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SUMÁRIO
1 TURISMO ...................................................................................................4
2 CONCEITO DE TURISMO..........................................................................4
3 BREVE HISTÓRIA DO TURISMO..............................................................6
4 TIPOS E FORMAS DE TURISMO ............................................................10
5 DIFERENÇAS ENTRE CATEGORIAS DE VIAJANTES, VISITANTE,
VERANISTA, TURISTA E EXCURSIONISTA ...........................................................11
6 TURISMO RURAL ....................................................................................12
7 ELEMENTOS BÁSICOS DO TURISMO RURAL ......................................13
8 AGROTURISMO.......................................................................................14
9 DEFINIÇÃO: .............................................................................................14
10 PRINCÍPIOS DO AGROTURISMO........................................................16
11 A EXPERIÊNCIA BRASILEIRA .............................................................17
12 O ESPAÇO URBANO E O ESPAÇO RURAL .......................................18
13 DEFINIÇÕES DE MEIO RURAL............................................................20
14 CARACTERIZAÇÃO DO TURISMO RURAL.........................................23
15 A PRESERVAÇÃO DA ATIVIDADE ORIGINAL ....................................26
16 A VALORIZAÇÃO DA VIDA NO CAMPO E DA CULTURA LOCAL ......28
17 A UNIDADE DE PRODUÇÃO RURAL VISTA COMO UM SISTEMA....32
17.1 Identificação e inserção da unidade de produção...........................32
17.2 Estrutura e funcionamento da unidade de produção.......................33
17.3 Aspectos econômicos e financeiros................................................33
18 ATRATIVOS TURÍSTICOS....................................................................34
18.1 a) Pode se desenvolver em áreas que não disponham,
necessariamente, de paisagens com recursos turísticos extraordinários:.............36
2
18.2 b) Necessita de reduzidos volumes de investimentos em relação a
outros segmentos: .................................................................................................36
18.3 c) Propriedades rurais geralmente estão localizadas próximas aos
núcleos emissores: ................................................................................................37
19 A “EXPERIÊNCIA” NO TURISMO RURAL............................................37
20 A VIVÊNCIA NO MUNDO RURAL.........................................................38
21 ESTRUTURA TURÍSTICA.....................................................................40
22 SERVIÇOS OFERECIDOS E ATIVIDADES PRATICADAS PELO
VISITANTE 41
23 QUALIDADE DE SERVIÇOS NO AGROTURISMO ..............................44
24 AGROINDÚSTRIA.................................................................................46
25 AGROINDUSTRIA: PRODUTOS ORGÂNICOS....................................49
26 SISTEMAS ............................................................................................50
27 NORMATIZAÇÃO..................................................................................50
28 CERTIFICAÇÃO....................................................................................52
29 INDICAÇÃO GEOGRÁFICA..................................................................55
29.1 1) Entenda.......................................................................................57
29.2 2) Prepare a documentação............................................................57
29.3 3) Pague a taxa...............................................................................57
29.4 4) Inicie o pedido.............................................................................57
29.5 5) Acompanhe.................................................................................58
30 VALORES DOS PRODUTOS ORGÂNICOS.........................................58
31 PREÇOS DOS ORGÂNICOS................................................................60
32 ESTRUTURA DE MERCADO................................................................60
33 AGROINDÚSTRIA DO QUEIJO ............................................................61
34 Mercado mineiro....................................................................................64
34.1 Características do queijo.................................................................64
3
35 TURISMO CULTURAL ..........................................................................65
36 ARTESANATO ......................................................................................67
BIBLIOGRAFIA...............................................................................................71
4
1 TURISMO
O turismo é visto como um dos fenômenos sociais mais importantes do nosso
tempo, acessível a cada vez mais pessoas ávidas por viajar pelas mais diversas
motivações. Apresenta distintos conceitos tratados de formas abrangentes, pois cada
área o conceitua do seu ponto de vista. Essa observação pode ser compreendida de
forma clara nas definições de Beni (2007, p. 34) que identifica que no campo
acadêmico, nas empresas e nos órgãos governamentais há três dimensões para o
conceito de turismo: a econômica, a técnica e a holística.
O turismo está envolto por uma série de ideias e conceitos ligados ao tema
viagens e ao deslocamento. Pode remeter ao turista a ideia de férias, ao
empreendedor a ideia de lucro, aos trabalhadores a ideia de geração de emprego e
renda e à comunidade autóctone a ideia de desenvolvimento local (PANOSSO
NETTO, 2010).
O crescimento da atividade do turismo faz com que muitos autores o observem
de maneiras diferentes. Como uma indústria [...] “muito mais que uma indústria de
serviços, é fenômeno com base cultural, com herança histórica, meio ambiente
diverso, cartografia natural, relações sociais de hospitalidade, troca de informações
interculturais” (MOESCH, 2000, p.20). O somatório que esta dinâmica sociocultural
gera parte de um fenômeno recheado de objetividade-subjetividade, que vem a ser
consumido por milhões de pessoas (MOESCH, 2000).
O turismo é entendido por Fonseca Filho (2007) como uma “prestação” de
serviços e, portanto, deve ser diferenciado do termo indústria que passa a ideia de
que a “indústria do turismo” produz de maneira seriada seguindo um determinado
padrão, sendo que na realidade o produto turístico, por ser a somatória de serviços,
infraestruturas e equipamentos turísticos, não é produzido aos moldes das indústrias,
é intangível e impossível de ser estocado.
2 CONCEITO DE TURISMO
A palavra “turismo” surgiu no século XIX, porém, a atividade estende suas
raízes pela história. Vários conceitos de turismo foram elaborados ao longo do tempo
5
para definir essa atividade. Na década de 40, Hunziker e Krapf, citados por Ignara
(2003. p.12), definiam turismo como: […] o conjunto das inter-relações e dos
fenômenos que se produzem como consequências das viagens e das estadas de
forasteiros, sempre que delas não resultem um assentamento permanente nem que
eles se vinculem a alguma atividade produtiva.
Em 1963, reúne-se em Roma a Conferência das Nações Unidas sobre o
Turismo e as Viagens Internacionais para tentar um consenso sobre o conceito de
turismo. Dessa forma, se elabora o primeiro conceito de turismo:
Atividade desenvolvida por uma pessoa que visita um país diferente daquele
de sua residência habitual, com fins distintos do de exercer uma ocupação
remunerada, e por um período de tempo de pelo menos 24 horas
Esse conceito sofrerá várias modificações ao longo dos anos, incorporando,
principalmente elementos provenientes das pesquisas quantitativas. Atualmente a
Organização Mundial do Turismo – OMT assim define a atividade do turismo:
O turismo é um fenômeno social, cultural e econômico, que envolve o
movimento de pessoas para lugares fora do seu local de residência habitual,
geralmente por prazer. (NACIONES UNIDAS / UNWTO, s/d, p. 1).
Uma definição bem mais recente foi proposta por Mathieson e Wall, citados por
Ignara (2003. p.13), para os quais o turismo poderia ser considerado como: […]
movimento temporário de pessoas para locais de destinos externos a seus lugares de
trabalho e moradia, às atividades exercidas durante a permanência desses viajantes
nos locais de destino, incluindo os negócios realizados e as facilidades, os
equipamentos e os serviços criados, decorrentes das necessidades dos viajantes.
Uma das definições brasileiras mais conhecidas de turismo é a do pesquisador
Mario Carlos Beni, que entende o turismo como [...] “um elaborado e complexo
processo de decisão sobre o que visitar, onde, como e a que preço” (Beni, 2007, p.
35).
Em termos da legislação, pode-se considerar a Lei nº 11.771 de 17 de setembro
de 2008, que dispõem sobre a Política Nacional do Turismo e o define como:
“atividades realizadas por pessoas físicas durante viagens e estadas em lugares
diferentes do seu entorno um período inferior a 1 ano, com finalidades de lazer,
negócios ou outros”.
6
Também há o entendimento de que o turismo possui ciclos de vida próprios,
com fases diferentes e sequenciadas. Para Butler (1980), as destinações turísticas
tem um ciclo de vida próprio. A partir de um entendimento orgânico, o autor afirma que
há, primeiramente, um estágio de exploração da localidade. Nesse estágio o futuro
destino não possui infraestrutura específica ao atendimento dos viajantes que, em
pequenos números, não alteram o ambiente físico e social e geram pouca ou nenhuma
importância econômica para a localidade.
O segundo estágio apresentado por Butler (1980) é chamado de engajamento
ou envolvimento, pois é nesse momento que surgem algumas facilidades aos
viajantes e se inicia o processo de difusão do local.
O estágio seguinte é o de desenvolvimento. Nessa fase o mercado local, por
meio de propaganda feita em centros emissores de turistas, divulga produtos e
serviços destinados a atender à crescente demanda e, assim, a localidade se define
como um destino turístico. Nessa fase é comum que o número de turistas exceda o
número de habitantes do local.
O quarto estágio é o de consolidação, caracterizado pela diminuição do
crescimento do número de turistas e da manutenção e estabilidade do número
absoluto de visitantes – que ainda é maior do que o número de habitantes. Butler
(1980) aponta o quinto estágio como uma fase de estagnação caracterizada pela
percepção dos problemas (ambientais, sociais e econômicos) relacionados ao
elevado número de turistas em relação aos recursos disponíveis no local. Para o autor,
os problemas criados pelo turismo afastam os turistas, fazendo com que o destino
“saia da moda”. (SCÓTOLO; PANOSSO NETTO, 2014, p.41).
3 BREVE HISTÓRIA DO TURISMO
A palavra “turismo” surgiu no século XIX, porém, a atividade estende suas
raízes pela história. Certas formas de turismo existem desde as mais antigas
civilizações, mas foi a partir do século XX, e mais precisamente após a Segunda
Guerra Mundial, que evoluiu como consequência dos aspectos relacionados à
produtividade empresarial, ao poder de compra das pessoas e ao bem-estar
resultante da restauração da paz no mundo (RUSCHMANN, 1997).
7
Fonte: blogdeacebedo.blogspot.com.br
O turismo iniciou-se no século XVII, quando os primeiros sinais de crescimento
industrial começaram a afetar a vida estabelecida há séculos.
O aumento da riqueza, a ampliação da classe de comerciantes e a
secularização da educação estimularam o interesse por outras culturas e pelo
conceito de que viajar era uma forma de educação.
No decorrer dos séculos, os homens viajaram de acordo com seus meios
materiais disponíveis, seus conhecimentos adquiridos e suas convicções em vigor.
Houve momentos mais propícios à prática das viagens e momentos menos propícios.
Um dos momentos favoráveis é este que está se vivendo nas últimas décadas.
As viagens, uma das manifestações do lazer, fazem parte da programação da grande
maioria das pessoas, sobretudo para aquelas que vivem em países desenvolvidos
(Figura 2).
O século XX abriu as portas para a prática do turismo em grande escala, graças
às transformações proporcionadas pela Revolução Industrial. O turismo passa a
integrar a vida das nações.
8
Fonte: guia.folha.uol.com.br
Segundo a Confederação Nacional do Comércio do Rio de Janeiro, a história
do turismo no Brasil começa em 1904, com a aprovação da primeira lei de incentivos
fiscais para a construção de hotéis no Rio de Janeiro, então Distrito Federal. O turismo
começou a se firmar no país como atividade de grande importância socioeconômica.
A chegada do primeiro grupo organizado de turistas ao Rio de Janeiro, a bordo
do vapor Byron, em julho de 1907, desperta a curiosidade da população e é notícia de
destaque nos jornais. Também no ano de 1907, dois importantes avanços legais
trouxeram impactos altamente positivos para a atividade turística: o direito a férias
remuneradas (já assegurado na Europa décadas antes) e a isenção de impostos aos
cinco primeiros grandes hotéis da cidade. E em 1908, exatamente um século depois
da chegada da Corte portuguesa ao Rio de Janeiro, pode-se dizer que a hotelaria
brasileira atingia sua maioridade, com a inauguração do Hotel Avenida, símbolo da
hotelaria carioca (CNC, 2007, p. 27).
Grandes alterações urbanas promovidas no Rio e em São Paulo,
especialmente nas primeiras décadas do século XX, afetaram a localização e o
conceito arquitetônico dos novos hotéis. O alargamento de avenidas, a verticalização
e o uso intenso de automóveis traçaram perfis diferenciados nas principais cidades do
país. Assumindo papel de destaque na paisagem paulistana, surgem os hotéis
Excelsior, Terminus e São Paulo (CNC, 2007, p. 28).
9
Nos anos de 1920, a próspera capital paulista vivia uma Belle Époque, com a
inauguração de luxuosos hotéis e de imponentes palacetes, em meio a um processo
de embelezamento da cidade (Figura 3). Bons exemplos dessa fase são o Hotel
Terminus, na Avenida Prestes Maia, com mais de 200 quartos, e o Hotel Esplanada,
com 250 quartos. Construído ao lado do Teatro Municipal, o Esplanada tornou-se o
ponto de encontro da elite paulistana. Outro marco da época é o Hotel Central, na
Avenida São João, o primeiro hotel de quatro pavimentos na cidade (CNC, 2007, p.
27).
Passados cinco séculos desde o desembarque dos primeiros estrangeiros nas
terras brasileiras, o Turismo representa hoje o terceiro produto de exportação na
balança comercial brasileira, abaixo apenas da soja em grão e do minério de ferro,
com uma arrecadação em torno de US$ 4 bilhões somente com a entrada de turistas
estrangeiros. No setor doméstico, os desembarques totalizaram 24,3 milhões de
passageiros nos primeiros sete meses do ano, indicando um aumento de quase 20%
Com relação ao ano anterior. Hoje, a cadeia produtiva do turismo continua a
fazer história e a promover o desenvolvimento do Brasil. (CNC, 2007).
O turismo, uma prática social que se consolida com a modernidade, é apontado
como um dos fenômenos mais importantes de nosso tempo, acessível a cada vez
mais pessoas ávidas por viajar pelas mais diversas motivações — desfrutar momentos
de prazer, realizar negócios, cuidar da saúde ou participar de eventos num lugar
distante do habitual. Trata-se de um fenômeno histórico complexo que causa impactos
na economia, no planejamento e na gestão de localidades, nas condições de
mobilidade, nas políticas de preservação ambiental, nas relações de hospitalidade e
alteridade (CASTRO, 2013, p.2)
Apesar da recente popularização mundial da prática do turismo, o turismo rural
e pesquisas sobre tal modalidade, tem origem no final do século XIX na Europa
(Áustria e Suíça), porém, assim como outras modalidades de turismo dessa época,
estava restrito às elites. Em virtude do desenvolvimento econômico pautado na
industrialização e das conquistas trabalhistas nos países europeus, ambos ocorridos
na década de 1950, a partir do fim da Segunda Guerra, o turismo rural desponta como
atividade planejada, com destaque para a França, Espanha e Itália.
10
4 TIPOS E FORMAS DE TURISMO
O grande desenvolvimento da atividade turística nos últimos anos criou a
necessidade de se elaborarem classificações para melhor compreender as inúmeras
e diferentes características das viagens, e também para possibilitar a quantificação do
setor em termos comparáveis entre países, ou mesmo regiões.
Todavia, a própria dinâmica se confirma como um obstáculo na classificação
do turismo e, por consequência na elaboração de categorias que sejam
suficientemente abrangentes. Nesse sentido, a Conferência Internacional de
Estatísticas do Turismo organizada pela OMT em 1991, e cujas recomendações foram
posteriormente adotadas pela Comissão Estatística das Nações Unidas, teve os
seguintes objetivos:
O desenvolvimento de uma definição uniforme e integrada e de um sistema de
classificação das estatísticas do turismo.
A implementação de uma metodologia para determinação do impacto
econômico do turismo e do desempenho dos vários setores da indústria.
O estabelecimento simultâneo de um meio de diálogo entre os governos e a
indústria turística e um programa coerente de coleta de informação turística.
Basicamente a prática do turismo é composta por três formas:
Turismo Interno: praticado por residentes de um determinado país que viajam
unicamente no interior desse país.
Turismo Receptivo: compreende-se todo o conjunto de serviços de apoio e
assistência destinados à recepção de pessoas provenientes de outras regiões do país
ou do exterior.
Turismo Emissor: caracteriza-se pelo movimento de pessoas que viajam para
fora do local habitual de residência, atraídas pelas ofertas de outras regiões do país
ou do exterior.
É importante ressaltar que existem países ou regiões que se caracterizam no
setor de viagens como receptivos, outros como emissivos. Conforme dados da
Organização Mundial do Turismo (OMT), o turismo receptivo mundial tem crescido
com maior rapidez nos países em desenvolvimento, tanto com relação à entrada de
turistas quanto em ingresso de divisas, fator que demonstra melhor distribuição de
recursos econômicos entre países nessa atividade.
11
Atualmente, as formas de se praticar as atividades relacionadas ao turismo
podem ser divididas em relação à organização da viagem como: turismo individual ou
turismo organizado.
O turismo individual é aquele praticado em viagens sem a intervenção de uma
empresa (agência de viagens especializada). Os viajantes tomam as devidas
providências por conta própria: documentação, reserva nos meios de transporte,
hospedagem, levantamento de material sobre o destino, roteiros entre outros itens.
Nesse caso, não é possível estabelecer previamente um orçamento preciso.
5 DIFERENÇAS ENTRE CATEGORIAS DE VIAJANTES, VISITANTE,
VERANISTA, TURISTA E EXCURSIONISTA
 Veranista: indivíduos que habitualmente passa o verão fora do local
onde reside.
 Viajante: São os indivíduos que se deslocam entre dois ou mais lugares
dentro ou fora do país.
 Visitante: São as pessoas que se deslocam para um lugar diferente de
onde mora. O tempo de permanência deve ser inferior a 12 meses.
 Excursionista: todo o indivíduo que em sua viagem permanece um
tempo inferior a 24 horas fora do local em que residência, mas sem pernoitar.
Com a finalidade de recreio, esporte, saúde, motivos familiares, estudos,
peregrinação religiosa ou negócio.
 Turistas: toda pessoa, sem discriminação de etnia, sexo ou religião entra
em um território contratante diferente do local de residência, com um prazo
superior a 24 horas e inferior a 12 meses com o objetivo de lazer, esporte,
saúde, motivos familiares, estudos, peregrinação religiosa ou negócio.
12
Fonte: Gonçalo Lopes, 2010
6 TURISMO RURAL
Conforme afirma Sousa (2000), o turismo no meio rural é uma atividade que
deve ser economicamente sustentável, ecologicamente correta, socialmente justa e
verdadeiramente rural.
A visão simplista do rural como agrícola vai ficando totalmente superada, pelo
menos como campo de análise, já que novas funções vão sendo consolidadas e
incorporadas nas estratégias de reprodução de muitas das famílias que habitam esse
espaço. (ELESBÃO, 2007, p. 58).
O deslocamento de pessoas das áreas urbanas para as rurais, possuem
aspectos motivadores. A motivação que ocasiona o deslocamento do turista ao mundo
rural está ligada ao imaginário rural dos urbanos e à busca por espaços com valores
ecológicos, simbólicos e culturais a apreciar, bem como por lugares autênticos, com
belas paisagens, com níveis mais baixos de poluição, ruídos e agitação que as
cidades, no intuito de resgatar a nostalgia da vida próxima à natureza, a memória e
13
as raízes históricas no passado, de obter novas experiências e conhecimentos.
(FUCKS; SOUZA, 2010, p. 100).
O Turismo Rural caracteriza-se por satisfazer as necessidades de todos os
envolvidos, ou seja, de quem oferece e de quem recebe, promovendo uma alternativa
de desenvolvimento para as comunidades rurais por meio da diversificação dos polos
turísticos, como oportunidade de novas fontes de renda, de diminuição do êxodo rural,
como intercâmbio cultural e consciência ecológica. (SANTOS, 2004, p. 30).
A especificidade do Turismo Rural é a produção agropecuária da propriedade
rural convertida em produto turístico.
7 ELEMENTOS BÁSICOS DO TURISMO RURAL
A atividade do Turismo Rural deve ser obrigatoriamente em harmonia com os
seguintes interesses:
 Da comunidade local
 Do turismo
 Do meio ambiente
A harmonização destes fatores significa garantir a sustentabilidade da atividade
através dos três elementos básicos:
 Elementos culturais/antrópicos
 Elementos ecológicos
 Elementos econômicos
O turismo, enquanto forma moderna de intercâmbio material entre o homem e
a sua natureza externa, se comparado à agricultura, por exemplo, altera
substancialmente tal interação ao inserir mudanças qualitativas ao nível das relações
de trabalho, tendo em vista que a natureza preservada se configura como um
importante atrativo turístico. Diante disso, tem-se uma nova forma de incorporação do
trabalho humano ao espaço (BEDIM, 2008, p.11).
14
8 AGROTURISMO
Dentro da realidade brasileira, o desenvolvimento de regiões rurais deve ser
entendido como fundamental para a sociedade como um todo e como uma das poucas
possibilidades restantes para a superação do quadro desordenado de desequilíbrio
econômico, social, ambiental e territorial que se alastra por todo o país (Guzzatti:
Tures, 2011).
Segundo Turnes (1996), as diretrizes norteadoras deste processo de
desenvolvimento rural devem considerar que:
a) A agricultura familiar deve ser a base de um novo modelo;
b) A cooperação e a solidariedade entre os atores sociais locais são
fundamentais para a manutenção da sustentabilidade dos processos de
desenvolvimento;
c) A melhoria da qualidade de vida das populações rurais, através da criação
de infraestrutura social, é um fator determinante para a perenidade dos projetos
econômicos locais;
d) A geração de oportunidades de ocupação da mão de obra e renda deve
constituir-se em meta estratégica. Neste sentido, a revalorização dos espaços locais
deve prever a criação de novas oportunidades de trabalho, priorizando as populações
mais jovens.
9 DEFINIÇÃO:
Agro Turismo é uma modalidade de turismo praticada no meio rural, por
agricultores familiares dispostos a compartilhar seu modo de vida com os habitantes
do meio urbano.
15
Fonte: demalaecuia.net
Os agricultores, mantendo suas atividades agropecuárias, oferecem serviços
de qualidade, valorizando e respeitando o meio ambiente e a cultural local (PARRA;
CHEHADE, 2006).
Os estudos de Campanhola et al. (2000) indicam ser o agroturismo “as
atividades internas à propriedade, que geram ocupações complementares às
atividades agrícolas, as quais continuam a fazer parte do cotidiano da propriedade,
em menor ou maior intensidade, devem ser entendidas como parte de um processo
de agregação de serviços aos produtos agrícolas e bens não-materiais existentes nas
propriedades rurais (paisagem, ar puro, etc.), a partir do ‘tempo livre’ das famílias
agrícolas, com eventuais contratações de mão-de-obra externa.”
Beni (2002, p. 32) apresenta o seguinte conceito de agroturismo: “[...]
deslocamento de pessoas para espaços rurais, em roteiros programados ou
espontâneos, com ou sem pernoite, para fruição dos cenários e observação, vivência
e participação em atividades agropastoris.”
