Este documento fornece um resumo da história da contabilidade desde a antiguidade até os dias atuais em três frases:
1) A contabilidade teve suas origens nas primeiras civilizações da Mesopotâmia e do Egito Antigo, onde registros simples de transações comerciais eram mantidos para facilitar o comércio e a cobrança de impostos.
2) Durante a Idade Média, a contabilidade evoluiu com a Revolução Comercial e o Renascimento, quando métodos como o uso do sistema numeral aráb
1. “História da Contabilidade:
Da Antiguidade aos nossos dias”
Docente: Marco Libório
Disciplina: Contabilidade
Irene Parreira
Laura Matos
Margarida Pereira
Raquel Coelho
2. Índice
Introdução .......................................................................................................... 5
Origem da contabilidade .................................................................................... 6
Contabilidade na Antiguidade............................................................................. 7
Cidade da antiga Mesopotâmia - Uruk ........................................................... 7
Antigo Egito .................................................................................................... 8
Antiga Grécia.................................................................................................. 8
Roma .............................................................................................................. 9
Contabilidade na Idade Média.......................................................................... 10
Revolução Comercial.................................................................................... 10
Renascimento............................................................................................... 12
A Contabilidade na Idade Moderna.................................................................. 15
A Contabilidade Moderna ............................................................................. 16
Luca Bartolomeu de Pacioli .......................................................................... 16
Idade da estagnação .................................................................................... 17
Revolução Industrial ..................................................................................... 17
Contabilidade na Idade contemporânea........................................................... 17
Revolução Francesa..................................................................................... 19
Escola Lombarda.......................................................................................... 21
Escola Toscana ............................................................................................ 21
3. Escola Veneziana......................................................................................... 23
Contabilidade em Portugal ............................................................................... 26
Simbologia.................................................................................................... 27
APOTEC....................................................................................................... 28
OCC.............................................................................................................. 28
OROC........................................................................................................... 29
Conclusão ........................................................................................................ 30
Bibliografia........................................................................................................ 31
Webgrafia......................................................................................................... 32
Glossário .......................................................................................................... 35
4. “História da Contabilidade: da Antiguidade aos nossos dias”
Irene Parreira Laura Matos Margarida Pereira Raquel Coelho
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Índice de figuras
Figura 1: Escritura Cuneiforme........................................................................... 7
Figura 2: Shat de Ouro....................................................................................... 8
Figura 3: Shat de Prata ...................................................................................... 8
Figura 4: Página do manuscrito Liber Abaci..................................................... 10
Figura 5: Leonardo Pisano ............................................................................... 11
Figura 6: Método contabilístico - Partidas dobradas......................................... 12
Figura 7: Benedetto Cotrugli............................................................................. 13
Figura 8: Livro Summa de Arithmetica, Geometria, Proportioni et Proportionalitá.... 13
Figura 9: Luca Pacioli....................................................................................... 16
Figura 10: Livro De divina Proportioni .............................................................. 17
Figura 11: Livro De viribus quantitatis .............................................................. 17
Figura 12: revolução Francesa......................................................................... 19
Figura 13: Lápide em homenagem a Francesco Marchi .................................. 21
Figura 14: Fábio Besta ..................................................................................... 23
Figura 15: Marquês de Pombal ........................................................................ 26
Figura 16: Ricardo Sá ...................................................................................... 26
Figura 17: Caduceu.......................................................................................... 27
Figura 18: Associação Portuguesa de Técnicos de Contabilidade................... 28
Figura 19: Ordem dos Contabilistas Certificados ............................................. 28
Figura 20: Ordem dos Revisores Oficiais de Contas........................................ 29
5. “História da Contabilidade: da Antiguidade aos nossos dias”
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Introdução
Este trabalho, cujo tema é “História da Contabilidade: da Antiguidade
aos nossos dias”, foi-nos proposto no âmbito do curso - Práticas
Administrativas e Relações Públicas, na disciplina de contabilidade, leccionada
pelo professor Marco Libório.
Tem como principal objectivo mostrar o processo evolutivo da ciência
contabilístico, que vai desde da antiguidade até à época moderna.
Esta pesquisa está estruturada pelas diversas épocas, ou seja, primeiro
fazemos uma breve introdução à origem da contabilidade e posteriormente a
isso referimos os pontos principais da época antiga, da idade média e
contemporânea e por último da época moderna.
A contabilidade tem bastante importância em qualquer parte do mundo
nos dias de hoje, é a partir desta ciência que conseguimos obter informações
relevante sobre o património de uma determinada pessoa ou entidade e no
final fazer um balanço do estudo que foi realizado.
6. “História da Contabilidade: da Antiguidade aos nossos dias”
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Origem da contabilidade
A história da contabilidade é tão antiga quanto a própria história da
civilização. Está ligada às primeiras manifestações humanas da necessidade
social de protecção à posse e interpretação dos factos ocorridos com o objecto
material de que o homem sempre dispôs para alcançar os fins propostos.
A origem da Contabilidade está ligada à necessidade de registos do
comércio, ou seja, para facilitar as trocas. Existe indícios de que as primeiras
cidades comerciais eram dos fenícios (povo de origem semita).
As trocas de bens e serviços eram seguidas de simples registos. Mas as
cobranças de impostos, na Babilônia já se faziam com escritas, embora fossem
bastante rudimentares. O primeiro vestígio da contabilidade foi feito por um
escriba egípcio no ano de 2000 a.C, que contabilizou os negócios efectuados
pelo governo do seu próprio país.
