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ECONOMIAS EMERGENTES: A
INDUSTRIALIZAÇÃO RECENTE
Tendo como referência a industrialização ao longo
da História, as economias emergentes são
consideradas recém-industrializadas porque nelas
esse processo teve início cerca de um século e meio
depois de ter iniciado nos países precursores. No
entanto, o crescimento fabril foi muito rápido em
algumas delas.
América Latina
❖ Os fatores da industrialização
Brasil, México e Argentina são as maiores, mais
industrializadas e diversificadas economias da América
Latina, por isso vamos analisá-las com mais profundidade
neste capítulo. No entanto, o processo de industrialização
vem atingindo outros países da região, como Venezuela,
Colômbia, Chile e Peru.
América Latina
❖ Os fatores da industrialização
Esses três países se tornaram independentes no início do
século XIX e, no fim dele, iniciaram seu processo de
industrialização. Até então, eram basicamente
exportadores de produtos minerais e agropecuários para os
países já industrializados.
América Latina
❖ Os fatores da industrialização
Com a crise de 1929 e a depressão econômica decorrente,
esses países passaram a importar menos, o que levou o
Brasil, o México e a Argentina a terem suas exportações
drasticamente reduzidas. Esse fato dificultou a importação
de diversos bens industrializados.
América Latina
❖ Os fatores da industrialização
Essa queda no ingresso de mercadorias importadas
acelerou a construção de fábricas internamente, voltadas a
produzir muitos bens de consumo, em especial aqueles
oriundos da Europa. Isso deu origem ao modelo de
industrialização que ficou conhecido por substituição de
importações.
América Latina
❖ Os fatores da industrialização
A aristocracia latifundiária, que havia acumulado capital com as
exportações de produtos agropecuários, passou a investi-lo na
indústria, no comércio e no sistema financeiro. Os estancieros
argentinos (donos de grandes propriedades rurais) ganharam
dinheiro exportando carne e trigo; no Brasil, destacavam-se os
cafeicultores, conhecidos como barões do café; e, no México, os
proprietários das haciendas (fazendas). Parte do dinheiro dos
fazendeiros ficava depositada em bancos e era emprestada para
financiar a instalação de indústrias, muitas das quais fundadas por
imigrantes europeus.
América Latina
❖ Os fatores da industrialização
Outro agente importante no início da industrialização foi o Estado, que
passou a investir em indústrias de bens intermediários (mineração e
siderurgia, petrolífera e petroquímica, etc.) e em infraestrutura
(transportes, telecomunicações, energia elétrica, etc.). Na América
Latina, os maiores símbolos desse modelo foram as estatais
petrolíferas: Petrobras (fundada em 1954), Pemex (Petróleos
Mexicanos, 1934), PDVSA (Petróleos de Venezuela S.A., 1975) e a
argentina YPF (Yacimientos Petrolíferos Fiscales, 1922). Em 2015,
continuavam controladas total ou parcialmente pelo Estado; eram tanto
as maiores empresas nos respectivos países como, com exceção da YPF,
as primeiras colocadas da América Latina na lista Fortune Global 500.
América Latina
❖ Os fatores da industrialização
Após a Segunda Guerra Mundial, a industrialização por substituição de
importações mostrou suas limitações: carência de maiores volumes de
capitais que permitissem continuar o processo, inexistência de setores
industriais importantes, como a indústria de bens de capital, e
defasagem tecnológica.
Foi nessa época que teve início a entrada de capitais estrangeiros.
América Latina
❖ Os fatores da industrialização
As filiais de empresas transnacionais promoveram expansão de muitos
setores industriais nesses países: automobilístico, químico-
farmacêutico, eletroeletrônico, de máquinas e equipamentos e outros,
que até então tinham uma produção limitada ou inexistente. Nos
setores tradicionais, também entraram grandes empresas alimentícias e
têxteis, juntando-se às nacionais já existentes e, em muitos casos,
incorporando-as. Assim, houve um grande avanço no processo de
industrialização de Brasil, México e Argentina, o qual passou a se
assentar no tripé capital estatal, nacional e estrangeiro.
América Latina
❖ Os fatores da industrialização
A entrada das corporações transnacionais contribuiu para o surgimento
de novas empresas nacionais em diversos setores, muitas delas
complementares às estrangeiras. Por exemplo, a entrada das empresas
automobilísticas estimulou o desenvolvimento de muitas indústrias
nacionais de autopeças.
América Latina
❖ Os fatores da industrialização
Esse modelo vigorou também em outros
países latino-americanos, como Venezuela,
Colômbia, Chile e Peru, que, embora
tenham menor grau de industrialização,
vêm apresentando rápido crescimento
econômico neste século, maior até do que o
de duas das maiores economias da região.
América Latina
❖ Os fatores da industrialização
Com o tempo, a indústria tornou-se um
setor muito importante na economia de
Brasil, México e Argentina, com uma
significativa participação nos respectivos
PIB,
A criação das empresas estatais de petróleo foi um marco
da atuação do Estado na economia de vários países latino-
americanos. Na foto, plataforma de extração de petróleo da
gigante estatal Pemex, no golfo do México, a 70
quilômetros do continente, em 2014. Considerando o
faturamento, em 2015, essa empresa era a maior do
México, a 3a da América Latina (a Petrobras era a 1a e a
PDVSA, a 2ª) e a 47a do mundo na lista da Fortune Global
500 2015
América Latina
❖ Os fatores da industrialização
Os mais importantes complexos industriais estão concentrados nas
maiores regiões metropolitanas: no triângulo São Paulo-Rio de Janeiro-
Belo Horizonte (Brasil), no eixo Buenos Aires-Rosário (Argentina) e no
eixo Cidade do México-Guadalajara e em Monterrey (México). Mas há
concentrações industriais também na região de Caracas (Venezuela),
Bogotá (Colômbia) e Santiago (Chile), como mostra o mapa a seguir.
Esses países, embora menos importantes do ponto de vista industrial,
também são classificados como emergentes.
Os dados do mapa desta página
não possuem data na publicação
original
Observe que a escala do mapa não
permite mostrar regiões industriais
menores no Brasil, como a serra
Gaúcha (RS), Camaçari (BA) e Zona
Franca de Manaus (AM), e em outros
países, como Mendoza (Argentina) e
Lima (Peru), entre outras.