O conceito seguinte do pesquisador Guzzati, 2003, pressupõe, de forma clara,
o intercâmbio dos agricultores familiares com o visitante. O agroturismo “é um
segmento do turismo desenvolvido no espaço rural por agricultores familiares
organizados, dispostos a compartilhar seu modo de vida, patrimônio cultural e natural,
mantendo suas atividades econômicas, oferecendo produtos e 80 serviços de
qualidade, valorizando e respeitando o ambiente e a cultura local e proporcionando
bem estar aos envolvidos” (GUZZATTI, 2003, p. 53).
16
10 PRINCÍPIOS DO AGROTURISMO
A incessante busca de modelos e estratégias, para reforçar a ideia de
desenvolvimento do agroturismo, faz com tenhamos princípios a serem seguidos, nos
quais vemos abaixo:
• A recepção dos turistas pelos agricultores familiares é parte integrante da
atividade do estabelecimento rural;
• Os agricultores familiares que recebem turistas desejam mostrar o seu
trabalho e o meio ambiente onde vivem (contato com os animais, conhecimento sobre
plantas, o ritmo da estação do ano etc.);
• A recepção e convívio do agricultor e sua família com o turista ocorre num
clima de troca de experiências e de respeito mútuo;
• O agroturismo deve praticar preços acessíveis;
• O agroturismo se constitui num fator de desenvolvimento local, contribuindo
para manter o meio rural "vivo" - demográfica, cultural e ambientalmente – com
perspectivas de futuro para os seus jovens;
• O agricultor garante a qualidade dos produtos e dos serviços oferecem;
• Os serviços de agroturismo são oferecidos em habitações adaptadas,
oferecendo conforto, higiene e segurança;
• Os serviços agroturísticos são planejados e organizados pelos agricultores
familiares.
É preciso ressaltar que essa modalidade de turismo é moderna e profissional,
sem perder a ruralidade. De acordo com (VILARINHO, 1998) o turismo rural familiar
que valoriza o meio ambiente e a cultura local, torna-se uma opção para o
desenvolvimento rural, contemplando os setores econômicos capazes de criar
atividades comerciais alternativas, como o objetivo de proporcionar a manutenção da
população nos seus locais de origens. Assim o turismo rural apresenta a possibilidade
de gerar empregos num curto espaço de tempo e a um custo razoavelmente baixo, se
comparado aos demais setores econômicos.
17
11 A EXPERIÊNCIA BRASILEIRA
No contexto brasileiro, Bricalli (2005, p. 41) afirma que “todos os
empreendimentos que proporcionem lazer, recreação, descanso ou qualquer outra
atividade ligada ao turismo, desde que estejam localizados em áreas rurais, podem
ser classificados como turismo no espaço rural”, de modo que o turismo no
espaço/meio rural abrange diversas modalidades turísticas.
Essas modalidades criam diferentes formas de nomear essa atividade turística,
entretanto, existe diferenças conceituais entre turismo rural e agroturismo. Carla
Novaes (2004, p. 5) apresenta a definição de turismo rural da Organização Mundial
do Turismo (OMT), que também destaca o turismo como atividade complementar e
integrada à agropecuária. “O Turismo Rural refere-se a lugares em funcionamento
(fazendas ou plantações) que complementam seus rendimentos com algumas
atividades turísticas, oferecendo geralmente alojamento, refeições e oportunidades de
adquirir conhecimentos sobre as atividades agrícolas”.
Um conceito apresentado pela Embratur em 1998, entendia o turismo rural
como o “conjunto de atividades turísticas desenvolvidas no meio rural, comprometido
com a produção agropecuária, agregando valor a produtos e serviços, resgatando e
promovendo o patrimônio cultural e natural da comunidade”. (EMBRATUR, 1998, p.
14).
O conceito de turismo no espaço rural também é adotado pelo governo federal,
e abrangeria todos “os equipamentos localizados na área rural que desenvolvem
atividades de lazer, recreação, esportivas, de eventos, não apresentando,
necessariamente, vínculo com a produção agropecuária e a cultura rural. ” (PNTRAF,
2004, p. 7). A experiência do Brasil demonstra que as diversas iniciativas de turismo
que são realizadas no meio rural podem conviver de forma democrática.
Além disso, muitas parcerias são possíveis, sendo baseadas em princípios de
complementariedade entre ações de turismo rural e agroturismo. No entanto, isso só
é possível quando está claro as diferenças e a possibilidade de coexistência entre os
diferentes segmentos de turismo desenvolvidos no espaço rural.
A expansão do agroturismo, segmento relativamente novo no Brasil, insere-se
no momento em que o setor turístico passa por um profundo processo de
transformação para adequar-se às novas exigências de um mercado, que não está
18
interessado somente nos pacotes e destinos mais badalados – e padronizados. Esta
nova tendência, a procura por experiências diferenciadas, muitas vezes de forma
independente, faz com que as operadoras de turismo se especializem cada vez mais
na oferta de produtos segmentados. Isso contribui diretamente para a consolidação
de novos nichos, como turismo religioso, histórico, de montanha, entre tantas outras
denominações.
De forma geral, entendemos que o agroturismo apresenta todos os atributos do
turismo rural, sobretudo pelo fato de ser uma atividade realizada no espaço rural, e ter
como principais atrativos as atividades agropecuárias, os produtos para-agrícolas e o
modo de vida rural. Ocorre, porém, que o diferencial do agroturismo em relação ao
turismo rural diz respeito à participação direta e/ou indireta do turista em atividades
comuns dos agricultores, como plantio, colheita, ordenha, entre outras. Nesse sentido,
toda a oferta de agroturismo poderia ser classificada como turismo rural, porém, nem
toda a oferta de turismo rural pressupõe a existência do agroturismo”. (CANDIOTTO,
2007, p. 197.
O pesquisador Beni (2002) afirma que dois aspectos distinguem o agroturismo
do turismo rural:
1. A produção agropastoril é a maior fonte de renda da propriedade do
agroturismo, de modo que o turismo gera uma receita complementar.
2. As próprias atividades agropastoris constituem o principal diferencial
turístico, de modo que o turista pode participar ou não da rotina da propriedade.
12 O ESPAÇO URBANO E O ESPAÇO RURAL
Há pessoas que moram na cidade, outras que moram no campo.
As pessoas que moram na cidade formam a comunidade urbana e as pessoas que
vivem no campo formam a comunidade rural. Na comunidade urbana, há muitas
coisas em comum, por exemplo, alguns serviços como eletricidade, água e esgoto
tratados, transportes coletivos, comunicação, rede de bancos e um comércio muito
variado.
Nas cidades, as casas ou apartamentos são construídos bem junto uns dos
outros.
19
Fonte: br.pinterest.com
A zona rural, também chamada de campo, fica afastada da cidade. As
habitações são distantes uma das outras e as propriedades, mesmo que pequenas,
reservam uma privacidade. Os serviços públicos de forma geral, quando existem, são
precários, essenciais para a organização rudimentar da vida social, como redes de
eletricidade, telefonia e um comércio incipiente nas vilas dos lugarejos.
Entretanto, a compreensão tradicional do rural como o lugar do atraso e da
rusticidade e do urbano como o lugar do progresso e da modernidade, não pode mais
ser tida como absoluta. Tanto o rural como o urbano tem passado por grandes
transformações que fazem com que estes espaços tenham características distintas
dessa visão ultrapassada. O processo de modernização da agricultura, seguido pela
explosão das facilidades do acesso aos meios de comunicação, transformaram
profundamente a realidade do meio rural (LINDNER et al, 2009, p.2).
Essa transformação está relacionada ao crescimento das atividades não-
agrícolas no Brasil. Simultaneamente a isto, diminui a supremacia das atividades
agrícolas no meio rural. Essa mudança advém do contínuo declínio da capacidade da
agricultura de manter e gerar postos de trabalho, além do crescimento de atividades
geradoras de ocupações rurais não-agrícolas (LAURENTI, 2000).
20
Essas atividades não-agrícolas fazem com que o rural assuma novas funções.
Dentre as “novas funções” do campo que ganham cada vez mais destaque estão as
atividades de lazer, como o turismo em área rural, segundas residências e
aposentadorias rurais.
Entretanto, as relações entre o rural e o urbano não foram sempre,
historicamente, definidas pela heterogeneidade ou pela polaridade, mas sim pelo tipo
de sociedade, agrária ou urbana que vivia em determinado espaço.
Mesmo os conceitos que se poderiam pensar os mais precisos e objetivos são
calcados nas representações várias existentes sobre o aspecto da realidade que se
pretende conceituar. Assim, por exemplo, o conceito de rural utilizado nas pesquisas
do IBGE (PNADs, Censos...) é o seguinte: o que o município define como rural em
seu plano diretor.
Ora, o plano diretor do ordenamento espacial dos municípios é elaborado por
uma equipe de técnicos, mas é submetido à aprovação das câmaras municipais. Ou
seja, são critérios políticos que definem, em última análise, o que é urbano e o que é
rural.
E os políticos não decidem com base em critérios racionais, mas com base na
tradição e nas representações que eles têm do que é o rural, já que esta história de
fazer conceitos precisos e objetivos é um problema das ciências sociais e não da
política. Concluindo, podemos dizer que o conceito de rural está passando por uma
reelaboração (SIQUEIRA; OSÓRIO, 2001, p. 77).
13 DEFINIÇÕES DE MEIO RURAL
Diversos autores escreveram sobre o turismo rural. Você saberia definir o que
é “meio rural”? Considera-se território rural um espaço físico, geralmente contínuo,
compreendendo cidades e campos (terrenos fora do perímetro urbano em que
geralmente predominam as atividades agrícolas ou as pastagens de gado),
caracterizados por critérios multidimensionais, como: ambiente; economia; sociedade;
cultura; política e instituições; uma população que, como em todos os lugares do Brasil
e do mundo, possui grupos sociais diferentes e se relaciona e interage com o meio.
21
Fonte: www.smartkids.com.br
Tais critérios fazem com que os territórios rurais se diferenciem dos territórios
urbanos, principalmente pela destinação da terra, ou seja, pelo uso que se faz dela,
notadamente direcionado para as práticas agrícolas, e pela noção de ruralidade, ou
seja, o valor que a sociedade contemporânea atribui ao meio rural e que contempla
as características mais gerais desse meio: a produção; a paisagem e a biodiversidade
(a variedade de espécies animais e vegetais); a cultura e um modo de vida típicos,
identificados pelas atividades agrícolas, pela cultura comunitária e pela identificação
com os ciclos da natureza. Também podemos definir turismo no meio rural como:
"Todas as atividades praticadas no meio não urbano, que consistem em
atividades de lazer no meio rural em várias modalidades definidas com base na oferta:
agroturismo; turismo ecológico ou ecoturismo; turismo de aventura; turismo de
negócios; turismo de saúde; turismo cultural; turismo esportivo, atividades estas que
se complementam ou não". (GRAZIANO DA SILVA et al., 1998: 14).
A base do conceito é a dimensão econômica, o rural se caracteriza por um
determinado tipo de atividade: a produção de alimentos através da criação de plantas
e de animais. A esta atividade econômica, estão vinculados todos os outros traços
que caracterizariam o rural, como a diferença ambiental, já que no rural o contato com
a natureza é direto e constante, e a própria atividade econômica que lhe é peculiar é
realizada ao ar livre (SIQUEIRA; OSÓRIO, 2001).
22
Fonte: meioambiente.culturamix.com
A concepção de meio rural aqui adotada baseia-se na noção de território, com
ênfase no critério da destinação da terra e na valorização da ruralidade. Assim,
considera-se território um espaço físico, geograficamente definido, geralmente
contínuo, compreendendo cidades e campos, caracterizados por critérios
multidimensionais, como ambiente, economia, sociedade, cultura, política e
instituições, e uma população com grupos sociais relativamente distintos, que se
relacionam interna e externamente por meio de processos específicos, onde se pode
distinguir um ou mais elementos que indicam identidade e coesão social, cultural e
territorial (BRASIL, 2003).
Nos territórios rurais, tais elementos manifestam-se, predominantemente, pela
destinação da terra, notadamente focada nas práticas agrícolas, e na noção de
ruralidade, ou seja, no valor que a sociedade contemporânea concebe ao rural. Tal
valor contempla as características mais gerais do meio rural: a produção
territorializada de qualidade, a paisagem, a biodiversidade, a cultura e certo modo de
vida, identificadas pela atividade agrícola, a lógica familiar, a cultura comunitária, a
identificação com os ciclos da natureza (BRASIL, 2003).
Não se pretende aprofundar essa discussão, mas destacar que, para os fins
deste estudo, a definição de rural tem como base características fundamentais das na
paisagem e na ruralidade.
23
14 CARACTERIZAÇÃO DO TURISMO RURAL
A paisagem rural – também composta pelo ser humano, sua cultura, suas
práticas sociais e de trabalho – é um dos principais fatores de atratividade do Turismo
Rural. As principais características dessa atividade referem-se a elementos,
condições e aspectos que compõem a paisagem rural e configuram a ruralidade e
seus principais atrativos. Conhecer essas características é fundamental para se
entender a real diferença entre o chamado Turismo no Espaço Rural e o Turismo
Rural (LOTTICI KRAHL, 2003, p.49 e 50). Elas podem ser abordadas sob a
seguinte síntese:
a) Quanto à escala
.
Fonte: noticias.uol.com.br
Pequena escala – uma das principais características do Turismo Rural se refere
à pequena capacidade de atendimento simultâneo de turistas, de modo a permitir
atendimento personalizado (sem espera, sem filas, sem barulho, sem aglomerações)
e a causar menor impacto ao meio.
24
b) Quanto à localização
O empreendimento de Turismo Rural geralmente está situado em locais
aprazíveis, em propriedades cujas paisagens tipicamente rurais materializem o
imaginário do turista, em contraponto à paisagem urbana (Figura 10).
c) Quanto às atividades agropecuárias
Outra característica básica do segmento é a manutenção das atividades
produtivas tradicionais da propriedade e/ou das práticas e costumes relacionados a
essas atividades, não as abandonando em virtude do sucesso conseguido com o
turismo.
d) Quanto à qualidade da paisagem
Conservação dos recursos naturais – manutenção das condições dos
mananciais, do solo, preservação ou recuperação da flora e da fauna nativas, inclusive
dos aspectos paisagísticos;
Conservação das características arquitetônicas e utilização de materiais
construtivos típicos da região – utilização de materiais, equipamentos e serviços
turísticos em harmonia com o meio rural;
Cuidados com as instalações e lidas agropecuárias – cuidados que permitem
ao turista observar ou participar das rotinas das atividades tradicionais da propriedade,
sem descaracterizar o processo produtivo em função de sua presença.
e) Quanto aos aspectos culturais
Manutenção dos elementos e das estruturas tradicionais – manifestações
folclóricas, culinária, produção artesanal, técnicas construtivas, celebrações, valores,
modos de vida e ideais das comunidades rurais, além de elementos que referendem
a história da região e das famílias.
f) Quanto à diversificação dos serviços oferecidos
A diversidade de serviços oferecidos ao turista depende da especificidade do
ambiente, da economia, da história, das tradições, da cultura popular, das
25
características étnicas, da exploração agropecuária, em relação à propriedade e à
região. O que é oferecido ao turista varia em função do que é produzido ou é mais
característico na propriedade ou na região.
Assim, pode-se dizer que para ser Turismo Rural, deve-se oferecer ao turista a
oportunidade de desfrutar das particularidades das propriedades rurais e das
peculiaridades da região, especialmente aquelas relacionadas às atividades
agropecuárias. O atendimento precisa ser personalizado, para transmitir a
hospitalidade do campesino ao visitante. O centro de interesse do turista que se
desloca para áreas rurais está no conjunto constituído pela atividade produtiva, pela
natureza e pelo modo de vida, que diferem da paisagem e do ritmo urbano (LOTTICI
KRAHL, 2003.) (Figura 11).
Fonte: romanticoschales.com.br
Outra característica do segmento é o chamado “empoderamento” das
comunidades, já que ele é um motivador para que a sociedade se organize para gerir
a atividade turística de forma participativa. Isso cria um ambiente favorável à
manutenção das características rurais da região, utilizando os recursos locais e os
conhecimentos derivados do saber das populações, valorizando-os (LOTTICI KRAHL,
2003, p 24.).
26
Segundo Perkins e Zimmerman (1995), o empoderamento é uma construção
que liga forças e competências individuais com sistemas naturais e organizacionais
de ajuda. Importará, portanto, desenvolver comportamentos proativos de mudança
social, envolvendo organizações e recursos em torno da construção de comunidades
responsáveis. O caminho será o da intervenção social e comunitária com indivíduos e
organizações, consubstanciada em projetos de desenvolvimento, de combate à
exclusão social, de promoção de direitos, desenhados no, e para, os âmbitos local e
regional (GONÇALVES et al, 2013).
15 A PRESERVAÇÃO DA ATIVIDADE ORIGINAL
O agroturismo é uma a atividade que faz o homem e sua família permanecerem
no campo. Faz preservar e recuperar nosso espaço rural e natural com suas
características originais. Assim, a interação entre o homem do campo e suas origens
se mantem, perpetua e também:
 Promove a preservação e recuperação de nossa história.
 Alimenta as atividades agrícolas tradicionais.
 Gera receita para o espaço rural.
O agroturismo é um segmento que apresenta desenvolvimento em áreas rurais
produtivas, usando como meio de hospedagem as próprias propriedades, que
procuram se adequar ao novo hóspede, para atender suas necessidades, mostrando
como viver em contato direto com o meio ambiente, participando das várias atividades
agropecuárias desenvolvidas no meio ambiente rural, e mostrando também a
importância do homem do campo para a sobrevivência do ser humano nos grandes
centros urbanos.
Também fazer o turista perceber as inúmeras ofertas de produtos naturais de
origem local ou regional, mostrando a cultura local, a gastronomia típica e todo o mais
que a natureza oferece, esperando em troca somente ser preservada. Para que haja
um desenvolvimento pleno da atividade turística no meio rural é preciso que haja
harmonia entre a comunidade rural, o meio ambiente e o turismo. Esses elementos
unidos poderão garantir a sustentabilidade da atividade rural.
27
O desenvolvimento da atividade rural tem que começar com a conscientização
de que é importante preservar e cuidar, para que se possa explorar deixando que
gerações futuras possam também preservar, cuidar e explorar. Percebemos que a
atividade rural vem sendo desenvolvida muitas das vezes, sem a consciência da
importância da preservação e o cuidado de causar o mínimo dando ao meio ambiente.
Sabemos que atualmente todos procuram meios de agregar valores aos seus
produtos, buscar novas fontes de renda a sua produção, sobreviver das suas
atividades, mas, sem esquecer-se da importância da preservação daquilo que
exploram, para que continue sustentável.
Desta forma, a quatro elementos-chave que configuram a sustentabilidade
(economia, cultura, sociedade e meio ambiente) devem envolver o turismo nas áreas
rurais com uma importância redobrada, nutrindo e enriquecendo o desenvolvimento
da atividade turística, ao mesmo tempo em que se configuram na matéria-prima da
atividade, isto é, nos próprios recursos que favorecem e influenciam na demanda para
o meio rural (Figura 12).
Fonte: Verrazi, 2008, p 32.
Neste contexto, a garantia da sustentabilidade do desenvolvimento turístico
necessita que algumas condições sejam cumpridas, tais como:
 A participação da sociedade local no desenvolvimento da atividade;
28
 A limitação das capacidades de carga dos atrativos – naturais e
socioculturais;
 a atuação sobre as infraestruturas e equipamentos, adaptando-as aos
recursos turísticos a fim de preservá-los contra possíveis agressões, dentre
outros.
Desta forma, o desenvolvimento do turismo rural será racional e embasado na
filosofia da sustentabilidade, supondo contribuições importantes ao meio rural como:
 Melhora nas condições de vida da população local; contribuição para a
reativação econômica de zonas deprimidas;
 Geração de rendas complementares; incorporação do trabalho
remunerado da mulher; estabilização da população local ao campo;
 Manutenção das atividades agropecuárias e artesanais;
 Manutenção e recuperação do patrimônio arquitetônico tradicional;
 Conservação do meio ambiente;
 Enriquecimento cultural da população local.
16 A VALORIZAÇÃO DA VIDA NO CAMPO E DA CULTURA LOCAL
A industrialização crescente intensificou a urbanização, aumentando a
destruição da natureza, colocando-a a disposição de poucos homens com seus
interesses de lucro e poder, desprezando assim o interesse coletivo pela
sustentabilidade.
Neste contexto, a cultura rural acabou sendo ignorada ou considerada como
sinônimo de atraso e retrocesso, e diante disso, cresceu assustadoramente a
submissão e dependência do campo em relação às cidades. Uma realidade que
passou a ser imposta a inúmeras comunidades rurais, que se tornaram apenas
espaços produtores de matérias-primas e produtos direcionados ao consumo da
sociedade urbano-industrial (ANDRADE, 2012).
29
Fonte: www.mda.gov.br
Assim, o patrimônio ambiental contido nessas comunidades passou a ser
constantemente utilizado de forma predatória, desrespeitando sua capacidade de
suportar tais impactos e resultando em problemas socioambientais. Sugiram então
conflitos entre os espaços rural e urbano e entre grandes produtores rurais, ansiosos
por lucro, e pequenos agricultores ligados à terra, da qual obtêm o difícil sustento
(Figura 13).
Diante desse consumo exacerbado, que gera dilapidação ambiental,
disparidades sociais, incertezas e ausências de perspectivas, resta ao pequeno
produtor resistir, mantendo seu vínculo harmônico com a terra de seus ancestrais, ou
sucumbir, atendendo à voracidade do sistema opressor. Se a alternativa escolhida for
a segunda, não há outro caminho: a contínua exploração dos recursos naturais até
sua exaustão, criando o rompimento definitivo com a realidade rural, levando-o a
procurar por novas oportunidades nas cidades.
Ao ser expulso, o homem do campo rompe com sua cultura de contato
sustentável com a terra, levando-o a vislumbrar os atrativos dos grandes centros
urbanos e a criar fantasias que serão posteriormente transformadas em frustração e
exclusão. Ao se dirigir à cidade grande em busca de melhorias e sem qualificação,
sem emprego, sem perspectivas, ele e sua família estarão condenados à inserção nas
problemáticas periferias, na maioria dos casos sem direito a condições dignas de vida,
30
ampliando os índices de dominação, exploração, degradação e alienação, já tão
comuns na sociedade atual.
As populações rurais da que trabalham no agroturismo buscam reinserção
econômica, social, política e até tecnológica, pela sua reafirmação, redefinição e
atualização de seus modos de vida e construção de alternativas.
Fonte: www.mda.gov.br
O índice de evasão do campo hoje é cada vez mais expressivo, e os filhos de
pequenos produtores não apresentam mais a mesma vontade de permanecer no
campo e trabalhar com a terra, de modo que, migram para a cidade em busca de
melhores condições de vida. Sendo assim, é preciso que haja pessoas, projetos e
políticas públicas voltadas para tal problemática, empreendendo ações que propiciem
soluções eficazes e eficientes para que este quadro seja revertido.