7. “História da Contabilidade: da Antiguidade aos nossos dias”
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Contabilidade na Antiguidade
A idade da manutenção de registos
Cidade da antiga Mesopotâmia - Uruk
A idade antiga começa com as primeiras civilizações e vai até 1202 da
Era Cristã. Nesta altura os homens das cavernas faziam as suas anotações da
caça e da pesca, nas paredes das próprias cavernas. Segundo historiadores,
estas cavernas estão demarcadas com desenhos, com isto podemos concluir
que são vestígios de que os homens na antiguidade faziam verificações e
registos de alguns factos ocorridos e eram demarcados nas paredes para não
serem esquecidos. Com o passar do tempo e com a evolução humana, o
homem conseguiu criar um meio para realizar e organizar a troca produtos.
Os primeiros passos da actividade contabilística situam-se por volta de
8000 a.C., em Uruk, cidade da antiga Mesopotâmia, no território actual do
Iraque. Uruk era um centro da civilização sumeriana.
Esses primeiros registos contabilísticos eram realizados em fichas de
barro. Por exemplo, uma ficha de barro poderia representar um boi, se esse boi
fosse transferido para outra pastagem ou fosse emprestado, a sua ficha seria
igualmente transferida para um outro recipiente de barro, ficando assim
registado o evento ocorrido e ajudando na verificação do património por parte
do proprietário.
Foram descobertos, nestas placas de barro,
símbolos como o peixe, cabras, bois, vacas, cerveja e do
pão. Algumas delas contêm símbolos com os nomes das
pessoas que se referem e no verso o total de
quantidades.
Mais tarde surgiram as tábuas arcaicas de Ur,
cidade da antiga Suméria, com escrita cuneiforme, uma
escrita que é produzida com o auxílio de objectos em
Figura 1: Escritura Cuneiforme
8. “História da Contabilidade: da Antiguidade aos nossos dias”
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formato de cunha, que mostravam o inventário do pão, da cerveja e de
materiais. Dessa forma, a invenção da escrita pelo homem está de certa forma
ligada ao surgimento da contabilidade.
Os templos da Mesopotâmia serviam de centros, não só da vida
religiosa e cultural, como da actividade mercantil e bancária. Estes faziam
empréstimos a juros e procediam à cobrança dos impostos.
Antigo Egipto
O Antigo Egipto também foi considerado um dos grandes
impulsionadores nos avanços da ciência contabilística, embora a sua
matemática fosse bastante rudimentar, pois só conheciam uma operação, a
soma.
As operações eram previamente registadas numa espécie de registos
auxiliares, que depois eram passados em ordem cronológica para os registos
definitivos. Os egípcios usavam como unidade monetária o shat de ouro e
prata.
Figura 2: Shat de Ouro
Figura 3: Shat de Prata
Antiga Grécia
Relativamente à Antiga Grécia, pensa-se que os processos de registo
tenham derivado em grande parte dos Egípcios. A burocracia da cidade de
Micenas mantinha arquivos que registavam, em placas de barro, lançamentos
de impostos, propriedade territorial, reservas agrícolas, inventários de
escravos, de cavalos e de carros de guerra. As contas anuais da administração
eram gravadas em pedra mármore.
Os banqueiros helénicos aplicavam os seus capitais e os de terceiros e
tinham correspondentes noutras cidades e países, bem como participavam na
fundação de sociedades comercial.
9. “História da Contabilidade: da Antiguidade aos nossos dias”
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Usavam dois livros de contabilidade:
Diários (efemérides)
Livros de contas (trapedzitika grammatu)
As operações eram registadas com a data de entrada e de saída e cada
cliente tinha uma conta aberta em seu nome, com uma página para o débito e
outra para o crédito.
Roma
As notícias mais antigas que se tem da contabilidade dos Romanos
datam por volta dos séculos II e I a.C. Este povo teve grande influência por
parte dos Gregos.
Tinham dois livros principais:
Códex accepti et expensi, ou registo de receitas e despesas, em que se
assentava a data, o género e a importância de todas as transações.
Liber rationum, ou livro de contas, com uma conta aberta para cada cliente.
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Contabilidade na Idade Média
O nascimento do método das partidas dobradas
Os historiadores dividem a Idade Média em duas partes: um primeiro
período, a Alta Idade Média e um segundo período, a Baixa Idade Média
A Alta Idade Média compreende os anos entre 476 e 1000 e é marcada
pelas invasões bárbaras no território do Império Romano e a consolidação de
duas estruturas sociais que dominam a Europa até ao Renascimento:
senhorialismo e feudalismo.
A Baixa Idade Média teve início depois do ano 1000 e o seu fim deu-se
em meados do séc. XV – não há um consenso quanto à data exacta. Verifica-
se na Europa um crescimento demográfico muito acentuado e um
renascimento do comércio, à medida que inovações técnicas e agrícolas
permitem uma maior produtividade de solos e colheitas.
Foi nesta altura que se iniciaram dois períodos muito importantes para a
História e para a Contabilidade: a Revolução Comercial, no séc. XII, e o
Renascimento, no séc. XIV.
Revolução Comercial
A Revolução Comercial, altura movida pelo
colonialismo e mercantilismo, durou
aproximadamente do século XII ao século XVIII.
Resultou em transformações profundas na
economia europeia. A produção deixou de ser
apenas para subsistência, floresceram os
mercados nas cidades, cujas transacções
comerciais eram monetarizadas, e a moeda
tornou-se factor primordial da riqueza.
