimonial
Cerâmica marajoara
400 a 1400 d.C.
38,5 cm.
Tigela cerimonial decorada internamente
com pintura policroma, em vermelho e
preto sobre fundo branco.

13. Tangas
Cerâmica Marajoara
400 a 1400 d.C.
Altura média: 11 a 12 cm
Enquanto a arte da faixa superior varia pouco,
a seguinte e também a inferior apresentam
maior variabilidade. O campo central, maior,
não se repete nunca. Apresentam em cada
uma das extremidades orifícios para
amarração, muitos deles desgastados pelo
uso.

14. Cerâmica marajoara
400 a 1400 d.C.
16 cm.
Peça cerimonial parece ter sido quebrada
de propósito – o que era prática freqüente
na sociedade Marajoara – talvez para
inviabilizar sua reutilização.

15. Cerâmica marajoara
400 a 1400 d.C.
53 cm.
Urna funerária com pintura em
vermelho sobre fundo branco.

16. Povo de Santarém
●Região da junção dos rios Tapajós e Amazonas (PA). Desde o século X.
●Cultura Santarém, Santarena ou Tapajônica
●Não há estudos sobre possíveis fases culturais dos povos que habitaram a região;
●Se inicia no ano 1.000 e perdurou até aproximadamente o século XVII
●Durante 2 primeiros séculos de colonização os índios da região foram obrigados a
mudarem suas crenças.

17. Incluem-se nesse complexo a
cerâmica Konduri
(Nhamundá/Trombetas) e as fases
Mazagão (Amapá), Itacoatiara
(Manaus), Diauarum e Ipavu (alto
Xingu), Arauquim (médio
Orenoco) e Mabaruma (Guiana).

18. Povo de Santarém
●Decoração complexa, peças com ornamentos e relevos, com figuras humanas e
de animais, pinturas e desenhos. Diferentemente da estatuária marajoara a
cultura Santarém prezavam por mais realismo
●Destaque para a cerâmica
●Poucas coisas escritas foram deixadas

19. Povo de santarém
●A cerâmica apresenta pelo menos duas vertentes: Policrômica e Decorada plasticamente
●A cerâmica decorada plasticamente é a mais conhecida e se estabelece pela
representação de animais.
●A maior parte da cerâmica conservada, provavelmente, não era de uso cotidiano (vasos
antropomorfos, zoomorfos, combinações).
●Grande quantidade de estatuetas de terracota (acredita-se que sejam ídolos ou
associados a rituais de adoração ou fertilidade).
●Outras são associadas a treinamentos ou brinquedos e também a um status diferenciado

20. Estatueta tapajônica, Santarém PA
Estatueta cerâmica, 32 cm .
Figura masculina sentada.
Os adornos na figura
indicam status elevado.
Cultura de Santarém.
Coleção MAE/USP

21. Vaso de cerâmica com cariátides
Cultura de Santarém, PA
Aproximadamente 20cm
Vaso de cerâmica tipo de gargalo
Cultura de Santarém, PA
Aproximadamente 15,5cm
Estatueta Antropomorfa (400 a 1400 D.C.) 42,5cm.
A peça apresenta vestígios de pintura corporal em vermelho e
preto, que permitem supor um status social diferenciado
Cerâmica Santarém

24. Povo de Santarém – objetos líticos
●Muiraquitãs:
■ Espécie de pingente de pedra verde, azulada, amarela ou branca leitosa, existem várias lendas sobre
suas simbologias e significados.
■ Foram encontrados ao longo dos rios Tapajós, Trombetas e Nhamundá.
■A lenda mais famosa conta que os amuletos eram feitos com um barro verde retirado do fundo de um
lago encantado onde apenas mulheres poderiam entrar. Ele era modelado, antes de ser tirado da água,
pelas mulheres, pois ao entrar em contato com o ar, o barro endureceria.
■O que se sabe é que amuletos e pingentes eram objetos de trocas entre as tribos da região, talvez
usados como dotes de casamentos. Esses objetos foram encontrados ao longo de todo Rio Amazonas, e
até mesmo o Caribe.