Para a viabilidade de se realizar o desenvolvimento local através do turismo
dependeria da equalização de cinco objetivos:
 Preservação/conservação ambiental;
 Manutenção da identidade cultural;
 Geração de ocupações produtivas de renda;
 Desenvolvimento participativo
 Qualidade de vida.
31
Alguns elementos importantes são considerados fatores de desenvolvimento
local e de valorização cultural.
A manutenção da identidade cultural dos lugares como próprio fator de
atividade turística; uma construção de uma via democrática para o desenvolvimento
de certas localidades, articuladas pelo turismo como fator estruturante de valorização
das suas potencialidades ambientais e culturais, com a participação da população
local na construção ativa desse processo (BENEVIDES, 2002, p. 25).
A riqueza cultural de uma comunidade, ao ser preservada como forma de
manutenção do grupo, é utilizada como fomento ou elemento potencializador para a
atividade turística, principalmente neste momento onde cresce o interesse pela
pluralidade étnica e pela diversidade cultural existente nas diversas sociedades.
Fonte: www.noticiasjp.com
Parte-se do pressuposto de que a atividade turística pode contribuir para o
etno-desenvolvimento local e para o enriquecimento da relação entre turistas e
residentes, por meio de um aproveitamento balizado nos princípios da
sustentabilidade cultural (SILVA, 2010, p. 3)
Assim, o patrimônio cultural implica sentidos de permanência, pertencimento e
persistência, considerando-se que a produção material e simbólica de uma
determinada comunidade torna-se elo de identificação do grupo a um ethos cultural
comum, vetor de transmissão e compartilhamento de memórias individuais e coletivas,
32
e das tradições. Essas são reinterpretadas e reconfiguradas no presente, porém,
mantendo-se o substrato que lhe deu origem (SILVA, 2010, p. 3).
17 A UNIDADE DE PRODUÇÃO RURAL VISTA COMO UM SISTEMA
A administração rural surgiu no começo do século XX junto às universidades
de ciências agrárias, na Inglaterra e Estados Unidos, nos chamados “land grant” com
a preocupação de sobretudo, analisar, a credibilidade econômica e as técnicas
agrícolas (Hoffmann, 1987).
A administração rural passa por várias transformações estruturais e
comportamentais frente à nova ordem mundial de globalização, consumindo conceitos
antigos e reconhecendo suas teorias na busca do aperfeiçoamento organizacional
para a empresa rural. Nestas perspectivas podemos definir a empresa rural como
“aquelas que exploram a capacidade produtiva do solo por meio do cultivo da terra da
criação de animais e da transformação de determinados produtos agrícolas” (Marion,
2005 p. 24).
As novas concepções administrativas atualmente podem definir as bases de
atuação e desenvolvimento da empresa rural. Assim, é preciso ressaltar alguns
aspectos importantes de uma unidade de produção:
17.1 Identificação e inserção da unidade de produção
Esse aspecto diz respeito à localização e o tipo de inserção da unidade
produtiva no meio físico e sócio econômico, o que pode influenciar o seu
desenvolvimento. Nesse sentido, cabe identificar se existem projetos de
desenvolvimento público ou privado para o desenvolvimento da região.
Caracterização do meio natural, sua aptidão e capacidade de uso, estado de
conservação das características físicas e químicas do solo, fertilidade, práticas de
controle dos processos erosivos perante diferentes condições climáticas e de
mecanização.
33
17.2 Estrutura e funcionamento da unidade de produção
Composição da Unidade de Produção perante seus equipamentos, instalações,
máquinas, veículos, terra, mão-de-obra e seu rebanho. Trata-se da gestão pela qual,
o produtor conduz a sua unidade produtiva, em relação às discussões sobre o que
produzir como produzir, quais recursos podem ser utilizados, e como dispõem da
estrutura para realizar a produção (Figura 16).
17.3 Aspectos econômicos e financeiros
Através dos resultados físicos da UPA, se conseguem os resultados globais e
os resultados específicos de cada atividade. Para determinar o fluxo de caixa da
propriedade durante seu ano agrícola, com entradas e saídas de dinheiro. A
propriedade nos últimos anos vem evoluindo seu plantel de maquinários para se
adequar às atividades desenvolvidas, conforme sua necessidade de produção no ano
agrícola.
A agricultura está passando por um período de modificações perante novas
tecnologias expostas, mas hoje grande parte da produção de alimentos está
concentrada nas pequenas unidades de produção familiar que produzem alimento
para população. As unidades de produção estão investindo em atividades mais
seguras que gerem uma renda mensal mais estável e de menos risco para o produtor.
Buscam-se meios com maior viabilidade econômica e remuneração para o produtor
(LUCCA; SILVA, 2012, p. 177).
Dessa forma, as atividades do agroturismo na unidade de produção agrícola
merecem importância sobre a ação de planejadores comprometidos não somente com
a conservação dos recursos naturais, como com a geração de renda e melhoria no
padrão de vida e equidade social para as comunidades locais. O agroturismo é forma
de geração de renda no meio rural e ainda promove um contato direto dos turistas
com o dia – a – dia nas propriedades agrícolas, e com os costumes do campo havendo
assim uma interatividade campo x meio urbano (CEPAGRO, 2007).
Agroturismo são atividades turísticas que acontecem em ambiente rural, porém
o local continua a exercer suas atividades agrícolas. Neste caso, o turismo seria uma
atividade rentável e complementar.
34
18 ATRATIVOS TURÍSTICOS
Os atrativos turísticos exercem papel fundamental para o desenvolvimento do
turismo receptivo, uma vez que compõem a oferta turística diferencial de uma
localidade, ou seja, são os principais responsáveis pela atratividade das regiões
turísticas, que geram os fluxos turísticos. A qualidade da oferta desses atrativos
impacta diretamente no posicionamento do destino no mercado turístico (SEBRAE,
2014).
Enquanto negócio, o atrativo turístico precisa ser gerido como qualquer
empresa, possuir uma gestão eficaz, ter estrutura mínima para receber clientes,
oferecendo experiências positivas de forma organizada e profissional, a fim de
produzir resultados positivos.
Fonte: Sebrae-SP, 2014, p. 9.
Os atrativos turísticos são únicos e cada um deles possui valor e capacidade
de atração específicos. Portanto, possuem diferentes características, potenciais e
estruturas para a recepção de turistas.
Os atrativos turísticos constituem a oferta turística diferencial de uma
determinada região turística, pois são responsáveis por promover os fluxos turísticos.
O consumidor escolhe o destino que irá visitar, em função da experiência turística que
35
esse destino oferece. Ele primeiro decide se deseja praticar atividades de aventura ou
vivenciar atividades rurais, ou ainda, visitar monumentos históricos e culturais etc.,
entre as inúmeras possibilidades. Na sequência, ele opta pelo destino turístico que
proporcione as atividades e experiências escolhidas.
Existe outro tipo de oferta turística: a oferta turística técnica. Ela é composta
pelos equipamentos e serviços existentes no destino, que dão suporte para o
desenvolvimento da atividade turística, como: meios de hospedagem, meios de
alimentação fora do lar, agências de turismo receptivo, manifestações culturais,
artesanato, serviços de apoio ao turista, entre outros.
Circuito Turístico: Conjunto de recursos e/ou atrativos turísticos, distribuído em
um espaço geográfico determinado (que apresenta vários eixos de deslocamento,
permitindo diversos itinerários), que deem identidade peculiar e diferenciada ao local.
Pode organizar-se formalmente por meio de consórcios ou outras formas associativas.
A existência de circuitos turísticos conduz à formatação de produtos turísticos atrativos
e de roteiros, facilitando assim, o acesso da região a mercados consumidores.
O bom funcionamento do sistema produtivo do turismo receptivo rural ou
urbano depende da oferta turística diferencial e da oferta turística técnica. Porém, a
oferta turística diferencial é decisiva para atrair os turistas e iniciar a “engrenagem”
que movimenta esse sistema. As características do conjunto de atrativos turísticos
influenciam diretamente na identidade e vocação turística do destino (turismo rural,
cultural, de aventura, de natureza, entre outros), indicando possibilidades de
constituição de negócios e das tipologias de turismo que podem ser implementadas e
consolidadas (Sebrae, 2014).
Oferta
turística
diferencial
Oferta
turística
técnica
Circuito
turístico
36
Existe uma tendência atual na busca do natural, do orgânico, do particular,
fatores que contribuem para a valorização do Turismo Rural. Dessa forma, os
elementos que o caracterizam devem ser estimulados visando se aprimorar as
atividades, os produtos e serviços ofertados pelas propriedades rurais.
A paisagem, a natureza, a cultura, o modo de vida das comunidades
tradicionais; os processos produtivos, a proximidade e a hospitalidade são os
principais fatores de atratividade do Turismo Rural. Neste sentido, é preciso identificar,
na região e no âmbito das propriedades rurais, os atrativos capazes de materializar
as expectativas e os desejos dos turistas. É preciso, ainda, explorar algumas
possibilidades oferecidas pelo Turismo Rural, as quais devem ser convertidas em
vantagens práticas:
18.1 a) Pode se desenvolver em áreas que não disponham, necessariamente, de
paisagens com recursos turísticos extraordinários:
Esses recursos são importantes atrativos turísticos, mas a valorização da
paisagem natural não se restringe apenas à sua existência. O fundamental é que, para
o turista, a paisagem represente um indicador de que ele está fora do seu ambiente
de rotina. Assim, a fauna, a flora, a topografia e o uso do solo trazem as marcas da
cultura e das comunidades residentes, fazendo desses elementos atrativos pelo fato
de constituírem uma paisagem tipicamente rural e que, portanto, se contrapõem ao
cotidiano do turista.
18.2 b) Necessita de reduzidos volumes de investimentos em relação a outros
segmentos:
Não é preciso, necessariamente, criar estruturas na região e nas propriedades,
e sim adaptar as que já existem de modo a garantir conforto e segurança aos turistas.
Tais estruturas podem ser residenciais ou de serviço, mas devem manter suas
características rústicas. Nesse caso, o turista não busca luxo, e sim autenticidade e
certa rusticidade, mas com qualidade e conforto.
37
18.3 c) Propriedades rurais geralmente estão localizadas próximas aos núcleos
emissores:
A localização facilita o deslocamento dos visitantes, que podem visitar as
propriedades rurais, ainda que disponham de apenas um dia ou de um final de
semana. A curta distância torna o Turismo Rural uma atividade acessível a mais
pessoas.
19 A “EXPERIÊNCIA” NO TURISMO RURAL
Experiência é o conhecimento adquirido pela prática ou observação. Para
oferecer experiência turística é necessário superar os aspectos triviais e
convencionais do turismo receptivo, como propiciar a encenação de atores para contar
história de determinado local turístico. Além do aspecto lúdico e prazeroso, o turista
rural tem a oportunidade de aprofundar seus conhecimentos, interagir e experimentar
uma situação que fica marcada por muito tempo.
A vivência no mundo rural é uma prática que propicia a participação do turista
em lidas, oficinas ou atividades que sejam atípicas ou incomuns. Portanto, são as
situações em que o turista realmente participa, se envolve e interage. Ele é mais do
que um expectador. Um exemplo comum é a participação em oficina culinária, que faz
parte da visita ao atrativo turístico rural.
Outros exemplos de experiências e vivências, que podem ser oferecidas nos
atrativos turísticos rural:
 Dramatizações para contar uma história, um “causo” uma lenda.
 Apresentações de grupos culturais (teatro, música e dança) e folclóricos.
 Gastronomia típica para degustação e participação de oficinas
culinárias.
 Reprodução de “atmosfera, ambiente e cenário”, tornando determinado
local com características temáticas.
 Oficinas (culinária, cerâmica, vinho, cachaça, artesanato, pintura, queijo,
pães, bolos e muitas outras).
 Rotina: participação de plantio ou colheita de produtos, cuidados com
animais e preparo de refeições ou prato típico.
38
Fonte: ooutrolado.com
20 A VIVÊNCIA NO MUNDO RURAL
A vivência do agroturismo é caracterizada por atividades lúdicas e do dia-a-dia
das propriedades rurais, tais como: ordenha, coleta de ovos, cavalgada, coleta de
frutas e verduras, gastronomia, entre outras.
Salles (2006) cita algumas atividades de vivência desenvolvidas nas
propriedades, tais como:
 Hortas orgânicas;
 Hortas medicinais;
 Pomares;
 Ordenha;
 Tosquia;
 Trato;
 Trilhas;
 Cavalgadas;
 Pesca.
39
O perfil do turista que procura pelo turismo rural, enquadra-se como
mediocêntricos: pessoas motivadas pela quebra da rotina, busca pelo descanso,
aventura, gastronomia e tratamento de saúde; e experimentais: desejam conhecer e
experimentar modos de vida diferentes. As características destes perfis é a busca por
vivenciar novos jeitos de vida, e também a quebra da rotina, fatores encontrados nas
propriedades rurais, que desenvolvem a atividade turística. Outro fator que caracteriza
os turistas que buscam por esta atividade é o contato com a natureza (Mtur, 2010).
A atividade turística de vivência é geradora de novas experiências pessoais e
sensoriais. Ela promove o encontro com a história, com a cultura, com os valores,
sabores, momentos e àquele sentimento bucólico ao qual só o campo nos remete.
Nesse sentido, Sun Tung e Ritchie, (2011, p.1369) afirmam que o papel central dos
planejadores do turismo é: ''Facilitar o desenvolvimento de um ambiente (ou seja, o
destino) que aumenta a probabilidade de que os turistas podem criar suas próprias
experiências memoráveis de turismo”. Os autores ainda definiram experiência turística
como.
Uma avaliação individual subjetiva (afetiva, cognitivo e comportamental) de
eventos relacionados à sua atividade turística que começa antes (ou seja,
planejamento e preparação), durante (ou seja, no destino), e depois da viagem (ou
seja, o recolhimento). (Sun Tung e Ritchie, 2011, p. 1369).
Fonte: www1.folha.uol.com.br
40
Por fim, o turismo no mundo rural e suas nuances vem apresentando
considerável crescimento e pode ser uma alternativa para a sustentabilidade e
sobrevivência dos pequenos agricultores, pois incentiva a diversificação das
atividades no campo e gera trabalho para os membros da família, mas não se deve
esquecer que uma atividade como esta deve ser bem planejada, com participação de
todos os atores envolvidos, para evitar impactos irreversíveis à natureza, e,
principalmente no que diz respeito à cultura e tradições locais.
21 ESTRUTURA TURÍSTICA
A atividade turística requer investimentos em infraestrutura de meios de
hospedagens e de lazer. É sabido que estes objetos técnicos juntamente com o
quadro sócio ambiental, caracterizam os lugares turísticos e podem favorecer o seu
desenvolvimento. Neste contexto, o turismo passa a ter papel fundamental na
produção do espaço e na valorização do rural, podendo também melhorar a condição
de vida da população local. Entretanto, para que as comunidades possam usufruir dos
benefícios gerados pela atividade turística, torna-se necessário preservar não apenas
os atrativos naturais, mas também a cultura da população local (CORREA, 2006, p.7).
Em função disso, como outros empreendimentos econômicos, as atividades
relacionadas a lazer/turismo, também requerem apoio do poder público em diferentes
escalas, principalmente no que diz respeito a melhoria da infraestrutura viária,
divulgação, elaboração de normas para regulamentar a atividade, bem como a sua
fiscalização. Portanto, seu desenvolvimento deve estar alicerçado na interação de
diferentes atores, tanto público quanto privado, envolvendo as escalas local/regional,
nacional/global.
Os equipamentos e serviços turísticos rurais englobam tudo o que está
relacionado às áreas de recreação, lojas, aos banheiros, aos restaurantes, à estrutura
de hospedagem, aos vestiários, aos locais de descanso, caminhos, destinação do lixo,
água, energia elétrica, entre outros (Figura 20). No empreendimento do agroturismo,
cada área tem um uso específico, conforme suas características e suas necessidades
estruturais. No entanto, é preciso levar em conta que todas as instalações deverão
ser projetadas em harmonia com o meio ambiente.
41
22 SERVIÇOS OFERECIDOS E ATIVIDADES PRATICADAS PELO VISITANTE
O meio rural oferece uma série de serviços e atividades aos seus visitantes.
Neste item, apresentam-se alguns serviços e equipamentos turísticos, bem como
atividades turísticas que podem ser desenvolvidas nas propriedades rurais ou na
região:
a) Serviços e equipamentos turísticos: serviços, edificações e instalações
indispensáveis ao desenvolvimento da atividade turística e que existem em função
dela:
 Hospedagem – estabelecimentos que oferecem alojamento e serviços
necessários ao conforto do hóspede. No Turismo Rural, as maiores frequências
são fazenda-hotel/ hotel-fazenda, hospedagem domiciliar (quarto nas
propriedades rurais, cama e café, alojamento) e pousada;
 Alimentação – pode ser oferecida por restaurantes tradicionais ou por
propriedades rurais, que geralmente oferecem café colonial, almoço e jantar
com pratos típicos, degustação de produtos caseiros;
 Guiamento, condução e recepção – atendimento e orientação ao turista
individual ou em grupo, via centro de informações turísticas, agências e
operadoras de turismo receptivo, guias ou condutores locais (muitas vezes os
próprios agricultores, artesãos ou proprietários rurais);
 Transporte no local – serviços específicos para deslocamento no
destino: ônibus de excursão, vans, traslados, bem como veículos rurais
(passeio de trator, de charrete).
b) Atividades que podem ser praticadas pelo visitante: atividades cuja prática
estão relacionadas ao meio rural, encontradas nas propriedades rurais brasileiras:
 Atividades agropecuárias
 Agricultura – cultivo de espécies vegetais úteis para a alimentação
humana e animal ou como matéria-prima para indústria têxtil, farmacêutica etc.
Plantação de cereais, frutas, hortaliças, leguminosas etc.;
 Criação de animais – inclui todos os tipos de manejo de animais:
bovinocultura, caprinocultura, ovinocultura, suinocultura, piscicultura etc.
42
 Atividades de transformação – referem-se à transformação de matéria-
prima vegetal, animal ou mineral: produção agroindustrial (compotas, doces,
bebidas, farinhas, panificação, laticínio, ervas, polpas) ou manual (facas, panos
e bordados, mesas, instrumentos musicais);
 Atividades ecoturísticas – atividades de interação com a natureza, que
incentivem o comportamento social e ambientalmente responsável: trilhas,
observação da fauna (pássaros, borboletas, jacarés, peixes) e da flora
(espécies vegetais nativas, parques, etc.), caminhadas na natureza, trilhas,
banhos de cachoeiras e rios, cicloturismo;
 Aventura – atividades recreativas e não competitivas que envolvem
riscos controlados e assumidos: arvorismo, bóia-cross, rapel, tirolesa,
montanhismo, mountain-bike, trekking, turismo fora de estrada;
 Atividades interativas com gado – abrangem atividades que envolvam a
interação do homem com cavalo, jumento, burro, boi, carneiro etc para
desempenho de alguma lida no campo ou para lazer, esporte e aventura:
ordenha, cavalgadas, campeadas, torneios, comitivas, tropeadas ou outras
denominações regionais, passeios de carroça, rodeio, hipismo;
 Pesca – compreende a prática da pesca amadora: pesque-pague, pesca
em rios, lagos, represas;
 Atividades esportivas – compreendem os jogos e disputas competitivas,
com a presença de normas definidas: corrida de moto, de bicicleta, de aventura,
rali, canoagem, caça e tiro;
 Atividades pedagógicas – atividades de cunho educativo que auxiliam
no processo ensino-aprendizagem, comumente promovidas por escolas e
realizadas pelos respectivos grupos de estudantes. É o chamado Turismo Rural
Pedagógico, um recurso motivador de aprendizagem, capaz de auxiliar na
formação dos alunos - reforçando conceitos como o de cidadania, consciência
ambiental e patrimonial – e de fornecer experiências de vida em grupo: aulas
práticas interpretativas do ambiente, palestras informativas, vivências e
experiências variadas nos ambientes visitados, incluindo participação em
colheitas, ordenhas, trato de animais;
Atividades culturais
43
Manifestações populares – acontecimentos ou formas de expressão
relacionados à música, dança, teatro, artes plásticas, literatura, folclore, saberes e
fazeres locais, práticas religiosas ou manifestações de fé: rodas de viola, folia de reis,
crenças, catira, rezas, novenas, “contação de casos”;
Fonte: g1.globo.com
Produção de artesanato – objetos produzidos manualmente ou com
equipamentos rudimentares, em pequena escala, característicos da produção de
artistas populares da região, utilizando matéria-prima regional; (Figura 21).
Observação da arquitetura típica ou histórica – contempla as construções
típicas do campo (açude, capela, curral, estufa), as técnicas e materiais construtivos
peculiares ou da região (pau-a-pique, sapé, madeira, pedra e outros) e as construções
históricas (engenho, alambique, casa de farinha, vinícola);
Visita a museus e casas de cultura – locais destinados à apresentação, guarda
e conservação de objetos de caráter cultural ou científico: museu da cachaça, museu
do folclore, vinícola desativada, moinho;
Gastronomia – práticas e conhecimentos relacionados com a arte e técnica de
cozinhar. Relaciona-se com o aprendizado e a degustação de pratos de consumo
tradicionais da região, utilizando ingredientes locais.
44
23 QUALIDADE DE SERVIÇOS NO AGROTURISMO
A qualidade de um serviço é fator determinante no desenvolvimento da
atividade turística. Entretanto, é um conceito particularmente subjetivo que pode, no
entanto, ser caracterizado através de alguns indicadores.
Uma forma de maximizar a chance desta relação, prestadores de serviços —
turistas ser bem sucedida é estabelecer um referencial de qualidade que garanta
confiabilidade nesta relação. Para prestar um conjunto de serviços que atenda e/ou
exceda as expectativas dos clientes faz-se necessário conhecer quais são suas
necessidades e desejos, e a partir daí, estabelecer critérios que harmonizem as
práticas relativas a comercialização deste serviço.
.
Fonte: www.booking.com
A qualidade de uma experiência turística dependente de uma variedade de
fatores, o que dificulta a adoção de uma definição clara e precisa. O fato de o produto
turístico ser o resultado da conjugação de uma série de subsistemas, tanto do ponto
de vista dos poderes públicos quanto da iniciativa privada, com elementos de natureza
tangível e intangível, agrava essa dificuldade (MOREIRA, 2010).
A importância da qualidade na atividade turística vem sendo percebida pelos
diferentes órgãos que atuam no setor, inclusive por aqueles que se dedicam
45
diretamente à atividade do turismo em área rural, e algumas iniciativas neste sentido
começam a ser discutidas e implementadas em alguns lugares (Figura 22).
A qualidade de serviço percebida pelo cliente pode ser considerada como um
julgamento sobre a superioridade desse serviço que é o resultado das diferenças entre
as expectativas e as percepções do cliente (Parasuraman et al., 1985;
Grönroos, 1990). Cronin e Taylor (1922; 1994) defendem que a qualidade do
serviço deveria estar baseada nas percepções do cliente relativamente aos serviços
prestados. Para Albrecht e Bradford (1992) a qualidade representa a capacidade que
um serviço tem para satisfazer uma necessidade, para resolver um problema ou para
fornecer valor acrescentado.