Com a proliferação do comércio, houve
necessidade de controlar o fluxo comercial em
expansão. A numeração romana deu lugar à
Figura 4: Página do manuscrito Liber
Abaci
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Figura 5: Leonardo Pisano
numeração árabe, pois a mesma não facilitava a
realização de cálculos - estes eram feitos com o ábaco e
as respostas escritas em algarismos romanos. Os
números árabes permitiram tanto fazer o cálculo, como
anotar o resultado, e trouxeram o zero e os números
negativos, uma mais-valia para registar valores. Esses
novos procedimentos escritos foram chamados de
algoritmos, para diferenciá-los do cálculo com o ábaco.
Contudo, a numeração árabe era conhecimento
de apenas alguns intelectuais europeus. Para difundir os
algoritmos serviu o Liber Abaci (“Livro de Cálculo”), escrito em 1202 por
Leonardo Pisano, mais conhecido como Fibonacci. Constituído por 15
capítulos, no Liber Abaci, Pisano ensinou operações matemáticas, como a
soma, a multiplicação, a subtracção, a divisão; divulgou a agora conhecida
sequência de Fibonacci; mostrou a importância prática do novo sistema
numeral, aplicando-o à contabilidade comercial, explicando a conversão de
pesos e medidas, o cálculo de juros e taxas de câmbio. O objectivo de
Leonardo era divulgar a numeração árabe pela Itália; no entanto, apesar da sua
maior eficiência e versatilidade, os novos números levaram trezentos anos para
serem aceites em Itália. O seu uso foi desencorajado e muitas vezes proibido,
porque se acreditava que os algarismos romanos eram superiores e invioláveis,
e os novos números árabes fáceis de alterar e falsificar. No resto da Europa, a
adopção da numeração árabe foi ainda mais lenta, e o conhecimento desta só
se propagou após a invenção da imprensa, no séc. XV.
Durante a Revolução Comercial, os comerciantes cedo se aperceberam
que precisavam de registar as suas transacções e recorreram à escrituração.
Os mais antigos registos comerciais medievais conhecidos datam de 1157 e
consistem em algumas figuras anotadas em três pedaços de papel.
A evolução comercial e do seu controlo deu-se inicialmente no norte da
Itália, nas quatro grandes cidades-Estado, - Florença, Génova, Veneza e Milão
- e espalhou-se ao longo dos séculos XIII e XIV para pontos comerciais no
resto de Itália e na Flandres, e mais tarde para o resto da Europa.
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Foi em Itália que, para controlar as suas múltiplas transacções, os
comerciantes empregavam vários métodos de registo:
Em parágrafo;
Método bilateral, considerado uma
evolução do formato em parágrafo;
Método das partidas dobradas.
Figura 6: Método
contabilístico -
Partidas dobradas
Esta última forma de registo consistia em registar
para cada transacção um valor de crédito e de débito; em qualquer operação,
não há débitos sem créditos correspondentes, e a soma dos valores debitados
é sempre igual à soma dos valores creditados. Tinha algumas vantagens
relativamente aos métodos anteriormente referidos, nomeadamente registos
mais abrangentes e ordenados e uma dualidade de entradas, que permitia
verificar a exactidão dos mesmos.
Os comerciantes da época usavam, portanto, a escrituração como um
sistema de pedidos improvisado (ad hoc). Dava-lhe informações constantes
sobre os seus negócios, que podiam ser usadas para tomar decisões para
fazer crescer os mesmos.
Renascimento
Considerado a ponte entre a Idade Média e a Idade Moderna,
Renascimento é o período da História da Europa aproximadamente entre fins
do século XIV e início do século XVII.
O Renascimento foi a redescoberta e a revalorização das referências
culturais da antiguidade clássica, manifestando os ideais humanista e
naturalista. Caracteriza-se por transformações em muitas áreas da vida
humana - cultura, sociedade, economia, política, religião, mas com especial
foco e efeitos nas artes, na filosofia e nas ciências. Este período marcou a
transição do feudalismo para o capitalismo.
A Itália permaneceu sempre como o local onde o movimento
renascentista apresentou maior expressão e, por isso, juntou-se o
desenvolvimento comercial ao desenvolvimento das ciências contabilísticas.
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O método das partidas dobradas foi aperfeiçoado na década de 1430
pelos mercadores de Veneza e tornou-se conhecido como el modo de vinegia
ou alla viniziana: o método Veneziano.
Em 1458, Benedetto Cotrugli escreveu Il Libro
dell'arte di Mercatura (“O Livro da Arte do Comércio”), um
manuscrito composto por quatro partes e com 51
capítulos no total. A obra não se disseminou pela Europa
porque foi escrita à mão, e este era um processo
demorado e principalmente caro. Só foi impresso 115
anos mais tarde, com o nome Delia Mercatura et del
Mercante Perfetto (“Do Comércio e do Comerciante
Perfeito”), por Francesco Patrizi.
Figura 7: Benedetto Cotrugli
Cotrugli foi o primeiro escritor medieval a mencionar os temas do
comércio e da escrituração, referindo assuntos como o comércio por troca,
vendas a dinheiro e a crédito, penhora, seguro, como manter registos do
negócio e conduta do comerciante.
O autor descreve a escrituração como um instrumento importante para o
sucesso dos negócios e considera que os registos têm de ser elaborados
rigorosamente. Pela sua maneira de retractar a
manutenção dos registos, conclui-se que ele se referia
ao método das partidas dobradas. Assim, Benedetto é
o primeiro escritor conhecido a chamar a nossa
atenção para o método das partidas dobradas.