América Latina
❖ Os fatores da industrialização
O modelo de substituição de importações incentivou a produção
interna de muitos bens de consumo, que deixaram de ser adquiridos no
exterior, como roupas, calçados, eletrodomésticos, carros, entre
outros. Ao mesmo tempo, requeria a importação de outros bens que
não eram produzidos internamente, como máquinas e equipamentos, e
exigia a implantação de uma infraestrutura de transportes, energia e
telecomunicações, demandando cada vez mais investimentos.
América Latina
❖ Os fatores da industrialização
Como a poupança interna era limitada, esse modelo de industrialização
dependeu excessivamente de capital estrangeiro, e os recursos
externos entravam nesses países como investimento produtivo, por
meio da instalação de filiais de transnacionais ou por empréstimos
contraídos pelos governos e por empresas privadas nacionais. A riqueza
mineral também foi um fator importante para a industrialização de
muitos países latino-americanos, com destaque para os combustíveis
fósseis, como o petróleo, sobretudo no México e na Venezuela, e para
os minérios metálicos, principalmente no Brasil e no Chile. Observe o
mapa
Os dados do mapa desta página
não possuem data na publicação
original
Observe que a escala do mapa não
permite mostrar regiões industriais
menores no Brasil, como a serra
Gaúcha (RS), Camaçari (BA) e Zona
Franca de Manaus (AM), e em outros
países, como Mendoza (Argentina) e
Lima (Peru), entre outras.
A industrialização promoveu transformações na economia e nas paisagens dos países emergentes. Um dos pilares desse
processo foi o capital estrangeiro, com o ingresso de numerosas empresas transnacionais que, a partir da década de 1950,
construíram filiais em diversos países da América Latina; estas são disputadas por estados, províncias e municípios.A foto
de 2014 mostra um cartaz na entrada de Celaya (México), que anuncia: “Celaya é uma boa escolha. Bem-vinda, Honda.”.
Nesse ano a empresa japonesa inaugurou uma nova fábrica de automóveis nesse município do estado de Guanajuato .
América Latina
❖ Crises financeiras – anos 1980
No pós-Segunda Guerra, o crescimento econômico de Brasil, México e
Argentina foi bastante elevado, estendendo-se até o início dos anos 1980.
Como vimos, o desenvolvimento desses países foi, em grande parte,
financiado por empréstimos estrangeiros, que a partir dos anos 1970 ficaram
mais disponíveis no mercado financeiro internacional. Isso aconteceu
porque, nessa época, os países exportadores de petróleo ganharam muito
dinheiro com a elevação do preço do barril. Entre 1974 e 1981, os países da
Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) acumularam em
torno de 360 bilhões de dólares, e cerca de metade desses recursos foi
depositada em bancos de países desenvolvidos. A grande oferta de dinheiro
no mercado financeiro fez as taxas de juros internacionais caírem após 1973,
atingindo o ponto mais baixo entre 1975 e 1977
América Latina
❖ Crises financeiras – anos 1980
A partir desse período, os países em desenvolvimento, sobretudo os
latino-americanos, endividaram- -se pesadamente. Por exemplo,
segundo o Banco Central do Brasil, nosso país tinha uma dívida
externa de 8 bilhões de dólares em 1971, que saltou para 25 bilhões
em 1975 (acompanhe os valores subsequentes no segundo gráfico). O
problema é que os juros não foram fixados nesse patamar e as taxas
para a amortização futura da dívida eram flutuantes, isto é,
oscilavam de acordo com o mercado internacional. Depois do
primeiro aumento das taxas de juros, provocado pela crise do
petróleo de 1973, houve uma segunda elevação bem mais forte, com
a crise petrolífera de 1979 (reveja o primeiro gráfico).
América Latina
❖ Crises financeiras – anos 1980
No fim da década de 1970, em consequência da manutenção
de altas taxas de juros para conter a inflação, atrair
investimentos e financiar seu deficit orçamentário e
comercial, os Estados Unidos converteram-se no principal
receptor de dinheiro no mundo. Assim, além de sobrarem
poucos recursos para os países em desenvolvimento, ainda
houve uma elevação de suas dívidas como resultado da alta
dos juros no mercado internacional. Como consequência
disso, houve uma explosão do endividamento dos países
latino-americanos, como mostra o gráfico a seguir.
Adaptado de: CEPAL. Anuario Estadístico de América Latina y el Caribe. Santiago: Naciones
Unidas, 2011. Disponível em: ; CEPAL. Estudio Económico de América Latina y el Caribe.
Santiago: Naciones Unidas, 2015. Disponível em: . Acessos em: 2 out. 2015
América Latina
❖ Crises financeiras – anos 1980
O primeiro sinal da crise de endividamento foi dado em 1982,
quando o México decretou a moratória de sua dívida externa.
Daquele momento em diante, aprofundou-se nesses três
países a política do “exportar é o que importa”, visando à
obtenção de moeda forte, sobretudo dólares, para o
pagamento dos juros da dívida.
Ao mesmo tempo, os governos mantinham uma política de
contenção de importação de produtos industrializados.
Moratória: situação em que um devedor – pessoa, empresa ou país – suspende o pagamento de suas dívidas por
impossibilidade de pagá-las e abre negociações com os credores para a prorrogação do prazo de vencimento e, às vezes,
também para a redução da taxa de juros.
Tal medida provocou o sucateamento dos
parques produtivos, dada a dificuldade de
comprar máquinas e equipamentos
necessários à modernização.
A crise da dívida atingiu os países em
desenvolvimento em geral, mas em
particular os latino-americanos, os mais
endividados. Assim, para esses países, os
anos 1980 ficaram conhecidos como a
“década perdida”: suas economias
sofreram com baixo crescimento e elevada
inflação, como mostra a tabela a seguir.
A média brasileira na década é elevada porque a inflação chegou a atingir a taxa anual de 2 489% em 1993 (INPC –
Índice Nacional de Preços ao Consumidor, IBGE). Em 1994, ano em que foi introduzido o Plano Real, ainda foi de
929%, mas em 1995 caiu para 22% e, em 1996, para 9%.