Apesar das várias definições sobre o que qualidade realmente significa, um
denominador comum sobressai: a satisfação das necessidades dos clientes. Assim,
pode concluir que a qualidade está fortemente relacionada com a satisfação dos
clientes e está é alcançada quando as expectativas dos clientes igualam ou superam
as suas experiências e percepções (MOREIRA, 2010).
O Plano Nacional do Turismo (PNT) para 2003 a 2007, desenvolvido pelo
ministério do turismo, traz em seu conjunto de programas um pacote voltado para a
questão da qualidade, denominado macro programa de qualidade do produto turístico.
Abrangem duas vertentes, uma delas relacionada à normatização da atividade
turística e outra, referente a um programa de qualificação profissional.
A ABRATURR — Associação Brasileira do Turismo Rural desenvolveu um
programa de capacitação com foco na qualidade, que foi incorporado pelo Ministério
do Turismo e foi apresentado no documento Diretrizes para o Desenvolvimento do
Turismo Rural no Brasil (2003). Este documento propõe como sua quinta diretriz a
capacitação voltada para a preparação de agentes e atores envolvidos na atividade
para atuarem voltados para a qualidade. Indica como estratégias a identificação das
diferentes necessidades de capacitação; a avaliação de programas, metodologias e
possíveis parceiros; a elaboração conjunta de políticas, programas e projetos
específicos de profissionalização; a promoção de 47 cursos de qualificação e
aperfeiçoamento profissional; o apoio e promoção de cursos e seminários de
capacitação em desenvolvimento local e regional; o apoio e promoção de eventos
locais, regionais, nacionais e internacionais.
46
24 AGROINDÚSTRIA
No final da década de 90 do século XX, surgem programas de estímulo a
agroindústrias familiares em todo país. A agregação de valor aos produtos da
agricultura familiar é mais que uma tradição, é uma forma de aumentar a renda das
famílias rurais, valorizar a cultura e gerar ocupação. A atividade da agroindústria é
uma das grandes alternativas de agregação de valor ao produto rural, com o
beneficiamento do produto “in natura”. Com a implantação do turismo na propriedade,
isto se potencializa, na medida em que a comercialização do produto pode se dar
dentro da própria propriedade, suprimindo o custo de distribuição e contribuindo para
diversificar os atrativos do empreendimento (Figura 23).
.
Fonte: www.emater.pr.gov.br
Por meio da agroindústria artesanal, o alimento é processado e conservado,
sem que haja adição de elementos químicos, como aditivos e conservantes artificiais.
Isso é possível graças às várias tecnologias que seguem o método tradicional, cultural
e regional de transformação de alimentos. Com isso, os alimentos duram mais e não
perdem suas características específicas (cor, sabor e aroma).
Diversos estudos, tem mostrado que as agroindústrias familiares, de modo
geral, têm encontrado dificuldades para sua consolidação. Dentre os empecilhos,
podemos citar como fundamental a incompatibilidade da escala de produção das
47
agroindústrias familiares com as exigências dos grandes circuitos de mercado,
pautada pela padronização e regularidade no fornecimento (SIVEIRA, 2010).
Junto a isso, vieram exigências sanitárias buscando a legalização dos
empreendimentos de processamento artesanal de alimentos, através de investimento
em instalações e equipamentos, exigidos pela legislação sanitária vigente.
A pressão da legislação sanitária vigente leva a um processo de substituição
de procedimentos artesanais de produção por procedimentos industriais, onde o
fundamento é a padronização do produto, a garantia de que aquela marca não
apresenta variação nem em qualidade, nem em características do produto, devido a
procedimentos técnicos e operações de máquinas sob rígido controle, enquanto o
artesanal é o império do como fazer, da variável humana, da diferenciação (Silveira;
Heinz, 2005).
Nesse contexto, surge o problema com a inflexibilidade da legislação diante de
uma pequena escala de produção e um consumo quase imediato, situação da
produção artesanal desenvolvida na agricultura familiar. Associando qualidade a
estrutura física, a legislação condena esta produção artesanal à informalidade, pois
seria necessário um investimento necessário para sua regularização, além de suas
possibilidades e interesse.
E, justamente nas pequenas unidades de processamento de alimentos, “a
qualidade dos alimentos (...) está mais ligada à qualidade da matéria prima, à saúde
e higiene das pessoas que manipulam os alimentos, à higiene das instalações, ao
fluxograma operacional dos trabalhos da agroindústria etc.” (PREZZOTTO, 2002, p.9).
Diante de tal realidade, “a questão fundamental é quais critérios de qualidade
devem ser adotados em circuitos locais e regionais de produção, distribuição e
consumo, considerando que seu contexto é diverso da base epistêmica de que parte
a legislação sanitária” (SILVEIRA & ZIMERMANN, 2004, p. 219).
Dessa forma, uma série de estratégias implementadas no sentido de buscar a
viabilização econômica das propriedades rurais e que, ao mesmo tempo, podem
aumentar a atratividade turística de determinados territórios, a saber:
-Beneficiamento e processamento mínimo de matérias-primas de origem
animal ou vegetal, transformando-as em embutidos, conservas, produtos lácteos,
compotas, bebidas, artigos de vestuário, decorativos, utilitários etc. Esses processos
48
agregam valor e qualidade à produção agropecuária ou ao extrativismo, além de servir
como aproveitamento do excedente.
Fonte: www.sul21.com.br
b) Apresentação dos produtos: utilização de embalagens especiais que
valorizem a aparência dos produtos e o uso de materiais recicláveis e da região,
destacando a identidade local.
c) Produção de alimentos ambientalmente correta: a sociedade valoriza cada
vez mais métodos sustentáveis de produção de alimentos para se ter uma
alimentação saudável e ambientalmente correta. Destacam-se as práticas baseadas
na agroecologia, agricultura orgânica, agricultura ecológica, agricultura biodinâmica e
outras (Figura 24).
d) Diversificação da produção: plantio e criação de variadas espécies – de
plantas e animais – a fim de proporcionar ao turista novos sabores e experiências,
devendo ser privilegiadas as plantas e os animais da região.
e) Certificação dos produtos: selos orgânicos, de comércio justo e solidário, de
origem: a certificação é mais uma garantia para o turista de que está de fato
consumindo um alimento de qualidade (Figura 25).
49
25 AGROINDUSTRIA: PRODUTOS ORGÂNICOS
Alimentos livres de agrotóxicos têm ganhado a simpatia e a preferência de
consumidores em todo o mundo. A busca por uma alimentação mais saudável tem
feito com que o consumo aumente de 15 a 30% ao ano no Brasil, e este sistema
produtivo alcance cada vez mais destaque no mercado. O rótulo “orgânico” é aplicado
às mercadorias produzidas de acordo com normas de controle que vão da produção
à comercialização, passando pela manipulação e o processamento.
Fonte: www.portaldoagronegocio.com.br
Grande parte dos estudos sobre a agricultura orgânica certificada enfatiza a
importância dos seus benefícios econômicos, sociais e ambientais e as oportunidades
que ela traz para os PBR. Entretanto, segundo Fonseca (2005), deve-se considerar a
AO de forma mais realista. De forma geral, a agricultura orgânica:
a) É um setor ainda muito pequeno, com exceção da produção de alguns
produtos em determinadas regiões ou países;
b) Enfrenta pontos de estrangulamento na produção, comercialização e
institucionalização que precisam ser superados. Destacam-se o acesso a mercados e
os prêmios nos preços que são frequentemente incertos mesmo em mercados de
exportação e normas técnicas não adequadas às diferentes realidades tecnológicas,
econômicas, políticas, geográficas, climáticas e culturais;
50
c) Os procedimentos complexos de importação e questões envolvendo os
procedimentos de avaliação da conformidade como a certificação de produtos e a
acreditação de OC’s de produtos precisam ser reconhecidos pelos compradores;
d) Os efeitos dos subsídios e de outras medidas de apoio nos PAR sobre a
competitividade dos produtos orgânicos dos PBR, que competem com produtos
orgânicos produzidos localmente ou regionalmente, são problemas preocupantes;
e) A preferência dos consumidores dos PAR pelos produtos locais e o
reconhecimento da garantia da conformidade ligada a reputação de marcas
comerciais locais é uma realidade nos PAR, principalmente em alguns países da
União Europeia (UE);
f) É preciso distinguir analiticamente duas categorias de sistemas de AO: a
produção orgânica certificada, inspecionada, verificada e atestada como tal e a
produção orgânica de fato (BRASIL. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E
ABASTECIMENTO, 2007).
26 SISTEMAS
Os produtores de orgânico destacam que a atividade tem impacto ambiental
positivo, como a ampliação dos ecossistemas locais e a redução do aquecimento
global. A prioridade desse sistema é empregar matéria orgânica e adotar boas
práticas que harmonizem os processos biológicos. Os produtos orgânicos são
provenientes de sistemas baseados em processos naturais.
As técnicas para obter o produto orgânico incluem manejo da matéria orgânica,
uso de adubação verde e biofertilizantes, consórcio e a rotação de culturas, emprego
de sementes crioulas ou de variedades mais resistentes e adaptadas e utilização de
controle fitossanitário biológico, mecânico ou cultural. Estes fatores garantem a
qualidade dos alimentos orgânicos.
27 NORMATIZAÇÃO
As primeiras normas privadas internacionais na agricultura orgânica foram
estabelecidas no início da década de 1980 pela Ifoam, reeditadas desde então a cada
51
dois ou três anos (IFOAM, 2002). Após discussão por nove anos, ao fim da década
de 1990, a Comissão do Codex Alimentarius (Codex Alimentarius Commission – CAC)
estabeleceu diretrizes internacionais para produção vegetal e processamento de
produtos da agricultura orgânica, e para produção animal em 2001 (CAC/GL 32, 1999,
rev. 2001).
A legislação brasileira estabelece três instrumentos para garantir a qualidade
dos alimentos: a certificação por auditoria, os sistemas participativos de garantia e o
controle social para a venda direta sem certificação.
Os agricultores que buscarem a certificação por auditoria ou participativa
poderão utilizar o selo oficial nos seus produtos. O selo é fornecido por organismos
de avaliação de conformidade credenciados pelo Ministério da Agricultura. Eles são
os responsáveis pelo acompanhamento e fiscalização dos produtos.
Os grupos de agricultores familiares que quiserem atuar na venda direta
recebem uma declaração de cadastro emitida pelo Ministério da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento - Mapa. O governo federal tem estimulado, em parceria com
entidades públicas e privadas, a difusão da agricultura orgânica com cursos de
capacitação, promoção de feiras orgânicas para o escoamento dos produtos e
certificação da produção. A certificação garante a origem e a forma produtiva do
alimento que chega ao consumidor, atestando que a produção está em harmonia com
o meio ambiente.
Assim, para que possam comercializar seus produtos no Brasil com
"Orgânicos", os produtores devem se regularizar de uma das formas a seguir:
 Obter certificação por um Organismo da Avaliação da Conformidade
Orgânica (OAC) credenciado junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento - MAPA; ou
 Organizar-se em grupo e cadastrar-se junto ao MAPA para realizar a
venda direta sem certificação.
Quando o produtor se cadastrou apenas para venda direta sem certificação,
não pode vender para terceiros, só na feira (ou direto ao consumidor) e para as
compras do governo (merenda e CONAB).
Quando o produto é certificado, pode vender seu produto em feiras, mas,
também, para supermercados, lojas, restaurantes, hotéis, indústrias, internet etc
52
28 CERTIFICAÇÃO
A certificação pode ser entendida como um sistema de coordenação vertical de
cadeias produtivas, visando a garantia de qualidade do produto e/ou processo, de
acordo com as necessidades específicas dos consumidores, sejam estes imediatos
ou finais (LEONELLI, 2012). Um conceito amplo de certificação, segundo Nassar
(1999), “é a padronização de atributos de um produto, processo ou serviço, garantindo
que tais produtos se enquadram em normas pré-definidas”.
Com legislação própria desde 2003, a produção orgânica passou a ser
certificada obrigatoriamente desde 2011 no mercado brasileiro, com um selo
específico para o consumidor identificar o produto. A ação busca diferenciar os
orgânicos e informar o que está por trás da agricultura ecológica. O produtor deve
fazer parte do Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos, o que é possível apenas
se estiver certificado por um dos três mecanismos: Certificação, Controle da venda
direta, participativo de garantia.
Pesquisas internacionais demonstram que alimentos orgânicos apresentam,
em média, 63% a mais cálcio, 73% mais ferro, 118% mais magnésio, 178% mais
molibdênio, 91% mais fósforo, 125% mais potássio, 60% mais zinco que os alimentos
convencionais. Possuem menor quantidade de mercúrio (29%), substancia que pode
causar doenças graves (Journal of Applied Nutricion, 1993). Valores nutritivos e
benefícios dos Alimentos Orgânicos:
 Vitalidade comprovada cientificamente.
 Maior concentração de nutrientes, vitaminas, sais e proteínas (ex:
vitamina C e outros antioxidantes, além de compostos fenólicos).
 Possibilitam uma menor necessidade de calorias.
 Maior vida de prateleira.
 Redução de contaminações ambientais, animais e humanas.
 Redução das doenças degenerativas.
A certificação tem sido um instrumento competitivo para produtores de frutas,
por exemplo, que procuram responder às necessidades dos mercados, seja interno
ou externo. Conhecendo esta realidade, Machado (2002), afirma que:
53
O sucesso da utilização da estratégia de certificação de frutas, legumes e
verduras depende da capacidade de monitoramento, poder de exclusão e reputação
da organização externa escolhida para garantir a conformidade com os padrões
adotados pelo varejo moderno. O domínio dos supermercados na comercialização de
alimentos e a crescente concentração do varejo, com grandes redes internacionais
adquirindo supermercados brasileiros, têm levado à internacionalização de padrões,
o que pode induzir ao entendimento de que, em pouco tempo, a certificação deixará
de interessar apenas a produtos exportáveis e assumirá importância também para os
produtos de consumo interno. Ou seja, quem não produzir com qualidade não
conseguirá espaço para seu produto, nem mesmo no mercado interno (MACHADO,
2002, p. 64).
Para conseguir a certificação é preciso seguir alguns passos e se adequar as
modificações exigidas atualmente pela legislação brasileira.
Fonte: www.projetosegundafeira.com.br
A primeira mudança é no nome. A certificação agora é conhecida
como Mecanismos de Controle para a Garantia da Qualidade Orgânica. Como podem
observar, são mecanismos, no plural mesmo. Há três formas de certificação, ou
melhor, de mecanismos de controle já vistos acima. E esta é a segunda grande
mudança na forma de garantir a qualidade orgânica do produto (CERVEIRA, 2015).
54
Desde 2011 foram oficializados três diferentes formar de “certificar” o produto
orgânico. Reparem nas aspas, pois cada tipo tem, como resultado, diferentes formas
de mostrar ao consumidor que o produto é orgânico (Figura 27).
A primeira forma foi denominada Certificação, que nada mais é do que uma
forma de avaliar a qualidade dos produtos orgânicos. O mecanismo da certificação se
dá por meio de empresas públicas ou privadas, com ou sem fins lucrativos. Essas
empresas realizam inspeções e auditorias, seguindo procedimentos básicos
estabelecidos por normas reconhecidas internacionalmente e, é claro, adequadas à
legislação em vigor. Um desses procedimentos básicos é não ter nenhum tipo de
ligação com o processo produtivo que estão avaliando (CERVEIRA, 2015).
A segunda forma é denominada Sistemas Participativos de Garantia
(SPG), caracterizados pelo controle social e pela responsabilidade solidária, podendo
abrigar diferentes métodos de geração de credibilidade adequados a diferentes
realidades sociais, culturais, políticas, territoriais, institucionais, organizacionais e
econômicas. O controle social é feito por intermédio da geração de credibilidade,
necessariamente reconhecido pela sociedade, organizado por um grupo de pessoas
que trabalham com comprometimento e seriedade. Ele é estabelecido pela
participação direta dos seus membros (consumidores, produtores) em ações coletivas
para avaliar a conformidade dos fornecedores aos regulamentos técnicos da produção
orgânica, ou seja, avaliar o comprometimento dos produtores com as normas exigidas
para esse tipo de produção. Já a responsabilidade solidária acontece quando todos
os participantes do grupo se comprometem com o cumprimento das exigências
técnicas para a produção orgânica e responsabilizam-se de forma solidária nos casos
de não cumprimento delas (CERVEIRA, 2015).
55
Fonte: www.toninhovespoli.com.br
O último mecanismo é chamado de Controle Social pela Venda Direta. A venda
direta é aquela que ocorre entre o produtor e o consumidor final, sem intermediários
(Figura 28). A legislação brasileira também aceita que a venda seja feita por outro
produtor ou membro da família que participe da produção e que também faça parte
do grupo vinculado à Organização de Controle Social (OCS). Nesse caso, é possível
ser considerado orgânico sem necessidade de seguir os outros processos de garantia
de orgânico. Esse grupo participante precisa necessariamente estar cadastrado no
Ministério da Agricultura, que emitirá uma declaração de que o membro do grupo é
considerado orgânico (CERVEIRA, 2015).
29 INDICAÇÃO GEOGRÁFICA
O registro de Indicação Geográfica (IG) é conferido a produtos ou serviços que
são característicos do seu local de origem, o que lhes atribui reputação, valor
intrínseco e identidade própria, além de os distinguir em relação aos seus similares
disponíveis no mercado. São produtos que apresentam uma qualidade única em
função de recursos naturais como solo, vegetação, clima e saber fazer (know-how ou
56
savoir-faire). O Instituto Nacional de Propriedade Industrial - INPI é a instituição que
concede o registro e emite o certificado (BRASIL. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA,
2015).
A Indicação Geográfica (IG) é usada para identificar a origem de produtos ou
serviços quando o local tenha se tornado conhecido ou quando determinada
característica ou qualidade do produto ou serviço se deve a sua origem. No Brasil,
existem duas espécies ou modalidades de Indicação Geográfica: “Indicação de
Procedência (IP)” e “Denominação de Origem (DO)”. (BRASIL. MINISTÉRIO DA
AGRICULTURA, 2015).
A Lei da Propriedade Industrial 9.279 de 14 de maio de 1996 – LPI/96,
considera indicação geográfica a indicação de procedência e a denominação de
origem, dando ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial – INPI, a competência
para estabelecer as condições de registro das indicações geográficas no Brasil (INPI,
2015).
A indicação de procedência refere-se ao nome do local que se tornou
conhecido por produzir, extrair ou fabricar determinado produto ou prestar
determinado serviço (INPI, 2015).
A denominação de origem refere-se ao nome do local, que passou a designar
produtos ou serviços, cujas qualidades ou características podem ser atribuídas a sua
origem geográfica (INPI, 2015)
A relação entre Indicação Geográfica e território é apresentada por Jeziorny
(2009, p. 148): “Concluímos que as indicações geográficas e o território formam uma
espécie de simbiose, pois não existe indicação geográfica sem o território, ao passo
em que o próprio território pode se desenvolver por meio da construção de uma
indicação geográfica”. Assim, a IG se constitui, segundo as normas brasileiras, em um
ato declaratório que, de acordo com sua tipologia, será uma Indicação de Procedência
ou uma Denominação de Origem.
É possível entender, então, que, quando um território possui um produto ou
serviço com diferencial e que este possa ser declarado como IG, são gerados
impactos não somente aos produtores e à cadeira produtiva ligada ao produto com
IG, mas para todo território circundante. Assim, os produtos que possuem Indicação
Geográfica são capazes de gerar um incremento no preço de venda e, com isso,
57
contribuir para a agregação de renda e ainda corroborar economicamente o
desenvolvimento territorial.
Agora vamos entender passo a passo como proceder para solicitar a Indicação
Geográfica segundo o Guia básico de indicação geográfica, do Instituto Nacional de
Propriedade Industrial – INPI.
29.1 1) Entenda
A Indicação Geográfica (IG) é usada para identificar a origem de produtos ou
serviços quando o local tenha se tornado conhecido ou quando determinada
característica ou qualidade do produto ou serviço se deve a sua origem. No Brasil, ela
tem duas modalidades: Denominação de Origem (DO) e Indicação de Procedência
(IP).
29.2 2) Prepare a documentação
Para fazer uma solicitação de IG, é preciso cumprir certos
requisitos: produtores ou prestadores de serviços devem estar organizados numa
entidade representativa; deve haver um regulamento de uso do nome geográfico e a
comprovação da existência de uma estrutura de controle, entre outros. Também são
necessárias comprovações específicas às espécies da IP ou DO.
29.3 3) Pague a taxa
Confira os valores das taxas. Cooperativas e outros grupos têm direito a
desconto. Emita e pague a Guia de Recolhimento da União (GRU).
29.4 4) Inicie o pedido
Com a documentação pronta e a Guia paga, você pode fazer o pedido na sede
do INPI, no Rio de Janeiro (Rua Mayrink Veiga, 9 - térreo), ou na representação do
INPI em seu estado na representação do INPI em seu estado. Você também pode
58
fazer a solicitação por via postal, com aviso de recebimento. O endereço é Rua
Mayrink Veiga, 09, 21º andar - Centro do Rio de Janeiro - CEP é 20090-910.
29.5 5) Acompanhe
O processo passará por diferentes etapas, que poderão exigir do usuário o
envio de novos documentos. Entenda o processamento do pedido. Para não perder
prazos, é importante acompanhar o pedido por meio da consulta à Revista da
Propriedade Industrial (RPI), publicada às terças-feiras.
Fonte: loja.ibge.gov.br
30 VALORES DOS PRODUTOS ORGÂNICOS
Os preços dos produtos orgânicos variam muito no tempo, em razão das
tendências da estação de produção e consumo, mas também de um lugar de mercado
para outro em um mesmo país. Os produtos orgânicos apresentam preços mais altos
que o produto convencional (de 20 a 200% mais caros), dependendo do produto e do
ponto de venda. Parte desse prêmio no preço é resultado das diferenças nos custos
de produção e de distribuição.
59
Os processos de comercialização e distribuição de produtos orgânicos são
complexos. Eles envolvem processos de limpeza, classificação, embalagens
informativas e distribuição pulverizada para atingir os consumidores que ainda estão
se formando, além de driblar os grandes atacadistas cujo critério tem, em grande
parte, base em quantidade e preço.
O Ministério da Agricultura divulgou, em janeiro de 2016, números sobre o
mercado de orgânicos no País. Em 2014, a agricultura orgânica movimentou cerca de
R$ 2 bilhões e a expectativa é que, em 2016, esse número alcance R$ 2,5 bilhões,
segundo o setor (BRASIL. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, 2016). Em 2015, o
faturamento do setor foi estimado em R$ 2,5 bilhões.
Nas últimas cinco temporadas, o lucro com produtos considerados saudáveis
dobrou e atingiu a marca de US$35 bilhões. “A estimativa é de que este mercado
continue com o crescimento na ordem de 35- 40% ao ano. O setor está em plena
ascensão e deve permanecer assim no futuro”, avalia Ming Liu, Coordenador
Executivo do Organics Brasil.