O desenvolvimento da imprensa por Johannes
Gutenberg permitiu, 36 anos depois, em 1494, que o
método das partidas dobradas fosse amplamente
Figura 8: Livro Summa de
Arithmetica, Geometria,
Proportioni et Proportionalitá
divulgado, com a distribuição do livro Summa de
Arithmetica, Geometria, Proportioni et Proportionalitá
(“Compêndio de Aritmética, Geometria, Proporção e
Proporcionalidade”), de Luca Pacioli. Entre as suas 615 páginas, onde se
referiam tópicos como aritmética, álgebra, pesos e medidas, geometria, ética
comercial, etc., encontravam-se 27 dedicadas à escrituração e aos negócios,
denominadas De computis et scripturis (“De cômputos e textos”).
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Pacioli nunca alegou ter inventado o método das partidas dobradas.
Conhecia o manuscrito de Cotrugli e inclusive atribui a invenção do método a
este. Porém, nenhum dos dois pode ser considerado o inventor das partidas
dobradas, pois o método já era utilizado antes do séc. XIV. A sua origem
permanece um mistério.
Através da sua capacidade de resistência e mutabilidade, o método das
partidas dobradas chegou até aos dias de hoje; uma ferramenta de negócios
rudimentar transformada ao longo de vários séculos numa máquina de calcular
eficiente. É a base de como usamos e percebemos a contabilidade nos dias de
hoje.
Pode-se afirmar que foi a partir das práticas de escrituração que se
originaram as regras da contabilidade. Está na essência da contabilidade ser
utilizada num ambiente de comércio activo. Não teria sentido, por exemplo, a
contabilidade surgir numa economia senhorial, em que se produzia para a
subsistência e onde operava uma economia de troca directa. As circunstâncias
em torno do comércio, do capital e do crédito proporcionaram as condições
necessárias para o surgimento da Contabilidade Moderna.
Historiadores da contabilidade refutam a opinião generalizada de que a
invenção da contabilidade criou as condições para desenvolver os princípios
essenciais do capitalismo. Mas surgiu a teoria de W. Sombart, que afirma que a
contabilidade sistemática ou científica, identificada com o método das partidas
dobradas, teve um papel importante a activar, estimular e acentuar a “busca
racionalista por lucros ilimitados”, um elemento essencial no espírito do
capitalismo.
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A Contabilidade na Idade Moderna
A idade da estagnação
A Idade Moderna aconteceu entre os séculos XV até XVIII. É
tradicionalmente reconhecida pelos historiadores como iniciada a 29 de maio
de 1453, quando ocorreu a tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos, e
o término com a Revolução Francesa, em 14 de Julho de 1789.
É visto como um período da pré-ciência que ultrapassou três fases
importantes. A primeira fase foi em 1453, quando os turcos conquistaram
Constantinopla e fecharam a rota comercial que ligava a Europa à Ásia. Foram
abertas novas rotas para a Ásia, o que possibilitou à Europa Ocidental
(Portugal, Espanha, França, Inglaterra e Países Baixos) a descoberta de novas
rotas marítimas, mas que não passassem pelo Médio Oriente – e surgiram
assim as grandes navegações.
Em seguida, no ano de 1492, descobriram a América e a rota marítima para
a Índia. Houve um grande desenvolvimento comercial e estes acabaram por
necessitar do método contabilístico mais conhecido por partidas dobradas,
desenvolvidas pelas cidades do norte de Itália, para os ajudar a controlar o
comércio. Está técnica foi para a Escola Contista e teve como figura principal
Luca Bartolomeu de Pacioli, que estruturou e deu a conhecer este método.
Por fim, a última fase ocorreu no ano de 1517, onde os protestantes foram
perseguidos pela Europa e emigraram para a América, onde iniciaram uma
nova vida. Ao surgirem as grandes indústrias, surge a contabilidade de custos,
que calculava o custo de cada produto vendido com base do gasto de cada
produto vendido.
Este período sem muitos acontecimentos foi marcado pela grande
divulgação do método das partidas dobradas e a sua adopção mundial como
técnica de escrituração.
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A Contabilidade Moderna
Considera-se que a contabilidade moderna surgiu com a divulgação do
método de partidas dobradas, em 1494, com a edição do livro de Pacioli
Summa de Arithmetica, geometria proportioni et proporniolitá. O impacto deste
livro ultrapassou barreiras e estendeu-se a nível mundial. Com isto, a
contabilidade começa a seguir critérios profissionais, embasados em uma
literatura universal e em uma técnica.
A obra de Pacioli não só sistematizou a Contabilidade, como também
abriu precedente para que novas obras pudessem ser escritas sobre o assunto.
Com a edição do livro de Pacioli a contabilidade sistematiza os
procedimentos contabilísticos concedendo aos usuários informações ordenadas
e contínuas. A partir deste momento a contabilidade deixou de ser a arte de ter
e contar e passou a ser uma ciência. Por todas estas razões, Pacioli é
considerado o Pai da Contabilidade.
Luca Bartolomeu de Pacioli
Este italiano nasceu em 1445 em San Sepulcro,
e morreu em 1517, em Roma. Era um monge
franciscano e um homem do renascimento; sabia
literatura, arte, matemática, medicina, música, lei,
linguagem, negócios e ciências.
A Escola Contista tinha como objectivo controlar
o património da empresa através do resultado de
Figura 9: Luca Pacioli
saldo das contas, e estas contas seriam a soma dos direitos e obrigações que
o proprietário tinha em relação a uma pessoa. Para além de Luca Pacioli,
Benedetto Cotrugli também foi bastante importante porque criou a conta de
capital que determinava a dívida da empresa com os proprietários.
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Entre 1477 a 1482, Pacioli foi o primeiro a dar aulas na universidade de
Perurgia e acabou por escrever um livro para os seus alunos, o Tractatus
Mathematicus ad Discipulos Perusinos, com 16 secções sobre aritmética
comercial. Ele viajou por toda a Itália, realizando palestras sobre matemática,
e, em 1486, completou a sua formação universitária.