América Latina
❖ Crises financeiras – anos 1980
Esse modelo econômico provocou forte concentração de renda,
sobretudo no Brasil, porque se baseava em baixos salários pagos
aos trabalhadores, o que restringiu a expansão do mercado
interno e, como consequência, o próprio processo de
industrialização. Segundo o Banco Mundial, em 1989, os 10%
mais ricos da população brasileira se apropriavam de 51,3% da
renda nacional, enquanto os 10% mais pobres detinham apenas
0,7%. Paradoxalmente, o modelo que visava substituir
importações, isto é, ter autonomia para suprir o mercado
interno, acabou limitando-o.
América Latina
❖ Crises financeiras – anos 1980
A década de 1990 se caracterizou pela estabilização das
economias dos países latino-americanos. A redução da
inflação foi atingida após a introdução de medidas como o
controle dos gastos públicos, a privatização de empresas
estatais e a abertura econômica para produtos e capitais
estrangeiros. Essas medidas mudaram a modalidade de
endividamento externo e melhoraram o desempenho da
economia; entretanto, as crises continuaram ocorrendo,
agora no contexto da globalização financeira.
América Latina
❖ Crises financeiras – anos 1980
Com os avanços tecnológicos na informática e nas
telecomunicações, ampliaram-se as possibilidades de
investimentos no mercado mundial.
Existem diversas modalidades de investimentos de capitais no
sistema financeiro globalizado, destacando-se as ações, os títulos
da dívida pública e as moedas estrangeiras
América Latina
❖ Crises financeiras – anos 1980
Além do mercado acionário, que cresceu de forma
significativa, uma das modalidades de investimento
especulativo mais difundida na atual globalização financeira
é a compra e a venda de títulos da dívida pública. A emissão
desses títulos pelos governos é uma forma de os países
tomarem dinheiro emprestado. Ao comprá-los, os
investidores – em geral, bancos ou corretoras, que fazem a
intermediação entre pessoas e empresas que aplicam no
mercado financeiro – emprestam dinheiro ao Estado, que
terá de pagar juros.
América Latina
❖ Crises financeiras – anos 1980
O problema do capital especulativo é sua volatilidade:
transfere-se rapidamente de um país para outro e por
isso gera poucos empregos. Além disso, tende a
fragilizar as economias dos países porque os operadores
das empresas financeiras muitas vezes retiram o
dinheiro no momento em que aqueles mais precisam de
capital. Essa foi a origem das crises financeiras de
diversos países emergentes ao longo da década de 1990,
entre os quais o México.
❖Para saber mais
O México havia sido o primeiro país a sofrer com a crise da dívida na década
de 1980 e foi novamente o primeiro a sucumbir à globalização financeira da
década seguinte. Essa nova crise deveu-se à saída de capitais especulativos,
o que reduziu rapidamente as reservas de dólares do país. Um dos
problemas mais graves da economia mexicana era o desequilíbrio crescente
em sua balança comercial: em 1992, o deficit no comércio exterior foi de 20
bilhões de dólares (a tabela abaixo mostra os números de 1993 a 1995). Para
fechar seu balanço de pagamentos, o governo mexicano passou a recorrer a
capitais especulativos por meio do aumento da taxa de juros de seus títulos
públicos, o que elevou a dívida externa do país. Até 1993 entraram dólares no
México, mas nos dois anos seguintes começou a haver evasão de capitais,
como mostra a tabela a seguir.
❖ A crise mexicana de 1994/1995
América Latina
❖Anos 2000
A crise financeira iniciada
nos Estados Unidos em
2008 se espalhou para
diversos países em 2009.
Atingiu mais fortemente
os desenvolvidos, mas
também teve
consequências nos países
emergentes.
América Latina
❖Anos 2000
Dos três principais países
emergentes da América Latina, o
México foi outra vez o mais
atingido por essa nova crise
financeira, em razão de sua forte
dependência econômica dos
Estados Unidos. Desde a criação
do Tratado Norte-Americano de
Livre-Comércio (Nafta, em inglês),
em 1994, cresceu a participação
do mercado americano nas
exportações mexicanas, atingindo
cerca de 80%. Com a crise, os
deficit comerciais do México, que
já vinham se acumulando,
aumentaram significativamente.
América Latina
❖Anos 2000
O Brasil foi um dos países da América
Latina menos atingidos pela crise de
2008/2009, em razão dos saldos
comerciais favoráveis, como vimos na
tabela anterior, e do grande acúmulo de
reservas internacionais ao longo dos anos
2000, como mostra a tabela abaixo. Pela
primeira vez em uma crise financeira
mundial, não houve fuga maciça de
capitais do Brasil.
Tigres Asiáticos
❖A origem dos tigres
Coreia do Sul, Taiwan e Cingapura não eram muito diferentes da
maioria de seus vizinhos asiáticos até a Segunda Guerra Mundial. Os
dois primeiros, de maior extensão territorial, eram países
predominantemente agrícolas, cuja maioria da população vivia no
campo e praticava uma agricultura arcaica. Todos tinham população
pouco numerosa e majoritariamente analfabeta, assim como
território reduzido, sem nenhuma reserva importante de recursos
minerais ou combustíveis fósseis. O futuro econômico não lhes
parecia muito promissor, no entanto, atualmente, apresentam
algumas das economias mais dinâmicas e modernas do mundo.
Tigres Asiáticos
❖A origem dos tigres
O modelo econômico bem-sucedido dos
primeiros Tigres Asiáticos vem sendo
adotado em outros países do sudeste da
Ásia, que, por isso, são chamados de
NovosTigres.
Tigres Asiáticos
❖A origem dos tigres
Durante a Segunda Guerra, todos esses territórios estiveram
ocupados pelos japoneses. Após o conflito mundial, passaram
por um acelerado processo de industrialização, favorecido pela
lógica da Guerra Fria: fizeram parte de um arco de alianças
liderado pelos Estados Unidos e receberam apoio financeiro
desse país. Nas décadas de 1980 e 1990, apresentaram alguns
dos maiores índices de crescimento econômico do mundo e,
desde essa época, estão entre os que mais têm incorporado
novas tecnologias ao processo produtivo.
Tigres Asiáticos
❖A origem dos tigres
Como resultado da implantação do modelo plataforma de
exportações houve um enorme crescimento econômico dos
Tigres e um aumento igualmente expressivo de sua
participação no comércio internacional. Em 1965, no início
do processo de industrialização, eles detinham uma
participação de 1,5% no comércio mundial; em 2013,
segundo a OMC, essa participação atingiu 12% (ou 8,4%, se
excluirmos Hong Kong).
