O documento discute distúrbios hidroeletrolíticos em pacientes graves, incluindo causas, sinais e sintomas de déficits e excessos de sódio, potássio, cálcio e volume de líquidos. Também aborda cuidados de enfermagem como monitoramento hemodinâmico e balanço hidroeletrolítico.
2. Distúrbios Hidroeletrolíticos
O equilíbrio hidroeletrolítico é um processo dinâmico, indispensável para a
vida. Os distúrbios do equilíbrio hidroeletrolítico ocorrem nas pessoas
saudáveis e acometidas por processos patológicos.
Principais eletrólitos
• Na+ - Sódio = 135 – 145 mEq/l
• K+ - Potássio = 3,5 – 5,0 mEq/l
• Ca+2 – Cálcio = 2,1 – 2,6 mEq/l
• Mg+2 - Magnésio = 1,3 – 2,3 mEq/l
• Cl- - Cloro = 97 – 107 mEq/l
• HCO3- - Bicarbonato = 22 – 26 mEq/l
• HPO4- - Fosfato = 1,7 – 2,6 mEq/l
3. Funções dos eletrólitos
• Manter a pressão osmótica do plasma
• Regular a distribuição de água no organismo
• Manutenção do pH fisiológico
• Regular a função cardíaca e muscular
• Participar das reações de óxido redução
4. DVL: DÉFECIT DE VOLUME DE LÍQUIDOS
Acontece quando a perda de volume de líquido extracelular
excede a ingestão de líquido.
O DVL resulta da perda dos líquidos corporais e ocorre com maior
rapidez quando associado à diminuição da ingestão de líquidos.
As causas do DVL incluem as perdas de líquido decorrente do
vômito, diarreia, sudorese e ingestão diminuída.
5. Manifestações Clínicas
Perda aguda do peso
Turgor da pele
Oligúria
Urina concentrada
Hipotensão
Cãibras
Pele fria e pegajosa
Sede
Anorexia
Indisposição
Fraqueza muscular
Frequência cardíaca rápida e fraca
6. EVL: EXCESSO DE VOLUME DE LÍQUIDO
O excesso de volume de líquido (EVL) refere-se a uma expansão
isotônica do líquido extracelular gerada pela retenção anormal de água e
sódio. Ele é secundário a um aumento no conteúdo corporal total de
sódio, que leva o aumento na água corporal total.
O EVL pode estar relacionado à simples sobrecarga de líquido ou a
função diminuída dos mecanismos homeostáticos. Os fatores envolvidos
no EVL podem incluir a insuficiência cardíaca a insuficiência renal e
cirrose hepática ou a ingestão excessiva de sódio.
7. Manifestações Clínicas
Edemas
Taquicardia
Débito urinário aumentado
Falta de ar
Sibilância
Estertores
Pulso e PVC aumentada
8. HIPONATREMIA - abaixo de 135 mEq/l
(Sódio)
Refere-se um nível sérico de sódio que está abaixo do normal. O
sódio pode ser perdido por vômito, diarreia, fístula ou sudorese ou
pode esta associado ao uso de diuréticos, principalmente de
combinação com a dieta hipossódica.
Manifestações clínicas
Hipotensão ortostática
Náuseas e vômitos e cólicas abdominais
Turgor↓
Anorexia
Câimbras musculares e sensação de cansaço
Apreensão, letargia, tontura e confusão
Sensação de morte aparente (com Na < 115)
9. HIPERNATREMIA - acima de 145 mEq/l
(Sódio)
É entendido como nível de sódio maior que o normal. A hipernatremia
pode ocorrer pela privação de líquidos em indivíduos inconscientes. A
administração de alimentação enterais hipertônicas sem suplementos da
água leva a hipernatremia, bem como a diarreia aquosa.
Manifestações clínicas
Sede
Língua seca
Membranas e mucosas secas
Pele quente, pegajosa e edemaciada
Fraqueza muscular e câimbras
Irritabilidade ou hiperatividade
Confusão mental
Convulsões e coma
10. HIPOCALEMIA - < 3,5 mEq/L
(Potássio)
É a concentração sérica de potássio abaixo do normal. A perda GI de potássio é
a causa mais comum, o vômito e a aspiração gástrica levam a excreção
aumentada de urina e pode levar a depleção de potássio. A alcalose, diuréticos,
corticosteroides, a penicilina sódica e a insulina levam a hipocalemia.
Manifestações clínicas
Fadiga
Anorexia
Náuseas e vômito
Fraqueza muscular – diminuição dos reflexos dos tendões profundos
Diminuição da motilidade do intestino
Parestesias e paralisia por flacidez (tardia)
Mudanças no ECG (depressão do segmento ST, onda T achatada ou invertida,
presença de
onda U e arritimia ventricular e morte (em casos de hipocalemia grave) associada
a parada cardiorespiratória.
11. HIPERCALEMIA - > 5,5 mEq/L
(Potássio)
É a concentração de potássio acima dos valores de normalidade. Geralmente a
hipercalemia deve-se com frequência a causas iatrogênicas. A principal etiologia
da hipercalemia e a excreção renal do potássio diminuído. Alguns
medicamentos podem levar a hipercalemia, como o cloreto de potássio,
heparina, diuréticos poupadores de potássio.
