O documento discute as novas oportunidades para áreas rurais em Portugal, incluindo: 1) A importância de preservar o mundo rural através do apoio a jovens agricultores, explorações agrícolas e produtos locais; 2) A diversificação das atividades rurais, incluindo artesanato, turismo ecológico e cogumelos silvestres; 3) O turismo rural como fator de desenvolvimento através da criação de empregos e preservação do património cultural.
1. 11º ano _ Ensino Secundário
Geografia A
Novas Oportunidades para as Áreas Rurais
Introdução
Apesar da atração que o espaço urbano exerce sobre os indivíduos, a importância pelas áreas rurais
não desapareceu. Pelo contrário, em Portugal, na União Europeia e em variadíssimas partes de nosso
globo, a preservação do mundo rural assume contornos imperativos. Desde que o homem iniciou a sua
caminhada como ser produtor e, obviamente, transformador das paisagens naturais, as mudanças
ocorreram a ritmos muito diferenciados. Durante longo tempo, de forma vagarosíssima. Com a
revolução industrial a aceleração ganha velocidade com o tempo e torna-se vertiginosa com a
revolução digital. Neste processo, o espaço urbano desenvolveu-se de tal forma que, na atualidade, os
países continuam a ser agrupados segundo uma dicotomia: os mais desenvolvidos onde a maioria da
população vive nas cidades e os que estão em vias de desenvolvimento cuja população é, ainda, mais
rural do que urbana.
Para os gregos a cidade era a “polis” e, por isso, os que habitavam as cidades eram “polidos”. Nos
campos, nas “vilas”, trabalhavam os “vilãos” (os rústicos, os grosseiros) que não possuíam as atitudes
polidas dos citadinos.
Hoje, ser rural, num país como o nosso, pode ser significado de idoso que vive num espaço
envelhecido e despovoado ou, então, sinónimo de “novo rural”, jovem, instruído, dedicado `a agricultura
ou a uma outra atividade compatível com o espaço rural.
O novo Quadro Comunitário de Apoio, o Portugal 2020, mostra-nos que, no que respeita ao 2º pilar da
PAC, os fundos estruturais continuam a contemplar propostas no âmbito da PDR – Programa de
Desenvolvimento Rural 2020. Por exemplo, apoios a
ü jovens agricultores que se queiram instalar pela primeira vez
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ü a explorações agrícolas
ü à comercialização de produtos de origem agrícola ou florestal
ü à organização dos produtores
ü o incremento de medidas agroambientais
ü a recuperação do património edificado
apontam para as justificações possíveis da valorização das áreas rurais.
O espaço rural é um património coletivo que deve ser conservado. Trata-se a de um ambiente
paisagístico inigualável. É um mundo necessário à sobrevivência humana pelo seu desempenho
multifuncional. Mas, tal não pode ser impeditivo de criar novas oportunidades para o mundo rural. Só
gerando oferta de emprego se fixam pessoas e são, as pessoas, que podem garantir o bom ambiente
que constitui o universo paisagístico rural.
Diversificação em meio rural
“A agricultura continua a ser um motor essencial da economia rural, contudo a diversificação da
estrutura socioeconómica das zonas rurais é essencial para o desenvolvimento de atividades não
agrícolas dentro e fora das explorações agrícolas, tendo em vista a criação de novas fontes de
rendimento e emprego, contribuindo diretamente para a melhoria do rendimento dos agregados
familiares, a fixação da população, a ocupação do território e o reforço da economia rural.”
DGADR (Direção Geral da Agricultura
e Desenvolvimento Rural).
Ofícios e Microempresas Artesanais
Designa-se por atividade artesanal a atividade económica, de reconhecido valor cultural e social, que
assenta na produção, restauro ou reparação de bens de valor artístico ou utilitário, de raiz tradicional ou
contemporânea, e na prestação de serviços de igual natureza, bem como na produção e confeção
tradicionais de bens alimentares. (...)
Artesanato é o produto obtido pelo exercício de atividade artesanal, o que implica fidelidade aos
processos tradicionais, em que a intervenção pessoal constitui um fator predominante.
Este conceito inclui a produção de objetos de valor artístico ou utilitário e a produção e preparação
artesanal de bens alimentares.
Recursos Micológicos
Património Rural
Constituído ao mesmo tempo por elementos materiais e imateriais, o mundo rural possui um património
cultural, edificado, natural e paisagístico de infinita riqueza. Este património, que urge preservar,
Em Portugal tem-se verificado um incremento
significativo das atividades relacionadas com a
exploração de cogumelos silvestres, vistos como uma
fonte de rendimento suplementar para os agricultores e
populações locais. Tem-se constatado um aumento da
procura deste recurso em diversas vertentes
nomeadamente gastronomia, turismo e indústria
farmacêutica.