Tigres Asiáticos
❖ Os fatores da industrialização
Após a Segunda Guerra Mundial, foram instituídos regimes políticos centralizadores nos Tigres Asiáticos, e
seus dois países mais importantes – Coreia do Sul e Cingapura – eram governados por ditaduras militares.
Nessa época, o Estado teve papel fundamental no planejamento estratégico para estimular a industrialização
e as exportações. Entre outras medidas:
concedeu incentivos às exportações, como redução de impostos;
manteve uma política de desvalorização cambial;
adotou medidas protecionistas (como a elevação de tarifas de importação) contra os concorrentes
estrangeiros;
investiu intensamente em educação e concedeu bolsas de estudos no exterior;
impôs restrições ao funcionamento dos sindicatos;
promoveu grandes investimentos em infraestrutura de transporte, energia, etc.;
restringiu o consumo para elevar o nível de poupança interna via medidas fiscais (elevação de impostos) e
controle das importações.
Tigres Asiáticos
❖ Os fatores da industrialização
A aceleração da industrialização nos Tigres
Asiáticos se deve a um conjunto de fatores:
elevadas poupanças internas, ajuda financeira
recebida dos Estados Unidos, no contexto da
Guerra Fria, e empréstimos contraídos em bancos
no exterior a taxas de juros fixas.
Tigres Asiáticos
❖ Os fatores da industrialização
No início desse processo, a mão de obra nesses países era
muito barata (observe na tabela a seguir) e relativamente
qualificada e produtiva. Esse baixo custo, associado às
medidas governamentais, como os subsídios às exportações
e o controle da política cambial, tornava os produtos dos
Tigres muito baratos. Isso lhes garantiu alta competitividade
no mercado mundial e, portanto, elevados saldos comerciais.
Política cambial: instrumento utilizado pelos países para adaptar suas relações comerciais e financeiras no mercado
externo às suas necessidades internas. Por exemplo, se o governo desvalorizar a sua moeda, favorecerá o setor de
exportação e, ao mesmo tempo, tornará as importações mais caras.
Adaptado de: U. S. DEPARTMENTOF
LABOR. Bureau of Labor Statistics.
International Comparisons Hourly
Compensation Costs in Manufacturing,
1975-2009. Disponível em: ;THE
CONFERENCE BOARD. Bureau of Labor
Statistics. International Comparisons
Hourly Compensation Costs in
Manufacturing, 2013. Disponível em: .
Acessos em: 2 out. 2015
Tigres Asiáticos
❖ Os fatores da industrialização
Desde os primórdios de seu processo de industrialização, as
sociedades dos Tigres Asiáticos perceberam a importância de
investir em educação, principalmente no nível básico, como
condição fundamental para formar e capacitar trabalhadores
e pesquisadores, gerar novas tecnologias e aumentar a
produtividade. Principalmente a Coreia do Sul, a maior e
mais moderna economia dos Tigres, desde o início deu muito
valor à educação básica e a tomou como suporte para seu
desenvolvimento socioeconômico.
Tigres Asiáticos
❖ Os fatores da industrialização
Adaptado de: PISA 2000. Relatório Nacional. Brasília: Inep, 2001. p. 27; RELATÓRIO de
desenvolvimento humano 2009. Nova York: Pnud; Coimbra: Almedina, 2009. p. 171-172;
THE WORLD BANK. World Development Indicators 2015. Washington, D.C., 2015.
Disponível em: . Acesso em: 11 dez. 2015
Observe no gráfico as taxas de
analfabetismo da Coreia do Sul
comparadas com as do Brasil e
da Argentina.
Tigres Asiáticos
❖ Os fatores da industrialização
Adaptado de: PISA 2000. Relatório Nacional. Brasília: Inep, 2001. p. 27; RELATÓRIO de
desenvolvimento humano 2009. Nova York: Pnud; Coimbra: Almedina, 2009. p. 171-172;
THE WORLD BANK. World Development Indicators 2015. Washington, D.C., 2015.
Disponível em: . Acesso em: 11 dez. 2015
Observe no gráfico as taxas de
analfabetismo da Coreia do Sul
comparadas com as do Brasil e
da Argentina.
Tigres Asiáticos
❖ Os fatores da industrialização
Durante muito tempo, esses países foram conhecidos como
exportadores de produtos de baixa qualidade e de tecnologia
simples, mas hoje estão vendendo produtos sofisticados de alto
valor agregado, como navios, automóveis, semicondutores,
computadores, tablets, smartphones, entre outros. Mais
recentemente, o aumento da renda per capita, como mostra a
tabela a seguir, e a elevação salarial, como vimos na tabela da
página anterior, resultantes do crescimento da produtividade,
ocasionaram uma expansão quantitativa e qualitativa dos
mercados internos, sobretudo na Coreia do Sul, o mais populoso
deles.
Tigres Asiáticos
❖ Os fatores da industrialização
Adaptado de: FMI.World Economic
Outlook Database. Apr. 2015. Disponível
em: . Acesso em: 2 out. 2015.
Tigres Asiáticos
❖ Os fatores da industrialização
Como vimos, a Unctad classifica a
Coreia do Sul como país
desenvolvido e, nesse processo de
transformação socioeconômica, os
investimentos em educação,
especialmente em formação e
valorização dos professores, tiveram
papel central. Sala de aula em Seul,
em 2015.
Tigres Asiáticos
❖ Os fatores da industrialização
Deve-se destacar que a elevação dos custos da mão de obra e a valorização
de suas moedas têm estimulado esses países, novamente seguindo os passos
do Japão, a aprimorar suas indústrias. Os Tigres têm investido em novos
setores industriais, mais avançados tecnologicamente, transferindo
indústrias tradicionais e intensivas em mão de obra para outros países da
região, onde o custo da força de trabalho é menor. Assim como investidores
japoneses, norte-americanos e europeus, os empresários dos Tigres têm
construído filiais na Tailândia, na Malásia e na Indonésia, que também
cresceram aceleradamente, conforme se pode constatar pelos dados da
tabela a seguir. Há ainda muitos investimentos sendo feitos na China,
sobretudo por empresários de origem chinesa com empresas sediadas em
Taiwan e Cingapura.
Tigres Asiáticos
❖ Os fatores da industrialização
Adaptado de: BANCO MUNDIAL. Relatório
sobre o desenvolvimento mundial 1996.