25. O uso de pedras para criação de figuras
plásticas em bastante restrito. Algumas foram
encontradas nas proximidades de rio
Trombetas retratando animais diversos e as
vezes duplicando figuras antropomorfas
Estatueta de esteatita, 14 cm com representação estilizada
de felino, proximidades do rio Trombeta, PA. Hoje no
MAE/USP

26. Estatueta em pedra, encontrada nas proximidades do rio
Trombeta, PA
Estatueta em pedra (muiraquitã), encontrada em Óbidos, PA

27. Muiraquitã de nefrita, 4,3 cm
proveniente da área dos rios
Jamundá/Trombetas, PA.
Coleção do Museu Paulista da
USP
Fragmento de rodela de fuso,
encontrado em Santarém, encontrado
em 2009
Machado de pedra polida, de
forma semilunar, 14,5 cm
Belém, PA

28. Primeiros povos brasileiros – Objetos líticos
●Os artefatos de 10 a 12 mil anos atrás foram encontrados em MG, SP, GO, RS.
Essas são feitos em pedras talhadas.
●Suas funções e formas são extremamente amplas: furar, cortar, raspar, alisar,
pressionar, entre outras.
●Grande variedade de pontas e lâminas
●Zoólitos: Objetos utilitários em formato de animais, feitos de pedras ou ossos.

29. Povo Sambaqui
●Populações pescadoras e coletoras
●Viviam próximos a ambientes estuarinos
●Viveram entre 8 mil anos atrás e o início da era cristã
●Sambaqui: amontoado de conchas, ossos de peixes, mamíferos e restos de
crustáceos. Vem das palavras tamba (conchas) e ki (amontoado) em tupi
●É comum encontrar nesses montes: ossos humanos, ferramentas, armas, restos
de alimentos, adornos e zoólitos.

30. Litoral Meridional Brasileiro

31. Zoólito esculpido em diabásio.
Encontrado no Rio Grande do Sul.
Tamanho 26x19 cm. Museu Nacional
do Rio de Janeiro
Zoólito zoomórfico. 16x14
cm. Encontrado em
Santa Catarina. Museu
Nacional do Rio de
Janeiro
Algumas peças apresentam um pequena
depressão situada quase sempre na região
ventral dos animais representados, que se supõe
ter sido destinada ao processamento de
substâncias capazes de produzir estímulos
sensoriais, utilizadas em cerimônias e ritos.

32. Zoólitos em formato de aves. 19 x 5 cm; 18,5 x 7,5 cm;
19,5 x 8,5 cm. Encontrado no Rio Grande do Sul. Museu
Nacional do Rio de Janeiro
Zoólito. Encontrado em Santa Catarina .
Tamanho 26x19 cm. Museu Nacional
do Rio de Janeiro

33. Rara escultura de pedra em formato humano, Santa Catarina, 6 x 21,5
cm. Museu Nacional do Rio de Janeiro
Cesto de palha, 13 x 6,5 cm. Litoral
Meridional Brasileiro. Pertence à
Coleção Balbino de Freitas

34. A arte rupestre
●Áreas de maior concentração: Várzea Grande no Piauí, Lagoa Santa em Minas
Gerais.
●As pinturas são mais frequentes do que os petroglifos
●Não se sabe qual desses tipos de representações é mais antigo
●Enquanto os petroglifos eram produzidos com a fricção de objetos contra as
pedras, as pinturas apresentavam pigmentos em sua maioria de origem mineral e
secundariamente vegetal.
●Feitas com pinceis rudimentares de fibras, dedos e pequenos gravetos

35. Figuras antropomorfas pintadas na gruta de Balé, região da
Lagoa Santa, MG. A esquerda figuras masculinas
caminham para a saída da gruta. Abaixo: figuras femininas,
algumas parecem grávidas, também em movimento

36. Povo de Luzia
●Luzia é chamada de a primeira brasileira e faz parte da primeira população
humana que entrou no continente.
●Povo nômade; acredita-se que atravessaram o estreito de Bering na última era
do gelo.
●Viveram no Brasil (Lagoa Santa, MG) a aproximadamente 12 mil anos
●Foram encontrados sepultamentos que indicam a presença de rituais nessas
culturas

37. Povo de Luzia
•Apresenta traços próximos aos aborígenes australianos
•Uma das teorias propõe em que Povo de Luzia atravessou Berign a 14 mil anos, enquanto
uma segunda leva de pessoas (ancestrais dos nossos índios) vieram mais tarde, a cerca de
11 mil anos
•Época da Mega Fauna
•Em algumas regiões eles foram completamente substituídos, enquanto em outras, houve
cruzamento entre as duas levas populacionais
•O primeiro a registrar sobre as imagens existentes na região de Lagoa santa foi o cientista
dinamarquês Peter Wilhelm Lund (1801-1880) na 1ª metade do século XIX.