Com o melhoramento das partidas dobradas, Luca Pacioli criou a impressora
de tipos móveis por Gutenberg, que facilitou a divulgação do seu livro de que
dava a conhecer este sistema.
O livro Summa de Arithmetica, geometria proportioni et
proporniolitá, já mencionado, era um livro didáctico que tinha
o seu primeiro trabalho em álgebra. Também escreveu
outros livros como De viribus quantitatis, escrito entre 1496 e
1508, considerado a origem da magia
moderna e dos puzzles numéricos; De
divina Proportioni escrito entre 1496 e
1498, ilustrado por Leonardo da Vinci,
Figura 11: Livro De
viribus quantitatis
Figura 10: Livro De divina
Proportioni
sobre proporções matemáticas e suas aplicações a
geometria, arte visual e arquitetura; Geometria, escrito em
1509, que é uma tradução dos Elementos de Euclides.
O “pai da contabilidade”, como ficou assim conhecido,
continuou sempre a estudar e a escrever até ao dia da sua
morte.
Idade da estagnação
Foi neste período também que surgiu a idade da estagnação
contabilística. Foi uma altura de pouco desenvolvimento mundial, afectando
não só o crescimento da contabilidade, como o crescimento de outros
segmentos sociais.
Revolução Industrial
Com a Revolução Industrial, ocorrida entre 1760 e 1840, aumentou a
necessidade de informação gerencial. Tal deu início ao processo de
desenvolvimento da Contabilidade de custos, que prevalece até os dias atuais.
Pode-se considerar que a Revolução Industrial provocou uma grande fase de
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desenvolvimento na Contabilidade, forçando o desenvolvimento de novos
sistemas de custos e de apuração de resultados no setor industrial
Em 1840, Francesco Villa edita o livro La contabilità applicata alle
amministrazioni private e pubbliche. Villa extrapolou os conceitos tradicionais
de Contabilidade, segundo os quais escrituração e guarda-livros poderiam ser
feitas por qualquer pessoa inteligente. Para ele, a Contabilidade implicava
conhecer a natureza, os detalhes, as normas, as leis e as práticas que regem
as matérias administradas, ou seja, o Património - pensamento patrimonialista.
Esta obra encerra o período da contabilidade moderna e inicia-se o
período da contabilidade científica.
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Contabilidade na Idade contemporânea
A idade da Contabilidade Cientifica
Revolução Francesa
A idade contemporanea é uma época na História que teve inicio com a
Revolução Francesa em 1789-1790 e que se prolonga até aos dias de hoje.
À data desta revolução, a França ainda tinha um governo absolutista e
uma economia capitalista.
A população de França encontrava-se dividida em 3 estados:
1. Clero;
2. Nobreza;
3. Povo (Burguesia).
O Clero e a Nobreza tinham privilégios
divercificados tais como, isenção dos
impostos, recebimento de pensões do estado
e estavam autorizados a exercer cargos
públicos, ao contrário do Povo que tinha de
suportar com todas estas despesas estatais.
Com o passar do tempo, e sob a
influência dos ideais iluministas, cujo o lema
Figura 12: revolução Francesa
era “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”, o povo revoltou-se e lutou pela
igualdade de todos perante a lei.
Ocorrida a Revolução Francesa, conquistou-se:
A nivel politico:
Fim da monarquia absoluta;
Implementação da monarquia constitucional e répública;
Declaração dos direitos do Homem e do cidadão;
Assembleias representativas.
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A nível Social:
Abolição de certos privilégios;
Igualdade de todos perante a lei;
Liberdade de expressão;
Burguesia foi o grupo social mais beneficiado.
A nível Economico:
Liberdade económica;
Direito à propriedade privada.
A nível Cultural:
Fundação das primeiras escolas superiores;
Instituição do ensino primário oficial, obrigatório e gratuito.
Esta libertação do individuo frente ao estado, simbolizou, ao nivel da
história da Contabilidade o surgimento de diversas escolas.
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Escola Lombarda
Francesco Villa, nasceu em Milão (Itália), em 1801, foi um professor de
contabilidade Italiano. Escreveu a obra “La Contabilità Applicatta alle
Amministrazioni Private e Pubbliche” em 1840 para participar num concurso
sobre Contabilidade. Com a publicação desta obra, surgiu a primeira Escola de
Contabilidade - Escola Contista, que defendia que o principal objectivo da
contabilidade seria a administração das organizações e não apenas a apuração
dos saldos das contas das empresas, como era até à data. Esta escola via a
contabilidade como um ramo da matemática, ou ciência da coordenação
racional das contas relativas aos produtos do trabalho e às modificações do
capital de uma empresa.
Escola Toscana
Em 1867 surge a Escola Personalista ou
Jurídico-personalista com a publicação da obra
“I Cinquecontisti” (1867) de Francesco Marchi
(1822-1871) que defendia a personificação das
contas para poder explicar as relações jurídicas
(entre direitos e obrigações).
Contudo Giuseppe Cerboni (1827-1917)
foi quem consolidou esta teoria personalista,
com a obra “La ragioneria scientifica e le sue
relazione com le discipline ammnistrative e
Figura 13: Lápide em homenagem a
Francesco Marchi
social” justificando a personificação das contas considerando que qualquer
operação administrativa assume uma relevância jurídica em relação aos
débitos e aos créditos efectuados.