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funciona igualmente como motor de desenvolvimento do território em que se situa. Reconhecer o valor
do passado, proteger e valorizar o património rural, torná-lo conhecido, acessível e interativo com as
populações rurais é uma tarefa indispensável à manutenção dos equilíbrios ecológicos, à preservação
da autoestima e do desenvolvimento económico, social e cultural. (...).
Turismo no Espaço Rural
O Turismo no Espaço Rural apresenta características próprias (...) esta atividade tem como objetivo
essencial, oferecer aos utentes a oportunidade de reviver as práticas, os valores e as tradições culturais
e gastronómicas das sociedades rurais, beneficiando da sua hospedagem e de um acolhimento
personalizado.
Visto pela perspetiva do desenvolvimento rural, o turismo no espaço rural é uma das atividades mais bem
colocadas para assegurar a revitalização do tecido económico rural, sendo tanto mais forte, quanto
conseguir endogeneizar os recursos, a história, as tradições e a cultura de cada região.
Ele é não só um fator de diversificação das atividades agrícolas, como um fator de pluriatividade, através
da dinamização de um conjunto de outras atividades económicas que dele são tributárias e que com ele
interagem. É o caso do artesanato, da produção e venda na exploração de produtos tradicionais, dos
quais se destacam os produtos agrícolas e géneros alimentícios certificados, dos serviços de transporte,
de animação, de guias etc. (...).
Fator de Desenvolvimento Rural
O Turismo no Espaço Rural constitui uma atividade geradora de desenvolvimento económico para o
mundo rural quer por si só, quer através da dinamização de muitas outras atividades económicas que
dele são tributárias e que com ele interagem. Nas zonas rurais, onde esta atividade se tem desenvolvido
com maior impacto, é já possível constatar a contribuição positiva para a melhoria da economia rural.
Esta melhoria pode ser expressa quer em termos financeiros, quer pelo contributo para:
a sustentação do rendimento dos agricultores;
a diversificação das atividades ligadas à exploração agrícola;
a pluriatividade;
a manutenção, a criação e a diversificação de empregos, em particular dos agricultores a tempo
parcial;
o desenvolvimento de novos serviços (de informação, de transporte, de comunicações, de
animação, etc.);
a conservação e a melhoria da natureza e do ambiente paisagístico;
a sobrevivência dos pequenos agregados populacionais;
o apoio à arte e ao artesanato rural;
a dinamização de iniciativas culturais;
a recuperação do património histórico;
o incremento do papel das mulheres e dos idosos;
a revitalização das coletividades, através do surgimento de novas dinâmicas, ideias e
iniciativas.
A abordagem LEADER
A abordagem Leader foi lançada em 1991 com o objetivo de aumentar o potencial de desenvolvimento
das zonas rurais, baseando-se em iniciativas e competências locais, promovendo a aquisição do saber-
fazer no domínio do desenvolvimento integrado local e divulgando esse saber-fazer a outras zonas
rurais.
a) Leader como parte integrante da política de desenvolvimento rural global da UE
Os objetivos da iniciativa Leader estão em sintonia com os da política de desenvolvimento rural global
da UE. A PAC, em permanente evolução, tem em conta a diversidade das zonas e paisagens rurais, a
riqueza das identidades locais e o valor cada vez maior que a sociedade atribui a um ambiente natural
de elevada qualidade. Estes aspetos são considerados os mais importantes trunfos das zonas rurais
comunitárias.
Em termos políticos, a abordagem Leader foi introduzida como uma «iniciativa comunitária» financiada
pelos fundos estruturais comunitários, tendo incluído três gerações: Leader I (1991-1993), Leader II
(1994-1999) e Leader+ (2000-2006). Durante este período, os Estados-Membros e as regiões
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dispuseram de programas Leader autónomos, com financiamento separado estabelecido ao nível
comunitário. A partir de 2007, a abordagem Leader será integrada na política de desenvolvimento rural
global da UE. Tal significa que a abordagem Leader será incluída nos programas de desenvolvimento
rural regionais e nacionais apoiados pela UE, em conjunto com outros eixos de desenvolvimento rural.
O financiamento para os eixos Leader a partir de 2007 provirá de dotações globais que cada Estado-
Membro receberá da UE no âmbito do novo Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural
(Feader) a fim de apoiar o desenvolvimento rural.
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Trechos retirados de
TURISMO EM ZONAS RURAIS: OPORTUNIDADES PARA A REGIÃO DE
TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO
Autora - Catarina Antónia Martins
Instituto Politécnico de Bragança
“As oportunidades prendem-se com o acesso a novos mercados, a criação de novas atividades
no setor dos serviços e da proteção do ambiente, o desenvolvimento do turismo rural e do lazer
e a instalação de novos residentes. (...)