Principal responsável pela comida que chega às mesas das famílias brasileiras,
a agricultura familiar responde por cerca de 70% dos alimentos consumidos em todo
o País. O pequeno agricultor ocupa hoje papel decisivo na cadeia produtiva que
abastece o mercado brasileiro: mandioca (87%), feijão (70%), carne suína (59%), leite
(58%), carne de aves (50%) e milho (46%) são alguns grupos de alimentos com forte
presença da agricultura familiar na produção (BRASIL. MINISTÉRIO DA
AGRICULTURA, 2015).
Atualmente, há 11.084 produtores no Cadastro Nacional de Produtores
Orgânicos, gerenciado pelo Mapa. O banco de dados é liderado pelos estados do Rio
Grande do Sul (1.554), São Paulo (1.438), Paraná (1.414) e Santa Catarina (999). A
área de produção orgânica no Brasil abrange 950 mil hectares. Nela, são produzidas
hortaliças, cana-de-açúcar, arroz, café, castanha do Brasil, cacau, açaí, guaraná,
palmito, mel, sucos, ovos e laticínios. O Brasil exporta para mais de 76 países. Os
principais produtos exportados são açúcar, mel, oleaginosas, frutas e castanhas
(BRASIL. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, 2015).
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  • 1.
  • 2. 1 SUMÁRIO 1 TURISMO ...................................................................................................4 2 CONCEITO DE TURISMO..........................................................................4 3 BREVE HISTÓRIA DO TURISMO..............................................................6 4 TIPOS E FORMAS DE TURISMO ............................................................10 5 DIFERENÇAS ENTRE CATEGORIAS DE VIAJANTES, VISITANTE, VERANISTA, TURISTA E EXCURSIONISTA ...........................................................11 6 TURISMO RURAL ....................................................................................12 7 ELEMENTOS BÁSICOS DO TURISMO RURAL ......................................13 8 AGROTURISMO.......................................................................................14 9 DEFINIÇÃO: .............................................................................................14 10 PRINCÍPIOS DO AGROTURISMO........................................................16 11 A EXPERIÊNCIA BRASILEIRA .............................................................17 12 O ESPAÇO URBANO E O ESPAÇO RURAL .......................................18 13 DEFINIÇÕES DE MEIO RURAL............................................................20 14 CARACTERIZAÇÃO DO TURISMO RURAL.........................................23 15 A PRESERVAÇÃO DA ATIVIDADE ORIGINAL ....................................26 16 A VALORIZAÇÃO DA VIDA NO CAMPO E DA CULTURA LOCAL ......28 17 A UNIDADE DE PRODUÇÃO RURAL VISTA COMO UM SISTEMA....32 17.1 Identificação e inserção da unidade de produção...........................32 17.2 Estrutura e funcionamento da unidade de produção.......................33 17.3 Aspectos econômicos e financeiros................................................33 18 ATRATIVOS TURÍSTICOS....................................................................34 18.1 a) Pode se desenvolver em áreas que não disponham, necessariamente, de paisagens com recursos turísticos extraordinários:.............36
  • 3. 2 18.2 b) Necessita de reduzidos volumes de investimentos em relação a outros segmentos: .................................................................................................36 18.3 c) Propriedades rurais geralmente estão localizadas próximas aos núcleos emissores: ................................................................................................37 19 A “EXPERIÊNCIA” NO TURISMO RURAL............................................37 20 A VIVÊNCIA NO MUNDO RURAL.........................................................38 21 ESTRUTURA TURÍSTICA.....................................................................40 22 SERVIÇOS OFERECIDOS E ATIVIDADES PRATICADAS PELO VISITANTE 41 23 QUALIDADE DE SERVIÇOS NO AGROTURISMO ..............................44 24 AGROINDÚSTRIA.................................................................................46 25 AGROINDUSTRIA: PRODUTOS ORGÂNICOS....................................49 26 SISTEMAS ............................................................................................50 27 NORMATIZAÇÃO..................................................................................50 28 CERTIFICAÇÃO....................................................................................52 29 INDICAÇÃO GEOGRÁFICA..................................................................55 29.1 1) Entenda.......................................................................................57 29.2 2) Prepare a documentação............................................................57 29.3 3) Pague a taxa...............................................................................57 29.4 4) Inicie o pedido.............................................................................57 29.5 5) Acompanhe.................................................................................58 30 VALORES DOS PRODUTOS ORGÂNICOS.........................................58 31 PREÇOS DOS ORGÂNICOS................................................................60 32 ESTRUTURA DE MERCADO................................................................60 33 AGROINDÚSTRIA DO QUEIJO ............................................................61 34 Mercado mineiro....................................................................................64 34.1 Características do queijo.................................................................64
  • 4. 3 35 TURISMO CULTURAL ..........................................................................65 36 ARTESANATO ......................................................................................67 BIBLIOGRAFIA...............................................................................................71
  • 5. 4 1 TURISMO O turismo é visto como um dos fenômenos sociais mais importantes do nosso tempo, acessível a cada vez mais pessoas ávidas por viajar pelas mais diversas motivações. Apresenta distintos conceitos tratados de formas abrangentes, pois cada área o conceitua do seu ponto de vista. Essa observação pode ser compreendida de forma clara nas definições de Beni (2007, p. 34) que identifica que no campo acadêmico, nas empresas e nos órgãos governamentais há três dimensões para o conceito de turismo: a econômica, a técnica e a holística. O turismo está envolto por uma série de ideias e conceitos ligados ao tema viagens e ao deslocamento. Pode remeter ao turista a ideia de férias, ao empreendedor a ideia de lucro, aos trabalhadores a ideia de geração de emprego e renda e à comunidade autóctone a ideia de desenvolvimento local (PANOSSO NETTO, 2010). O crescimento da atividade do turismo faz com que muitos autores o observem de maneiras diferentes. Como uma indústria [...] “muito mais que uma indústria de serviços, é fenômeno com base cultural, com herança histórica, meio ambiente diverso, cartografia natural, relações sociais de hospitalidade, troca de informações interculturais” (MOESCH, 2000, p.20). O somatório que esta dinâmica sociocultural gera parte de um fenômeno recheado de objetividade-subjetividade, que vem a ser consumido por milhões de pessoas (MOESCH, 2000). O turismo é entendido por Fonseca Filho (2007) como uma “prestação” de serviços e, portanto, deve ser diferenciado do termo indústria que passa a ideia de que a “indústria do turismo” produz de maneira seriada seguindo um determinado padrão, sendo que na realidade o produto turístico, por ser a somatória de serviços, infraestruturas e equipamentos turísticos, não é produzido aos moldes das indústrias, é intangível e impossível de ser estocado. 2 CONCEITO DE TURISMO A palavra “turismo” surgiu no século XIX, porém, a atividade estende suas raízes pela história. Vários conceitos de turismo foram elaborados ao longo do tempo
  • 6. 5 para definir essa atividade. Na década de 40, Hunziker e Krapf, citados por Ignara (2003. p.12), definiam turismo como: […] o conjunto das inter-relações e dos fenômenos que se produzem como consequências das viagens e das estadas de forasteiros, sempre que delas não resultem um assentamento permanente nem que eles se vinculem a alguma atividade produtiva. Em 1963, reúne-se em Roma a Conferência das Nações Unidas sobre o Turismo e as Viagens Internacionais para tentar um consenso sobre o conceito de turismo. Dessa forma, se elabora o primeiro conceito de turismo: Atividade desenvolvida por uma pessoa que visita um país diferente daquele de sua residência habitual, com fins distintos do de exercer uma ocupação remunerada, e por um período de tempo de pelo menos 24 horas Esse conceito sofrerá várias modificações ao longo dos anos, incorporando, principalmente elementos provenientes das pesquisas quantitativas. Atualmente a Organização Mundial do Turismo – OMT assim define a atividade do turismo: O turismo é um fenômeno social, cultural e econômico, que envolve o movimento de pessoas para lugares fora do seu local de residência habitual, geralmente por prazer. (NACIONES UNIDAS / UNWTO, s/d, p. 1). Uma definição bem mais recente foi proposta por Mathieson e Wall, citados por Ignara (2003. p.13), para os quais o turismo poderia ser considerado como: […] movimento temporário de pessoas para locais de destinos externos a seus lugares de trabalho e moradia, às atividades exercidas durante a permanência desses viajantes nos locais de destino, incluindo os negócios realizados e as facilidades, os equipamentos e os serviços criados, decorrentes das necessidades dos viajantes. Uma das definições brasileiras mais conhecidas de turismo é a do pesquisador Mario Carlos Beni, que entende o turismo como [...] “um elaborado e complexo processo de decisão sobre o que visitar, onde, como e a que preço” (Beni, 2007, p. 35). Em termos da legislação, pode-se considerar a Lei nº 11.771 de 17 de setembro de 2008, que dispõem sobre a Política Nacional do Turismo e o define como: “atividades realizadas por pessoas físicas durante viagens e estadas em lugares diferentes do seu entorno um período inferior a 1 ano, com finalidades de lazer, negócios ou outros”.
  • 7. 6 Também há o entendimento de que o turismo possui ciclos de vida próprios, com fases diferentes e sequenciadas. Para Butler (1980), as destinações turísticas tem um ciclo de vida próprio. A partir de um entendimento orgânico, o autor afirma que há, primeiramente, um estágio de exploração da localidade. Nesse estágio o futuro destino não possui infraestrutura específica ao atendimento dos viajantes que, em pequenos números, não alteram o ambiente físico e social e geram pouca ou nenhuma importância econômica para a localidade. O segundo estágio apresentado por Butler (1980) é chamado de engajamento ou envolvimento, pois é nesse momento que surgem algumas facilidades aos viajantes e se inicia o processo de difusão do local. O estágio seguinte é o de desenvolvimento. Nessa fase o mercado local, por meio de propaganda feita em centros emissores de turistas, divulga produtos e serviços destinados a atender à crescente demanda e, assim, a localidade se define como um destino turístico. Nessa fase é comum que o número de turistas exceda o número de habitantes do local. O quarto estágio é o de consolidação, caracterizado pela diminuição do crescimento do número de turistas e da manutenção e estabilidade do número absoluto de visitantes – que ainda é maior do que o número de habitantes. Butler (1980) aponta o quinto estágio como uma fase de estagnação caracterizada pela percepção dos problemas (ambientais, sociais e econômicos) relacionados ao elevado número de turistas em relação aos recursos disponíveis no local. Para o autor, os problemas criados pelo turismo afastam os turistas, fazendo com que o destino “saia da moda”. (SCÓTOLO; PANOSSO NETTO, 2014, p.41). 3 BREVE HISTÓRIA DO TURISMO A palavra “turismo” surgiu no século XIX, porém, a atividade estende suas raízes pela história. Certas formas de turismo existem desde as mais antigas civilizações, mas foi a partir do século XX, e mais precisamente após a Segunda Guerra Mundial, que evoluiu como consequência dos aspectos relacionados à produtividade empresarial, ao poder de compra das pessoas e ao bem-estar resultante da restauração da paz no mundo (RUSCHMANN, 1997).
  • 8. 7 Fonte: blogdeacebedo.blogspot.com.br O turismo iniciou-se no século XVII, quando os primeiros sinais de crescimento industrial começaram a afetar a vida estabelecida há séculos. O aumento da riqueza, a ampliação da classe de comerciantes e a secularização da educação estimularam o interesse por outras culturas e pelo conceito de que viajar era uma forma de educação. No decorrer dos séculos, os homens viajaram de acordo com seus meios materiais disponíveis, seus conhecimentos adquiridos e suas convicções em vigor. Houve momentos mais propícios à prática das viagens e momentos menos propícios. Um dos momentos favoráveis é este que está se vivendo nas últimas décadas. As viagens, uma das manifestações do lazer, fazem parte da programação da grande maioria das pessoas, sobretudo para aquelas que vivem em países desenvolvidos (Figura 2). O século XX abriu as portas para a prática do turismo em grande escala, graças às transformações proporcionadas pela Revolução Industrial. O turismo passa a integrar a vida das nações.
  • 9. 8 Fonte: guia.folha.uol.com.br Segundo a Confederação Nacional do Comércio do Rio de Janeiro, a história do turismo no Brasil começa em 1904, com a aprovação da primeira lei de incentivos fiscais para a construção de hotéis no Rio de Janeiro, então Distrito Federal. O turismo começou a se firmar no país como atividade de grande importância socioeconômica. A chegada do primeiro grupo organizado de turistas ao Rio de Janeiro, a bordo do vapor Byron, em julho de 1907, desperta a curiosidade da população e é notícia de destaque nos jornais. Também no ano de 1907, dois importantes avanços legais trouxeram impactos altamente positivos para a atividade turística: o direito a férias remuneradas (já assegurado na Europa décadas antes) e a isenção de impostos aos cinco primeiros grandes hotéis da cidade. E em 1908, exatamente um século depois da chegada da Corte portuguesa ao Rio de Janeiro, pode-se dizer que a hotelaria brasileira atingia sua maioridade, com a inauguração do Hotel Avenida, símbolo da hotelaria carioca (CNC, 2007, p. 27). Grandes alterações urbanas promovidas no Rio e em São Paulo, especialmente nas primeiras décadas do século XX, afetaram a localização e o conceito arquitetônico dos novos hotéis. O alargamento de avenidas, a verticalização e o uso intenso de automóveis traçaram perfis diferenciados nas principais cidades do país. Assumindo papel de destaque na paisagem paulistana, surgem os hotéis Excelsior, Terminus e São Paulo (CNC, 2007, p. 28).
  • 10. 9 Nos anos de 1920, a próspera capital paulista vivia uma Belle Époque, com a inauguração de luxuosos hotéis e de imponentes palacetes, em meio a um processo de embelezamento da cidade (Figura 3). Bons exemplos dessa fase são o Hotel Terminus, na Avenida Prestes Maia, com mais de 200 quartos, e o Hotel Esplanada, com 250 quartos. Construído ao lado do Teatro Municipal, o Esplanada tornou-se o ponto de encontro da elite paulistana. Outro marco da época é o Hotel Central, na Avenida São João, o primeiro hotel de quatro pavimentos na cidade (CNC, 2007, p. 27). Passados cinco séculos desde o desembarque dos primeiros estrangeiros nas terras brasileiras, o Turismo representa hoje o terceiro produto de exportação na balança comercial brasileira, abaixo apenas da soja em grão e do minério de ferro, com uma arrecadação em torno de US$ 4 bilhões somente com a entrada de turistas estrangeiros. No setor doméstico, os desembarques totalizaram 24,3 milhões de passageiros nos primeiros sete meses do ano, indicando um aumento de quase 20% Com relação ao ano anterior. Hoje, a cadeia produtiva do turismo continua a fazer história e a promover o desenvolvimento do Brasil. (CNC, 2007). O turismo, uma prática social que se consolida com a modernidade, é apontado como um dos fenômenos mais importantes de nosso tempo, acessível a cada vez mais pessoas ávidas por viajar pelas mais diversas motivações — desfrutar momentos de prazer, realizar negócios, cuidar da saúde ou participar de eventos num lugar distante do habitual. Trata-se de um fenômeno histórico complexo que causa impactos na economia, no planejamento e na gestão de localidades, nas condições de mobilidade, nas políticas de preservação ambiental, nas relações de hospitalidade e alteridade (CASTRO, 2013, p.2) Apesar da recente popularização mundial da prática do turismo, o turismo rural e pesquisas sobre tal modalidade, tem origem no final do século XIX na Europa (Áustria e Suíça), porém, assim como outras modalidades de turismo dessa época, estava restrito às elites. Em virtude do desenvolvimento econômico pautado na industrialização e das conquistas trabalhistas nos países europeus, ambos ocorridos na década de 1950, a partir do fim da Segunda Guerra, o turismo rural desponta como atividade planejada, com destaque para a França, Espanha e Itália.
  • 11. 10 4 TIPOS E FORMAS DE TURISMO O grande desenvolvimento da atividade turística nos últimos anos criou a necessidade de se elaborarem classificações para melhor compreender as inúmeras e diferentes características das viagens, e também para possibilitar a quantificação do setor em termos comparáveis entre países, ou mesmo regiões. Todavia, a própria dinâmica se confirma como um obstáculo na classificação do turismo e, por consequência na elaboração de categorias que sejam suficientemente abrangentes. Nesse sentido, a Conferência Internacional de Estatísticas do Turismo organizada pela OMT em 1991, e cujas recomendações foram posteriormente adotadas pela Comissão Estatística das Nações Unidas, teve os seguintes objetivos: O desenvolvimento de uma definição uniforme e integrada e de um sistema de classificação das estatísticas do turismo. A implementação de uma metodologia para determinação do impacto econômico do turismo e do desempenho dos vários setores da indústria. O estabelecimento simultâneo de um meio de diálogo entre os governos e a indústria turística e um programa coerente de coleta de informação turística. Basicamente a prática do turismo é composta por três formas: Turismo Interno: praticado por residentes de um determinado país que viajam unicamente no interior desse país. Turismo Receptivo: compreende-se todo o conjunto de serviços de apoio e assistência destinados à recepção de pessoas provenientes de outras regiões do país ou do exterior. Turismo Emissor: caracteriza-se pelo movimento de pessoas que viajam para fora do local habitual de residência, atraídas pelas ofertas de outras regiões do país ou do exterior. É importante ressaltar que existem países ou regiões que se caracterizam no setor de viagens como receptivos, outros como emissivos. Conforme dados da Organização Mundial do Turismo (OMT), o turismo receptivo mundial tem crescido com maior rapidez nos países em desenvolvimento, tanto com relação à entrada de turistas quanto em ingresso de divisas, fator que demonstra melhor distribuição de recursos econômicos entre países nessa atividade.
  • 12. 11 Atualmente, as formas de se praticar as atividades relacionadas ao turismo podem ser divididas em relação à organização da viagem como: turismo individual ou turismo organizado. O turismo individual é aquele praticado em viagens sem a intervenção de uma empresa (agência de viagens especializada). Os viajantes tomam as devidas providências por conta própria: documentação, reserva nos meios de transporte, hospedagem, levantamento de material sobre o destino, roteiros entre outros itens. Nesse caso, não é possível estabelecer previamente um orçamento preciso. 5 DIFERENÇAS ENTRE CATEGORIAS DE VIAJANTES, VISITANTE, VERANISTA, TURISTA E EXCURSIONISTA  Veranista: indivíduos que habitualmente passa o verão fora do local onde reside.  Viajante: São os indivíduos que se deslocam entre dois ou mais lugares dentro ou fora do país.  Visitante: São as pessoas que se deslocam para um lugar diferente de onde mora. O tempo de permanência deve ser inferior a 12 meses.  Excursionista: todo o indivíduo que em sua viagem permanece um tempo inferior a 24 horas fora do local em que residência, mas sem pernoitar. Com a finalidade de recreio, esporte, saúde, motivos familiares, estudos, peregrinação religiosa ou negócio.  Turistas: toda pessoa, sem discriminação de etnia, sexo ou religião entra em um território contratante diferente do local de residência, com um prazo superior a 24 horas e inferior a 12 meses com o objetivo de lazer, esporte, saúde, motivos familiares, estudos, peregrinação religiosa ou negócio.
  • 13. 12 Fonte: Gonçalo Lopes, 2010 6 TURISMO RURAL Conforme afirma Sousa (2000), o turismo no meio rural é uma atividade que deve ser economicamente sustentável, ecologicamente correta, socialmente justa e verdadeiramente rural. A visão simplista do rural como agrícola vai ficando totalmente superada, pelo menos como campo de análise, já que novas funções vão sendo consolidadas e incorporadas nas estratégias de reprodução de muitas das famílias que habitam esse espaço. (ELESBÃO, 2007, p. 58). O deslocamento de pessoas das áreas urbanas para as rurais, possuem aspectos motivadores. A motivação que ocasiona o deslocamento do turista ao mundo rural está ligada ao imaginário rural dos urbanos e à busca por espaços com valores ecológicos, simbólicos e culturais a apreciar, bem como por lugares autênticos, com belas paisagens, com níveis mais baixos de poluição, ruídos e agitação que as cidades, no intuito de resgatar a nostalgia da vida próxima à natureza, a memória e
  • 14. 13 as raízes históricas no passado, de obter novas experiências e conhecimentos. (FUCKS; SOUZA, 2010, p. 100). O Turismo Rural caracteriza-se por satisfazer as necessidades de todos os envolvidos, ou seja, de quem oferece e de quem recebe, promovendo uma alternativa de desenvolvimento para as comunidades rurais por meio da diversificação dos polos turísticos, como oportunidade de novas fontes de renda, de diminuição do êxodo rural, como intercâmbio cultural e consciência ecológica. (SANTOS, 2004, p. 30). A especificidade do Turismo Rural é a produção agropecuária da propriedade rural convertida em produto turístico. 7 ELEMENTOS BÁSICOS DO TURISMO RURAL A atividade do Turismo Rural deve ser obrigatoriamente em harmonia com os seguintes interesses:  Da comunidade local  Do turismo  Do meio ambiente A harmonização destes fatores significa garantir a sustentabilidade da atividade através dos três elementos básicos:  Elementos culturais/antrópicos  Elementos ecológicos  Elementos econômicos O turismo, enquanto forma moderna de intercâmbio material entre o homem e a sua natureza externa, se comparado à agricultura, por exemplo, altera substancialmente tal interação ao inserir mudanças qualitativas ao nível das relações de trabalho, tendo em vista que a natureza preservada se configura como um importante atrativo turístico. Diante disso, tem-se uma nova forma de incorporação do trabalho humano ao espaço (BEDIM, 2008, p.11).
  • 15. 14 8 AGROTURISMO Dentro da realidade brasileira, o desenvolvimento de regiões rurais deve ser entendido como fundamental para a sociedade como um todo e como uma das poucas possibilidades restantes para a superação do quadro desordenado de desequilíbrio econômico, social, ambiental e territorial que se alastra por todo o país (Guzzatti: Tures, 2011). Segundo Turnes (1996), as diretrizes norteadoras deste processo de desenvolvimento rural devem considerar que: a) A agricultura familiar deve ser a base de um novo modelo; b) A cooperação e a solidariedade entre os atores sociais locais são fundamentais para a manutenção da sustentabilidade dos processos de desenvolvimento; c) A melhoria da qualidade de vida das populações rurais, através da criação de infraestrutura social, é um fator determinante para a perenidade dos projetos econômicos locais; d) A geração de oportunidades de ocupação da mão de obra e renda deve constituir-se em meta estratégica. Neste sentido, a revalorização dos espaços locais deve prever a criação de novas oportunidades de trabalho, priorizando as populações mais jovens. 9 DEFINIÇÃO: Agro Turismo é uma modalidade de turismo praticada no meio rural, por agricultores familiares dispostos a compartilhar seu modo de vida com os habitantes do meio urbano.