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Assim sendo a teoria personalista considera que entre as relações
jurídicas que existem entra as pessoas a quem estão confiadas as funções
administrativas podem classificar-se em quatro categorias:
A. Contas do proprietário:
- Pessoa, ou conjunto de pessoas a quem cabe a responsabilidade total da
empresa e dos seus resultados;
- Este é responsável pelo Capital da empresa e por todas as contas e
respectivas movimentações, e também é responsável pelo lucro ou prejuízo
que cada transacção pode acarretar;
B. Contas dos administradores:
- São as pessoas que receberam ordens do proprietário para gerir a empresa,
para conservar, aumentar o património e obter deste o máximo rendimento com
o menor custo possível.
C. Contas dos agentes:
- São as pessoas a quem o proprietário confia a guarda e movimentação dos
valores materiais da mesma.
- São os responsáveis pela guarda e preservação dos bens da empresa;
D. Contas dos Correspondentes:
- São as pessoas com quem existem relações de crédito: devedores e
credores.
Giuseppe Cerboni fundamentou a teoria personalista em determinados
axiomas, entre os quais:
1.Toda a administração consta de uma ou várias empresas (conjunto de
bens materiais, direitos e obrigações que formam o patrimônio) e toda a
empresa tem um proprietário ou chefe a quem pertence em absoluto ou
por representação a matéria administrável. Por outro lado, não se pode
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administrar sem que o proprietário ou chefe entre em relação com
agentes (empregados) e correspondentes (terceiros)
2.Uma coisa é possuir os direitos de propriedade e de soberania da
empresa e outra coisa é administrá-la.
3.Uma coisa é administrar a empresa e outra é guardar os bens da mesma
e ser responsável por eles.
4.Nenhum débito é criado sem que de forma simultânea se crie um crédito
e vice-versa (patilha dobrada)
5.Os empregados e terceiros nunca serão debitados ou creditados sem que
o proprietário seja creditado ou debitado pela mesma importância.
Esta escola contribuiu bastante para a evolução da contabilidade pois
esta deixou de ser uma mera técnica de registo de transacções e passou a ser
considerada um instrumento informacional sobre a gestão das empresas.
Base desta teoria é:
A-P=N
(a soma do activo menos o passivo é igual ao património liquido)
Escola Veneziana
Passados treze anos surge a Escola Veneziana
com a publicação de “La Ragioneria” de Fábio Besta
entre 1909 e 1910, visto que esta publicação é
constituída por 3 volumes. Além de Besta, esta teoria
teve também como defensores Vittorio Alfieri, Carlo
Ghidiglia, Pietro Rigobon e Pietro D’Alvise.Segundo. O
fundador da escola, apresenta uma teoria materialista
baseada no valor dos elementos patrimoniais
representados pelas contas, cujo os seus objectos são
toda a grandeza material mensurável e são
expressados em valor monetário.
Figura 14: Fábio Besta
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Para Besta, a contabilidade é uma ciência de controlo económico, uma
ciência de aplicação, concreta ou material. Por estas razões a sua escola é
também conhecida por controlista, materialista ou mesmo bestana, devido ao
seu nome.
As contas foram classificadas como elementares, representando os elementos
patrimoniais, e as derivadas representando os elementos das
receitas/rendimentos.
À data existiam duas correntes dominantes da literatura contabilista
italiana da época, com grande repercussão para o estrangeiro, insere-se o
pensamento de Emanuele Pisani, que defende uma nova forma de partida
dobrada, na qual lhe chamou Statmografia.
Adoptando a teoria materialista da conta, Pisani enuncia os seguintes
princípios:
«Em toda a função administrativa terão sempre a contraposição dos
factos administrativos entre si, e porque assim é, não pode existir
«entrada» sem a correspondente «saída», «crédito» sem o
correspondente «débito», «activo» sem o correspondente «passivo».»
Os factos administrativos devem ser considerados independentemente
das pessoas que neles intervêm, e que, como tal, dizem respeito ao estado
inicial do património, ou à transformação deste, durante o exercício da
actividade, ou ao resultado final. Posto isto pode-se afirmar que existem,
segundo esta teoria três factos empresariais, classificando-os em três
categorias:
Factos Estáticos:
- Estado da substancia inicial ou final do património e as respectivas alterações
do mesmo, o rendimento, os proveitos e as perdas e as despesas.
Factos Dinâmicos;
- Transformações patrimoniais, que podem ser internas (entradas e saídas de
bens materiais) e externas (se como objecto têm débitos e créditos)
Factos Estático-dinâmicos.
-Todos os factos inseridos nos primeiros e nos segundos, ou seja, todos
aqueles que modificam ou permutam os componentes do património.
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Pisani, define o seu sistema como «partida dobrada em forma sinóptica,
que tem por base o balanço entre os factos estáticos, por um lado, e os factos
dignos, por outro. Este balanço é diferencial entre os factos integrais, ou seja, a
diferença entre os factos estáticos é igual à diferença entre os factos
dinâmicos»
Para Pisani a statmografia constituía-se pelos seguintes elementos:
Quadro da contabilidade;
Minuta de contas;
Livro de balanço sintético (Mera expressão da relação que existe entre o
activo, passivo e capital próprio)
Livro de balanço analítico (Mostra de forma detalhada a composição do
activo, passivo e capital próprio)
O sistema utilizado por Pisani tem semelhanças com a logismografia
(escrituração das contas) de Cerboni.
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Contabilidade em Portugal
Em Portugal, à data ainda não tinham surgido
publicações ou teorias importantes quanto a este
tema. Contudo no século anterior, em 1759, criou-se
a conhecida «Aula do comércio», em Lisboa, na
primeira escola técnica comercial portuguesa, que
foi instituída pelo Marquês de Pombal, e que com
certeza contribuiu para o estudo da contabilidade, e
também para a utilização do método das partidas
dobradas de forma mais generalista.