38. Povo de Luzia
Reconstituição do rosto de Luzia, o fóssil humano mais
antigo já encontrado na América, datado entre 11.500 e
12.000 anos

39. A arte rupestre - PI
●Vários lugares do estado apresentam vestígios de arte rupestre
●Os artefatos encontrados no local indicam que há moradores brasileiros no local
a cerca de 90.000 anos (outros objetos datam de 50.000 e muitos outros de
30.000 anos).
●A pesquisadora Niéde Guidon acredita que, a mais de 80.000 anos, esse povo
veio da África, em balsas, empurrados por ventos.
●Esses dados são baseados nos estudos de ferramentas de pedra lascada.

40. Sítio arqueológico na serra da capivara, PI

41. Sítio arqueológico na serra da capivara, PI

42. Sítio arqueológico na serra da capivara, PI

43. Sítio arqueológico na serra da capivara, PI

45. Quadro tipológico das figuras realistas humanas e animais, e as geométricas, das pinturas rupestres da região de
Várzea Grande, PI

46. A arte rupestre
●Geralmente localizadas nas paredes de abrigos rochosos ou grutas, raramente
nos tetos.
●Esses locais, no geral, não eram habitações permanentes, normalmente eram
temporárias, locais de reuniões, ou mesmo para fins funerários.
●Em SC foram encontrados petroglifos semelhantes em estruturas escavadas em
rochas, em paredões rochosos da mesma região e galerias subterrâneas, o que
pode indicar habitações.
●Os motivos retratados são diversos, geométricos e orgânicos. Os animais mais
retratados são quadrúpedes, aves e répteis, em menor escala, peixes.

47. Tradições
●Conforme levantamento feito pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional (Iphan) existem 12.517 sítios arqueológicos no Brasil. Entretanto, menos
de 10% recebe efetiva proteção e pesquisa. Entre os principais sítios brasileiros
temos:
○ Piauí - São Raimundo Nonato, foi o foco de irradiação do que os especialistas chamam de "Tradição
Nordeste", caracterizada por abundantes cenas de caça a tatus, veados e onças. Tudo aplicado com
auxílio de pinceis vegetais ou com os dedos, predominando o vermelho.
○ Rio Grande do Norte. Ao longo do Vale do Seridó desenvolveu-se a chamada "Tradição Seridó",
especialmente notável pela impressão de movimento e pela tendência à expressão. Pintadas em branco,
amarelo e vermelho, as figuras estão geralmente em grupos - caçando, copulando, dançando.

48. Sítio Xique-Xique . Carnaúba dos Dantas, Seridó – RN (Tradição Seridó)

49. Tradições
○ Paraíba. Pedra do Ingá - um paredão de 24m de extensão por três de altura coberto de petroglifos -
predominam as formas geométricas e padrões simples como pontos, círculos, cruzes e etc.
○Minas Gerais. A pintura achada deste Lagoa Santa até o Paraná é predominantemente figurativa. Já a
"Tradição São Francisco" que se desenvolve ao longo do rio, é, ao contrário, dominada pelo
geometrismo.

50. Pedra do Ingá, PB - paredão de 24 m.de extensão por 3m de altura, coberto de petroglifos

51. Grafismos coloridos da Lapa dos
Desenhos, MG. (Tradição São Francisco)

52. As representações
●Cerâmica: o mais comum é a representação de motivos geométricos (exceto as
pertencentes a tradição amazônica).
●Manifestações rupestres: motivos geométricos e naturalista.
●Estatuetas, pingentes, amuletos: encontram maior representação de pessoas e
animais
●Formas figuradas incorporadas a vasos e urnas: restritos à Amazônia
●Dicotomias: Geométrico/Formal e Feminino/Masculino

53. Os artefatos
●Grifa-se que flechas e machados
foram encontrados em todas regiões
brasileiras, assim como peças de
cerâmica.
●Aqui foram falados apenas dos
principais locais e culturas.
●É um campo bastante vasto para a
pesquisa e acredita-se que há muito a
ser descoberto.
Machados semilunares foram produzidos por
grupos horticultores na pré-história brasileira, em
diferentes matérias-primas, para fins cerimoniais.
Dimensões:
14,5 x 17 cm; 9 x 17 cm; 17,5 x 9,5 cm; 20 x 16,5
cm; 11,5 x 12,5 cm.