Washington, D.C., 1996. p. 226-227; THE
WORLD BANK. World Development Indicators
2015. Washington, D.C., 2015. Disponível em: .
Acesso em: 2 out. 2015.

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  • 2. Tendo como referência a industrialização ao longo da História, as economias emergentes são consideradas recém-industrializadas porque nelas esse processo teve início cerca de um século e meio depois de ter iniciado nos países precursores. No entanto, o crescimento fabril foi muito rápido em algumas delas.
  • 3.
  • 4. América Latina ❖ Os fatores da industrialização Brasil, México e Argentina são as maiores, mais industrializadas e diversificadas economias da América Latina, por isso vamos analisá-las com mais profundidade neste capítulo. No entanto, o processo de industrialização vem atingindo outros países da região, como Venezuela, Colômbia, Chile e Peru.
  • 5. América Latina ❖ Os fatores da industrialização Esses três países se tornaram independentes no início do século XIX e, no fim dele, iniciaram seu processo de industrialização. Até então, eram basicamente exportadores de produtos minerais e agropecuários para os países já industrializados.
  • 6. América Latina ❖ Os fatores da industrialização Com a crise de 1929 e a depressão econômica decorrente, esses países passaram a importar menos, o que levou o Brasil, o México e a Argentina a terem suas exportações drasticamente reduzidas. Esse fato dificultou a importação de diversos bens industrializados.
  • 7. América Latina ❖ Os fatores da industrialização Essa queda no ingresso de mercadorias importadas acelerou a construção de fábricas internamente, voltadas a produzir muitos bens de consumo, em especial aqueles oriundos da Europa. Isso deu origem ao modelo de industrialização que ficou conhecido por substituição de importações.
  • 8. América Latina ❖ Os fatores da industrialização A aristocracia latifundiária, que havia acumulado capital com as exportações de produtos agropecuários, passou a investi-lo na indústria, no comércio e no sistema financeiro. Os estancieros argentinos (donos de grandes propriedades rurais) ganharam dinheiro exportando carne e trigo; no Brasil, destacavam-se os cafeicultores, conhecidos como barões do café; e, no México, os proprietários das haciendas (fazendas). Parte do dinheiro dos fazendeiros ficava depositada em bancos e era emprestada para financiar a instalação de indústrias, muitas das quais fundadas por imigrantes europeus.
  • 9. América Latina ❖ Os fatores da industrialização Outro agente importante no início da industrialização foi o Estado, que passou a investir em indústrias de bens intermediários (mineração e siderurgia, petrolífera e petroquímica, etc.) e em infraestrutura (transportes, telecomunicações, energia elétrica, etc.). Na América Latina, os maiores símbolos desse modelo foram as estatais petrolíferas: Petrobras (fundada em 1954), Pemex (Petróleos Mexicanos, 1934), PDVSA (Petróleos de Venezuela S.A., 1975) e a argentina YPF (Yacimientos Petrolíferos Fiscales, 1922). Em 2015, continuavam controladas total ou parcialmente pelo Estado; eram tanto as maiores empresas nos respectivos países como, com exceção da YPF, as primeiras colocadas da América Latina na lista Fortune Global 500.
  • 10.
  • 11. América Latina ❖ Os fatores da industrialização Após a Segunda Guerra Mundial, a industrialização por substituição de importações mostrou suas limitações: carência de maiores volumes de capitais que permitissem continuar o processo, inexistência de setores industriais importantes, como a indústria de bens de capital, e defasagem tecnológica. Foi nessa época que teve início a entrada de capitais estrangeiros.
  • 12. América Latina ❖ Os fatores da industrialização As filiais de empresas transnacionais promoveram expansão de muitos setores industriais nesses países: automobilístico, químico- farmacêutico, eletroeletrônico, de máquinas e equipamentos e outros, que até então tinham uma produção limitada ou inexistente. Nos setores tradicionais, também entraram grandes empresas alimentícias e têxteis, juntando-se às nacionais já existentes e, em muitos casos, incorporando-as. Assim, houve um grande avanço no processo de industrialização de Brasil, México e Argentina, o qual passou a se assentar no tripé capital estatal, nacional e estrangeiro.
  • 13. América Latina ❖ Os fatores da industrialização A entrada das corporações transnacionais contribuiu para o surgimento de novas empresas nacionais em diversos setores, muitas delas complementares às estrangeiras. Por exemplo, a entrada das empresas automobilísticas estimulou o desenvolvimento de muitas indústrias nacionais de autopeças.
  • 14. América Latina ❖ Os fatores da industrialização Esse modelo vigorou também em outros países latino-americanos, como Venezuela, Colômbia, Chile e Peru, que, embora tenham menor grau de industrialização, vêm apresentando rápido crescimento econômico neste século, maior até do que o de duas das maiores economias da região.
  • 15. América Latina ❖ Os fatores da industrialização Com o tempo, a indústria tornou-se um setor muito importante na economia de Brasil, México e Argentina, com uma significativa participação nos respectivos PIB,
  • 16. A criação das empresas estatais de petróleo foi um marco da atuação do Estado na economia de vários países latino- americanos. Na foto, plataforma de extração de petróleo da gigante estatal Pemex, no golfo do México, a 70 quilômetros do continente, em 2014. Considerando o faturamento, em 2015, essa empresa era a maior do México, a 3a da América Latina (a Petrobras era a 1a e a PDVSA, a 2ª) e a 47a do mundo na lista da Fortune Global 500 2015
  • 17. América Latina ❖ Os fatores da industrialização Os mais importantes complexos industriais estão concentrados nas maiores regiões metropolitanas: no triângulo São Paulo-Rio de Janeiro- Belo Horizonte (Brasil), no eixo Buenos Aires-Rosário (Argentina) e no eixo Cidade do México-Guadalajara e em Monterrey (México). Mas há concentrações industriais também na região de Caracas (Venezuela), Bogotá (Colômbia) e Santiago (Chile), como mostra o mapa a seguir. Esses países, embora menos importantes do ponto de vista industrial, também são classificados como emergentes.
  • 18. Os dados do mapa desta página não possuem data na publicação original Observe que a escala do mapa não permite mostrar regiões industriais menores no Brasil, como a serra Gaúcha (RS), Camaçari (BA) e Zona Franca de Manaus (AM), e em outros países, como Mendoza (Argentina) e Lima (Peru), entre outras.