Ainda no século XIV surgiram obras de autores
portugueses entre as quais:
Figura 15: Marquês de Pombal
Estudos sobre Escrituração Mercantil por Partidas Dobradas em Matéria de
Mercadorias, de José Maria d’Almeida Outeiro (1875);
Contabilidade Comercial, de José Augusto Pereira Nunes (1893);
Curso de Contabilidade Comercial, de Rodrigo Afonso Pequito (1875);
Curso Teórico e Prático de Escrituração Mercantil por Partidas Dobradas,
Mistas e Simples, de Francisco José Monteiro (1889);
Novo Método de Partidas Dobradas, para Uso Daqueles que não Tiverem
Frequentado a Aula de Comércio, de Manuel Luís da Viega (1803), entre
outros.
Mesmo quando parte destes autores portugueses falavam em
«contabilidade, escrituração e partidas dobradas», na realidade apresentavam
apenas as noções de cálculo comercial e as regras partidas dobradas faziam-
se acompanhar de monografias.
Ricardo Sá, nascido em lisboa em 1844 e falecido em
1912, foi sem dúvida, umas das personalidades nacionais
na área da contabilidade que mais se destacou no século
XX, podendo comprovar-se pelos artigo e livros publicados
entre outras realizações.
Figura 16: Ricardo Sá
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“Tratado de Contabilidade”, foi uma obra publicada por este em 1903
“Se a contabilidade, entre nós, não tem tradições, se não fomos mais do
que simples seguidores da doutrina alheia, o nosso século XIX dá-nos,
apesar-de tudo, um movimento interessante de autores técnicos, e entre
os quais Ricardo de Sá fica, inegavelmente, como o mais alto expoente
da sua representação.”, por MOURÃO, Luiz: Ricardo de Sá, Revista de
Contabilidade e Comércio n.º 24, vol. VI, 1938, p. 417.
As formulações teóricas mais importantes, foram impulsionadas pela
revolução industrial e principalmente nas nações onde esta activou um maior
crescimento das empresas a nível da complexidade dos seus problemas e
necessidades, pois cada vez mais as técnicas administrativas estão mais
pormenorizadas. Entretanto já tinha também nascido uma ciência nova, a
Economia, que neste século intercepta-se com a Contabilidade e cujos seus
processos mecânicos, vieram alterar a fisionomia instrumental da
Contabilidade.
Estes factos mencionados acima implicaram que contabilidade, nos dias
de hoje, tenha um papel cada vez mais preponderante e atingisse uma
elaboração teórica muito mais complexa.
Simbologia
O Caduceu é o símbolo da Contabilidade.
Este é representado por:
Bastão que simboliza o poder;
Serpentes que simbolizam a sabedoria, ou seja,
saber escolher o caminho mais acertado e ao mesmo
tempo mais vantajoso para o cliente;
Asas que simbolizam a diligência, dedicação e o
cuidado a ter quando se exerce esta profissão;
Figura 17: Caduceu
Elmo que simboliza a protecção contra os
pensamentos baixos que levem a acções desonestas.
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Na contabilidade actual em Portugal existem entidades que regulam esta
profissão:
APOTEC – Associação Portuguesa de Técnicos de Contabilidade
Presidente: João Filipe Gonçalves Pinto
Foi fundada em 1977, e desde essa data tem
registado um crescimento sustentado, ao qual não
tem sido alheios os esforços contínuos na defesa e
valorização dos profissionais que representa.
Este organismo tem como objectivo representar,
Figura 18: Associação
Portuguesa de Técnicos de
Contabilidade
dentro dos quadros legais, os seus associados, defendendo os seus interesses
técnicos, profissionais, deontológicos e culturais.
OCC - Ordem dos Contabilistas Certificados
Bastonário: António Domingues de Azevedo
A profissão de Técnico Oficial de Contas surge em
1958 pela primeira vez no ordenamento jurídico
português.
Figura 19: Ordem dos
Contabilistas Certificados
Durante vários anos o poder político ignorou os Técnicos de Contas,
confinando-os a meros funcionários administrativos, demonstrando
evidentemente uma falta de rigor nas demonstrações financeiras.
Em 1995 surge a Associação dos Técnicos Oficiais de Contas (ATOC), e
são então exigidas maiores responsabilidades aos profissionais.
Dia 7 de Setembro de 2015, a Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas é
transformada em Ordem dos Contabilistas Certificados (OCC).
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OROC – Ordem dos Revisores Oficiais de Contas
Bastonário: José Maria Monteiro de Azevedo Rodrigues
Em 1983 foram publicadas as Normas
Técnicas de Revisão Legal de Contas e em 1987
foi decretado o Código de Ética e Deontologia
Profissional.
Figura 20: Ordem dos Revisores
Oficiais de Contas
Com a publicação do Decreto-Lei n.º 487/99, de 6 de Novembro,
assinalou-se um marco relevante para a autonomia da profissão, reformulando
as competências dos revisores oficiais de contas, como forma de responder às
necessidades e interesses das entidades públicas e privadas.
Um Contabilista Certificado é responsável pela realização da
contabilidade, enquanto um Revisor Oficial de Contas é responsável pela
revisão dessa mesma contabilidade.