  • 16. 15 Fonte: demalaecuia.net Os agricultores, mantendo suas atividades agropecuárias, oferecem serviços de qualidade, valorizando e respeitando o meio ambiente e a cultural local (PARRA; CHEHADE, 2006). Os estudos de Campanhola et al. (2000) indicam ser o agroturismo “as atividades internas à propriedade, que geram ocupações complementares às atividades agrícolas, as quais continuam a fazer parte do cotidiano da propriedade, em menor ou maior intensidade, devem ser entendidas como parte de um processo de agregação de serviços aos produtos agrícolas e bens não-materiais existentes nas propriedades rurais (paisagem, ar puro, etc.), a partir do ‘tempo livre’ das famílias agrícolas, com eventuais contratações de mão-de-obra externa.” Beni (2002, p. 32) apresenta o seguinte conceito de agroturismo: “[...] deslocamento de pessoas para espaços rurais, em roteiros programados ou espontâneos, com ou sem pernoite, para fruição dos cenários e observação, vivência e participação em atividades agropastoris.” O conceito seguinte do pesquisador Guzzati, 2003, pressupõe, de forma clara, o intercâmbio dos agricultores familiares com o visitante. O agroturismo “é um segmento do turismo desenvolvido no espaço rural por agricultores familiares organizados, dispostos a compartilhar seu modo de vida, patrimônio cultural e natural, mantendo suas atividades econômicas, oferecendo produtos e 80 serviços de qualidade, valorizando e respeitando o ambiente e a cultura local e proporcionando bem estar aos envolvidos” (GUZZATTI, 2003, p. 53).
  • 17. 16 10 PRINCÍPIOS DO AGROTURISMO A incessante busca de modelos e estratégias, para reforçar a ideia de desenvolvimento do agroturismo, faz com tenhamos princípios a serem seguidos, nos quais vemos abaixo: • A recepção dos turistas pelos agricultores familiares é parte integrante da atividade do estabelecimento rural; • Os agricultores familiares que recebem turistas desejam mostrar o seu trabalho e o meio ambiente onde vivem (contato com os animais, conhecimento sobre plantas, o ritmo da estação do ano etc.); • A recepção e convívio do agricultor e sua família com o turista ocorre num clima de troca de experiências e de respeito mútuo; • O agroturismo deve praticar preços acessíveis; • O agroturismo se constitui num fator de desenvolvimento local, contribuindo para manter o meio rural "vivo" - demográfica, cultural e ambientalmente – com perspectivas de futuro para os seus jovens; • O agricultor garante a qualidade dos produtos e dos serviços oferecem; • Os serviços de agroturismo são oferecidos em habitações adaptadas, oferecendo conforto, higiene e segurança; • Os serviços agroturísticos são planejados e organizados pelos agricultores familiares. É preciso ressaltar que essa modalidade de turismo é moderna e profissional, sem perder a ruralidade. De acordo com (VILARINHO, 1998) o turismo rural familiar que valoriza o meio ambiente e a cultura local, torna-se uma opção para o desenvolvimento rural, contemplando os setores econômicos capazes de criar atividades comerciais alternativas, como o objetivo de proporcionar a manutenção da população nos seus locais de origens. Assim o turismo rural apresenta a possibilidade de gerar empregos num curto espaço de tempo e a um custo razoavelmente baixo, se comparado aos demais setores econômicos.
  • 18. 17 11 A EXPERIÊNCIA BRASILEIRA No contexto brasileiro, Bricalli (2005, p. 41) afirma que “todos os empreendimentos que proporcionem lazer, recreação, descanso ou qualquer outra atividade ligada ao turismo, desde que estejam localizados em áreas rurais, podem ser classificados como turismo no espaço rural”, de modo que o turismo no espaço/meio rural abrange diversas modalidades turísticas. Essas modalidades criam diferentes formas de nomear essa atividade turística, entretanto, existe diferenças conceituais entre turismo rural e agroturismo. Carla Novaes (2004, p. 5) apresenta a definição de turismo rural da Organização Mundial do Turismo (OMT), que também destaca o turismo como atividade complementar e integrada à agropecuária. “O Turismo Rural refere-se a lugares em funcionamento (fazendas ou plantações) que complementam seus rendimentos com algumas atividades turísticas, oferecendo geralmente alojamento, refeições e oportunidades de adquirir conhecimentos sobre as atividades agrícolas”. Um conceito apresentado pela Embratur em 1998, entendia o turismo rural como o “conjunto de atividades turísticas desenvolvidas no meio rural, comprometido com a produção agropecuária, agregando valor a produtos e serviços, resgatando e promovendo o patrimônio cultural e natural da comunidade”. (EMBRATUR, 1998, p. 14). O conceito de turismo no espaço rural também é adotado pelo governo federal, e abrangeria todos “os equipamentos localizados na área rural que desenvolvem atividades de lazer, recreação, esportivas, de eventos, não apresentando, necessariamente, vínculo com a produção agropecuária e a cultura rural. ” (PNTRAF, 2004, p. 7). A experiência do Brasil demonstra que as diversas iniciativas de turismo que são realizadas no meio rural podem conviver de forma democrática. Além disso, muitas parcerias são possíveis, sendo baseadas em princípios de complementariedade entre ações de turismo rural e agroturismo. No entanto, isso só é possível quando está claro as diferenças e a possibilidade de coexistência entre os diferentes segmentos de turismo desenvolvidos no espaço rural. A expansão do agroturismo, segmento relativamente novo no Brasil, insere-se no momento em que o setor turístico passa por um profundo processo de transformação para adequar-se às novas exigências de um mercado, que não está
  • 19. 18 interessado somente nos pacotes e destinos mais badalados – e padronizados. Esta nova tendência, a procura por experiências diferenciadas, muitas vezes de forma independente, faz com que as operadoras de turismo se especializem cada vez mais na oferta de produtos segmentados. Isso contribui diretamente para a consolidação de novos nichos, como turismo religioso, histórico, de montanha, entre tantas outras denominações. De forma geral, entendemos que o agroturismo apresenta todos os atributos do turismo rural, sobretudo pelo fato de ser uma atividade realizada no espaço rural, e ter como principais atrativos as atividades agropecuárias, os produtos para-agrícolas e o modo de vida rural. Ocorre, porém, que o diferencial do agroturismo em relação ao turismo rural diz respeito à participação direta e/ou indireta do turista em atividades comuns dos agricultores, como plantio, colheita, ordenha, entre outras. Nesse sentido, toda a oferta de agroturismo poderia ser classificada como turismo rural, porém, nem toda a oferta de turismo rural pressupõe a existência do agroturismo”. (CANDIOTTO, 2007, p. 197. O pesquisador Beni (2002) afirma que dois aspectos distinguem o agroturismo do turismo rural: 1. A produção agropastoril é a maior fonte de renda da propriedade do agroturismo, de modo que o turismo gera uma receita complementar. 2. As próprias atividades agropastoris constituem o principal diferencial turístico, de modo que o turista pode participar ou não da rotina da propriedade. 12 O ESPAÇO URBANO E O ESPAÇO RURAL Há pessoas que moram na cidade, outras que moram no campo. As pessoas que moram na cidade formam a comunidade urbana e as pessoas que vivem no campo formam a comunidade rural. Na comunidade urbana, há muitas coisas em comum, por exemplo, alguns serviços como eletricidade, água e esgoto tratados, transportes coletivos, comunicação, rede de bancos e um comércio muito variado. Nas cidades, as casas ou apartamentos são construídos bem junto uns dos outros.
  • 20. 19 Fonte: br.pinterest.com A zona rural, também chamada de campo, fica afastada da cidade. As habitações são distantes uma das outras e as propriedades, mesmo que pequenas, reservam uma privacidade. Os serviços públicos de forma geral, quando existem, são precários, essenciais para a organização rudimentar da vida social, como redes de eletricidade, telefonia e um comércio incipiente nas vilas dos lugarejos. Entretanto, a compreensão tradicional do rural como o lugar do atraso e da rusticidade e do urbano como o lugar do progresso e da modernidade, não pode mais ser tida como absoluta. Tanto o rural como o urbano tem passado por grandes transformações que fazem com que estes espaços tenham características distintas dessa visão ultrapassada. O processo de modernização da agricultura, seguido pela explosão das facilidades do acesso aos meios de comunicação, transformaram profundamente a realidade do meio rural (LINDNER et al, 2009, p.2). Essa transformação está relacionada ao crescimento das atividades não- agrícolas no Brasil. Simultaneamente a isto, diminui a supremacia das atividades agrícolas no meio rural. Essa mudança advém do contínuo declínio da capacidade da agricultura de manter e gerar postos de trabalho, além do crescimento de atividades geradoras de ocupações rurais não-agrícolas (LAURENTI, 2000).
  • 21. 20 Essas atividades não-agrícolas fazem com que o rural assuma novas funções. Dentre as “novas funções” do campo que ganham cada vez mais destaque estão as atividades de lazer, como o turismo em área rural, segundas residências e aposentadorias rurais. Entretanto, as relações entre o rural e o urbano não foram sempre, historicamente, definidas pela heterogeneidade ou pela polaridade, mas sim pelo tipo de sociedade, agrária ou urbana que vivia em determinado espaço. Mesmo os conceitos que se poderiam pensar os mais precisos e objetivos são calcados nas representações várias existentes sobre o aspecto da realidade que se pretende conceituar. Assim, por exemplo, o conceito de rural utilizado nas pesquisas do IBGE (PNADs, Censos...) é o seguinte: o que o município define como rural em seu plano diretor. Ora, o plano diretor do ordenamento espacial dos municípios é elaborado por uma equipe de técnicos, mas é submetido à aprovação das câmaras municipais. Ou seja, são critérios políticos que definem, em última análise, o que é urbano e o que é rural. E os políticos não decidem com base em critérios racionais, mas com base na tradição e nas representações que eles têm do que é o rural, já que esta história de fazer conceitos precisos e objetivos é um problema das ciências sociais e não da política. Concluindo, podemos dizer que o conceito de rural está passando por uma reelaboração (SIQUEIRA; OSÓRIO, 2001, p. 77). 13 DEFINIÇÕES DE MEIO RURAL Diversos autores escreveram sobre o turismo rural. Você saberia definir o que é “meio rural”? Considera-se território rural um espaço físico, geralmente contínuo, compreendendo cidades e campos (terrenos fora do perímetro urbano em que geralmente predominam as atividades agrícolas ou as pastagens de gado), caracterizados por critérios multidimensionais, como: ambiente; economia; sociedade; cultura; política e instituições; uma população que, como em todos os lugares do Brasil e do mundo, possui grupos sociais diferentes e se relaciona e interage com o meio.
  • 22. 21 Fonte: www.smartkids.com.br Tais critérios fazem com que os territórios rurais se diferenciem dos territórios urbanos, principalmente pela destinação da terra, ou seja, pelo uso que se faz dela, notadamente direcionado para as práticas agrícolas, e pela noção de ruralidade, ou seja, o valor que a sociedade contemporânea atribui ao meio rural e que contempla as características mais gerais desse meio: a produção; a paisagem e a biodiversidade (a variedade de espécies animais e vegetais); a cultura e um modo de vida típicos, identificados pelas atividades agrícolas, pela cultura comunitária e pela identificação com os ciclos da natureza. Também podemos definir turismo no meio rural como: "Todas as atividades praticadas no meio não urbano, que consistem em atividades de lazer no meio rural em várias modalidades definidas com base na oferta: agroturismo; turismo ecológico ou ecoturismo; turismo de aventura; turismo de negócios; turismo de saúde; turismo cultural; turismo esportivo, atividades estas que se complementam ou não". (GRAZIANO DA SILVA et al., 1998: 14). A base do conceito é a dimensão econômica, o rural se caracteriza por um determinado tipo de atividade: a produção de alimentos através da criação de plantas e de animais. A esta atividade econômica, estão vinculados todos os outros traços que caracterizariam o rural, como a diferença ambiental, já que no rural o contato com a natureza é direto e constante, e a própria atividade econômica que lhe é peculiar é realizada ao ar livre (SIQUEIRA; OSÓRIO, 2001).
  • 23. 22 Fonte: meioambiente.culturamix.com A concepção de meio rural aqui adotada baseia-se na noção de território, com ênfase no critério da destinação da terra e na valorização da ruralidade. Assim, considera-se território um espaço físico, geograficamente definido, geralmente contínuo, compreendendo cidades e campos, caracterizados por critérios multidimensionais, como ambiente, economia, sociedade, cultura, política e instituições, e uma população com grupos sociais relativamente distintos, que se relacionam interna e externamente por meio de processos específicos, onde se pode distinguir um ou mais elementos que indicam identidade e coesão social, cultural e territorial (BRASIL, 2003). Nos territórios rurais, tais elementos manifestam-se, predominantemente, pela destinação da terra, notadamente focada nas práticas agrícolas, e na noção de ruralidade, ou seja, no valor que a sociedade contemporânea concebe ao rural. Tal valor contempla as características mais gerais do meio rural: a produção territorializada de qualidade, a paisagem, a biodiversidade, a cultura e certo modo de vida, identificadas pela atividade agrícola, a lógica familiar, a cultura comunitária, a identificação com os ciclos da natureza (BRASIL, 2003). Não se pretende aprofundar essa discussão, mas destacar que, para os fins deste estudo, a definição de rural tem como base características fundamentais das na paisagem e na ruralidade.
  • 24. 23 14 CARACTERIZAÇÃO DO TURISMO RURAL A paisagem rural – também composta pelo ser humano, sua cultura, suas práticas sociais e de trabalho – é um dos principais fatores de atratividade do Turismo Rural. As principais características dessa atividade referem-se a elementos, condições e aspectos que compõem a paisagem rural e configuram a ruralidade e seus principais atrativos. Conhecer essas características é fundamental para se entender a real diferença entre o chamado Turismo no Espaço Rural e o Turismo Rural (LOTTICI KRAHL, 2003, p.49 e 50). Elas podem ser abordadas sob a seguinte síntese: a) Quanto à escala . Fonte: noticias.uol.com.br Pequena escala – uma das principais características do Turismo Rural se refere à pequena capacidade de atendimento simultâneo de turistas, de modo a permitir atendimento personalizado (sem espera, sem filas, sem barulho, sem aglomerações) e a causar menor impacto ao meio.
  • 25. 24 b) Quanto à localização O empreendimento de Turismo Rural geralmente está situado em locais aprazíveis, em propriedades cujas paisagens tipicamente rurais materializem o imaginário do turista, em contraponto à paisagem urbana (Figura 10). c) Quanto às atividades agropecuárias Outra característica básica do segmento é a manutenção das atividades produtivas tradicionais da propriedade e/ou das práticas e costumes relacionados a essas atividades, não as abandonando em virtude do sucesso conseguido com o turismo. d) Quanto à qualidade da paisagem Conservação dos recursos naturais – manutenção das condições dos mananciais, do solo, preservação ou recuperação da flora e da fauna nativas, inclusive dos aspectos paisagísticos; Conservação das características arquitetônicas e utilização de materiais construtivos típicos da região – utilização de materiais, equipamentos e serviços turísticos em harmonia com o meio rural; Cuidados com as instalações e lidas agropecuárias – cuidados que permitem ao turista observar ou participar das rotinas das atividades tradicionais da propriedade, sem descaracterizar o processo produtivo em função de sua presença. e) Quanto aos aspectos culturais Manutenção dos elementos e das estruturas tradicionais – manifestações folclóricas, culinária, produção artesanal, técnicas construtivas, celebrações, valores, modos de vida e ideais das comunidades rurais, além de elementos que referendem a história da região e das famílias. f) Quanto à diversificação dos serviços oferecidos A diversidade de serviços oferecidos ao turista depende da especificidade do ambiente, da economia, da história, das tradições, da cultura popular, das
  • 26. 25 características étnicas, da exploração agropecuária, em relação à propriedade e à região. O que é oferecido ao turista varia em função do que é produzido ou é mais característico na propriedade ou na região. Assim, pode-se dizer que para ser Turismo Rural, deve-se oferecer ao turista a oportunidade de desfrutar das particularidades das propriedades rurais e das peculiaridades da região, especialmente aquelas relacionadas às atividades agropecuárias. O atendimento precisa ser personalizado, para transmitir a hospitalidade do campesino ao visitante. O centro de interesse do turista que se desloca para áreas rurais está no conjunto constituído pela atividade produtiva, pela natureza e pelo modo de vida, que diferem da paisagem e do ritmo urbano (LOTTICI KRAHL, 2003.) (Figura 11). Fonte: romanticoschales.com.br Outra característica do segmento é o chamado “empoderamento” das comunidades, já que ele é um motivador para que a sociedade se organize para gerir a atividade turística de forma participativa. Isso cria um ambiente favorável à manutenção das características rurais da região, utilizando os recursos locais e os conhecimentos derivados do saber das populações, valorizando-os (LOTTICI KRAHL, 2003, p 24.).
  • 27. 26 Segundo Perkins e Zimmerman (1995), o empoderamento é uma construção que liga forças e competências individuais com sistemas naturais e organizacionais de ajuda. Importará, portanto, desenvolver comportamentos proativos de mudança social, envolvendo organizações e recursos em torno da construção de comunidades responsáveis. O caminho será o da intervenção social e comunitária com indivíduos e organizações, consubstanciada em projetos de desenvolvimento, de combate à exclusão social, de promoção de direitos, desenhados no, e para, os âmbitos local e regional (GONÇALVES et al, 2013). 15 A PRESERVAÇÃO DA ATIVIDADE ORIGINAL O agroturismo é uma a atividade que faz o homem e sua família permanecerem no campo. Faz preservar e recuperar nosso espaço rural e natural com suas características originais. Assim, a interação entre o homem do campo e suas origens se mantem, perpetua e também:  Promove a preservação e recuperação de nossa história.  Alimenta as atividades agrícolas tradicionais.  Gera receita para o espaço rural. O agroturismo é um segmento que apresenta desenvolvimento em áreas rurais produtivas, usando como meio de hospedagem as próprias propriedades, que procuram se adequar ao novo hóspede, para atender suas necessidades, mostrando como viver em contato direto com o meio ambiente, participando das várias atividades agropecuárias desenvolvidas no meio ambiente rural, e mostrando também a importância do homem do campo para a sobrevivência do ser humano nos grandes centros urbanos. Também fazer o turista perceber as inúmeras ofertas de produtos naturais de origem local ou regional, mostrando a cultura local, a gastronomia típica e todo o mais que a natureza oferece, esperando em troca somente ser preservada. Para que haja um desenvolvimento pleno da atividade turística no meio rural é preciso que haja harmonia entre a comunidade rural, o meio ambiente e o turismo. Esses elementos unidos poderão garantir a sustentabilidade da atividade rural.
  • 28. 27 O desenvolvimento da atividade rural tem que começar com a conscientização de que é importante preservar e cuidar, para que se possa explorar deixando que gerações futuras possam também preservar, cuidar e explorar. Percebemos que a atividade rural vem sendo desenvolvida muitas das vezes, sem a consciência da importância da preservação e o cuidado de causar o mínimo dando ao meio ambiente. Sabemos que atualmente todos procuram meios de agregar valores aos seus produtos, buscar novas fontes de renda a sua produção, sobreviver das suas atividades, mas, sem esquecer-se da importância da preservação daquilo que exploram, para que continue sustentável. Desta forma, a quatro elementos-chave que configuram a sustentabilidade (economia, cultura, sociedade e meio ambiente) devem envolver o turismo nas áreas rurais com uma importância redobrada, nutrindo e enriquecendo o desenvolvimento da atividade turística, ao mesmo tempo em que se configuram na matéria-prima da atividade, isto é, nos próprios recursos que favorecem e influenciam na demanda para o meio rural (Figura 12). Fonte: Verrazi, 2008, p 32. Neste contexto, a garantia da sustentabilidade do desenvolvimento turístico necessita que algumas condições sejam cumpridas, tais como:  A participação da sociedade local no desenvolvimento da atividade;
  • 29. 28  A limitação das capacidades de carga dos atrativos – naturais e socioculturais;  a atuação sobre as infraestruturas e equipamentos, adaptando-as aos recursos turísticos a fim de preservá-los contra possíveis agressões, dentre outros. Desta forma, o desenvolvimento do turismo rural será racional e embasado na filosofia da sustentabilidade, supondo contribuições importantes ao meio rural como:  Melhora nas condições de vida da população local; contribuição para a reativação econômica de zonas deprimidas;  Geração de rendas complementares; incorporação do trabalho remunerado da mulher; estabilização da população local ao campo;  Manutenção das atividades agropecuárias e artesanais;  Manutenção e recuperação do patrimônio arquitetônico tradicional;  Conservação do meio ambiente;  Enriquecimento cultural da população local. 16 A VALORIZAÇÃO DA VIDA NO CAMPO E DA CULTURA LOCAL A industrialização crescente intensificou a urbanização, aumentando a destruição da natureza, colocando-a a disposição de poucos homens com seus interesses de lucro e poder, desprezando assim o interesse coletivo pela sustentabilidade. Neste contexto, a cultura rural acabou sendo ignorada ou considerada como sinônimo de atraso e retrocesso, e diante disso, cresceu assustadoramente a submissão e dependência do campo em relação às cidades. Uma realidade que passou a ser imposta a inúmeras comunidades rurais, que se tornaram apenas espaços produtores de matérias-primas e produtos direcionados ao consumo da sociedade urbano-industrial (ANDRADE, 2012).
  • 30. 29 Fonte: www.mda.gov.br Assim, o patrimônio ambiental contido nessas comunidades passou a ser constantemente utilizado de forma predatória, desrespeitando sua capacidade de suportar tais impactos e resultando em problemas socioambientais. Sugiram então conflitos entre os espaços rural e urbano e entre grandes produtores rurais, ansiosos por lucro, e pequenos agricultores ligados à terra, da qual obtêm o difícil sustento (Figura 13). Diante desse consumo exacerbado, que gera dilapidação ambiental, disparidades sociais, incertezas e ausências de perspectivas, resta ao pequeno produtor resistir, mantendo seu vínculo harmônico com a terra de seus ancestrais, ou sucumbir, atendendo à voracidade do sistema opressor. Se a alternativa escolhida for a segunda, não há outro caminho: a contínua exploração dos recursos naturais até sua exaustão, criando o rompimento definitivo com a realidade rural, levando-o a procurar por novas oportunidades nas cidades. Ao ser expulso, o homem do campo rompe com sua cultura de contato sustentável com a terra, levando-o a vislumbrar os atrativos dos grandes centros urbanos e a criar fantasias que serão posteriormente transformadas em frustração e exclusão. Ao se dirigir à cidade grande em busca de melhorias e sem qualificação, sem emprego, sem perspectivas, ele e sua família estarão condenados à inserção nas problemáticas periferias, na maioria dos casos sem direito a condições dignas de vida,
  • 31. 30 ampliando os índices de dominação, exploração, degradação e alienação, já tão comuns na sociedade atual. As populações rurais da que trabalham no agroturismo buscam reinserção econômica, social, política e até tecnológica, pela sua reafirmação, redefinição e atualização de seus modos de vida e construção de alternativas. Fonte: www.mda.gov.br O índice de evasão do campo hoje é cada vez mais expressivo, e os filhos de pequenos produtores não apresentam mais a mesma vontade de permanecer no campo e trabalhar com a terra, de modo que, migram para a cidade em busca de melhores condições de vida. Sendo assim, é preciso que haja pessoas, projetos e políticas públicas voltadas para tal problemática, empreendendo ações que propiciem soluções eficazes e eficientes para que este quadro seja revertido. Para a viabilidade de se realizar o desenvolvimento local através do turismo dependeria da equalização de cinco objetivos:  Preservação/conservação ambiental;  Manutenção da identidade cultural;  Geração de ocupações produtivas de renda;  Desenvolvimento participativo  Qualidade de vida.
