2. Frei Luís de Sousa
► 1843 – Escrita de Frei Luís de Sousa.
► 1843 (6 de maio) – Leitura dramatizada ao Conservatório Real.
Vivia-se sob a ditadura de Costa Cabral – inimigo político de Garrett.
A obra Frei Luís de Sousa foi censurada
Símbolo da luta pela liberdade
► 1850 – Apresentação pública no Teatro D. Maria II (Lisboa).
3. Frei Luís de Sousa
Em 1613, Manuel de Sousa Coutinho decidiu,
juntamente com a sua esposa, abraçar a vida
religiosa, ingressando no Convento de São
Domingos de Benfica no dia 8 de Setembro de
1614 e a sua mulher, D. Madalena de Vilhena,
viúva de D. João de Portugal, no Convento do
Sacramento, também em Lisboa.
Ao tornar-se frade, adotou o nome de Frei Luís
de Sousa, dedicando-se inteiramente à escrita.
É hoje considerado um dos mais brilhantes
autores de língua portuguesa.
Quem foi Frei Luís de Sousa?
Santarém
4. Frei Luís de Sousa
Facto histórico: a ação de Frei Luís de Sousa decorre durante
domínio filipino.
Para impedir os governadores de Castela de se instalarem na
sua casa, Manuel de Sousa Coutinho lança-lhe fogo:
- gesto patriótico;
- defesa da liberdade e da identidade de Portugal;
- construção de um Portugal novo.
A dimensão patriótica e a sua expressão simbólica
5. Frei Luís de Sousa
Mudança da família para o palácio de D. João de Portugal:
regresso ao passado.
Chegada do Romeiro, apresentado como “Ninguém”:
- identificação com a própria pátria;
- o vazio, a falta de esperança.
A dimensão patriótica e a sua expressão simbólica
6. Frei Luís de Sousa
Paralelo entre a situação de Portugal no tempo da ação e no tempo
da escrita.
Domínio filipino: perda de independência, falta de identidade.
Governo cabralista: crise social e política, falta de liberdade.
Pessimismo, desencanto, frustração.
A dimensão patriótica e a sua expressão simbólica
7. Frei Luís de Sousa
O que é o Sebastianismo?
► Crença nacional que surgiu após o
desaparecimento do rei D. Sebastião na
batalha de Alcácer Quibir.
► Esperança no regresso de D. Sebastião para
devolver a independência e a liberdade a
Portugal.
► Convicção de que D. Sebastião era uma
espécie de Messias que devolveria a Portugal
a honra e a glória do passado.
O Sebastianismo: história e ficção
8. Frei Luís de Sousa
Em Frei Luís de Sousa, o Sebastianismo está presente:
► nas falas de Telmo e Maria;
► no regresso do Romeiro, associação negativa, uma vez
que provoca a destruição da harmonia familiar e mesmo
a morte (de Maria):
• D. João de Portugal aparece como um antimito;
• Necessidade de abandonar uma crença que, em vez
de ser impulsionadora da mudança, conduz à
estagnação e apatia.
O Sebastianismo: história e ficção
9. Frei Luís de Sousa
► Personagem nobre, representa o escritor romântico.
► Revela um comportamento racional, embora se deixe
dominar pelos sentimentos face à situação da filha.
Traços caracterizadores:
• o desprendimento em relação aos bens materiais;
• a força de caráter;
• a determinação;
• o patriotismo e a coragem.
O recorte das personagens principais
MANUEL
10. Frei Luís de Sousa
► Personagem idealizada.
► Revela um comportamento simultaneamente de adulto
e de criança.
Traços caracterizadores:
• a ternura, a meiguice;
• a perspicácia, a intuição;
• a inteligência;
• a cultura (gosto da leitura);
• o patriotismo (culto sebastianista);
• o dom da profecia;
• a doença (tuberculose).
O recorte das personagens principais
MARIA
11. Frei Luís de Sousa
► Personagem nobre, representa a mulher romântica.
► Revela um comportamento emotivo, mostrando-se
dominada por sentimentos exacerbados (amor-paixão).
Traços caracterizadores:
• a vulnerabilidade;
• os temores;
• a paixão.
O recorte das personagens principais
MADALENA
12. Frei Luís de Sousa
► Personagem nobre que representa o passado.
Traços caracterizadores:
• o patriotismo;
• a severidade e inflexibilidade;
• o arrependimento;
• a infelicidade;
• a solidão.
O recorte das personagens principais
D. JOÃO DE PORTUGAL / O ROMEIRO
13. Frei Luís de Sousa
► O velho aio da família, mostra-se dividido entre o
passado e o presente.
► Tem um papel semelhante ao do coro das tragédias
clássicas.
Traços caracterizadores:
• a fidelidade;
• a honra e o dever;
• a dedicação a Maria;
• o sebastianismo;
• a crença em agouros;
• o conflito interior.
O recorte das personagens principais
TELMO
14. Frei Luís de Sousa
► Frade da Ordem dos Dominicanos, irmão de Manuel.
► Tem um papel semelhante ao do coro das tragédias
clássicas.
Traços caracterizadores:
• o equilíbrio;
• a serenidade e a prudência;
• a crença em Deus;
• o bom senso, o confidente, o conselheiro.
O recorte das personagens principais
FREI JORGE
15. Frei Luís de Sousa
Tempo
► Alusões constantes a sexta-feira:
• Visão de Manuel de Sousa Coutinho pela primeira vez.