Actualmente existem inúmeras escolas superiores que apostam na
formação na área da contabilidade em Portugal, entre as quais:
ISCAL - Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Lisboa;
ISCAC - Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Coimbra;
ISCAP - Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Porto;
Universidade Lusíada de Lisboa;
ISCTE Business School – Instituto Universitário de Lisboa
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Conclusão
A origem e o desenvolvimento da Contabilidade compreendem
aproximadamente 6000 anos. Neste percurso, enfrentou diferentes
circunstâncias, como guerras, invasões, desenvolvimento da escrita e dos
números, aparecimento da moeda, expansão do comércio, navegações, crises,
mudanças económicas., desenvolvimento da indústria, surgimento das ciências
contáveis, tecnologia, e muitas mais.
Ao longo do percurso da história, nota-se que diferentes eventos lhe
causaram desde a estagnação até um considerável desenvolvimento. Este
desenvolvimento foi causado pelas transformações económicas e sociais, e
não unicamente pela contribuição que a classe contabilística pudesse trazer.
A evolução da contabilidade foi possível devido à preocupação do
Homem em acumular informações para gerir os seus bens e para o controlar
a acumulação de riquezas. O registo de todos os fatos de um negócio auxilia
na tomada de decisões e é fonte de informações para o seu controlo. Foi
sempre necessária, desde a Antiguidade, e será sempre.
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35. “História da Contabilidade: da Antiguidade aos nossos dias”
Irene Parreira Laura Matos Margarida Pereira Raquel Coelho
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Glossário
Capitalismo
É o sistema socioeconómico em que os meios de produção (terras, fábricas,
máquinas, edifícios) e o capital (dinheiro) são propriedade privada, ou seja, tem
um dono.
As características do Capitalismo são: todas as mercadorias são destinadas a
venda e não para o uso pessoal; o trabalhador recebe um salário em troca do
seu trabalho; todas as negociações são feitas com dinheiro; o capitalista pode
admitir ou demitir trabalhadores, já que é dono de tudo (do capital e da
propriedade).
Cidade-Estado
Sistema político constituído por uma cidade independente que exerce
soberania sobre um território circundante, atuando como centro político,
económico e cultural.
Colonialismo
É a política de exercer o controlo ou a autoridade sobre um território ocupado e
administrado por um grupo de indivíduos com poder militar, ou por
representantes do governo de um país ao qual esse território não pertencia,
contra a vontade dos seus habitantes que, muitas vezes, são desapossados de
parte dos seus bens (como terra arável ou de pastagem) e de eventuais
direitos políticos que detinham.
Contabilidade
É a ciência que se destina a registar, estudar, controlar e interpretar os
fenómenos ocorridos no património das Entidades, com o objetivo de fornecer
informações e orientações sobre o estado desse património e suas variações.
Um contabilista aconselha uma empresa e prepara relatórios financeiros.
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Escrituração
É uma das técnicas contabilísticas básicas, que consiste no registo e
demonstração de todos os fatos administrativos, em livros próprios e segundo
os princípios e normas técnico-contabilísticas, tendo em vista demonstrar a
situação economico- patrimonial das Entidades e os resultados por elas obtidos
em determinados períodos administrativos, permitindo assim à Contabilidade
atingir sua finalidade, que é fornecer informações sobre o património
administrado.
Um escriturário introduz informações e mantém as contas actualizadas.
Feudalismo
O feudalismo teve início no período das invasões bárbaras e da posterior
queda do Império Romano do Ocidente (Século V). É um sistema económico,
político e social que se fundamentado na propriedade sobre a terra. Esta
pertence ao senhor feudal, que cede uma porção dessa terra ao vassalo em
troca de serviços, ocasionando uma relação de dependência.
Mercantilismo
Doutrina económica, implementada entre os séculos XV e XVIII. O seu nome
foi criado pelo economista Adam Smith, em 1776.
Foi a primeira corrente de pensamento sobre Economia Política Internacional;
defendia que os estados deviam utilizar o comércio internacional para acumular
riqueza - metais preciosos (ouro, prata) – para aumentar o poder do Estado.
Surge o conceito de balança comercial, que deveria ser favorável (saldo
positivo) para manter o equilíbrio monetário, e para tal devia-se exportar mais e
importar menos.
Senhorialismo
O termo senhoria ou senhorio descreve a organização da economia e da
sociedade rurais da Europa Ocidental e Central num determinado período
histórico, caracterizada pela atribuição de poderes legais e económicos a um
senhor, a partir do seu solar, que é mantido economicamente pelas suas terras
e pelas contribuições obrigatórias de parcela do campesinato que lhe é
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legalmente sujeita ("servidão") e sobre a qual tem jurisdição. Tais obrigações
podiam ser pagas em trabalho, em espécie ou, raramente, em dinheiro.
Historicamente, a senhoria aplicava-se a um feudo, o qual estava sujeito a um
senhor feudal que, usualmente, devia a sua posição e suas terras a um senhor
hierarquicamente superior (suserano) em troca de assumir certas obrigações
perante o suserano.
Sequência de Fibonacci
Em matemática, a sequência de Fibonacci (também conhecida como sucessão
de Fibonacci), é uma sequência de números. A sua principal característica está
na definição da sua estrutura: cada número da sequência é igual à soma dos
dois que o antecedem. Começa com 1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34, 55, 89,… e
continua indefinidamente. O oitavo número, 21, é a soma de 8 com 13, sendo 8
e 13 os antecessores de 21 na sequência. Conhecendo esta propriedade,
seriamos capazes de gerar qualquer número da sequência desde que
conhecêssemos os dois anteriores.
Foi referida pela primeira vez por Leonardo Pisano Fibonacci, para refletir
sobre um problema relacionado com a reprodução de uma família de coelhos:
A sequência de Fibonacci tem várias aplicações., por exemplo, a análise dos
mercados financeiros.