  • 32. 31 Alguns elementos importantes são considerados fatores de desenvolvimento local e de valorização cultural. A manutenção da identidade cultural dos lugares como próprio fator de atividade turística; uma construção de uma via democrática para o desenvolvimento de certas localidades, articuladas pelo turismo como fator estruturante de valorização das suas potencialidades ambientais e culturais, com a participação da população local na construção ativa desse processo (BENEVIDES, 2002, p. 25). A riqueza cultural de uma comunidade, ao ser preservada como forma de manutenção do grupo, é utilizada como fomento ou elemento potencializador para a atividade turística, principalmente neste momento onde cresce o interesse pela pluralidade étnica e pela diversidade cultural existente nas diversas sociedades. Fonte: www.noticiasjp.com Parte-se do pressuposto de que a atividade turística pode contribuir para o etno-desenvolvimento local e para o enriquecimento da relação entre turistas e residentes, por meio de um aproveitamento balizado nos princípios da sustentabilidade cultural (SILVA, 2010, p. 3) Assim, o patrimônio cultural implica sentidos de permanência, pertencimento e persistência, considerando-se que a produção material e simbólica de uma determinada comunidade torna-se elo de identificação do grupo a um ethos cultural comum, vetor de transmissão e compartilhamento de memórias individuais e coletivas,
  • 33. 32 e das tradições. Essas são reinterpretadas e reconfiguradas no presente, porém, mantendo-se o substrato que lhe deu origem (SILVA, 2010, p. 3). 17 A UNIDADE DE PRODUÇÃO RURAL VISTA COMO UM SISTEMA A administração rural surgiu no começo do século XX junto às universidades de ciências agrárias, na Inglaterra e Estados Unidos, nos chamados “land grant” com a preocupação de sobretudo, analisar, a credibilidade econômica e as técnicas agrícolas (Hoffmann, 1987). A administração rural passa por várias transformações estruturais e comportamentais frente à nova ordem mundial de globalização, consumindo conceitos antigos e reconhecendo suas teorias na busca do aperfeiçoamento organizacional para a empresa rural. Nestas perspectivas podemos definir a empresa rural como “aquelas que exploram a capacidade produtiva do solo por meio do cultivo da terra da criação de animais e da transformação de determinados produtos agrícolas” (Marion, 2005 p. 24). As novas concepções administrativas atualmente podem definir as bases de atuação e desenvolvimento da empresa rural. Assim, é preciso ressaltar alguns aspectos importantes de uma unidade de produção: 17.1 Identificação e inserção da unidade de produção Esse aspecto diz respeito à localização e o tipo de inserção da unidade produtiva no meio físico e sócio econômico, o que pode influenciar o seu desenvolvimento. Nesse sentido, cabe identificar se existem projetos de desenvolvimento público ou privado para o desenvolvimento da região. Caracterização do meio natural, sua aptidão e capacidade de uso, estado de conservação das características físicas e químicas do solo, fertilidade, práticas de controle dos processos erosivos perante diferentes condições climáticas e de mecanização.
  • 34. 33 17.2 Estrutura e funcionamento da unidade de produção Composição da Unidade de Produção perante seus equipamentos, instalações, máquinas, veículos, terra, mão-de-obra e seu rebanho. Trata-se da gestão pela qual, o produtor conduz a sua unidade produtiva, em relação às discussões sobre o que produzir como produzir, quais recursos podem ser utilizados, e como dispõem da estrutura para realizar a produção (Figura 16). 17.3 Aspectos econômicos e financeiros Através dos resultados físicos da UPA, se conseguem os resultados globais e os resultados específicos de cada atividade. Para determinar o fluxo de caixa da propriedade durante seu ano agrícola, com entradas e saídas de dinheiro. A propriedade nos últimos anos vem evoluindo seu plantel de maquinários para se adequar às atividades desenvolvidas, conforme sua necessidade de produção no ano agrícola. A agricultura está passando por um período de modificações perante novas tecnologias expostas, mas hoje grande parte da produção de alimentos está concentrada nas pequenas unidades de produção familiar que produzem alimento para população. As unidades de produção estão investindo em atividades mais seguras que gerem uma renda mensal mais estável e de menos risco para o produtor. Buscam-se meios com maior viabilidade econômica e remuneração para o produtor (LUCCA; SILVA, 2012, p. 177). Dessa forma, as atividades do agroturismo na unidade de produção agrícola merecem importância sobre a ação de planejadores comprometidos não somente com a conservação dos recursos naturais, como com a geração de renda e melhoria no padrão de vida e equidade social para as comunidades locais. O agroturismo é forma de geração de renda no meio rural e ainda promove um contato direto dos turistas com o dia – a – dia nas propriedades agrícolas, e com os costumes do campo havendo assim uma interatividade campo x meio urbano (CEPAGRO, 2007). Agroturismo são atividades turísticas que acontecem em ambiente rural, porém o local continua a exercer suas atividades agrícolas. Neste caso, o turismo seria uma atividade rentável e complementar.
  • 35. 34 18 ATRATIVOS TURÍSTICOS Os atrativos turísticos exercem papel fundamental para o desenvolvimento do turismo receptivo, uma vez que compõem a oferta turística diferencial de uma localidade, ou seja, são os principais responsáveis pela atratividade das regiões turísticas, que geram os fluxos turísticos. A qualidade da oferta desses atrativos impacta diretamente no posicionamento do destino no mercado turístico (SEBRAE, 2014). Enquanto negócio, o atrativo turístico precisa ser gerido como qualquer empresa, possuir uma gestão eficaz, ter estrutura mínima para receber clientes, oferecendo experiências positivas de forma organizada e profissional, a fim de produzir resultados positivos. Fonte: Sebrae-SP, 2014, p. 9. Os atrativos turísticos são únicos e cada um deles possui valor e capacidade de atração específicos. Portanto, possuem diferentes características, potenciais e estruturas para a recepção de turistas. Os atrativos turísticos constituem a oferta turística diferencial de uma determinada região turística, pois são responsáveis por promover os fluxos turísticos. O consumidor escolhe o destino que irá visitar, em função da experiência turística que
  • 36. 35 esse destino oferece. Ele primeiro decide se deseja praticar atividades de aventura ou vivenciar atividades rurais, ou ainda, visitar monumentos históricos e culturais etc., entre as inúmeras possibilidades. Na sequência, ele opta pelo destino turístico que proporcione as atividades e experiências escolhidas. Existe outro tipo de oferta turística: a oferta turística técnica. Ela é composta pelos equipamentos e serviços existentes no destino, que dão suporte para o desenvolvimento da atividade turística, como: meios de hospedagem, meios de alimentação fora do lar, agências de turismo receptivo, manifestações culturais, artesanato, serviços de apoio ao turista, entre outros. Circuito Turístico: Conjunto de recursos e/ou atrativos turísticos, distribuído em um espaço geográfico determinado (que apresenta vários eixos de deslocamento, permitindo diversos itinerários), que deem identidade peculiar e diferenciada ao local. Pode organizar-se formalmente por meio de consórcios ou outras formas associativas. A existência de circuitos turísticos conduz à formatação de produtos turísticos atrativos e de roteiros, facilitando assim, o acesso da região a mercados consumidores. O bom funcionamento do sistema produtivo do turismo receptivo rural ou urbano depende da oferta turística diferencial e da oferta turística técnica. Porém, a oferta turística diferencial é decisiva para atrair os turistas e iniciar a “engrenagem” que movimenta esse sistema. As características do conjunto de atrativos turísticos influenciam diretamente na identidade e vocação turística do destino (turismo rural, cultural, de aventura, de natureza, entre outros), indicando possibilidades de constituição de negócios e das tipologias de turismo que podem ser implementadas e consolidadas (Sebrae, 2014). Oferta turística diferencial Oferta turística técnica Circuito turístico
  • 37. 36 Existe uma tendência atual na busca do natural, do orgânico, do particular, fatores que contribuem para a valorização do Turismo Rural. Dessa forma, os elementos que o caracterizam devem ser estimulados visando se aprimorar as atividades, os produtos e serviços ofertados pelas propriedades rurais. A paisagem, a natureza, a cultura, o modo de vida das comunidades tradicionais; os processos produtivos, a proximidade e a hospitalidade são os principais fatores de atratividade do Turismo Rural. Neste sentido, é preciso identificar, na região e no âmbito das propriedades rurais, os atrativos capazes de materializar as expectativas e os desejos dos turistas. É preciso, ainda, explorar algumas possibilidades oferecidas pelo Turismo Rural, as quais devem ser convertidas em vantagens práticas: 18.1 a) Pode se desenvolver em áreas que não disponham, necessariamente, de paisagens com recursos turísticos extraordinários: Esses recursos são importantes atrativos turísticos, mas a valorização da paisagem natural não se restringe apenas à sua existência. O fundamental é que, para o turista, a paisagem represente um indicador de que ele está fora do seu ambiente de rotina. Assim, a fauna, a flora, a topografia e o uso do solo trazem as marcas da cultura e das comunidades residentes, fazendo desses elementos atrativos pelo fato de constituírem uma paisagem tipicamente rural e que, portanto, se contrapõem ao cotidiano do turista. 18.2 b) Necessita de reduzidos volumes de investimentos em relação a outros segmentos: Não é preciso, necessariamente, criar estruturas na região e nas propriedades, e sim adaptar as que já existem de modo a garantir conforto e segurança aos turistas. Tais estruturas podem ser residenciais ou de serviço, mas devem manter suas características rústicas. Nesse caso, o turista não busca luxo, e sim autenticidade e certa rusticidade, mas com qualidade e conforto.
  • 38. 37 18.3 c) Propriedades rurais geralmente estão localizadas próximas aos núcleos emissores: A localização facilita o deslocamento dos visitantes, que podem visitar as propriedades rurais, ainda que disponham de apenas um dia ou de um final de semana. A curta distância torna o Turismo Rural uma atividade acessível a mais pessoas. 19 A “EXPERIÊNCIA” NO TURISMO RURAL Experiência é o conhecimento adquirido pela prática ou observação. Para oferecer experiência turística é necessário superar os aspectos triviais e convencionais do turismo receptivo, como propiciar a encenação de atores para contar história de determinado local turístico. Além do aspecto lúdico e prazeroso, o turista rural tem a oportunidade de aprofundar seus conhecimentos, interagir e experimentar uma situação que fica marcada por muito tempo. A vivência no mundo rural é uma prática que propicia a participação do turista em lidas, oficinas ou atividades que sejam atípicas ou incomuns. Portanto, são as situações em que o turista realmente participa, se envolve e interage. Ele é mais do que um expectador. Um exemplo comum é a participação em oficina culinária, que faz parte da visita ao atrativo turístico rural. Outros exemplos de experiências e vivências, que podem ser oferecidas nos atrativos turísticos rural:  Dramatizações para contar uma história, um “causo” uma lenda.  Apresentações de grupos culturais (teatro, música e dança) e folclóricos.  Gastronomia típica para degustação e participação de oficinas culinárias.  Reprodução de “atmosfera, ambiente e cenário”, tornando determinado local com características temáticas.  Oficinas (culinária, cerâmica, vinho, cachaça, artesanato, pintura, queijo, pães, bolos e muitas outras).  Rotina: participação de plantio ou colheita de produtos, cuidados com animais e preparo de refeições ou prato típico.
  • 39. 38 Fonte: ooutrolado.com 20 A VIVÊNCIA NO MUNDO RURAL A vivência do agroturismo é caracterizada por atividades lúdicas e do dia-a-dia das propriedades rurais, tais como: ordenha, coleta de ovos, cavalgada, coleta de frutas e verduras, gastronomia, entre outras. Salles (2006) cita algumas atividades de vivência desenvolvidas nas propriedades, tais como:  Hortas orgânicas;  Hortas medicinais;  Pomares;  Ordenha;  Tosquia;  Trato;  Trilhas;  Cavalgadas;  Pesca.
  • 40. 39 O perfil do turista que procura pelo turismo rural, enquadra-se como mediocêntricos: pessoas motivadas pela quebra da rotina, busca pelo descanso, aventura, gastronomia e tratamento de saúde; e experimentais: desejam conhecer e experimentar modos de vida diferentes. As características destes perfis é a busca por vivenciar novos jeitos de vida, e também a quebra da rotina, fatores encontrados nas propriedades rurais, que desenvolvem a atividade turística. Outro fator que caracteriza os turistas que buscam por esta atividade é o contato com a natureza (Mtur, 2010). A atividade turística de vivência é geradora de novas experiências pessoais e sensoriais. Ela promove o encontro com a história, com a cultura, com os valores, sabores, momentos e àquele sentimento bucólico ao qual só o campo nos remete. Nesse sentido, Sun Tung e Ritchie, (2011, p.1369) afirmam que o papel central dos planejadores do turismo é: ''Facilitar o desenvolvimento de um ambiente (ou seja, o destino) que aumenta a probabilidade de que os turistas podem criar suas próprias experiências memoráveis de turismo”. Os autores ainda definiram experiência turística como. Uma avaliação individual subjetiva (afetiva, cognitivo e comportamental) de eventos relacionados à sua atividade turística que começa antes (ou seja, planejamento e preparação), durante (ou seja, no destino), e depois da viagem (ou seja, o recolhimento). (Sun Tung e Ritchie, 2011, p. 1369). Fonte: www1.folha.uol.com.br
  • 41. 40 Por fim, o turismo no mundo rural e suas nuances vem apresentando considerável crescimento e pode ser uma alternativa para a sustentabilidade e sobrevivência dos pequenos agricultores, pois incentiva a diversificação das atividades no campo e gera trabalho para os membros da família, mas não se deve esquecer que uma atividade como esta deve ser bem planejada, com participação de todos os atores envolvidos, para evitar impactos irreversíveis à natureza, e, principalmente no que diz respeito à cultura e tradições locais. 21 ESTRUTURA TURÍSTICA A atividade turística requer investimentos em infraestrutura de meios de hospedagens e de lazer. É sabido que estes objetos técnicos juntamente com o quadro sócio ambiental, caracterizam os lugares turísticos e podem favorecer o seu desenvolvimento. Neste contexto, o turismo passa a ter papel fundamental na produção do espaço e na valorização do rural, podendo também melhorar a condição de vida da população local. Entretanto, para que as comunidades possam usufruir dos benefícios gerados pela atividade turística, torna-se necessário preservar não apenas os atrativos naturais, mas também a cultura da população local (CORREA, 2006, p.7). Em função disso, como outros empreendimentos econômicos, as atividades relacionadas a lazer/turismo, também requerem apoio do poder público em diferentes escalas, principalmente no que diz respeito a melhoria da infraestrutura viária, divulgação, elaboração de normas para regulamentar a atividade, bem como a sua fiscalização. Portanto, seu desenvolvimento deve estar alicerçado na interação de diferentes atores, tanto público quanto privado, envolvendo as escalas local/regional, nacional/global. Os equipamentos e serviços turísticos rurais englobam tudo o que está relacionado às áreas de recreação, lojas, aos banheiros, aos restaurantes, à estrutura de hospedagem, aos vestiários, aos locais de descanso, caminhos, destinação do lixo, água, energia elétrica, entre outros (Figura 20). No empreendimento do agroturismo, cada área tem um uso específico, conforme suas características e suas necessidades estruturais. No entanto, é preciso levar em conta que todas as instalações deverão ser projetadas em harmonia com o meio ambiente.
  • 42. 41 22 SERVIÇOS OFERECIDOS E ATIVIDADES PRATICADAS PELO VISITANTE O meio rural oferece uma série de serviços e atividades aos seus visitantes. Neste item, apresentam-se alguns serviços e equipamentos turísticos, bem como atividades turísticas que podem ser desenvolvidas nas propriedades rurais ou na região: a) Serviços e equipamentos turísticos: serviços, edificações e instalações indispensáveis ao desenvolvimento da atividade turística e que existem em função dela:  Hospedagem – estabelecimentos que oferecem alojamento e serviços necessários ao conforto do hóspede. No Turismo Rural, as maiores frequências são fazenda-hotel/ hotel-fazenda, hospedagem domiciliar (quarto nas propriedades rurais, cama e café, alojamento) e pousada;  Alimentação – pode ser oferecida por restaurantes tradicionais ou por propriedades rurais, que geralmente oferecem café colonial, almoço e jantar com pratos típicos, degustação de produtos caseiros;  Guiamento, condução e recepção – atendimento e orientação ao turista individual ou em grupo, via centro de informações turísticas, agências e operadoras de turismo receptivo, guias ou condutores locais (muitas vezes os próprios agricultores, artesãos ou proprietários rurais);  Transporte no local – serviços específicos para deslocamento no destino: ônibus de excursão, vans, traslados, bem como veículos rurais (passeio de trator, de charrete). b) Atividades que podem ser praticadas pelo visitante: atividades cuja prática estão relacionadas ao meio rural, encontradas nas propriedades rurais brasileiras:  Atividades agropecuárias  Agricultura – cultivo de espécies vegetais úteis para a alimentação humana e animal ou como matéria-prima para indústria têxtil, farmacêutica etc. Plantação de cereais, frutas, hortaliças, leguminosas etc.;  Criação de animais – inclui todos os tipos de manejo de animais: bovinocultura, caprinocultura, ovinocultura, suinocultura, piscicultura etc.
  • 43. 42  Atividades de transformação – referem-se à transformação de matéria- prima vegetal, animal ou mineral: produção agroindustrial (compotas, doces, bebidas, farinhas, panificação, laticínio, ervas, polpas) ou manual (facas, panos e bordados, mesas, instrumentos musicais);  Atividades ecoturísticas – atividades de interação com a natureza, que incentivem o comportamento social e ambientalmente responsável: trilhas, observação da fauna (pássaros, borboletas, jacarés, peixes) e da flora (espécies vegetais nativas, parques, etc.), caminhadas na natureza, trilhas, banhos de cachoeiras e rios, cicloturismo;  Aventura – atividades recreativas e não competitivas que envolvem riscos controlados e assumidos: arvorismo, bóia-cross, rapel, tirolesa, montanhismo, mountain-bike, trekking, turismo fora de estrada;  Atividades interativas com gado – abrangem atividades que envolvam a interação do homem com cavalo, jumento, burro, boi, carneiro etc para desempenho de alguma lida no campo ou para lazer, esporte e aventura: ordenha, cavalgadas, campeadas, torneios, comitivas, tropeadas ou outras denominações regionais, passeios de carroça, rodeio, hipismo;  Pesca – compreende a prática da pesca amadora: pesque-pague, pesca em rios, lagos, represas;  Atividades esportivas – compreendem os jogos e disputas competitivas, com a presença de normas definidas: corrida de moto, de bicicleta, de aventura, rali, canoagem, caça e tiro;  Atividades pedagógicas – atividades de cunho educativo que auxiliam no processo ensino-aprendizagem, comumente promovidas por escolas e realizadas pelos respectivos grupos de estudantes. É o chamado Turismo Rural Pedagógico, um recurso motivador de aprendizagem, capaz de auxiliar na formação dos alunos - reforçando conceitos como o de cidadania, consciência ambiental e patrimonial – e de fornecer experiências de vida em grupo: aulas práticas interpretativas do ambiente, palestras informativas, vivências e experiências variadas nos ambientes visitados, incluindo participação em colheitas, ordenhas, trato de animais; Atividades culturais
  • 44. 43 Manifestações populares – acontecimentos ou formas de expressão relacionados à música, dança, teatro, artes plásticas, literatura, folclore, saberes e fazeres locais, práticas religiosas ou manifestações de fé: rodas de viola, folia de reis, crenças, catira, rezas, novenas, “contação de casos”; Fonte: g1.globo.com Produção de artesanato – objetos produzidos manualmente ou com equipamentos rudimentares, em pequena escala, característicos da produção de artistas populares da região, utilizando matéria-prima regional; (Figura 21). Observação da arquitetura típica ou histórica – contempla as construções típicas do campo (açude, capela, curral, estufa), as técnicas e materiais construtivos peculiares ou da região (pau-a-pique, sapé, madeira, pedra e outros) e as construções históricas (engenho, alambique, casa de farinha, vinícola); Visita a museus e casas de cultura – locais destinados à apresentação, guarda e conservação de objetos de caráter cultural ou científico: museu da cachaça, museu do folclore, vinícola desativada, moinho; Gastronomia – práticas e conhecimentos relacionados com a arte e técnica de cozinhar. Relaciona-se com o aprendizado e a degustação de pratos de consumo tradicionais da região, utilizando ingredientes locais.
  • 45. 44 23 QUALIDADE DE SERVIÇOS NO AGROTURISMO A qualidade de um serviço é fator determinante no desenvolvimento da atividade turística. Entretanto, é um conceito particularmente subjetivo que pode, no entanto, ser caracterizado através de alguns indicadores. Uma forma de maximizar a chance desta relação, prestadores de serviços — turistas ser bem sucedida é estabelecer um referencial de qualidade que garanta confiabilidade nesta relação. Para prestar um conjunto de serviços que atenda e/ou exceda as expectativas dos clientes faz-se necessário conhecer quais são suas necessidades e desejos, e a partir daí, estabelecer critérios que harmonizem as práticas relativas a comercialização deste serviço. . Fonte: www.booking.com A qualidade de uma experiência turística dependente de uma variedade de fatores, o que dificulta a adoção de uma definição clara e precisa. O fato de o produto turístico ser o resultado da conjugação de uma série de subsistemas, tanto do ponto de vista dos poderes públicos quanto da iniciativa privada, com elementos de natureza tangível e intangível, agrava essa dificuldade (MOREIRA, 2010). A importância da qualidade na atividade turística vem sendo percebida pelos diferentes órgãos que atuam no setor, inclusive por aqueles que se dedicam
  • 46. 45 diretamente à atividade do turismo em área rural, e algumas iniciativas neste sentido começam a ser discutidas e implementadas em alguns lugares (Figura 22). A qualidade de serviço percebida pelo cliente pode ser considerada como um julgamento sobre a superioridade desse serviço que é o resultado das diferenças entre as expectativas e as percepções do cliente (Parasuraman et al., 1985; Grönroos, 1990). Cronin e Taylor (1922; 1994) defendem que a qualidade do serviço deveria estar baseada nas percepções do cliente relativamente aos serviços prestados. Para Albrecht e Bradford (1992) a qualidade representa a capacidade que um serviço tem para satisfazer uma necessidade, para resolver um problema ou para fornecer valor acrescentado. Apesar das várias definições sobre o que qualidade realmente significa, um denominador comum sobressai: a satisfação das necessidades dos clientes. Assim, pode concluir que a qualidade está fortemente relacionada com a satisfação dos clientes e está é alcançada quando as expectativas dos clientes igualam ou superam as suas experiências e percepções (MOREIRA, 2010). O Plano Nacional do Turismo (PNT) para 2003 a 2007, desenvolvido pelo ministério do turismo, traz em seu conjunto de programas um pacote voltado para a questão da qualidade, denominado macro programa de qualidade do produto turístico. Abrangem duas vertentes, uma delas relacionada à normatização da atividade turística e outra, referente a um programa de qualificação profissional. A ABRATURR — Associação Brasileira do Turismo Rural desenvolveu um programa de capacitação com foco na qualidade, que foi incorporado pelo Ministério do Turismo e foi apresentado no documento Diretrizes para o Desenvolvimento do Turismo Rural no Brasil (2003). Este documento propõe como sua quinta diretriz a capacitação voltada para a preparação de agentes e atores envolvidos na atividade para atuarem voltados para a qualidade. Indica como estratégias a identificação das diferentes necessidades de capacitação; a avaliação de programas, metodologias e possíveis parceiros; a elaboração conjunta de políticas, programas e projetos específicos de profissionalização; a promoção de 47 cursos de qualificação e aperfeiçoamento profissional; o apoio e promoção de cursos e seminários de capacitação em desenvolvimento local e regional; o apoio e promoção de eventos locais, regionais, nacionais e internacionais.
