Mulheres curandeiras e parteiras na Idade Moderna.pptx
1. Mulheres
curandeiras e
parteiras n a
Idade Moderna
Universidade de Brasília
Disciplina: História da Medicina
Profa. Elaine e Profa. Karina
Aluna: H a n n a Mery
2. A Idade Moderna- século XV até XVIII
Se estende de 1453 até 1789, ou seja, data da Conquista de
Constantinopla pelos Otomanos até a Revolução Francesa.
Este período é bastante famoso pelas transformações científicas e
sociais marcantes perante as permanências de algumas características
da Idade Média.
A ideia de uma idade essencialmente “Moderna” é fruto do pensamento
Renascentista.
Marcos: Estados Nacionais, monarquias absolutistas, a transição do
feudalismo para o mercantilismo, industrialização, as grandes
navegações, série de revoluções, o Iluminismo e Reforma e Contra-
Reforma Protestante.
3. A Idade Moderna- século XV a t é XVIII
Um dos marcos infelizes deste período é marginalizado e
até mesmo esquecido propositalmente porque até pouco
tempo atrás não se considerava significamente a história
das mulheres.
Muitas pessoas pensam que a Caça às Bruxas é coisa da
Idade Média, o que é um engano traçado pelo estereótipo
marcado sobre este período, mas foi na Idade Moderna em
que esse movimento atingiu o seu auge, entre os séculos
XVI e XVIII.
4. BRUXAS
A palavra bruxa possui variados conceitos, mas geralmente é associada à
imagem de uma mulher má, feia, velha, horripilante, que teria pacto ou
poderes demoníacos.
Até o final da Idade Média havia uma diferenciação do que era bruxa e do
que era curandeira, pois se tinha a ideia de que a bruxa manifestava o mal
enquanto a curandeira praticava o bem.
Já na Idade Moderna essas especificidades deixaram de existir, assimilando
curandeiras à bruxaria por causa da prática medicinal que envolvia o uso
de ervas, tornando várias mulheres alvo fácil das autoridades por
supostamente praticar magias.
5. As mulheres parteiras e curandeiras: seus saberes e ofícios
As mulheres parteiras e curandeiras por milênios
acompanharam a saúde da população além da vida sexual e
reprodutiva das mulheres.
Usavam as propriedades de ervas e poções naturais para curar
feridas, doenças e aliviar as dores das mulheres durante o
parto.
Faziam chás, banhos, infusões com plantas que continham
propriedades medicinais que agiam no corpo o acalmando, e
que até mesmo facilitavam o parto.
6. Obstetrícia "obstetrix": ficar ao lado
Cirurgiões e médicos: distantes do conhecimentos sobre o órgão reprodutivo
feminino.
As mulheres parteiras e curandeiras passavam seus ensinamentos a partir da
prática e oralidade
O analfabetismo
Muito do que estes homens escreveram reduziam os saberes das mulheres
parteiras e curandeiras ao mesmo tempo em que valorizavam o papel da
medicina que emergia agora na sociedade ocidental, aliada da questão sanitária
que era emergencial.
A s mulheres parteiras e curandeiras: seus saberes e ofícios
7. Algumas mulheres, conseguiram estudar medicina e se dedicaram a este ofício:
Louise Bourgeois Boursier (1563-1636) professora e parteira da Corte Real da França;
Angélique-Marguerite Le Boursier du Coudray (1712-1791): ensinamento de obstétrico
para camponesas e criou um manequim para treinamento do parto;
Anna Morandi Manzolini (1716-1774): grande conhecimento anatômico e os transferia
para modelos de cera; “uma das primeiras mulheres a se tornar professora
universitária";
Dorothea Christiane Erxleben (1715-1762): título de “Doutor em Medicina” em 1754, pela
Universidade de Halle na Alemanha;
Maria Magdalena Petrocini Ferretti (1759-1791): primeira cirurgiã legalmente registrada
na Toscana em 1788 .
8. Manequim obstétrico de Mme Du Coudray,
Musée Flaubert et d’histoire de la Médecine, Rouen, França (fotografia da Elaine Alves)
9. Anna Morandi Manzolini: feto con placenta século XVIII (Palazzo Poggi, Bologna).
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10. O afastamento das mulheres de saberes medicinais da prática medicinal
Perseguição: Igreja, Estado e medicina: Crença, saneamento, influência.
Motivos:
Dores do parto= castigo;
Cuidados ginecológicos, aborto e anticoncepcionais: a Igreja sabia que estas mulheres tinham
conhecimentos abortivos, o que impactou em uma estereotipação da imagem dessas mulheres como
bruxas que entregavam crianças para o demônio.
