Os três textos descrevem: 1) A história da Aids e o desenvolvimento de tratamentos; 2) Por que os jovens não usam camisinha apesar dos riscos; 3) A maioria faz o primeiro teste de HIV depois dos 30 anos, ignorando os riscos da doença.
1. Texto 1
Falta de oportunidade e incapacidade
Há 30 anos, o mundo ouvia falar pela primeira vez de uma doença poderosa, que derrubava
as defesas do corpo e desafiava os médicos. Os cientistas deram a essa doença o nome de Aids
(sigla em Inglês de Síndrome da Imunodeficiência Autoadquirida). Logo, descobriram que era
causada por um vírus e começaram a desenvolver remédios e buscar uma vacina.
A vacina até hoje não existe. Já os remédios ajudaram a fazer da Aids uma doença
controlável, embora ainda grave. Trinta anos depois, como será que uma nova geração que não
testemunhou o sofrimento dos primeiros pacientes encara a Aids? Como esses jovens de hoje se
protegem da contaminação?
[...]
O combate à Aids é um marco na história da medicina. Os primeiros casos apareceram em
1981. Três anos depois, já se conhecia o vírus e havia um teste para identificar seus portadores.
Apesar dessas descobertas, assim que a doença se instalava o sofrimento e a morte eram
inevitáveis. Em 1995, surgiu um coquetel, com medicamentos altamente eficazes contra o HIV, e a
realidade mudou. Apesar de o número de casos ter parado de aumentar, a cada ano, 35 mil
brasileiros se infectam.
[Fantástico, Rede Globo]
Texto 2
Por que os jovens não usam camisinha?
Apesar de mais bem-informada do que as outras gerações, os jovens de até 24 anos
ignoram o preservativo por não terem medo da Aids e por confiarem no parceiro.
Para começar, duas notícias, uma boa e uma ruim. A boa é que os jovens de até 24 anos
compõem a faixa etária que mais usa preservativo no Brasil. A ruim é que eles abandonam cada
vez mais rápido o artefato de látex. A desistência da camisinha acontece aos primeiros sinais de
um relacionamento sólido. Segundo dados do Ministério da Saúde, 60% dos jovens usam a
proteção na primeira relação e apenas 30% quando o parceiro se torna fixo. O preservativo
também vem sendo deixado de lado no sexo casual. O descuido pode ser sentido no aumento em
2% no número de casos de Aids nessa faixa etária em 2009. Embora tenha diminuído o número de
infectados no geral, nas faixas entre 13 e 24 anos e acima de 60 anos, os casos cresceram.
"O grande problema que se enfrenta ainda hoje no que diz respeito à prevenção é que os
adolescentes e jovens adultos só usam a camisinha nas primeiras relações e, assim que ganham a
confiança do parceiro, abandonam", destaca Pedro Chequer, representante da Unaids, braço da
Organização das Nações Unidas (ONU) para a Aids, no Brasil. "Para ajudar a piorar, o conceito de
parceiro fixo mudou muito. Hoje os parceiros fixos mudam a cada mês." Essa confiança adquirida,
que envolve um jogo silencioso de fidelidade e culpa, é o que Maria Helena Vilela, diretora do
Instituto Kaplan, especializado em sexualidade, chama de "pseudoexclusividade". "Um acha que
RedaCEM
20.3
Ano/Série: 2ª Ensino Médio Entrega: 12/03/2017
Tema: A Aids não é mais a mesma? Por que diminuiu o medo da doença?
2. tem o outro sob controle por causa do amor e ainda acredita que a confiança é maior que os
desejos e as oportunidades", destaca.
Texto 3
Em SP, maioria faz o 1º teste de HIV depois dos 30 anos
Os números são de campanha da Secretaria de Estado da Saúde, que realizou 36 mil
exames em 309 municípios. Jovens começam a fazer sexo cada vez mais cedo e adiam exame que
detecta vírus da Aids, segundo especialistas.
Aos 23 anos, o universitário Lucas perdeu a conta de quantas parceiras sexuais já teve.
"Acho que foram umas 30 ou mais", gaba-se. Em "quatro ou cinco" relações sexuais, ele diz não ter
usado preservativo. "Estava bêbado demais". Ele ainda não fez nenhum teste de HIV.
Lucas não é um caso isolado. Levantamento com base em questionários aplicados a 36 mil
pessoas que fizeram testes rápidos de HIV revela que 56,8% fizeram o primeiro exame que detecta
o vírus da Aids após os 30 anos.
[...]
Ao menos nove pessoas morrem a cada dia no Estado de São Paulo vítimas das
complicações da Aids. No Brasil, 630 mil pessoas estão infectadas com o vírus HIV. Desse total,
cerca de 230 mil ainda não sabem que são soropositivos. A maioria ainda tem diagnóstico tardio.
[Folha de S. Paulo]
Proposta de Redação
Em 1989, quando o cantor Cazuza assumiu estar com Aids, o Brasil ainda não sabia muita coisa
sobre a doença. Assustada, a população precisou discutir abertamente assuntos como fidelidade,
comportamentos sexuais, drogas, transfusão de sangue, e tomar atitudes de precaução contra o
mal que destruía famosos e anônimos por todo o mundo.
Com o passar dos anos, as discussões sobre Aids perderam o destaque, em parte pelo
surgimento de drogas que prolongam a vida dos doentes, em parte pelo distanciamento temporal
entre a juventude atual e as primeiras vítimas fatais. Hoje, o governo declara que a situação está
estabilizada, mas, a cada ano, cerca de 35 mil brasileiros se infectam. Estima-se que, no país, haja
mais de 600 mil infectados, dos quais cerca de 230 mil não sabem, ainda, que são soropositivos.
Apesar disso, muitos jovens descuidam-se, principalmente em relação às práticas sexuais
desprotegidas, pois declaram não ter medo da Aids.
Como entender esse comportamento? O que falta à população para entender os riscos que
essa doença ainda representa? Com base nos textos acima, elabore um texto dissertativo-
argumentativo sobre o tema: A Aids não é mais a mesma? Por que diminuiu o medo da doença?
Use, no mínimo, 20 linhas e não deixe de expor a situação problema e apresentar proposta de
solução.