• Data da batalha de Alcácer Quibir.
• Casamento de D. Madalena com Manuel de Sousa Coutinho.
► Referências ao fim de tarde e à noite.
O tempo está carregado de fatalismo,
tornando-se um elemento trágico.
A DIMENSÃO TRÁGICA
16. Frei Luís de Sousa
Espaço
► Ato Primeiro – palácio de Manuel de Sousa Coutinho
(espaço acolhedor e luminoso).
► Ato Segundo – palácio de D. João de Portugal
(espaço austero e sombrio).
► Ato Terceiro – parte baixa do palácio de D. João de
Portugal/Igreja de S. Paulo dos Domínicos de Almada
(espaço reduzido e despojado).
A complementaridade e o afunilamento
progressivo do espaço adensam o peso da
fatalidade e do infortúnio.
A DIMENSÃO TRÁGICA
17. Frei Luís de Sousa
Estrutura externa
Ato I
Estrutura interna
► Exposição
Cenas I a IV
✔ Informação sobre as personagens e o
contexto em que vivem.
► Conflito
Cenas V a VIII
✔ Notícia da vinda dos governadores.
✔ Decisão de Manuel de Sousa em incendiar
a casa de família.
Cenas IX a XII
✔ O incêndio e a saída de casa.
Linguagem, estilo e estrutura
A ESTRUTURA DA OBRA
18. Frei Luís de Sousa
Estrutura externa
Ato II
Estrutura interna
Cenas I a III
✔ Informações sobre os acontecimentos
após o incêndio.
Cenas IV a VIII
✔ Ida a Lisboa de Manuel de Sousa, Maria e
Telmo.
Cenas IX a XV
✔ Chegada do Romeiro e revelação da sua
identidade.
Linguagem, estilo e estrutura
A ESTRUTURA DA OBRA
19. Frei Luís de Sousa
Estrutura externa
Ato III
Estrutura interna
Cena I
✔ Informações sobre a decisão tomada por
Manuel de Sousa e D. Madalena.
Cenas II a IX
✔ Encontro de Telmo com o Romeiro e
despedida dos cônjuges.
Cenas X a XII
► Desenlace
✔ Cerimónia religiosa e morte de Maria.
Linguagem, estilo e estrutura
A ESTRUTURA DA OBRA
20. Frei Luís de Sousa
✔ Uso da prosa;
✔ Assunto nacional;
✔ Valorização dos sentimentos humanos das personagens;
✔ Ser humano como vítima das suas próprias atitudes/paixões,
deixando de ser um joguete do destino;
✔ Pendor social (espelha a verdade social e a realidade dos
acontecimentos quotidianos);
✔ Linguagem fluente e coloquial, próxima da realidade vivida
pelas personagens.
O drama romântico: características
21. Frei Luís de Sousa
Características românticas presentes em Frei Luís de Sousa
✔ a crença no sebastianismo;
✔ o amor à pátria: patriotismo e o nacionalismo;
✔ as crenças em agouros, superstições e visões;
✔ o fatalismo (as personagens tentam negar racionalmente
o destino, mas não o conseguem);
✔ a religiosidade (cristianismo e a religião);
✔ a apologia do individualismo (o confronto entre o indivíduo e a
sociedade; a felicidade individual é contrariada pelas normas
sociais);
O drama romântico: características
22. Frei Luís de Sousa
Características românticas presentes em Frei Luís de Sousa
✔ a aspiração da liberdade;
✔ a exacerbação dos sentimentos;
✔ a noite (a ação passa-se ao fim da tarde, noite e madrugada);
✔ o tema da morte – a morte como solução para os problemas;
✔ o mito do escritor romântico;
✔ a intenção pedagógica: a problemática dos filhos ilegítimos e a
denúncia da falta de patriotismo.
O drama romântico: características
23. Frei Luís de Sousa
Desafio (Hybris)
D. Madalena desafia o destino, apaixonando-se por Manuel de
Sousa quando ainda estava casada com D. João de Portugal.
Manuel de Sousa desafia politicamente o poder instituído,
incendiando o seu palácio.
Sofrimento (Pathos)
O sofrimento atinge todas as personagens: a incerteza e a angústia
de D. Madalena perante a morte de D. João e de um possível
regresso, a culpa e a desonra sentida pelo casal, a sua vergonha e
dor pela ilegitimidade de Maria, bem como o sentimento de traição
vivenciado por Telmo.
Marcas de tragédia em Frei Luís de Sousa
24. Frei Luís de Sousa
Peripécia
Mudança de rumo da situação – o incêndio e o aparecimento de
D. João, que anula a legitimidade do casamento, colocando Maria
na situação de filha ilegítima.
Reconhecimento (Anagnórisis)
O momento em que o Romeiro se revela como sendo D. João de
Portugal: revelação, por exemplo, a Frei Jorge e a Telmo.
Clímax
O auge emocional – momento em que D. Madalena sabe que
D. João está vivo.
Marcas de tragédia em Frei Luís de Sousa
25. Frei Luís de Sousa
Catástrofe
A morte para o mundo de D. Madalena e Manuel de Sousa
Coutinho e a morte física de Maria.
Coro
Representado, sobretudo, por Telmo e Frei Jorge.
Catarse/Purificação (Cathársis)
Reflexão purificadora do espectador/leitor – a irreversibilidade dos
acontecimentos e a vulnerabilidade das personagens provocam a
piedade e a comoção.
Marcas de tragédia em Frei Luís de Sousa