Aproximação e distanciamento: Com curas fitoterápicas realizadas pelas curandeiras a população
passou a confiar nesses saberes, se afastando mesmo que sem querer das práticas religiosas.
Competição: precisavam se provar capazes à frente dos médicos que se formavam nas universidades,
mas só exerciam o ofício para a nobreza e estavam em busca de maior influência na sociedade.
Saneamento: frequentes epidemias, falta de higiênie, infecções, partos fracassados, morte.
11. Bruxas oferecem crianças ao diabo. Xilogravura de um folheto sobre o processo de Agnes
Sampson. 1591. (Penumbra Livros)
12. A Caça às Bruxas
A imagem dessas mulheres começou a ser deturpada com a irracionalidade na sociedade, as
tornando um personagem de má índole, mesmo que muitas destas mulheres fossem cristãs.
De curadoras e salvadoras, as mulheres de saberes medicinais se resumiram a feiticeiras com
práticas de magia contra a sociedade.
É neste momento que a Igreja Católica cria a bruxa, amiga do demônio.
Esses fatores abordados acima tornaram possível o nascimento de uma nova profissão médica
com grande influência na sociedade, e, inclusive na decisão de perseguição e inquisição de
mulheres na Idade Moderna.
O conhecimento medicinal popular feminino se tornou achismo sem embasamento científico.
Os argumentos destes homens da medicina era fundamental para a decisão de queimada e
tortura ou não de mulheres.
13. A Caça às Bruxas
A Caça às Bruxas teve seu ápice entre os séculos XVI e XVIII, ocorrendo em vários países da Europa e também
na América e na África.
Com a Reforma Protestante acontecendo, os reformadores utilizaram do Manual, “Malleus Maleficarum”, que
incitava o ódio contra mulheres além de ensinar modos de tortura e mortes. Escrito pelos religiosos Heinrich
Kraemer e James Sprenger em 1487, foi utilizado com frequência a partir do século XVI, aumentando o
número de julgamentos e execuções.
É importante enfatizar que este livro atribui a prática de bruxaria essencialmente como coisa das mulheres,
pois Kraemer, e aquela sociedade, acreditava que mulheres fossem fracas e passíveis à sedução do diabo.
A Igreja atuou na Caça às Bruxas junto do Estado, criando os Tribunais da Inquisição do Santo Ofício.
Em buscas de provas de culpabilidade e de que a prisioneira fosse bruxa, o corpo era todo averiguado, em
busca de marcas do diabo, perfuração pelo corpo e testes de imersão em água, se boiasse era bruxa, caso a
mulher se afogasse era homenageada com enterro pela Igreja.
A pena era de prisão até o julgamento e a morte na fogueira, quando não conseguia provar a inocência.
14. A Caça às Bruxas
Examination of a Witch - T. H. Matteson, 1853
15. A Caça às Bruxas
A estrutura de julgamento era muito organizada, e conseguiram dificultar a palavra de inocência das
mulheres, que por qualquer atitude ou infelicidade ocorrida em sua vida, era motivo de suspeita e
acusação.
Agnes Sampson: era uma curandeira famosa que vivia em Nether Keith, na Escócia no século XVI, foi
acusada de possuir poderes mágicos, presa na masmorra do palácio do Rei James VI e submetida a
torturas fazendo com que aceitasse todas as acusações e queimada na fogueira em 1591.
Joan Flowers, e suas duas filhas: eram servas no Castelo de Belvoir, desempenhando a função de
curandeiras. Os colegas de trabalho não tinham afinidade com elas e as acusaram de roubo. Após este
ocorrido, pessoas do Castelo começaram a passar mal com vômitos, convulsões e morrer misteriosamente,
a princípio ninguém desconfiou das Flowers, mas em 1618 elas foram presas condenadas de bruxaria.
Joan Flower ao tentar provar sua inocência com um pedaço de eucaristia, em infelicidade morreu
engasgada, e suas filhas foram enforcadas em 1619.
Maria da Conceição: tinha bastante sabedoria fitoterápica no Brasil de 1798, foi executada na fogueira.
A Caça às Bruxas teve fim no século XVIII, mas o Tribunal da Santa Inquisição continuou em exercício até
o século XX.
16. Conclusão
Se conclui dessa maneira que a Idade Moderna, conhecida como Idade da Luz, foi um período de
infelicidade para mulheres que possuíam conhecimento, que foram transformadas em bruxas e mortas
injustamente pela Igreja e pelo Estado.
Bruxas sendo queimadas em Derenburg em 1555.
(Seguindo os passos da História).
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Referências Bibliográficas
18. Referências Bibliográficas
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Representações iconográficas da bruxa parte 2: a gravura a serviço da propagação do ódio. The witch busters
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