Manifestações clínicas
Alterações no ECG (QRS alargado, PR prolongado → arritmia ventricular, risco
de PCR)
Ansiedade, apreensão
Câimbras
Náuseas
Diarreia
Agitação
Torpor
Fraquezas, parestesias.
12. HIPOCALCEMIA - < 8,8 mg/dl
(Cálcio)
Refere-se a concentração sérica de cálcio menor que o normal.
Hipoparatireoidismo, pancreatites, insuficiência renal, carcinoma
tireoidiano alcalose, abuso de álcool e uso de algumas medicações.
Manifestações clínicas
Tetania
Parestesias nas extremidades dos dedos, ao redor da boca.
Espasmos dos músculos dos membros e da face causando dor
Reflexos tendinosos profundos hiperativos
Convulsões
Alterações mentais: confusão, delírio, alucinações
13. HIPERCALCEMIA - > 12 mg/dL
(Cálcio)
Refere-se ao excesso de cálcio no plasma. As causas mais comuns são as
malignidades e o hipertiroidismo e o uso de medicamentos.
Manifestações clínicas
Anorexia, naúseas, vômitos e constipação intestinal
Fala lenta
Deficiência de memória
Confusão mental e letargia
Comportamento psicótico agudo
Fraqueza muscular
Dor óssea profunda
Poliúria ou polidipsia
14. Cuidados de enfermagem
Monitorar o quadro hemodinâmico.
Puncionar veia calibrosa.
Administrar volume.
Avaliar o nível de consciência.
Monitorar débito urinário.
Fazer balanço hidroeletrolítico das 24 horas.
Observar e comunicar presença de convulsão, vômito, diarreia e sudorese
excessiva.
Administrar reposição eletrolítica, conforme prescrição médica.
15. Conclusão
Os distúrbios hidroeletrolíticos podem apresentar-se em diversas
situações (internos e externos) que promovem uma desordem no
controle da homeostase, gerando respostas indesejadas e, quando
diagnosticadas podem ser corrigidas. Os eletrólitos desempenham
papéis fundamentais em todo o organismo humano, visto que não
há sistema que funcione sem a sua ação ou que não seja
prejudicado de alguma forma pelo seu desequilíbrio. Por este
motivo os pacientes que sofrem de tais distúrbios hidroeletrolíticos
precisam de uma avaliação minuciosa, com profissionais
capacitados, afim de promover a realização do diagnóstico correto
e precoce para a implementação de um tratamento adequado.
17. Gasometria Arterial
pH 7,35 – 7,45
pCO2 35 - 45 mmg
HCO3 21 – 27 mEq/L
pO2 80 - 100mg
A gasometria arterial é usada para avaliar o equilíbrio ácido-básico e a
oxigenação, representando, cada uma, condição separada.
Avaliar o pH para saber se o sangue está dentro da faixa normal, ou se
alcalose ou acidose. Se o pH é alcalino ou ácido deve-se saber se o
problema é primariamente respiratório ou metabólico.
18. ACIDOSE (baixo) E ALCALOSE (alto)
O Potencial de Hidrogênio (pH) plasmático é o indicador da
concentração de íon de hidrogênio (H+) em nosso sangue. Os
mecanismos homeostáticos, ou seja, o que mantém equilíbrio no nosso
corpo mantém o pH de normalidade sanguínea entre 7,35 -7,45.
Quando esse padrão de normalidade é alterado o individuo
manifesta as seguintes alterações:
19. ACIDOSE E ALCALOSE
Acidose Metabólica: Distúrbio clínico caracterizado por pH
baixo e baixa concentração plasmática de bicarbonato (Hco3);
Alcalose Metabólica: É o distúrbio clínico caracterizado por pH
alto e a concentração plasmática de bicarbonato (Hco3) alta.
Acidose Respiratória: É um distúrbio clínico em que o pH é
inferior e a PaCO2 (concentração de CO2 no sangue) é alta.
Alcalose Respiratória: É uma condição clínica em que o pH é
alta e a PaCO2 é menor.
21. HEMODIÁLISE
A hemodiálise é uma das terapias renais substitutivas que tem
como objetivo remover do organismo o excesso de líquidos e solutos
indesejáveis. É um tratamento extracorpóreo, onde o sangue passa por
um dialisador que contém dois compartimentos, um por onde circula o
sangue, e outro por onde circula a solução de diálise.
Os grupos de risco para realização da diálise (hemodiálise, diálise
peritoneal ou o transplante renal) são os portadores de doenças renais
crônicas
24. Diálise Peritoneal Automatizada (DPA)
Realizada todos os dias, normalmente à noite, em casa, utilizando
uma pequena máquina cicladora, que infunde e drena o líquido,
fazendo as trocas do líquido. Antes de dormir, o paciente conecta-
se à máquina, que faz as trocas automaticamente de acordo com a
prescrição médica.
25. Cuidados de Enfermagem
Ter cuidados com o acesso vascular para a hemodiálise
(cateter duplo lúmen ou fístula arteriovenosa);
Manter o controle da ingesta hídrica e ganho de peso;
Realizar a higienização do acesso vascular definitivo (fístula
arteriovenosa - FAV);
Verificar a pressão arterial;
Avaliar sinais de infecção ou de aneurisma na FAV;
Em pacientes com uso de cateter observar no óstio se há presença
de secreção e/ou hiperemia;
Higienizar as mãos, colocar EPI e instalar o paciente na
hemodiálise;