Se por um lado Pezzini (2000) apresenta, como caraterísticas das zonas rurais, a falta de
emprego, o êxodo das camadas mais jovens da população e a dificuldade de estabelecer os
investimentos necessários ao desenvolvimento económico, Bryden (1998) apresenta vantagens
competitivas que surgem das novas e inesperadas tendências, a saber: a inversão registada em
algumas regiões da Europa do fluxo tradicional campo-cidade; um reposicionamento dos
centros de atividade económica para benefício de novas regiões e cidades intermédias no
interior do mesmo país; um dinamismo socio-económico inesperado em certas zonas periféricas
e desfavorecidas, concretamente territórios rurais; o sucesso de redes de pequenas e médias
empresas que conseguem realizar as mesmas economias de escala que as grandes empresas,
devido à cada vez maior segmentação dos bens e serviços; e por fim o surgimento de novos
empregos rurais em áreas como o turismo e o lazer, os produtos agro-alimentares, o artesanato
e, por vezes, em actividades respeitantes à proteção do ambiente e nos serviços ligados às novas
telecomunicações. (...)
Turismo, oportunidade para as zonas rurais
O conceito de turismo em espaço rural ou apenas turismo rural pode ser usado de várias formas
dependendo se se concentra num tipo especifico de alojamento, se envolve uma exploração
agrícola, se tem um determinado propósito ou certas especificidades ou se simplesmente
representa um tipo de turismo que têm lugar nas zonas rurais (Kastenholz, Davis e Paul, 1999).
Nos diferentes conceitos existentes sobre o que é o turismo rural surgem geralmente duas
tendências: numa delas o critério de distinção utilizado é a percentagem de rendimentos do
turismo que beneficia a comunidade rural, e aqui distingue-se entre turismo em espaço rural,
turismo rural e agro-turismo; na outra tendência a distinção baseia-se nos diferentes elementos
constitutivos da oferta e assim fala-se de turismo rural quando a cultura rural é uma
componente importante da oferta (LEADER, 1995). No presente trabalho o significado de
turismo rural (TR) prende-se mais com a última tendência, já que, também de acordo com
Bramwell e Lane (referido por Alexander e McKenna, 1998) o TR é uma actividade
multifacetada composta não só pelas atividades turísticas em explorações agrícolas, mas
compreende as férias na natureza e o eco-turismo, o pedestrianismo, a escalada, o turismo
activo, a caça e a pesca, as viagens educacionais, o turismo cultural e, em alguns casos, o
turismo étnico.
As zonas rurais exercem nos turistas de hoje enorme capacidade de atração porque representam
a qualidade de vida, a paz, a possibilidade de escapar aos constrangimentos do dia-a-dia urbano
e, ainda, a possibilidade de levar a cabo atividades recreativas e de lazer que exigem espaços ao
ar livre. Os espaços rurais conseguem dar tudo isto ao turista sem exigência de grandes
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investimentos. Os turistas de hoje são cada vez mais exigentes e, segundo Foroohar (2002), os
turistas sensatos e inteligentes estão a abandonar o velho estilo europeu de férias e procuram
formas mais autênticas. Para além disso, preocupam-se cada vez mais com os detalhes e as
viagens têm que ser feitas à medida. A autora refere dados da Organização Mundial de Turismo
que apontam o TR como uma das áreas de maior crescimento no médio prazo.
As razões da atração pelo TR devem então ser procuradas tanto do lado da oferta como da
procura (LEADER, 1995). As razões da oferta prendem-se com o facto de as comunidades
rurais tomarem progressivamente consciência de que o seu desenvolvimento não será exógeno
devendo por isso mobilizar os recursos locais em actividades económicas susceptíveis de serem
competitivas. O TR reúne uma série de trunfos que fazem dele uma das alavancas possíveis
para o desenvolvimento local. Do lado da procura trata-se da já referida tendência da procura de
actividades recreativas e de lazer em meio rural. O aumento da procura do TR deve, contudo,
ser acompanhada ao nível dos poderes públicos na monitorizaçao e incentivo aos projectos, na
promoção da sua comercialização, mas também, na definição de correctas medidas de
planeamento e ordenamento do território, de organização de espaços e preservação de recursos.
Outra questão muito importante, que também deve ser assegurada, é a qualidade dos produtos,
condição sine qua non para que o TR seja um factor real de desenvolvimento. A qualidade dos
produtos será conseguida se estiverem previstas uma série de condições prioritárias (LEADER,
1995), a saber: a manutenção do equilíbrio ideal entre os sistemas ecológicos, socio-económico
e cultural da zona, aquando da introdução do processo de desenvolvimento; a criação de fontes
de rendimentos suplementares para as sociedades rurais; a diversificação das actividades
económicas; a promoção do intercâmbio entre as diferentes culturas em contacto e a existência
de uma política coordenada de ordenamento do território que permita melhorar a
competitividade das actividades económicas das zonas menos favorecidas. “