  • 19. América Latina ❖ Os fatores da industrialização O modelo de substituição de importações incentivou a produção interna de muitos bens de consumo, que deixaram de ser adquiridos no exterior, como roupas, calçados, eletrodomésticos, carros, entre outros. Ao mesmo tempo, requeria a importação de outros bens que não eram produzidos internamente, como máquinas e equipamentos, e exigia a implantação de uma infraestrutura de transportes, energia e telecomunicações, demandando cada vez mais investimentos.
  • 20. América Latina ❖ Os fatores da industrialização Como a poupança interna era limitada, esse modelo de industrialização dependeu excessivamente de capital estrangeiro, e os recursos externos entravam nesses países como investimento produtivo, por meio da instalação de filiais de transnacionais ou por empréstimos contraídos pelos governos e por empresas privadas nacionais. A riqueza mineral também foi um fator importante para a industrialização de muitos países latino-americanos, com destaque para os combustíveis fósseis, como o petróleo, sobretudo no México e na Venezuela, e para os minérios metálicos, principalmente no Brasil e no Chile. Observe o mapa
  • 21. Os dados do mapa desta página não possuem data na publicação original Observe que a escala do mapa não permite mostrar regiões industriais menores no Brasil, como a serra Gaúcha (RS), Camaçari (BA) e Zona Franca de Manaus (AM), e em outros países, como Mendoza (Argentina) e Lima (Peru), entre outras.
  • 22. A industrialização promoveu transformações na economia e nas paisagens dos países emergentes. Um dos pilares desse processo foi o capital estrangeiro, com o ingresso de numerosas empresas transnacionais que, a partir da década de 1950, construíram filiais em diversos países da América Latina; estas são disputadas por estados, províncias e municípios.A foto de 2014 mostra um cartaz na entrada de Celaya (México), que anuncia: “Celaya é uma boa escolha. Bem-vinda, Honda.”. Nesse ano a empresa japonesa inaugurou uma nova fábrica de automóveis nesse município do estado de Guanajuato .
  • 23. América Latina ❖ Crises financeiras – anos 1980 No pós-Segunda Guerra, o crescimento econômico de Brasil, México e Argentina foi bastante elevado, estendendo-se até o início dos anos 1980. Como vimos, o desenvolvimento desses países foi, em grande parte, financiado por empréstimos estrangeiros, que a partir dos anos 1970 ficaram mais disponíveis no mercado financeiro internacional. Isso aconteceu porque, nessa época, os países exportadores de petróleo ganharam muito dinheiro com a elevação do preço do barril. Entre 1974 e 1981, os países da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) acumularam em torno de 360 bilhões de dólares, e cerca de metade desses recursos foi depositada em bancos de países desenvolvidos. A grande oferta de dinheiro no mercado financeiro fez as taxas de juros internacionais caírem após 1973, atingindo o ponto mais baixo entre 1975 e 1977
  • 24.
  • 25. América Latina ❖ Crises financeiras – anos 1980 A partir desse período, os países em desenvolvimento, sobretudo os latino-americanos, endividaram- -se pesadamente. Por exemplo, segundo o Banco Central do Brasil, nosso país tinha uma dívida externa de 8 bilhões de dólares em 1971, que saltou para 25 bilhões em 1975 (acompanhe os valores subsequentes no segundo gráfico). O problema é que os juros não foram fixados nesse patamar e as taxas para a amortização futura da dívida eram flutuantes, isto é, oscilavam de acordo com o mercado internacional. Depois do primeiro aumento das taxas de juros, provocado pela crise do petróleo de 1973, houve uma segunda elevação bem mais forte, com a crise petrolífera de 1979 (reveja o primeiro gráfico).
  • 26.
  • 27. América Latina ❖ Crises financeiras – anos 1980 No fim da década de 1970, em consequência da manutenção de altas taxas de juros para conter a inflação, atrair investimentos e financiar seu deficit orçamentário e comercial, os Estados Unidos converteram-se no principal receptor de dinheiro no mundo. Assim, além de sobrarem poucos recursos para os países em desenvolvimento, ainda houve uma elevação de suas dívidas como resultado da alta dos juros no mercado internacional. Como consequência disso, houve uma explosão do endividamento dos países latino-americanos, como mostra o gráfico a seguir.
  • 28. Adaptado de: CEPAL. Anuario Estadístico de América Latina y el Caribe. Santiago: Naciones Unidas, 2011. Disponível em: ; CEPAL. Estudio Económico de América Latina y el Caribe. Santiago: Naciones Unidas, 2015. Disponível em: . Acessos em: 2 out. 2015
  • 29. América Latina ❖ Crises financeiras – anos 1980 O primeiro sinal da crise de endividamento foi dado em 1982, quando o México decretou a moratória de sua dívida externa. Daquele momento em diante, aprofundou-se nesses três países a política do “exportar é o que importa”, visando à obtenção de moeda forte, sobretudo dólares, para o pagamento dos juros da dívida. Ao mesmo tempo, os governos mantinham uma política de contenção de importação de produtos industrializados. Moratória: situação em que um devedor – pessoa, empresa ou país – suspende o pagamento de suas dívidas por impossibilidade de pagá-las e abre negociações com os credores para a prorrogação do prazo de vencimento e, às vezes, também para a redução da taxa de juros.
  • 30. Tal medida provocou o sucateamento dos parques produtivos, dada a dificuldade de comprar máquinas e equipamentos necessários à modernização. A crise da dívida atingiu os países em desenvolvimento em geral, mas em particular os latino-americanos, os mais endividados. Assim, para esses países, os anos 1980 ficaram conhecidos como a “década perdida”: suas economias sofreram com baixo crescimento e elevada inflação, como mostra a tabela a seguir.
  • 31. A média brasileira na década é elevada porque a inflação chegou a atingir a taxa anual de 2 489% em 1993 (INPC – Índice Nacional de Preços ao Consumidor, IBGE). Em 1994, ano em que foi introduzido o Plano Real, ainda foi de 929%, mas em 1995 caiu para 22% e, em 1996, para 9%.