  • 47. 46 24 AGROINDÚSTRIA No final da década de 90 do século XX, surgem programas de estímulo a agroindústrias familiares em todo país. A agregação de valor aos produtos da agricultura familiar é mais que uma tradição, é uma forma de aumentar a renda das famílias rurais, valorizar a cultura e gerar ocupação. A atividade da agroindústria é uma das grandes alternativas de agregação de valor ao produto rural, com o beneficiamento do produto “in natura”. Com a implantação do turismo na propriedade, isto se potencializa, na medida em que a comercialização do produto pode se dar dentro da própria propriedade, suprimindo o custo de distribuição e contribuindo para diversificar os atrativos do empreendimento (Figura 23). . Fonte: www.emater.pr.gov.br Por meio da agroindústria artesanal, o alimento é processado e conservado, sem que haja adição de elementos químicos, como aditivos e conservantes artificiais. Isso é possível graças às várias tecnologias que seguem o método tradicional, cultural e regional de transformação de alimentos. Com isso, os alimentos duram mais e não perdem suas características específicas (cor, sabor e aroma). Diversos estudos, tem mostrado que as agroindústrias familiares, de modo geral, têm encontrado dificuldades para sua consolidação. Dentre os empecilhos, podemos citar como fundamental a incompatibilidade da escala de produção das
  • 48. 47 agroindústrias familiares com as exigências dos grandes circuitos de mercado, pautada pela padronização e regularidade no fornecimento (SIVEIRA, 2010). Junto a isso, vieram exigências sanitárias buscando a legalização dos empreendimentos de processamento artesanal de alimentos, através de investimento em instalações e equipamentos, exigidos pela legislação sanitária vigente. A pressão da legislação sanitária vigente leva a um processo de substituição de procedimentos artesanais de produção por procedimentos industriais, onde o fundamento é a padronização do produto, a garantia de que aquela marca não apresenta variação nem em qualidade, nem em características do produto, devido a procedimentos técnicos e operações de máquinas sob rígido controle, enquanto o artesanal é o império do como fazer, da variável humana, da diferenciação (Silveira; Heinz, 2005). Nesse contexto, surge o problema com a inflexibilidade da legislação diante de uma pequena escala de produção e um consumo quase imediato, situação da produção artesanal desenvolvida na agricultura familiar. Associando qualidade a estrutura física, a legislação condena esta produção artesanal à informalidade, pois seria necessário um investimento necessário para sua regularização, além de suas possibilidades e interesse. E, justamente nas pequenas unidades de processamento de alimentos, “a qualidade dos alimentos (...) está mais ligada à qualidade da matéria prima, à saúde e higiene das pessoas que manipulam os alimentos, à higiene das instalações, ao fluxograma operacional dos trabalhos da agroindústria etc.” (PREZZOTTO, 2002, p.9). Diante de tal realidade, “a questão fundamental é quais critérios de qualidade devem ser adotados em circuitos locais e regionais de produção, distribuição e consumo, considerando que seu contexto é diverso da base epistêmica de que parte a legislação sanitária” (SILVEIRA & ZIMERMANN, 2004, p. 219). Dessa forma, uma série de estratégias implementadas no sentido de buscar a viabilização econômica das propriedades rurais e que, ao mesmo tempo, podem aumentar a atratividade turística de determinados territórios, a saber: -Beneficiamento e processamento mínimo de matérias-primas de origem animal ou vegetal, transformando-as em embutidos, conservas, produtos lácteos, compotas, bebidas, artigos de vestuário, decorativos, utilitários etc. Esses processos
  • 49. 48 agregam valor e qualidade à produção agropecuária ou ao extrativismo, além de servir como aproveitamento do excedente. Fonte: www.sul21.com.br b) Apresentação dos produtos: utilização de embalagens especiais que valorizem a aparência dos produtos e o uso de materiais recicláveis e da região, destacando a identidade local. c) Produção de alimentos ambientalmente correta: a sociedade valoriza cada vez mais métodos sustentáveis de produção de alimentos para se ter uma alimentação saudável e ambientalmente correta. Destacam-se as práticas baseadas na agroecologia, agricultura orgânica, agricultura ecológica, agricultura biodinâmica e outras (Figura 24). d) Diversificação da produção: plantio e criação de variadas espécies – de plantas e animais – a fim de proporcionar ao turista novos sabores e experiências, devendo ser privilegiadas as plantas e os animais da região. e) Certificação dos produtos: selos orgânicos, de comércio justo e solidário, de origem: a certificação é mais uma garantia para o turista de que está de fato consumindo um alimento de qualidade (Figura 25).
  • 50. 49 25 AGROINDUSTRIA: PRODUTOS ORGÂNICOS Alimentos livres de agrotóxicos têm ganhado a simpatia e a preferência de consumidores em todo o mundo. A busca por uma alimentação mais saudável tem feito com que o consumo aumente de 15 a 30% ao ano no Brasil, e este sistema produtivo alcance cada vez mais destaque no mercado. O rótulo “orgânico” é aplicado às mercadorias produzidas de acordo com normas de controle que vão da produção à comercialização, passando pela manipulação e o processamento. Fonte: www.portaldoagronegocio.com.br Grande parte dos estudos sobre a agricultura orgânica certificada enfatiza a importância dos seus benefícios econômicos, sociais e ambientais e as oportunidades que ela traz para os PBR. Entretanto, segundo Fonseca (2005), deve-se considerar a AO de forma mais realista. De forma geral, a agricultura orgânica: a) É um setor ainda muito pequeno, com exceção da produção de alguns produtos em determinadas regiões ou países; b) Enfrenta pontos de estrangulamento na produção, comercialização e institucionalização que precisam ser superados. Destacam-se o acesso a mercados e os prêmios nos preços que são frequentemente incertos mesmo em mercados de exportação e normas técnicas não adequadas às diferentes realidades tecnológicas, econômicas, políticas, geográficas, climáticas e culturais;
  • 51. 50 c) Os procedimentos complexos de importação e questões envolvendo os procedimentos de avaliação da conformidade como a certificação de produtos e a acreditação de OC’s de produtos precisam ser reconhecidos pelos compradores; d) Os efeitos dos subsídios e de outras medidas de apoio nos PAR sobre a competitividade dos produtos orgânicos dos PBR, que competem com produtos orgânicos produzidos localmente ou regionalmente, são problemas preocupantes; e) A preferência dos consumidores dos PAR pelos produtos locais e o reconhecimento da garantia da conformidade ligada a reputação de marcas comerciais locais é uma realidade nos PAR, principalmente em alguns países da União Europeia (UE); f) É preciso distinguir analiticamente duas categorias de sistemas de AO: a produção orgânica certificada, inspecionada, verificada e atestada como tal e a produção orgânica de fato (BRASIL. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO, 2007). 26 SISTEMAS Os produtores de orgânico destacam que a atividade tem impacto ambiental positivo, como a ampliação dos ecossistemas locais e a redução do aquecimento global. A prioridade desse sistema é empregar matéria orgânica e adotar boas práticas que harmonizem os processos biológicos. Os produtos orgânicos são provenientes de sistemas baseados em processos naturais. As técnicas para obter o produto orgânico incluem manejo da matéria orgânica, uso de adubação verde e biofertilizantes, consórcio e a rotação de culturas, emprego de sementes crioulas ou de variedades mais resistentes e adaptadas e utilização de controle fitossanitário biológico, mecânico ou cultural. Estes fatores garantem a qualidade dos alimentos orgânicos. 27 NORMATIZAÇÃO As primeiras normas privadas internacionais na agricultura orgânica foram estabelecidas no início da década de 1980 pela Ifoam, reeditadas desde então a cada
  • 52. 51 dois ou três anos (IFOAM, 2002). Após discussão por nove anos, ao fim da década de 1990, a Comissão do Codex Alimentarius (Codex Alimentarius Commission – CAC) estabeleceu diretrizes internacionais para produção vegetal e processamento de produtos da agricultura orgânica, e para produção animal em 2001 (CAC/GL 32, 1999, rev. 2001). A legislação brasileira estabelece três instrumentos para garantir a qualidade dos alimentos: a certificação por auditoria, os sistemas participativos de garantia e o controle social para a venda direta sem certificação. Os agricultores que buscarem a certificação por auditoria ou participativa poderão utilizar o selo oficial nos seus produtos. O selo é fornecido por organismos de avaliação de conformidade credenciados pelo Ministério da Agricultura. Eles são os responsáveis pelo acompanhamento e fiscalização dos produtos. Os grupos de agricultores familiares que quiserem atuar na venda direta recebem uma declaração de cadastro emitida pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - Mapa. O governo federal tem estimulado, em parceria com entidades públicas e privadas, a difusão da agricultura orgânica com cursos de capacitação, promoção de feiras orgânicas para o escoamento dos produtos e certificação da produção. A certificação garante a origem e a forma produtiva do alimento que chega ao consumidor, atestando que a produção está em harmonia com o meio ambiente. Assim, para que possam comercializar seus produtos no Brasil com "Orgânicos", os produtores devem se regularizar de uma das formas a seguir:  Obter certificação por um Organismo da Avaliação da Conformidade Orgânica (OAC) credenciado junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA; ou  Organizar-se em grupo e cadastrar-se junto ao MAPA para realizar a venda direta sem certificação. Quando o produtor se cadastrou apenas para venda direta sem certificação, não pode vender para terceiros, só na feira (ou direto ao consumidor) e para as compras do governo (merenda e CONAB). Quando o produto é certificado, pode vender seu produto em feiras, mas, também, para supermercados, lojas, restaurantes, hotéis, indústrias, internet etc
  • 53. 52 28 CERTIFICAÇÃO A certificação pode ser entendida como um sistema de coordenação vertical de cadeias produtivas, visando a garantia de qualidade do produto e/ou processo, de acordo com as necessidades específicas dos consumidores, sejam estes imediatos ou finais (LEONELLI, 2012). Um conceito amplo de certificação, segundo Nassar (1999), “é a padronização de atributos de um produto, processo ou serviço, garantindo que tais produtos se enquadram em normas pré-definidas”. Com legislação própria desde 2003, a produção orgânica passou a ser certificada obrigatoriamente desde 2011 no mercado brasileiro, com um selo específico para o consumidor identificar o produto. A ação busca diferenciar os orgânicos e informar o que está por trás da agricultura ecológica. O produtor deve fazer parte do Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos, o que é possível apenas se estiver certificado por um dos três mecanismos: Certificação, Controle da venda direta, participativo de garantia. Pesquisas internacionais demonstram que alimentos orgânicos apresentam, em média, 63% a mais cálcio, 73% mais ferro, 118% mais magnésio, 178% mais molibdênio, 91% mais fósforo, 125% mais potássio, 60% mais zinco que os alimentos convencionais. Possuem menor quantidade de mercúrio (29%), substancia que pode causar doenças graves (Journal of Applied Nutricion, 1993). Valores nutritivos e benefícios dos Alimentos Orgânicos:  Vitalidade comprovada cientificamente.  Maior concentração de nutrientes, vitaminas, sais e proteínas (ex: vitamina C e outros antioxidantes, além de compostos fenólicos).  Possibilitam uma menor necessidade de calorias.  Maior vida de prateleira.  Redução de contaminações ambientais, animais e humanas.  Redução das doenças degenerativas. A certificação tem sido um instrumento competitivo para produtores de frutas, por exemplo, que procuram responder às necessidades dos mercados, seja interno ou externo. Conhecendo esta realidade, Machado (2002), afirma que:
  • 54. 53 O sucesso da utilização da estratégia de certificação de frutas, legumes e verduras depende da capacidade de monitoramento, poder de exclusão e reputação da organização externa escolhida para garantir a conformidade com os padrões adotados pelo varejo moderno. O domínio dos supermercados na comercialização de alimentos e a crescente concentração do varejo, com grandes redes internacionais adquirindo supermercados brasileiros, têm levado à internacionalização de padrões, o que pode induzir ao entendimento de que, em pouco tempo, a certificação deixará de interessar apenas a produtos exportáveis e assumirá importância também para os produtos de consumo interno. Ou seja, quem não produzir com qualidade não conseguirá espaço para seu produto, nem mesmo no mercado interno (MACHADO, 2002, p. 64). Para conseguir a certificação é preciso seguir alguns passos e se adequar as modificações exigidas atualmente pela legislação brasileira. Fonte: www.projetosegundafeira.com.br A primeira mudança é no nome. A certificação agora é conhecida como Mecanismos de Controle para a Garantia da Qualidade Orgânica. Como podem observar, são mecanismos, no plural mesmo. Há três formas de certificação, ou melhor, de mecanismos de controle já vistos acima. E esta é a segunda grande mudança na forma de garantir a qualidade orgânica do produto (CERVEIRA, 2015).
  • 55. 54 Desde 2011 foram oficializados três diferentes formar de “certificar” o produto orgânico. Reparem nas aspas, pois cada tipo tem, como resultado, diferentes formas de mostrar ao consumidor que o produto é orgânico (Figura 27). A primeira forma foi denominada Certificação, que nada mais é do que uma forma de avaliar a qualidade dos produtos orgânicos. O mecanismo da certificação se dá por meio de empresas públicas ou privadas, com ou sem fins lucrativos. Essas empresas realizam inspeções e auditorias, seguindo procedimentos básicos estabelecidos por normas reconhecidas internacionalmente e, é claro, adequadas à legislação em vigor. Um desses procedimentos básicos é não ter nenhum tipo de ligação com o processo produtivo que estão avaliando (CERVEIRA, 2015). A segunda forma é denominada Sistemas Participativos de Garantia (SPG), caracterizados pelo controle social e pela responsabilidade solidária, podendo abrigar diferentes métodos de geração de credibilidade adequados a diferentes realidades sociais, culturais, políticas, territoriais, institucionais, organizacionais e econômicas. O controle social é feito por intermédio da geração de credibilidade, necessariamente reconhecido pela sociedade, organizado por um grupo de pessoas que trabalham com comprometimento e seriedade. Ele é estabelecido pela participação direta dos seus membros (consumidores, produtores) em ações coletivas para avaliar a conformidade dos fornecedores aos regulamentos técnicos da produção orgânica, ou seja, avaliar o comprometimento dos produtores com as normas exigidas para esse tipo de produção. Já a responsabilidade solidária acontece quando todos os participantes do grupo se comprometem com o cumprimento das exigências técnicas para a produção orgânica e responsabilizam-se de forma solidária nos casos de não cumprimento delas (CERVEIRA, 2015).
  • 56. 55 Fonte: www.toninhovespoli.com.br O último mecanismo é chamado de Controle Social pela Venda Direta. A venda direta é aquela que ocorre entre o produtor e o consumidor final, sem intermediários (Figura 28). A legislação brasileira também aceita que a venda seja feita por outro produtor ou membro da família que participe da produção e que também faça parte do grupo vinculado à Organização de Controle Social (OCS). Nesse caso, é possível ser considerado orgânico sem necessidade de seguir os outros processos de garantia de orgânico. Esse grupo participante precisa necessariamente estar cadastrado no Ministério da Agricultura, que emitirá uma declaração de que o membro do grupo é considerado orgânico (CERVEIRA, 2015). 29 INDICAÇÃO GEOGRÁFICA O registro de Indicação Geográfica (IG) é conferido a produtos ou serviços que são característicos do seu local de origem, o que lhes atribui reputação, valor intrínseco e identidade própria, além de os distinguir em relação aos seus similares disponíveis no mercado. São produtos que apresentam uma qualidade única em função de recursos naturais como solo, vegetação, clima e saber fazer (know-how ou
  • 57. 56 savoir-faire). O Instituto Nacional de Propriedade Industrial - INPI é a instituição que concede o registro e emite o certificado (BRASIL. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, 2015). A Indicação Geográfica (IG) é usada para identificar a origem de produtos ou serviços quando o local tenha se tornado conhecido ou quando determinada característica ou qualidade do produto ou serviço se deve a sua origem. No Brasil, existem duas espécies ou modalidades de Indicação Geográfica: “Indicação de Procedência (IP)” e “Denominação de Origem (DO)”. (BRASIL. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, 2015). A Lei da Propriedade Industrial 9.279 de 14 de maio de 1996 – LPI/96, considera indicação geográfica a indicação de procedência e a denominação de origem, dando ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial – INPI, a competência para estabelecer as condições de registro das indicações geográficas no Brasil (INPI, 2015). A indicação de procedência refere-se ao nome do local que se tornou conhecido por produzir, extrair ou fabricar determinado produto ou prestar determinado serviço (INPI, 2015). A denominação de origem refere-se ao nome do local, que passou a designar produtos ou serviços, cujas qualidades ou características podem ser atribuídas a sua origem geográfica (INPI, 2015) A relação entre Indicação Geográfica e território é apresentada por Jeziorny (2009, p. 148): “Concluímos que as indicações geográficas e o território formam uma espécie de simbiose, pois não existe indicação geográfica sem o território, ao passo em que o próprio território pode se desenvolver por meio da construção de uma indicação geográfica”. Assim, a IG se constitui, segundo as normas brasileiras, em um ato declaratório que, de acordo com sua tipologia, será uma Indicação de Procedência ou uma Denominação de Origem. É possível entender, então, que, quando um território possui um produto ou serviço com diferencial e que este possa ser declarado como IG, são gerados impactos não somente aos produtores e à cadeira produtiva ligada ao produto com IG, mas para todo território circundante. Assim, os produtos que possuem Indicação Geográfica são capazes de gerar um incremento no preço de venda e, com isso,
  • 58. 57 contribuir para a agregação de renda e ainda corroborar economicamente o desenvolvimento territorial. Agora vamos entender passo a passo como proceder para solicitar a Indicação Geográfica segundo o Guia básico de indicação geográfica, do Instituto Nacional de Propriedade Industrial – INPI. 29.1 1) Entenda A Indicação Geográfica (IG) é usada para identificar a origem de produtos ou serviços quando o local tenha se tornado conhecido ou quando determinada característica ou qualidade do produto ou serviço se deve a sua origem. No Brasil, ela tem duas modalidades: Denominação de Origem (DO) e Indicação de Procedência (IP). 29.2 2) Prepare a documentação Para fazer uma solicitação de IG, é preciso cumprir certos requisitos: produtores ou prestadores de serviços devem estar organizados numa entidade representativa; deve haver um regulamento de uso do nome geográfico e a comprovação da existência de uma estrutura de controle, entre outros. Também são necessárias comprovações específicas às espécies da IP ou DO. 29.3 3) Pague a taxa Confira os valores das taxas. Cooperativas e outros grupos têm direito a desconto. Emita e pague a Guia de Recolhimento da União (GRU). 29.4 4) Inicie o pedido Com a documentação pronta e a Guia paga, você pode fazer o pedido na sede do INPI, no Rio de Janeiro (Rua Mayrink Veiga, 9 - térreo), ou na representação do INPI em seu estado na representação do INPI em seu estado. Você também pode
  • 59. 58 fazer a solicitação por via postal, com aviso de recebimento. O endereço é Rua Mayrink Veiga, 09, 21º andar - Centro do Rio de Janeiro - CEP é 20090-910. 29.5 5) Acompanhe O processo passará por diferentes etapas, que poderão exigir do usuário o envio de novos documentos. Entenda o processamento do pedido. Para não perder prazos, é importante acompanhar o pedido por meio da consulta à Revista da Propriedade Industrial (RPI), publicada às terças-feiras. Fonte: loja.ibge.gov.br 30 VALORES DOS PRODUTOS ORGÂNICOS Os preços dos produtos orgânicos variam muito no tempo, em razão das tendências da estação de produção e consumo, mas também de um lugar de mercado para outro em um mesmo país. Os produtos orgânicos apresentam preços mais altos que o produto convencional (de 20 a 200% mais caros), dependendo do produto e do ponto de venda. Parte desse prêmio no preço é resultado das diferenças nos custos de produção e de distribuição.
  • 60. 59 Os processos de comercialização e distribuição de produtos orgânicos são complexos. Eles envolvem processos de limpeza, classificação, embalagens informativas e distribuição pulverizada para atingir os consumidores que ainda estão se formando, além de driblar os grandes atacadistas cujo critério tem, em grande parte, base em quantidade e preço. O Ministério da Agricultura divulgou, em janeiro de 2016, números sobre o mercado de orgânicos no País. Em 2014, a agricultura orgânica movimentou cerca de R$ 2 bilhões e a expectativa é que, em 2016, esse número alcance R$ 2,5 bilhões, segundo o setor (BRASIL. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, 2016). Em 2015, o faturamento do setor foi estimado em R$ 2,5 bilhões. Nas últimas cinco temporadas, o lucro com produtos considerados saudáveis dobrou e atingiu a marca de US$35 bilhões. “A estimativa é de que este mercado continue com o crescimento na ordem de 35- 40% ao ano. O setor está em plena ascensão e deve permanecer assim no futuro”, avalia Ming Liu, Coordenador Executivo do Organics Brasil. Principal responsável pela comida que chega às mesas das famílias brasileiras, a agricultura familiar responde por cerca de 70% dos alimentos consumidos em todo o País. O pequeno agricultor ocupa hoje papel decisivo na cadeia produtiva que abastece o mercado brasileiro: mandioca (87%), feijão (70%), carne suína (59%), leite (58%), carne de aves (50%) e milho (46%) são alguns grupos de alimentos com forte presença da agricultura familiar na produção (BRASIL. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, 2015). Atualmente, há 11.084 produtores no Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos, gerenciado pelo Mapa. O banco de dados é liderado pelos estados do Rio Grande do Sul (1.554), São Paulo (1.438), Paraná (1.414) e Santa Catarina (999). A área de produção orgânica no Brasil abrange 950 mil hectares. Nela, são produzidas hortaliças, cana-de-açúcar, arroz, café, castanha do Brasil, cacau, açaí, guaraná, palmito, mel, sucos, ovos e laticínios. O Brasil exporta para mais de 76 países. Os principais produtos exportados são açúcar, mel, oleaginosas, frutas e castanhas (BRASIL. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, 2015).