D. Manuel de Sousa incendeia sua própria casa para que os governadores espanhóis não possam se instalar nela. Ele ordena que sua família fuja com ele enquanto a casa pega fogo. D. Madalena fica em choque com a situação.
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: COMUNICAÇÃO ASSERTIVA E INTERPESS...
Frei 11 ct1 v1
1. V1
Agrupamento de Escolas n.º 4 de Évora –
135562
Escola Sede: Escola Secundária André de Gouveia
GRUPO I
ATENÇÃO!!! Na tua folha de prova, deves apenas registar as tuas chaves de respostas.
1. Ordena as afirmações que se seguem, de acordo com a sequência cronológica dos
acontecimentos em Frei Luís de Sousa.
A Maria mostra as papoilas murchas a D. Madalena.
B Maria e Manuel de Sousa vão a Lisboa.
C O Romeiro fala com D. Madalena e Frei Jorge.
D Manuel de Sousa destrói a sua casa para que os governadores não se instalem naquele espaço.
E Miranda anuncia a chegada de um peregrino vindo dos lados de Espanha.
F D. Madalena lê dois versos de Os Lusíadas.
G Maria diz a Telmo que D. Madalena está muito angustiada desde que se mudaram para o palácio que
fora de D. João de Portugal.
H Maria diz que morre de “vergonha”.
I Telmo diz que acredita no regresso de D. João de Portugal, devido à existência de uma carta deixada a Frei
Jorge no dia da Batalha.
J D. Madalena e Manuel de Sousa vão para a capela, para professarem a vida religiosa.
2. Identificaaspersonagensresponsáveispelasfalasseguintes:
2. 2
3. Lê as cenasseguintes:
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ATO I
CENA IX
Manuel de Sousa, Madalena, Telmo, Miranda e outros criados
entrando apressadamente
Telmo ─ Senhor, desembarcaram agora grande comitiva de fidalgos,
escudeiros e soldados, que vêm de Lisboa e sobem a encosta para a vila. O
arcebispo não é decerto, que já está há muito no convento; diz-se por aí…
Manuel ─ Que são os governadores? (Telmo faz um sinal afirmativo.)
Quiseram-me enganar, e apressam-se a vir hoje… parece que adivinharam…
Mas não me colheram desapercebido. (Chama à porta da esquerda.) Jorge,
Maria! (Volta para a cena.) Madalena, já, já, sem demora.
CENA X
Manuel de Sousa Coutinho, Madalena, Telmo, Miranda e outros criados;
Jorge e Maria, entrando
Manuel ─ Jorge, acompanha estas damas. Telmo, ide, ide com elas. (Para os
outros criados). Partiu já tudo, as arcas, os meus cavalos, armas e tudo o mais?
Miranda ─ Quase tudo foi já; o pouco que falta está pronto e sairá num
instante…pela porta de trás, se quereis.
Manuel ─ Bom; que saia. (A um sinal de Miranda saem dois criados.)
Madalena, Maria: não vos quero ver mais aqui. Já, ide; serei convosco em pouco
tempo.
CENA XI
Manuel de Sousa, Miranda e os outros criados
Manuel ─ Meu pai morreu desastrosamente caindo sobre a sua própria
espada. Quem sabe se eu morrerei nas chamas ateadas por minhas mãos? Seja.
Mas fique-se aprendendo em Portugal como um homem de honra e coração, por
mais poderosa que seja a tirania, sempre lhe pode resistir, em perdendo o amor
a coisas tão vis e precárias como são esses haveres que duas faíscas destroem
num momento… como é esta vida miserável que um sopro pode apagar em
menos tempo ainda! (Arrebata duas tochas das mãos dos criados, corre à porta
da esquerda, atira com uma para dentro; e vê-se atear logo uma labareda
imensa. Vai ao fundo, atira a outra tocha, e sucede o mesmo. Ouve-se alarido de
fora.)
CENA XII
Manuel de Sousa e criados; Madalena, Maria, Jorge e Temo, acudindo
Madalena ─ Que fazes? que fizeste? Que é isto, ó meu Deus!
Manuel (tranquilamente) ─ Ilumino a minha casa para receber os muito
poderosos e excelentes senhores governadores destes reinos. Suas Excelências
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podem vir, quando quiserem.
Madalena ─ Meu Deus, meus Deus!... Ai, e o retrato de meu marido!...
Salvem-me aquele retrato! (Miranda e outro criado vão para tirar o painel: uma
coluna de fogo salta nas tapeçarias e os afugenta.)
Manuel ─ Parti! parti! As matérias inflamáveis que eu tinha disposto vão-se
ateando com espantosa velocidade. Fugi!
Madalena (Cingindo-se ao braço do marido) ─ Sim, sim, fujamos.
Maria (tomando-o do outro braço) ─ Meu pai, nós não fugimos sem vós.
Todos ─ Fujamos! Fujamos!
(Redobram os gritos de fora, ouve-se rebate de sinos: cai o pano.)
In Garrett, Almeida, Frei Luís de Sousa
3.1. A cena anterior a este excerto termina com a afirmação proferida por
D. Manuel de Sousa: “vou dar uma lição aos nossos tiranos que lhes
há de lembrar, vou dar um exemplo a este povo que o há de
alumiar…”.
3.1.1. Esclarece o duplo sentido do verbo “alumiar”.
4. A partir das cenas apresentadas, faz a caracterização de D. Manuel, justificando a
tua resposta com expressões textuais.
5. Esclarece a expressividade da pontuação na primeira fala de D. Madalena na
Cena XII.
6. Retira do texto dois indícios trágicos e comenta a sua simbologia.
GRUPO II
Na obra Frei Luís de Sousa ecoam os grandes cânones que estiveram na
origem da forma de estar de Garrett no mundo. A sua luta pela liberdade e pelo
patriotismo estão patentes na corajosa decisão de Manuel de Sousa Coutinho de
incendiar a sua própria casa, para que os governadores espanhóis não façam dela o
seu alojamento - de facto, o período filipino que se seguiu à derrota portuguesa na
Batalha de Alcácer Quibir espelhava o Portugal conturbado dos anos vinte e trinta do
século XIX, onde as forças absolutistas tentavam esmagar o grito de liberdade de
homens entre os quais se encontrava o escritor.
Mas, a ideologia romântica da obra completa-se com a intenção pedagógica
do autor. Se a peça veicula o amor que o escritor nutria pela sua pátria e o culto que
fazia da liberdade, verdadeiro valor que, segundo ele, permitia a redenção dos
povos e o seu percurso em direcção ao progresso, esta apresenta um conteúdo
moral: na última cena do drama, uma criança inocente, vítima de uma sociedade
dominada por preconceitos desumanos e por ideais efémeros, morre "de vergonha".
Garrett, cria que, para educar o seu país, era necessário confrontá-lo com a sua
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própria realidade, para que, conscientes das suas virtudes e dos seus erros, os
portugueses aprendessem a lição que motivaria a sua transformação.
Na verdade, a dimensão humana ultrapassa as fronteiras nacionais, pois nela
encontramos espelhada a relação, sempre actual, entre o homem e a sociedade,
numa perspectiva (explícita ou implícita) de interacção entre estes dois agentes que
criam, afinal, a realidade, sempre relativa, como sabemos, porque susceptível de
análises diversas ao longo dos tempos.
BRILHANTE, Maria João, “Figurações do feminino em Frei Luís de Sousa de
Almeida Garrett”, in Discursos, n.º 1, VI Série, março de 2006
1. Atenta nos grupos sublinhados e indica a sua função sintática.
2. Classifica as orações destacadas a negrito.