  • 32. América Latina ❖ Crises financeiras – anos 1980 Esse modelo econômico provocou forte concentração de renda, sobretudo no Brasil, porque se baseava em baixos salários pagos aos trabalhadores, o que restringiu a expansão do mercado interno e, como consequência, o próprio processo de industrialização. Segundo o Banco Mundial, em 1989, os 10% mais ricos da população brasileira se apropriavam de 51,3% da renda nacional, enquanto os 10% mais pobres detinham apenas 0,7%. Paradoxalmente, o modelo que visava substituir importações, isto é, ter autonomia para suprir o mercado interno, acabou limitando-o.
  • 33. América Latina ❖ Crises financeiras – anos 1980 A década de 1990 se caracterizou pela estabilização das economias dos países latino-americanos. A redução da inflação foi atingida após a introdução de medidas como o controle dos gastos públicos, a privatização de empresas estatais e a abertura econômica para produtos e capitais estrangeiros. Essas medidas mudaram a modalidade de endividamento externo e melhoraram o desempenho da economia; entretanto, as crises continuaram ocorrendo, agora no contexto da globalização financeira.
  • 34. América Latina ❖ Crises financeiras – anos 1980 Com os avanços tecnológicos na informática e nas telecomunicações, ampliaram-se as possibilidades de investimentos no mercado mundial. Existem diversas modalidades de investimentos de capitais no sistema financeiro globalizado, destacando-se as ações, os títulos da dívida pública e as moedas estrangeiras
  • 35. América Latina ❖ Crises financeiras – anos 1980 Além do mercado acionário, que cresceu de forma significativa, uma das modalidades de investimento especulativo mais difundida na atual globalização financeira é a compra e a venda de títulos da dívida pública. A emissão desses títulos pelos governos é uma forma de os países tomarem dinheiro emprestado. Ao comprá-los, os investidores – em geral, bancos ou corretoras, que fazem a intermediação entre pessoas e empresas que aplicam no mercado financeiro – emprestam dinheiro ao Estado, que terá de pagar juros.
  • 36. América Latina ❖ Crises financeiras – anos 1980 O problema do capital especulativo é sua volatilidade: transfere-se rapidamente de um país para outro e por isso gera poucos empregos. Além disso, tende a fragilizar as economias dos países porque os operadores das empresas financeiras muitas vezes retiram o dinheiro no momento em que aqueles mais precisam de capital. Essa foi a origem das crises financeiras de diversos países emergentes ao longo da década de 1990, entre os quais o México.
  • 37. ❖Para saber mais O México havia sido o primeiro país a sofrer com a crise da dívida na década de 1980 e foi novamente o primeiro a sucumbir à globalização financeira da década seguinte. Essa nova crise deveu-se à saída de capitais especulativos, o que reduziu rapidamente as reservas de dólares do país. Um dos problemas mais graves da economia mexicana era o desequilíbrio crescente em sua balança comercial: em 1992, o deficit no comércio exterior foi de 20 bilhões de dólares (a tabela abaixo mostra os números de 1993 a 1995). Para fechar seu balanço de pagamentos, o governo mexicano passou a recorrer a capitais especulativos por meio do aumento da taxa de juros de seus títulos públicos, o que elevou a dívida externa do país. Até 1993 entraram dólares no México, mas nos dois anos seguintes começou a haver evasão de capitais, como mostra a tabela a seguir. ❖ A crise mexicana de 1994/1995
  • 38.
  • 39. América Latina ❖Anos 2000 A crise financeira iniciada nos Estados Unidos em 2008 se espalhou para diversos países em 2009. Atingiu mais fortemente os desenvolvidos, mas também teve consequências nos países emergentes.
  • 40. América Latina ❖Anos 2000 Dos três principais países emergentes da América Latina, o México foi outra vez o mais atingido por essa nova crise financeira, em razão de sua forte dependência econômica dos Estados Unidos. Desde a criação do Tratado Norte-Americano de Livre-Comércio (Nafta, em inglês), em 1994, cresceu a participação do mercado americano nas exportações mexicanas, atingindo cerca de 80%. Com a crise, os deficit comerciais do México, que já vinham se acumulando, aumentaram significativamente.
  • 41. América Latina ❖Anos 2000 O Brasil foi um dos países da América Latina menos atingidos pela crise de 2008/2009, em razão dos saldos comerciais favoráveis, como vimos na tabela anterior, e do grande acúmulo de reservas internacionais ao longo dos anos 2000, como mostra a tabela abaixo. Pela primeira vez em uma crise financeira mundial, não houve fuga maciça de capitais do Brasil.
  • 42. Tigres Asiáticos ❖A origem dos tigres Coreia do Sul, Taiwan e Cingapura não eram muito diferentes da maioria de seus vizinhos asiáticos até a Segunda Guerra Mundial. Os dois primeiros, de maior extensão territorial, eram países predominantemente agrícolas, cuja maioria da população vivia no campo e praticava uma agricultura arcaica. Todos tinham população pouco numerosa e majoritariamente analfabeta, assim como território reduzido, sem nenhuma reserva importante de recursos minerais ou combustíveis fósseis. O futuro econômico não lhes parecia muito promissor, no entanto, atualmente, apresentam algumas das economias mais dinâmicas e modernas do mundo.
  • 43. Tigres Asiáticos ❖A origem dos tigres O modelo econômico bem-sucedido dos primeiros Tigres Asiáticos vem sendo adotado em outros países do sudeste da Ásia, que, por isso, são chamados de NovosTigres.
  • 44. Tigres Asiáticos ❖A origem dos tigres Durante a Segunda Guerra, todos esses territórios estiveram ocupados pelos japoneses. Após o conflito mundial, passaram por um acelerado processo de industrialização, favorecido pela lógica da Guerra Fria: fizeram parte de um arco de alianças liderado pelos Estados Unidos e receberam apoio financeiro desse país. Nas décadas de 1980 e 1990, apresentaram alguns dos maiores índices de crescimento econômico do mundo e, desde essa época, estão entre os que mais têm incorporado novas tecnologias ao processo produtivo.
  • 45. Tigres Asiáticos ❖A origem dos tigres Como resultado da implantação do modelo plataforma de exportações houve um enorme crescimento econômico dos Tigres e um aumento igualmente expressivo de sua participação no comércio internacional. Em 1965, no início do processo de industrialização, eles detinham uma participação de 1,5% no comércio mundial; em 2013, segundo a OMC, essa participação atingiu 12% (ou 8,4%, se excluirmos Hong Kong).
  • 46. Tigres Asiáticos ❖ Os fatores da industrialização Após a Segunda Guerra Mundial, foram instituídos regimes políticos centralizadores nos Tigres Asiáticos, e seus dois países mais importantes – Coreia do Sul e Cingapura – eram governados por ditaduras militares. Nessa época, o Estado teve papel fundamental no planejamento estratégico para estimular a industrialização e as exportações. Entre outras medidas: concedeu incentivos às exportações, como redução de impostos; manteve uma política de desvalorização cambial; adotou medidas protecionistas (como a elevação de tarifas de importação) contra os concorrentes estrangeiros; investiu intensamente em educação e concedeu bolsas de estudos no exterior; impôs restrições ao funcionamento dos sindicatos; promoveu grandes investimentos em infraestrutura de transporte, energia, etc.; restringiu o consumo para elevar o nível de poupança interna via medidas fiscais (elevação de impostos) e controle das importações.
  • 47.
  • 48. Tigres Asiáticos ❖ Os fatores da industrialização A aceleração da industrialização nos Tigres Asiáticos se deve a um conjunto de fatores: elevadas poupanças internas, ajuda financeira recebida dos Estados Unidos, no contexto da Guerra Fria, e empréstimos contraídos em bancos no exterior a taxas de juros fixas.
  • 49. Tigres Asiáticos ❖ Os fatores da industrialização No início desse processo, a mão de obra nesses países era muito barata (observe na tabela a seguir) e relativamente qualificada e produtiva. Esse baixo custo, associado às medidas governamentais, como os subsídios às exportações e o controle da política cambial, tornava os produtos dos Tigres muito baratos. Isso lhes garantiu alta competitividade no mercado mundial e, portanto, elevados saldos comerciais. Política cambial: instrumento utilizado pelos países para adaptar suas relações comerciais e financeiras no mercado externo às suas necessidades internas. Por exemplo, se o governo desvalorizar a sua moeda, favorecerá o setor de exportação e, ao mesmo tempo, tornará as importações mais caras.
  • 50. Adaptado de: U. S. DEPARTMENTOF LABOR. Bureau of Labor Statistics. International Comparisons Hourly Compensation Costs in Manufacturing, 1975-2009. Disponível em: ;THE CONFERENCE BOARD. Bureau of Labor Statistics. International Comparisons Hourly Compensation Costs in Manufacturing, 2013. Disponível em: . Acessos em: 2 out. 2015
  • 51. Tigres Asiáticos ❖ Os fatores da industrialização Desde os primórdios de seu processo de industrialização, as sociedades dos Tigres Asiáticos perceberam a importância de investir em educação, principalmente no nível básico, como condição fundamental para formar e capacitar trabalhadores e pesquisadores, gerar novas tecnologias e aumentar a produtividade. Principalmente a Coreia do Sul, a maior e mais moderna economia dos Tigres, desde o início deu muito valor à educação básica e a tomou como suporte para seu desenvolvimento socioeconômico.
  • 52. Tigres Asiáticos ❖ Os fatores da industrialização Adaptado de: PISA 2000. Relatório Nacional. Brasília: Inep, 2001. p. 27; RELATÓRIO de desenvolvimento humano 2009. Nova York: Pnud; Coimbra: Almedina, 2009. p. 171-172; THE WORLD BANK. World Development Indicators 2015. Washington, D.C., 2015. Disponível em: . Acesso em: 11 dez. 2015 Observe no gráfico as taxas de analfabetismo da Coreia do Sul comparadas com as do Brasil e da Argentina.
  • 53. Tigres Asiáticos ❖ Os fatores da industrialização Adaptado de: PISA 2000. Relatório Nacional. Brasília: Inep, 2001. p. 27; RELATÓRIO de desenvolvimento humano 2009. Nova York: Pnud; Coimbra: Almedina, 2009. p. 171-172; THE WORLD BANK. World Development Indicators 2015. Washington, D.C., 2015. Disponível em: . Acesso em: 11 dez. 2015 Observe no gráfico as taxas de analfabetismo da Coreia do Sul comparadas com as do Brasil e da Argentina.
  • 54. Tigres Asiáticos ❖ Os fatores da industrialização Durante muito tempo, esses países foram conhecidos como exportadores de produtos de baixa qualidade e de tecnologia simples, mas hoje estão vendendo produtos sofisticados de alto valor agregado, como navios, automóveis, semicondutores, computadores, tablets, smartphones, entre outros. Mais recentemente, o aumento da renda per capita, como mostra a tabela a seguir, e a elevação salarial, como vimos na tabela da página anterior, resultantes do crescimento da produtividade, ocasionaram uma expansão quantitativa e qualitativa dos mercados internos, sobretudo na Coreia do Sul, o mais populoso deles.
  • 55. Tigres Asiáticos ❖ Os fatores da industrialização Adaptado de: FMI.World Economic Outlook Database. Apr. 2015. Disponível em: . Acesso em: 2 out. 2015.
  • 56. Tigres Asiáticos ❖ Os fatores da industrialização Como vimos, a Unctad classifica a Coreia do Sul como país desenvolvido e, nesse processo de transformação socioeconômica, os investimentos em educação, especialmente em formação e valorização dos professores, tiveram papel central. Sala de aula em Seul, em 2015.
  • 57. Tigres Asiáticos ❖ Os fatores da industrialização Deve-se destacar que a elevação dos custos da mão de obra e a valorização de suas moedas têm estimulado esses países, novamente seguindo os passos do Japão, a aprimorar suas indústrias. Os Tigres têm investido em novos setores industriais, mais avançados tecnologicamente, transferindo indústrias tradicionais e intensivas em mão de obra para outros países da região, onde o custo da força de trabalho é menor. Assim como investidores japoneses, norte-americanos e europeus, os empresários dos Tigres têm construído filiais na Tailândia, na Malásia e na Indonésia, que também cresceram aceleradamente, conforme se pode constatar pelos dados da tabela a seguir. Há ainda muitos investimentos sendo feitos na China, sobretudo por empresários de origem chinesa com empresas sediadas em Taiwan e Cingapura.
  • 58. Tigres Asiáticos ❖ Os fatores da industrialização Adaptado de: BANCO MUNDIAL. Relatório sobre o desenvolvimento mundial 1996. Washington, D.C., 1996. p. 226-227; THE WORLD BANK. World Development Indicators 2015. Washington, D.C., 2015. Disponível em: . Acesso em: 2 out. 2015.